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Conversão do negócio jurídico no ordenamento jurídico brasileiro

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Conversão do negócio jurídico no ordenamento jurídico brasileiro 
Utiliza-se um negócio jurídico nulo e transforma em um negócio jurídico válido 
 O instituto da conversão do negócio jurídico somente veio a ser positivado no Brasil 
por meio do Código Civil de 2002 
 Apesar de, desde a época do Império, já ser possível verificar, na legislação, normas 
que previam, em casos específicos, regras que guardam com ele algum parentesco. 
O doutrinador João Alberto Schutzer Del Nero afirma, que já no Regulamento n. 737, 
de 25 de novembro de 1850, apesar de não haver nenhuma disposição expressa 
sobre a conversão, é possível encontrar disposições esparsas (no Capítulo referente 
à nulidade dos contratos comerciais) prevendo que o instrumento público nulo pode 
valer como instrumento particular,. 
Requisitos de admissibilidade da conversão do Negócio Jurídico 
 Com base na legislação portuguesa, a conversão do negócio jurídico pressupõe um 
negócio totalmente nulo. 
 Sendo o negócio totalmente nulo, faz-se a pergunta: ele não deverá produzir efeitos? 
 Ou ele poderá ser convertido num outro tipo de negócio, à custa de alguns elementos 
do negócio nulo? 
 Ou seja: com os materiais do negócio nulo poderá recompor-se outro negócio que 
haja de valer? 
Nisto reside justamente o chamado problema da conversão dos negócios jurídicos. 
Para melhor ilustrar propomos a seguinte situação: 
 Suponhamos que “A” vende a “B” um prédio sem escritura pública, mas com 
documento particular. A venda é nula. Mas não ficará daqui nada? 
 Não poderá converter-se essa venda nula num outro negócio, cujo resultado final 
econômico-jurídico se aproxime, embora sendo mais precário, do tido em vista pelas 
partes com a celebração daquele contrato? Mais precisamente: não poderá converter-
se a compra e venda do prédio em simples promessa de compra e venda? Posto que 
para este último contrato já bastaria documento particular. De modo que por este lado 
não haveria obstáculo à conversão. 
Fundamentos da conversão 
A conversão do negócio jurídico pode ser tratada como um mecanismo de se atribuir 
validade e eficácia jurídica a um negócio inicialmente inválido. 
Torna-se importante, assim, na análise do instituto, verificar qual o fundamento que autoriza 
que sejam imputados, ao negócio inicialmente firmado, efeitos que não lhe são próprios. 
Assim, o fundamento da conversão tem sido objeto de controvérsias doutrinarias. As 
diversas opiniões afunilam em duas teorias: 
 A subjetiva, a qual sustenta que tal atribuição de efeitos torna-se possível diante 
da vontade das partes; 
 A objetiva, a qual entende que o fundamento do instituto não se baseia na vontade 
interna das partes, mas sim na análise objetiva da finalidade prática por elas 
visada. 
CC Português Artigo 293.º - Conversão O negócio nulo ou anulado pode converter-se num negócio de tipo ou 
conteúdo diferente, do qual contenha os requisitos essenciais de substância e de forma, quando o fim prosseguido 
pelas partes permita supor que elas o teriam querido, se tivessem previsto a invalidade. 
CC Civil. Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que 
visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. 
Requisitos: 
a) Objetivo: a forma utilizada no negócio jurídico nulo seja adequada para o negócio que 
será criado com a conversão; Ex. a nova forma criada será o codicilo. Apesar do velho ter 
chamado aquilo de testamento, a intenção era fazer um codicilo. A forma usada no 
testamento era válida para o codicilo. 
b) Subjetivo: que seja possível concluir que a intenção das partes ao celebrar o negócio 
nulo era, na verdade, celebrar o novo negócio, que será agora criado com a conversão. 
Ex. testamento com disposições de pequena monta que não obedeceu à forma prescrita em lei, pode ser convertido em codicilo e surtir 
os efeitos almejados. 
CONCLUSÃO DEL NERO, “a atividade negocial deve ser o mais possível mantida para a consecução do fim prático perseguido”. Foi em 
EMILIO BETTI que ficou claro a necessidade da existência do critério da boa-fé. Por outro lado, para que se opere a conversão é importante 
a manifestação de vontade qualificada, ou uma declaração de vontade. Conforme afirma ANTÔNIO JUNQUEIRA, “quando se fala em 
declaração de vontade, estamos utilizando essa expressão como uma espécie de manifestação de vontade que socialmente é vista como 
destinada a produzir efeitos jurídicos”. De tudo aprendemos que a conversão não pode ser determinada de ofício pelo juiz, que só poderá 
ordená-la a pedido dos interessados, ou de uma das partes, opondo-se à ação de nulidade interposta pela outra.

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