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Os Direitos Políticos e a Declaração Universal de Direitos Humanos

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Os Direitos Políticos e a Declaração Universal de Direitos Humanos
A Segunda Geração de Direitos Humanos: Os Direitos Políticos
Era necessário que as pessoas, já protegidas pelos direitos civis, pudessem
participar do processo de criação das leis, diretamente ou escolhendo seus
representantes. Surgia então outro conjunto de direitos, que asseguravam agora
não mais uma esfera de proteção contra o Estado, mas a possibilidade de
participação dentro do Estado, na elaboração das leis. São os direitos políticos,
considerados os direitos humanos de segunda geração.
Os Direitos Políticos e a Declaração Universal de Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos traz em seus artigos um conjunto de
direitos que podemos classificar como direitos políticos:
1. direito à nacionalidade e direito ao asilo;
2. direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;
3. direito à liberdade de expressão e opinião;
4. direito à liberdade de reunião e associação;
5. direito à participação política, representação e eleição por sufrágio
universal.
Os direitos políticos se relacionam diretamente com o exercício da vida política e
cidadania porque a pessoa que detém a nacionalidade de determinado país tem o
direito também de participar da formação da vontade da maioria, ao escolher seus
representantes para o governo ou Poder Legislativo ou ainda candidatar-se para ser
representante da maioria.
O Direito à nacionalidade e direito ao asilo
O direito à nacionalidade, à livre circulação e residência nos países e o direito ao
asilo estão previstos nos artigos 13 a 15 da Declaração Universal:
Artigo 13 - Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência
dentro das fronteiras de cada Estado. Todo ser humano tem o direito de deixar
qualquer país, inclusive o próprio e a este regressar.
Artigo 14 - Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de
gozar asilo em outros países.
- Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente
motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e
princípios das Nações Unidas.
Artigo 15 - Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de
mudar de nacionalidade
A nacionalidade é o vínculo que liga uma pessoa a um determinado país, que passa
a ser integrada ao povo, adquirindo direitos e obrigações. Podemos obter a
nacionalidade, em geral, de duas formas:
Pelo nascimento, e por isso independentemente da nossa vontade. É a chamada
nacionalidade primária ou originária. Podemos nos tornar nacionais de um país
quando há o vínculo sanguíneo, decorrente de filiação, não importando qual o local
onde o indivíduo nasceu. Também pela nacionalidade primária, podemos ser
nacionais de determinado país pelo vínculo de territorialidade, ou seja, por ter
nascido no solo daquele país, independente do vínculo sanguíneo.
Por nossa própria vontade, posteriormente ao nosso nascimento. É a chamada
nacionalidade secundária ou adquirida. Têm direito a essa nacionalidade aquelas
pessoas que nascem em determinado país, mas são filhos de pais com outra
nacionalidade. Daí, podem optar a ter as suas nacionalidades. Ou ainda, os
estrangeiros que residem há muitos anos em outro país e podem optar por ter nova
nacionalidade.
A Constituição Federal de 1988 prevê a regra de nacionalidade em seu artigo
12.
São brasileiros natos:
- os nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros. É o caso da
nacionalidade pelo vínculo com o território;
- os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que
qualquer deles esteja a serviço do governo Brasil (os diplomatas, por
exemplo;
- os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir no
Brasil e escolham, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira. Essas duas situações representam a nacionalidade
pelo vínculo sanguíneo
Os brasileiros naturalizados são:
- os que adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de
países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral;
- os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil há mais de
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira.
Aqueles que não são reconhecidos como cidadãos de um país não podem, com
frequência, matricular-se na escola, trabalhar legalmente, possuir imóveis, casar-se
ou viajar. Podem ter dificuldade em receber tratamento de saúde e não conseguir
abrir uma conta bancária ou receber uma pensão. Se são vítimas de roubo ou de
estupro, podem se ver impossibilitados de apresentar queixa, porque, para a lei, não
existem. Muitas vezes, não têm sequer um nome reconhecido oficialmente.
Apátridas são pessoas que não têm sua nacionalidade reconhecida por nenhum
país. A apatridia ocorre por várias razões, como discriminação contra minorias na
legislação nacional, falha em reconhecer todos os residentes do país como
cidadãos quando este país se torna independente (secessão de Estados) e conflitos
de leis entre países. A discriminação afeta negativamente as minorias apátridas e
intensifica a necessidade de proteção e segurança e contribui para a pobreza e
dificulta o acesso à documentação, educação e serviços de saúde.
O Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião
A Declaração Universal protege o direito à liberdade de religião, pensamento e
consciência e, ainda, a liberdade de manifestação da religião pelo ensino, pela
prática e pelo culto em público ou em âmbito privado:
Artigo 18 - Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e
religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade
de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em
público ou em particular.
A Intolerância religiosa pode ser feita por material escrito, imagens ou qualquer
outro tipo de representação de ideias ou teorias que promovam e/ou incitem o ódio,
a discriminação ou violência contra qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos, com
base na raça, cor, religião, descendência ou origem étnica ou nacional.
A xenofobia é um tipo de preconceito caracterizado pela aversão, hostilidade,
repúdio ou ódio aos estrangeiros, que pode estar fundamentado em fatores
históricos, culturais, religiosos, dentre outros.
O Direito à liberdade de expressão e opinião
A liberdade de expressão e opinião está prevista em seu artigo 19:
Artigo 19 - Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse
direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e
transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de
fronteiras.
Diferença entre exercitar a liberdade de expressão e opinião e manifestar discurso
de ódio: O discurso de ódio promove a incitação à discriminação, hostilidade e
violência contra uma pessoa ou grupo em virtude de raça, religião, nacionalidade,
orientação sexual, gênero, condição física ou outra característica. É usado para
insultar, perseguir e justificar a restrição de direitos e para dar razão a homicídios e
outras formas de violência física e psicológica.
O Direito à liberdade de reunião e associação
O direito à liberdade de associação é o direito de participar de um grupo formal ou
informal para realizar uma ação coletiva. Este direito inclui o direito de formar e/ou
participar de um grupo. Por outro lado, inclui também o direito de não ser obrigado a
fazer parte de uma associação. Está previsto no artigo 20 da Declaração Universal:
Artigo 20 - Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação
pacífica; Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Associações podem incluir organizações da sociedade civil, clubes, cooperativas,
organizações da sociedade civil, associações religiosas, partidos políticos,
sindicatos,fundações ou mesmo associações on-line. Não há nenhuma exigência
de que a associação seja registrada para que a liberdade de associação possa ser
exercida.
Os Estados são obrigados a adotar medidas positivas para estabelecer e manter um
ambiente propício para as associações e devem se abster de obstruir o exercício do
direito à liberdade de associação e respeitar a privacidade das associações.
O Direito à Participação Política, representação e eleição por sufrágio universal
A democracia é um dos valores e princípios essenciais, universais e indivisíveis, que
se assenta na vontade livremente expressa dos povos e está estreitamente ligada
ao exercício dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. A Declaração
Universal enuncia direitos essenciais para que haja uma verdadeira participação
política:
Artigo 21: Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país
diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos; Todo ser
humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país; A vontade do
povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo
equivalente que assegure a liberdade de voto.
O sufrágio universal garante o direito de votar e ser votado em cargos
eletivos. O voto feminino, por exemplo, foi assegurado em 1932 pelo Código
Eleitoral, após intensa campanha nacional pelo direito das mulheres ao voto., foi
aprovado parcialmente por permitir somente às mulheres casadas, com autorização
dos maridos, e às viúvas e solteiras que tivessem renda própria, o exercício de um
direito básico para o pleno exercício da cidadania. Em 1934, as restrições ao voto
feminino foram eliminadas do Código Eleitoral. Em 1946, a obrigatoriedade do voto
foi estendida às mulheres.
Os Direitos Políticos da Declaração Universal e a Constituição Federal de 1988
No artigo 1º da Constituição, está previsto que a República Federativa do Brasil é
uma democracia e tem como fundamentos, dentre outros, a cidadania e a dignidade
da pessoa humana.
O artigo 5º da Constituição, que prevê os direitos e garantias fundamentais de
todos os cidadãos, têm conteúdo muito semelhante aos direitos à nacionalidade,
liberdade de pensamento e religião, liberdade de opinião, liberdade de reunião e
associação e o direito à participação política.
Liberdade de pensamento e religião
Artigo 18 (DUDH) - Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento,
consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença
e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo
culto em público ou em particular.
Art. 5º (CF88) - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias;
Liberdade de opinião
Artigo 19 (DUDH) - Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e
expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de
procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e
independentemente de fronteiras.
Art. 5º (CF88) - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Liberdade de reunião e associação
Artigo 20 (DUDH) - 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e
associação pacífica; 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
associação.
Art. 5º (CF88) - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
Direito à participação política
Artigo 21 (DUDH) 1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de
seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será
expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto
ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
Art. 14. (CF88) - A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo
voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular;
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Em resumo, os direitos políticos firmados pela Declaração Universal dos Direitos
Humanos em 1948 também serviram de fundamento para as garantias
fundamentais estabelecidas pela Constituição Federal do Brasil, cerca de quarenta
anos depois, em 1988.

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