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1 ▪ O que os metais tem em comum, além da sua beleza? O comum entre eles é o brilho característico, e é isso que denuncia o fato de que os elétrons de valência estão presos fracamente aos núcleos presentes nesses materiais. Então, o brilho é resultado da energia fornecida em forma de luz para os elétrons de valência que a absorvem e são excitados a um nível de energia mais e quando retornam ao seu estado fundamental emitem essa luz. Além disso, eles também possuem características elétricas ou eletrônicas, uma vez que os metais são altamente condutores. Embora entre eles exista diferenças grandes de condutividade, em virtude dos elétrons presentes nos orbitais d (por serem mais afastados do núcleo possuem menores interações elétron- núcleo, devido à distância entre eles). No entanto, a presença desses elétrons nos orbitais d, possuem maiores interações com os átomos ao seu redor na ligação metálica, sendo eles do mesmo elemento ou não, podendo compor a corrente elétrica se esse material for submetido a uma diferença de potencial. Se esses elétrons d fazem parte da ligação, ainda que indiretamente, a população desses estados influencia alguma característica dos materiais metálicos, seja ela em função da quantidade de elétrons presentes nessa ligação. Se conseguirmos achar a força de interação entre os átomos que participam dessa ligaçãol, pode-se correlacionar essa grandeza experimental com a diferença no número de elétrons presentes nos orbitais d. Uma forma direta de se ver a força de interação entre átomos em um dado retículo cristalino metálico é a partir dos pontos de fusão dos átomos envolvidos. A figura abaixo trás alguns exemplos: Observando a figura, nota-se que o ponto máximo do gráfico equivale à configuração intermediária do preenchimento dos orbitais d, na qual se tem 5 elétrons. Como o ponto de fusão representa a força de interações entre os átomos, espera-se um aumento linear do escândio metálico (Sc) até o cobre metálico (Cu), no entanto, tem-se um outro efeito. POR QUE ISSO OCORRE? Com o aumento da carga nuclear, mais próximo estão os elétrons e assim menor é a participação desses na ligação, isso explica a diminuição do ponto de fusão e consequente diminuição dos efeitos dos elétrons nos orbitais d. E isso se repete para os outros períodos da tabela periódica. TEORIA DAS BANDAS Utilizando a teoria dos orbitais moleculares, estudaremos como os elétrons estão em um sólido metálico. Usando como exemplo o átomo de sódio (Na), tendo como configuração eletrônica 3s1, de acordo com o diagrama de Pauling. Esse elétron de valência, do ponto de vista energético, possui uma energia específica. 2 Com a aproximação de mais um átomo de Na, há a formação de dois estados de energia, os elétrons interagem entre si, gerando orbitais moleculares, um de menor energia (ligante) e outro de maior energia (anti-ligante). Ao aproximarmos mais um átomo de Na, haverá interação com esse terceiro átomo. A interação do terceiro elétron com o par ligante do Na2 irá gerar um par ligante e anti-ligante. À medida que se aumenta o número de átomos, maior será o úmero de orbitais moleculares, no entanto, a distância entre os orbitais ligantes e anti-ligantes vai diminuindo, de forma que quando todos os elétrons do sódio estiverem acomodados, os estados de energia terão valores tão próximos que parecerá que se tem um contínuo de energia. E a diferença entre dois estados quaisquer será mínima. Com isso, a energia necessária para que o elétron salte de um estado de energia para outro de energia mais elevado éserá muito pequena. A região de alta densidade de elétrons, em vermelho, na figura, representada por estados de energias ocupados recebe o nome de banda de valência. Nessa região tem-se os elétrons em seu estado fundamental, e trata-se do local onde os elétrons ocupam quando não excitados, servindo ainda para as ligações atômicas no sólido. BANDAS DE CONDUÇÃO Existem também as bandas de condução, que são as bandas povoadas pelos estados de energia desocupados, onde os elétrons estão livres. Quando há elétrons nessas bandas, a interação com o núcleo de carga oposta, sendo mais livre para responder a um campo elétrico externo, sendo assim responsáveis pela condutividade elétrica do material. Quando se tem um aumento no número de elétrons de valência, a condução ainda ocorre. Pegando como exemplo o magnésio que tem distribuição eletrônica de 3s2, apesar do mesmo possuir orbital s completo, é altamente condutor, e isso é explicado pelo fato de que a banda de estados formada pelos estados atômicos 3s, ocorre de maneira a se fundir no sólido com uma banda vazia do átomo, que passa a estar parcialmente preenchida, que são os estados 3p, assim o elétron da banda de valência pode ser excitado para uma banda de condução, sendo possível a condução elétrica. A figura abaixo ilustre essa fato. Quando os átomos são aproximados para a formação de um cristal, há a diminuição da distância interatômica, até se ter o que se chama de distância de equilíbrio (r0), nessa distância os 3 estados 3s que antes eram discretos, formados apenas por uma energia, por motivos de interações entre os átomos passam a assumir outros valores de energia até ocorrer à interpolação de bandas entre o orbital 3s e o 3p, como mostra a figura. ▪ E como se explica a condutividade do grafite? O grafite possui carbonos hibridizados sp2, tendo assim um elétron em cada um dos orbitais chamados pz, que são essencialmente puros, de forma que esses orbitais contribuirão para o sistema do grafite, favorecendo interações fracas no eixo z entre as lamelas hexagonais, havendo formações de interações pi entre orbitais pz, gerando uma infinidade de estados eletrônicos cuja energias são muito próximas entre si, de modo que para que os elétrons sejam excitado a energia necessária é bem baixa. Então o sólido gera uma banda de estado parcialmente preenchida, e isso está correlacionado com a condutividade do grafite, que é ordens de grandeza mais alta que a do diamante. No diamante, o carbono faz ligações do tipo sp3 (tetraédrico) saturadas. Cada estado é preenchido com 2 elétrons, então teremos um estado totalmente preenchido formado por orbitais sigma sp3, onde os estados mais próximos de energia dessa banda de valência são os orbitais antiligante carbono-carbono com energia muito mais alta, sendo muito mais difícil o acesso do elétron. Como mostra a figura. Ao descer nos períodos da tabela periódica, pela família do carbono, pegando o silício como exemplo, o mesmo possui configuração de distribuição 3sp3, havendo uma banda de valência completa de elétrons e uma banda de condução formada por orbitais antiligantes entre os átomos de silício. Como o Si tem 3 elétrons em sua camada de valência, a distância entre as bandas de condução e de valência diminui, quando comparada a do carbono, essa distância (diferença) é também conhecida como bandgap. O bandgap do Silício é de 1,23eV correspondendo a radiação no infrvermelho. Quando se tem um sólido de silício, há um aumento bastante visível de sua condutividade. Se o bandgap varia de 1 a 3eV tem-se um material semicondutor, quando varia entre 5 ou mais, como no caso do diamante, material é tido como isolante. A única maneira de tornar um material isolante em condutor é com o aquecimento do material em altas temperaturas ou então com uso de radiações mais alta. Já nos metais quando em temperatura ambiente já se tem elétrons na banda de condução isso devido a menor diferença entre as bandas de condução e valência. 4 DENSIDADE DE ESTADOS Outra forma de representar a teoria de bandas é pela representaçãográfica onde no eixo y tem-se a energia e no eixo x o que se chama de densidade de estados ou densidade de energia, que se refere à quantidade de estados presentes a cada valor de energia. É preciso lançar mão de modelos que represente a nossa realidade e que também tenha de alguma forma uma resolução matemática. Usaremos o modelo da partícula na caixa tridimensional. Nessa resolução temos um elétron que será descrito por uma função de onda dependente das dimensões x, y, z em que a energia desta será calculada a partir da equação de Schordinger, de modo que essa partícula não estará livre por todo espaço, estará presa em certo conjunto de pontos definido por distancias nanométricas. O potencial sentido por essa partícula nessas distâncias será tão alto que a mesma será obrigada a voltar para o intervalo determinado. A energia será assim uma constante dependente da relação das dimensões na caixa e de números inteiros diferentes de zero que representarão as diferentes energias desse sistema. Essa equação da partícula nos diz que a energia desse elétron está livre para movimentar- se dentro da dimensão cúbica da caixa (L=Lx=Ly=Lz), isso representa o metal que possui elétrons de valência livre. A partir da equação plota-se um gráfico de energia em função de k sobre N(E) – densidade de estados, ou seja, a quantidade de estados presentes em cada energia. No estado fundamental, n ≠ 0 (define-se em alguma dimensão a posição do elétron, explodindo sua energia), assumindo n mínimo igual a 1 (nx=ny=nz=1) E(k)=3. O segundo estado quântico seria 2,1,1 ou 1,2,1 ou 1,1,2 sendo E(k)=6. O terceiro 2,2,1 ou 1,2,2 ou 2,1,2 com E(k)=8... Ao observar tais escalas de energia, à medida que se aumenta o valor de n, se tem um numero maior de estados de mesma energia, os chamados estados degenerados. A figura acima mostra a representação eletrônica de um metal, um semimetal e de um isolante/semicondutor. Nos metais, uma banda é parcialmente preenchida (em azul escuro: no máximo 2 elétrons). Sendo bastante condutor. Nos semimetais, tem-se uma banda completamente preenchida e uma outra vazia bem próxima, com essa distância quase nula, temos então uma alta condutividade, não como o metal. Nos isolantes/semicondutores: apresentam um intervalo onde é proibido que tenha intervalos eletrônicos, sendo assim necessário a promoção dos elétrons por meio de uma excitação, onde quando excitado pode 5 responder a um campo elétrico externo, ocorrendo uma condutividade bastante limitada, mas não tão pequena como se fosse um isolante. CONDUTVIDADE EM ÓXIDOS METÁLICOS (DE TRANSIÇÃO) Agora se pode pensar que materiais condutores são metais puros ou ligas metálicas. Se nesse sistema estiver presente um material não metal, o mesmo perderá sua condutividade, o que não é verdade. Olhando para a série de monóxidos metálicos, do tipo MeO (Me=Sc até Cu) observa-se uma diminuição drástica na condutividade, de modo que, os óxidos de vanádio e titânio são condutores (quase metálicos mesmo contendo oxigênio), enquanto que os óxidos de níquel e cobre são, respectivamente, semicondutor de banda larga e isolante. Por que isso ocorre? Em relação ao óxido de titânio, segundo a sua rede cristalina, nas posições octaédricas, como mostra a figura abaixo, cada átomo de titânio está distante entre si por uma ligação ou duas, de titânio-oxigênio. Apesar de o titânio ter carga nuclear relativamente baixa, tem-se estados de mais difusos, menos intensamente conectados ao núcleo, fazendo com fazendo com que esses estados d, mesmo que distantes, interajam entre si formando uma banda parcialmente preenchida, sendo esses condutivos. Olhando agora para o níquel, por ele possuir carga nuclear maior, seu núcleo é mais efetivo com os estados d, de forma que as interações entre esses orbitais não conseguem vencer a distância entre as ligações Ni-O-Ni,sendo assim mais semicondutor/isolante. Sendo assim, os óxidos, dependendo da sua estequiometria ainda interagem entre os metais, configurando ao material um caráter condutor. Além desses, existe outra classe de materiais, os espinérios, onde se tem elementos representativos, como a magnetita Fe3O4, que possui retículo cristalino cúbico de face centrada, tendo sítios octaédricos e tetraédricos. Nos sítios tetraédricos temos os elementos Fe3+ mais, e já nos sítios octaédricos são parcialmente ocupados por íons de Fe2+ e Fe3+. O fato de se ter Fe3+ tanto nos sítios octaédricos como nos tetraédricos tem haver com a energia de estabilização de campo ligante para esse íon é nula, então tanto faz estar em qualquer um dos dois ambientes, se há uma situação de campo fraco imposto pela rede de oxigênio. Esse tipo de material é semimetalico, com uma condutividade bastante elevada, explicada pela transferência de cargas entre os íons Fe2+ e Fe3+ se encontram em octaédricos vizinhos entre si. No caso do óxido de manganês (Mn3O4), apesar de a estequiometria ser aproximada, distância entre os octaédros já não é apropriada, sendo muito longa, de forma que, a transição Mg2+ e Mg3+ não é tão eficiente, sendo assim, isolante. DOPAGEM DE SEMICONDUTORES A dopagem evolve a implantação de uma concentração muito baixa de impurezas de maneira tal que se consiga certas características do material, nesse casão, características de condutividade elétrica. ▪ Dopagem tipo n Considerando o retículo cristalino do Si ultra puro, se tem pares eletrônicos servindo de ligações Si-Si, como já vimos, isso faz com que o material tenha uma banda de condução e uma de valência. Quando se escolhe implantar átomos nesse reticulo em uma concentração tal e de forma tal, que na aja distorção muito grande nesse reticulo e, portanto não aja formação de uma segunda fase. Essa dopagem pode ser feito com um elemento que tenha um elétron a mais, permanecendo com a neutralidade da estrutura, estando esse elétron desobrigado de servir a ligações químicas. Quando essa dopagem é feito com a inserção de carga negativa no material 6 semicondutor, ela é tida como uma dopagem do tipo “n” (negativa) é preciso olhar para o tamanho do átomo de entrada devido à menor solubilidade dessa matriz associada a átomos maiores que o Si, de forma que se procura inserir átomos de tamanho parecido. A vantagem de átomos maiores é que elétron se encontra muito mais livre. Ao inserir esse átomo na matriz, inaugura- se o estado eletrônico intermediário entre a banda de valência e a banda de condução, esse estado tem energia muito elevada. Os elétrons aqui inseridos são facilmente excitados à banda de condução, aumentando a condutividade, sendo esses responsáveis. Dopagem tipo p Ocorre de forma contrária a dopagem tipo n, dopa-se o material localizado a esquerda do grupo ao qual pertence a matriz semicondutora, no caso do silício, boro, alumínio, índio ou gálio. Então, ao inserir o elemento neutro, ele contribui apenas com 3 dos quatro elétrons que o Si contribui, formando o que se chama de lacunas eletrônica, onde há falta de elétron. Esse conjunto de lacunas inseridas pelo elemento dopante inaugura um estado eletrônico intermediário entre as duas bandas, de condução e valência. Esse estado se aproxima da banda de valência, de modo que, a temperatura ambiente pode-se se ter um aumento de elétrons localizados nessa banda intermediária e essas lacunas serão responsáveis pela condutividade elétrica. Do ponto de vista mecânistico, imaginase essa lacuna como sendo uma “batata quente”, ela é responsável por conduzir o elétron, havendo uma migração dessas no retículo cristalino quando exposto a um campo elétrico Condições Vimosentão que em termos da matriz de silício, não se considera elementos longe, mas sim, os vizinhos próximos do Si com pelo menos +/- 1 elétron de valência a mais que o semicondutor hospedeiro, no intuito de manter o máximo de grau de covalência e ser inseridos, substancialmente, no retículo. Se usarmos uma situação muito distante do hospedeiro, a diferença brusca da valência causa uma diminuição da solubilidade da matriz, podendo formar também nanos cristais de outra fase, o que não é interessante. Os elementos que serão inseridos devem estar presentes em baixas concentrações, formando níveis discretos de energia. Do contrário, ode ocorrer formação de outras fases e bandas com retenção de elétrons nela. Além de poder modificar a estrutura do semicondutor. SUPERCONDUTVIDADE Todo o material que possui elétrons desemparelhados terá alguma capacidade de absorver as linhas do campo magnético. Como exemplos, tem-se o ferro, o cobalto e o níquel, uma vez que esses elementos possuem, 7 individualmente, elétrons desemparelhados em grande quantidade, e excluir isso faz com que a linha magnética do seu interior seja mais densa do que a linha de campo magnético externo, respondendo, dessa forma de maneira mais forte ao campo magnético externo. No caso dos materiais supercondutores, devido a algumas características estruturais, eles não permitem a interação com o campo magnético, e isso faz com que haja repulsões entre a superfície supercondutora resfriada e o gerador de linhas de campo magnético (imã) e dessa maneira, o material levita. Com base nessa levitação, em alguns países há uma tecnologia de ultra alta velocidade e nesse sentido, tem-se uma estrutura extremamente pesada que levita sobre os trilhos pode desenvolver altas velocidades sem consumir um absurdo de energia ou de combustível. Esses tipos de materiais surgiram de um projeto que deu errado. O físico holandês desenvolveu um refrigerador que poderia abaixar a temperatura de substâncias a valores bem baixos, próximo as que existem no espaço sideral, aproximadamente igual a 4K (perto ao zero absoluto), e buscou demonstrar o congelamento dos elétrons em um dado condutor eletrônico, como um metal, utilizando baixas temperaturas. Assim, ele estudou a condutividade elétrica de amostras de mercúrio purificadas e temperaturas bem baixas, e percebeu que congelando movimento eletrônico poderia observar, macroscopicamente, o aumento da resistividade desse condutor, ou seja, a diminuição da condutividade. No entanto, não foi isso que aconteceu, a resistividade diminuía em baixas temperaturas, até zero e dessa descoberta surgiu os supercondutores. Algum tempo depois, esse fenômeno não era tão incomum, sendo possível para diversos materiais da tabela periódica, não somente metais, mas também elementos não metálicos ou semimetálicos, em diferentes condições experimentais. A TEORIA BCS A condutividade dos metais aumenta gradualmente à medida que a temperatura diminui, com exceção de alguns materiais conhecidos como supercondutores, nos quais há uma diminuição de resistividade tendendo à zero em uma determinada temperatura crítica TC. Os supercondutores (explicados pela teoria BCS) não permitem interação com o campo magnético. A diminuição da temperatura diminui a resistência, aumentando a condutividade. Três físicos deram origem a teoria BCS (Bardeen Copper Schrieffer) que, conceitualmente, trás a ideia do porquê em baixas temperaturas alguns materiais são supercondutores. Primeiramente, quando se tem um metal, os átomos, essencialmente, possuem uma carga parcial positiva porque os elétrons de valência, os átomos que formam a rede cristalina estão livres para responder ao campo elétrico externo. Quando se aplica um potencial, de forma a se ter um pólo negativo, provoca-se movimento de um dado elétron (da esquerda para a direita ), em temperaturas ambientes, normalmente, esse elétron choca-se com uma grande quantidade de átomos, uma vez que esses átomos possuem um desvio acentuado da sua posição, devido à vibração existente nos mesmos, aumentando assim a frequência de choques átomo-elétron. Em temperaturas baixas, essa vibração dos átomos se dá numa amplitude bem menor, o movimento atômico fica, essencialmente, 8 congelado ou retardado, de forma que quando o elétron passa por perto provoca um carregamento negativo da região atingindo os átomos ao redor que sofrem um movimento retardado de tal forma que eles tentam se aproximar da região central por onde o elétron passou. Então, ao passar, o elétron provoca uma distorção local (indicado na figura). Essa distorção faz com que a carga positiva naquele ponto seja um pouco mais elevada e ele atrairá, automaticamente, outros elétrons que se encontram mais atrás que se beneficiam dessa carga positiva local que se forma a sua frente. Com o tempo não só ligas metálicas apresentariam uma supercondutividade, os materiais cerâmicos também podem ter essa característica. Nas cerâmicas, os metais possuem cargas formais positivas, na forma iônica. A descoberta dessa supercondutividade nas cerâmicas foi bastante importante, porque à medida que as ligas metálicas apresentam supercondutividades em temperaturas não muito realísticas, ou seja, difícil de atingir, as cerâmicas, por outro lado, alcançam essa supercondutividade em temperaturas muito mais altas (na ordem do nitrogênio líquido) e mais reais e possíveis. MATERIAIS CERÂMICOS A dupla de cientistas que descobriram os materiais cerâmicos fez um experimento com nitratos desses metais (cobre, bário e ítrio), misturaram e colocaram em uma mufla para aquecer com temperatura controlada. As cerâmicas obtidas, eles mediram sua resistência em função da temperatura e perceberam que a supercondutividade se dava em temperaturas muito elevadas, menos negativas, daquelas obtidas com os metais. Do ponto de vista química, as cerâmicas possuem estrutura bastante interessante. Todas elas apresentam cobre, sendo assim, cupratos de outros metais, geralmente metais volumosos ou pesados associados com íons de cobre. É uma estrutura do tipo perovskita, onde se tem nos sítios volumosos “a” cátions e nos sítios “b” tem-se íons de cobre. No caso dos íons de cobre, dependendo da configuração eletrônica associada a ele, ocorre a possibilidade de não se ter, simplesmente, octaedros, mas sim, por efeito Jahn Teller, há distorções dessa simetria em torno do cobre, havendo a formação de pirâmides de base quadrada ou também quadrado planar. Para se obter um material supercondutor pode se ter mais de dois cátions presentes na estrutura desses materiais. Nas cerâmicas, tem-se três estados de oxidação associados ao cobre, conforme mostra a figura. 9 Nessas cerâmicas, a supercondutividade é explicada através do mecanismo de salto eletrônico entre os íons de cobre (fenômeno de condutividade) que é facilitado, isso em virtude, do que se conhece como mecanismo de supercondução, onde há a condução de elétrons pelas vacâncias do Cu3+, de forma que o Cu2+ cede elétrons para o Cu3+ virando Cu3+, esse Cu3+ formado recebe elétrons de outro Cu2+ e assim por diante. A figura abaixo ilustra isso. VIDROS E CERÂMICAS VIDROS: Materiais amorfos, que não possuem ordenamento atômico regular, como os óxidos, metais e materiais orgânicos. CERÂMICAS: Materiais cristalinos, como os óxidos metálicos. VITROCERÂMICAS: Materiais preparados pelo mesmo mecanismo que os vidros, mas que possuem centros cristalinos. Ex: fibras óticas. Para saber se um material é vítreo, basta realizar técnicas de caracterização para validação das fases cristalinas e vítreas (difração de raios-X). Sílicas Os materiais contendo sílica,sem os centros metálicos, se resfriados, de forma lenta, havendo assim tempo para que ocorra a formação do ordenamento cristalino, dando lugar à ocorrência de outra fase cristalina. Podendo esse resultado ser visto, microscopicamente, segundo a figura abaixo. Aluminas As aluminas abre uma gama, bastante grande, de materiais cerâmicos de importâncias tecnológicas grandes. Esse tipo de material é formado por octaedros de AlO6 e esses possuem um arranjo que parte deles são conectados entre si por faces triangulares, formando uma lamela hexagonal, e outra parte conectam-se apenas pelos lados, sendo distorcidos onde o Al está inserido. Aluminossilicatos É a classe de maior abundância na crosta terrestre. Esses materiais são derivados da inclusão de íons Al3+ no retículo cúbico formado por íons O2- na sílica cristalina. Como o alumínio apresenta em sua camada de valência 3 elétrons e o silício 4 elétrons, há a necessidade de se compensar a carga formal negativa da estrutura com cátions adicionais, chamados, cátions de compensação, normalmente 10 íons metálicos dispostos entre as lamelas de SiO4.AlO6. Por conta disso, os alumnossilicatos apresentam grande diversidade estrutural. ZEÓLITAS É uma classe de aluminossilicatos, que surgiu da descoberta de um mineralogista que observou que essas pedras ferviam quando eram aquecidas, termo então derivado do grego, que significa: pedra que ferve. E isso ocorre, devido a presença de poros em sua estrutura, adsorvendo grande quantidade de água. Esse tipo de material é formado por uma rede tridimensional de redes tetragonais conectadas pelos vértices de íons O2- . As características presentes nos aluminossilicatos e, consequentemente, nas zeólitas, de substituição isomórfica entre Si e Al, as tornam materiais de elevada acidez, possuindo grande capacidade de captar pares eletrônicos de bases e também de ceder prótons (ácido/base de Lewis e Browsted). Além disso, as zeólitas possuem sistema de poros bem definidos e repetitivos, ou seja, regulares. Então de acordo com a estrutura própria cada um desses materiais, tem-se canais de simetria e dimensões diferentes. E esses canais de poros, permite que esses materiais tenham características intrínsecas, podendo ser usadas em uma vasta gama de processos industriais, como na catálise e adsorção. VIDROS Os vidros, como já mencionado, são amorfos, compostos, essencialmente, por retículos não ordenados de unidade óxido de silício (SiO4 2-). A fabricação desses materiais é feita em algumas etapas, primeiramente, realiza-se uma liquefação da fonte de silício, sendo essa, normalmente a areia purificada, seguida do processo de laminação. Por função, alguns materiais, controlam o tamanho das cadeias formadas por octaedros de SiO4, de modo a facilitar o processo de modificação da forma dos vidros, sendo esses os chamados modificadores, por exemplo, no intuito de se formar vidro plano, o mesmo é passado por processos de laminação realizado quando o material se encontra em seu ponto de transição vítrea, onde se tem o vidro que não é líquido o bastante para reter sua forma laminar, mas também não é sólido bastante para impedir seu processo de laminação. Os modificadores de rede são metais alcalinos que promovem a formação das ligações das ligações Si-O-Me (Me = metais alcalinos), o que resulta em cadeias de SiO4 menores, resultando em materiais mais maleáveis, e portanto de mais fácil laminação. Contrários aos materiais modificadores existem aqueles, chamados formadores de rede, que aumentam a resistência mecânica dos vidros, aumentando assim o grau de ramificação dos mesmos, formando poliedros de SiOx. 11 Além desses dois tipos, existem ouros adtivos que podem ser adicionados ao vidro. VIDRO TEMPERADO Nos vidros tem-se, então, basicamente, uma estrutura tridimensional amorfa de tetraedros de SiO4 e nos seus interstícios existem íons metálicos que acabam neutralizando a carga do material. Esses íons podem sofrer transformações, onde dependendo, dessa transformação há um aumento da modificação estrutural do vidro. No caso dos vidros temperados, um dos processos é pegar o vidro já laminado e mergulha- lo em solução contendo sal de potássio fundido, podendo ocorrer à troca iônica na superfície (casca restrita externa), de modo que íons, inicialmente, presentes no vidro podem sair do mesmo. Essa modificação locas desse vidro com os íons volumosos de potássio faz com que a estrutura do vidro seja mais rígida na superfície. E por que é preciso aumentar essa rigidez na superfície? Quando um determinado vidro é submetido a uma tensão (uma batida de martelo, por exemplo), inicialmente, as duas partes afetas serão as cascas internas e externas do vidro, até que ele quebre. Na interna, há compressão. Na externa, há distensão. Quando se modifica, então, a superficialmente a casca externa do vidro, obtendo assim, um material mais duro, há a minimização dessa compressão ou distorção do vidro, levando a formação de um material mais resistente do que um vidro não temperado.
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