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Planejamento, Programação e Controle da Produção Cláudio Monico Innocencio APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Planejamento, Pro- gramação e Controle da Produção, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 PLANEJAMENTO DE INSTALAÇÃO INDUSTRIAL ............................................................ 7 1.1 Noções de Planejamento Empresarial .....................................................................................................................7 1.2 Planejamento e Controle de Produção (PCP) .......................................................................................................8 1.3 Previsão de Vendas ......................................................................................................................................................11 1.4 Sistema de Produção ...................................................................................................................................................12 1.5 Capacidade de Produção..........................................................................................................................................16 1.6 Elaboração do Plano de Produção .........................................................................................................................17 1.7 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................18 1.8 Atividades Propostas ..................................................................................................................................................19 2 PROGRAMAÇÃO DE PRODUÇÃO............................................................................................. 21 2.1 Conceito de Programação da Produção ..............................................................................................................21 2.2 Fases da Programação da Produção .....................................................................................................................23 2.3 Análise da Capacidade de Produção ....................................................................................................................27 2.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................28 2.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................28 3 CONTROLE DE PRODUÇÃO .......................................................................................................... 29 3.1 Conceito de Controle de Produção .......................................................................................................................29 3.2 Finalidade do Controle de Produção ....................................................................................................................30 3.3 Fases do Controle de Produção ...............................................................................................................................32 3.4 Métodos de Controle da Produção ........................................................................................................................33 3.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................36 3.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................36 4 SUPORTES AO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO ........................ 37 4.1 MRP ....................................................................................................................................................................................37 4.2 JIT .......................................................................................................................................................................................42 4.3 Kanban ..............................................................................................................................................................................43 4.4 OPT ....................................................................................................................................................................................44 4.5 Teoria das Restrições ...................................................................................................................................................45 4.5 Lean Manufacturing (Produção Enxuta) ...............................................................................................................45 4.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................46 4.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................46 5 SISTEMA DE INFORMAÇÃO E O PCP ..................................................................................... 47 5.1 Informatização do PCP ...............................................................................................................................................47 5.2 Conceito de ERP ...........................................................................................................................................................48 5.3 Relação ERP e o PCP ....................................................................................................................................................48 5.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................49 5.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................49 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS .......................................51 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................55 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), O objetivo geral do curso é oferecer-lhe subsídios para um estudo abrangente sobre as interfaces que ocorrem entre produtos e produção, pois para resultados satisfatórios há uma grande necessidade de equalizaçãoenvolvendo o mercado e o fornecimento de serviços e operações, principalmente quan- do nos referimos à produção ou ao chão de fábrica, ponto resultante de uma postura empresarial, quan- do temos uma estratégia, um produto e técnicas de manufatura e serviços, são bem aplicados. Esta apostila e a disciplina, como um todo, buscam apresentar uma análise abrangente sobre o Planejamento, Programação e Controle da Produção (PPCP) e sua importância no cenário empresarial, visto o montante de variáveis que a definem, totalmente interligadas entre si, tais como o planejamento, o custo, pessoas, equipamento, marketing, o produto etc. Seu objetivo é a obtenção de uma fábrica com uma alta produtividade por meio da organização da produção, de projetos dos produtos e dos processos, aderentes às necessidades mercadológicas, um “meio de campo” entre vendas e fábrica bem balanceado, para dar uma vazão perfeita aos pedidos e conseguir um equilíbrio ótimo dentro da empresa. Dentro dessa perspectiva, o conteúdo está organizado de forma a promover uma visão sequencial de eventos, para um empreendimento industrial sem conturbações. Dessa forma, analisaremos o plane- jamento de produção, um fluxo de materiais balanceado com uma boa utilização do MRP (ferramenta de cálculo de necessidades) e um domínio dos processos e padrões de produção, garantindo, assim, uma programação que tenha uma repercussão positiva no custo produtivo e um controle de produção que permita uma administração dos resultados, revertendo-os corretivamente e preventivamente. Será um prazer acompanhá-lo a esta viagem técnico-gerencial ao mundo do PPCP. Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 PLANEJAMENTO DE INSTALAÇÃO INDUSTRIAL1 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, trataremos de analisar quais as variáveis que compõem um planejamento em- presarial. Vamos iniciar a discussão? 1.1 Noções de Planejamento Empresarial O Planejamento, a Organização, a Direção e o Controle das operações produtivas são algumas preocupações da Administração da Produção e Operações. O Planejamento fornece as bases para as atividades gerenciais futuras, estabelecendo pla- nos de ação que devem ser satisfazer os objetivos traçados e seus momentos. A Organização é o processo de combinar os recursos produtivos, isto é, mão de obra, maté- rias-primas, equipamentos e capital. A Direção é o processo de transformar pla- nos teóricos em atividades concretas, estipulan- do tarefas e responsabilidades aos colaboradores. O Controle traduz a avaliação do desempe- nho dos colaboradores. O Planejamento pode ser classificado em grandes níveis (3). São eles: a) nível estratégico; b) nível tático; c) nível operacional. No detalhamento, teremos: a) Nível estratégico Este nível envolve: �� ações nas políticas corporativas; �� escolha de linhas de produto; �� localização de novas fábricas; �� projeto de processos de manufatu- ra; �� planejamento com horizontes de longo prazo (5 anos) com altos graus de riscos; �� é constituído pelo Conselho, Presi- dência ou Diretoria da Organização. b) Nível tático Este nível envolve: �� ações nas alocações e utilizações de recursos de fábrica; �� o Planejamento Agregado de Pro- dução com uma visão de médio prazo (1 a 5 anos) e moderado grau de risco; Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 �� é constituído por um nível gerencial médio da Organização. c) Nível operacional Este nível envolve: �� ações na alocação de cargas aos de- partamentos produtivos; �� ações na programação de produção e controle de estoques; �� planejamento com curtos horizon- tes de tempo e riscos relativamente menores; �� é constituído por um nível operacio- nal de decisão na Organização. a) Conceito de PCP Seria muito interessante, caro(a) aluno(a), você entender que o planejamento da produção (PP) é o estabelecimento a priori daquilo que a empresa deverá produzir, tendo em vista, de um lado, a sua capacidade de produção, e de outro, a previsão de vendas que deve ser atendida. 1.2 Planejamento e Controle de Produção (PCP) O PP é um conjunto de funções integra- das que visam orientar o processo produtivo em função dos objetivos da empresa e dos recursos empresariais disponíveis. A finalidade do planeja- mento da produção é obter simultaneamente a melhor eficiência e eficácia do processo produti- vo (CHIAVENATO, 1990). Tabela 1 – Comparativo entre Eficácia e Eficiência. Fonte: Chiavenato (1990). Em suma, o planejamento da produção procura definir antecipadamente o que se deve fazer, quando fazer, quem deve fazer e como fazer (CHIAVENATO, 1990). Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Figura 1 – O planejamento e seus desdobramentos. . Fonte: Chiavenato (2005). Por sua vez, prezado(a) aluno(a), o controle é a função administrativa que consiste em me- dir e corrigir o desempenho para assegurar que os planos sejam executados da melhor maneira possível. A tarefa do controle é verificar se tudo está sendo feito de acordo com o que foi planeja- do e organizado, conforme as ordens dadas, para identificar os erros ou desvios, a fim de corrigi-los e evitar sua repetição. As definições apresentadas – de planeja- mento e de controle – são genéricas, mas ilustram bem o seu significado. No caso específico da pro- dução, o Planejamento e Controle da Produção (PCP) planeja e controla as atividades produtivas da empresa. Se a empresa é produtora de bens ou mercadorias, o PCP planeja e controla a produção desses bens ou mercadorias, cuidando das maté- rias primas necessárias, da quantidade de mão de obra, das máquinas e equipamentos e do estoque de produtos acabados disponíveis no tempo e no espaço, para a área de vendas efetuar as entregas aos clientes. Se a empresa é produtora de servi- ços, o PCP planeja e controla a produção desses serviços, cuidando da quantidade de mão de obra necessária, das máquinas e equipamentos e dos demais recursos necessários, para a oferta dos serviços no tempo e no espaço, a fim de aten- der à demanda dos clientes e usuários. Saiba maisSaiba mais Existem literaturas que tratam o PCP como PPCP, isto é, Planejamento, Programação e Controle da Produção. b) Finalidade do PCP Caro(a) aluno(a), para compreender a du- pla finalidade, o PCP tem de planejar a produção e controlar seu desempenho. De um lado, o PCP estabelece antecipadamente o que a empresa deverá produzir – e, consequentemente, o que deverá dispor de matérias-primas e materiais, de pessoas, de máquinas e equipamentos, bem como de estoques de produtos acabados para suprir as vendas. De outro, o PCP monitora e controla o desempenho da produção em relação ao que foi planejado, corrigindo eventuais desvios ou erros que possam surgir. Entenda que o PCP atua antes, durante e de- pois do processo produtivo. Antes, planejando o processo produtivo, programando materiais, má- quinas, pessoas e estoque. Durante e depois, con- trolando o funcionamento do processo produtivo para mantê-lo de acordo com o que foi planeja- do. Assim, o PCP assegura a obtenção da máxima eficiência e eficácia do processo de produção da empresa. O PCP mantém uma rede de relações com as demais áreas da empresa. As principais inter- -relações do PCP com as demais áreas da empresa são descritas a seguir. �� Com a área de engenharia industrial: o PCP programa o funcionamento de máquinas e equipamentos e baseia-se em Boletins de Operações (BOs) forne- cidos pela engenharia industrial. Por sua vez, a engenharia industrial progra- Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 ma a paralisação de máquinas e equi- pamentos para manutenção e reparos. �� Com a área de suprimentos e com- pras: o PCP programa materiais e ma- térias-primas que devem ser obtidos no mercado fornecedor pelo órgão de compras e estocados pelo órgão de su- primentos. Assim, a área de suprimen-tos e compras funciona com base na- quilo que é planejado pelo PCP. �� Com a área de recursos humanos: o PCP programa a atividade da mão de obra, estabelecendo a quantidade de pessoas que devem trabalhar no pro- cesso de produção. O recrutamento, a seleção e o treinamento do pessoal são atividades estabelecidas em função do PCP. �� Com a área financeira: o PCP se baseia nos cálculos financeiros fornecidos pela área financeira para estabelecer os ní- veis de estoques de matérias-primas e de produtos acabados, além dos lotes econômicos de produção. �� Com área de vendas: o PCP se baseia na previsão de vendas fornecida pela área de vendas, para elaborar o plano de produção da empresa e planejar a quantidade de produtos acabados necessária para suprir as entregas aos clientes. À medida que a previsão de vendas sofre alterações em função do comportamento do mercado, o PCP al- tera também o plano de produção e os seus desdobramentos. �� Com a área de produção: o PCP pla- neja e controla a atividade da área de produção, o que significa que essa área funciona de acordo com o que é plane- jado e programado pelo PCP. c) As Fases do PCP Considere, prezado(a) aluno(a), que as em- presas são partes de uma sociedade e têm com ela, sobretudo a interna, um forte compromisso. Cada grupo organizado tem características próprias quanto a missão, valores e ética, que constituem verdadeiros desafios. Para Russoma- no (1979), “como um organismo, o planejamento da produção exerce um certo número de funções a fim de cumprir sua missão. Nem sempre, entre- tanto, todas essas funções estão sujeitas à chefia de um só departamento”. Veja bem, podemos listar as seguintes fun- ções do planejamento da produção: �� planejamento e controle de estoques; �� emissão de ordens; �� programação das ordens de fabricação; �� movimentação das ordens de fabrica- ção; �� acompanhamento da produção. Segundo Chiavenato (1990), o planejamen- to da produção obedece às seguintes fases: a) elaboração do plano de produção; b) programação de produção (máquinas, materiais e mão de obra); c) emissão de ordens de produção; d) liberação da produção. Observe ainda, os principais fatores deter- minantes do plano de produção: a) previsão de vendas: que constitui a ex- pectativa de vendas da empresa; b) capacidade de produção: que represen- ta o potencial produtivo da empresa; c) disponibilidade de matérias-primas (MPs) no mercado fornecedor; d) recursos financeiros que a empresa tem a sua disposição para adquirir matérias- -primas e demais recursos para produ- zir. Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 a) Introdução A previsão de vendas dentro de uma em- presa forma a base para o planejamento da pro- dução, das vendas e das finanças da empresa. Ela representa o volume de produtos ou serviços que a empresa se dispõe a colocar no mercado duran- te um determinado período da sua capacidade de produção. A previsão de vendas deve especificar cada produto/serviço da empresa e as vendas previs- tas para cada mês do exercício. Essa quantidade de vendas prevista mensalmente representa a quantidade de produtos/serviços que deve ser produzida e colocada à disposição do órgão de vendas para a entrega aos clientes (CHIAVENATO, 1990). Prezado(a) aluno(a), atente ao fato de que a previsão de vendas geralmente é elaborada pelo departamento de marketing ou vendas da empre- sa. A forma pode ser por métodos qualitativos ou quantitativos. A primeira forma citada baseia-se no julgamento de gerentes ou profissionais de vendas da empresa em vistas a vendas passadas. Já na forma quantitativa levam-se em conta da- dos e valores históricos obtidos por meio dos pe- ríodos passados de funcionamento da empresa ou do mercado. Os métodos de previsão de demanda po- dem ser qualitativos, quantitativos ou mistos. Os primeiros, exclusivamente intuitivos, baseiam-se no julgamento dos gerentes e vendedores da em- presa, bem como na opinião dos consumidores e fornecedores. Nos métodos quantitativos, os da- dos futuros são obtidos a partir de dados histó- ricos, que são plotados, ajustados a curvas repre- sentativas e extrapolados (RUSSOMANO, 1995). Para você entender melhor a diferença en- tre planejamento, predição e previsão, vamos conceituá-los: 1.3 Previsão de Vendas �� planejamento: processo lógico que descreve as atividades necessárias para ir do ponto no qual nos encontramos até o objetivo definido; �� predição: processo de determinação um acontecimento futuro baseado em dado completamente subjetivo e sem uma metodologia de trabalho clara; �� previsão: processo metodológico para determinação de dados futuros basea- dos em modelos estatísticos matemá- ticos ou, ainda, em modelos subjetivos apoiados em uma metodologia de tra- balho clara e previamente definida. b) Demanda Os padrões de demanda mais comuns são: �� Média: em que as flutuações da de- manda estão em torno de um valor constante; �� Tendência linear: em que a demanda cresce ou decresce linearmente; �� Tendência não linear: em que a de- manda cresce e decresce de modo não linear, conforme uma equação de se- gundo grau, por exemplo; �� Estacional (sazonal): em que a deman- da cresce e decresce em certos perío- dos, por exemplo, um dia da semana, do mês ou em mês específico do ano. Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 Figura 2 – Gráficos de previsões de vendas. Fonte: Martins e Laugeni (2005). 1.4 Sistema de Produção Prezado(a) aluno(a), vamos entender o con- ceito de sistema de produção, pois ele traduz o universo ou o conjunto de atividades e operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens (indústrias) ou serviços (MOREIRA, 2011). Para que você possa planejar e programar corretamente a produção, é necessário conhecer como ela funciona. Os elementos fundamentais que consti- tuem o sistema de produção são: a) insumos; b) processo de conversão; c) sistema de controle. a) Insumos São recursos a serem transformados direta- mente em produtos. Exemplos: matérias-primas, mão de obra, o capital, as máquinas e equipamentos, as instala- ções, o conhecimento técnico dos processos etc. b) Processo de Conversão Este processo de conversão traduz a Manu- fatura, em que temos uma mudança no formato das matérias-primas, na composição ou na forma dos recursos. Em serviços, não há transformação, e sim uma criação. Em serviços, a tecnologia é mais baseada em conhecimento (Know-how) do que equipamentos. c) Sistema de Controle É o conjunto de atividades que visa asse- gurar o cumprimento das programações, que os padrões sejam obedecidos, que os recursos este- jam sendo usados de forma eficaz e que a qua- lidade desejada seja obtida. Em resumo, o siste- ma de controle promove a monitoração dos três elementos do sistema de produção (MOREIRA, 2011). Em suma, teríamos os processos subdividi- dos em: �� processos de conversão = manufatura �� processos de transferência = serviços Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 No processo de conversão em manufatura (indústria): �� muda o formato da matéria-prima; �� muda a composição; �� muda a forma dos recursos. No processo de transferência (serviços): �� há a transferência de conhecimentos e/ ou tecnologia. Os tipos de sistema de produção seguem algumas classificações: a) classificação tradicional; b) classificação cruzada de Schroeder; c) classificação da produção enxuta. d) Classificação Tradicional Este sistema está sempre relacionado com o fluxo de produção, tendo assim, uma orientação e uma dimensão. Tradicionalmente falando, os sistemas de produção são agrupados em três grandes cate- gorias: �� sistema de produção contínua ou de fluxo de linha; �� sistema de produção por lotes ou por encomenda (fluxo intermitente); �� sistema de produção para grandes pro- jetos sem repetição.No sistema de produção contínua em mas- sa, temos: �� grandes volumes e pouca variedade; �� sequência linear; �� produtos padronizados, não são flexí- veis; �� as etapas de produção fluem em uma sequência prevista de um posto de tra- balho para outro; �� as etapas são balanceadas para que as atividades mais lentas não prejudi- quem a velocidade do processo; �� são mais eficientes; �� produção em grandes quantidades para linhas de montagem; �� serve para produtos variados produzi- dos na mesma plataforma; �� pode ser ininterrupta; �� exemplos: indústrias de refrigerantes, de eletrodomésticos, de alimentos e de CDs. No sistema de produção contínua ininter- rupta, temos: �� processo totalmente automatizado; �� produtos padronizados; �� tarefas repetitivas; �� rentabilidade obtida por meio da pro- dução de grandes volumes; �� custos altos em função de máquinas e equipamentos; �� a linha de montagem não pode ser mo- dificada; �� exemplos: indústria química, de papel, de derivados de petróleo e de aço. Temos alguns cuidados para com o sistema de fluxo: �� competição e concorrência; �� risco de obsolescência do produto; �� risco de mudanças tecnológicas; �� monotonia do trabalho para os empre- gados; �� processos caros – tanto em investimen- tos iniciais quanto de manutenção. Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 No sistema de produção intermitente – em lotes – por encomenda – jobbing – jobshop, temos: �� cada tipo de produto tem o seu proces- so, e, ao fim de cada lote, os produtos podem ser diversificados; �� há famílias de produtos com pouca va- riação; �� para processos automatizados são exi- gidos maiores volumes; �� em geral os projetos são dos clientes; �� o arranjo físico é conforme o processo de produção e pode ser disposto de acordo com as habilidades das pessoas, operações do processo e/ou equipa- mentos; �� não há regularidade no fluxo dos pro- dutos de uma fase para outra; �� os recursos humanos são mais exigidos; �� são necessárias mudanças e calibra- gens nos equipamentos de acordo com os produtos; �� exemplos: indústrias de máquinas e fer- ramentas, roupas, algumas indústrias alimentícias, peças para automóveis, indústria metalúrgica (portas, janelas, portões) e indústria moveleira (armá- rios e móveis em geral). Temos alguns cuidados para com o sistema por lotes: �� é bastante flexível e pode apresentar problemas diversos; �� o controle de estoques deve ser perfei- to; �� a programação da produção deve ser do conhecimento de todos antes do início do processo; �� exige a implantação de programas de qualidade para evitar desperdícios, er- ros etc.; �� há perda de tempo com os rearranjos; �� perde-se em eficiência, e o volume de produção é baixo; �� o mercado pode ser reduzido. DicionárioDicionário Obsolescência – 1 Redução gradativa e conse- quente desaparecimento. 2 Fim de um proces- so fisiológico. Fonte: Dicionário on-line inglês/Wikipédia No sistema de produção de grandes pro- jetos, temos: �� cada projeto é um produto único; �� não há um fluxo do produto; �� produção em baixos volumes e grande variedade; �� processo de longa duração, com início e fim bem definidos; �� tarefas com pouca ou nenhuma repeti- tividade; �� intervalos de tempos diferentes; �� produtos de alto custo; �� há dificuldades para gerenciar os proje- tos em função das diferentes atividades concorrentes e concomitantes; �� necessita de planejamento e controle de todo o processo, com técnicas como PERT-CPM; Exemplos: ��estaleiros (navios); ��fabricação de aviões; �� grandes estruturas de engenha- ria e construção civil (túnel no Canal da Mancha, pontes, hi- droelétricas, edifícios); ��turbogeradores para Itaipu; ��produção de filmes. Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 b) Classificação Cruzada de Schroeder Pode ser aplicada para serviços e para in- dústria, tendo duas orientações e duas dimen- sões. Podemos sugerir algumas orientações: �� por fluxo do produto com 3 tipos – li- nha, intermitente e etapas do processo; �� por tipo de consumidor; �� para estoques: �� serviço rápido para o consumidor a baixo custo; �� o cliente tem poucas opções de es- colha – inflexível; �� necessita estudos de mercado para projetar as vendas – o estoque é criado e existe antes das vendas jus- tamente para apoiá-las; �� para o cliente: �� todas as operações são de acordo com o desejo do cliente; �� as condições do negócio são dita- das pelo cliente; �� prazo de entrega: �� dimensões; �� preço; �� embalagem. Podemos sugerir algumas dimensões: �� para estoques; �� para o cliente ou encomendas. Tabela 2 – Classificação Cruzada de Schoroeder: exemplos. Fonte: Moreira (2011). C) Classificação Produção Enxuta O sistema de produção enxuta, na verda- de, foi uma evolução da produção em massa de- senvolvida pela Toyota (Japão). Nesse modelo, temos a introdução de no- vos conceitos: �� just in time; �� engenharia simultânea; �� tecnologia de grupo; �� consórcio modular; �� células de produção; �� desdobramento da função qualidade; �� comakership; �� sistemas flexíveis de produção; �� manufatura integrada por computador; �� benchmarking. Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 Caro(a) aluno(a), é extremamente impor- tante seu entendimento de que a capacidade de produção da empresa constitui o potencial pro- dutivo de que ela dispõe; é aquilo que a empresa pode produzir em condições normais. Em outras palavras representa o volume ideal de produção de produtos/serviços que a empresa pode reali- zar. Contudo, nem sempre esse volume ideal significa o volume máximo de produção que a empresa pode suportar em um regime intensi- vo de horas extras e de utilização ininterrupta de equipamentos. O volume ideal de produção representa um nível adequado de atividades que permita o má- ximo de lucratividade e o mínimo de custos, de produção, de mão de obra, de manutenção etc. (CHIAVENATO, 1990). A capacidade de produção da empresa de- pende, por sua vez, de quatro subfatores, a saber: a capacidade instalada, a mão de obra disponível, a matéria-prima disponível e os recursos finan- ceiros. Vejamos a seguir cada um desses quatro fatores. a) Capacidade instalada: é a quantida- de de máquinas e equipamentos que a empresa possui e o potencial de pro- dução que eles permitem alcançar. A capacidade instalada representa a pro- dução possível, se todas as máquinas e equipamentos estiverem plenamente disponíveis e em funcionamento inin- terrupto. b) Mão de obra disponível: é a quanti- dade de pessoas com que a empresa pode contar para executar o plano de produção. As máquinas não funcionam sozinhas e dependem dos operários ha- bilitados para operá-las e mantê-las em funcionamento. 1.5 Capacidade de Produção c) Matéria-prima disponível: representa a matéria-prima básica, os materiais e insumos que os fornecedores entregam à empresa para abastecer a produção. d) Recursos financeiros: a capacidade financeira de fazer investimentos em produção, compras de matérias-primas, aquisição de máquinas e equipamento é um importante subfator da capacida- de produtiva (CHIAVENATO, 1990). Para você saber, existem várias formas de se obter a capacidade de produção de um plano. Depende basicamente de como este plano foi ob- tido, de como foram agrupados os produtos em famílias dentro da unidade de negócio e de qual nosso interesse em consolidar os recursos em grupos (departamentos, células, máquinas etc.) para análise. Segundo Tubino (2000), uma rotina que pode ser seguida para esta análise é a seguinte: 1. identificar os grupos de recursos a se- rem incluídos na análise; 2. obter o padrão de consumo (horas/uni- dade) de cada família incluída o plano para cada grupo de recursos; 3. multiplicar o padrão de consumo de cada família para cada grupo de recur-sos pela quantidade de produção pró- pria prevista no plano para cada famí- lia; 4. consolidar as necessidades de capaci- dade para cada grupo de recursos. Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Saiba que o plano de produção ou plano mestre representa aquilo que a empresa preten- de produzir dentro de um determinado período. A elaboração do plano de produção depende do sistema de produção utilizado pela empresa. 1.6 Elaboração do Plano de Produção Se ela utiliza o sistema de produção sob encomenda, a própria encomenda ou pedido é quem vai definir o plano de produção, pois cada encomenda é em si mesma um plano de produ- ção. Se a empresa utiliza o sistema de produção em lotes ou contínua, a previsão de vendas é transformada em plano de produção (CHIAVENA- TO, 1990). Figura 3 – Origem do planejamento-mestre da produção. Fonte: Tubino (2000). No sistema de produção em lotes e no de produção contínua, o plano de produção é fun- ção da previsão de vendas. Se houver estoque de produtos acabados no depósito de PA no início do período, isso representa uma produção já exe- cutada no período anterior. A previsão de vendas é a estimativa do vo- lume de vendas que a empresa pretende atingir em um dado período de tempo. A capacidade de produção, como já vimos, representa o potencial de produção que a empresa pode desenvolver (CHIAVENATO, 1990). Figura 4 – O plano de produção nos três sistemas de produção. Fonte: Chiavenato (2005). Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 O plano de produção – qualquer que seja o sistema de produção utilizado pela empresa – deve dimensionar a carga de trabalho que apro- veite integralmente a capacidade de produção de empresa da melhor maneira possível. Carga de trabalho é o cálculo do volume de trabalho a ser atribuído a cada seção ou máquina em um determinado período de tempo, a fim de atender ao plano de produção. O dimensionamento da carga de trabalho não pode ser exagerado nem insuficiente. No pri- meiro caso, pode provocar sobrecarga, que é a atribuição de carga acima da capacidade de pro- dução. No segundo, quando o dimensionamen- to está muito além da capacidade de produção, provoca capacidade ociosa. Capacidade ociosa é a capacidade de produção não aproveitada e que permanece sem utilização, um custo que não tem retorno (CHIAVENATO, 1990). Figura 5 – A elaboração do plano de produção. Fonte: Chiavenato (2005). AtençãoAtenção Para se elaborar o plano de produção, a política de produção, para se atender vendas, tem que ficar muito clara, pois envolve vários recursos, principalmente em torno da mão de obra. 1.7 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Neste capítulo estudamos como deveremos planejar nossa indústria como um todo, desde algu- mas definições importantes, níveis de decisões, as definições e entendimentos dos tipos de processos até as tecnologias a serem aplicadas, bem como qual o sistema de produção a ser utilizado em função principalmente de seus produtos. Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 1. Quais são as fases do planejamento de produção, segundo Chiavenato? 2. Quais são os padrões de demanda mais comuns? Descreva-os. 3. Quais são os tipos de sistema de produção existentes? 1.8 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, trataremos de analisar quais as variáveis que compõem um microplanejamen- to, isto é, a programação, que, neste caso, está vinculada à produção. Vamos analisar esta atividade? Venha comi- go. PROGRAMAÇÃO DE PRODUÇÃO2 2.1 Conceito de Programação da Produção Vamos à definição? Programação da produção é a determinação antecipada do programa de produção a médio prazo dos vários produtos que a empresa produz. Ela representa o que deve ser produzido, expresso em quantidades e datas de modelos específicos, é obtido a partir da Estimativa de Vendas. A programação da produção leva em con- sideração, além da Estimativa de Vendas, vários fatores, tais como: carteira de pedidos; disponi- bilidade de material; capacidade disponível; etc. Isso visa estabelecer, com antecedência, a melhor estratégia de produção (RUSSOMANO, 1995). Para Chiavenato (1990), “a programação da produção corresponde ao detalhamento do Pla- no de Produção e a sua transformação em ordens de produção ou compra que deverão ser execu- tadas cotidianamente pelas respectivas seções envolvidas”. Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Figura 6 – O fluxo de informações da programação da produção. Fonte: Chiavenato (2005). Segundo Chiavenato (1990), “a programa- ção da produção passa a ser a interface entre o planejamento, a execução e o controle da produ- ção”. Os objetivos da programação da produção são os seguintes: a) coordenar e integrar todos os órgãos envolvidos direta ou indiretamente no processo produtivo da empresa; b) garantir a entrega dos produtos acaba- dos (PAs) ao cliente nas datas previstas ou prometidas; c) garantir disponibilidades de matérias- -primas (MPs) e componentes que serão requisitados pelos órgãos envolvidos; d) distribuir a carga de trabalho propor- cionalmente aos diversos órgãos pro- dutivos, de modo a assegurar a melhor sequência da produção e o melhor re- sultado em termos de eficiência e eficá- cia; e) balancear o processo produtivo de modo a evitar gargalos de produção, de um lado, e desperdícios de capacidade, de outro; f ) aproveitar ao máximo a capacidade ins- talada, bem como o capital aplicado em MP, PA e materiais em processamento. g) estabelecer uma maneira racional de ob- tenção de recursos, como MP(compras), de mão de obra (pessoal), de máquinas e equipamentos (engenharia) etc.; h) estabelecer, por meio de ordens de pro- dução, padrões de controle para que o desempenho possa ser continuamente avaliado e melhorado. A programação da produção é a etapa de execução do que se planejou para a produção. Nesta etapa se estabelece, por meio das ordens de produção e compras, o que será produzido, bem como quando e por quem isso será feito. É o estabelecimento de um roteiro de ta- refas para os diversos setores envolvidos no pro- cesso produtivo da empresa. Além disso, a pro- gramação da produção estabelece um fluxo de informações entre todas as áreas envolvidas com a intenção de comandar, coordenar e integrar todo o processo produtivo da empresa. Além do que já foi mencionado, temos ou- tros objetivos muito importantes na programa- ção da produção, que seriam: Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 �� garantir a entrega dos produtos nas datas previstas ou prometidas; garantir disponibilidades de matérias-primas; �� distribuir a carga de trabalho de modo a assegurar a mais eficiente sequência da produção; �� balancear o processo produtivo evitan- do gargalos ou mesmo desperdícios de recursos; �� aproveitar ao máximo a mão de obra e capacidade instalada, bem como esta- belecer padrões de controle para que o desempenho possa ser continuamente avaliado e melhorado. DicionárioDicionário Sequência: 1 Ação ou efeito de seguir ou vir uma coisa após outra em ordem ou sucessão. 2 Fato de seguir-se como consequência lógica ou natural. 3 Cada uma das partes subsequentes a outra, em um todo; continuação. Fonte: Dicionário on-line inglês/Wikipédia Figura 7 – Hierarquização dos planos. Fonte: Tubino (2000). 2.2 Fases da Programação da Produção Segundo Chiavenato (1990), a programa- ção da produção é realizada em quatro fases dis- tintas, a saber: a) aprazamento; b) roteiro; c) emissão de ordens; d) liberação da produção, também cha- mada de liberação de recursos. Prezado(a) aluno(a), durante as duas pri- meiras fases da programação da produção, que são o aprazamento e o roteiro, trabalha-se no estabelecimentode datas e prazos a serem cum- pridos mediante uma sequência de tarefas que cumpram o plano da produção. O roteiro serve para definir a melhor sequência do material entre as diversas etapas do processo, a fim de que se alcance a melhor produ- tividade e se cumpram as datas de entregas. Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Aprazamento significa a atribuição de pra- zos e estabelecimento de datas. Como o plano de produção é muito amplo e dimensionado para uma encomenda de grande porte ou para o exercício de um período de tem- po geralmente extenso, a programação procura fragmentá-lo em períodos menores (como dias, semanas e meses), para poder estabelecer datas específicas de execução da produção. Roteiro significa o estabelecimento da me- lhor sequência para atender ao plano de produção. Se a empresa pretende produzir um produto que tenha de passar por várias baterias de máquinas ou por várias seções produtivas, o roteiro procura definir a sequência ou fluxo mais adequado para que a matéria passe pelas diversas etapas do pro- cesso produtivo (CHIAVENATO, 1990). AtençãoAtenção Para se ter um aprazamento ótimo, o progra- mador tem que ter um conhecimento absoluto sobre os processos, tempos e métodos, bem como sobre os gargalos de produção. Existem vários tipos de ordens, a saber: �� Ordem de Produção (OP): é a comu- nicação da decisão de produzir, que é enviada a uma seção produtiva, autori- zando-a a executar as tarefas; �� Ordem de Montagem (OM): corres- ponde a uma OP destinada aos órgãos produtivos de montagem; �� Ordem de Compra (OC): é a comuni- cação da decisão de comprar MP ou materiais, que é enviada ao órgão de compras; �� Ordem de Serviço (OS): é a comunica- ção sobre prestação interna de serviços, como serviços de inspeção de qualida- de, de manutenção e reparos de máqui- nas etc.; �� Requisição de Materiais (RM): é a co- municação que solicita MP ou materiais ao almoxarifado. Considere que a emissão de ordens envol- ve a preparação de um grande número de vias de formulários, cada qual com uma denominação e destinada a um órgão diferente da empresa, ser- vindo como um fluxo de informações sobre o que cada um deve fazer. A Emissão de Ordens origina-se na Estima- tiva de Vendas e serve para tomada de providên- cias para se conseguir matérias-primas e peças compradas ou fabricadas; ela se apresenta em duas vertentes, conforme a natureza da demanda do item. A emissão e liberação das ordens atingem não apenas os setores da esfera operacional do processo produtivo, mas todos os órgãos relacio- nados com este processo, como o almoxarifado de matérias-primas, os órgãos de compra, o con- trole da qualidade e também os órgãos de conta- bilidade e custos. Em resumo, a programação da produção trata de estabelecer cronogramas detalhados de execução do plano de produção. Assim, as téc- nicas de programação se resumem basicamente em cronogramas, como o Gráfico de Gantt, do qual damos alguns exemplos nas figuras a seguir. Quando a programação de produção envol- ve casos de montagens, pode-se utilizar o gráfico de montagem. Em casos mais complicados de programa- ção de produção, quando há muitas interdepen- dências no processo produtivo, podem-se utilizar técnicas de programação mais sofisticadas, como o PERT (Program Evaluation Review Technique), também denominado técnica de avaliação e re- visão de programas, ou o CPM (Critical Path Me- thod), também denominado método do caminho crítico. Feito o roteiro e o aprazamento por meio de cronogramas, a programação da produção passa a cuidar da emissão de ordens aos órgãos envolvidos direta ou indiretamente no processo produtivo. Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Saiba maisSaiba mais PERT/COM são ferramentas importantes na Ges- tão de Projetos, principalmente na Rede de Pro- jetos, onde se conhecerá o caminho crítico do projeto. Figura 8 – Programação da produção por meio do Gráfico de Gantt. Fonte: Chiavenato (2005). Figura 9 – Programação da produção por meio de gráfico de montagem. Fonte: Chiavenato (2005). Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 a) Liberação da Produção A liberação da produção seria a última eta- pa dentro da programação da produção. Ela re- presenta a autorização para que os recursos se- jam disponibilizados para a execução das ordens de produção. Ela não apenas expede as ordens, mas também garante as condições necessárias para a sua execução. Figura 10 – As finalidades da liberação da produção. Fonte: Chiavenato (1990). Segundo Zaccarelli (1976), a liberação da produção não pode ser entendida como uma fun- ção com propósito único. Por liberação da produ- ção, entende-se um conjunto de funções para: a) verificar a disponibilidade de materiais, ferramentas e instruções técnicas para as ordens de fabricação a serem inicia- das e providenciar para que fiquem à disposição do operário; b) decidir sobre a sequência do processa- mento das ordens de fabricação; c) distribuir ordenadamente as vias com- ponentes das ordens de fabricação; d) coletar informações para controle. Em resumo, a liberação da produção exerce as funções de: �� verificar a disponibilidade de materiais, ferramentas e instruções técnicas para que os operários possam executar suas funções; Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 �� estabelecer a sequência da execução das ordens de fabricação e coletar in- formações para o controle da execução das ordens. O executor da liberação da produção po- derá ser uma pessoa que já ocupe alguma outra função dentro do processo produtivo quando a empresa produzir um único produto e em linha contínua. Outra opção é ter um executor específi- co para isto quando se tratar de produção muito diversificada e com muita variação nos volumes produzidos. 2.3 Análise da Capacidade de Produção Dentro do plano de produção considera-se a análise da capacidade de produção em traba- lhar variáveis de longo prazo, tais como compra de equipamentos e mudanças nas instalações fí- sicas, definições de turnos de trabalho e contrata- ção e treinamento de mão de obra. Para esta análise, propõe-se uma rotina que será: �� identificar os recursos que seriam críti- cos ou gargalos; obter padrões de con- sumo da variável a ser analisada (horas- -máquina/unidade, por exemplo); �� multiplicar os padrões de consumo de cada produto para cada recurso pela quantidade de produção em cada pe- ríodo previsto e consolidar as necessi- dades de capacidade para cada recurso. A rotina de análise da capacidade produti- va do Plano Mestre de Produção (PMP) seria: 1. identificar os recursos a serem incluí- dos na análise. Como forma de simplifi- cação, podem-se considerar apenas os recursos críticos, ou gargalos; 2. obter o padrão de consumo da variável que se pretende analisar (horas-máquina/ unidade, horas-homem/unidade etc.) de cada produto acabado incluído no Plano Mestre de Produção para cada recurso; 3. multiplicar o padrão de consumo de cada produto para cada recurso pela quantidade de produção em cada pe- ríodo prevista no PMP; 4. consolidar as necessidades de capaci- dade para cada recurso; 5. utilizar outra máquina menos carrega- da; 6. passar a comprar algumas peças fabri- cadas. A verificação da capacidade de produção se faz quantificando o volume de produção por horas-máquinas em condições normais de traba- lho. Quando se faz a verificação da capacidade de produção, normalmente também se consegue detectar quais máquinas estão sobrecarregadas e quais estão subutilizadas, permitindo, assim, a tomada de decisão para resolver problemas de gargalos ou folgas na produção. Com as emissões das diversas ordens, todos os órgãos envolvidos direta ou indiretamente no processo produtivo passam a trabalhar em con- junto e articuladamente. No fundo,as ordens representam as deci- sões previamente tomadas pelo PCP que cada ór- gão deverá executar para que todo processo pro- dutivo se desenvolva da melhor maneira possível. Isso significa coordenação e, sobretudo, sinergia, para que a atividade produtiva possa alcançar efi- ciência e eficácia. Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Figura 11 – O fluxo de comunicações da programação da produção. Fonte: Chiavenato (2005). 2.4 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, vimos esta atividade importantíssima chamada programação de produção e suas consequências. O PCP tem a missão de programar, isto é, planejar de maneira mais fina a produção, porém se preo- cupando com todos os recursos de entrada necessários, como matéria-prima, processo definido, pedidos devidamente acertados com o comercial, políticas de estoques estipulados e, principalmente, uma visão fabril. Além disso, precisa considerar o que tem de melhor em suas decisões, para não repercutir negati- vamente nos custos das empresas. O PCP deve balancear a capacidade de produção e liberar as ordens de produção com prazos lógi- cos e embasados em históricos e padrões de produção revisados periodicamente pela Engenharia. 2.5 Atividades Propostas 1. Quais são os tipos de ordens emitidos pelo PCP? 2. Quais são as fases distintas da programação de produção? 3. O que é programação de produção? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Caro(a) aluno(a), neste capítulo analisare- mos como acompanhar o que a produção está realizando em relação ao programado. Vamos acompanhar? CONTROLE DE PRODUÇÃO3 3.1 Conceito de Controle de Produção Prezado(a) aluno(a), firme que o Contro- le de Produção (CP) é a última fase do PCP, que acompanha, avalia e regula as atividades produ- tivas, para mantê-las dentro do que foi planejado e assegurar que atinjam os objetivos pretendidos. Depois de elaborado o Plano de Produção, emitidas as ordens e liberados os recursos, to- dos os órgãos produtivos de assessorias passam a funcionar integradamente, mas ele precisa ser controlado, para que se assegure que aquilo que foi planejado está sendo executado e que os ob- jetivos estão sendo alcançados. Trata-se de garan- tir a eficiência e a eficácia do sistema (CHIAVENA- TO, 1990). Figura 12 – O controle como garantia da eficiência e eficácia. Fonte: Chiavenato (1990). Assim, todo controle visa a: �� correção de falhas ou erros: o contro- le serve para detectar falhas ou erros, seja no planejamento, seja na execução, e apontar as medidas corretivas; �� prevenção de novas falhas ou erros: ao corrigir falhas ou erros, o controle aponta meios de evitá-los no futuro. Existem dois tipos de controle: Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 �� controle do desempenho: isto é, o controle que se realiza à medida que as operações estão sendo executadas. O controle do desempenho visa o alcance da eficiência no cotidiano das opera- ções; �� controle dos resultados: se realiza após as operações para verificar se elas alcançaram os resultados esperados. AtençãoAtenção Os controles têm que ter uma flexibilidade, dependendo processo, dos custos apurados e do negócio em si, para saber quais dados serão captados na produção, para gerar os indicado- res apropriados para tomada de decisão. 3.2 Finalidade do Controle de Produção As finalidades do controle, caro(a) aluno(a), são: �� avaliar e monitorar continuamente a atividade produtiva da empresa; �� comparar o programado e o realizado; �� apontar falhas, erros ou desvios; �� elaborar relatórios para a direção da empresa; �� informar outras seções sobre o anda- mento das atividades produtivas. Os processos produtivos possuem alguns aspectos críticos. Alguns deles são: �� previsão de vendas e suas possíveis va- riações; �� planejamento da capacidade de produ- ção; �� plano de produção; �� lista de materiais que compõe o P/S; �� compras; �� almoxarifado e estoques; �� programação da produção: aprazamen- to, roteiro, emissão de ordens e libera- ção da produção. Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Figura 13 – Os padrões de controle. Fonte: Chiavenato (2005). Conforme Chiavenato (1990), o Controle de Produção procura acompanhar e verificar, isto é, monitorar, os seguintes aspectos críticos do pro- cesso produtivo da empresa: �� previsão de vendas e suas possíveis va- riações; �� planejamento da capacidade de produ- ção; �� plano de produção; �� lista de materiais que compõem os pro- dutos/serviços; �� planejamento das necessidades de materiais (explosão do PA em partes e componentes); �� compras; �� almoxarifado e estoque de MP; �� estoque de semielaborados ou mate- riais em vias; �� programação da produção, envolvendo aprazamento, roteiro, emissão de or- dens e liberação da produção; �� depósito e estoque de PA. Segundo Chiavenato (1990), os aspectos problemáticos que, geralmente, podem ocorrer no processo produtivo são os seguintes: �� escassez ou excesso de estoque de MP; �� escassez ou excesso de estoque de se- mielaborados ou materiais em vias; �� escassez ou excesso de estoque de PA; �� excesso de produtos defeituosos; �� atraso nos prazos de produção e de en- trega ao cliente; �� custos de produção excessivamente al- tos; �� ciclo de produção demasiadamente longo; �� interrupções no ciclo de produção por falta de MP ou componentes; �� pouca flexibilidade na utilização da ca- pacidade de produção. Para Chiavenato (1990), as medidas de de- sempenho que o CP utiliza para avaliar o progra- ma de produção são as seguintes: Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 �� rotação dos estoques de MP; �� prazos de entrega dos PA; �� percentagem de OPs não cumpridas por falta de MP; �� utilização da capacidade instalada. Segundo Tubino (2000), a partir deste pon- to, o programa emitido é acompanhado e contro- lado pelo PCP por meio das seguintes funções: �� coleta e registro de dados sobre o está- gio das atividades programadas; �� comparação entre o programado e o executado; �� identificação dos desvios; �� busca de ações corretivas; �� emissão de novas diretrizes com base nas ações corretivas; �� fornecimento de informações produ- tivas aos demais setores da empresa (finanças, engenharia, marketing, recur- sos humanos etc.); �� preparação de relatórios de análise de desempenho do sistema produtivo. DicionárioDicionário Almoxarifado: 1 Cargo ou ofício de almoxarife. 2 Depósito onde se guardam e arrecadam objetos pertencentes a um estabelecimento público ou particular, e que é dirigido por um almoxarife. Fonte: Dicionário on-line/Wikipédia Prezado(a) aluno(a), as quatro fases do con- trole são descritas a seguir. 1. Estabelecimento dos padrões: é a primeira fase do processo e estabelece previamente os padrões ou critérios de avaliação ou de comparação. Um pa- drão é uma forma ou critério que serve de base para a avaliação ou compara- ção de alguma coisa. O metro, o litro e o grama são padrões universalmente aceitos. Em AP, um dos maiores cuida- dos é estabelecer padrões para contro- lar as coisas. O padrão é o ponto de re- ferência para aquilo que será feito. Existem quatro tipos de padrão, a saber: �� padrões de quantidade: como volu- me de produção, quantidade de esto- que de MP ou PA, número de horas tra- balhadas, capacidade de produção etc.; 3.3 Fases do Controle de Produção �� padrões de qualidade: como o Con- trole de Qualidade (CQ), de MP recebi- da, CQ da produção, especificações do produto etc.; �� padrão de tempo: como o tempo pa- drão para produzir determinado produ- to serviço, tempo médio de estoque de determinada MP etc.; �� padrões de custo: como custos de pro- dução, custos de venda, custos de esto- cagem etc. 2. Avaliação do desempenho: é a se- gunda fase do controle e consiste em avaliar o que está sendofeito por meio de comparação com os padrões previa- mente estabelecidos. Nesta fase ocor- rem o acompanhamento e a monitora- ção daquilo que está sendo executado. 3. Comparação com o desempenho com o padrão estabelecido: é a tercei- ra fase do controle e consiste em com- parar o desempenho com aquilo que Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 foi previamente estabelecido como pa- drão de comparação, para verificar se há desvio ou variação, isto é, se há falha ou erro em relação ao desempenho pa- drão desejado. 4. Ação corretiva: é a quarta e última fase do controle e consiste em corrigir o desempenho para adequá-lo ao pa- drão; não há ação corretiva a aplicar. O objetivo do controle é indicar quando, onde e quanto corrigir para manter o processo de acordo com o que foi pre- viamente estabelecido. O controle é um processo cíclico e repeti- tivo. É cíclico por envolver o ciclo composto das quatro fases que acabamos de enumerar e repeti- tivo porque se repete indefinidamente. Figura 14 – O controle como um processo cíclico e repetitivo. Fonte: Chiavenato (2005). Saiba maisSaiba mais Os padrões de produção estão sob responsabili- dade direta da Engenharia, por meio dos Tempos e Métodos, que acompanhará e revisará os pa- drões, para que os custos não sejam distorcidos. 3.4 Métodos de Controle da Produção �� Controle visual: mais utilizado por ava- liar a carga de máquina e o volume de material a ser trabalhado em cada má- quina. �� Controle total: global, amplo e abran- gente. Compara a quantidade progra- mada e a realizada. Assegura o controle contínuo de todos os itens. �� Controle por amostragem: controle parcial, feito por meio de amostrar es- colhidas ao acaso, aleatoriamente. Uti- liza técnica estatística de amostragem. �� Controle por exceção: é baseado no princípio da exceção. É feito sobre os desvios ou discrepâncias, sobre erros ou falhas, sobre anormalidades que Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 ocorrem. O controle ocorre apenas so- bre itens excepcionais, não despenden- do tempo sobre ações que ocorrem normalmente. �� Autocontrole: o próprio departamen- to é quem faz a análise e a comparação. A vantagem é a conscientização e res- ponsabilidade de cada área pela ação corretiva, quando necessária. a) Controle do Plano de Produção �� Índice de Eficiência: compara o número de horas previstas com o número de horas traba- lhadas para executar o plano de produção. Quando igual ou maior do que 1, o índice mostra sucesso na execução do plano de produção. Índice de eficiência = Nº de Horas Previstas Nº de Horas Trabalhadas �� Coeficiente de Utilização de Mão de Obra: compara o número de horas aplicadas à enco- menda, ao lote ou ao plano anual ou mensal, com o número de horas totais: Coef. de Util. de MO = Nº de Horas Aplicadas ao Lote Nº de Horas Totais de MO Este índice permite estabelecer a porcentagem das horas de MO aplicada à encomenda ou ao lote sobre o total de horas de MO. O resultado deve ser multiplicado por 100. �� Coeficiente de Utilização do Equipamento: compara a porcentagem de aplicação do equi- pamento produtivo com diversos lotes ou encomendas: Coef. de Util. do Equip. = Nº de Horas Aplicadas ao Lote Nº de Horas Totais do Equip. O resultado deve ser multiplicado por 100. �� Coeficiente de Tempo Utilizado: compara o tempo previsto com o tempo gasto na execução do plano de produção: Coef. de Tempo Utilizado = Tempo Previsto Tempo Gasto Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 b) Controle das Quantidades Produzidas �� Índice das Quantidades Produzidas: compara as quantidades programadas em relação às quantidades produzidas: Índice Quant. Prod. = Nº de Unidades Produzidas Nº de Unidades Programadas �� Índice de Qualidade: utilizado para controlar a qualidade dos produtos produzidos e verificar a porcentagem de peças refugadas ou defeituosas em relação à quantidade de peças produ- zidas. x 100Índice de Qual. = Unidades Refugadas ou Defeit. Unidades Produzidas �� Índice de Utilização de Matéria-Prima: permite comparar a quantidade de MP utilizada em relação à quantidade de MP prevista no plano de produção. Índice de Utilização MP = Quantidade de MP Prevista Quantidade de MP Utilizada �� Índice de Cumprimento de Ordens: compara as ordens cumpridas com as não cumpridas, por motivos de falta de MP ou de MO ou por manutenção de equipamento. x 100Índice de Cump. Ordens = Ordens não Cumpridas Ordens não Cumpridas �� O resultado é o percentual das ordens não cumpridas sobre as cumpridas. c) Controle de Estoques �� Índice de Rotação de Estoques: mostra como cada item de estoque se movimenta no decor- rer de um determinado período de tempo. x 100Índice de Rot. Estoque = Nº Entradas + Nº Saídas Estoque Médio do Item �� Quando o índice de rotação de estoque foi maior do que 100, ele mostra que o item girou ou rodou mais de uma vez em relação ao estoque médio no período. Se for 400, quer dizer que rodou 4 vezes. Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 Caro(a) aluno(a), vimos neste capítulo como é importante o controle do processo industrial ou até mesmo de serviços. Para isso, tem-se que seguir as finalidades e fases do Controle de Produção, em que, entre várias necessidades, o estabelecimento de padrões e a avaliação do desempenho são prioridades. Os métodos de Controle de Produção mensuram e indicam os resultados para que as devidas ações preventivas e corretivas possam ser tomadas. 3.5 Resumo do Capítulo 3.6 Atividades Propostas 1. O que vem a ser o Controle de Produção? 2. Quais são as fases do Controle de Produção? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, iremos conhecer e entender algumas ferramentas importantes que dão su- porte direto ao Planejamento e Controle de Pro- dução. SUPORTES AO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE PRODUÇÃO4 4.1 MRP Prezado(a) aluno(a), é importante que você que dá-se o nome de MRP (material requirement planning) ao planejamento de necessidades de materiais, e de MRP II (manufacture resources plan- ning) ao planejamento dos recursos de manufa- tura. O MRP II é um software que parte do plano- -mestre, o qual integra estoques de materiais, estoques de componentes, lista de materiais, restrições de mão de obra e disponibilidade de equipamentos, bem como gera as necessidades de compra (ou até mesmo as ordens de compras) para os itens fornecidos por terceiros e ordens de produção para as necessidades de fabricação própria. Em geral, o MRP II envolve os seguintes pa- râmetros: 1. Estoque de Segurança (ES): a quantida- de mínima do item que se deseja man- ter em estoque; 2. lote: a quantidade em que o item é pro- duzido internamente ou fornecido por terceiros; 3. Tempo de Atendimento (TA): também chamado de lead time, é o prazo de en- trega, ou seja, o tempo previsto para a produção dos lotes ou para a entrega dos pedidos feitos; 4. estoque em mãos: é a quantidade dis- ponível do item quando se faz o plane- jamento; 5. períodos consecutivos de planejamen- to: geralmente em semanas; 6. Necessidade de Produção Projetada (NP): é a demanda projetada, ou seja, as quantidades que devem estar dispo- níveis a cada semana; 7. Recebimentos Previstos (RP): são as quantidades encomendadas e cuja en- trega está prevista para o período pla- nejado; 8. Disponível à Mão (DM): é o estoque que estará disponível no fim de cada semana; 9. Necessidade Líquida (NL): são as quan- tidades que devem ser produzidas ou compradas; Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 10. liberação da ordem: é a quantidade que deve ser pedida e a semana em que deve ser efetuada. Figura 15 – O esquema do MRP II. Fonte: Chiavenato (2005). AtençãoAtenção Para um bom funcionamento do MRP, os esto- ques de segurançatêm que ser bem dimensio- nados para cada item de produto. Exemplo: Figura 16 – Estrutura analítica de produto. Fonte: Chiavenato (2005). Imagine que o Produto A seja composto das submontagens B e C. A submontagem B, por sua vez, é produzida a partir dos componentes D e E. Já a submontagem C é produzida a partir dos componentes F e E. �� Suponhamos que a empresa fabricante do produto A receba uma encomenda de 5.000 unidades, sendo: �� 2.000 unidades na semana 34 �� 1.500 unidades na semana 35 �� 1.500 unidades na semana 37 �� Portanto, necessitaremos de: �� 10.000 unidades da submontagem B �� 5.000 unidades da submontagem C �� 20.000 unidades do componente D �� 15.000 unidades do componente F �� 20.000 unidades do componente E Para resolução do exercício, utilizaremos matrizes MRP, onde: Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 �� ES = Estoque de Segurança �� TA = Tempo de Atendimento �� NP = Necessidade de Produção Projeta- da �� RP = Recebimento Previstos �� DM = Disponível à mão �� NL = Necessidade Líquida de Produção �� PL = Produção em Lotes Tabela 3 – Lógica do MRP. Fonte: Martins e Laugeni (2005). Tabela 4 – MRP – item A. Fonte: Martins e Laugeni (2005). Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 40 Tabela 5 – MRP – item B. Fonte: Martins e Laugeni (2005). Tabela 6 – MRP – item C. Fonte: Martins e Laugeni (2005). Tabela 7 – MRP – item D. Fonte: Martins e Laugeni (2005). Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41 Tabela 8 – MRP – item E. Fonte: Martins e Laugeni (2005). Tabela 9 – MRP – item F. Fonte: Martins e Laugeni (2005). O MRP II envolve tempos de entrega para os itens comprados e os tempos de fabricação para os itens produzidos internamente, estoques de segurança e quantidade requisitada. Outros da- dos sobre o produto, como o preço unitário, for- necedores, processo de fabricação, equipamento, roteiros de fabricação e respectivos centros de custos, mão de obra utilizada por categorias pro- fissionais e ferramentas utilizadas, também são comuns no MRP II. Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 42 O sistema JIT é uma filosofia de administra- ção da produção que surgiu no Japão, na década de 1960, na empresa Toyota; por isso, também é conhecido como “Sistema Toyota de Produção”. O “idealista” maior desse sistema foi o vice-presi- dente da Toyota, Taiichi Ohno. Esse novo enfoque na administração da manufatura surgiu de uma visão estratégica e inovadora das pessoas envol- vidas na gestão empresarial, buscando vantagem competitiva com uma melhor utilização do pro- cesso produtivo. Saiba maisSaiba mais A Toyota, hoje uma grande empresa automobilís- tica, iniciou como uma empresa de teares, inicial- mente manual, e depois de tornando líder mun- dial de teares mecanizados. Existem três ideias básicas sobre as quais se desenvolve o sistema JIT. A primeira é a otimi- zação e integração do processo como um todo; tudo aquilo que não agrega valor ao produto pre- cisa ser eliminado. O JIT visa a reduzir e/ou eliminar funções e sistemas não necessários ao processo de manufa- tura, tais como retrabalho, inspeção, estoque etc. A segunda ideia do JIT é o Kaisen (melhoria contínua). O JIT estimula o desenvolvimento de melhorias constantes, não apenas dos procedi- mentos e processos, mas também do homem na empresa. Esta mentalidade permite o desenvol- vimento do potencial humano dentro das orga- nizações, conseguindo o comprometimento de todos. O JIT ajuda no desenvolvimento de uma base de confiança, obtida pela transparência e honestidade das ações. 4.2 JIT A terceira ideia básica do just in time é en- tender e responder às necessidades dos clientes. Isto significa atender de forma plena o cliente nos requisitos de qualidade do produto, prazo de en- trega, custo, dentre outros. O JIT vê o custo do cliente numa visão maior. Assim, a empresa deve assumir a responsabilida- de de reduzir o custo total do cliente na aquisição e uso do produto. Logo, os fornecedores devem estar comprometidos com os requisitos igual- mente, já que a empresa fabricante é cliente dos seus fornecedores. Clientes e fornecedores for- mam, então, uma cadeia produtiva com benefí- cios mútuos. Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 43 Figura 17 – Principio do Sistema JIT. Fonte: Harrison e Hoek (2003). 4.3 Kanban O Kanban pode ser entendido como: “um sistema de informações que realiza o controle da quantidade de produção em cada processo. O Kanban é um instrumento (cartão, placa) que indi- ca o que fazer, em que quantidade e onde colocar”. Funcionamento Básico: a montagem final recebe um Kanban (“de retirada”), que informa o próximo modelo a ser montado e, em consequência, o que vai ser retirado dos processos anteriores. Um operário do setor de montagem (“carre- gador”, “abastecedor”) vai buscar apenas as peças necessárias àquela montagem. Ao chegar numa ilha (células) de fabricação, retira as peças e des- taca um Kanban (“ordem de produção”) a elas co- nectado, colocando-o num quadro apropriado. Os operários da ilha são informados sobre o que produzirão por meio desses Kanbans ordens de produção. Após produzirem aquilo que estava indicado, os operários colocam as peças e o Kan- ban num estoque (à semelhança de uma pratelei- ra de supermercado) ao lado da ilha, reiniciando- -se o ciclo quando o “alimentador” da montagem vier pegar mais peças. Portanto, quem detona as ordens de produção na fábrica como um todo é a montagem final. http://sistema-just.blogspot.com.br/2006/08/5-kanban-administrao-do-just-in-time.html Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 44 A sigla OPT, que significa “Optimized Pro- duction Tecnology”, é um método de gestão da produção que foi desenvolvido por um grupo de pesquisadores israelenses em 1978, do qual fazia parte o físico Eliyahu Goldratt, que acabou por ser o principal divulgador dos seus princípios. Segundo o OPT, para a empresa ganhar mais dinheiro é necessário que, no nível da fá- brica se aumente o fluxo e, ao mesmo tempo, se reduzam os estoques e as despesas operacionais. Na necessidade de definir um plano de produção, o método OPT procura inicialmente identificar com clareza todos os recursos a serem utilizados nos processos de produção, sejam eles externos ou não (por exemplo, matéria-prima, subprodutos, equipamentos etc.) e quais as res- trições existentes, quer se refiram ao limite da ca- pacidade de produção, quer se refiram à procura de mercado ou até mesmo a restrições impostas pela própria empresa. Esse método evidencia uma preocupa- ção extrema na programação das atividades, de modo a conseguir uma maximização do fluxo, ou seja, a passagem do material vendido pelo pro- cesso produtivo. Começando pelos recursos críticos que existem no processo de produção, o OPT iden- tifica esses recursos como os que irão definir o ritmo e volume de produção do sistema (é nesta característica que surge a identidade de recursos críticos do sistema com tambores que impõem o ritmo); assim, o primeiro passo será programar uma produção máxima para estes de acordo com as necessidades existentes. O segundo passo é tentar prever todos os acontecimentos que possam atrasar a produção relacionados com os equipamentos existentes ou com o fornecimento das matérias, criando para o efeito depósitos de segurança e conseguindo, assim, um fluxo contínuo, de modo a não existir paragens na linha de produção (os chamados “buffers” ). 4.4 OPT Finalmente, um circuito virtual (como uma corda sem pontas) constituído por um número fixo de elementos (unidades em produção) de modo a sempre que sair uma unidade do depósi- to se inicie a produção de outra; garantindo, deste modo, a produção contínua e, consequentemen-te, mantendo os estoques dessa matéria com o mesmo valor no depósito de segurança. São estes os três pontos principais para de- finir a técnica usada pelo método OPT para pro- gramar as atividades de produção: tambor-depó- sito-corda (Drum-Buffer-Rope). DicionárioDicionário Buffer: 1 Área de armazenamento temporário de dados à espera de processamento. 2 Circui- to que isola e protege um sistema contra danos nas entradas de circuitos ou periféricos. Fonte: Dicionário on-line inglês/Wikipédia. http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/opt-optimized-production-tecnology-gestao-a-partir-de-gargalos/45113/ http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/opt-optimized-production-tecnology-gestao-a-partir-de-gargalos/45113/ Planejamento, Programação e Controle da Produção Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 45 Uma restrição é qualquer coisa que possa impedir um sistema de atingir seu objetivo. As restrições podem se manifestar de várias formas, mas o princípio fundamental na TOC é de que não existem dezenas ou centenas de restrições. Existe pelo menos uma, mas no máximo al- gumas, num dado sistema. Restrições podem ser internas ou externas ao sistema. Uma restrição interna se evidência quando o mercado exige mais do sistema do que ele pode oferecer. Se este for o caso, então o foco da orga- nização deve estar em descobrir essa restrição, seguindo as cinco etapas de foco para abri-la (e, potencialmente, removê-la). Existe uma restrição externa quando o sis- tema pode produzir mais do que o mercado irá suportar. Se este for o caso, então a organização deve se concentrar em mecanismos que criem mais demanda para seus produtos ou serviços. Tipos de restrições (interna) �� Equipamentos: a maneira como equi- pamentos são utilizados no momento limita a capacidade do sistema para produzir bens/serviços mais vendáveis; 4.5 Teoria das Restrições �� Pessoas: a falta de pessoas qualificadas limita o sistema. Os modelos mentais das pessoas podem causar um compor- tamento que se torna uma restrição; �� Política: uma política escrita ou não im- pede que o sistema faça mais. O conceito de restrição na Teoria das Restri- ções é análogo a, mas difere da restrição que apa- rece em otimização matemática. Em suma, a res- trição é usada como um mecanismo de foco para a gestão do sistema. Em otimização, a restrição é escrita nas expressões matemáticas para limitar o âmbito de aplicação da solução (X não pode ser maior do que 5). Observação: as organizações têm muitos problemas com equipamentos, pessoas, políticas etc. (um colapso é apenas isso: um colapso, e não uma restrição, no verdadeiro sentido do conceito TOC). A restrição é algo que está impedindo que a organização obtenha mais rendimento (normal- mente, faturamento por meio de vendas), mesmo quando nada der errado. 4.5 Lean Manufacturing (Produção Enxuta) Lean manufacturing, traduzível como ma- nufatura enxuta ou manufatura esbelta, também chamado de Sistema Toyota de Produção, é uma filosofia de gestão focada na redução dos sete ti- pos de desperdícios (superprodução, tempo de espera, transporte, excesso de processamento, inventário, movimento e defeitos). Eliminando esses desperdícios, a qualidade melhora e o tempo e o custo de produção dimi- nuem. As ferramentas “lean” incluem processos contínuos de análise (kaizen), produção “pull” (no sentido de kanban) e elementos/processos à pro- va de falhas (Poka-Yoke). Um aspecto crucial é que a maioria dos cus- tos é calculada na fase de projeto de um produto. Um engenheiro especificará materiais e processos conhecidos e custos à custa de outros processos baratos e eficientes. Isso reduz os riscos do pro- jeto. As empresas que seguem essa metodologia Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 46 desenvolvem e reencaminham folhas de verifica- ção para validar o projeto do produto. Os pontos-chave do lean manufacturing são: �� qualidade total imediata: ir em busca do “zero defeito”, e detecção e solução dos problemas em sua origem; �� minimização do desperdício: elimina- ção de todas as atividades que não têm valor agregado e redes de segurança, otimização do uso dos recursos escas- sos (capital, pessoas e espaço); �� melhoria contínua: redução de custos, melhoria da qualidade, aumento da produtividade e compartilhamento da informação; �� processos “pull”: os produtos são retira- dos pelo cliente final, e não empurrados para o fim da cadeia de produção; �� flexibilidade: produzir rapidamente di- ferentes lotes de grande variedade de produtos, sem comprometer a eficiên- cia devido a volumes menores de pro- dução; �� construção e manutenção de uma re- lação de longo prazo com os fornece- dores, tomando acordos para compar- tilhar o risco, os custos e a informação. 4.6 Resumo do Capítulo 4.7 Atividades Propostas Caro(a) aluno(a), após as definições destas ferramentas ao PCP, temos a certeza de que o PCP en- volve uma série de alicerces que mantém o equilíbrio Vendas – PCP – Produção, isto é, o MRP, o OPT e o JIT, dando à empresa um retorno principalmente em custos, bem como uma visão administrativa e qualidade produtiva. 1. O que é Kanban? 2. O que vem a ser o MRP? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 47 Prezado(a) aluno(a), neste capítulo você terá contato com o sistema informatizado de um ERP e conhecerá sua aplicabilidade. SISTEMA DE INFORMAÇÃO E O PCP5 5.1 Informatização do PCP Quando as empresas são pequenas e com um sistema produtivo relativamente simples, fica- -se dentro da realidade de pensar em operar um sistema de PPCP de forma manual. Porém, quando a realidade não for esta ,tor- na-se essencial a adaptação e o uso de um softwa- re na operacionalização do modelo desenvolvido. Para a informatização do sistema, a ques- tão a ser resolvida passa a ser, então, a escolha e adequação de um software adequado às carac- terísticas do sistema de PPCP criado, atendendo às exigências deste. Poderá, com grande proba- bilidade, necessitar de alterações e novas adapta- ções no sistema criado. Neste momento, avalia-se o quão flexível é o sistema, ao ponto de influen- ciar e alterar o rumo dos trabalhos. Nessa etapa, deve-se novamente criar um grupo para opinar e discutir sobre a escolha do sistema de informática a ser implantado. As pes- soas representadas neste novo grupo devem pos- suir: conhecimentos profundos em PPCP; amplos conhecimentos de informática; conhecimentos na área de Administração de Materiais e Organi- zação e Métodos. Também é de fundamental im- portância para este momento a participação da gerência da empresa. Além do software, terão de ser escolhidos e providenciados os equipamentos e instalações, tais como terminais, impressoras, teclados, cabos, tomadas, mesas e hardwares compatíveis ao bom funcionamento do software a ser instalado. Após estarem concluídas todas as defini- ções, alterações ou adequações necessárias entre a parte de informática com o sistema de PPCP, parte-se para a etapa de implantação. É acon- selhável que a implantação ocorra em forma de um projeto-piloto em uma das áreas e venha a se multiplicar para as demais à medida que resulta- dos satisfatórios surjam nesta área de teste. Em estágios mais avançados, poderá vir a ocorrer que um programa processado eletroni- camente, além de armazenar ou transmitir dados e fazer cálculos, poderá assumir a orientação dos trabalhos; ou seja, a partir das entradas fornecidas, os dados serão processados de acordo com uma determinada lógica, em que as diversas saídas se- rão geradas. Estas saídas irão direcionar o ritmo e as tarefas a serem executadas, dirigindo, assim, a produção. Cláudio Monico Innocencio Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 48 Prezado(a) aluno(a), temos que os Sistemas Integrados de Gestão Empresarial ou Enterpri- se Resource Planning (ERP) são sistemas de infor- mação que integram todos os dados e processos de uma organização
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