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FUNDAMENTOS DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA PROF.A DRA. ANA GRACIELA VOLTOLINI Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Diretor de Ensino a Distância: Prof. Me. Fábio Oliveira Vaz PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani/ Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Gabriela de Castro Pereira/ Letícia Toniete Izeppe Bisconcim/ Mariana Tait Romancini Produção Audiovisual: Eudes Wilter Pitta / Heber Acuña Berger/ Leonardo Mateus Gusmão Lopes/ Márcio Alexandre Júnior Lara Gestão da Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR UNIDADE 3WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4 PUBLICIDADE E PROPAGANDA ................................................................................................................................ 5 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PUBLICIDADE E PROPAGANDA .......................................................................... 10 CONCEITOS DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA PROF.A DRA. ANA GRACIELA VOLTOLINI 01 4WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade iremos abordar sobre o significado dos termos publicidade e propaganda, destacando os aspectos conceituais. Também apresentaremos as diferenças entre publicidade e propaganda, o que é fundamental para a atuação do futuro profissional, pois embasará os “Jobs” e campanhas realizados. Além disso, também veremos a introdução ao estudo da área, com os conceitos mais específicos que o aluno encontrará no decorrer do curso de Publicidade e Propaganda. 5WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA PUBLICIDADE E PROPAGANDA O Dicionário Houaiss de Comunicação e Multimídia (NEIVA, 2013) define publicidade como 1 Arte, ciência e técnica de tornar (algo ou alguém) conhecido nos seus melhores aspectos, para obter aceitação do público. 2 Divulgação de matéria jornalística, ger. por encomenda de uma empresa, pessoa, instituição etc., por qualquer veículo de comunicação. 3 Propaganda (difusão). De acordo com Gomes (2001), há uma confusão entre os significados de publicidade e propaganda. Trata-se de um tema antigo, mas com pouca discussão nos meios acadêmicos brasileiros. Figura 1 – Publicidade e Propaganda. Fonte: NK Advocacia (2018). A autora relata que essa confusão semântica se dá apenas no Brasil, o que vem dificultando o diálogo acadêmico entre brasileiros e estrangeiros. Apenas no país, os termos publicidade e propaganda são sinônimos. Se são sinônimos, por que todos os cursos são de “Publicidade e Propaganda” (PP)? “Se significam o mesmo, por que a redundância?” indaga Gomes (2001). Para Gomes (2001), se os cursos foram nomeados dessa forma é porque se considerou que existem diferenças entre estas duas técnicas de comunicação persuasiva. Assim como no meio acadêmico, no mercado acontece a mesma coisa: Um passeio rápido pela listagem das agências de publicidade (ou propaganda?) do país, independente de região ou da época em que foram criadas, nos permitirá ver que não existe uniformidade na sua denominação: algumas são “agências de publicidade” e outras são “agências de propaganda”, enquanto se sabe que, histórica e semanticamente, há diferenças marcantes entre os objetivos de comunicação de uma técnica e de outra (GOMES, 2001, p. 112). 6WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A autora destaca que há um paradoxo nessa utilização aleatória: a denominação profissional de “quem” faz publicidade ou propaganda institucionalizou-se como “publicitário”. Um “propagandista”, de acordo com o Dicionário Houaiss de Comunicação (NEIVA, 2013), é quem faz propaganda de remédios junto aos médicos por meio de visitas aos consultórios. O Código Brasileiro de Autoregulamentação Publicitária em alguns momentos trata o mesmo objeto de “propaganda” e, em outros, de “publicidade”, sem fazer distinção entre as duas terminologias. Propaganda, para o Dicionário Houaiss de Comunicação e Multimídia (NEIVA, 2013) é: 1 Divulgação, propagação de uma ideia ou crença. 2 Ação ou efeito de exaltar as qualidades de algo ou alguém para um grande número de pessoas; anúncio, reclame. 3 Disseminação de ideias, informações (verdadeiras ou falsas), boatos etc., com o fim de ajudar ou prejudicar (outrem); campanha. 4 Difusão de mensagem verbal, pictórica, musical etc., de conteúdo informativo e persuasivo, em TV, jornal, revista, volantes, outdoors, etc.; publicidade. 5 Peça de propaganda; anúncio. É possível perceber, nas definições dadas pelo dicionário, que há elementos e perspectivas que diferenciam os termos, porém, é consenso quem ambos estão situados no âmbito da comunicação persuasiva. Vale ressaltar que entre os aspectos que definem Publicidade, a Propaganda aparece atrelada (conforme item 3 na tabela de definição). No Brasil, com uma indevida tradução, publicity, propaganda e advertise se tornaram vocábulos usados pelos profissionais e logo passaram ao domínio público. Com o tempo, institucionalizaram-se e tornaram-se sinônimos (GOMES, 2001). A respeito da publicidade, Gomes (2001) coloca que sua finalidade é estritamente comercial, atua com o objetivo de atrair compradores para um produto ou serviço, buscando mudança ou reforço no comportamento do consumidor. Comparem as características que identificam e diferenciam a publicidade e a propaganda, segundo Gomes (2001): Quadro 1 – Diferença entre Publicidade e Propaganda Fonte: Gomes (2001). Gomes (2001) elenca os três condicionantes técnicos da publicidade. O primeiro é a necessidade de ter um produto ou um serviço para oferecer ao mercado, e que sua promoção justifique o uso dos meios massivos. Segundo, é necessário planejar, criar, produzir um anúncio ou um conjunto de anúncios, denominado “campanha”. Em terceiro lugar, este anúncio ou campanha devem ser veiculados nos meios de comunicação. 7WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 2 – Publicidade e Propaganda. Fonte: USC (2018). A respeito das origens da propaganda, Gomes (2001) afirma que é necessário fazer uma incursão em sua história e que o termo nasce em épocas onde o predomínio político e ideológico do catolicismo estava ameaçado pelo nascimento e a rápida difusão das ideias luteranas. O termo propaganda, ligado àdoutrina, tem uma tradição de quatro séculos: A larga história da Igreja Católica está ligada com o inextricável trabalho das organizações da propaganda. O Colégio de Propaganda, organizado em 1622 para difundir a fé, se acredita que gastou ao redor de quatro milhões de dólares, no século XIX. Em 1927, o número de missionários estrangeiros da Igreja Romana era de 25.000. A cifra correspondente no mundo protestante foi de 29.000 (LASSWELL, 1960, p. 6, apud GOMES, 2001, p. 117). Gomes (2001) coloca que a propaganda consiste em um processo de disseminação de ideias através de múltiplos canais com a finalidade de promover no grupo ao qual se dirige os objetivos do emissor. Esses objetivos não necessariamente podem ser favoráveis ao receptor (ver a definição de propaganda item 3), caracterizando um processo de persuasão. Nesse sentido, a propaganda visa o controle do fluxo de informação através do direcionamento da opinião pública e manipulação, não necessariamente negativa: A definição mais precisa parece ser a de Edwards (apud Pizarroso Quintero, ibidem:28), para quem: “propaganda é a expressão de uma opinião por indivíduos ou grupos, deliberadamente orientada a influir opiniões ou ações de outros indivíduos ou grupos para fins predeterminados” (GOMES, 2001, p. 117). 8WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 3 – Propaganda - Mafalda. Fonte: Agência Public (2018). Em relação aos condicionantes técnicos da propaganda, assim como da publicidade também são três (GOMES, 2001). Primeiro, é necessário ter uma ideia ou uma doutrina a oferecer ao público/indivíduo, em quantidade que justifique o uso dos meios massivos. Segundo, é necessário planejar, criar e produzir a informação persuasiva que se quer difundir com a finalidade de reforçar ou modificar comportamentos ideológicos. Terceiro, esta informação persuasiva deve ser veiculada nos meios de comunicação. Figura 4 – Publicidade e Propaganda. Fonte: Agência Public (2018). A partir dos condicionantes técnicos, Gomes (2001) aponta para a diferença básica entre a publicidade e a propaganda, relacionada ao terceiro condicionante. A informação persuasiva deve ser veiculada nos meios de comunicação, não necessariamente em forma de anúncios, estes anúncios podem vir: Sem a identificação do promotor e não ocupando um espaço formal como é o da publicidade: a propaganda pode vir inserida ou travestida em reportagens, editoriais, filmes, peças de teatro, artes plásticas e até em educação: nas salas de aula, através da seleção ou enfoque de conteúdos didáticos (GOMES, 2001, p. 117). 9WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Perez (2008) também faz distinção entre os termos, atribuindo significados diferentes. Propaganda consiste na divulgação de ideias com finalidades políticas dirigidas ao público. Publicidade é uma técnica de persuasão, com o objetivo de induzir em relação a determinada marca, empresa ou serviço. De acordo com Sant’Anna, Júnior e Garcia (2011), em virtude da origem eclesiástica da palavra propaganda, que foi traduzida pelo papa Clemente VII, em 1597, quando fundou a Congregação da Propaganda, com a intenção de propagar a fé católica pelo mundo, muitos preferem usar publicidade em vez de propaganda. Atenção a figura abaixo, que reforça as diferentes características entre os termos: Figura 5 – Diferenças Publicidade e Propaganda. Fonte: Jussi Up (2018). 10WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Diferença de Marketing, Publicidade e Propaganda: https://www.youtube.com/watch?v=em3uL6xfapQ INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PUBLICIDADE E PROPAGANDA Para Sant’Anna, Júnior e Garcia (2011) há propaganda não pode ser pensada e nem estudada como um fenômeno isolado, pois faz parte do panorama geral da comunicação e está em constante desenvolvimento com fenômenos paralelos. Para os autores: • a publicidade é um meio de tornar conhecido um produto, um serviço ou uma marca; • seu objetivo é despertar, nos consumidores, o desejo pela coisa anunciada, ou destacar aspectos que diferenciam o produto de seus concorrentes, ou o aumento de seu valor junto ao target; • ela faz isso abertamente, sem encobrir o nome e as intenções do anunciante; • os anúncios são matéria paga (SANT’ANNA; JÚNIOR; GARCIA, 2011, p. 60). De acordo com Dellazzana (2013), a atividade de publicidade e propaganda foi questionada desde seu princípio e que a maioria das críticas realizadas hoje, já haviam sido identificadas nas primeiras reflexões teóricas sobre o tema. Contudo, a autora ressalta o importante papel desempenhado pela publicidade como instrumento econômico: Ressalta-se que, a favor da publicidade permanece sua mais conhecida função: a de contribuir para o desenvolvimento econômico, ajudando a conquistar e manter mercados para um determinado produto ou serviço, e, no caso de novos produtos, a formar o mercado consumidor. Ou seja, atualmente, a publicidade mantém seu papel central na construção e manutenção de marcas fortes e duradouras, que estão se tornando o principal ativo das empresas (DELLAZZANA, 2013, p. 51). Além do papel econômico, a publicidade extrapola os objetivos mercadológicos dos anunciantes. A partir da visão de Cesta Rute (2002), Dellazzana (2013) afirma que a função da publicidade vai além dos objetivos econômicos. Para Rute, a publicidade não fabrica produtos materiais que o público compra e consome, mas fabrica mensagens, informação e até modelos de conduta. Dessa maneira, a publicidade fabrica signos, maneja símbolos, imagens. Quanto a crítica, se deve ao fato dos publicitários estarem presos entre duas exigências contraditórias: por um lado precisam persuadir os anunciantes de que são eficazes e podem modificar as decisões de compra dos consumidores. Porém, por outro lado, os publicitários também precisam persuadir o público do contrário, que sua escolha por determinada marca não foi uma influência dos anúncios e sim uma escolha natural, a “melhor decisão” (DELLAZZANA, 2013). 11WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 6 – Consumismo, Mídia e Propaganda. Fonte: YouTube (2018). Essa decisão precisa transparecer acontecer de forma natural para o consumidor, pois caso contrário pode suscitar hostilidade, trazendo efeitos contrários aos desejados. Segundo Gualda (2002, apud DELLAZZANA, 2013) por meio da publicidade, o produto se converte em algo para conseguir outros atributos intangíveis, um carro se transforma na chave para a liberdade, por exemplo. O receptor se converte em consumidor de algum produto que antes não comprava e adquire hábitos novos. Esses aspectos estão ligados a função persuasiva da publicidade. A publicidade está ligada a um processo de comunicação persuasiva, que através dos meios de comunicação dá a conhecer um produto ou um serviço, com o objetivo de informar e influenciar sua compra. Para isso, pode recorrer a descaracterização original de uso do produto, incitando no indivíduo através das associações imaginárias que ele estabelece entre o produto e o que representa a sua posse. A posse está relacionada menos ao uso e funcionalidade, e mais no valor de troca simbólica. Através da comunicação persuasiva, o discurso publicitário tem como tarefa tornar um produto ou serviço necessário e único. Nesse sentido, é atribuído a publicidade a responsabilidade, mesmo que indiretamente, por diversos problemas sociais, na medida em que atua estimulando mais o consumo excessivo do que o consumo responsável, consciente. Para isso, a publicidade cria um filtro sobre seu objeto de venda de tal forma que, mesmo este sendo apenas um objeto, é mostrado como algo especial, muito mais interessante do que realmente é (NIEVES,2008, apud DELLAZZANA, 2013). As críticas à publicidade se devem justamente a esses fatores. 12WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 7 – Marcas. Fonte: Promídia (2018). A respeito da crítica à publicidade e propaganda, Hotchkiss (1949, apud DELLAZZANA, 2013) afirma que a maioria dos primeiros jornais eram instrumentos de propaganda para o benefício dos seus próprios donos e controladores. O autor alerta que nesse momento há pouca diferença em usar um espaço editorial para seu próprio lucro ou vender este espaço para que outros lucrem. Esse fato fez com que a crítica à publicidade começasse a aparecer, ainda que de forma esparsa, dando início as reflexões que identificam as consequências da prática sem um respaldo ético. Sobre venda de espaço editorial, conflito de interesses e a questão ética: Um caso ocorrido em 1938 é descrito pelo autor para exemplificar esta prática: uma matéria revelando os resultados de uma pesquisa científica sobre os danos que o cigarro pode causar na expectativa de vida saiu da pauta dos jornais, cujos maiores anunciantes eram as indústrias do tabaco (DELLAZZANA, 2013, p. 60). Aproveitando a discussão a respeito do caráter ético da publicidade, de acordo com o Código Brasileiro de Autoregulamentação Publicitária: Quadro 2 – Preceitos básicos da ética publicitária Fonte: Código Brasileiro de Autoregulamentação Publicitária 13WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Dellazzana (2013) destaca alguns elementos presentes na publicidade, como a “manipulação técnica, a criação de contextos, as narrativas centradas no mecanismo emocional de gratificação, e a promessa de satisfação de desejos ou superação de frustrações” (DELLAZZANA, 2013, p. 63). No entanto, a autora traz uma outra visão sobre a publicidade, uma espécie de jogo de aceitação entre os envolvidos, em que o público é ciente de suas escolhas: Já Castro (2006) restringe-se à publicidade e também minimiza sua capacidade de manipulação, uma vez que funcionaria como uma espécie de ritual, um jogo em que o anunciante busca a aceitação do público em detrimento de seus concorrentes. Assim, a construção do discurso da publicidade enfatiza o como dizer, em busca do convencimento. Contudo, a autora esclarece que o público reconhece seu papel neste embate e é livre para decidir se quer ou não participar do jogo, aceitando ou não os argumentos do discurso, ou seja, adquirindo ou não o produto ou serviço anunciado (DELLAZZANA, 2013, p. 64). Ainda sobre essa perspectiva, por mais que a publicidade lance mão de recursos persuasivos e sedutores, simulando vantagens e benefícios, projetando um mundo de sonhos, ela depende da adesão do consumidor. Assim, a publicidade ocupa um lugar de importância no sistema econômico, uma vez que atua como instrumento de estímulo ao mercado consumidor (DELLAZZANA, 2013). Outro fator destacado por Dellazzana (2013) é sobre o fato de a publicidade sustentar financeiramente os veículos de comunicação. Para Sant’Anna, Junior e Garcia (2015), a propaganda não pode ser pensada e nem estudada como um fenômeno isolado. Dellazzana (2013) pontua que desde o início, a publicidade e propaganda era considerada uma atividade “duvidosa”, que merecia atenção especial dos cidadãos. O assunto não se esgotou e gera polêmica até hoje. Gomes e Castro (2007) colocam que até metade do século XIX, a publicidade era marcada pelo caráter informativo e foi a partir da Revolução Industrial que a persuasão passou a predominar sobre a informação. O processo de industrialização foi responsável por expandir o mercado e trouxe a necessidade do desenvolvimento da publicidade. Dessa forma, sua evolução ficou associada ao desenvolvimento da sociedade de consumo. A base da publicidade é o incentivo aos bens disponíveis no mercado. Gomes e Castro (2007) elencam os fatores que estão atrelados à publicidade: Quadro 3 – Fatores atrelados à publicidade Fonte: Gomes e Castro (2017). 14WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA As autoras ressaltam a respeito da disseminação da publicidade na programação do rádio e televisão. No entanto, alertam para o fato de que esta presença em uma variedade de domínios não ofusque o que a publicidade realmente é e as áreas com quais se relaciona: a influência mercadológica, a responsabilidade informativa e o caráter persuasivo. A publicidade funciona como uma espécie de ritual, mostra-se a um determinado público aspectos e vantagens de um produto ou serviço, buscando obter sua aceitação e a consequente aquisição (GOMES; CASTRO, 2007). Gomes e Castro (2007) fazem o exame da publicidade sob duas perspectivas: a teoria geral dos sistemas e a teoria da linguagem. Na primeira, a teoria geral dos sistemas, a publicidade é vista como uma rede organizada, pode-se dizer que: ‘Sistema publicitário’ é uma rede organizada de elementos, participantes do entorno geral da comunicação de massa, programados segundo determinado plano para atingir cujo marco referencial é o universo econômico da empresa capitalista (GOMES; CASTRO, 2007, p. 6). Na teoria da linguagem, há o reconhecimento da publicidade como instância produtora de sentido. Gomes e Castro (2007) colocam que a produção de sentido é resultado de uma relação contratual estabelecida entre parceiros, de um lado está o anunciante e do outro, o consumidor. A produção publicitária media o interesse do anunciante e o fortalecimento do consumo. Figura 8 – Dia do anunciante. Fonte: Pinterest (2018). 15WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Sampaio define o anunciante como “aquele que anuncia, de forma esporádica, a venda de um bem por meio de anúncio classificado em jornal ou pela internet até uma grande corporação que está presente diariamente em diversos veículos de comunicação” (SAMPAIO, 2013, Locais do Kindle 899-901). O anunciante usa a propaganda como instrumento de comunicação, faz parte da estratégia de conquista e manutenção de clientes, como também da boa imagem pública. Considerando o predomínio mercadológico na sociedade, o papel da publicidade é decisivo: Todas essas transformações, responsáveis por novas formas de organização e de produção econômica, por novas práticas e hábitos sociais e culturais, geram, também, mudanças nas experiências diárias e, em consequência, na vida das pessoas: produção e consumo tornam-se vitais. Entenda-se por consumo o conjunto de processos socioculturais em que as pessoas se apropriam de bens/ produtos, envolvendo tanto as necessidades básicas – alimentação, habitação, vestimenta, locomoção e lazer – como as consideradas complementares à vida do ser humano (GOMES; CASTRO, 2007, p. 10). Ao se abordar a publicidade pelo viés da linguagem, deve ser levada em consideração os traços cognitivos, interativos e passionais (GOMES; CASTRO, 2007). A dimensão cognitiva se refere à construção de sentido. A interativa considera a publicidade um momento de troca, de interação entre sujeitos organizados. A dimensão emocional corresponde a sensibilização, de preenchimento de vazios, despertar o interesse, o desejo. A perspectiva da linguagem prioriza a produção de sentido. Gomes e Castro (2007) pontuam a publicidade como um fenômeno complexo, ligado a questões sociais, econômicas e culturais. Lipovetsky (2009) no livro “O império do efêmero” coloca que a publicidade tem razões para enxergar um futuro promissor, com o aumento do volume das despesas publicitárias e com a invasão da publicidade em diversos espaços. O autor coloca que o nome das marcas é exibido em toda a parte do cotidiano. Figura 9 – Ciência desvendando a publicidade. Fonte: Pinterest (2018). 16WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TOS DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Para Lipovetsky, as crianças são loucas pela publicidade, os partidos políticos e as grandes administrações de Estado adotam-na alegremente, uma “comunicação socialmente legítima”: Desenvolve-se cada vez mais, ao lado da publicidade de marcas, uma publicidade de serviço público e de interesse geral; vastas campanhas foram lançadas para a segurança nas estradas, o emprego, as mulheres, a economia de energia, as pessoas idosas (LIPOVETSKY, 2009, p. 214-15). O autor também é partidário a respeito da distinção entre publicidade e propaganda “A publicidade, não a propaganda: um universo separa essas duas formas de comunicação de massa que tendemos a ver como uma só” (LIPOVETSKI, 2009, p. 215). Figura 10 – Publicidade e Propaganda. Fonte: Agda Comunicação (2018). Em “O império do efêmero: A moda e seu destino nas sociedades modernas”, Lipovetsky (2009) destaca como arma-chave da publicidade, a surpresa, o inesperado e estabelece uma relação da publicidade com a moda. Para o autor, a publicidade trabalha com princípios da moda, buscando a originalidade a qualquer preço, a mudança permanente, o efêmero. A partir da industrialização, que acelerou a produção dos bens e estimulou o consumo, Lipovetsky afirma: A competição entre as marcas e a estandardização industrial impulsionam uma corrida interminável para o inédito, o efeito, o diferente, para captar a atenção e a memória dos consumidores. Imperativo do novo que respeita, contudo, a regra imprescindível da legibilidade imediata das mensagens e das conveniências do momento (LIPOVETSKY, 2009, p. 215). 17WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O autor segue delineando a relação da publicidade com a moda, pois ambas vivem de “se fazer notar”. Outra estratégia, é recorrer em enunciar proposições de aspecto verossímil, afirmando a qualidade sem precedentes do produto “Omo lava mais branco” ou recorrer a personalidades em “momentos de vida”, no cotidiano. Figura 11 – Publicidade Omo. Fonte: Santa Nostalgia (2018). 18WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O autor também destaca outra era da publicidade, em que os produtos tornam-se estrelas, transformados em “seres vivos”, criação de “marcas pessoa” com um estilo e um caráter. A proposta é comunicar uma personalidade, investindo em um look personalizado, humanizando a marca, dando-lhe alma. Para Lipovetsky (2009) ainda que a publicidade esteja pautada na criação de um “conceito” e criatividade, a estética é um eixo primordial do trabalho publicitário “Valorização plástica do produto, fotos caprichadas, interior de luxo, refinamento dos cenários, beleza dos corpos e dos rostos, a publicidade poetiza o produto e a marca, idealiza o trivial da mercadoria” (p. 218). Figura 12 – Batom Revlon. Fonte: Revista Velha (2018). 19WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Dessa maneira, o autor segue fazendo a relação entre publicidade e moda “Da mesma maneira que a moda, a publicidade se dirige principalmente ao olho, é promessa de beleza, sedução das aparências, ambiência idealizada antes de ser informação” (LIPOVETSKY, 2009, p. 219). Além disso, é interessante ressaltar o caráter persuasivo da publicidade: Como mensagem de persuasão elaborada por criadores especializados, a publicidade liga-se à lógica do poder burocrático próprio das sociedades modernas: embora empregando métodos suaves, trata-se de sempre, como nas instituições disciplinares, de guiar de fora os comportamentos, de penetrar a sociedade até seus últimos recônditos (LIPOVETSKY, 2009, p. 222). Contudo, o autor deixa claro que há limites para a publicidade: Os efeitos da mídia são epidérmicos, a publicidade não tem a força que de bom grado se lhe empresta, a de aniquilar a reflexão, a busca de verdade, a comparação e a interrogação pessoal; ela só tem poder no tempo efêmero da moda. No máximo pode ampliar pseudovalores e retardar por um tempo curto o reconhecimento público do verdadeiro trabalho intelectual em execução (LIPOVETSKY, 2009, p. 228). Sobre propaganda política, para Lipovetsky (2009) não se trata mais de convencer ideologicamente, mas sim de vender um produto na melhor embalagem “A política mudou de registro, foi em grande parte anexada pela sedução: tudo é feito para dar de nossos dirigentes uma imagem de marca simpática, calorosa, competente” (LIPOVETSKY, 2009, p. 230). Figura 13 – Propaganda eleitoral. Fonte: Jornal a Tribuna (2018). 20WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA No caso da política, tudo é feito nos mínimos detalhes para criar uma marca que cative, usando da sedução, sinceridade e menos do “matracar” comum a propaganda política. Pode ser feito através da exibição da vida privada, entrevistas pequenas e discretas, um embate a dois. Todos esses artifícios visam reforçar ou corrigir uma imagem. Figura 14 – Charge horário eleitoral. Fonte: Cachoeira do Macaco (2018). UNIDADE 21WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 22 HISTÓRIA DA PUBLICIDADE E PROPAGANDA NO BRASIL E NO MUNDO ........................................................ 23 DISCIPLINA CONSOLIDADA: PUBLICIDADE E PROPAGANDA ............................................................................ 27 CONTEXTO E DESAFIOS: COMUNICAÇÃO DIGITAL ............................................................................................. 32 HISTÓRIA DA PUBLICIDADE E PROPAGANDA PROF.A DRA. ANA GRACIELA VOLTOLINI 02 22WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, o conteúdo tem como objetivo localizar historicamente a trajetória de publicidade e propaganda, sua inserção na sociedade e no mercado. Para continuar o assunto, iremos abordar sobre o consumidor e a publicidade frente à digitalização e as diversas possibilidades de interação a partir da comunicação digital e seus recursos. 23WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA HISTÓRIA DA PUBLICIDADE E PROPAGANDA NO BRASIL E NO MUNDO A publicidade é definida como a atividade na qual bens de consumo e serviços estão à venda, tentando convencer o público da vantagem de adquiri-los. Gomes (2001) coloca, que, portanto, sempre existiu: desde que o homem, mesmo que artesanalmente, produziu algum bem de consumo e tentou persuadir outro homem a adquiri- lo. A autora destaca que a história da civilização registra vários momentos em que se usou esta técnica de comunicação para reforçar ou criar hábitos de consumo. No entanto, a publicidade em seu sentido atual, tem pouco mais de cem anos “nasceu da industrialização, com o advento da revolução industrial, a produção em série, a urbanização, as grandes lojas de departamentos, os meios de comunicação de massa” (GOMES, 2001, p. 115). A partir da Revolução Industrial, com a substituição do processo artesanal pela fabricação massiva de produtos, amparada por inventos técnicos, o mercado sofreu uma grande revolução. Figura 1 – Tempos Modernos - Chaplin. Fonte: Colégio Web (2018). Propagandas Históricas: https://www.propagandashistoricas.com.br/ Uma grande viagem na história brasileira e mundial. Impressos, VTs, spots e jingles. Centenas de propagandas, um site muito bom para se inspirar com propagandas antigas. 24WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A |U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O aumento da produção levou a se produzir mais do que o meio podia consumir, criando um desequilíbrio a favor da oferta e a necessidade de um instrumento que fomentasse a venda, estimulando a demanda. Foi no século XIX que as condições econômicas e sociais permitiram o nascimento da atividade publicitária originária desta como a conhecemos hoje (GOMES, 2001). Além disso, é preciso destacar também, que foi a partir da Revolução Industrial que se deu a expansão da imprensa: Decorria, por sua vez, do desenvolvimento das técnicas que, desde a Revolução Industrial, vinham modificando completamente o panorama da sociedade capitalista que nela se iniciara. Máquinas e equipamentos cada vez mais aperfeiçoados teriam de determinar o aumento crescente da produção, fosse da tiragem de um jornal diário ou de um periódico, ou de bens de consumo e mercadorias de todos os tipos (SANT’ANNA; JUNIOR; GARCIA, 2015, p. 8). Gomes (2001) ressalta que com o aumento da produção de produtos, a partir da nova condição técnica, os fabricantes e os comerciantes sentiram a necessidade de comunicar-se com o público. Para isso, passam a oferecer seus objetos de consumo nos meios disponíveis: jornais e revistas, marcando o uso do meios de comunicação de massa para a publicidade. Dessa maneira, é estabelecida uma relação entre os meios de comunicação e a publicidade “é necessário que eles surjam para que a publicidade possa usá-los. Mas, por outro lado, ela financia esses meios, através da compra de seus espaços, tornando possível sua existência e sua permanência no tempo” (GOMES, 2001, p. 116). Hotchkiss (1949, apud DELLAZZANA, 2013) define o marco inicial para se refletir sobre a história da publicidade, a documentação existente em jornais impressos no século XVII: O autor afirma que estas publicações periódicas, que tinham de duas a quatro páginas, foram criadas com maior ou menor regularidade depois de 1622, e apresentavam mais publicidade do que notícias (HOTCHKISS, 1949, p. 24). Em 1675, Hotchkiss (1949) lembra que surgiram alguns jornais contendo exclusivamente publicidade, como os classificados de hoje, que não vingaram porque as pessoas não pagavam apenas por isso (DELLAZZANA, 2013, p. 58). Se o meio impresso teve papel fundamental na veiculação da publicidade e propaganda, Silva e Lopes (2007) destacam a chegada do rádio para área: Assim como nas primeiras décadas tiveram destaque o jornal e a revista, na década de 1930 o surgimento do rádio no Brasil inaugurou a era dos jingles e spots,4 que caíram no gosto do brasileiro rapidamente. Os conhecimentos específicos da área também começaram a se difundir. A necessidade de trabalhar com informações que dessem base à criação começou a se afirmar diante do novo quadro de competição (SILVA; LOPES, 2007, p. 161-2). Entretanto, em termos de profissionalização, Silva e Lopes (2007) destacam o lançamento da revista “Propaganda”, em 1937, no Brasil. Nesta publicação eram abordados assuntos da área, com enfoque na necessidade da profissionalização. Ainda, ressaltam, que a década de 1930 foi de muita importância para a publicidade, pois foi neste período que foram alicerçadas as bases para a publicidade brasileira atual. 25WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Em contrapartida, os autores colocam que a década de 1940 foi difícil para a publicidade, por conta II Guerra Mundial, apenas em termos de veiculação. De acordo com Silva e Lopes, o investimento feito em anúncios diminuiu de maneira drástica, ao passo que a profissão se expandiu. Já a década de 1950 marca o surgimento das escolas de propaganda e de comunicação. Com o crescimento da atividade, tornou-se necessária a criação de escolas que formassem profissionais qualificados (SILVA; LOPES, 2007). Além disso, a década marca chegada da televisão: A história da publicidade está ligada aos avanços tecnológicos e aos meios de comunicação, e a chegada da televisão no Brasil foi um passo importante para a transformação do cenário publicitário. A partir da década de 1950, a televisão se desenvolveu rapidamente, tanto nos conteúdos quanto na linguagem e, com isso, promoveu também o rápido desenvolvimento da linguagem publicitária (SILVA; LOPES, 2007, p. 163). Em termos de organização e regulamentação, podemos destacar, nesta perspectiva histórica, o CONAR e a criação do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. Confira abaixo momentos importantes na história do conselho: Figura 2 – Linha do tempo CONAR. Fonte: CONAR (2018). Infográfico - Infográfico mostra a evolução da publicidade na história: https://exame.abril.com.br/marketing/infografico-mostra-a-evolu- cao-da-publicidade-na-historia/ 26WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 3 – Linha do tempo CONAR. Fonte: CONAR (2018). Figura 4 – Linha do tempo CONAR. Fonte: CONAR (2018). Figura 5 – Linha do tempo CONAR. Fonte: CONAR (2018). Figura 6 – Linha do tempo CONAR. Fonte: CONAR (2018). Figura 7 – Linha do tempo CONAR. Fonte: CONAR (2018). 27WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 8 – Linha do tempo CONAR. Fonte: CONAR (2018). Figura 9 – Linha do tempo CONAR. Fonte: CONAR (2018). DISCIPLINA CONSOLIDADA: PUBLICIDADE E PROPAGANDA Gomes (2008) destaca o espaço ocupado pela publicidade no Brasil, entre os países latino-americanos, considerando o número de agências existentes no país. Apesar disso, a autora reforça a importância de tratar a pu- blicidade para além da prática profissional, pois trata-se de uma atividade de natureza complexa e seus efeitos exigem outro tipo de tratamento. O Brasil está entre os países que melhor criam e produzem campanhas publicitárias. A autora destaca o crescimento das faculdades de comunicação que oferecem formação em publicidade em outras regiões, além das capitais e regiões centrais “nos últimos anos, há uma forte tendência à criação de faculdades de publicidade e propaganda em todo o interior das regiões: Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste” (GOMES, 2008, p. 107). Confira outros acontecimentos e fatos na história do CONAR, aces- sando http://www.conar.org.br/ na aba “sobre o CONAR”. Para conhecer mais sobre a publicidade no Brasil, como ela evo- luiu, inovações tecnológicas que promoveram mudanças em sua forma e seu conteúdo, leia: https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/viewFi- le/15627/14159. 28WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Entretanto, o mesmo não ocorreu com a pesquisa acadêmica na área. Dentre as habilitações: Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda, a publicidade é última a ser fomentada. Gomes (2008) atribui o fato a questão de que muitos profissionais estão no mercado e a falta de estímulo das instituições de ensino. Na pós-graduação, a publicidade também não tem sido das mais privilegiadas. Prevalecem os lato sensu (MBA) com ênfase no marketing. Gomes (2008) descreve que a história do profissionalismo publicitário começa na década de 30, em São Paulo, quando algumas agências foram instaladas. Nesse período, o país tinha uma economia baseada na área rural e os produtos geralmente eram importados, pouco se fabricava no Brasil. O primeiro anunciante regular foi a Bayer e sua Aspirina. Figura 10 – Aspirina. Fonte: Santa Nostalgia (2018). 29WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Em 1926, a General Motors se instalou no país, e trouxe com ela a influência americana, ao trazer seus profissionais e montar um departamento próprio, porém, também agregou profissionais brasileiros nesse processo. De acordo com Gomes (2008), as agênciasamericanas foram responsáveis por implementar um padrão de serviço organizado e assim trouxeram modernidade ao setor publicitário. As agências foram responsáveis por formar os primeiros profissionais. Figura 11 – Processo. Fonte: Unicentro (2018). Acerca das mídias para veiculação, o rádio e alguns jornais e revistas foram as principais. No entanto, o rádio teve destaque, representando um novo campo para a publicidade e na fase da comunicação de massa no país (GOMES, 2008). Ainda na década de 30, foram fundadas a Associação Brasileira de Propaganda e a Associação Paulista de Propaganda. Gomes (2008) coloca que o período entre 1950 e 1960 foi de grande desenvolvimento industrial no Brasil, devido à abertura de capital estrangeiro pelo governo Juscelino Kubitscheck e também destaca a chegada da TV, trazida por Assis Chateaubriand. São Paulo passa a ser referência em produção gráfica e criação na América Latina. São Paulo foi responsável por sediar vários fatos importantes para o mundo publicitário, são eles (GOMES, 2008): • A realização do 1º Congresso Brasileiro de Propaganda; • A elaboração do Código de Ética dos Profissionais de Propaganda; • A elaboração das normas-padrão para prestação de serviços às agências; • A criação do Conselho Nacional de Propaganda; • A criação do Instituto Verificador de Circulação (IVC). Com a entrada dos militares no poder, o governo militar precisou despertar a confiança dos brasileiros e estimular o patriotismo, para isso, utilizou da prática da propaganda: 30WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Com a necessidade de divulgar as grandes empresas estatais, além das campanhas sistemáticas do governo em todos os seus níveis (federal, estadual e municipal), o governo militar proporcionou uma “época de ouro” para as agências. Foi o surgimento da elite publicitária brasileira, respeitada no mundo inteiro pela excelente qualidade das campanhas criadas (GOMES, 2008, p. 109). Figura 12 – Propaganda Regime Militar. Fonte: Pinterest (2018). 31WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Com a influência americana no mercado publicitário, a necessidade de preparar profissionais e ascensão da mídia eletrônica televisiva, em 1951, foi criada a Escola de Propaganda do Museu de Arte de São Paulo. Em 1978, a escola passou a denominar Escola Superior de Propaganda e Marketing, a ESPM. Durante um período, a ESPM foi a única responsável pelo ensino da publicidade no país. Em 1968 foram criados cursos de publicidade na Faculdade de Comunicação do Anhembi, na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e na Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (Famecos), entre outras (GOMES, 2008). O ensino da publicidade no Brasil foi pautado no entendimento da publicidade como comunicação persuasiva que atua sobre o público, buscando mudar ou reforçar um comportamento de consumo (GOMES, 2008). Em relação ao currículo, Gomes (2008) coloca que há predomínio de disciplinas técnicas sobre as teóricas, pois a maior parte das instituições está preocupada em fornecer profissionais ao mercado, em detrimento de um egresso que tenha uma atitude mais reflexiva e crítica sobre a área. Quanto a pesquisa acadêmica, segundo Gomes (2008), no que diz respeito ao mercado, a pesquisa nas agências deu um salto qualitativo a partir dos anos 80, com um crescimento bastante significativo de profissionais, que buscou se aperfeiçoar em cursos de especialização. Por ser a publicidade uma área multidisciplinar, é objeto de interesse também de outras áreas de estudo, como Letras, Sociologia, Antropologia, História, entre outras. A partir do ano 2000, com o aumento de cursos de Mestrado e Doutorado e ofertas de linhas de pesquisa que abrangem a publicidade e propaganda, houve um crescimento de pesquisas e artigos publicados na área. Avaliando os conteúdos dos estudos apresentados na Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Gomes (2008) relata que predominam os estudos de caso, especialmente os ligados ao setor varejista, porém já começam a aparecer outras temáticas, como analises retóricas e semióticas das mensagens publicitárias: As perspectivas de análise mais adotadas foram os estudos de linguagem da linguagem, as teorias da comunicação mercadológica (aqui predominando os estudos sobre a marca e defesa do consumidor), a interpretação semiótica, seguidas das análises de discurso, realizadas sob ótica da retórica. Trabalhos sobre os efeitos da publicidade também aparecem, quase sempre ligados ao comportamento do público infantil, além de estudos que privilegiam o tema dos mitos e dos arquétipos criados e usados pela publicidade (GOMES, 2008, p. 113). Além das temáticas citadas, pesquisas no âmbito da publicidade eleitoral e da propaganda política estão cada vez mais incrementadas, aponta Gomes (2008). A autora também coloca que, o núcleo de Publicidade e Propaganda da Intercom é o maior espaço para a produção e estímulo na área. Por fim, Gomes (2008) faz um balanço da produção científica e acadêmica em publicidade e propaganda e avalia que a grande quantidade e trabalhos como estudos de caso e de marketing dificulta o entendimento do objeto publicidade como objeto de comunicação e que por isso, não tenha conquistado local privilegiado nas discussões do campo da comunicação. Confira abaixo “Decálogo da Propaganda”, lançado pela Federação Nacional das Agências de Propaganda (FENAPRO). Um documento com vistas à valorização da publicidade e seu papel essencial no desenvolvimento do País: 32WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 13 – Decálogo da Propaganda. Fonte: 9mm/FENAPRO (2018). CONTEXTO E DESAFIOS: COMUNICAÇÃO DIGITAL De acordo com Carrera (2016), as práticas estratégicas em publicidade estão inseridas em uma gama de outros elementos contemporâneos que foram impactados pelos novos engajamentos sociais que emergiram dos recentes dispositivos tecnológicos digitais. A seguir, colocamos alguns links interessantes para você acessar! Conheça a ESPM, pioneira no ensino de Publicidade: http://www2.espm.br/ Grupo de Pesquisa Publicidade e Propaganda da Intercom http://www.portalintercom.org.br/eventos1/gps1/gp-publicidade- -e-propaganda Grupo de Trabalho - História da Publicidade e da Comunicação Ins- titucional da ALCAR (Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia) http://www.ufrgs.br/alcar/sobre-a-alcar-1/grupos-tematicos-1 33WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Meio e Mensagem: http://www.meioemensagem.com.br/ Notícias do mundo da publicidade e marketing com assuntos mais aprofundados do Brasil e do mundo. Para a autora, não há como negar a reconfiguração dos discursos publicitários em virtude das novas formas de existir e de se fazer visto na sociedade. Segundo dados do CONAR - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, de 2017, dentre os processos, por mídia, a Internet ocupa a maior parte dos casos: Figura 14 – Processos instaurados por mídia. Fonte: CONAR (2018). Com a difusão das tecnologias digitais e a crescente exposição as redes sociais digitais conectadas, novas formas de sociabilidade são instauradas “Ao permitir o imbricamento dessas tecnologias às minúcias da vida em sociedade, revelado no cotidiano das relações sociais, a cultura se vê em transformação, cujos indícios se traduzem de maneira onipresente nas relações e no comportamento interacional” (CARRERA, 2016, p. 180). 34WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 15 – Publicidade online deve superar TV. Fonte: Infosys/Sebrae (2018). 35WWW.UNINGA.BRFU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Sant’Anna, Junior e Garcia (2015) ressaltam, a partir de Castells, uma nova realidade da comunicação cuja linguagem é digital e cujos emissores estão espalhados pelo globo, interagindo uns com os outros, que reflete a existência de uma nova dinâmica da comunicação. Porém, vale ressaltar, que as novas formas não anulam as anteriores. A Comunicação de Massa, tradicionalmente estudada e utilizada pela publicidade, continua fazendo parte da realidade do cotidiano das agências. Carrera (2016) coloca que, no contexto permeado pelos dispositivos digitais e seus desdobramentos, marcado pela velocidade do fluxo informacional, o indivíduo é convocado à ágil participação em todo processo produtivo (CARRERA, 2016). Para Carrera (2016), que argumenta com foco na publicidade e as redes sociais digitais, existe uma modificação de sentido de definições direcionais como a compreensão do ser “amigo”, do gostar de algo (curtir) ou “seguir” alguém ou algum objetivo conferindo nova forma aos trâmites que constituem o consumo. Há também uma alteração significativa na figura do “consumidor”, que nesse contexto adquire poder da ação comunicacional, afastando-se do caráter passivo que lhe era imposto pelas configurações publicitárias e comerciais anteriores ao universo digital. O indivíduo passa a compreender o consumo a partir do compartilhamento do fazer, no qual participa da produção e do consumo quase que simultaneamente, através das diversas ferramentas disponíveis para a socialização e para o desempenho das práticas cotidianas (CARRERA, 2016). Sai de cena a cultura de massa e entra no lugar à cultura colaborativa e descentralizada, onde “o consumo virou participação antes de compra; interação antes de aquisição. É agora, acima de tudo, relacionar-se, envolver-se em conversação” (CARRERA, 2016, p. 182). Carrera aponta (2016) que as redes sociais digitais conectadas proporcionam aos indivíduos ter uma relação com a marca (ao curtir a página no Facebook, por exemplo) uma maneira de exibir o bem simbólico, ajudando a construir a sua referência identitária naquele ambiente. Por meio deste cenário, ficou mais fácil estabelecer uma comunicação com as marcas, há uma modificação dos papéis interacionais, com a alteração do polo de emissão. As implicações desta nova configuração para a publicidade apontam novas direções, como também impõe desafios, a partir da relação de proximidade com o consumidor. Dessa maneira, surge a necessidade das marcas, da publicidade, de estarem mais próximas de seu público “deslocar da exclusão do seu ambiente mercadológico para participar das dinâmicas de sociabilidade que ecoam nesses dispositivos tecnológicos atuais” (CARRERA, 2016, p. 183). Café com Galo: http://www.cafecomgalo.com.br/ Um blog de publicidade que aborda temas além da publicidade, como design, fotografia inovação e etc. 36WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 16 – Pinguim Ponto Frio. Fonte: Geral do Post (2018). Além dos mecanismos de aproximação via rede digital, juntamente é necessário também criar um sentimento de pertença, estabelecer um vínculo de fato com o consumidor “Fazer parte do círculo social dos indivíduos adentrando a sua rede revela que a marca empreendeu uma construção da imagem favorável à socialização: relevante, interessante, agradável” (CARRERA, 2016, p. 183). A partir da proximidade, Carrera (2016) ressalta que é a oportunidade de estabelecer novas relações com o consumidor, em que este pode deixar a desconfiança que consolidava suas percepções a respeito do discurso publicitário, em um processo de reencantamento. Os consumidores deixam de ser meros espectadores, atuando também como produtores ativos de conteúdo relacionados as marcas e ao discurso midiático. Figura 17 – Netflix nas redes sociais. Fonte: Medium (2018). Além disso: Ademais, ocupando lugares flutuantes os indivíduos fazem uso dos recursos tecnológicos disponíveis para atuar de forma coerente ao costume participativo da cultura da convergência (JENKINS, 2008), ou seja, interagem e se relacionam com outros consumidores, são membros de comunidades focadas em marcas ou produtos e buscam experiências e informações num verdadeiro processo coletivo de consumo (CARRERA, 2016, p. 184). 37WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A figura do antigo formador de opinião ganha nova roupagem e recursos ampliados, podendo constituir-se agora como o indivíduo consumidor sem vínculo com o mercado midiático, através do conteúdo que publica em suas páginas online. Esse fato gera preocupações no âmbito da regulamentação. As empresas, ao perceber a força desse indivíduo “influenciador” instauram diversas estratégias utilizando-os como garotos- propaganda, destaca Carrera (2016). Essa relação se dá no oferecimento de produtos em troca de avaliação a ser postada para seus seguidores. Quanto a esta situação, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – CONAR pode ser acionado quando algum leitor/consumidor sentir-se lesado. O CONAR coloca: Você se sentiu ofendido por uma peça publicitária – um filme de TV, spot de rádio, anúncio de revista, jornal, outdoor ou internet, por uma mala direta ou mesmo cartaz de ponto-de-venda? Constatou que o anunciante não cumpriu com o prometido no anúncio? Julgou que a peça publicitária não corresponde à verdade, fere os princípios da leal concorrência ou desrespeita a atividade publicitária como um todo? Se a resposta for sim, você pode recorrer ao CONAR, seja como consumidor, como autoridade, ou como anunciante atingido pela ação de um concorrente. Basta que você se identifique (o CONAR não aceita denúncias anônimas) e envie a sua queixa por escrito. Vale carta manuscrita, fax ou e-mail. Se houver procedência, o CONAR abre um processo ético contra o anunciante e sua agência de publicidade. Se no final da análise o Conselho de Ética considerar que você tem razão, pode recomendar a alteração do anúncio ou até mesmo a suspensão da sua veiculação em todo o país. É importante saber que: - sua denúncia não importa em nenhum ônus a você, como pessoa física. Não é necessário pagar nada tampouco comparecer ao CONAR; - se você for um anunciante, é necessário se associar ao CONAR. De acordo com o CONAR, os dados de 2017 indicam que a maioria das denúncias são realizadas pelos consumidores: Figura 18 – Processos dos consumidores. Fonte: CONAR (2018). 38WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Com o crescimento da publicidade no universo digital, o CONAR tem julgado diversos casos envolvendo anúncios nas redes sociais digitais. O CONAR tem como função impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento ao consumidor ou a empresas e defender a liberdade de expressão comercial. Visa promover a liberdade de expressão publicitária. Fundado em 1980, o Conselho é uma organização da sociedade civil constituída por publicitários e profissionais de outras áreas. O CONAR é responsável pelo atendimento as denúncias de consumidores, autoridades, associados ou formuladas pelos integrantes da própria diretoria. As denúncias são julgadas pelo Conselho de Ética, com total e plena garantia de direito de defesa aos responsáveis pelo anúncio. Quando comprovada a procedência de uma denúncia, é sua responsabilidade recomendar alteração ou suspender a veiculação do anúncio. O CONAR não exerce censura prévia sobre peças publicitárias, se ocupa somente do que está sendo ou foi veiculado. O Conselho é mantido pela contribuição das principais entidades da publicidade brasileira e seus filiados – anunciantes, agências e veículos –, tem sede na cidade de São Paulo e atua emtodo o país. Nas figuras abaixo estão exemplos de decisões de julgamentos de casos envolvendo perfis de influenciadores digitais no quesito “identificação publicitária”, que se refere a identificação de publicidade em postagem realizada nas redes digitais, confira as decisões nos exemplos (Figuras 19 e 20): Figura 19 – Decisões do CONAR. Fonte: CONAR (2018). Acesse a aba “Decisões”, no site do CONAR: http://www.conar.org.br/. 39WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Para Carrera (2016), dentre as inúmeras possibilidades discursivas engendradas pela publicidade no contexto digital, aquelas construídas no seio dos sites de redes sociais tornam a percepção de transformação do lugar de fala da marca e do consumidor ainda mais evidente: Nesse sentido, há a consciência de que a publicidade online fala especialmente sobre conversas, interconexões e partilhas e cujo impacto é mensurado mais pela qualidade das interações e dos compartilhamentos do que pela quantidade de números de audiência (CARRERA, 2016, p. 192). Ao perceber os trâmites de sociabilidade que emerge nos sites de redes sociais, a publicidade resolve absorver esses processos interacionais para a confecção dos seus artifícios retóricos (CARRERA, 2016). Figura 20 – Decisões do Conar. Fonte: CONAR (2018). Sobre o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, criado no final dos anos 70, o governo federal pensava em sancionar uma lei criando uma espécie de censura prévia à propaganda. Se a lei fosse implantada, nenhum anúncio poderia ser veiculado sem que antes recebesse um carimbo “De Acordo” ou algo parecido. De acordo com o CONAR, as implicações burocráticas dessa criação seriam inimagináveis ainda assim desprezíveis diante do retrocesso que tal controle representaria para um país que reconquistava a duras penas seu direito à liberdade de expressão. Diante dessa ameaça, uma resposta: autorregulamentação, sintetizada num Código, que teria a função de zelar pela liberdade de expressão comercial e defender os interesses das partes envolvidas no mercado publicitário, inclusive os do consumidor. 40WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Acesse a aba “Código”, no site do CONAR: http://www.conar.org.br/. Para Carrera (2016), o gênero publicidade, inserido nos ditames atuais, deve considerar a existência de um fluxo não linear da mensagem, em um contexto segmentado das redes sociais online. A publicidade contemporânea deve entender a expectativa do público em participar do processo e que não suporta ser concebido como mera audiência. Sobre o paradigma ideal da publicidade na internet, Carrera (2016) aponta que existe um trinômio interatividade-relevância-experiência. A partir dele, busca-se abarcar a complexidade da cultura contemporânea com o fornecimento de artifícios retóricos os quais provavelmente serão suficientes para a sedução do consumidor atual. A autora coloca também que, no universo da publicidade digital, o compartilhamento é um índice importante da anuência do consumidor às estratégias adotadas. A partir dele, atesta-se a existência da marca dentro desse espaço público validando sua “visibilidade midiática”. Outro aspecto ressaltado por Carrera (2016) é a característica ativa do papel do indivíduo no processo do discurso publicitário a partir das chamadas mídias locativas, por meio dos dispositivos tecnológicos baseados em geolocalização que ajudam a compartilhar experiências locais. A respeito do consumidor, Carrera descreve: Enquanto consumidor, portanto, não se satisfaz com representações diminuídas, simplificadas da sua existência: exige a complexidade que é inerente às suas peculiaridades humanas. Ademais, se contrariado, tem agora o poder do desligamento: se conecta e se desconecta, se comunica e corta o contato em frações de segundo e de acordo com os seus interesses (CARRERA, 2016, p. 199). Ainda sobre o consumidor, em 2017, os dados do CONAR apontam que entre os processos instaurados no que tange a queixa de consumidores, 11,5% da queixas corresponde ao item “Identificação Publicitária”, em que o anúncio deve ser claramente distinguido como tal, seja qual for a sua forma ou meio de veiculação. Esse item é identificado pela 1ª vez nas estatísticas, em 2017, em virtude da publicidade não sinalizada nas redes sociais digitais. 41WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 21 – Processos instaurados. Fonte: CONAR (2018). 42WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Nesse contexto, a marca não esquece o seu papel comercial e persuasivo, “mas adquire novos modos de fazer e de ser com o objetivo de ser aceita nos contextos vigentes” (CARRERA, 2016, p. 199). Figura 22 – Domino’s Pizza. Fonte: Época Negócios (2018). Domino’s Pizza inova em suas redes sociais com fotos sem produ- ção, leia mais sobre: https://epocanegocios.globo.com/Marketing/noticia/2017/09/do- minos-pizza-inova-em-suas-redes-sociais-com-fotos-sem-produ- cao.html UNIDADE 43WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 44 SOCIEDADE DE CONSUMO .................................................................................................................................... 45 CULTURA DE CONSUMO ......................................................................................................................................... 48 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO PUBLICITÁRIA ............................................................................................... 50 CULTURA, CONSUMO E IDENTIDADE PROF.A DRA. ANA GRACIELA VOLTOLINI 03 44WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, o objetivo é identificar a importância da publicidade e da propaganda na vida das marcas. Além disso, veremos os desdobramentos para a sociedade sob a perspectiva do consumo. 45WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA SOCIEDADE DE CONSUMO Burrowes (2007) coloca que os meios de comunicação, em especial a TV, considerando o seu alcance, são promotores do modo de vida e de modelos de felicidade pautado no consumo. De acordo com a autora, os meios são a porta de acesso ao consumo e a propagação de uma ideia de felicidade, a partir da valorização da posse de bens de consumo e exibição de hábitos, muitas vezes cheios de luxo. Barbosa e Campbell (2006) define consumo como um processo social profundamente elusivo e ambíguo “Elusivo porque, embora seja um pré-requisito para a reprodução física e social de qualquer sociedade humana, só se toma conhecimento de sua existência quando é classificado, pelos padrões ocidentais, como supérfluo” (p. 21). É importante destacar que o consumo não é algo negativo, mas necessário. Todos nós consumimos o tempo todo, porém só consideramos consumo a exposição de bens e serviços que parece ostentatória. O destino da produção é o consumo, trata-se de um processo social. No entanto, para a sociedade, ser “consumista” é um estigma. Nesse aspecto, colocam Barbosa e Campbell sobre a relação trabalho e consumo: O trabalho é considerado fonte de criatividade, auto-expressão e identidade. O consumo, por outro lado, é visto como alienação, falta ou perda de autenticidade e um processo individualista e desagregador. Ninguém sente culpa pelo trabalho que realiza, só pelo que deixou de fazer, mas o consumo, especialmente daquilo que se considera bens supérfluos, é passívelde culpa. Não trabalhar é estigma, enquanto não consumir é uma qualidade, moralmente superior ao seu inverso (BARBOSA; CAMPBELL, 2006, p. 21). Se trata, por tanto, de um tema espinhoso, que envolve conflitos. O consumo é ambíguo, pois, por vezes, é entendido como manipulação ou como experiência, ora esgotamento, ora realização (BARBOSA; CAMPBELL, 2006). O ato de adquirir algo, de consumir é permeado de significados positivos e negativos, embora seja necessário e vital para a sociedade o processo de apropriar, utilizar e usufruir de bens e serviços. Para Barbosa e Campbell (2006) a origem do sentido negativo do consumo pode estar relacionada a etimologia do termo “Consumo deriva do latim consumere, que significa usar tudo, esgotar, destruir; e do termo inglês consummation, que significa somar e adicionar” (BARBOSA; CAMPBELL, 2006, p. 21). No país, segundo os autores, o significado ficou mais próximo da primeira dimensão (negativa). O estudo do consumo tem considerado tanto o sentido de esgotamento dos bens materiais, quanto a criação de sentido. Na discussão que tecem sobre o assunto, Barbosa e Campbell (p. 22, 2006) reforçam que toda e qualquer sociedade faz uso do universo material disponível, necessário para a viver: Os mesmos objetos, bens e serviços que matam nossa fome, nos abrigam do tempo, saciam nossa sede, entre outras “necessidades” físicas e biológicas, são consumidos no sentido de “esgotamento”, e utilizados também para mediar nossas relações sociais, nos conferir status, “construir” identidades e estabelecer fronteiras entre grupos e pessoas. 46WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Todavia, para o senso comum, o consumo sempre esteve atrelado ao negativo, à exaustão de algo. Historicamente, essas representações negativas sobre o tema são instauradoras do olhar ocidental para o consumo. Em termos de campo de estudo, trata-se de um tema complexo, que abarca várias atividades, atores, bens e serviços, não estando estes restritos sob a forma de mercadorias, porém, a maioria dos pesquisadores tendem a focar suas análises nas coisas adquiridas. Figura 1 – Tira consumo - Mafalda. Fonte: Imago História (2018). Segundo Barbosa e Campbell (2006, p. 26), o consumo na sociedade contemporânea é: Ao mesmo tempo um processo social que diz respeito a múltiplas formas de provisão de bens e serviços e a diferentes formas de acesso a esses mesmos bens e serviços; um mecanismo social percebido pelas ciências sociais como produtor de sentido e de identidades, independentemente da aquisição de um bem; uma estratégia utilizada no cotidiano pelos mais diferentes grupos sociais para definir diversas situações em termos de direitos, estilo de vida e identidades; e uma categoria central na definição da sociedade contemporânea. Os autores relatam, na perspectiva histórica, que o consumo, a princípio, era considerado algo que afetava o caráter do homem, tornava-o um mau cidadão, fraco. Esse paradigma perdurou por toda a Idade Média até os tempos modernos. Depois, passou para a compreensão de que o consumo era indispensável para o crescimento econômico e a riqueza das nações. O consumo passou a ser visto como um mal necessário, relacionado apenas ao crescimento populacional. Foi só a partir do final do século XVII, que foi estabelecida uma relação positiva entre o aumento do consumo e crescimento econômico (BARBOSA; CAMPBELL, 2006). Por conta do julgamento moral em que se insere o consumo, Barbosa e Campbell (2006) reforçam a caracterização complexa do assunto e que, por isso, desenvolvemos critérios de legitimidade para justificativas sobre o que, quando e por que consumimos. Dessa maneira, costumamos categorizar o que consumimos em “necessidades básicas” e “supérfluas”: Do ponto de vista cultural, necessidades básicas são aquelas consideradas legítimas e cujo consumo não nos suscita culpa, pois podem ser justificadas moralmente. As supérfluas, como o próprio nome indica, são dispensáveis e estão associadas ao excesso e ao desejo. Por conseguinte, consumi-las é ilegítimo e requer retóricas e justificativas que as enobreçam e que diminuam a nossa culpa. Mesmo na sociedade contemporânea, moderna e individualista, na qual as noções de liberdade e de escolha são valores fundamentais, sente-se a necessidade de justificar a compra de alguma forma. E este último aspecto é muito significativo, pois essa necessidade contraria o pressuposto da racionalidade econômica na aquisição de bens (BARBOSA; CAMPBELL, 2006, p. 37). 47WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Nesse esquema, Barbosa e Campbell (2006) colocam que se legitima o consumo de “necessidade” e se crítica o caracterizado como “supérfluo”. Ainda, por trás dessa oposição existe a possibilidade de controlar o consumo alheio, definindo o que se pode e deve ser consumido. Figura 2 – Poster do filme Os Delírios de Consumo de Becky Bloom. Fonte: Google Images (2018). Dando sequência às reflexões, Barbosa e Campbell (2006) destacam que no mundo contemporâneo as relações em torno do consumo são sempre negativas. Do termo, temos derivações como consumista, consumismo que são consideradas de cunho pejorativo. O moralismo permeou e ainda permeia os estudos sobre o consumo, no entanto: É bom lembrar que grande parte do que é atribuído e associado negativamente ao consumo hoje, como a emulação, o materialismo, a competição por status e poder, a valorização da dimensão expressiva dos objetos em detrimento da funcionalidade, entre outros, já se achava presente em outros tempos e em outros mundos (BARBOSA; CAMPBELL, 2006, p. 38). Os delírios de consumo de Becky Bloom (2009). O filme mostra de uma forma divertida os aspectos debatidos nes- ta unidade. 48WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA CULTURA DE CONSUMO De acordo com Mike Featherstone (1995), há três perspectivas sobre a cultura de consumo. A concepção de que a cultura do consumo tem como premissa a expansão da produção, que originou a acumulação de bens e atividades e locais destinados ao consumo. O fato de que as pessoas usam as mercadorias para criar vínculos ou estabelecer distinções sociais. E por fim, a questão dos prazeres emocionais do consumo que provocam excitação física e prazeres estéticos. Segundo o autor, da perspectiva da economia clássica, o objetivo da produção é o consumo. A expansão capitalista ocorreu depois do impulso recebido por parte da ciência e do “fordismo” na virada do século, e que demandou a criação de novos mercados e novos públicos consumidores. Para isso, utilizou-se da publicidade e mídia. Featherstone (1995) aborda no funcionamento de uma “lógica do capital” derivada da produção e uma “lógica do consumo”, que aponta para os modos socialmente estruturados de usar os bens para demarcar relações sociais. Featherstone fala no aspecto “duplamente” simbólico das mercadorias nas sociedades ocidentais contemporâneas. O simbolismo não se evidencia apenas no design e no imaginário embutido na passagem pela produção e marketing, há também associações simbólicas que podem ser utilizadas e renegociadas para enfatizar diferenças de estilo e demarcar relações. Com base na discussão de Douglas e Isherwood (1980), Featherstone apresenta a relação de consumo de três conjuntos de bens: Um conjunto de artigos de consumo geral, correspondente ao setor primário de produção (comida, por exemplo); um conjunto tecnológico, correspondente ao setor secundário de produção (percurso e equipamento capital do consumidor); e um conjunto de informação, correspondente à produção terciária (bens de informação, educação, artes, atividades culturais e de lazer) (FEATHERSTONE, 1995, p. 37). Em termos de distinção, oferta de mercadorias e os grupos de baixo da estruturasocial, Featherstone (1995, p. 38) coloca que “A oferta constante de novas mercadorias, objetos de desejo e da moda, ou a usurpação dos bens marcadores pelos grupos de baixo, produz um efeito de perseguição infinita”. Essa “perseguição” obriga o estrato de cima, o investimento em novos bens buscando reiterar a distância social. O autor também reforça o sentido atribuído ao consumo como: desperdício, excesso e esgotamento. Para Featherstone (1995) os bens podem ser interpretados e usados para classificar o seu portador. A cultura do consumo usa de imagens, signos e bens simbólicos que evocam sonhos, desejos que sugerem uma realização emocional. Para isso, a cultura do consumo insiste na economia do prestígio, com bens que demandam investimentos de tempo e dinheiro. 49WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Amor por contrato (2009). O filme mostra uma família aparentemente perfeita, quando na verdade são funcionários de uma empresa. Trata-se de uma nova estratégia de marketing, através da inserção de famílias em merca- dos de luxo de forma a dar vida aos seus produtos. Figura 3 – Poster do filme Amor por Contrato. Fonte: Google Images (2018). A expressão “cultura de consumo” significa enfatizar que o mundo dos bens e seus princípios são fundamentais para a compreensão da sociedade contemporânea: Isso envolve um foco duplo: em primeiro lugar, na dimensão cultural da economia, a simbolização e o uso de bens materiais como “comunicadores”, não apenas como utilidades; em segundo lugar, na economia dos bens culturais, os princípios de mercado – oferta, demanda, acumulação de capital, competição e monopolização – que operam “dentro” da esfera dos estilos de vida, bens culturais e mercadorias (FEATHERSTONE, 1995, p. 121). 50WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Há uma busca, de acordo com a tendência da cultura de consumo, para diferenciar, estimulando o jogo das diferenças. No entanto, as diferenças precisam ser reconhecidas e legitimadas socialmente. Sampaio (2013) coloca, que a propaganda é uma das grandes formadoras do ambiente cultural e social da nossa época. A publicidade trabalha a partir de dados culturais existentes, recombinando-os, remodelando-os ou até mesmo alterando suas relevâncias, e sobre alguns instintos humanos: a vontade de ganhar, o desejo de aceitação social, a necessidade de autorrealização, o desejo do novo. Para Sampaio, a propaganda age tanto de forma lógica e racional como subjetiva e emocional sobre os consumidores, informando, argumentando, comparando. Para isso, mistura apelos lógicos e emocionais, entre outros elementos, paradoxais e antagônicos, que a publicidade junta e combina nesse processo que tem como propósito maior de gerar nos consumidores, por meio da persuasão, necessidades e comportamentos que beneficiem o anunciante. De acordo com Sampaio (2013, Locais do Kindle 702-712) a propaganda precisa atender a alguns princípios básicos: Criatividade: A propaganda, para se destacar, precisa fugir do comum para chamar a atenção do consumidor. Esta é a primeira grande dificuldade a ser enfrentada pelos profissionais do ramo. Emoção e interesse: Para que a atenção do consumidor, eventualmente conquistada, continue por todo o comercial ou anúncio, a propaganda precisa emocionar e interessar. Pertinência: Propaganda não é arte descompromissada. Ao contrário, tem séria obrigação com a caixa registradora. Por isso, precisa estar ligada ao objetivo que se buscou ao realizá-la. E o consumidor deve sentir essa pertinência, do contrário, a propaganda simplesmente não o motivará. Compreensão: Dificilmente uma pessoa vai se dar ao trabalho de analisar uma mensagem publicitária em busca de seu sentido. O consumidor precisa sentir e entender fácil e claramente a mensagem que a propaganda deseja passar. Primeiramente, a propaganda é aceita ou não. Após essa etapa, é uma mensagem que emociona ou não. E, por fim, a propaganda persuade, convence pela lógica objetiva, ou mesmo subjetiva, ou, então, não atinge o efeito desejado, afirma Sampaio (2013). O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO PUBLICITÁRIA Sampaio (2013) define a propaganda como a divulgação de um produto ou serviço com o objetivo de informar e despertar o interesse dos consumidores para compra ou uso de um produto ou serviço. Trata-se de um processo que envolve: anunciante, consumidor e veículo de comunicação. O anunciante tem algo a comunicar e alguma intenção de influenciar o consumidor, que é o final do processo. Entre o anunciante e o consumidor existe o veículo de comunicação. Este é o meio (televisão, jornal, revista, cartaz, internet etc.) que torna a mensagem do anunciante em contato com o consumidor. O consumidor pode, ou não, se interessar por ela. 51WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Sant’Anna, Junior e Garcia (2015, p. 1) colocam que no campo da comunicação mercadológica “é impossível acreditar que um produto tenha sido adquirido, em qualquer circunstância ou local, sem que houvesse um elemento que informasse ao consumidor a sua existência”. A comunicação sobre a existência de um produto ou serviço que favorece a aquisição, pode acontecer de forma ampla, não apenas através da produção publicitária midiática, mas envolve desde o ponto de venda até o representante da marca. Os autores pontuam que o processo de comunicação consiste em três elementos: um transmissor, uma mensagem e um receptor, em que um dos princípios básicos é que os sinais emitidos só têm significado se o receptor souber interpretá-los. Quanto a influência para promover ou modificar atitudes, o transmissor deve conseguir que o receptor o aceite e o considere. Figura 4 – Modelo comunicacional. Fonte: Knoow.net (2018). Sant’Anna, Junior e Garcia (2015) reforçam que o processo de comunicação, pode acontecer em duas ou mais etapas, atingindo primeiro uma camada da sociedade, os chamados líderes de opinião ou influenciadores, responsáveis por transmitir a mensagem aos que a consultam ou utilizam em forma de conselho ou informação: Casos ocorrem em que, atingidos primeiro pela comunicação, esses líderes na experiência e na formação de opinião apontam sua não adesão à mensagem ou ao produto, e a maioria dos esforços torna-se inútil. Exemplo rápido do jornalismo especializado em automóveis, diante de um grande esforço de lançamento de um modelo por uma montadora: por mais que a propaganda preconize as maravilhas da nova tecnologia embarcada e seus resultados, se a imprensa especializada der um forte parecer contrário, há um enorme risco de todo aquele esforço ser transformado em fracasso. Ou, se vier também daí a opinião positiva, pode reforçar ainda mais o impacto da mensagem publicitária. Porém, nada é tão direto. As pessoas demonstram ter critérios próprios e podem, apesar da propaganda e dos chamados formadores de opinião, apresentar opinião e comportamento diferentes do esperado (SANT’ANNA; JUNIOR; GARCIA, 2016, p. 5). Sant’Anna, Junior e Garcia (2015, p. 6-7) destacam alguns dados de pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Propaganda (Abap), apresentada pela primeira vez ao público em 2010. Na pesquisa, temos que 69% dos respondentes declaram estar expostos, sempre ou frequentemente, à propaganda de produtos ou serviços. Desse grupo, as mulheres se mostraram mais receptivas além de avaliarem melhor os esforços de comunicação. No grupo, também a classe A foi mais favorável, porém, mostrou-se mais crítica. 52WWW.UNINGA.BR FU ND AM EN TO S DA P UB LI CI DA DE E P RO PA GA ND A | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA De acordo com a pesquisa, as principais funções percebidas na propaganda foram: ser informativa (66%), pois serve para divulgar e informar sobre produtos/serviços
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