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Capítulo 12 RESPONDENDO AOS PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS o capítulo anterior demonstrou como ajudar o paciente a avaliar os pensamentos automáticos importantes e a determinar a eficácia da sua avaliação na sessão. Este capítulo descreve como facilitar a avaliação do paciente e a resposta aos pensamentos automáticos entre as sessões. O paciente vivencia dois tipos de pensamentos automá- ticos fora da sessão: os que ele já identificou e avaliou na sessão e as cognições novas. Para o primeiro grupo, você vai assegurar que o paciente tenha um robusto registro de respostas escritas (no papel ou em fichas de arquivo, em um caderno da terapia ou um smartphone) ou em formato de áudio (em fita de áudio ou CD, em uma mensa- gem gravada no telefone, etc.) Para responder aos novos pensamentos automáticos entre as sessões, você vai ensinar o paciente a usar a lista de perguntas da Figura 11.1 (seja mentalmente ou por escrito), a usar um formulário como o Registro de Pensamentos da Figura 12.1 ou, ainda, uma versão mais fácil, o formulário ''Testando Seus Pensamentos'', da Figura 12.2. Contudo, existem outra.s maneiras de responder aos pensamentos au- tomáticos. O paciente pode se engajar em uma solução de problemas, usar técni- cas de distração ou relaxamento, ou nomear e aceitar seus pensamentos e emoções sem avaliação. Tera pia cognitivo-com porta menta 1 209 REVISANDO AS ANOTAÇÕES DA TERAPIA Depois de avaliar um pensamento automático com o paciente (geralmente por meio do questionamento socrático), você pedirá que ele faça um resumo. Você pode, por exemplo, fazer uma das seguintes perguntas: "Você pode resumir o que nós acabamos de falar?" "O que você acha que seria importante lembrar nesta semana?" "Se a situação acontecer novamente, o que você gostaria de poder dizer a si mesmo?" Quando o paciente apresenta um resumo convincente, você poderá perguntar se ele gostaria de registrá-lo para que possa se lembrar melhor da resposta quando pensa- mentos similares surgirem no futuro. Na transcrição a seguir, Sally e eu acabamos de avaliar seu pensamento ''Eu não consigo fazer isto'' usando muitas das perguntas da Figura 11.1 (página 193). Eu peço que faça um resumo. TERAPEUTA: Ok, Sally, então se você abrir seu livro de Química nesta semana e mais uma vez tiver o pensamento ''Eu não consigo fazer isto'', do que você gos- taria de se lembrar? PACIENTE: De que isso provavelmente não é verdade. Que eu provavelmente posso fazer pelo menos parte do trabalho porque no passado eu fiz, e também posso conseguir ajuda se não entender tudo. Acho que ler parte do livro é melhor do que não ler nada. TERAPEUTA: Muito bem. Devemos registrar isso? P: E se ... as respostas do paciente forem superficiais, confusas ou prolixas? R: Você poderia dizer: ''Bem, eu acho que é quase isso, mas talvez fosse mais útil lembrar-se desta forma .. :: Se as respostas dele forem razoáveis, mas incompletas, você poderá dizer: ''Você também quer se lembrar de que ... ?''. Se ele concordar, você ou ele poderá registrar as suas sugestões. É aconselhável fazer o paciente ler as suas anotações da terapia todas as manhãs e lançar mão delas quando necessário, durante o dia. O paciente tende a integrar as respostas ao seu pensamento quando já as ensaiou repetidamente. A leitura das ano- tações apenas quando ele se depara com situações difíceis é geralmente menos efi- ciente do que a leitura regular como preparação para situações difíceis. Estão listadas, a seguir, algumas das anotações de terapia de Sally. Elas contêm: 21 O Judith S. Beck • respostas a pensamento disfuncional, • tarefas comportamentais ou • uma combinação de respostas e tarefas comportamentais. Quando eu '.?ensar "Eu nunca vou conseguir terminar meu trabalho", devo me lembrar de que: Eu só preciso focar no que preciso fazer neste momento. Eu não tenho que fazer tudo com perfeição. Eu posso pedir ajuda. Isso não é um sinal de fraqueza. Quando eu pensar "Eu prefiro ficar na cama", dizer a mim mesma que eu sempre me sinto um pouco melhor quando faço alguma coisa e pior quando não faço nada. Terapia cognitivo-comportamental 211 Pode ser que eu me sinta como se ninguém se importasse comigo, mas isso não é verdade. / A minha família, Allison e Joe se importam. E difícil perceber a atenção deles, mas isso é porque estou deprimida. A melhor coisa a fazer é me manter em contato com eles, então vou telefonar ou mandar uma mensagem para eles. r.. uandn P-U r; uisP-r /c-:dir a a 'uda dn 1?rnfp,ssnr 1. Lembrar que isso não é um problema. O pior que pode acontecer é que ele seja rude. 2. Lembrar que isso é um experimento. Mesmo que não funcione desta vez, vai ser uma boa prática para mim. 3. Se ele for rude, provavelmente isso não terá nada a ver comigo. Ele talvez esteja ocupado ou irritado com alguma outra coisa. 4. Mesmo que ele não me ajude, e daí? Isso vai ser uma falha dele como professor, não minha como a luna. Isso significa e ue ele não está fazendo direito o seu • trabalho. Eu posso pedir um orientador ao departamento ou pedir que outra pessoa da aula me ajude. 5. Então eu posso ir fa lar com ele. Na pior das hipóteses, este será um bom / . exerc1c10. 212 Judith S. Beck Estraté~ias ~ara quando eu estiver ansiosa 1. Fazer um Registro de Pensamentos. 2. Ler os cartões de enfrentamento. 3. Telefonar para [um amigo]. 4. Sair oara caminhar ou correr. / 5. Tolerar a ansiedade. E um sentimento desagradável, mas não é uma ameaça à minha vida, e vai diminuir quando eu desviar a atenção para outra coisa. Por uma questão prática, você deve manter cópias das anotações do seu pacien- te, fazendo fotocópias ou usando papel carbonado. Você verá que provavelmente vai consultar com frequência essas anotações, em especial quando examinar os exercí- cios ou reforçar ideias que você discutiu com o paciente em sessões anteriores. Além disso, muitos pacientes perdem as suas anotações e podem, então, obter outra via a partir da sua cópia. Autorregistro das Anotações da Terapia O ideal é que você se assegure de que o paciente tenha registros por escrito da terapia. Ele poderá carregar consigo um caderno ou fichas de arquivo para que possa ler quando necessário, ou então pode lê-los no seu smartphone. No entanto, alguns pacientes não podem ou não gostam de ler, ou podem achar mais eficien- te ouvir os registros. Em qualquer um dos casos, você pode ligar um gravador ou pedir ao paciente que grave no seu celular quando vocês estiverem desenvolvendo respostas aos pensamentos automáticos; ou então poderá anotar as respostas e li- gar o gravador nos últimos minutos de uma sessão, gravando todas as respostas de uma só vez. Fazer o registro e depois pedir que o paciente ouça uma sessão intei- ra geralmente não é de muita utilidade. É provável que ele ouça o registro apenas uma vez durante a semana, em vez de ouvir repetidamente os pontos mais impor- tantes da sessão. Motivar o paciente a ler as anotações da terapia é o mesmo que facilitar que ele faça algum tipo de exercício (veja o Capítulo 17). Inicialmente, é aconselhável pedir que ele leia suas anotações no fim de uma sessão e mostrar-lhe que essa leitura leva Terapia cognitivo-comportamental 213 menos de um minuto. Quando o paciente não pode ler as anotações da terapia, talvez ele possa ouvir um resumo gravado ou encontre alguém do seu convívio que possa ler as nota.s para ele. AVALIANDO E RESPONDENDO A NOVOS PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS ENTRE AS SESSÕES O capítulo anterior apresentou uma lista de perguntas socráticas que o paciente poderá se fazer para avaliar seu pensamento. Antes de sugerir que ele use essas perguntas em casa quando se sentir perturbado, você deverá se assegurar de que: • Ele entenda que a avaliação do seu pensamento poderá ajudar a se sentir melhor. • Ele acredite que conseguirá usar as perguntas adequadamente em casa. • Ele entenda que nem todas as perguntas se aplicama todos os pensamen- tos automáticos. • Você tenha diminuído a lista para os pacientes que acham a l ista completa desestimuladora ou uma sobrecarga. Você também orienta o paciente sobre quando e como usar as perguntas, como eu fiz com Sally: TERAPEUTA: Sally, seria muito pesado para você usar esta.s perguntas para cada pensamento automático que você tiver nesta semana. Esta é uma das razões para você ter as anotações da terapia, para que possa lê-las todas as manhãs e quando necessário durante o dia. Mas, quando você notar que o seu humor está pioran- do e perceber seus pensamentos, pense consigo mesma: ''Eu tenho anotações da terapia que incluem isto?,: Certo? PACIENTE: Sim. TERAPEUTA: Se fizer assim, você terá uma opção. Use as perguntas ou lance mão das suas anotações. PACIENTE: Ok. TERAPEUTA: Se você não tiver as anotações, então definitivamente terá que lançar mão da lista pelo menos em algum desses momentos. Idealmente, você não de- veria simplesmente se fazer as perguntas, mas também anotar suas respostas, se puder. O que você acha? PACIENTE: Ótimo. 214 Judith S. Beck Registro de Pensamentos O Registro de Pensamentos (RP), também conhecido em uma versão anterior como Registro Diário de Pensamentos Disfuncionais (Becket al., 1979), é uma plani- lha que estimula o paciente a avaliar seus pensamentos automáticos quando se sente angustiado (veja a Figura 12.1). Ele obtém mais informações do que simplesmente respondendo às perguntas da Figura 11.1. Não é necessário que o paciente use o RP se essas perguntas forem úteis, mas muitos pacientes acham que a planilha organiza melhor seu pensamento e ideias. (No entanto, o RP não é particularmente útil para pacientes que têm funcionamento cognitivo baixo, não gostam de escrever, estão des- motivados ou não são bem equipados intelectualmente para se beneficiarem com isso.) Primeiramente, você poderá usar com o paciente a lista de perguntas da Figura 11.1 (página 193) e, depois, mostrar-lhe como anotar as respostas e outras informa- ções em um Registro de Pensamentos. Na parte seguinte da sessão, Sally e eu usamos a lista de perguntas socráticas para avaliar seu pensamento ''Bob não vai querer sair comigo'', e ela se sentiu melhor. TERAPEUTA: Muito bem. Eu gostaria de lhe mostrar uma planilha que eu acho que lhe ajudará fora da sessão, se você concordar. Ela se chama Registro de Pensa- mentos - e é simplesmente uma forma organizada de anotar o que acabamos de fazer. Tudo bem? (Apresento a Figura 12.1) PACIENTE: Certo. TERAPEUTA: Aqui está. Agora, antes de começarmos, eu tenho que lhe dizer algu- mas coisas. Primeiro, ortografia, caligrafia e gramática não importam. Segundo, este é um instrumento útil e pode precisar de alguma prática para que você fi- que boa nisso. Então, é esperado que você cometa alguns erros no começo. Esses equívocos na verdade serão úteis - veremos o que ficou confuso, de modo que você possa fazer melhor da próxima vez, ok? PACIENTE: Ok. TERAPEUTA: Aqui está escrito como você vai saber quando deve usá-lo (apontan- do para o topo da folha). Você vê aqui no topo? Aqui diz: ''Orientações: Quan- do você notar que o seu humor está piorando, pergunte-se 'O que está passando pela minha cabeça agora?' e, assim que possível, anote o pensamento ou imagem mental na coluna dos Pensamentos Automáticos''. PACIENTE: Ok. TERAPEUTA: Agora, vamos examinar as colunas. As orientações estão no alto de cada uma. A primeira coluna é fácil. Quando você teve aquele pensamento sobre Bob? PACIENTE: Na sexta-feira à tarde, depois da aula. TERAPEUTA: Ok, você pode escrever isso na primeira coluna. PACIENTE: (Faz isso) Terapia cognitivo-comportamental 215 TERAPEUTA: Agora, você vai ver que a segunda coluna lhe pede para anotar a si- tuação. Assim, você poderia colocar: ''Pensando em perguntar ao Bob se ele quer tomar um café,: (Pausa enquanto Sally escreve) Agora, a terceira coluna é para os ~ seus pensamentos automáticos e o quanto você acredita neles. E aqui que você anota as palavras ou imagens factuais que passaram pela sua cabeça: ''Ele não vai querer ir comigo,: O quanto você acreditou no pensamento naquela hora? PACIENTE: Muito, talvez uns 90%. TERAPEUTA: Bom. Você poderia escrever ''90%,, ao lado do seu pensamento, ou ''muito,', e, na quarta coluna, você escreve sua emoção e a sua intensidade. Nesse caso, o quanto você se sentiu triste? PACIENTE: Muito triste - 75%. TERAPEUTA: Certo, escreva isso. (Espera que Sally acabe de escrever) A seguir, olhe para a quinta coluna. Ela pede que você identifique a distorção cognitiva. Você pode olhar a sua lista e me dizer se acha que seu pensamento automático se en- caixa em alguma dessas categorias? PACIENTE: Eu acho que é adivinhação ou leitura mental. TERAPEUTA: Bom. Na verdade são ambas. A seguir, a coluna cinco pede para usar as perguntas de baixo. Você gostaria de anotar as respostas que acabamos de examinar? PACIENTE: Ok. (Faz isso) TERAPEUTA: Agora, a última coluna nos diz o quanto isso foi útil. O quanto você acredita no pensamento automático agora? PACIENTE: Menos. Talvez 50%. TERAPEUTA: E o quanto está se sentindo triste? PACIENTE: Menos. Uns 50%, eu acho. TERAPEUTA: Então você pode anotar. PACIENTE: (Faz isso) TERAPEUTA: Eu quero que você se lembre do que eu lhe disse antes. Não espere que toda a sua emoção negativa vá embora. Contudo, se fazer um Registro de Pensa- mentos ajuda um pouco, mesmo que seja 10%, já vale a pena. PACIENTE: Ok. TERAPEUTA: Então, o que você acha do Registro de Pensamentos? Você quer expe- rimentar em casa nesta semana? PACIENTE: Sim, eu vou experimentar. Para alguns pacientes, será melhor introduzir o Registro de Pensamentos em dois estágios. Em uma sessão, você poderá ensinar o paciente a preencher as quatro primeiras colunas. Se ele conseguir fazer isso como exercício de casa, você poderá, então, ensiná-lo a usar as duas colunas finais. Orientações: Quando você notar que seu humor está piorando, pergunte-se: "O que está passando pela minha cabeça neste momento?" e assim que possível anote o pensamento ou imagem mental na coluna do(s) Pensa mento(s) Automático(s). Data/ hora Sexta- -feira 813 15h Situação 1. Que evento real ou fluxo de pensamentos, devaneio ou recordação levou à emoção desagradável? 2. Que sensações físicas angustiantes (se é que houve) você teve? Pensando em perguntar a Bob se ele quer ir tomar um café. Pensamento{s) automático{s) 1.Que pensamento(s) e/ ou imagem(ns) passou(aram) na sua cabeça? 2. Quanto você acreditou em cada um naquele momento? Ele não vai querer ir comigo (90/o ). Emoções 1. Que emoção(ões) (triste/ ansioso/irritado/ etc.) você sentiu naquele momento? 2.Quala intensidade da emoção (0-100%)? Triste (75/o ). Resposta adaptativa 1. (opcional) Que distorção cognitiva você fez? 2. Use as perguntas abaixo para compor uma resposta ao(s) pensamento(s) automático(s). 3. Quanto você acredita em cada resposta? (Adivinhação e leitura mental) Na realidade, eu não sei se ele quer ou não (90/o). Ele é amigável comigo na aula (90/o ). A pior coisa que acontecerá é ele dizer não e eu me sentir mal por algum tempo, mas posso ir falar com Allison sobre isso (90/o ). A melhor é que ele dirá que sim (100/o ). O mais realista é ele dizer que está ocupado, mas continuará a migável (80/o ). Se eu continuar supondo que ele não quer sair comigo, nunca irei perguntar a ele (100/o ). Eu deveria apenas tomar a iniciativa e perguntar a ele (50/o). Afinal, o que tem de mais? (75/o). Resultado 1. Quanto você acredita em cada pensamento automático agora? 2.Que emoção(ões) você sente agora? Qual a intensidade dessa emoção (0-100%)? 3. O que você vai fazer (ou fez)? 1. P.A. (50/o) 2. Tristeza (50%) 3. Vou perguntar a ele. Perguntas para ajudar a compor uma resposta alternativa: (1) Quais as evidências de que o pensamento automáticoé verdadeiro? Não verdadeiro? (2) Existe uma explicação alternativa? (3) Qual é a pior coisa que poderia acontecer? Como eu a enfrentaria? Qual é a melhor coisa que poderia acontecer? Qual é o resultado mais realista? (4) Qual é o efeito de eu acreditar no pensamento automático? Qual seria o efeito de mudar meu pensamento? (5) O que eu devo fazer a respeito? (6) Se [nome de um amigo] estivesse nesta situação e tivesse este pensamento, o que eu lhe diria? FIGURA 12.1. Registro de Pensamentos. Extraída de Cognitive behavior therapy worksheet packet. Copyright 2011, Judith S. Beck. Bala Cynwyd, PA: Beck lnstitute for Cognitive Behavior Therapy. N • Wil '-- r:: o.. -· .....+ ::::r C/) • CJ C'D (") ==""' Terapia cognitivo-comportamental 217 Planilha ''Testando seus Pensamentos'' Quando você prevê que o Registro de Pensamentos pode ser muito confuso ou elaborado para o paciente, considere o uso de uma versão simplificada, a Planilha ''Testando seus Pensamentos'' (Figura 12.2). Ela contém perguntas similares, seus termos são adequados a pessoas com baixo grau de instrução, e seu formato mais es- truturado é mais fácil de preencher. Qual é a situação? Joanne gritou comigo. O que eu estou pensando ou imaginando? Ela nunca mais vai me ligar. O que me faz achar que o pensamento é verdadeiro? Ela parecia muito irritada. O que me faz pensar que o pensamento não é verdadeiro ou não completamente verdadeiro? Ela já ficou brava comigo antes, mas parece que depois passa. De que outra maneira eu posso encarar isto? Ela é temperamenta l, mas não fica brava para sempre. Qual é a pior coisa que poderia acontecer? O que eu faria então? Eu perderia a minha melhor amiga. Eu teria que me concentrar nos meus outros amigos. Qual é a melhor coisa que poderia acontecer? Ela vai me telefonar em seguida e pedir desculpas. O que provavelmente irá acontecer? Ela vai ficar um pouco fria por alguns dias, mas aí eu vou ligar para ela. O que vai acontecer se eu ficar tendo o mesmo pensamento? Eu vou continuar muito chateada. O que poderia acontecer se eu mudasse o meu pensamento? Eu poderia me sentir melhor; talvez ligasse para ela logo. O que eu diria à minha am iga [pense em uma pessoa específica] Emily se isso acontecesse com ela? Não se preocupe, apenas espere uns dois dias e depois telefone. FIGURA 12.2. Planilha "Testando seus Pensamentos". Extraída de Cognitive behavior therapy worksheet pack- et. Copyright 2011, Judith S. Beck. Bala Cynwyd, PA: Beck lnstitute for Cognitive Behavior Therapy. 218 Judith S. Beck Quando uma Planilha Não é Suficientemente Útil Como acontece com qualquer outra técnica na terapia cognitivo-comporta- mental, é importante não enfatizar excessivamente a importância dos formulários. A maioria dos pacientes, em algum momento, considera que preencher uma deter- minada planilha não trouxe muito alívio. Se você enfatizar sua utilidade geral e os ''pontos emperrados'' como uma oportunidade de aprendizado, você ajudará o pa- ciente a evitar pensamentos automáticos críticos em relação a si mesmo, à terapia, à planilha ou a você. Conforme descrito no capítulo anterior, a avaliação de um pensamento automá- tico (com ou sem uma planilha) poderá estar longe do ideal se o paciente não conse- guir responder ao seu pensamento ou imagem mais perturbadores, se o seu pensa- mento automático for uma crença nuclear ou ativar uma crença subjacente, se a sua avaliação e resposta forem superficiais ou se ele não valorizar a resposta. RESPONDENDO DE OUTRAS MANEIRAS AOS PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS As vezes, você irá usar outros métodos para responder aos pensamentos automá- ticos. Por exemplo, quando o paciente tiver pensamentos ansiosos obsessivos, você poderá ensinar a ele a técnica '~WARE'' (Beck e Emery, 1985), na qual o paciente pratica: A: (aceitação) Aceitar sua ansiedade. W: (observação) Observar sua ansiedade sem julgamento. A: (ação) Agir com sua ansiedade, como se não estivesse ansioso. R: (repetição) Repetir os três primeiros passos. E: (espera) Esperar pelo melhor. Quando as emoções do paciente forem tão intensas a ponto de ele não conseguir usar com eficiência a sua função executiva para avaliar seus pensamentos, você pode- rá utilizar as técnicas de distração ou relaxamento, descritas no Capítulo 15. Capítulo 13 IDENTIFICANDO E ODIFICANDO CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS o s capítulos anteriores descreveram a identificação e a modificação dos pensa- mentos automáticos, as palavras ou imagens factuais que passam pela cabeça do paciente em uma determinada situação e levam ao sofrimento. Este capítulo e o pró- ximo descrevem as ideias ou entendimentos mais profundos geralmente não articu- lados que os pacientes têm a respeito de si, dos outros e do seu mundo pessoal, que suscitam pensamentos automáticos específicos. Frequentemente, essas ideias não são expressas antes da terapia, mas podem ser facilmente identificadas a partir do paciente ou inferidas e depois testadas. Conforme descrito no Capítulo 3, essas crenças podem ser classificadas em duas categorias: crenças intermediárias (compostas por regras, atitudes e pressupostos) e crenças nucleares (ideias globais rígidas a respeito de si, dos outros e do mundo). As crenças intermediárias, embora não tão passíveis de modificação, ainda são mais ma- leáveis do que as crenças nucleares. Este capítulo está dividido em duas partes. Na primeira parte, é descrita a con- ceituação cognitiva (apresentada inicialmente no Capítulo 3) e é ilustrado o proces- so de desenvolvimento de um Diagrama de Conceituação Cognitiva. A conceituação é enfatizada ao longo de todo este livro para ajudar o terapeuta a planejar a terapia, adquirir prática na escolha de intervenções adequadas e superar pontos emperra- dos quando as intervenções padrão não funcionam. Identificar e modificar as cren- ças intermediárias é o foco da segunda parte deste capítulo. Essas técnicas também se
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