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Técnicas de Publicidade e Propaganda Sobre Publicidade e Propaganda Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Alexandre Giorgio Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites 5 • Sobre Publicidade e Propaganda • Definições • Publicidade e Propaganda Para que os objetivos da unidade sejam alcançados, é de fundamental importância que você leia cuidadosamente todo o material e realize com atenção as atividades propostas. Nesta unidade, é importante que, durante as leituras e os exercícios, você consiga compreender o significado dos termos: publicidade, propaganda, apolíneo, dionisíaco, modelo AIDA, oferta e demanda. · trataremos das origens, da evolução e de conceitos básicos de publicidade e propaganda. Levantaremos aqui aspectos fundamentais ao lidar com essas disciplinas, entre eles, uma passagem pela história delas, na qual conheceremos o nascimento e a evolução de seus conceitos. Sobre Publicidade e Propaganda 6 Unidade: Sobre Publicidade e Propaganda Contextualização Os estudos mais aprofundados e complexos sobre publicidade e propaganda se iniciam em meados dos anos 1920 e 1930 e rumam até os dias hoje. Eles surgem por conta da demanda passar a ser menor do que a oferta, isso faz com que as empresas precisem descobrir formas de aumentar as vendas para evitar geração de estoque e de perdas. As questões que surgem com mais força e precisam de respostas são: Quais as diferenças entre publicidade e propaganda? Quais as suas funções básicas e pontos em comum? Na minha comunicação persuasiva, devo apelar para o racional ou o emocional? O que é o modelo AIDA? Para respondermos a essas e outras questões relevantes para o estudo dessa intrigante disciplina, será preciso fazer uma viagem importante pela história da industrialização, bem como compreendermos as suas consequências para a comunicação. Esperamos que, ao término desta unidade, as questões propostas acima estejam devidamente respondidas e que estejamos prontos para as questões teóricas e técnicas da disciplina. Bom estudo. 7 Sobre Publicidade e Propaganda Olá, vamos começar o capítulo com uma importante e vital missão: compreender o que é publicidade e propaganda, como elas nasceram e as diferenças básicas entre os termos. Sabemos que são ferramentas de comunicação e de marketing, mas por que existem dois termos que parecem significar a mesma coisa? Outras perguntas podem estar rondando sua cabeça: qual a relação entre publicidade e propaganda e o marketing? Como o marketing lança mão dessas ferramentas? Como funciona uma agência? Essas são questões que procuraremos responder neste texto e, ao final do capítulo, juntamente com as atividades, você estará apto a respondê-las também. Propaganda, comercial, reclame, anúncio e muitos outros nomes que usamos no dia a dia nos fazem imaginar como funciona esse mercado, agora é a hora de começarmos a desvendar esse mistério. Bom estudo, vamos em frente. Definições Como nasceram a publicidade e a propaganda. Um pouco de história é sempre bom para podermos ligar os fatos que conhecemos a outros que estamos por conhecer. Saber de onde as coisas vêm, como nascem e se inserem na nossa vida, ajuda demais na compreensão do mundo. Então, vamos lá: aceite um convite para uma viagem no tempo e na história. A revolução industrial mudou o mundo e transformou a forma como os homens viviam. Se por um lado podemos criticar seus inúmeros efeitos nocivos no modo de viver e trabalhar no mundo inteiro, com a automação mecânica e eletrônica tirando postos de trabalhos de milhares de pessoas e até fazendo com que o homem comece a trabalhar para as máquinas, por outro temos que admitir que não era possível manter um modo de produção artesanal para suprir as necessidades e os desejos de uma população que crescia cada vez mais, que hoje é de aproximadamente 8 (oito) bilhões de pessoas – é difícil dizer com precisão o número exato de pessoas no mundo. Explore Curiosidade. Acesse http://www.worldometers.info/br/ e veja uma estimativa online da população mundial, economia e várias outras. M arcelo C am argo/A B r http://www.worldometers.info/br/ 8 Unidade: Sobre Publicidade e Propaganda Gobelino (tapeçaria) com luiz XIV visitando Gobelein com Colbert e seu irmão Philippe - 1666. Artesãos trabalhando. Wikimedia Commons . Com a revolução industrial, as indústrias passaram a produzir produtos em massa. A ideia sempre foi a de baratear os custos de produção com designs cada vez mais simples e com o emprego de matérias primas mais baratas. Essa busca, podemos dizer com alguma tranquilidade, iniciou-se com a criação das manufaturas reais, que foram iniciativas de alguns monarcas europeus em juntar grupos de artesãos para produção em larga escala de utensílios para o rei e toda a corte. Os principais focos de preocupação foram: mobiliário, louças finas, tecidos, etc. (CARDOSO, 2005). Mas foi em 1667 com luís XIV, Rei de França e de Navarra, que as manufaturas reais tomaram grande força com a criação da “fábrica” de Gobelins, com a ajuda do pintor Charles Le Bun (inventor) e Jean Baptiste Colbert (superintendente de construções). Com essa iniciativa, a França tomou a dianteira histórica na industrialização, servindo mais tarde como modelo para iniciativas privadas no século XVIII, em Lion (França) e na Catalunha (Itália) (CARDOSO, 2005). Como se pode notar na imagem, a indústria têxtil acabou sendo uma das primeiras a receber maior atenção e a proporcionar maior lucratividade. Podemos imaginar que a procura por tecidos, uma vez que todos precisavam se vestir, era enorme, e as fábricas acabaram dedicando maior energia e tecnologia para esse mercado. Era uma época em que a demanda (procura por produtos e serviços) era inferior à oferta (produção e distribuição), praticamente tudo o que se produzia era vendido para alguém. Segundo Umberto Collesei (COLLESEI, 1989, p. 5), a orientação para a produção com foco em produtos de baixo preço, tendo como instrumento a tecnologia produtiva, estende-se até meados dos anos 1920, época em que a produção começa a superar a demanda. É a partir dos anos 1930, contudo, que teremos um cenário em que a indústria irá se firmar, ou seja, é a partir daí que a oferta se tornará definitivamente superior a demanda. 1930-1950: A era do nascimento da pressão de vendas e da Publicidade e Propaganda Ford T em seu lançamento, 1915. Wikimedia Commons A preocupação se altera e muda da produção para a venda, já que a relação entre demanda e oferta mudou. Nos anos 20, a demanda superava a oferta, agora a oferta supera a demanda, principalmente em função da crise de 1929. Este é o período em que as atividades publicitárias e promocionais são mais exploradas, na tentativa de convencer e dirigir o consumidor. Mesmo uma das indústrias mais conhecidas, a Ford Motor Company, fundada por Henry Ford em 1903, 9 que ficou conhecida como a pioneira na utilização da linha de montagem, precisou lançar mão da propaganda e mudar conceitos básicos. Por volta de 1918, a Ford era reponsável pela produção de metade do volume de automóveis que circulavam nos Estados Unidos da América, seu fundador cunhou uma das mais famosas frases do marketing: “O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto”1. O que muitos esquecem de citar é que anteriormente à linha de montagem a Ford oferecia carros de outras cores, incluindo o vermelho. Henry Ford abandonou essa possibilidade de opção aos clientes pois a tinta preta tinha secagem mais rápida e, é claro, gostava dela em seus automóveis. Por causa da forte concorrência, a Ford adotou um modelo de financiamento próprio com a criação da Universal Credit Corporation, que viria a se tornar mais tarde a principal financiadora de veículos dos Estados Unidos. Já em 1924, a Ford utilizava publicidade, como mostra a imagem a baixo. Publicidade comemorativa do décimo milionésimo carro produzido.1924. Ford Newspaper 73, 1924. É razoável imaginarmos que, em meados de 1930, o processo produtivo já era rezoavelmente conhecido e dominado por vários empresários e fabricantes. Isso fez com que a concorrência entre os fornecedores ficasse cada vez mais acirrada. O foco de preocupação dos industriais passou a ser o de vender os itens que produziam, uma vez que, com o aumento da variedade de oferta, o cliente passava a ter mais de uma opção de compra e um processo de decisão mais complexo. As linhas de produção começaram a gerar estoque, com o estoque vinha o indesejado custo de armazenamento. Assim, as técnicas de vendas e de publicidade começaram a ganhar grande força e importância para a indústria e para o comércio. A partir da década de 1950, o empresariado percebe que vale a pena entender as necessidades e os desejos das pessoas antes mesmo de partir para a produção. Nasce assim o marketing e a famosa frase: “To sell Jack Jones what Jack Jones buys you have to see Jack Jones through Jack Jones’s eyes” (J.L. CROMPTON apud NALLO, 1999, p. 34). Publicidade e Propaganda Chegou a hora de definirmos e diferenciarmos os termos publicidade e propaganda. Após nosso breve passeio histórico, que nos mostrou como e quando nasceram as técnicas de publicidade e vendas, precisamos definir esses termos de identidades distintas. 1 Tradução livre do autor. Frase escrita em seu livro: My life and work: an autobiography by Henry Ford. 10 Unidade: Sobre Publicidade e Propaganda Publicidade. Existem três designações possíveis para o termo, e por isso mesmo muita confusão a respeito da publicidade. 1. Cunho legal. O termo publicidade é largamente utilizado em Direito, principalmente quando se trata de tornar público algum ato oficial ou legislação, e da comunicação de atos públicos e decisões judiciais. Teremos que ter em mente que o termo publicidade ou propaganda não está sendo utilizada no sentido comercial, mas sim no sentido de tornar público, informar e tornar conhecido. Segundo Bobbio, o termo publicidade no sentido de “tornar público” é uma categoria tipicamente iluminista: Entende-se que a maior ou menor relevância da opinião pública como opinião relativa aos atos públicos, isto é, aos atos próprios do poder público que é por excelência o poder exercido pelos supremos órgãos decisórios do estado, da “res publica”, depende da maior ou menor oferta ao público, entendida esta exatamente como visibilidade, cognocibilidade, acessibilidade e, portanto, controlabilidade dos atos de quem detém o supremo poder. A publicidade assim entendida é uma categoria tipicamente iluminista na medida em que representa bem um dos aspectos da batalha de quem se considera chamado a derrotar o reino das trevas: onde quer que se tenha ampliado o próprio domínio, a metáfora da luz e do clareamento (da Aufklarung ou do Enlightment) ajusta-se bem à representação do contraste entre poder visível e poder invisível (BOBBIO, 2009, p. 103). Muito se critica a utilização desse termo para esses fins, pois parece ser algo meramente formal e obrigatório por força de lei. Na realidade, a simples publicação no Diário Oficial já passa a contar, legalmente, que a população está informada e, a partir daí, o cidadão já não pode alegar desconhecimento de tal alteração na legislação, nova lei ou ato público. Você lê diariamente o Diário Oficial? Nem eu. 2. Herança inglesa e norte-americana. Publicidade pode ser entendida como tradução do termo inglês publicity, que, para norte- americanos e ingleses, significa o que hoje chamamos de mídia espontânea, ou seja, o fato de ter seu produto, serviço ou ideologia disseminada sem que o interessado tenha pagado por ela. Nos diz Sampaio: Publicidade é informação disseminada editorialmente (através de jornal, revista, rádio, TV, cinema ou outro meio de comunicação público) com o objetivo de divulgar informações sobre pessoas, empresas, produtos, entidades, idéias, eventos etc, sem que para isso o anunciante pague pelo espaço ou tempo utilizado na divulgação da informação. (SAMPAIO, 1997, p. 12) O termo foi assim entendido por muito tempo, pois os primeiros livros e publicação traduzidos do inglês para o português não contemplavam a realidade do termo em nossa cultura. Podemos entender que publicity é um falso cognato de publicidade. 11 3. Herança latino-americana. Para nós brasileiros e latino-americanos em geral, a palavra publicidade pode significar coisa bem diferente. Para Maria Arminda do Nascimento Arruda, a publicidade é um conjunto de “atos que possuem como objetivo dominante incentivar o consumo de produtos” (ARRUDA apud PINHO, 1991, p. 26). Aqui sim temos o termo adequado à nossa cultura e prática mercadológica. A palavra inglesa advertising, segundo Rafael Sampaio, significa Anúncio comercial, propaganda que visa divulgar e promover o consumo de bens (mercadorias e serviços); assim como a propaganda dita de utilidade pública, que objetiva promover comportamentos e ações comunitariamente úteis (não sujar as ruas, respeitar as leis de trânsito, doar dinheiro ou objetos para obras de caridade, não tomar drogas, etc.) (SAMPAIO, 1997, p. 12). Os termos Publicidade e Propaganda têm significados diferentes, apesar disso, o mercado utiliza esses termos indistintamente, ou seja, uma agência de propaganda faz o mesmo trabalho de uma agência de publicidade. Assim, como o próprio mercado publicitário, a legislação vigente que trata da atividade profissional também não diferencia publicidade e propaganda. A lei 4.680/65 que dispõe sobre o exercício da profissão de publicitário e de agenciador de propaganda conceitua em seu artigo 3º a agência de publicidade da seguinte maneira: Art. 3º A Agência de Propaganda é pessoa jurídica,... VETADO..., e especializada na arte e técnica publicitária, que, através de especialistas, estuda, concebe, executa e distribui propaganda aos veículos de divulgação, por ordem e conta de Clientes anunciantes com objetivo e promover a venda de produtos e serviços, difundir ideias ou informar o público a respeito de organizações ou instituições colocadas a serviço desse mesmo público (PARAGUASSÚ, 2003). Bem como o Decreto n° 57.690/66, que aprova o regulamento para execução da Lei 4.680/65, quando define o publicitário em seu artigo 1º do capítulo I: A profissão de Publicitário, criada pela Lei nº 4.680, de 18 de junho de 1965, e organizada na forma do presente Regulamento, compreende as atividades daquele que, em caráter regular e permanente, exercem funções artísticas e técnicas através das quais estuda-se, concebe-se, executa-se e distribui-se propaganda. Propaganda. 1. Cunho Religioso. A palavra propaganda foi largamente utilizada pela igreja católica, mais precisamente estabelecida pelo Papa Gregório XV em 1622, como Congretio de Propaganda Fide (Congregação para a Evangelização dos Povos), uma congregação de cardeais que tinha a função de formar missionários e dar sustento aos que estavam incumbidos de propagar a fé cristã pelo mundo. Essa organização existe até os dias de hoje. 12 Unidade: Sobre Publicidade e Propaganda 2. Herança inglesa e norte-americana. A palavra propaganda em inglês significa: informação ou ideias de um grupo organizado para influenciar as opiniões e os atos das pessoas. No Brasil, e para a maioria dos países latino- americanos, o termo significa a mesma coisa. De forma sintética, podemos dizer que o termo publicidade é utilizado quando temos um anunciante explícito, que paga por espaço em veículos de comunicação intencionando a troca de produtos ou serviços por valores em dinheiro. Da mesma maneira, podemos dizer que o termo propaganda é utilizado quando temos um anunciante explícito, que paga por espaço em veículos de comunicação intencionando fazer com que as pessoas passem a adotar tal postura ideológica ou que passem a pensar e agir tal qual o anunciante. O mesmo entendimento se dá na Argentina, para citar outropaís latino-americano. Segundo Romina P. del Carmen, a publicidade e a propaganda. También es considerado un hecho comercial, la empresa la debe manejar para hacer conocer el producto y concretar ventas mediante el método más lógico, eficiente y económico, es una herramienta de comercialización. La utilidad, el beneficio o el placer que un producto o servicio pueda aportar, permiten establecer la apelación adecuada para influir a un receptor escogido y específico con el propósito de que compre o utilice lo publicitado”… […] La propaganda es la difusión de ideas políticas, filosóficas, morales, sociales o religiosas, es decir comunicación ideológica o valores culturales. Informa a la población, genera conciencia y modifica conductas. A pesar de que tanto la propaganda como la publicidad pretenden modificar la conducta de la gente, ésta se diferencia de la publicida por su afán de lucro, es decir que no tiene fin comercial. Ejemplos claros de la misma son las propagandas de educacion vial, de la prevención contra el sida, campañas de conservación del medio ambiente, contra la discriminación, etc. (CARMEN, 2003). Os termos publicidade e propaganda têm significados diferentes e, embora na prática esses termos sejam utilizados indistintamente, para o nosso trabalho essa diferença é crucial. Podemos concluir que os termos Publicidade e Propaganda se assemelham ao conceito de advertising, de origem inglesa, e significam coisas diferentes, e assim devem ser tratados. Exemplos. Para diferenciarmos de forma clara e didática os dois termos, utilizaremos dois anúncios com temas muito parecidos, mas que se diferem por força de sua natureza. Em 2014, o ministério da saúde lançou uma campanha focando a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e Aids com o slogan: “Se tem festa, festaço ou festinha, tem que ter a camisinha”. 13 Peça da campanha para o sexo seguro no carnaval. Ministério da Saúde/Governo Federal Veja um filme publicitário em vídeo da campanha: https://www.youtube.com/ watch?v=6NHIAv-Xkjg Nesse exemplo, fica evidente que não há interesse do governo brasileiro em vender um produto ou serviço, a intenção aqui é a de fazer um alerta ideológico com uma mensagem clara: se for fazer sexo, use camisinha. A finalidade ideológica está evidente, portanto trata- se de uma propaganda. Vejamos agora outro exemplo de teor similar, mas com evidente cunho comercial. Publicidade da marca de camisinha Olla com a cantora Anita. Divulgação Veja o filme: https://www.youtube.com/ watch?v=1xT-Z0GJxOI Nesse exemplo, fica evidente a tentativa da Olla de fazer com que a pessoa que se interesse pelo produto camisinha procure e adquira um preservativo da sua marca, ou seja, a mensagem explícita é algo como: se for comprar camisinha, compre uma da marca Olla. A finalidade comercial está evidente, portanto, trata-se de publicidade. https://www.youtube.com/watch?v=6NHIAv-Xkjg https://www.youtube.com/watch?v=6NHIAv-Xkjg https://www.youtube.com/watch?v=1xT-Z0GJxOI https://www.youtube.com/watch?v=1xT-Z0GJxOI 14 Unidade: Sobre Publicidade e Propaganda Congruências. Mesmo com diferenças claras entre os termos, o mercado publicitário e o público médio em geral tratam, como já vimos, os dois termos como sinônimos, ou seja, uma agência de publicidade faz o mesmo trabalho que uma agência de propaganda. Outro fator fundamental que une os dois termos é a sua função de persuasão. As duas técnicas têm em sua essência fundamental a intenção de persuadir as pessoas a comprar alguma coisa (no caso da publicidade), ou de convencer ideologicamente (no caso da propaganda). O mercado de publicidade e propaganda é extremamente aquecido e movimenta verbas milionárias com a intenção de persuadir as pessoas. E, por mais vaidosos que sejam, os publicitários apenas cumprem sua função quando conseguem convencer as pessoas efetivamente. Existem inúmeros casos em que os comerciais e campanhas ganham prêmios e reputação, mas que não conseguiram efetivamente convencer as pessoas a comprarem um produto ou adotar uma ideia. O modelo AIDA. Uma forma muito utilizada para explicar as funções da propaganda é o modelo AIDA. Seu criador foi ST Elmo Lewis, em 1908, e compreende quatro estágios básicos e principais para que uma comunicação funcione. AIDA é um anagrama das palavras: Atenção, Interesse, Desejo e Ação; e pode ser resumido dessa forma: A: A comunicação precisa chamar a atenção do interlocutor. Essa é a primeira função de uma peça publicitária, pois, caso falhe, o interlocutor segue em frente na leitura da revista, na procura por outro canal de televisão, na navegação pelas páginas da Web... Assim por diante, dependendo do meio em que a comunicação foi publicada. Em direção de arte, esse efeito pode ser chamado de quebra do filtro de seleção perceptiva, pois considera que temos a capacidade de selecionar o que nos interessa para darmos nossa atenção. Portanto, a primeira função de uma peça publicitária é conseguir capturar a atenção do interlocutor; I: Capturada a atenção, a peça publicitária precisa ter elementos suficientes para despertar o interesse dessa pessoa. Esses elementos não dependem apenas da peça em si, mas também da natureza do produto, serviço ou ideia que se está “vendendo”. Capturar o interesse também é fundamental, pois, caso falhemos nesse quesito, a pessoa desvia sua atenção para outra coisa qualquer. Temos inúmeros interesses em nossas vidas e é um equívoco imaginarmos que todos possam estar interessados em determinada mensagem apenas por ser chamativa e bem elaborada; D: Despertado o interesse, é necessário que a peça publicitária consiga também despertar o desejo do interlocutor. Temos inúmeras necessidades durante nossa vida, mas a publicidade trabalha com o desejo. A ideia é fazer com que o interlocutor satisfaça uma necessidade (real ou imaginária) realizando um desejo por meio de um produto ou serviço. Percebendo que temos sede, tomamos algum líquido, e os fabricantes de refrigerantes esperam que por meio do desejo provocado pela publicidade as pessoas busquem determinado refrigerante para saciar a sede. A publicidade não funciona quando, 15 despertado o desejo por refrigerante, o consumidor sacie sua sede com a aquisição de um produto concorrente. A publicidade eficaz provoca o desejo e procura fazer com que o interlocutor adquira o produto ou serviço anunciado; A: Despertar o desejo não é o último passo do processo. É preciso que o consumidor parta para a ação, ou seja, que adquira o produto ou serviço anunciado. É muito fácil despertar o desejo de um consumidor do sexo masculino com mais de dezoito anos de classe média quando o produto anunciado é um carro dos sonhos, por exemplo, uma Ferrari, mas a publicidade além de ser boa precisa atingir o público certo, pois são poucas as pessoas no mundo que têm poder aquisitivo para a aquisição de um produto como esse. A publicidade funciona quando cumpre as quatro funções do modelo AIDA e consegue persuadir a pessoa certa no momento correto. Os modelos Apolíneo e Dionisíaco2 Imagem ilustrativa de um cérebro. Thinkstock/Getty Images Já está mais do que provado que nosso cérebro é dividido em duas partes fisicamente separadas. Temos o lobo direito e o esquerdo. Nessa ilustração, podemos ver claramente os dois lados do cérebro humano, porém, o notável é, que além de fisicamente separados, eles têm funções distintas e trabalham de formas diferentes também. De forma geral, o lobo direito (na imagem com a cor azul) é responsável pelas sensações e emoções, enquanto o lobo esquerdo (na imagem coma a cor verde) é responsável pela lógica e linearidade do raciocínio. Explore O vídeo abaixo apresenta uma palestra da neuroanatomista Jill Bolte Taylor, mostra os efeitos de um coágulo (sofrido pela própria cientista) no lado esquerdo do cérebro. • Parte 1 https://www.youtube.com/watch?v=m0O0Il8Vn_g • Parte 2 https://www.youtube.com/watch?v=thWwpYNN3-AA peça publicitária precisa conversar com os dois lados do cérebro humano ao mesmo tempo, ou seja, precisa fornecer argumentos racionais para satisfazer o lado esquerdo do cérebro e emocionais para sensibilizar o lado direito do cérebro. Nietzsche já havia identificado essas características do ser humano, chamou de apolínea quando a comunicação apresenta um viés racional, e de dionisíaca quando apresenta um viés emocional. 2 Conceito trabalhado por João Anzanelo Carrascoza em se livro intitulado Razão e Sensibilidade no texto publicitário. Ver Bibliografia. https://www.youtube.com/watch?v=m0O0Il8Vn_g https://www.youtube.com/watch?v=thWwpYNN3-A 16 Unidade: Sobre Publicidade e Propaganda Na acepção nietzschiana, o apolíneo está ligado ao sonho – são discursos publicitários que exploram a racionalidade, intentam persuadir o público com um conteúdo idílico, ainda que baseado na lógica formal aristotélica. Já a essência do dionisíaco nutre analogia com a embriaguez, especialmente com o sentimento de liberdade provocado. Temos, então, anúncios que exploram os sentidos, o entusiasmo de uma condição de existência dramática ou jubilosa. Portanto, chamamos de apolínea a peça publicitária que apela para o lado esquerdo do cérebro – para a razão, em um discurso lógico e linear. E chamamos de dionisíaco as que são direcionadas ao lado direito do cérebro – por ser intuitivo, caótico, subjetivo e apelar para o “agora”. Esses dois modelos não são excludentes e toda peça publicitária deve trazer os dois tipos de apelos, contemplando os dois lados do cérebro. Certas peças tendem mais para o apolíneo e outras para o dionisíaco, dependendo da natureza do produto ou serviço. Para terminarmos a unidade, vamos ver dois exemplos de campanhas: uma apela mais para o modelo apolíneo (Santander) e outra para o modelo dionisíaco (Brahma). Exemplos de peças publicitárias apolíneas: A campanha traz motivos racionais claros como forma de persuasão. Peça da campanha do Santander 2007. Divulgação Assista também ao filme Cheque essencial, da Agência McCan Erickson 2007: https:// www.youtube.com/watch?v=Xxkq9I7pY3g Exemplos de peças publicitárias dionisíacas: A campanha traz motivos emocionais como forma de persuasão. Peça publicitária para Brahma. Divulgação Assista também ao filme: https://www. youtube.com/watch?v=-4ofFW__1i4 https://www.youtube.com/watch?v=Xxkq9I7pY3g https://www.youtube.com/watch?v=Xxkq9I7pY3g https://www.youtube.com/watch?v=-4ofFW__1i4 https://www.youtube.com/watch?v=-4ofFW__1i4 17 Material Complementar 1) Para compreender mais sobre os mitos (e sobre propaganda) de Apolo e Dioniso: https://www.youtube.com/watch?v=db4smrhWfSg 2) Explicação passo a passo de uso do modelo AIDA: https://www.youtube.com/watch?v=4GzDja0jGw8 3) Vídeo resumido sobre AIDA: https://www.youtube.com/watch?v=itgJCLdyhiQ 4) Mais sobre propaganda com Eugênio Mohallem: https://www.youtube.com/watch?v=kHLW3VyDy44 https://www.youtube.com/watch?v=db4smrhWfSg https://www.youtube.com/watch?v=4GzDja0jGw8 https://www.youtube.com/watch?v=itgJCLdyhiQ https://www.youtube.com/watch?v=kHLW3VyDy44 18 Unidade: Sobre Publicidade e Propaganda Referências Unsupported source type (DocumentFromInternetSite) for source CAR10. BOBBIO, N. 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Rio de Janeiro: Campus, 1997. 19 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br
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