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Terapia do esquema formatado

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SUMÁRIO 
 1. O QUE SÃO OS ESQUEMAS? 2 
 
1.1 OS ESQUEMAS ATRAVÉS DE EXEMPLOS DO DIA-A-DIA 3 
1.2 DE ONDE VÊM OS ESQUEMAS? 3 
1.3 OS ESQUEMAS E O TEMPERAMENTO EMOCIONAL 4 
1.4 COMO OS ESQUEMAS FUNCIONAM? 6 
1.5 OS ESQUEMAS SÃO FORMADOS APENAS ATRAVÉS DE TRAUMAS? 7 
1.6 EXEMPLO DE PERPETUAÇÃO DOS ESQUEMAS 7 
1.7 EXEMPLO DE CURA DOS ESQUEMAS 8 
 
2 NECESSIDADES PARA TER UMA VIDA SAUDÁVEL 9 
 
 2.1 EXPERIÊNCIAS QUE FORMAM OS ESQUEMAS 11 
 2.2 QUAIS SÃO OS ESQUEMAS? 13 
 2.3 ESQUEMAS DESADAPTATIVOS REMOTOS COM DOMÍNIO DE ESQUEMAS ASSOCIADOS 18 
2.4 ESQUEMAS CONDICIONAIS X ESQUEMAS INCONDICIONAIS 22 
 
 3 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO 24 
 
3.1 ESTRATÉGIAS COMUNS PARA LIDAR COM OS ESQUEMAS 24 
 3.1.1 SUPERCOMPENSAÇÃO 24 
 3.1.2 RESIGNAÇÃO 26 
 3.1.3 EVITAÇÃO 26 
3.2 COMO EVITAMOS ENFRENTAR OS ESQUEMAS? 27 
3.3 COMO COMPENSAMOS OS ESQUEMAS 28 
3.4 COMO ACABAMOS “ACEITANDO NOSSOS ESQUEMAS 29 
 
4 RESPOSTAS DE ENFRENTAMENTO 30 
 
 4.1 A CURA E AS RESPOSTAS DE ENFRENTAMENTO 30 
4.2 POR QUE É TÃO DIFÍCIL MUDAR ESSES ESQUEMAS? 31 
4.3 MODOS DE OPERAÇÃO DOS ESQUEMAS 31 
4.4 SOBRE O CONCEITO DE MODO 32 
 
 5 COMO A TERAPIA PODE AJUDAR? 34 
 
5.1 O PROCESSO TERAPÊUTICO 34 
5.2 TÉCNICAS UTILIZADAS NA TERAPIA TO ESQUEMA 35 
5.3 RELAÇÃO TERAPEUTA-PACIENTE 37 
5.4 A TERAPIA DO ESQUEMA COMO UM MODELO AMPLO E INTEGRADOR 37 
5.5 A “TERCEIRA ONDA” DA TERAPIA COGNITIVA 38 
5.6 OS ESQUEMAS DE YOUNG: OUTROS CONCEITOS 38 
5.7 A TEORIA DE APEGO DE BOWLBY E A NECESSIDADE DE VÍNCULO 39 
 
6 BIBLIOGRAFIA 40 
 
 2 
1. O QUE SÃO ESQUEMAS? 
As pessoas diferem naquilo que as deixam deprimidas, ansiosas ou com 
raiva. Essas diferenças são denominadas como esquemas. Esquemas são as 
maneiras habituais por meio das quais você vê as coisas, são um modo de 
ver o mundo. São eles que determinam como você sente, como age, como se 
relaciona com os outros e como pensa. Um esquema é um padrão de 
funcionamento que se inicia na infância e permanece ao longo da vida. Eles 
ativam sentimentos intensos, como a raiva, a tristeza ou a ansiedade. Mesmo 
quando tudo parece bem, como seu status social, casamento, amizades, 
trabalho, ainda permanece a sensação de que não consegue apreciar a vida e 
suas conquistas. 
 O esquema se inicia com algo feito a você por parte da sua família ou por 
outras crianças ou até adultos que não sejam seus parentes. Algum dia você 
pode ter sido abandonado, criticado, superprotegido, abusado, excluído ou 
privado, ou seja, foi maltratado de alguma maneira. Mesmo fora do 
ambiente familiar, você cresce e continua entrando em situações 
semelhantes as quais foi maltratado, ignorado, maltratado ou abandonado, e 
em algum momento falha em alcançar seus objetivos de vida. Por exemplo, 
a depressão caracteriza-se por esquemas relacionados a perda, privação e 
fracasso; a ansiedade é caracterizada por esquemas relacionados a ameaça 
ou medo de fracasso; e a raiva caracteriza-se por esquemas relacionados a 
insulto, humilhação ou violação de regras. Pesquisas sobre personalidade 
indicam que as pessoas diferem nos temas contidos na depressão, ansiedade 
ou raiva. Os esquemas possuem três características principais: 
 
 
 
 
 
 
 
São padrões de funcionamento 
São destrutivos 
Lutam para sobreviver 
 
 3 
1.1 OS ESQUEMAS ATRAVÉS DE EXEMPLOS DO DIA-A-DIA 
 
Uma pessoa pode focar muito nas questões envolvendo realização, outra 
pode focar as questões em torno da rejeição e outra ainda as questões ligadas 
ao medo de ser abandonada. Digamos que seu esquema — sua questão ou 
vulnerabilidade em particular — esteja relacionado com realização. As 
coisas podem estar indo bem com você no trabalho, mas então você tem um 
contratempo que ativa seu esquema sobre realização — a necessidade de ser 
muito bem-sucedido de modo que não se veja como fracasso. O 
contratempo no trabalho levar ao esquema de fracasso (ou estar ”na média”, 
o que equivale a fracasso), e então você fica ansioso ou deprimido. 
 Ou digamos que seu esquema esteja relacionado a questões de abandono. 
Você pode estar muito vulnerável a quaisquer sinais de rejeição ou 
abandono. Enquanto o relacionamento for bem, você não fica preocupado. 
Mas, devido a esse esquema, você pode preocupar-se com o abandono ou a 
rejeição. Se o relacionamento acaba, isto o leva a sentir-se deprimido porque 
não suporta ficar sozinho. 
 Além das situações citadas acima, vejamos por outra perspectiva: você se 
sente frequentemente dentro de relacionamentos românticos com pessoas 
frias, ou sente que pessoas próximas não te compreendem o suficiente? Ou 
sente que, no fundo, o que se destaca são sempre os seus defeitos e que, se 
alguém o conhecer com mais profundidade não o amaria ou o aceitaria? 
Você sempre se vê colocando as necessidades dos outros a frente das suas, 
onde as suas próprias nunca são atendidas, ou pior, você não sabe comunica-
las as pessoas? 
 Se você se identifica com alguma dessas afirmações, lhe convido a explorar 
o material e descobrir quais esquemas estão por trás desses sentimentos, 
muitas vezes tão desconfortáveis e que trazem sofrimento no seu cotidiano. 
 
1.2 DE ONDE VÊM OS ESQUEMAS? 
 
Os esquemas resultam de necessidades emocionais não satisfeitas na 
infância e que se perpetuam ao longo da vida. Isto é, os esquemas ou 
“esquemas desadaptativos remotos”, se formam através dessas necessidades 
emocionais não satisfeitas. Eles são compostos por padrões emocionais e 
cognitivos autoderrotistas (céticos, pessimistas) que são iniciados no 
começo de nosso desenvolvimento e repetidos ao longo da vida. 
 Sendo assim, os comportamentos desadaptativos se desenvolvem como 
respostas aos esquemas, ou seja, eles são provocados pelos esquemas, não 
 
 4 
fazem parte da composição deles. Outra característica importante dos 
esquemas, é que eles são dimensionais, tendo diferentes níveis de 
penetração. Assim, quanto mais grave o esquema, maior é o número de 
situações que podem ativa-lo, e mais intenso costuma ser o sentimento 
negativo atrelado a ele, e costuma ter uma duração maior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3 OS ESQUEMAS E O TEMPERAMENTO EMOCIONAL 
 
 
Além do ambiente remoto da criança, outros fatores cumprem papeis 
importantes para o desenvolvimento de esquemas, sendo ele o 
temperamento emocional. É comum os pais perceberem rapidamente que a 
criança tem uma personalidade ou temperamento único desde os primeiros 
meses de vida, algumas são mais irritadiças, enquanto outras são mais 
tímidas ou até agressivas. Pesquisas realizadas sobre traços de 
temperamentos presentes na primeira infância apontam que eles são bastante 
estáveis com o passar do tempo. 
 
A definição de um esquema desadaptativo remoto é: 
• um tema ou padrão amplo, difuso; 
• formado por memórias, emoções e sensações corporais; 
• relacionado a si próprio ou aos relacionamentos com outras 
pessoas; 
• desenvolvido durante a infância ou adolescência; 
• elaborado ao longo da vida do indivíduo; 
• disfuncional em nível significativo. 
 
 
 5 
Seguem algumas dimensões do temperamento emocional, que, segundo a 
hipótese levantada, podem ser inatas e relativamente imutáveis se tratadas 
apenas por meio da psicoterapia: 
 
 
 
 
 
 
O temperamento pode ser visto como a combinação singular que cada 
pessoa possui de pontos neste conjunto de dimensões. Ele interage com 
experiências dolorosas da infância na formação de esquemas. Diferentes 
temperamentos colocam a criança, de forma seletiva, a diferentes 
circunstâncias de vida. 
 Sabemos também que o comportamento é influenciado pelo ambiente. 
Quando ele é seguro e estimulador tem maior probabilidade de fazer uma 
criançatímida despertar comportamentos mais extrovertidos. Porém, se esse 
ambiente estimular de forma negativa, uma criança calma pode se tornar 
ansiosa. Os fatores hereditários e o ambiente moldam e influenciam nossa 
personalidade. Por isso, nossa maior influência na infância é exercida pela 
família; a dinâmica familiar é a dinâmica de mundo que conhecemos pela 
primeira vez na vida. No momento em que ativamos um esquema, nos 
encontramos com a dinâmica familiar inicial. 
 Na maioria das vezes, a influência familiar é mais forte na infância e vai 
diminuindo gradualmente, enquanto a criança cresce. Outras influências vão 
aparecendo (amigos, escola, pares, etc.), mas a família continua sendo a 
dinâmica inicial. 
Lábil 
(instável) 
Não 
reativo 
Depressivo Otimista 
Ansioso Calmo Obsessivo Distraído 
Passivo Agressivo Tímido Sociável 
 
 6 
 Assim, hereditariedade e ambiente interagem. A influência destrutiva das 
situações presentes na infância juntamente com o temperamento pré 
determinado, forma os esquemas. Uma situação de abuso pode ser usada 
como exemplo: usualmente, acontece de apenas um filho da família ser 
abusado, e é o temperamento que determina parcialmente como ele irá 
reagir as situações. Pois em determinado ambiente, sendo ele o mesmo, duas 
crianças podem responder de forma diferente. As duas podem ser abusadas, 
mas uma age de forma passiva e a outra luta contra isso. 
 
1.4 COMO OS ESQUEMAS FUNCIONAM? 
 
Existem duas operações de funcionamento fundamentais dos esquemas: a 
perpetuação e a cura. Todos os aspectos relevantes aos esquemas – 
sentimentos, comportamentos, sensações corporais, experiências de vida – 
ou perpetuam, vão ganhando força e são mais elaborados durante a vida, ou 
curam, sendo enfraquecidos. 
 A perpetuação refere-se a tudo o que o paciente faz (internamente ou de 
modo comportamental) que mantenha o esquema funcionando. Eles são 
perpetuados através de três mecanismos básicos: 
 
 Distorções cognitivas: a pessoa percebe as situações de forma 
equivocada, de tal maneira que o esquema é reforçado, atenuando a 
informação que o confirma ou negando a afirmação que o contradiz. 
 Padrões de vida autoderrotistas: a pessoa escolhe, de forma 
inconsciente, situações e relacionamentos que ativam e perpetuam os 
esquemas e mantendo-se neles, enquanto evita relacionamentos 
saudáveis, que tem a probabilidade de curá-los. 
 Estilos de enfrentamento: existem três tipos de estilos de 
enfrentamento desadaptativos, sendo eles a hipercompensação, 
resignação e a evitação. Esses termos serão apresentados mais 
adiante. 
 
 A cura, por sua vez, como uma finalidade última da terapia do esquema, 
envolve a redução da intensidade das memórias, emoções, sensações 
corporais e as soluções desadaptativas, todos esses fatores que compõem o 
esquema. Além disso, a cura do esquema também envolve a mudança 
 
 7 
comportamental conforme o paciente vai aprendendo a substituir estilos de 
enfrentamento desadaptativos por padrões de comportamentos adaptativos. 
 
1.5 OS ESQUEMAS SÃO FORMADOS APENAS ATRAVÉS DE 
TRAUMAS? 
 
A resposta é não. Uma pessoa pode desenvolver um esquema de 
dependência/incompetência, sem ter sofrido traumas na infância, pelo 
contrário: sendo uma criança totalmente abrigada e superprotegida. 
Entretanto, mesmo nem todos os esquemas sendo originados de traumas, 
ainda assim são destrutivos. 
 Vejamos um exemplo clínico: F., uma mulher de 45 anos, com um 
tremendo potencial vive presa em sua casa, pois seus medos a 
incapacitaram. Mesmo tomando sua medicação para ansiedade, vive refém 
de sua Vulnerabilidade ao Dano. F. não tem vida, porque tem muito medo 
de fazer qualquer coisa, pois considera o mundo perigoso demais e acha 
mais seguro ficar em casa. Ela se preocupa com doenças como a Aids, com 
acidentes de carro, com ser assaltada e com gastar muito dinheiro. Na 
infância de F., seus pais eram superprotetores e a tratavam como uma 
boneca frágil, e frequentemente a ameaçavam com possíveis ameaças ao seu 
bem-estar. Ela poderia pegar uma pneumonia, ficar presa no banheiro, 
afogar-se ou ser vítima de um incêndio. Não é de se surpreender que ela 
tenha ficado a maior parte de sua vida em estado de ansiedade e alerta, 
preparada para um perigo iminente, privando-se de diversão. 
 
1.6 EXEMPLO DE PERPETUAÇÃO DOS ESQUEMAS 
 
M. desenvolveu um esquema de defectividade, advinda, em sua maior parte, 
de sua relação com a mãe na infância. M. afirma que não havia nada em que 
a mãe aprovasse nela e não havia nada que ela pudesse fazer a respeito. Aos 
olhos da mãe, não era bonita, não era expansiva, nem admirada, não tinha 
uma personalidade marcante, não se vestia bem. Apenas era inteligente, o 
que não era muito significativo para a mãe. Na vida adulta, atualmente, M. 
tem poucas amigas. Seu namorado T. apresentou às namoradas de seus 
amigos. M. gosta delas, porém sente que nunca vai conseguir estabelecer 
uma amizade com elas. M. não acredita que as novas amigas gostem dela, e 
acaba ficando excessivamente nervosa em sua presença. Podemos perceber 
que M. age frequentemente, de forma a perpetuar o esquema de 
defectividade com essas mulheres. Em termos cognitivos, costuma distorcer 
 
 8 
as informações e sinais de que as mulheres correspondem sua amizade, 
ignorando-os, e interpreta de forma errônea o que elas fazem e dizem como 
evidências de que não gostam dela. 
 
1.7 EXEMPLO DE CURA DOS ESQUEMAS 
Você se lembra do exemplo clínico anterior? De F., 45 anos, que possuía um 
esquema de vulnerabilidade ao dano? Com o auxílio da terapia 
medicamentosa e da psicoterapia, conseguiu se expor de forma gradual aos 
seus medos. Ela passou a ser capaz de viajar, ver seus amigos, ir ao cinema, 
e até mesmo um emprego. Durante o tratamento, o terapeuta a ajudou a 
avaliar melhor as possibilidades de coisas ruins acontecerem. Lhe era 
mostrado que, na maioria das vezes, ela dava uma proporção maior e 
catastrófica às situações e superestimava sua vulnerabilidade e fraquezas 
fora de casa. Então, ela aprendeu a tomar precauções aceitáveis, seu 
casamento melhorou ela passou a ter uma vida muito mais alegre e 
prazerosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
2. NECESSIDADES PARA TER UMA VIDA SAUDÁVEL 
Não precisamos ter uma infância perfeita para sermos pessoas saudáveis na 
vida adulta. Mas precisamos ter um mínimo de adequação para que seja boa 
o suficiente. Uma criança precisa se conectar com os outros, se sentir 
competente, com boa autoestima, livre para se expressar e ser aberta a 
respeitar limites. Se ela tiver esses aspectos supridos durante sua infância, 
seu desenvolvimento psíquico será satisfatório, caso contrário, acarretam 
problemas de desenvolvimento. 
 
São cinco as necessidades emocionais fundamentais para os seres humanos. 
 
1. Vínculos seguros com outros indivíduos (inclui segurança, estabilidade, 
cuidado e aceitação). 
Oferecimento de uma base emocional estável e de previsível apego. 
Relações baseadas na honestidade, verdade, senso de lealdade e ausência de 
situações de abuso. Presença de afeto e amorosidade nas relações com 
exercício da empatia e proteção nas relações. Aceitação amorosa 
incondicional dos cuidadores, encorajamento para compartilhar áreas de 
conflito pessoal e garantia de confidencialidade, ausência de criticismo e 
rejeição. Sentimento de aceitação e inclusão nos valores e interesses de sua 
comunidade (amigos). 
 
2. Autonomia, competência e sentido de identidade. 
Suporte e orientação no desenvolvimento de habilidades em diversas áreas 
(lazer, educacional, esportiva, etc.). Auxílio por parte dos cuidadores no 
equilíbrio entre indicadores de doença ou problemas versus habilidades de 
enfrentamento. Evitação de exposição de preocupações excessivas ou 
superproteção. Desafios, suporte e orientação para o aprendizado de como 
manejar o cotidiano. Convivênciacom pessoas significativas que a aceitem 
de seu modo e que respeitem os seus limites e direcionamentos. 
 
3. Limites realistas e autocontrole. 
Orientação e firmeza empática e afetiva no adiamento de gratificações para 
atender tarefas diárias. Limites expressos quando as emoções se mostram 
fora de controle ou inapropriada para os contextos. Orientação e imposição 
 
 10 
de limites afetivos para o aprendizado do efeito das ações dos outros para si 
e vice-versa. 
 
4. Liberdade de expressão, necessidades e emoções válidas. 
Liberdade para expressar suas necessidades, sentimentos e opiniões, sem 
sofrer rejeição ou punição. Equilíbrio na avaliação da importância das 
necessidades de cada pessoa, não utilização da culpa para controlar a 
expressão de necessidades da criança. 
 
5. Espontaneidade e lazer. 
Cuidadores que sejam espontâneos e honestos com a expressão emocional e 
que incentivem a criança e expressar e falar sobre sentimentos. Orientação 
no desenvolvimento de metas e outros aspectos relevantes da vida (lazer), 
com perdão por erros ocasionais. 
 
 Essas necessidades são universais: todas as pessoas as têm, embora algumas 
apresentem necessidades mais fortes do que outras. Um indivíduo 
psicologicamente saudável é aquele que consegue satisfazer de forma 
adaptativa (habilidades que permitem adaptação ao ambiente) as 
necessidades emocionais fundamentais. 
 Experiências de vida nocivas configuram a origem básica dos esquemas. Os 
esquemas desenvolvidos mais cedo e mais fortes geralmente se originam na 
família nuclear. Em grande medida, as dinâmicas da família de uma criança 
são as dinâmicas de todo o seu mundo remoto. Quando os pacientes se 
encontram em situações adultas que ativam os esquemas, o que vivenciam é 
um drama da infância, em geral com um dos pais. 
 Tais experiências levam as pessoas a terem a tendência de considerar 
verdades absolutas a priori (por dedução, suposição, etc.) que influenciam 
seu modo de processar as experiências e interpretar as situações, vendo 
somente através da “lente” desses esquemas, que determinam como a pessoa 
pensa, sente e age, e como se relaciona com os outros. Portanto, quando 
adultos, as pessoas acabam por recriar essas condições da infância, 
condições essas que lhes foram mais prejudiciais e causaram sofrimento. 
 Outras influências – como amigos, escola, grupos da comunidade e cultura 
ao seu redor –, tornam-se cada vez mais importantes à medida que a criança 
amadurece e podem ocasionar o desenvolvimento de esquemas. Contudo, os 
 
 11 
esquemas desenvolvidos posteriormente não costumam ser tão impregnados 
ou tão poderosos. 
 
2.1 EXPERIÊNCIAS QUE FORMAM OS ESQUEMAS 
Observa-se quatro tipos de experiências no início da vida que estimulam a 
aquisição de esquemas. 
 
I. A primeira delas é uma frustração nociva de necessidades, ocorrida 
quando a criança passa por poucas experiências boas e adquire 
esquemas como privação emocional ou abandono por meio de 
déficits no ambiente, no início de sua vida. O ambiente da criança 
carece de sensações importantes, como estabilidade, compreensão e 
amor. 
 
II. O segundo tipo de experiência de vida remoto que engendra 
esquemas é a traumatização ou vitimização. Neste caso, causa-se um 
dano à criança ou ela se transforma em vítima e desenvolve 
esquemas como desconfiança/abuso, defectividade/vergonha ou 
vulnerabilidade ao dano. 
 
III. No terceiro tipo, a criança passa por uma grande quantidade de 
experiências boas: os pais lhe proporcionam em demasia algo que, 
moderadamente, seria saudável. Com esquemas como 
dependência/incompetência ou arrogo/grandiosidade, por exemplo, a 
criança raramente é maltratada. Em lugar disso, é tratada com 
demasiada indulgência. Não se atende às necessidades emocionais de 
autonomia ou limites realistas. Os pais podem estar exageradamente 
envolvidos na vida da criança, superprotegê-la ou dar-lhe liberdade e 
autonomia sem limites. 
 
IV. O quarto tipo de experiência de vida que origina esquemas é a 
internalização ou identificação seletiva com pessoas importantes. A 
criança identifica-se seletivamente e internaliza pensamentos, 
sentimentos, experiências e comportamentos dos pais. 
 
 
 12 
 Aprendemos esses esquemas negativos com nossos pais, irmãos, colegas e 
parceiros. Os pais podem contribuir com os esquemas negativos ao fazê-lo 
sentir que não é bom o suficiente a menos que seja superior a todos, dizendo 
a você que é muito gordo ou que não é atraente, comparando-o com outras 
crianças que estão “se saindo melhor”, dizendo que você é egoísta porque 
tem necessidades, ou se intrometendo em sua vida e dando ordens, ou 
ameaçando se matarem ou abandoná-lo. Existem muitas maneiras diferentes 
pelas pais ensinam às crianças esses esquemas negativos sobre si próprias e 
sobre os outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Conforme indicado, outras pessoas que não nossos pais podem ser fontes de 
esquemas. Talvez seu irmão ou irmã o tenham maltratado, levando-o a 
formar esquemas de abuso, não-merecimento de amor, rejeição ou controle. 
Ou talvez seu parceiro ou parceira tenha lhe dito que você não é bom ou boa 
o suficiente, levando a esquemas de não ser atraente, não ter valor e não ser 
digno de amor. Nós até internalizamos esquemas a partir da cultura popular, 
como imagens de ser esbelta e bonita, ter corpo perfeito, de “como homens 
Por exemplo, pense nas seguintes experiências reais que algumas pessoas recordaram sobre 
como seus pais lhes “ensinaram” os esquemas negativos: 
 
1.“Você poderia sair-se melhor - por que tirou aquele B?”: esquema envolvendo a necessidade de 
ser perfeito ou evitar inferioridade. 
2. “Suas coxas são muito gordas e seu nariz é feio”.: esquema de obesidade e feiura. 
3. “Seu primo foi para Harvard - por que você não pode ser mais parecido com ele?”: esquema de 
inferioridade e incompetência. 
4. “Por que vocês estão sempre reclamando? Vocês não percebem que tenho problemas ao cuidar 
de vocês, crianças?”: esquema de exclusivismo das necessidades. 
5. “Talvez eu devesse simplesmente ir embora e deixar vocês crianças cuidarem de si mesmas”.: 
esquema de sobrecarga e abandono. 
 
 
 13 
de verdade deveriam ser”, sexo perfeito, rios de dinheiro e enorme sucesso. 
Essas imagens irreais reforçam esquemas de perfeição, superioridade, 
inadequação e imperfeição. 
 
2.2 QUAIS SÃO OS ESQUEMAS? 
 
 Abandono/ instabilidade 
Percepção de que os outros com quem poderia se relacionar são instáveis e 
indignos de confiança. Envolve a sensação de que pessoas importantes não 
serão capazes de continuar proporcionando apoio emocional, ligação, força 
ou proteção prática porque seriam emocionalmente instáveis e 
imprevisíveis, não mereceriam confiança ou só estariam presentes de forma 
errática; porque morreriam a qualquer momento, ou iriam abandoná-lo por 
outra pessoa melhor. 
 
 Desconfiança/ abuso 
Expectativa de que os outros irão machucar, abusar, humilhar, enganar, 
mentir, manipular ou aproveitar-se. Geralmente, envolve a percepção de que 
o prejuízo é intencional ou resultado de negligência injustificada ou 
extrema. Pode incluir a sensação de que sempre se acaba sendo enganado 
por outros ou “levando a pior”. 
 
 Privação emocional 
Expectativa de que o desejo de ter um grau adequado de apoio emocional 
não será satisfeito adequadamente pelos outros. As três formas mais 
importantes de privação são: 
a. Privação de cuidados: ausência de atenção, afeto, carinho ou 
companheirismo. 
b. Privação de empatia: ausência de compreensão, de escuta, de uma 
postura aberta ou de compartilhamento mútuo de sentimentos. 
c. Privação de proteção: ausência de força, direção ou orientação por 
parte de outros. 
 
 
 
 14 
 Defectividade/ vergonha 
Sentimento de que é defectivo, falho, mau, indesejado, inferior ou inválido 
em aspectos importantes, ou de não merecero amor de pessoas importantes 
quando está em contato com elas. Pode envolver hipersensibilidade à crítica, 
rejeição e postura acusatória; constrangimento, comparações e insegurança 
quando se está junto de outros, ou vergonha dos defeitos percebidos. Essas 
falhas podem ser privadas (como egoísmo, impulsos de raiva, desejos 
sexuais inaceitáveis) ou públicas (como aparência física indesejável, 
inadequação social). 
 
 Isolamento social/ alienação 
Sentimento de que se está isolado do resto do mundo, de que se é diferente 
das outras pessoas e/ ou de não pertencer a qualquer grupo ou comunidade. 
 
 Dependência/ incompetência 
Crença de que se é incapaz de dar conta das responsabilidades cotidianas de 
forma competente sem considerável ajuda alheia. Com frequência apresenta-
se como desamparo. 
 
 Vulnerabilidade ao dano ou à doença 
Medo exagerado de que uma catástrofe iminente cairá sobre si a qualquer 
momento e de que não há como a impedir. 
 
 Emaranhamento/ self subdesenvolvido 
Envolvimento emocional e intimidade em excesso com uma ou mais 
pessoas importantes (com frequência, os pais), dificultando a individuação 
integral e desenvolvimento social normal. Muitas vezes, envolve a crença de 
que ao menos um dos indivíduos emaranhados não consegue sobreviver ou 
ser feliz sem o apoio constante do outro. Pode também incluir sentimentos 
de ser sufocado ou fundido com outras pessoas e de não ter uma identidade 
individual suficiente. Com frequência, é vivenciado como sentimento de 
vazio e fracasso totais, de não haver direção e, em casos extremos, de 
questionar a própria existência. 
 
 
 15 
 Fracasso 
Crença de que fracassou, de que fracassará inevitavelmente ou de que é 
inadequado em relação aos colegas em conquistas (escola, trabalho, 
esportes). Costuma envolver a crença de que é burro, inepto, sem talento, 
inferior, menos exitoso do que os outros, e assim por diante. 
 
 Arrogo/ grandiosidade 
Crença de que é superior a outras pessoas, de que tem direitos e privilégios 
especiais, ou de que não está sujeito às regras de reciprocidade que guiam a 
interação social normal. Envolve a insistência de que se deveria poder fazer 
tudo o que se queira, independentemente da realidade, do que outros 
consideram razoável ou do custo a outras pessoas. Tem a ver com o foco 
exagerado na superioridade (estar entre os mais bem sucedidos, famosos, 
ricos) para atingir seu poder ou controle (e não principalmente para obter 
atenção ou aprovação). Às vezes, inclui competitividade excessiva ou 
dominação em relação a outros: afirmar o próprio poder, forçar o próprio 
ponto de vista ou controlar o comportamento de outros segundo os próprios 
desejos, sem empatia ou preocupação com as necessidades ou desejos dos 
outros. 
 
 Autocontrole/ autodisciplina insuficientes 
Dificuldade ou recusa a exercer autocontrole e tolerância à frustração com 
relação aos próprios objetivos ou a limitar a expressão excessiva das 
próprias emoções e impulsos. Em sua forma mais leve, o paciente apresenta 
ênfase exagerada na evitação de desconforto: evitando dor, conflito, 
confrontação e responsabilidade, à custa da realização pessoal, 
comprometimento ou integridade. 
 
 Subjugação 
Submissão excessiva ao controle dos outros, por sentir-se coagido, 
submetendo-se para evitar a raiva, a retaliação e o abandono. 
As duas principais formas são: 
a. Subjugação das necessidades: supressão das próprias preferências, 
decisões e desejos; 
b. Subjugação das emoções: supressão de emoções, principalmente 
raiva. 
 
 16 
Envolve a percepção de que os próprios desejos, opiniões e sentimentos não 
são válidos ou importantes para os outros. Apresenta-se como obediência 
excessiva, combinada com hipersensibilidade a sentir-se preso. Costuma 
levar a aumento da raiva, manifestada em sintomas desadaptativos (como 
comportamento passivo- agressivo, explosões de descontrole, sintomas 
psicossomáticos, retirada de afeto, “atuação”, uso excessivo de álcool ou 
drogas). 
 
 Auto- sacrifício 
Foco excessivo no cumprimento voluntário das necessidades de outras 
pessoas em situações cotidianas, à custa da própria gratificação. As razoes 
mais comuns são: não causar sofrimento a outros, evitar culpa por se sentir 
egoísta, ou manter a conexão com outros percebidos como carentes. Muitas 
vezes, resulta de uma sensibilidade intensa ao sofrimento alheio. Às vezes, 
leva a uma sensação de que as próprias necessidades não estão sendo 
adequadamente satisfeitas e a ressentimento em relação àqueles que estão 
sendo cuidados. 
 
 Busca de aprovação/ busca de reconhecimento 
Ênfase excessiva na obtenção de aprovação, reconhecimento ou atenção de 
outras pessoas, ou no próprio enquadramento, à custa do desenvolvimento 
de um senso de self seguro e verdadeiro. A autoestima depende 
principalmente das reações alheias, em lugar das próprias inclinações 
naturais. Por vezes, inclui ênfase exagerada no status, aparência, aceitação 
social, dinheiro ou realizações como forma de obter aprovação, admiração 
ou atenção (não em função de poder ou controle). Com frequência, resulta 
em importantes decisões não- autênticas nem satisfatórias, ou em 
hipersensibilidade à rejeição. 
 
 Negativismo/ pessimismo 
Foco generalizado, que dura toda a vidam nos aspectos negativos enquanto 
se minimizam ou negligenciam os aspectos positivos ou otimistas. Costuma 
incluir uma expectativa exagerada – em uma ampla gama de situações 
profissionais, financeiras ou interpessoais – de que algo vai acabar dando 
muito errado, ou, que aspectos da própria vida que parecem ir muito bem 
acabarão por desabar, envolve um medo exagerado de cometer erros que 
podem levar a colapso financeiro, perda, humilhação ou a se ver preso em 
 
 17 
uma situação ruim. Como exageram os resultados negativos potenciais, 
essas pessoas costumam se caracterizar por preocupação, vigilância, queixas 
ou indecisão crônica. 
 
 Inibição emocional 
Inibição excessiva da ação, dos sentimentos ou da comunicação 
espontâneos, em geral para evitar a desaprovação alheia, sentimentos de 
vergonha ou de perda de controle dos próprios impulsos. As áreas mais 
comuns da inibição envolvem: inibição da raiva e da agressão; inibição dos 
impulsos positivos; dificuldade de expressar vulnerabilidade ou comunicar 
livremente seus sentimentos, necessidades e assim por diante; ênfase 
excessiva na racionalidade, ao mesmo tempo em que se desconsideram 
emoções. 
 
 Padrões inflexíveis/ postura crítica exagerada 
Crença subjacente de que se deve fazer um grande esforço para atingir 
elevados padrões internalizados de comportamento e desempenho, via de 
regra para evitar críticas. Costuma resultar em sentimentos de pressão ou 
dificuldade de relaxar e em posturas críticas exageradas com relação a si 
mesmo e a outros. Deve envolver importante prejuízo do prazer, do 
relaxamento, da saúde, da autoestima, da sensação de realização ou de 
relacionamentos satisfatórios. Os padrões inflexíveis geralmente se 
apresentam como: perfeccionismo, atenção exagerada a detalhes ou 
subestimação de quão bom é seu desempenho em relação à norma; regras 
rígidas e ideias de como as coisas “deveriam” ser em muitas áreas da vida, 
incluindo preceitos morais, éticos, culturais e religiosos elevados, fora da 
realidade; preocupação com tempo e eficiência, necessidade de fazer sempre 
mais do que se faz. 
 
 Postura punitiva 
Crença de que as pessoas devem ser punidas com severidade quando 
cometem erros. Envolve a tendência a estar com raiva e a ser intolerante, 
punitivo e impaciente com aqueles (incluindo a si próprio) que não 
correspondem às suas expectativas ou padrões. Via de regra, inclui 
dificuldades de perdoar os próprios erros, bem como os alheios, em função 
de uma relutância a considerar circunstâncias atenuantes, permitir a 
imperfeição humana ou empatizar com sentimentos.18 
2.3 ESQUEMAS ADAPTATIVOS REMOTOS COM DOMÍNIOS DE 
ESQUEMAS ASSOCIADOS 
 
 
 
Desconexão e rejeição: pessoas com esquemas nesse domínio têm muitas 
dificuldades em formar vínculos seguros e satisfatórios com seus pares. Tem 
a crença enraizada de que suas necessidades de estabilidade, segurança, 
cuidado, amor e pertencimento não serão supridas. As famílias de origem 
costumam apresentar: 
 Instabilidade (abandono/instabilidade); 
 Abuso (desconfiança/abuso); 
•Abandono/instabilidade 
•Desconfiança/abuso 
•Privação Emocional 
•Defectividade/vergonha 
•Isolamento social/ alienação 
Desconexão e 
rejeição 
•Dependência/incompentência 
•Vulnerabilida-de ao dano ou à doença 
•Emaranhamento/self subdesenvolvido 
•Fracasso 
Autonomia e 
desempenho 
prejudicados 
•Arrogo/grandiosidade 
•Autocontrole/autodisciplina insuficientes 
Limites 
prejudicados 
•Subjugação 
•Autosacrifício 
•Busca de aprovação/reconhecimento 
Direcionamento 
para o outro 
•Negativismo/pessimismo 
•Inibição emocional 
•Padrões inflexíveis/postura crítica 
exagerada 
•Postura punitiva 
Hipervigilância e 
Inibição 
 
 19 
 Frieza (privação emocional); 
 Rejeição (defectividade/vergonha) ou 
 Isolamento do mundo exterior (isolamento social/alienação). 
 
Autonomia e desempenho prejudicados: autonomia é a capacidade de 
separar-se da família e operar de forma independente, no nível das pessoas 
da mesma idade. As pessoas com esquema nesse domínio nutrem 
expectativas sobre si próprios e o mundo de forma que ela interfere em sua 
capacidade de se diferenciar das figuras materna e paterna e funcionar de 
forma independente. Na infância, na maioria dos casos, os pais costumavam 
fazer todas as suas vontades ou os superprotegiam, ou, na situação inversa, 
raramente os cuidavam e se responsabilizavam por eles. Os esquemas 
associados são: 
 Dependência/incompetência; 
 Vulnerabilidade ao dano ou a doença; 
 Fracasso; 
 Emaranhamento/self subdesenvolvido. 
 
Limites prejudicados: as pessoas com esquemas nesse domínio não 
receberam limites externos adequados referentes a reciprocidade ou 
autodisciplina e podem não ser capazes de respeitar os direitos do próximo, 
cooperar, manter compromissos ou cumprir objetivos. Muitas vezes são 
pessoas egoístas, mimados, irresponsáveis ou narcisistas. Geralmente, essas 
pessoas crescem em famílias excessivamente permissivas ou indulgentes. 
São associados aos esquemas: 
 Arrogo/grandiosidade; 
 Autocontrole/autodisciplina insuficientes 
 
Direcionamento para o outro: a pessoa submetida a esse domínio excedem 
no que diz respeito a atender as necessidades do outro, esquecendo das suas 
próprias. Comportam-se dessa maneira por busca de aprovação, para evitar 
retaliação ou para manter a conexão emocional. Elas se concentram 
demasiadamente nas solicitações alheias, deixando as suas de lado, não 
tendo consciência de sua raiva e de suas preferências. Na infância, não 
tinham liberdade de seguir suas próprias aspirações. Na vida adulta, se 
voltam para fora, e não para si, e acabam por seguir os desejos alheios. 
Trata-se dos esquemas: 
 
 20 
 
 Subjugação (de necessidades e de emoções); 
 Auto sacrifício e 
 Busca de aprovação/busca de reconhecimento. 
 
Hipervigilância/Inibição: o sujeito com esquemas nesse domínio omitem 
suas emoções e impulsos espontâneos e se engajam a cumprir regras rígidas 
estabelecidas por si mesmos, passando por cima de sua felicidade auto 
expressão, relaxamento, relacionamentos íntimos e sua saúde. Tais 
características se originam de uma infância severa, reprimida e rígida, onde 
o autocontrole e a negação de si próprio sobrepõem a espontaneidade e o 
prazer. Provavelmente, essas pessoas quando crianças não foram 
estimuladas a ter momentos de lazer e relaxamento e sim a se manterem 
hiper vigilantes. Os esquemas associados são: 
 
 Negativismo/pessimismo; 
 Inibição emocional; 
 Padrões inflexíveis/postura crítica exagerada e 
 Postura punitiva. 
 
 
2.3.1 JOÃO E O SENTIMENTO DE DESCONEXÃO 
João é um corretor de imóveis de 40 anos bem sucedido e relata que seu 
problema está no fato de conquistar várias mulheres, porém não conseguir 
se conectar com elas. João tem o esquema de Privação Emocional, associado 
a Desconexão. João acaba indo de uma mulher para outra, e relata ter a 
sensação de que nenhuma delas o satisfaz e que, de alguma forma, todas o 
desapontam. O mais próximo que ele chegou de um relacionamento íntimo, 
é o ato de se apaixonar por mulheres que o satisfazem sexualmente, e seus 
relacionamentos nunca duram. Portanto, João tem muita dificuldade de se 
conectar com as mulheres, pois seu interesse só se limita à fase da conquista. 
Esse interesse acaba quando a mulher se apaixona. Ele se incomoda com 
demonstrações de afeto, fato que o afasta das mulheres. 
 Consequentemente, João sente uma solidão enorme dentro de si, e procura 
nessas mulheres algo que o preencha e afaste o sentimento de vazio. Por 
outro lado, ele acha que nunca vai encontrar essa mulher e que ficará sempre 
sozinho. Na sua infância, João sentia a mesma solidão: ele não conheceu o 
pai e sua mãe era fria e distante, não demonstrava afeto. Vemos que nenhum 
 
 21 
deles conseguiu prover as necessidades emocionais de João, ou seja, ele 
sofreu a privação emocional desde pequeno e acaba se colocando em 
situações, na vida adulta, que perpetuam esse esquema. 
 Em relação ao tratamento terapêutico, João também reproduz o esquema: 
passou de um terapeuta para outro. João afirma que, no início, todos os 
terapeutas o deixam esperançoso, mas em seguida logo se decepciona com 
eles. Ele demonstrou dificuldades de estabelecer um vínculo com os 
terapeutas e acabava encontrando falhas nos mesmos para fundamentar sua 
necessidade de terminar a terapia. Cada experiência mal sucedida só 
confirmava que João estaria sempre sozinho, e que sua vida não melhorava. 
A maioria dos terapeutas que atendiam João eram empáticos e 
compreensivos, portanto, isso não era um problema. O problema estava na 
atitude negativa de João, que sempre encontrava motivos para evitar a 
formação de vínculo com o terapeuta, porque aquilo não lhe era familiar e 
era desconfortável. 
 Para que João seja capaz de combater seu esquema de privação emocional e 
estabelecer vínculos, era preciso que parasse de inventar desculpas e culpar 
as mulheres com quem saía. Ele precisava assumir a responsabilidade por 
seus desconfortos em se aproximar e aceitar a sua vulnerabilidade. Na 
última vez que procurou terapia e ela foi realmente efetiva, João foi 
confrontado empaticamente em relação aos seus esquemas a cada vez que 
tentava reafirmá-los. Foi demonstrado total compreensão e acolhimento a 
respeito de seu desconforto em se aproximar das pessoas, ainda mais quando 
eram frias. Mas, por outro lado, quando ele insistia em colocar defeitos nas 
mulheres com quem se relacionava, seja porque uma não era inteligente o 
suficiente, ou que não era certa para ele, João era incentivado a ver que 
essas atitudes estavam ativando seu esquema de privação emocional, se 
esquivando e culpando os outros para evitar seus sentimentos de afeto. 
 Depois de um tempo de psicoterapia, João apresentava resultados muito 
positivos: ele passou a namorar uma mulher que considerava amável e 
afetiva, assumiu a responsabilidade em seu relacionamento para fazê-lo dar 
certo, não queria que seu relacionamento atual fracassasse e se deu conta de 
que ele tinha duas opções viáveis: se permitir conectar com alguém ou se 
entregar para o sentimento de solidão para sempre. 
 
 
 
 
 
 22 
 
2.4 ESQUEMAS CONDICIONAIS X ESQUEMAS 
INCONDICIONAIS 
 
 Young (2013) considera alguns esquemas como condicionais e outros como 
incondicionais. Assim, os esquemas mais nucleares e remotos são crenças 
incondicionais em relação a si mesmo e aos outros, enquanto aqueles 
desenvolvidos maistarde, são condicionais. Os pacientes geralmente não 
têm esperanças a respeito dos esquemas incondicionais, independente do 
que ele faça, acredita que o resultado será sempre o mesmo: ele será 
incompetente, sem identidade, não merecedor de amor, desajustado, 
ameaçado, terá sempre uma atitude pessimista e nada tem é capaz de mudar 
isso. Em contrapartida, os esquemas condicionais dão certa esperança, o 
sujeito pode mudar o resultado: pode se subjugar, se sacrificar, buscar 
constantemente por aprovação ou se esforçar exageradamente para atingir 
padrões elevados, e, fazendo isso, talvez evitar o resultado negativo, pelo 
menos por algum tempo. Geralmente, os esquemas condicionais 
desenvolvem-se como tentativas de obter alívio, denominando-se como 
secundários. 
Aqui vão alguns exemplos: 
 
 Padrões inflexíveis em resposta à defectividade: a pessoa tem a 
crença de que se puder ser perfeita, só assim será merecedora de 
amor; 
 Subjugação em resposta ao abandono: o sujeito acredita que se fizer 
tudo o que o parceiro quer e não ficar bravo, então ele ficará comigo; 
 Auto sacrifício como resposta à defectividade: o indivíduo crê que se 
atender a todas as necessidades da outra pessoa em detrimento das 
suas próprias, então ela vai ser aceita apesar de seus defeitos e assim 
será digna de amor. 
 
 É praticamente impossível cumprir as demandas dos esquemas condicionais 
o tempo todo. Ou seja, é difícil subjugar-se sempre e nunca ficar com raiva. 
Também é difícil ser muito exigente a ponto de ter todas as suas demandas 
atendidas ou se sacrificar para atender as demandas alheias. Na maioria das 
vezes, os esquemas condicionais podem maquiar os esquemas nucleares. O 
 
 23 
sujeita é forçado a ficar consciente, e por consequência, a encarar a verdade 
do esquema nuclear outra vez. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esquemas incondicionais 
Abandono/instabilidade 
Desconfiança/abuso 
Privação emocional 
Defectividade 
Isolamento social 
Dependência/incompetência 
Vulnerabilidade a dano ou doença 
Emaranhamento/self subdesenvolvido 
Fracasso 
Negativismo/pessimismo 
Postura punitiva 
Arrogo/grandiosidade 
Autocontrole/autodisciplina insuficientes 
Esquemas condicionais 
Subjugação 
Autosacrifício 
Busca de aprovação/reconhecimento 
Inibição emocional 
Padrões inflexíveis/postura crítica exagerada 
 
 24 
3. ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO 
3.1 ESTRATÉGIAS COMUNS PARA LIDAR COM OS ESQUEMAS 
Existem três maneiras de um organismo responder às ameaças: lutar, fugir 
ou paralisar-se. Essas formas equivalem a três estilos de enfrentamento 
desadaptavios: hipercompensação, evitação e resignação. Ou seja, a luta é 
a hipercompensação, a fuga, evitação e paralisar-se corresponde a 
resignação. Portanto, a ameaça se apresenta como uma frustração às 
necessidades fundamentais de uma criança – vínculo seguro, autonomia, 
liberdade de autoexpressão, espontaneidade e lazer, ou limites realistas. A 
ameaça, por sua vez, também pode apontar para o medo das intensas 
emoções que o esquema ativa. Então, quando a criança se depara com esses 
tipos de ameaças, ela pode reagir através de uma combinação desses três 
tipos de enfrentamento desadaptativos: ela vai se resignar, evitar ou 
hipercompensar. Esses três estilos costumam se manifestar de forma 
inconsciente. Sabendo disso, compreendemos que a ativação de um esquema 
corresponde uma ameaça (a frustração de uma necessidade emocional 
fundamental e as emoções a ela associada) a qual a pessoa responde com um 
ou mais desses estilos de enfrentamento. 
 Tais estilos de enfrentamento são considerados como adaptativos em 
relação ao modo de resposta de uma criança, ao decorrer de sua infância, 
pois são considerados mecanismos de sobrevivência saudáveis, entretanto, 
tornam-se desadaptativos ao longo do crescimento da criança, porque os 
estilos de enfrentamento continuam a disseminar o esquemas, mesmo 
quando as condições mudam e a pessoa dispõe de opções mais saudáveis. 
Esses estilos desadaptativos de enfrentamento costumam aprisionar as 
pessoas aos seus esquemas. Abaixo veremos as estratégias de 
enfrentamento: 
 
 
3.1.1 SUPERCOMPENSAÇÃO 
 A supercompensação funciona de modo que o sujeito passa a lutar contra o 
esquema, pensando, sentindo relacionando-se e se comportando, como se o 
oposto do esquema fosse verdadeiro. A pessoa se dedica a ser o mais 
diferente e oposta possível da criança que foi quando o esquema foi 
adquirido. Por exemplo, a pessoa se sentiu sem valor quando criança, e 
quando se tornou adulta, busca ser perfeita; ou se ela foi subjugada na 
infância, hoje desafia a todos; se foi controlada quando criança, hoje procura 
controlar a todos ou rejeita todas as formas de influência; se foi abusada, 
 
 25 
abusa das outras pessoas. Superficialmente, são seguros e donos de si, mas 
profundamente sentem a pressão do esquema ameaçando sua “explosão”. 
 Lutar contra o esquema pode ser saudável, desde que o comportamento seja 
proporcional à situação e desde que sejam levados em consideração os 
sentimentos de outros, e que se possa esperar de forma razoável chegar aos 
resultados desejados, todavia, os supercompensadores costumam focalizar o 
contra-ataque, com comportamentos insensíveis, improdutivos e excessivos. 
As pessoas desenvolvem a supercompensação porque ela oferece uma 
alternativa ao sofrimento causado pelo esquema. Atua como uma “válvula 
de escape” da sensação de impotência e vulnerabilidade que a pessoa sentiu 
na infância e durante seu crescimento. A seguir veremos as formas mais 
comuns de supercompensação: 
 
 Agressão ou hostilidade: Se você usa esse comportamento de 
enfrentamento em resposta a um evento ativador do esquema, você 
se verá contra-atacando através de uma postura acusatória, crítica, 
desafiadora ou abertamente oposicionista. 
 Dominância ou excessiva autoafirmação: Se você usa esse 
comportamento de enfrentamento em resposta a um evento ativador 
do esquema, você se verá tentando controlar os outros de modo a 
atingir seus objetivos. 
 Busca de reconhecimento ou status: Se você usa esse 
comportamento de enfrentamento em resposta a um evento ativador 
do esquema, você se verá supercompensando ao tentar impressionar 
os outros e receber atenção através de elevadas realizações e status 
 Manipulação ou exploração: Se você usa esse comportamento de 
enfrentamento em resposta a um evento ativador do esquema, você 
se verá tentando satisfazer suas próprias necessidades sem deixar que 
os outros saibam o que você está fazendo. Isso pode envolver o uso 
de sedução ou não ser completamente verdadeiro com as outras 
pessoas. 
 Funcionamento passivo-agressivo ou rebeldia: Se você usa esse 
comportamento de enfrentamento em resposta a um evento ativador 
do esquema, você parecerá concordar com o que lhe é dito, mas 
estará se rebelando através da procrastinação, reclamações, 
morosidade, caras feias ou tendo um mau desempenho 
intencionalmente. 
 
 
 26 
3.1.2 RESIGNAÇÃO 
 Quando alguém se resigna a um esquema, isso equivale ao consentimento 
em relação ao esquema. A pessoa não tenta lutar contra ele, aceitando-o 
como verdadeiro. Sentem o sofrimento causado pelo esquema e agem de 
forma a confirma-lo. Sem ter a consciência de que o fazem, repetem o 
padrão evocado pelo esquema de forma que, quando adultos, continuam a 
reviver as experiências de infância que o causaram. No momento em que 
encontram gatilhos ativadores, as respostas emocionais acabam sendo 
desproporcionais, e a pessoa vivencia suas emoções de forma integral e 
consciente. Comportam-se de modo a sempre escolher parceiros que tem 
mais probabilidade de trata-los como o pai ou mãe agressivo que 
conheceram na infância, agindo de forma passiva e complacente, ou até 
reproduzir esse modelo na relação terapêutica, onde ela é a criança e o 
terapeuta assume o papel de pai ou mãe agressivo. 
 
 Obediência oudependência: Se você usa esse comportamento de 
enfrentamento em resposta a um evento ativador do esquema, você 
se verá contando excessivamente com os outros, cedendo, sendo 
dependente, comportando-se passivamente, evitando conflitos e 
tentando agradar os outros. 
 
 
3.1.3 EVITAÇÃO 
 A evitação dos esquemas acontece quando a pessoa começa a organizar sua 
vida de modo a evitar que o esquema seja ativado. Tendem a ignorar a 
existência do mesmo, evitam pensar sobre ele, bloqueiam pensamentos e 
imagens a seu respeito que tendem a ativa-lo, e caso esses pensamentos 
surjam, a pessoa se força a distrair-se ou a repelir esses pensamentos. A 
pessoa evita sentir os esquemas e quando eles vem a tona, contrapõe-se a 
ele, por puro reflexo. O sujeito evitativo tende a fazer uso abusivo de álcool 
e drogas, ou ter relações sexuais promíscuas, limpar de modo compulsivo, 
buscar estímulo externo ou se tornar viciado em trabalho. 
 Portanto, evitam situações que ativem o esquema, como relacionamentos 
íntimos ou desafios profissionais. Muitos dos “evitadores” afastam-se 
completamento de atividades a que se sentem vulneráveis. Por exemplo, na 
maioria das vezes acabam evitando a terapia, de forma a esquecer as tarefas 
de casa, deixar de expressar sentimentos, falar de coisas superficiais na 
 
 27 
maioria do tempo, atrasar-se nas sessões ou interromper o tratamento de 
forma prematura. Abaixo seguem algumas formas de evitação: 
 
 Distanciamento social ou autonomia excessiva: Se você usa esse 
comportamento de enfrentamento em resposta a um evento ativador 
do esquema, você se verá isolando-se socialmente, desconectando-se 
e afastando-se dos outros. Você pode aparentar ser excessivamente 
independente e autoconfiante, ou você pode se engajar em atividades 
solitárias, como ler, assistir TV, usar o computador ou ter um 
trabalho solitário. 
 Busca compulsiva por estimulação: Se você usa esse 
comportamento de enfrentamento em resposta a um evento ativador 
do esquema, você se verá buscando excitação ou distração por meio 
de compras, sexo, jogo, ou atividade física compulsiva. 
 Autoconsolo aditivo: Se você usa esse comportamento de 
enfrentamento em resposta a um evento ativador do esquema, você 
se verá buscando excitação com drogas, álcool, comida ou 
autoestimulação excessiva. 
 Distanciamento psicológico: Se você usa esse comportamento de 
enfrentamento em resposta a um evento ativador do esquema, você 
se verá fugindo através da dissociação, negação, fantasia ou outras 
formas internas de distanciamento. 
 
3.2 COMO EVITAMOS ENFRENTAR OS ESQUEMAS 
 
 Um dos processos que criam problemas é a “esquiva do esquema”. Isto 
significa que você tenta evitar enfrentar quaisquer questões que toquem seu 
esquema. Digamos que você tenha um esquema de fracasso; sua ideia é de 
que, no fundo, você deve ser realmente incompetente. Uma maneira pela 
qual você pode evitar testar esse esquema é nunca encarar tarefas 
desafiadoras ou abandonar as tarefas rapidamente. Ou, digamos que você 
tenha um esquema que lhe indique não ser digno de amor ou não ser 
atraente. Como você evita enfrentar o esquema? Você pode evitar contatos 
com as pessoas que pensa que não irão aceitá-lo. Você pode evitar namorar, 
pode evitar telefonar aos amigos, pois assume de antemão que as pessoas 
acham que você não tem nada a oferecer. Ou, digamos que você tenha medo 
de ser abandonado. Você poderia evitar esse esquema não permitindo 
 
 28 
aproximar-se de ninguém, ou poderia romper com a outra pessoa 
precocemente para não ser rejeitado mais tarde. 
 Outra forma pela qual as pessoas evitam os esquemas — quaisquer que 
sejam eles — é por intermédio de fuga emocional com uso de substâncias ou 
comportamentos extremos, como beber muito, usar drogas para aliviar 
sentimentos, comer compulsivamente ou mesmo atuar sexualmente. Você 
pode sentir que lidar com os sentimentos é tão doloroso que precisa evitá-los 
ou fugir deles com esses comportamentos que viciam. Tais comportamentos 
“escondem” de você seus medos subjacentes, pelo menos enquanto se 
alimenta compulsivamente, bebe muito ou usa drogas. É claro, os 
sentimentos ruins voltam novamente, pois você não está realmente 
examinando e contestando os esquemas subjacentes. E, ironicamente, esses 
comportamentos que viciam se inserem nos esquemas negativos, fazendo-o 
sentir-se ainda pior em relação a si mesmo. 
 
3.3 COMO COMPENSAMOS NOSSOS ESQUEMAS 
 Se você tem um esquema sobre uma questão específica, pode tentar 
compensar essa vulnerabilidade. Por exemplo, se você tem um esquema de 
fracasso ou indicando que estar na média seja ruim, você pode optar por 
trabalhar excessivamente — neste caso, você está tentando compensar a 
percepção de que pode acabar sendo inferior ou não ter um desempenho à 
altura de seus padrões de perfeição. Você pode compensar checando seu 
trabalho repetidas vezes. Como consequência as pessoas podem vê-lo como 
muito absorvido no trabalho. Você pode encontrar dificuldades em relaxar, 
pois se preocupa por não estar trabalhando o suficiente, que algo deixou de 
ser feito, ou que está perdendo sua motivação. 
 Se seu esquema é de abandono, você pode compensá-lo dedicando todo o 
tempo a seu parceiro ou parceira. Você pode temer ser assertivo, pois teme 
ser abandonado. Ou você pode constantemente buscar um reasseguramento 
junto a seu parceiro de forma a sentir-se seguro, mas isto não dura muito 
tempo. Você continua vendo sinais indicando que seu parceiro irá embora. 
Outra forma de compensar o esquema de abandono constituir relações com 
pessoas que não satisfazem suas necessidades, mas com quem deseja estar 
ligado porque não quer ficar sozinho. Ou permanece em relacionamentos 
muito além do ponto que parece razoável, pois pensa que não vai suportar 
ficar sozinho. 
 Como você pode ver, tentar compensar os esquemas subjacentes pode criar 
problemas adicionais. A ”compensação” pode levá-lo a sacrificar suas 
necessidades, trabalhar compulsivamente, buscar relacionamentos 
 
 29 
desvantajosos, preocupação, exigência de segurança e outros 
comportamentos problemáticos. E o fato mais importante sobre essas 
compensações é que você nunca realmente aborda seu esquema subjacente. 
Por exemplo, você pode nem mesmo questionar sua crença de que tem de 
ser especial, superior, evitar ficar na média, evitar ficar sozinho, etc. 
Portanto, você nunca realmente modifica o esquema. Ele continua lá — 
pronto para ser ativado por certos acontecimentos. É sua vulnerabilidade 
contínua. 
 
3.4 COMO ACABAMOS “ACEITANDO” NOSSOS ESQUEMAS 
 
 Uma das formas desadaptativas de enfrentamento, conhecida como 
resignação, acontece quando você aceita os esquemas como verdadeiros e 
absolutos, não enfrentando ou não lutando contra eles. Você acaba sentindo 
diretamente o sofrimento causado pelo esquema, porém age de maneira a 
confirma-lo. 
 Por exemplo, se você tem um esquema de privação emocional, e você está 
num relacionamento com um parceiro que não atende suas necessidades 
emocionais, sendo essa uma experiência recriada da sua infância. Percebe 
então que já se acostumou a esse tipo de relacionamento, aceitando essas 
atitudes de maneira passiva e complacente, perpetuando o esquema. Ou, 
suponhamos que você tenha um esquema de fracasso, e vá fazer uma prova. 
Você acaba nem estudando pois acredita que não é capaz de ir bem no teste, 
já que sempre ouviu isso de terceiros. Quando sai o resultado, 
consequentemente ruim, você não se espanta, pois vê o resultado como uma 
reafirmação de que não é bom o suficiente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
4. RESPOSTAS DE ENFRENTAMENTO 
 
 As respostas de enfrentamento referem-se a comportamentos específicos, 
por meio dos quais os estilos de enfrentamento são expressos. Todas as 
respostas a ameaças que compõem o repertório comportamental do sujeito, 
todas as formas únicas e singulares com queo sujeito expressa a 
supercompensação, evitação ou resignação são respostas de enfrentamento. 
Quando a pessoa opta por determinadas respostas de enfrentamento, elas se 
associam e acabam por formar “estilos de enfrentamento”. O estilo de 
enfrentamento é definido como um traço, enquanto uma resposta de 
enfrentamento é um estado. Um estilo de enfrentamento é composto por um 
grupo de respostas que a pessoa costuma usar com o objetivo de evitar a 
resignação ou a supercompensação. 
 Portanto, uma resposta de enfrentamento é um comportamento específico, 
ou estratégia, que a pessoa manifesta em certo momento. Por exemplo: um 
paciente faz uso de determinada forma de evitação em quase todas as 
situações em que seu esquema de abandono é ativado. Quando sua esposa 
ameaçou a terminar o casamento ele foi para o bar e bebeu até desmaiar. 
Nessa situação, a evitação é o estilo de enfrentamento do sujeito para 
abandono, e beber foi sua resposta de enfrentamento perante essa situação. 
 
 
4.1 A CURA E AS RESPOSTAS DE ENFRENTAMENTO 
 
 A cura do esquema é visto como objetivo central da terapia voltada a 
pacientes em nível relacionado a personalidade. Entretanto, a cura voltada 
para a eliminação das respostas de enfrentamento desadaptativas é quase 
impossível sem a mudança dos esquemas que as provocam. Além do mais, 
como os comportamentos de enfrentamento não são tão estáveis quanto os 
esquemas, pois mudam em conformidade com o esquema, a situação e 
estágio de vida que se encontra o paciente, os sintomas e até o diagnóstico 
parecerão se alternar na medida em que tentarmos muda-los. 
 
 
 
 
 31 
4.2 POR QUE É TÃO DIFÍCIL MUDAR ESSES ESQUEMAS? 
 
 A essa altura, depois de identificar os diversos tipos de esquemas, como 
eles surgem e as formas equivocadas de enfrentamento, você deve estar se 
perguntando a questão acima. Bom, há uma explicação para isso: os 
esquemas lutam para sobreviver. Isso resulta da necessidade instintiva que 
os seres humanos tem de coerência, ou seja, o esquema é tudo o que ele 
conhece. Apesar de causar sofrimento, o esquema é familiar, confortável, e 
tudo o que traz esse sentimento de conforto e familiaridade, pode passar a 
falsa sensação de bem-estar. Portanto, as pessoas acabam se sentindo 
atraídas por eventos que ativem esses esquemas. O esquema é responsável 
por prejudicar o nosso senso de self , nossa saúde, nossos relacionamentos 
com os outros e diversos outros aspectos de nossa vida – trabalho, 
felicidade, humor – enfim, toca em vários pontos. Somado a isso, os nossos 
esquemas foram desenvolvidos na nossa infância como uma forma de 
adaptação para lidar com os conflitos familiares aos quais fomos 
submetidos. 
Mas não se preocupe! A psicoterapia na abordagem cognitiva pode te 
ajudar a aprender mecanismos para lidar de forma saudável e adaptativa a 
esses esquemas e ter uma vida mais tranquila. 
 
4.3 MODOS DE OPERAÇÃO DOS ESQUEMAS 
 
Em suma, os modos de operação dos esquemas são os estados emocionais e 
os estilos de enfrentamento, sejam eles adaptativos ou desadaptativos, que 
vivenciamos a cada momento. Na maioria das vezes, nossos modos de 
esquema são ativados por situações de vida as quais somos vulneráveis, 
funcionam como um botão emocional. O objetivo do terapeuta é auxiliar o 
paciente a transitar de um modo disfuncional a um modo funcional, como 
elemento do processo de cura. O estado ou humor predominante em que 
estamos no momento é conhecido como modo de esquema. Para definir um 
modo de esquema, podemos nos fazer uma pergunta: neste momento, que 
conjunto de esquemas ou operações de esquemas o paciente se encontra? 
 
 
 
 
 32 
 
4.4 SOBRE O CONCEITO DE MODO 
 
Em síntese, um modo de esquema refere-se aos agrupamentos 
característicos de esquemas e respostas de enfrentamento. Existem dez 
modos de esquemas que podem ser agrupados em quatro categorias gerais: 
modos criança, modos enfrentamento disfuncional, modos pais 
disfuncionais e modo adulto saudável. Os modos criança são considerados 
inatos e universais, sendo toda a criança capaz de expressá-lo. Existem 
quatro tipos de modo criança: criança vulnerável, criança feliz, criança 
indisciplinada/impulsiva e criança zangada, sendo essas dominações termos 
gerais. 
Os esquemas nucleares geralmente se manifestam em forma de criança 
vulnerável: a criança abandonada, abusada, rejeitada ou privada. Vejamos a 
seguir sobre cada uma delas: 
 
 A criança zangada: é a parte que está com raiva por não ter suas 
necessidades emocionais atendidas e que tem as atitudes pautadas 
nessa raiva, desconsiderando as consequências; 
 A criança impulsiva/ indisciplinada: expressa emoções, age de 
acordo com os seus desejos e segue vontades naturais de momento a 
momento de maneira irresponsável, sem considerar as consequências 
para si e para os outros; 
 A criança feliz: é aquela cuja as necessidades emocionais básicas 
foram devidamente atendidas. 
 
Além do mais, foram encontrados três modos de enfrentamento 
disfuncional: o capitulador complacente, o protetor desligado e o 
hipercompensador. Tais modos correspondem aos três estilos de 
enfrentamento de resignação, evitação e supercompensão. A seguir veremos 
suas características: 
 O capitulador complacente: submete-se ao esquema, retornando a 
ser a criança passiva e desamparada que tende a ceder aos outros; 
 O protetor desligado: desliga-se psicologicamente do sofrimento do 
sofrimento causado pelo esquema, afastando-se emocionalmente, 
 
 33 
muitas vezes fazendo uso abusivo de álcool ou drogas, se auto 
estimulando, utilizando as pessoas e buscando outras válvulas de 
escape; 
 O hipercompensador: costuma reagir, seja maltratando as pessoas 
ou comportando-se de formas extremas, em uma tentativa de 
contestar o esquema de uma forma que acaba apresentando-se 
disfuncional. 
Todos esses três modos atuam de forma a perpetuar os esquemas. 
 
Existem, também, dois modos de pais disfuncionais: o pai/mãe punitivo e o 
pai/mãe exigente. Dentro desse conceito, o paciente se assemelha ao pai ou 
mãe internalizados. Eles se caracterizam como: 
 Pai/mãe punitivo: pune um dos modos da criança por se comportar 
mal; 
 Pai/mãe punitivo exigente: empurra e pressiona a criança a cumprir 
padrões ideias e elevados. 
 
O décimo e último modo, é o do adulto saudável. Refere-se aquele que 
tentamos fortalecer na terapia, auxiliando e ensinando o paciente a moderar, 
cuidar ou curar os outros modos disfuncionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 34 
5.COMO A TERAPIA PODE AJUDAR? 
 
A Terapia Cognitiva pode ajudá-lo de várias maneiras importantes: 
• Aprendendo quais são seus esquemas específicos. 
• Aprendendo como você compensa e evita os esquemas. 
• Aprendendo como os esquemas são mantidos ou reforçados pelas escolhas 
que você fez ou as experiências que teve. 
• Examinando como seus esquemas foram aprendidos. 
• Contestando e modificando os esquemas negativos. 
• Desenvolvendo novos esquemas, mais adaptados e mais positivos 
 
O enfoque dessa proposta de Terapia mescla elementos das escolas 
cognitivo-comportamental, de apego, da gestalt, de relações objetais, 
construtivista e psicanalítica em um modelo conceitual e de tratamento rico 
e unificador. O autor desenvolveu a terapia do esquema como uma 
abordagem sistemática que amplia a terapia cognitivo-comportamental, 
integrando técnicas derivadas de várias escolas diferentes de terapia. 
 A terapia do esquema pode ser breve, de médio ou de longo prazo, 
dependendo do paciente. Ela amplia a terapia cognitivo-comportamental 
tradicional ao dar ênfase muito maior à investigação das origens infantis e 
adolescentes dos problemas psicológicos, às técnicas emotivas, à relação 
terapeuta-paciente e aos estilos desadaptativos de enfrentamento. 
 
 
 5.1 O PROCESSO TERAPÊUTICO 
 
 O primeiro objetivo da Terapia do Esquema é auxiliar o pacientea tomar 
consciência psicológica, ou seja, ajuda o paciente a tornar conscientes as 
memórias, sentimentos, sensações corporais, cognições e estilos de 
enfrentamentos de sua infância, que muitas vezes são inconscientes. Tendo 
essa percepção, o paciente torna-se capaz de exercer controle sobre suas 
respostas aos esquemas, aumentando sua liberdade de escolha perante esses 
esquemas. Portanto, ao longo do tratamento o terapeuta visa o aumento de 
 
 35 
controle do paciente sobre eles e trabalha para auxiliar a enfraquecer as 
memórias, sensações corporais, emoções, cognições e pensamentos 
associados a eles. 
 A terapia aqui é vista como uma guerra aos esquemas, sendo o terapeuta e o 
paciente aliados para derrota-lo, engajados para que eles desapareçam, ou, 
quando aparecerem, a intensidade e duração dos seus efeitos sejam menores. 
O tratamento inclui intervenções cognitivas, afetivas e comportamentais. 
Sendo assim, a medida que se cura um esquema, mais difícil fica dele ser 
ativado posteriormente. Caso ele seja eventualmente ativado, a experiência é 
menos sufocante e o paciente tem uma recuperação rápida. 
Quando o paciente se encontra na fase de mudança, o terapeuta mescla 
estratégias cognitivas (procurar evidências concretas que afirmam ou 
refutam aos pensamentos distorcidos) , vivenciais (imagens mentais, 
diálogo, dramatização), comportamentais (exercícios comportamentais) e 
interpessoais de forma flexível, de acordo com as necessidades do paciente. 
 
5.2 TÉCNICAS UTILIZADAS NA TERAPIA DO ESQUEMA 
 
TÉCNICAS COGNITIVAS 
 No que diz respeito as técnicas cognitivas – que se dão no nível do 
pensamento consciente - partimos do pressuposto de que, enquanto o 
paciente acreditar piamente na validade de seus esquemas, não serão 
capazes de mudar e vão manter suas visões distorcidas sobre si mesmo e os 
outros. Sendo assim, os pacientes aprendem a argumentar contra os 
esquemas, contradizendo sua realidade de modo racional apontando todas a 
evidências ao longo da vida que confirmam e as que não confirmam o 
esquema, então, paciente e terapeuta avaliam as evidências. 
 Porém, nem sempre as evidências são suficientes para refutar os esquemas. 
Por exemplo: os pacientes podem ter realmente resultados ruins no trabalho 
ou nos estudos (fracasso) como resultado de procrastinação e evitação, não 
tendo desenvolvido as habilidades necessárias para obterem sucesso no 
trabalho. Se não encontrarem evidências, os pacientes podem avaliar de que 
forma podem mudar esse âmbito de suas vidas para melhorar. 
Assim, o terapeuta auxilia o paciente a desenvolver habilidades profissionais 
que sejam efetivas para a melhora na vida profissional. 
 
 
 36 
TECNICAS VIVENCIAIS 
 Sabemos que o paciente luta contra os esquemas de modo emocional. Por 
isso, o terapeuta utiliza a técnica vivencial em forma de imagens mentais, e 
diálogos, que servem como meio para o paciente expressar sua raiva ou 
tristeza sobre o que lhe aconteceu na infância. As técnicas de imagens 
mentais possibilitam ao paciente enfrentar um de seus pais ou figuras que 
foram importantes durante sua infância de modo a proteger e confortar a 
criança vulnerável. Eles expressam suas necessidades, falam daquilo que 
não lhes foi suprido quando crianças. Associam imagens da infância com 
imagens atuais que lhe são desconfortáveis, confrontam os esquemas, 
lutando contra eles e agem com oposição. Treinam dar respostas a pessoas 
significativas em suas vidas atuais através de imagens mentais e 
dramatizações, o que os dão suporte para romper com a perpetuação dos 
esquemas em nível emocional. 
 
TAREFAS E EXERCÍCIOS COMPORTAMENTAIS 
 O terapeuta auxilia na elaboração de tarefas e exercícios comportamentais 
com o objetivo de substituir respostas desadaptativas a respostas novas 
(novos padrões de comportamento) e mais adaptativas. O paciente toma a 
consciência a se torna capaz de visualizar como certas escolhas em relação a 
parceiros ou decisões de vida perpetuam os esquemas e passa a fazer 
escolhas mais saudáveis para romper com os padrões negativos. Ele recebe 
orientação e auxílio para planejar e se preparar para as tarefas de casa, 
ensaiando novos comportamentos por meio de imagens mentais e 
dramatização nas sessões. O terapeuta utiliza técnicas de cartões e imagens 
mentais para auxiliar o paciente a enfrentar as dificuldades relacionadas a 
mudança de padrões comportamentais. 
 Após realizar as tarefas, o paciente e o terapeuta discutem os resultados e 
avaliam o que o paciente aprendeu nesse período. No decorrer do 
tratamento, ele vai abandonando os padrões de comportamento 
desadaptativos e adquire padrões adaptativos. Para que isso seja possível, o 
paciente precisa estar disposto a abrir mão dos estilos de enfrentamento 
apreendidos anteriormente para que possam mudar. 
 
 
 
 
 
 37 
5.3 RELAÇÃO TERAPEUTA-PACIENTE 
 O terapeuta tem a função de avaliar e tratar os esquemas e estilos de 
enfrentamento conforme eles vão surgindo na relação terapêutica. A relação 
terapeuta-paciente, serve como um “antídoto” parcial aos esquemas do 
paciente, sendo que ele internaliza o terapeuta como o “adulto saudável”, 
que luta contra os esquemas e busca por uma vida emocionalmente 
satisfatória. 
 A postura do terapeuta é de confrontação empática: demonstra empatia pelo 
esquema do paciente ao mesmo tempo que mostra que eles são disfuncionais 
ou distorcidos, resultando nos seus estilos de enfrentamento. Ele também 
realiza a reparação parental limitada, isto é, prover, com o vínculo 
apropriado da relação terapêutica, aquilo que o paciente necessita, que não 
receberam de seus pais durante a infância. 
 
5.4 A TERAPIA DO ESQUEMA COMO UM MODELO AMPLO E 
INTEGRADOR 
 Como mencionado anteriormente, a Terapia do Esquema mescla elementos 
das abordagens cognitivo-comportamental, de apego, da Gestalt, das 
relações objetais, construtivista e psicanalítica em um modelo conceitual e 
de tratamento rico e unificador. Young (1990, 1999) desenvolveu a terapia 
do esquema para tratar pacientes com problemas caracterológicos (traços da 
personalidade) crônicos, que não estavam sendo resolvidos pela terapia 
cognitivo-comportamental tradicional. Ele desenvolveu essa terapia como 
uma abordagem sistemática que amplia a terapia cognitivo-comportamental, 
integrando técnicas provenientes de várias escolas diferentes de terapia. 
 A ampliação é vista no sentido de dar ênfase mais apurada e profunda à 
investigação das origens infantis e adolescentes dos problemas psicológicos, 
às técnicas que envolvem a emoção, à relação terapêutica e aos estilos 
desadaptativos de enfrentamento. Essa abordagem mostrou-se exitosa no 
tratamento de depressão e ansiedade crônicas, transtornos alimentares, 
problemas difíceis de casal e dificuldades duradouras na manutenção de 
relacionamentos íntimos positivos, além disso, também foi útil ao 
tratamento no abuso e álcool e drogas. 
 
 
 
 
 
 38 
5.5 “A TERCEIRA ONDA DA TERAPIA COGNITIVA” 
 
 A terapia do esquema é conhecida como a terceira onda da terapia 
cognitiva, idealizada por Aaron Beck, nos anos 60. Foram incorporados 
vários aspectos dessa terapia na Terapia Focada em Esquemas. A ideia 
fundamental da Terapia Cognitiva é a de que a forma como interpretamos 
ou compreendemos os eventos e situações influencia de forma direta no 
modo como nos sentimos. Ela parte do pressuposto de que pessoas com 
problemas emocionais tem a tendência de distorcer a realidade. Utilizando o 
exemplo que vimos lá atrás, F. aprendeu com os pais que andar de ônibus é 
perigoso. Portanto, os esquemas nos fazem ver as situações de forma 
equivocada. Eles são os responsáveis por apertar o nosso “botão cognitivo”. 
 Por isso, os terapeutas cognitivos acreditam que se auxiliarem os pacientes 
a perceberem o modo como interpretam assituações do dia-a-dia que lhe 
causam sofrimento, possa ajuda-los a se sentirem melhor. Por exemplo, se 
auxiliarmos F. mostrando que existem maneiras seguras de andar de ônibus, 
ela sentirá menos temor e terá uma vida melhor. Beck sugere que 
inicialmente analisemos os nossos pensamentos de forma mais lógica, pois 
muitas vezes temos pensamentos equivocados (Ex: Não tirei nota máxima 
na prova, por isso não sou uma pessoa inteligente), e que na maioria das 
vezes existem outras conclusões ou explicações mais razoáveis. Em 
seguida, ele aponta para a importância de confrontar os pensamentos 
negativos através de experimentos. Por exemplo, seria adequado pedir à F. 
que ande de ônibus num dia e horários mais tranquilos, para perceber aos 
poucos que não há o que temer. 
 A terapia cognitiva comportamental combina técnicas cognitivas e 
comportamentais o que auxilia os pacientes a treinarem algumas habilidades 
pouco comum em seu dia a dia, como, relaxamento, assertividade, regulação 
emocional, resolução de problemas e habilidades sociais. 
 
5.6 OS ESQUEMAS DE YOUNG: OUTROS CONCEITOS 
 O autor desenvolveu seu conceito de modo para fazer a diferenciação de 
esquemas de estilos de enfrentamento como traços – padrões duradouros e 
constantes – e esquemas e estilos de enfrentamento na forma de traços – 
padrões instáveis de ativação e desativação. Portanto, o conceito de modo 
de esquema aqui é visto como um conceito de dissociações de estado de 
ego. Ele atribui um papel central dos estilos de enfrentamento dentro da 
terapia do esquema, de modo a trabalhar em relação a sua perpetuação. 
Outra característica fundamental na terapia do esquema é o enfoque na 
 
 39 
infância do individuo, período este onde os esquemas são originados e 
desenvolvidos através das relações parentais e posteriormente, com outras 
figuras significativas. 
 Assim, Young defende a modificação dos condicionamentos do paciente, 
incluindo os esquemas, para assim se alinhar melhor com a realidade ou 
com as evidências concretas da vida do paciente, durante o tratamento. 
Ademais, ela é uma terapia com grande foco na psicoeducação, ou seja, 
ensina ao paciente os conceitos atrelados a terapia, para que consiga praticar 
os exercícios e tarefas dadas pelo terapeuta. A relação terapeuta-paciente se 
baseia em um processo estritamente colaborativo e horizontal, isto é, eles 
são dois iguais dentro do processo. 
 
5.7 A TERAPIA DO APEGO DE BOWLBY E NECESSIDADE DE 
VÍNCULO 
 O trabalho desenvolvido por Bowlby e Ainsworth (1991) resultou na teoria 
do apego, ideia incorporada por Young no desenvolvimento da terapia do 
esquema, principalmente no que tange o esquema de abandono e em sua 
concepção de transtorno de personalidade borderline. O principal 
pressuposto de Bowlby é de que os seres humanos e outros animais, 
possuem um instinto de vínculo que tem por finalidade estabelecer um 
relacionamento estável com a figura materna, ou outra figura de vínculo. 
 Foi incorporada a ideia de mãe como base segura no desenvolvimento da 
terapia do esquema e a ideia de reparação parental limitada. Quase todos os 
pacientes com o esquema no domínio de desconexão/rejeição, demandam 
que o terapeuta represente essa base segura. Assim como na teoria de 
Bowlby, no modelo de esquema, o desenvolvimento emocional da criança 
avança do apego à autonomia e à individuação. Portanto, a ideia central é a 
de que um vínculo estável com a mãe – ou outra figura significativa – é uma 
necessidade emocional básica que precede e possibilita a independência. 
 
 
 
 
 
 
 
 40 
6. BIBLIOGRAFIA 
 
J. E. YOUNG; J. S. KLLOSKO; M. E. WEISHAAR. Terapia 
do esquema: Guia de técnicas cognitivo-comportamentais 
inovadoras. São Paulo: Artmed, 2008.

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