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Artigo Original Pós-graduação Lato Sensu em Musculação e Treinamento de Força – Universidade Gama Filho OS EFEITOS DO TREINAMENTO COM PESOS NO SISTEMA CARDIOPULMONAR EM IDOSOS COM IDADE ENTRE 60 E 80 ANOS. THE EFFECTS OF TRAINING WITH WEIGHTS IN THE CARDIOPULMONARY SYSTEM WITH ELDERLY PEOPLE AGED BETWEEN 60 AND 80 YEARS OLD. Alan Cláudio S. Pereira Breno Carvalho Gusmão Hélio Bernardo Kleber Maia Rocha Luis Alberto Reis Sá BRASÍLIA – DF RESUMO O presente estudo teve como objetivo identificar e documentar os efeitos de um treinamento com pesos no sistema cardiopulmonar em idosos com idade entre 60 e 80 anos, verificando as alterações da freqüência cardíaca e do volume ventilatório e descobrir suas influências no condicionamento cardiopulmonar. Além disso, por meio de uma análise estatística, descritiva quantificar esses valores de maneira que os resultados possam nos dar bases sólidas no tratamento de pessoas sedentárias com utilização de pesos. Participaram da nossa pesquisa 14 (quatorze) idosos sedentários, sendo 11 (onze) homens e 03 (três) mulheres, residentes no Lar dos Velhinhos Maria de Madalena, situado à cidade do Núcleo Bandeirante. Conseguimos contornar as variáveis externas, mantendo um padrão de alimentação em um regime de internato, com todos dormindo sempre em um determinado horário, acordando na mesma hora e não realizando nenhum exercício de natureza aeróbica para que não houvesse alterações no trato cardiovascular. Os dados foram coletados por meio de um teste de esforço submáximo analisado de forma indireta, aferindo a freqüência cardíaca pelo freqüencímetro da marca “POLAR” e um softer da Micromed (Galileu), tanto para membros inferiores como para membros superiores. O programa de treinamento com pesos foi realizado durante 12 (doze) semanas, sendo 03 (três) vezes por semana, inclusive nos feriados. Inicialmente foram 03 (três) séries de 20 (vinte) repetições, tanto para membros inferiores quanto para membros superiores, para a fase de adaptação neuromuscular. Após esta fase, introduzimos um novo trabalho aumentando para 04 (quatro) séries de 08 (oito) repetições direcionando o programa, totalmente, para o exercício de força. Os resultados dos dois testes foram analisados utilizando a estatística descritiva (média e desvio- padrão), tendo por base as conclusões obtidas nos Testes de Pernas e de Braços. Por ser uma amostra pequena, não foi possível fazer uma comparação entre essas duas variáveis, já que desenvolveram trabalhos distintos. Fizemos, então, uma comparação entre o desempenho desses dois grupos e do Grupo de Controle, que de certa forma, não realizou trabalho algum. Assim sendo, houve um aumento no valor médio do teste para ambos os grupos (membros superiores e inferiores), indicando que o tratamento aplicado nos idosos pesquisados foi satisfatório. Cabe salientar, que o experimento deve ser aprimorado para que resultados mais precisos possam ser alcançados. Baseando-se nos resultados encontrados, concluímos que os indivíduos de terceira idade possuem potencial para melhorar a resistência de força muscular e que a resistência cardiopulmonar teve uma melhora significativa no treinamento com pesos. PALAVRAS-CHAVE: Treinamento de força, sistema cardiopulmonar, idosos e ganho de força. 2 ABSTRACT This study had as objective identify and document the effects of a weight-training program on the cardiopulmonary system of elderly people, aged between 60 and 80. It verified heart beat frequency and respiratory volume and also found out the influences on the cardiopulmonary strengths. A descriptive statistic was used to quantify the results in a way they gave support to the weight treatment of elderly people. As part of the research there were fourteen elderly sedentary people, eleven men and three women that live at Lar dos Velhinhos Maria Madalena, located in the city of Núcleo Bandeirante. External variables were restricted by maintaining a strict diet and a pre-established bed time and wake-up time inside the shelter, plus no aerobic exercise of any kind, in order not to change cardiovascular behaviors. To collect data a submax strength test was used. The test measured, indirectly, heart beat frequency using a Heart beat frequency sensor, from POLAR, and a Micromed softer (Galileu) for superior and inferior members. A weight-training program was implemented for twelve weeks, three times a week, including holidays. Initially, three series of twenty repetitions were requested for inferior and upper members, during the phase of neuromuscular adaptation. After this phase, the activity was modified to a strength program of four series of eight repetitions each. The descriptive statistic (mean and standard deviation) was used for arms and legs test results. It was not possible to compare these two variables due to the small sample and to the development of different activities. A comparison between this group and the control group (the ones that hadn’t done the activities) was done. In such case, there had been an increase in the average score of the test for both groups (lower and upper members) indicating that the treatment was satisfactory. It’s important to point out, that the experiment must be improved in order to get more precise results. Based on the results found, elderly people hold the potential to develop muscle strength resistance and it also shows that cardiopulmonary resistance had a significant improvement with the weight training. KEYWORDS: Strenght training, cardiopulmonary system, elderly people and force increase. INTRODUÇÃO Vários trabalhos têm documentado importantes modificações e benefícios do treinamento de força para reabilitação e profilaxia de incapacidade física em pessoas idosas (ADES et al.,1996 ; DUPLER & CORTES., 1993; FIATARONE et al., 1988; HEISLEN et al., 1994; McCARTNEY et al., 1993; MENKES et al., 1993 MEREDITH et al., 1992; PYCA et al., 1994; THOMPSON, 1994). De acordo com ROCHA & MAZO, 2000, no Brasil, considera-se idoso, aqueles indivíduos com idade acima de 60 anos. Isto é justificado pela quantidade de pessoas que conseguem atingir faixas etárias mais elevadas em algumas regiões e pelas próprias características anatômicas e fisiológicas desses grupos, ligadas intimamente aos fatores sociais, econômicos e culturais (KOPILER,1997). Força é a adaptação funcional que sempre acompanha os níveis de massa muscular. A importância da força muscular faz-se presente na vida diária das pessoas, principalmente do idoso, pois freqüentemente, este é um sedentário de longa data que perdeu a aptidão física geral, acentuadamente, a massa muscular e a força. 3 Um aspecto apenas recentemente documentado é a importância da força para a manutenção da homeostase e da hemodinâmica na vida diária. Verificou-se que idosos com pouca força muscular apresentavam aumentos acentuados e perigosos de freqüência cardíaca e pressão arterial na realização de atividades como subir escadas e levantar janelas. Esta situação foi revertida apenas com o aumento da força muscular induzido com o treinamento com pesos (McCARTNEY et al, 1993). A explicação é que a homeostase é afetada na razão direta da intensidade dos esforços, e o grau de intensidade é dado basicamente pelo percentual de capacidade contrátil disponível que está sendo utilizado (CHWALBINSKA-MONETA et al, 1989; MARCINICK et al, 1991). Intensidade do esforço é, portanto, um conceito relativo, e para pessoas com pouca força muscular, atividades comuns na vida diária podem ser grandes esforços. Situações do cotidiano observadas ilustram este mecanismo fisiológico: pessoas fortes carregam objetos pesados conversando normalmente enquanto pessoas mais fracas fazem a mesma tarefa com grande dificuldade e evidente dispnéia. O treinamento com pesos desenvolve não apenas a força muscular e a flexibilidade, mas a capacidade de prolongaresforços, tanto de alta quanto de baixa intensidade, apesar de não aumentar a capacidade aeróbia das pessoas (ADES et al., 1996 ; DUDLEY., 1988; DUPLER & CORTES et al., 1993; FRONTERA et al., 1994; HICKSON et al., 1988; MARCINIK et al., 1996; THOMPSON, L. V., 1994; WILMORE et al., 1978). O sistema cardiovascular reage às sobrecargas de treinamento impostas pelos exercícios resistidos de maneira fisiológica (CRAWFORD & MARON, 1992; FLECK, 1988). O coração de pessoas treinadas com pesos por muitos anos é absolutamente normal e saudável (CRAWFORD & MARON, 1992; EFFRON, 1989; FLECK, 1988; MacFARLANE et al, 1991; MENAPACE et al, 1982), além de ser melhor adaptado para situações de esforços isométricos de alta intensidade, comparativamente com o coração de pessoas treinadas apenas aerobicamente (BEM-ARI et al, 1993). O Volume de Oxigênio máximo(VO2) é uma variável que tem sido amplamente utilizada como indicador da capacidade funcional. No entanto, poucos estudos mediram as mudanças no Volume de oxigênio máximo(VO2) resultante de um treinamento com pesos em idosos (HICKSON et al.1980, BURLESON et al. 1988, PARKER et al. 1996 e FRONTERA et al. 1990), uma vez que a maioria dos relatos sobre o Volume de oxigênio máximo(VO2) envolveram exercícios aeróbios (HAGBERG, 1988; STAMFORD, 1988, MARQUES et al. 1993, ROCHA, 1982 e FARO Jr. et al., 1996). 4 Vários trabalhos relatam que o envelhecimento provoca uma diminuição da massa muscular e na força muscular dos indivíduos e que isto leva a uma redução na capacidade funcional e no desempenho físico podendo interferir nos valores de medidas cardiovasculares, entre eles o Volume de oxigênio máximo(VO2) (SPIRDUSO, 1995; McARDLE et al. 1991 e MAZZEO et al. 1998). Assim sendo, para STAMFORD (1998), os mecanismos responsáveis por melhorias do Volume de oxigênio máximo(VO2) de idosos ainda não estão claros. Desse modo, o estudo em questão tem como objetivo identificar alterações no Volume de oxigênio máximo(VO2), freqüência cardíaca e aumento da carga em idosos com idade entre 60 e 80 anos, de ambos os sexos, a partir de um programa de doze semanas com pesos . O treinamento com pesos aumenta o volume muscular, a força e a resistência em geral. Não sabemos se esse tipo de trabalho interfere de forma substancial no condicionamento cardio- pulmonar. Essas referências bibliográficas levam a uma questão de alta relevância para a medicina esportiva: até que ponto as restrições atualmente feitas em relação ao trabalho com pesos para fins de aptidão e qualidade de vida estão bem fundamentadas? Com isso iniciamos nosso trabalho com alguns conceitos e em seguida analisaremos os benefícios do trabalho com pesos na terceira idade. OBJETIVO O estudo em questão, tem como objetivo identificar e documentar os efeitos de um treinamento com pesos no sistema cardiopulmonar em idosos com idade entre 60 e 80 anos verificando as alterações da freqüência cardíaca e do volume ventilatório e descobrir suas influências no condicionamento cardiopulmonar e através de uma análise estatística descritiva quantificar esses valores de maneira que os resultados possam nos dar bases sólidas no tratamento de pessoas sedentárias com utilização de pesos . MATERIAIS E MÉTODOS Por se tratar de um grupo de pessoas com algumas restrições como deficiências em membros superiores e outros com problemas nos membros inferiores, foram dividos em três grupos distintos:grupo de membros inferiores, grupo de membros superiores e grupo de controle, o que nos possibilitou, fazer uma comparação de resultados entre os três grupos estudados. Quanto ao material utilizado, usamos materiais bem simples que estão relacionadas abaixo: 5 - Caneleiras – 0,5Kg, 2Kg, 3Kg e 4Kg; - Barras – 6Kg e 8 Kg; - Anilhas – 1Kg, 2kg e 3 Kg; - Halteres – 1 Kg, 2Kg e 4 Kg; - Step – estilo amortecedor; - Uma mesa e um banco. A amostra deste estudo consiste de idosos sedentários de ambos os sexos, com a faixa-etária entre 60 e 80 anos com o mesmo estilo de vida. A amostragem foi feita com quatorze indivíduos, sendo três mulheres e onze homens, que foram selecionados pelas condições de suas mobilidades articulares de membros inferiores e superiores. Informações sobre a saúde de cada indivíduo, e a aferição da pressão arterial, foram realizados por médicos e fisioterapeutas. Os funcionários do Lar dos Velhinhos Maria de Madalena, deram total apoio permitindo que o trabalho fosse realizado com maior eficiência e segurança, e todos os indivíduos pesquisados concordaram com os termos impostos e devidamente esclarecidos sobre os objetivos e métodos a serem utilizados . Para que não houvesse nenhuma variável externa, evitando qualquer alteração nos resultados, nenhum dos indivíduos durante o trabalho praticou qualquer exercício de natureza aeróbia. Todos tinham o mesmo ritmo de vida e a mesma alimentação, sendo três refeições diárias, sempre na mesma hora, e quanto ao sono, todos dormiram e acordaram praticamente em um determinado horário. O trabalho teve início com o pré-teste de esforço submáximo, na bicicleta ergométrica, da marca Moviment modelo 2600 utilizando-se o programa “Galileu” da Micromed para mensurar. O protocolo usado foi o do Dr. José Juan Blanco Herrera, da Universidade Católica de Brasília, PHD e Médico Desportivo. O teste foi feito de forma indireta que aferiu a freqüência cardíaca através de um frequencímetro da marca “POLAR”. O teste foi composto por duas etapas. A primeira fase foi realizada na bicicleta ergométrica, onde os indivíduos pedalaram por 1 minuto e 30 segundos com a carga de 0,5 KPM para mulheres e 1,0 KPM para os homens. A carga foi sendo elevada em 0,5 KPM a cada 30 segundos até atingir o “Limiar anaeróbio”, a uma velocidade de 60 RPM constante. Na segunda etapa, a bicicleta foi colocada sobre uma mesa e o indivíduo posicionado em uma cadeira atrás da bicicleta ergométrica e com as mãos girando os 6 pedais, utilizando-se o mesmo protocolo. Essas duas avaliações foram feitas com os três grupos do início dos treinamentos e ao final das doze semanas. O trabalho com pesos foi feito com cargas aleatórias, passando-se primeiramente por um período de adaptação neuromuscular aplicando três séries de vinte repetições e depois iniciou-se o exercício de força propriamente dito com quatro séries de oito, fazendo o ajuste do peso. Para definir esse método, realizou-se um macrociclo de doze semanas ininterruptas inclusive feriados, sendo que eram usados três dias na semana para a execução do trabalho. Os exercícios para membros inferiores foram extensão de pernas, flexão em pé, agachamento, panturrilha e step no aparelho. Já os exercícios de membros superiores foram: supino reto, crucifixo com halter, bíceps com barra, bíceps com halter, tríceps francês e ombro (elevação lateral). O terceiro grupo, ou seja, o de controle participou do teste avaliativo e manteve-se inativo por todo o período, não participando de nenhuma atividade física. PERIODIZAÇÃO DO TRABALHO DE FORÇA O trabalho teve a fase de adaptação com duração de seis semanas e a fase específica que também teve a duração de seis semanas, reajustadas conforme o macrociclo em anexo. Na primeira fase de adaptação, o objetivo foi apenas de aprendizagem do movimento (fase neural), atingindo os grandes e pequenos grupos musculares, dando ênfase ao aprendizado da execução do movimento. Na segunda fase que corresponde à específica, priorizamos o trabalho de força propriamente dito, tanto para membros inferiores quanto membros superiores, alterando a carga de acordo com o macrociclo na tabela abaixo. TABELA 01 - MACROCICLO DE 12 SEMANAS ETAPA DO TREINAMENTO – GERAL ESPECIFICO Semana 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª Dia/mês 22 a 26/04 29/04 a 03/05 06/05 a 10/05 13 a 17/05 20 a24/05 27 a 31/05 3 a 07/06 10 a 14/06 19 a 28/06 1 a 05/07 08 a 12/07 15 a 19/07 RMP/A.A 3x20 3x20 3x20 3x20 3x20 3x20 RMM 4x8 4x8 4x8 4x8 4x8 4x8 7 A duração dessa pesquisa foi de doze semanas, com periodicidade de três vezes na semana (segundas, quartas e sextas-feiras), inclusive feriados, para que não fosse interrompida nenhuma seqüência de trabalho. RESULTADOS E DISCUSSÕES O estudo teve como meta, verificar a existência de uma resposta cardiopulmonar por meio de um treinamento com pesos. Através de uma análise estatística da Média e do Desvio Padrão, foram calculados tendo por base os resultados obtidos nos Testes de Pernas e Braços. Apesar dos resultados dos Grupos de Membros Superiores e Inferiores serem apresentados no mesmo gráfico, não foi possível fazer uma comparação, por terem desenvolvido trabalhos distintos. Poderemos, no entanto, comparar o desempenho desses com o Grupo Controle que, de certa forma, não desenvolveu trabalho algum. Testes estatísticos de significância não poderão ser aqui aplicados, pelo fato do reduzido número de indivíduos estudados. Então, foi realizado, um estudo de análise descritiva dos resultados, no sentido em que possamos, num segundo momento, aprimorar o experimento e obter resultados mais precisos sobre o tratamento. Cabe salientar que a diferença entre as médias inicial e final não foi testada e, dessa forma, não podemos afirmar que tais médias são estatisticamente diferentes. Houve aumento no valor médio do teste para ambos os grupos (membros superiores e inferiores), indicando que o tratamento aplicado aos idosos pesquisados é satisfatório. Percentualmente analisando, os resultados foram positivos. Na questão de membros inferiores houve uma melhora na resposta cardiopulmonar de 29,70% enquanto que, nos membros superiores, houve uma melhora de 20,96%. Quanto a comparação de resultados do trabalho de membros inferiores, verificou-se que os resultados foram melhores do que os resultados dos membros superiores, ocorrendo uma diferença de 8,74% a mais na resposta cardiopulmonar. Estatisticamente analisando os resultados encontrados, houve um aumento nos valores médios, tanto para o grupo de membros superiores como para membros inferiores. O teste de pernas, para o grupo de membros superiores apresentou média de 15,5%±6,5%, representando um aumento de 1,30 ponto percentual. Já o grupo de 8 membros inferiores apresentou média de 20,3%±5,3 o grupo de membros inferiores teve uma resposta positiva com um aumento de 3 pontos percentuais. O teste de braços, para o grupo de membros superiores apresentou média de 16,5%±4,9% representando um aumento de 2,1 pontos percentuais. Já no grupo de membros inferiores, a média foi de 17,2%±2,4%, representando um aumento de 1,7 ponto percentual. Já o grupo de controle os resultados mantiveram-se inalterados, como já se esperava. Estes resultados estão de acordo com CRAWFORD & MARON., (1992); FLECK, (1998), que citam que o coração de pessoas treinadas com pesos por muitos anos é absolutamente normal e saudável. As médias iniciais dos testes de pernas e de braços de ambos grupos foram inferiores às médias do grupo controle. O grupo de membros inferiores possui média final de teste de perna, superior a média final do teste de perna do grupo controle, (intuitivamente, esse resultado era esperado). As demais médias finais são inferiores. Cabe ressaltar que o grupo de membros superiores possui médias iniciais e finais para ambos os testes superiores às médias do grupo de membros inferiores. Esse resultado, assim como os demais aqui observados, pode estar sendo fortemente influenciado pela não-casualização dos indivíduos nos grupos. O experimento deve ser aprimorado para que resultados mais precisos sejam alcançados. As adaptações cardiovasculares são causadas pelo estímulo de treinamento sobre o sistema cardiovascular. Há muito tempo sabe-se que as adaptações cardiovasculares ao treinamento de resistência aeróbia são diferentes adaptações ao treinamento de força (MORGANROTH et al.,1975). Em geral, estas diferenças são causadas pela necessidade de bombear um grande volume de sangue em uma pressão relativamente baixa durante os exercícios de resistência, enquanto que durante o treinamento de força um volume relativamente pequeno de sangue é bombeado em uma pressão alta. Esta diferença entre treinamento aeróbio e de força resulta em adaptações diferentes. Segundo HARRIES et.al., 1994 e SPIRDUSO, 1995, o Volume de oxigênio máximo(VO2) é uma variável complexa que depende de um grande número de fatores fisiológicos incluindo a função cardiovascular, pulmonar e muscular. Portanto, o exercício pode ser o modificador tanto dos mecanismos centrais como dos periféricos. Vários trabalhos diferentes têm documentado importantes benefícios do treinamento com pesos para reabilitação e profilaxia de incapacidade física em pessoas 9 idosas (ADES et al., 1996; DUPLER & CORTES., 1993; FIATARONE et al., 1990; FRONTERA et al., 1988; HEISLEN et al., 1994; McCARTNEY et al., 1993; MENKES et al., 1993 MEREDITH et al.,1992; PYCA et al., 1994; THOMPSON, 1994). A análise destes trabalhos conduz a uma questão de alta relevância para a medicina esportiva. Quanto ao nível de força, tivemos uma resposta fisiológica bem mais positiva de acordo com declarações verbais dos indivíduos pesquisados, com isso o ganho de força foi bem nítido estando de acordo com SHIRFES (1994) e MAZZEO et al. (1998), que relata aumentos substanciais no ganho de força muscular em idosos em um curto período de treinamento, dois a quatro meses . FRONTERA et al. (1990), Mc CARTNEY et al. (1996) e TSUTSUMI et al.(1997) também encontraram resultados significativos no ganho de força muscular de membros inferiores em idosos. Já HURLEY et al.(1984), BROWN et al.(1990) e Mc CARTNEY et al.(1993) conseguiram melhorias significativas na força muscular em membros superiores. A sobrecarga tensional dos exercícios com pesos estimula a síntese de proteína contrátil no músculo, o aporte de matriz calcificada no osso e a proliferação do tecido conjuntivo do endomísio, aumentando assim as propriedades viscoelásticas do músculo (SITTA et al. 1994; STONE, 1988; VANDEMBURG, 1987). Um aspecto apenas recentemente documentado é a importância da força para a manutenção da homeostase hemodinânica na vida diária. Verificou-se que idosos com pouca força muscular apresentavam aumentos acentuados e perigosos de freqüência cardíaca e pressão arterial na realização de atividades como subir escadas e levantar janelas. Esta situação foi revertida apenas com o aumento da força muscular induzido com o treinamento com pesos (Mc CARTENEY et al., 1993). A explicação é que a homeostase é afetada na razão direta da intensidade dos esforços e o grau de intensidade é dado basicamente pelo percentual de capacidade contrátil disponível que está sendo utilizado (CHWALBINSKA-MONETA et al., 1989; MARCINICK et al, 1991). A intensidade do esforço é, portanto, um conceito relativo. Para pessoas com pouca força muscular, atividades comuns na vida diária podem ser grandes esforços. Situações do cotidiano observadas por todos ilustram este mecanismo fisiológico, como pessoas que carregam objetos pesados conversando normalmente, enquanto que pessoas mais fracas fazem a mesma tarefa com grande dificuldade evidenciando a dispinéia. 10 Assim sendo, o treinamento com pesos não favorece apenas o ganho de força e a flexibilidade, mas a capacidade de prolongar esforços, tanto de alta quanto de baixa intensidade, apesar de não aumentar a capacidade aeróbia das pessoas (ADES et al., 1996; DUDLEY., 1988; DUPLER & CORTES et al., 1993; FRONTERA et al.,1994; HICKSON et al.,1988; MARCINIK et al., 1996; THOMPSON, L.V.,1994; WILMORE et al., 1978).CRAWFORD & MARON., (1992); e FLECK, (1988), também afirmam que o sistema cardiovascular reage às sobrecargas de treinamento impostas pelos exercícios resistidos de maneira fisiológica. O coração de pessoas treinadas com pesos por muitos anos é absolutamente normal e saudável (CRAWFORD & MARON., 1992; EFFRON., 1989; FLECK., 1988; MacFARLANE et al., 1991; MENAPACE et al., 1982), além de ser melhor adaptado para situações de esforços isométricos de alta intensidade, comparativamente com o coração de pessoas treinadas apenas aerobicamente (BEM- ARI et al.,1993). Os aumentos da pressão arterial em treinamento ficam dentro dos limites de segurança, mesmo com sobrecarga tensional em torno de 80% da máxima, desde que evitem as contrações isométricas e a apnéia (EFFRON., 1989; GHILARDUCCI et al., 1989; KELEMEN., 1989; SALE et al., 1994; WEBB., 1990). A relação oferta/demanda de oxigênio para o miocárdio é mais favorável nos exercícios com pesos do que nos exercícios aeróbios de média intensidade. Pessoas que apresentam arritmias e sinais de isquemia no teste ergométrico em esteira suportaram treinamento com pesos com 80% de carga máxima, sem qualquer sinal de sofrimento do miocárdio (GHILARDUCCI et al., 1989). A fórmula sangüínea se altera favoravelmente com relação aos fatores de risco para doença ateromatosa, tal como ocorre com o treinamento aeróbio (CARDOSO et al., 1994; HURLEY., 1989; HURLEY et al., 1984; YKIJARVINEN et al., 1984; GIADA et al., 1996). Segundo JOHNSON & DEMPSEY(1991), pessoas de 70 anos alcançam seus limites de taxa de fluxo respiratório sobre 40% a 90% da capacidade vital, e muitos indivíduos eram incapazes de aumentar a ventilação suplementar se a concentração de dióxido de carbono inspirado era deliberalmente aumentada enquanto estão em exercício. Média e desvio padrão para as variáveis do teste de perna e do teste de braço dos grupos de membros superiores, membros inferiores e grupo de controle antes e depois do teste. 11 Grupo M. Superiores G. M. Inferiores Grupo controle Média Desvio Média Desvio Média Desvio Padrão Padrão Padrão T. perna antes 14,2 3,6 17,3 4,9 18,55 3,8 T. perna depois 15,5 6,5 20,3 5,3 0,00 0,00 T. braço antes 14,4 3,6 15,5 1,7 17,5 3,2 T. braço depois 16,5 4,9 17,2 2,4 0,00 0,00 Gráfico. 1 Conforme gráfico acima , estão demonstrados os resultados do teste de perna. O grupo de membros superiores teve uma média de aumento de 1,30 ponto percentual , o grupo de membros inferiores teve uma resposta positiva com um aumento de 3 pontos percentuais. Já o grupo controle permaneceu inalterado. Valor Médio do Teste de Penas 14,2 15,5 17,3 20,3 18,4 18,4 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Submáximo Inicial Submáximo Final Média Gp Memb Sup Gp Memb Inf Gp Controle 12 Gráfico. 2 Conforme gráfico acima , estão demonstrados os resultados do teste de braços. O grupo de membros superiores teve uma média de aumento de 2,1 pontos percentuais, o grupo de membros inferiores teve uma resposta positiva com um aumento de 1.7 ponto percentual. Já o grupo controle permaneceu inalterado. CONCLUSÃO Diante do estudo apresentado, defendemos o ponto de vista de que o treinamento com pesos deve ser considerado a forma ideal e o padrão de preparação física para todas as pessoas. Pelas suas qualidades, atende com segurança e eficiência às necessidades de condicionamento físico mesmo das pessoas mais debilitadas. Na medida em que a condição física geral começa a melhorar, são atingidos níveis de aptidão compatíveis com diferentes atividades, dentre elas as diversas modalidades esportivas, com suas abordagens específicas de treinamento. Após a análise de todas as variáveis investigadas, chegou-se às seguintes conclusões: 1. Através de uma análise estatística da Média e do Desvio Padrão, foram calculados tendo por base os resultados obtidos nos Testes de Pernas e Braços. Apesar Valor Médio do Teste de Braços 14,4 16,5 15,5 17,2 17,5 17,5 14 15 16 17 18 Submáximo Inicial Submáximo Final Média Gp Memb Sup Gp Memb Inf Gp Controle 13 dos resultados dos Grupos de Membros Superiores e Inferiores serem apresentados no mesmo gráfico, não foi possível fazer uma comparação, por terem desenvolvido trabalhos distintos. Poderemos, no entanto, comparar o desempenho desses grupos com o Grupo Controle, que de certa forma, não desenvolveu trabalho algum. 2. Os testes estatísticos de significância não poderão ser aqui aplicados, pelo fato do reduzido número de indivíduos estudados. Então, foi feito, um estudo descritivo dos resultados no sentido em que possamos, num segundo momento, aprimorar o experimento e obter resultados mais precisos sobre o tratamento. 3. Cabe salientar que a diferença entre as médias iniciais e finais não foram testadas e, dessa forma, não podemos afirmar que tais médias são estatisticamente diferentes. 4. Houve aumento no valor médio do teste para ambos os grupos (membros superiores e inferiores), indicando que o tratamento aplicado aos idosos pesquisados é satisfatório. 5. Quanto ao grupo de controle, como não fez nenhum tipo de execício, continuaram com os mesmos valores , tanto no teste inicial de esforço submáximo, como no teste final de esforço submáximo. 6. Assim sendo, verificamos também que o treinamento com pesos não favorece apenas o ganho de força , o ganho cardiopulmonar e a flexibilidade, mas a capacidade de prolongar esforços, tanto de alta quanto de baixa intensidade, apesar de não aumentar a capacidade aeróbia das pessoas. 7. É importante, ainda, salientar, que além dos resultados de melhoria cardiovascular ou de aumento de força do grupo pesquisado, o trabalho é extremamente válido e gratificante tanto para os idosos como para nós profissionais da Educação Física, que trabalhamos na aplicação destes trabalhos, porque nos proporciona momentos de prazer oferecendo uma melhor qualidade de vida para todos esses idosos despertando ainda mais o interesse para a pesquisa científica. BIBLIOGRAFIA 1. Ades PA, Ballor DL, Ashikaga T, Utton JL, Sreekumaran-Nair K. Weight training improves walking endurance in healthy elderly persons. Ann Intern Med, 124:568- 572,1996 2. Ben-Ari E, Gentile R, Feigenbaum H, et al. Left ventricular dynamics during strenuous isometric exercise in marathon runners, weight lifters and health sedentary 14 men: comparative echocardiographic study. Cardiology, 82: 75-80,1993. 3. Benn SJ, McCartney N, McKelvie RS. 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