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FEITO- ÉTICA DA RESPONSABILIDADE SOB UMA PERSPECTIVA DA COMUNIDADE

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO NA REFORMA AGRÁRIA
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
JAIRO JOSÉ DA SILVA SANTOS
EM BUSCA DE UMA ÉTICA DA RESPONSABILIDADE: análise da subjetividade dos indivíduos do assentamento Catalunha
JUAZEIRO- BA
2018
TRABALHO DO TEMPO COMUNIDADE
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
MATÉRIAS ETAPA 4
ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL
ALEXANDRE REIS
ELABORAÇÃO DE TEXTO CIENTÍFICO
FULVIO FLORES
TÓPICOS EM LETRAMENTOS I e II
KLEBER FERREIRA
EM BUSCA DE UMA ÉTICA DA RESPONSABILIDADE: análise da subjetividade dos indivíduos do assentamento Catalunha
Jairo José da Silva Santos
1 INTRODUÇÃO
Os séculos XX e XXI foram palco do capitalismo, característico da propriedade privada, no qual permitiu que diversas regiões ficassem conhecidas internacionalmente por conta das grandes exportações comerciais. Nessa perspectiva, a região nordeste ganhou ênfase pela pluralidade de fazendas férteis, dando ao Submédio do São Francisco — por ser banhado pelo Rio São Francisco — a atual característica de região produtiva, sobre tudo da viticultura famoso por ser o único lugar no mundo que possui produção vinícola em condição semiárida, graças ao sistema de irrigação do rio no qual é banhado.
O Vale do São Francisco vai, assim, atingir seu apogeu comercial constituindo-se como um polo de produção agrícola voltada para a fruticultura irrigada tendo Juazeiro- BA e Petrolina- PE como cidades referenciadas. Com a intensa exigência de fazendas produtivas, as cidades circunvizinhas logo vão implantar novos projetos capitalistas, afim de ampliar sua produção. Foi nesse contexto, que houve a migração de proletários de diversas regiões afim de garantir o sustento familiar pelo esforço do trabalho nestas fazendas. “Entretanto, a fruticultura
irrigada entrou em crise a partir do final da década de 1990 e muitas empresas consideradas
modelos do ‘agronegócio’ adentram em deficiência e falência, uma vez que o Estado (principal agente da política irrigada) corta as linhas de financiamento. ” (AMORIM; ALMEIDA, 1990)
Como consequência, diversas fazendas ficaram improdutivas possibilitando que a lei da Constituição Federativa de 1988 entrasse em vigor:
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. (BRASIL, 1988)
“Na mesma época destacam-se as lutas sociais dos camponeses sem acesso à terra que
exigiam nos dispositivos da lei a aplicação da reforma agrária. [...] depois foram criados
dezenas de assentamentos” (AMORIM; ALMEIDA, 1990). Nascia desse contexto de luta social e reforma agrária, o Assentamento Catalunha, em 1998.
O assentamento Catalunha, situado na zona rural de Santa Maria da Boa Vista- Pe, é considerado um dos maiores assentamentos do Vale do São Francisco por abrigar cerca de 600 famílias. Caracterizada anteriormente por uma forte agricultura familiar e produtiva, Catalunha hoje é um dos assentamentos que merecem atenção em caráter de desenvolvimento. Em contato com a comunidade, fica claro que os órgãos competentes não estão suprindo as necessidades que a localidade vem enfrentando, a ausência de investimento vem, a um longo tempo, afetando todos os campos sociais como a economia, saúde e a educação. Levando em consideração esses aspectos, faz-se necessário, por meio da entrevista, discorrer se os indivíduos levam essa realidade para as urnas na hora de elegerem seus líderes políticos, ou estariam preocupados em obter algum benefício específico que não integram a vida em conjunto. Seria ético tal prática? São questões assim que foram analisados ao realizar esse trabalho.
Parece complicado dar um conceito exato para “o que é ética? ”, pois a ética é vista como uma “daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta” (VALLS, 1993, p. 7). Porém, podemos destrinchar suas características, analisar cada processo no qual está ligada, até então conhecer quais princípios à ética se baseia. É justamente esse o objetivo desse trabalho, identificar sob que ética os indivíduos dessa comunidade são regidos. É, ainda, analisar por meio da retórica e da oratória, os princípios éticos que se insere na comunidade, investigar se o ethos predomina nos processos, bem como se as outras características desse conceito abrangem a sociedade, como a ética de princípios e da responsabilidade tanto na vida particular como no âmbito político.
O devido trabalho foi executado por meio da pesquisa qualitativa, no uso da entrevista, optou-se por usar também trabalhos acadêmicos já realizados nesse âmbito (curso de História do PRONERA) para outras disciplinas. Para não privar a informações acerca da ética só dessa comunidade, foi realizado uma pesquisa online, no estilo formulário, na plataforma Google Forms objetivando adentrar não só na ética estabelecida por outras sociedades, mas também dos princípios pessoais dos indivíduos, falo aqui do caráter. 
PALAVRAS-CHAVE: Ética; Comunidade; Responsabilidade; Assentamento.
2 DESENVOLVIMENTO 
2.1 Acerca da Ética
A ética pode ser entendida como um conjunto de princípios que regem o atuar do indivíduo em sociedade, de forma simplificada, é ela quem garante uma organização social ditando ações, etc. facilmente confundida com as leis sociais a ética perpassa esse termo, mas com pontos semelhantes, pois, ambas se apresentam como normas que devem ser seguidas por todos, além de ambas propor uma melhor convivência entre os indivíduos. No formulário online, das pessoas que participaram, 66,7 % creem que a ética é um conjunto de princípios e valores, outros 23,3 % julgaram como aquilo que orienta a postura/conduta em sociedade e apenas 10% associaram como uma base para a construção pessoal. São respostas similares, mas que foi considerada aquela que incide segundo o seu próprio conceito.
Cada sociedade possui seus próprios códigos de ética. Não se pode, por exemplo, julgar um determinado país pelas leis impostas, uma vez que cada país sabe o que é melhor para seus participantes sociais, possuindo uma forte ligação com os costumes e tradição. É indiscutível, por tanto, criticar uma sociedade por costumes que são repugnantes a nós. Nesse sentido, não se pode dizer, então, que os japoneses são desumanos por consumir carne canina, da mesma maneira seriam julgados de tal forma os brasileiros, e outros países, por consumir carne bovina, já que na índia esse animal é sagrado. Fica evidente que a ética é constituída de contextos e que, de certa forma, gera conflitos quando comparados entre si.
Além disso, a ética no sentido de ethos tem significado de costumes e tradição muito vigente nas sociedades, porém, entrando em declínio com o que chamam de “desenvolvimento”. Foi nesse sentido que “a tradição perdeu a capacidade de obrigar e organizar as ações dos homens em torno de um bem comum, e tivemos a necessidade de criar leis escritas e o Estado, bem como a polícia” como forma de obrigar e organizar aqueles que agem contra os códigos de ética estabelecidos. (REIS, 2017, p. 12)
O material abordado paro o presente trabalho caracteriza a ética em assuntos, onde cada qual possui sentido particular. A ética social, por exemplo, é fundamentada nos costumes, tendo uma forte ligação com o caráter, onde nós julgamos os indivíduos, segundo sua conduta, ser uma pessoa boa ou ruim. Têm como base de análise as obras de Sófocles no qual escreveu a “brilhante” obra Antígona, que tem uma forte característica de caráter e coloca os costumes frente as leis ditas pelo Estado. Já ética racional, no qual Sócrates abordou, tende mais para uma ética ligada a consciência. A ética da responsabilidade, é aquela que visa obter o bem comum, ou seja, interessa a esse conceito asações com um fim que beneficie a todos, como Hans Jonas[footnoteRef:1] caracterizou. [1: Hans Jonas foi um filósofo alemão. É conhecido principalmente devido à sua influente obra O Princípio da Responsabilidade. Seu trabalho concentra-se nos problemas éticos sociais criados pela tecnologia. (WIKIPÉDIA)] 
2.2 A política como plano do bem comum
Dentre as questões analisadas no âmbito de convivência na comunidade, foi averiguado que processo/procedimento políticos eram necessários ser realizados para que beneficiasse a todos os indivíduos da comunidade. Concluiu-se que o procedimento que deveria ser realizado era a implementação do projeto de irrigação agrícola, visto que é de grande importância para que a maioria dos indivíduos executem suas profissões, a de agricultor. Isso só seria possível se todos participassem, seja na participação política, ou em manifestos de cunho social, reivindicando seus interesses. Se todos tivessem em mente que uma escolha própria pode gerar, em conjunto, uma mudança temos nesse sentido, um exemplo da ética da responsabilidade, no qual objetiva o bem comum. E se todos agissem em conjunto para alcançar um determinado objetivo? Certamente, a força de vontade e o objetivo comum poderia facilitar a execução do plano idealizado, pois como dizem a união faz a força!
É viável pensar que a política é a detentora de processos que viabilizam a boa convivência do indivíduo em sociedade, assim, valendo como lei universal, se todos os indivíduos possuíssem a consciência de melhor escolher seus representantes políticos estariam emergindo, consequentemente, para uma sociedade mais “democrática”, pautada na moral e na ética, pois, faz-se necessário o bom conhecimento do candidato. A pergunta 5 propôs se o indivíduo julgava um político, seja no período eleitoral ou na sua vigência, pelos valores que ele próprio considera correto ou, se tudo bem, que esteja com propostas que visem o bem em conjunto; segundo o Entrevistado A “sim, com que acho que é correto e como é correto. Não basta só que o político trabalhe para os interesses da comunidade, mas saber como ele está fazendo isso. ” A ideia sugere que, é preciso que se faça uma análise de acordo com os próprios princípios do que ele considera justo, porém com princípios de promover uma política pública, e essa ideia deve prevalecer ao se escolher um líder político, o que quebra a tese de que a política é pautada no sentimento e na emoção ao invés da razão.
Com um caráter divergente, o entrevistado B parte para uma visão mais cooperativa ao propor que é necessário que o político tenha princípios de atender a todos: “Jamais eu julgo um político só pelo o que acho certo [...]. O mundo não gira só em torno de mim, tem que alcançar os interesses de todos. ” Aqui está a essência de fazer política. Faz-se imprescindível que os indivíduos excluam seus interesses particulares e partam para uma perspectiva pública, pois, assim promovem o desenvolvimento social do país.
O eleitor tem que ter em mente que aquele elegido “deve trabalhar par a o bem público, e deve entender que quando as circunstâncias exigem, ele deve fazer de tudo [...]” É justamente essa característica que se insere no campo da ética da responsabilidade, a noção de compromisso do político, que é preciso em relação a pólis, “deve se firmar em relação aos efeitos de suas ações. ” (REIS, 2017, p. 61).
Nas observações feitas ao longo do período de convivência na comunidade, notou-se a seguinte situação: No período político, vários indivíduos que se candidataram, como de costumes, expõem suas propostas nos assentamentos afim de garantir o voto na urna, na determinada época era para eleger o prefeito e vereadores do município de Santa Maria da Boa Vista. Numa dessas ocasiões políticas, a comunidade propôs uma reunião. Nessa tal, foi estabelecida a seguinte ideia: “Vamos eleger um representante político de dentro do nosso assentamento”. Mas qual o interesse de tal ação? Fazer com que o assentamento venha a ter uma entidade social que beneficie a mesma, ou seja, o vereador ou o próprio prefeito, iria colocar o assentamento Catalunha como prioridade nos processos, como por exemplo; construções, cargos de emprego, reformas, até mesmo o próprio capital, noutras palavras o investimento seria para o assentamento, colocando os demais em um patamar abaixo de desenvolvimento. Seria uma atitude ética, ou melhor, seria justo? 
Nessa perspectiva, vale a pena analisar o primeiro imperativo de Kant: “Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal. ” Seria, então, pensar naquilo que puder valer para todos e não buscando apenas um interesse próprio. “Essa lei moral possui uma objetividade que contém uma condição válida para a vontade de todo ser racional. ” (REIS, 2017, p. 84) Parece plausível a “regra de ouro” na sua versão negativa: “Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você. ” [footnoteRef:2] [2: Tal frase é atribuída ao pensador e filósofo chinês Confúcio, porém, todas as religiões baseiam-se nessa ideia, inclusive o judaísmo e o cristianismo.] 
Analisando esse cenário, num primeiro momento, para a metafísica, seria uma ideia pautada no uso da razão, já que isso foi pensando de tal maneira detalhadamente, classificaríamos como uma virtude dianoética, como diria a ética aristotélica. Posteriormente, se tal atitude fosse concretizada seria crime, pois o responsável seria julgado por desvio de verbas. E se esse conceito de fazer política fosse universalizado pelo imperativo categórico de Kant? Neste caso, teríamos uma política descentralizada, no qual os políticos só iriam privilegiar a sua região, então, na ética aristotélica estaríamos nos referindo a uma virtude ética no qual está ligada ao que julgamos ser justo. Embora seja pensando dessa maneira, essa política “corrupta” é nos dias atuais executada com essas características, a exemplo das comunidades circunvizinhas e muitas vezes dos grandes centros urbanos. Vale lembrar da pergunta 5 que considera a escolha política como algo que deve ser analisada pela visão particular ou de um bem geral, importante ressaltar que o agir é diferente do eleger.
No formulário realizado, foi colocado em questão ao o que à política estava relacionada, ou seja, o indivíduo ao escolher um “bom” líder político, deveria levar em consideração ou seus próprios interesses ou o bem comum. Dos indivíduos participantes, 83% concordaram que a política está associada ao bem comum, ou seja, aos interesses do povo como um todo e apenas cerca de 10% colocaram-na como meio de benefício subjetivo. Na seção livre de respostas, foi deparado-se com a seguinte afirmação: “A política está associada ao bem comum, porém, alguns governantes usam dela para obter princípios próprios. ” Assim, observando sob esse contexto, “a corrupção não pode ser considerada nesse caso — no campo da ética da responsabilidade — porque quem se corrompe visa sempre interesses egoístas, e não políticos. ” (REIS, 2017, p. 61)
Então, não se pode considerar que a política seja um meio de obter benefício próprio, já que ela é cunhada para que sirva aos interesses em comunidade, uma vez que é o próprio povo quem escolhe seus representantes políticos. Não se pode pensar, por exemplo, em uma política individualizada, pois a própria noção de eleger vem do conjunto de indivíduo, pois é necessário ter sempre em mente que “toda ação política visa à sobrevivência do grupo e não apenas de indivíduos isolados. ” (ARANHA; MARTINS. 2009, p. 301)
Sobre isso, Maquiavel situa na sua filosofia a noção de virtú no qual espera que o indivíduo, enquanto líder político, se situe em priorizar ações que objetivem sempre suprir os interesses púbicos e que, posteriormente, garantam que sua candidatura seja estendida. Era esse o ideal modelo de governar que o maquiavelismo observou nas cidades italianas, foi esse conceito de fazer política que deu ao historiador um reconhecimento notável no campo das ciências humanas e políticas ao escrever“O príncipe”, no qual foi idealizado como um manual de como fazer política na pólis.
Ao contrário do que a ética tradicional diz, a virtú, situado no modernismo por Maquiavel, propunha que o governante deveria recorrer a todos os recursos necessários quando o bem comum estivesse em questão, nesse sentido é legítimo o recurso ao mal como promover guerras e o método da violência. O que pode parecer imoral do ponto de vista ético, pode ser a virtú política agindo, objetivando o fim máximo. 
Virtú significa virtude, no sentido grego de força, qualidade de lutador e guerreiro viril. Príncipes de virtú são governantes especiais, capazes de realizar grandes obras e provocar mudanças na história. Não se trata, portanto, do príncipe virtuoso, bom e justo, segundo os preceitos da moral cristã, mas sim daquele que tem a capacidade de perceber o jogo de forças da política, para então agir com energia a fim de conquistar e manter o poder. (ARANHA; MARTINS. 2009, p. 300)
Pode-se então, a partir da pergunta aos entrevistados, discorrer a análise: Os políticos podem dispensar a ética e agir visando o “bem” que venha a beneficiar a vida em comunidade? Segundo o entrevistado D, o político em sua regência jamais deve dispensar a ética, num ponto de vista de ser a reguladora das ações do que é certo e errado, do que é justo e injusto: “Os políticos nunca devem dispensar a ética. Jamais! Se isso acontecesse, como ele iria saber o que é o certo a se fazer? Não existe! ” Sob esse mesmo contexto, o entrevistado A discorreu: 
“O que mais vemos hoje é formas de trabalhar com política usando a ética, claro que poucos fazem isso, mas acredito que para o bem social é usando a ética como o principal meio de agir na comunidade. ” (Ent. A)
Então, sinteticamente, a ética da responsabilidade está ligada ao agir em prol do bem comum, por abrir espaço para uma política de interesses públicos, ao invés de ser pautado, basicamente, para a ação fundada no indivíduo, ou seja, um fim em si restrita as particularidades do indivíduo. Tal era a ideia do imperativo Kantiano, por isso, fez-se necessário a criação de um novo, que o filósofo contemporâneo Hans Jonas atribuiu da seguinte maneira: “Aja de modo a que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma autêntica vida humana sobre a Terra” (JONAS, 2006). Eis, então, como explana o próprio Jonas a urgência de tal passagem, fazendo uma certa objeção ao imperativo de Kant:
O princípio não é aquele da responsabilidade objetiva, e sim o da constituição subjetiva de minha autodeterminação. O novo imperativo clama por outra coerência: não a do ato consigo mesmo, mas a dos seus efeitos finais para a continuidade da atividade humana no futuro. E a “universalização” que ele visualiza não é hipotética, isto é, a transferência meramente lógica do “eu” para um “todos” imaginário, sem conexão causal com ele (“se cada um fizesse assim) [...]” (JONAS, 2006)
 Tendo a sociedade tecnológica como ponto de análise, o que Jonas pensava era que o homem contemporâneo desenvolveu através da tecnociência os mais avançados saberes, dando um certo “poder” e autonomia, mas que, de certa forma, pode colocar a vida em conjunto em perigo, como por exemplo a criação de bombas atômicas, as atuais indústrias que consequentemente levam a poluição etc. por isso ele propõe uma nova ética, aquela reguladora não só da vida privada, mas do campo da convivência em grupo. “Uma ética que, a partir da visão de catástrofes que poderia acontecer no futuro, de um poder previdente, confira ao homem o significado ético”. Essa era a nova ética da responsabilidade que “mostra que a ação do homem precisa ser pautada por uma responsabilidade não somente consigo mesmo, mas com o outro, com o planeta terra e que abre espaços para uma política de interesses públicos. ”(SILVA, 2012) Ou seja, são ações que garantam a permanência humana na terra para as gerações futuras.
2.3 A ética de princípios como reguladora de ações 
Os costumes estão perdendo o espaço no âmbito social e cultural, são algo não tão vigentes. Ao contrário do contexto proposto por Sófocles na peça teatral — Antígona, não se encontra, na realidade, pessoas tão dispostas a dispensar as leis do Estado em prol das leis não escritas. Foi sob essa visão da peça, que foi proposto no formulário e na entrevista a mesma situação, só que voltada para a nossa realidade na pergunta 6: O entrevistado A acha que “o mais adequado a se fazer é entrar com processo para revogar a lei. Sem brigas, sem quebrar leis, e já que o prefeito é autoridade. ” Sugere então, que as leis do Estado são superiores aos costumes, mostrando que o indivíduo, enquanto ser social, deve segui-las, porém, com o direito de expressar sua opinião diante de uma ordem dita. Por isso, a sociedade atual é palco para diversos manifestos sociais, mostrando que nem todos estão contentes com determinada situação.
Ao contrário disso, o entrevistado C diz que: “Meu segmento é sepultar o falecido. Se já tenho meu costume de sepultar os mortos, eu seguirei assim mesmo que eu seja apedrejado.” Nota-se que para ele o mais importante são os costumes atribuídos aos humanos. Nesse sentido seria desumano deixar que animais carnívoros e aves carniceiras devastem o corpo. Nessa perspectiva, as leis não escritas possuem um patamar importante na convivência em sociedade, pois, se não fossem essas, todos viveriam alienados as regras ditas pelo Estado, além de julgar as ações, como o citado, como ato de crueldade e desrespeito. “Os costumes nos dão certas obrigações morais.” (REIS, 2017, p. 13)
O técnico agropecuário (entrevistado D) foi mais afundo na análise da pergunta. Segundo ele “seria errado à política ter tanto influência na tradição, já que é algo muito particular. ” Analisando sob essa perspectiva, é plausível pensar que nos dias atuais o Brasil aderiu a ideia de ser um país laico, que é aquele que não é influenciado pela religião, por considerar que questões religiosas devem pertencer a esfera privada dos indivíduos. Foi esse domínio sob tradição e política que se manifestou na sociedade grega, exposto por Sófocles na sua peça. Associando ética e religião, o formulário realizado buscou expor diferença entre ambas, se existir: 40% dos participantes concordaram que cada uma possui valores subjetivos, ou seja, cada uma possui suas próprias particularidades assim como características subjetivas. Outros 16,7% colocaram ambas como iguais, sendo que, de certa forma, possuem correlação e características semelhantes.
Assim, diante do foi observado, faz-se necessário mesclar ambas ideias, as leis escritas e as não escritas, pois, parece desordenado pensar em uma sociedade com a ausência de uma delas, uma vez que a tradição está muito ligada ao íntimo dos indivíduos e que, em conjunto, é responsável pela miscigenação cultural vigente nas diversas sociedades. Por outro lado, as leis escritas garantem um dever fazer, é ela quem dita as regras a serem seguidas, por isso mesmo faz-se necessário a criação de punição para aqueles que desrespeitarem esse tipo ideal de vivência. Porém, ficou claro que cada sociedade possui seus próprios códigos de ética, cada uma possui suas próprias particularidades, assim, não se pode pensar que uma ação é considerada desrespeitável em um país comparando com outro. 
A subjetividade, numa visão da ética de princípios, dos entrevistados foi analisada nas perguntas 1 e 5, afim de identificar o que era mais importante: os interesses próprios ou os interesses em conjunto. A primeira pergunta partiu para uma análise do que o indivíduo julga importante, se eram os meios utilizados para a obtenção de certa conquista, foi colocado no contexto da realidade da comunidade — a irrigação e investimentos em políticas públicas forma utilizados como objeto— ou se não importava o como, e se, era feito para se obter, ou seja, não haveria uma preocupação no que foi utilizado para obter a conquista desde que seja almejado, para ele valeria tudo. Uma resposta, entre as analisados, foi destacada:
Sim, eu me importo.Acho que não basta somente ter o objetivo, vamos dizer assim, realizado se para isso foi ou for preciso, como você mesmo falou, manifestos, agressões, formas erradas de se fazer tal coisa. É fundamental que nós, como cidadão, sabermos que não importa só no resultado, mas também no que foi feito ‘pra’ chegar até esse resultado. Até para que futuramente não venhamos sofrer com algumas consequências que o ‘resultado malfeito’, vamos dizer assim, possa trazer. (Ent. A)
O entrevistado julga como essencial que o indivíduo esteja ciente de que meios foram utilizados. Ao realizar a pergunta, foi proposto algumas ações de como obter; manifestos, uso da violência (se, ou quando, for necessário), vandalismo, afetar algo (ou alguém), a fim de esclarecer e de trazer à realidade do entrevistado. Ele destaca que toda ação tem consequência, e isso é importante ao estar diante de processos de cunho político e social. Ao usar o vandalismo, por exemplo, como forma de reivindicar é preciso estar ciente de que irá prejudicar, destruir, até mesmo podendo machucar alguém. O entrevistado D, expos que além de importante está ciente das ações, é necessário que haja a participação em conjunto, pois, é a partir da união que as ações são acessíveis. 
Por outro lado, o entrevistado C parte para uma visão mais particular, objetivando apenas o fim das ações, não se importando de como aquilo deve ser feito, levando o projeto de irrigação como exemplo; “Eu só me importo que tenha água! Não importa a encrenca dos outros, importa que tenha água pra ‘nois’ trabalhar. ” A maioria dos indivíduos da comunidade dizem já estarem acostumados com intrigas, por parte de alguns indivíduos que se colocam num patamar de hegemonia. Por isso, é comum relatos de assuntos referentes a projetos sociais, dentro da comunidade, questões de desavenças por parte dos assentados.
Adiante, de certa forma, a ética conduz a assuntos particulares dos indivíduos, nesse sentido faz-se necessário abordar sobre a felicidade no qual o pensador Aristóteles descreveu que é o fim central da vida humana. Aristóteles propõe que o homem em sua trajetória, age de acordo com um fim, toda ação, por tanto, busca atingir um fim último, por isso ouvimos com tanta frequência que vivemos para sermos felizes. Foi nessa perspectiva que o filósofo discorreu que esse fim último é a felicidade, como diz o docente Alexandre Reis:
Qual seria este bem supremo ou finalidade última à qual todas as ações humanas visam? [...]. Todos visam, para além dos fins relativos de nossas ações cotidianas, alcançar a felicidade. O bem supremo ou a finalidade última de toda ação ou propósito humano é a felicidade, que em grego se diz eudaimonia. (REIS, 2017, p. 35)
Na entrevista apresentada, foi proposto duas questões que objetivam analisar esse campo da felicidade sob um olhar da filosofia: A pergunta 2 explana que a felicidade possui uma definição subjetiva, ou seja, o que pode significar felicidade para um indivíduo pode não valer nada para outro, assim, a questão propõe que o indivíduo faça uma reflexão sobre o que ele julga lhe conduzir a felicidade, de forma subjetiva. Como esperado, todas as respostas estavam ligadas as particularidades dos indivíduos. 
Com base nisso, a filosofia aristotélica diz que toda ação possui uma certa objetividade, nesse sentido convém pensar que em toda a vida social do indivíduo ele busca atingir um fim máximo. É notável, que ao discorrer sobre a busca pela felicidade é natural que a maioria dos indivíduos tenham uma perspectiva própria, ou melhor dizendo, não se importam, de certa forma, em algo grande que garanta a felicidade de todos. É imprescindível, então, que os indivíduos busquem uma felicidade em conjunto, pois, “numa vida social ou política, é necessário que eu permita que o outro seja feliz. É, pois, nessa via política, que o caráter ético encontra sua maior perfeição.” (REIS, 2017, p. 45). Nesse sentido, estaria promovendo uma vida moral virtuosa, ao passo que deixaria o egocentrismo hibernando em prol do bem comum, partindo para uma visão altruísta.
A pergunta 3 buscou discorrer sobre esse tema da felicidade, porém, colocou esse termo apenas para se observar até que ponto os indivíduos se submetiam para alcançar seus objetivos. Todos os entrevistados colocaram que não abririam mão daquilo que os constituem como indivíduos em prol da felicidade, para eles a ética, a moral, o caráter e as crenças, são mais importantes que tal. Mas, se Aristóteles afirma que o fim máximo das ações é a felicidade, não convém dispensar certas ideologias para obtê-la? “Saber agir, esse é o tema da ética.” (REIS, 2017, p. 46)
3 CONCLUSÃO
Os indivíduos nascem com a necessidade de interagirem em sociedade, com os outros, com as instituições etc. e são essas interações que moldam a identidade do mesmo, atribuindo-o hábitos, assim como os diamantes, de certa forma, essas interações lapidam os costumes que já lhes são atribuídos antes mesmo de vir ao mundo, já que nossos pais já os adquiriram e serão passados, mais tarde, por meio do processo educativo, seja no cotidiano ou no âmbito escolar. Porém, ao contrário do que muitos pensam, a ética não se limita em carregar a educação como significado, pois, a mesma possui suas próprias particularidades e características subjetivas. Pode-se valer que é um anexo de valores e princípios que age em conjunto com a moral afim de regulamentar as ações dos indivíduos em sociedade. Ao contrário das leis que policiam o indivíduo em sociedade, a ética se fundamenta em padrões pelos quais uma pessoa entende o que é certo ou errado levando-a à tomada de decisões. 
A partir do que foi analisado, pode-se concluir que embora as pessoas tenham em mente as características ditas pela ética pouco se sabe sobre a definição concreta do termo. Temos que cada sociedade possui seus próprios códigos de ética, seus princípios próprios, seus costumes, até o modo de como agir no campo político.
Através da entrevista realizada, pode-se adentrar no contexto político e analisar quais princípios éticos e morais regem a escolha dos indivíduos ao eleger o que consideram um bom líder político. A ética da responsabilidade se faz presente, nesse sentido, ao considerar que o fim máximo da política é suprir os interesses públicos, ao invés de se preocupar em beneficiar o indivíduo de forma isolada. “A ética é uma ciência do bem perseguido do ponto de vista do indivíduo e política é a ciência que estuda como alcançar para bem para todos os indivíduos dentro de uma cidade”. (REIS, 2017, p. 32) Ter isso em mente é abrir os olhos e depreender que a nossa situação política atual nem sempre segue esse ideal correto de governar. Mas será que é possível uma sociedade sem ética ou sem política? Foi isso que a pergunta 4 propôs, e a maioria entende que esses dois ideais devem andar em conjunto para melhor manutenção da sociedade.
Ao mesmo tempo que os indivíduos contribuíram para obtenção de dados para essa pesquisa, eles também adquiriram, de certa forma, conhecimento sobre o agir em sociedade, já que foram provocados a refletir confrontando suas próprias ideologias. Foi essa a forma de obter conhecimento na época dos ensinamentos de Sócrates, fazendo os indivíduos partirem para uma autorreflexão assim como fazer uma autocrítica, pois, o filosofar é questionar ao mesmo tempo que é conhecer.
É notável que as sociedades surgem com uma necessidade da ética fundada no bem comum, surge a obrigação da ética da responsabilidade, no qual os interesses próprios assolam os fins que garantam o bem-estar social. Faz imprescindível essa tese de agir, foi essa perspectiva que a filosofia de Hans Jonas buscava, uma preocupação com as gerações futuras. Era o agir agora para preservar a vida no futuro para as novas gerações. 
É esse ideal que a associação dos produtores do assentamento Catalunha garante, de certa forma, é pensar que a não apropriação de processos de desenvolvimento pode comprometer a perspectiva de convivência do futuro, pois, é notável que muitos estão migrando do assentamentopara outras localidades buscando um melhor sustento e uma vida próspera para sua família.
4 REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena. Filosofando; introdução a filosofia. 4 ed. São Paulo: Moderna, 2009. 479 p. 
AMORIM, Franciel Coelho; ALMEIDA, Moisés Diniz. O capitalismo burocrático e a realidade do assentamento Catalunha: um caso de aplicação da política de reforma agrária. Petrolina, 1990. 25 p. PDF
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Divulgada em 5 de outubro de 1988.
JONAS, Hans. O princípio da responsabilidade: Ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Trad. Marijane Lisboa e Luiz B. Montes. Rio de Janeiro. PUC, 2006.
REIS, Alexandre H. Curso de ética e responsabilidade social. Juazeiro, BA: manuscrito, 2017. 118 p.
SILVA, M. V. Hans Jonas e a ética da responsabilidade: o novum contemporâneo. 2012. 6 p. PDF
VALLS, Álvaro L. M. O que é ética, 7a ed. São Paulo: Brasiliense, 1993.
LINK DO FORMULÁRIO UTILIZADO:
 https://goo.gl/forms/N6PqiZRHRctZ5QNJ3
¨5 APÊNDICE: ENTREVISTA
5.1 Metodologia
A presente entrevista, foi realizada com o intuito de obter dados, acerca da ética, para posteriormente realizar a pesquisa solicitada. As perguntas foram constituídas de forma objetiva para evitar discorrer a assuntos desconexos que não fazem parte do conteúdo, porém, foi respeitável deixar o entrevistado a vontade para concluir seu raciocínio mesmo que fora do contexto, mas esses assuntos não foram destacados nem serão aqui citados. Ao todo, foram propostas seis perguntas objetivas, de cunho pessoal, no qual coloca a prova a opinião do entrevistado frente a assuntos políticos, éticos, costumes e de caráter. De forma alguma houve a influência com opiniões pessoais do entrevistador sobre as respostas do entrevistado.
Cada pergunta foi minuciosamente formulada com a precaução de não ferir os princípios universais, muito menos expor críticas sobre temas como; religião, política, assim como desavenças pessoais etc. para que se evite polêmicas. Foi importante deixar claro que as devidas respostas serão avaliadas apenas pelos professores responsáveis pelas disciplinas, já que ao falarmos de ética e caráter estamos, de certa forma, dando um juízo de valor ao indivíduo, no qual o julga pela presença e ausência destes, com isso muitos temem serem expostos.
Ao obter as respostas das perguntas no qual foi formulado, foi notável que as respostas atingiram o objetivo, porém, é muito vago para um trabalho como este, obter características apenas de uma sociedade, de um grupo, assim como a uma só comunidade, já que quando se fala em ética estamos nos inserindo em contextos em que é diferente nas diversas comunidades. Nessa perspectiva, o formulário do Google Forms foi essencial nessa busca por analogias. Por meio de um link de compartilhamento, foi distribuído para alguns grupos de estudo, em determinada rede social, no qual tem como participantes indivíduos de outros estados que se dispuseram a responder de acordo com seus próprios princípios. Embora seja grande o número de pessoas nesses grupos, foi tomado o cuidado de privar a quantidade de respostas, assim foram um total de 30 (trinta) entrevistados por meio do formulário. 
Foi um número significativo, muito superior ao número dos indivíduos principais entrevistados pessoalmente, mas a ideia foi que essas respostas, do formulário, sirvam apenas como base para comparar as diversas ideologias pessoais acerca da ética, assim como dos costumes, que está contida dentro de determinada sociedade. Desse modo, as respostas obtidas pelo formulário não serão levadas em consideração de forma específica, ou seja, não serão analisadas individualmente, mas sim em conjunto. Assim, foi considerada e confrontada com as outras, as respostas cujo o percentual foi mais elevado, por isso mesmo a ferramenta do Google dá o resultado da pesquisa em gráficos (disponível exemplo de uma das perguntas nos anexos).
5.2 Sobre os entrevistados
 As pessoas no qual foram objeto desse diálogo, foram aquelas na qual possuíam um certo grau de respeito dentro de determinado grupo, pessoas conhecidas popularmente dentro da comunidade, ainda, indivíduos que estiveram desde o processo de ocupação da fazenda até os dias atuais no assentamento. De forma breve e clara, será caracterizado os personagens dessa pesquisa. Por questões éticas e respeito para com o participante, foi decidido manter em sigilo a identidade dos entrevistados, porém, concordaram em expor seus cargos/função dentro da comunidade, com isso, será usado letras em ordem alfabética para nomear o devido entrevistado:
ENTREVISTADO A: O indivíduo possui 19 anos, diz residir no assentamento desde de pequeno, porém, não sabe o ano exato que seus pais decidiram morar até os dias atuais. É recém-formado no ensino médio, mas até o momento não executa nenhuma profissão, ele diz querer ter uma profissão que não seja voltado para o campo, por isso, estuda bastante para ingressar na universidade.
ENTREVISTADO B: A personagens possui 49 anos, mãe de 7 filhos, está na comunidade dede o processo de reforma agrária e diz ter participado do primeiro momento da ocupação até o corte do arame. Segundo ela, por ser mãe solteira, o assentamento foi o melhor local encontrado para a criação dos seus filhos, já que no campo é mais fácil se manter ao contrário da vida urbana. No momento está desempregada, mas já trabalhou em cargos no âmbito escolar como auxiliar de serviços gerais.
ENTREVISTADO C: Casado, pai de quatro filhos, mora na comunidade desde meados do ano 2000 onde executa a profissão de agricultor até o devido momento. Popularmente conhecido por todos na comunidade, o Entrevistado C diz ter autonomia suficiente para “falar o que bem entender” sempre ciente de que, dependendo do que será dito, pode gerar consequências.
ENTREVISTADO D: O indivíduo tem 26 anos, possui grau técnico em agropecuária, porém não exerce essa função na comunidade, tenta emprego na DIAMANTINA- Projetos, que coordena os processos agropecuários da região do São Francisco.
5.3 As perguntas e as respostas 
	As questões levantadas, foram feitas para todos os participantes, já que a ideia é fazer analogias entre elas. Por questões estratégicas, algumas respostas foram sintetizadas afim de serem mais objetivas. As perguntas têm um caráter de serem fechadas, porém, foi explicado que as respostas deviam ser mais detalhadas para que fique claro o ponto de vista do indivíduo.
1- Diante de algumas conquistas para a comunidade, como por exemplo acesso à água para irrigação, acesso a saúde, investimentos, entre outros, você se importaria com os meios utilizados para alcançar essas conquistas? Ou seja, não só os benefícios sociais são importantes como também os meios utilizados?
Entrevistado A: Sim, eu me importo. Acho que não basta somente ter o objetivo, vamos dizer assim, realizado se para isso foi ou for preciso, como você mesmo falou, manifestos, agressões, formas erradas de se fazer tal coisa. É fundamental que nós, como cidadão, sabermos que não importa só no resultado, mas também no que foi feito ‘pra’ chegar até esse resultado. Até para que futuramente não venhamos sofrer com algumas consequências que o ‘resultado malfeito’, vamos dizer assim, possa trazer.
Entrevistado B: Me importo sim, pois eu quero correr atrás com todo mundo. Diz respeito não só a minha comunidade, mas também a mim. Correr atrás, revidar, protestar, resistir, lutar.
Entrevistado C: Eu acho importante que venha água pra ‘nóis’ trabalhar, ‘pra’ que não seja necessário ‘nóis’ sair da nossa comunidade pra ir trabalhar em outros lugares. Eu só me importo que tenha água! Não importa a encrenca dos outros, importa que tenha água pra ‘nóis’ trabalhar do mesmo jeito é a saúde e os investimentos.
Entrevistado D: É importante sim está ciente do plano de fundo de uma determinada conquista, por que hoje em dia vivemos num país muito corrupto (risadas) e não queremos ‘né’ agir dessa forma também, se for o caso. Eu acho importante saber, mas creio também que deve haver uma ação em conjunto, sabe. Todosparticiparem desses meios é essencial, pois, todos juntos gera uma ação tremenda.
2- A felicidade pode ser considerada subjetiva, ou seja, não há um feito que conduz a felicidade de modo universal, cada um possui uma definição própria de felicidade; por exemplo a felicidade de um ladrão pode ser roubar, a de um assassino em série (Serial Killer), matar. Então, o que te traz felicidade? 
Entrevistado A: ‘pra’ você ser feliz não precisa de muito, isso é fato. Como você mesmo falou a felicidade pode ser considerada subjetiva, cada um possui ou tem uma forma de ser feliz etc., Mas ‘pra’ mim, o que me faz feliz é estar de bem comigo mesmo, me aceitar da forma que sou e ser feliz assim mesmo. Ser feliz também é você realizar seus sonhos, seja lá qual for. Está com família, ter saúde, paz... essas coisas que são fundamentais ‘pra’ alguém ser feliz. Ou seja, a felicidade tem que vir de dentro da pessoa mesmo.
Entrevistado B: A minha felicidade depende da felicidade dos outros também. Mas a essência da minha felicidade é ser quem eu sou.
Entrevistado C: O que me traz felicidade é ter a paz com meus próximos, com minha família; ter saúde, ter como trabalhar ‘pra’ ter minhas coisinhas em casa. Bens materiais ‘pra’ mim não traz felicidade, aquele bem só serve enquanto “tá” servindo quando não tá joga fora, pronto acabou não serve mais pra mim, não vale mais de nada.
Entrevistado D: Está de bem comigo mesmo. Fazer o que gosto, está em família e amigos. Ou seja, tudo aquilo que me garantem bem-estar.
3- Digamos que para alcançar a felicidade que você tanto almeja seja necessário abrir mão de tudo que constitui sua moral, sua ética, seu caráter consequentemente sua crença. Você abriria mão disso, totalmente ou parcialmente, para alcança-la? Porque?
Entrevistado A: Não. Caráter, ética, moral e até crenças são coisas que a gente precisar ser/ter para viver em mundo melhor. E nada justifica você deixar de ser ético, deixar de ter moral e sem caráter. E principalmente ‘pra’ alcançar tal felicidade
Entrevistado B: Não! Por que não me convém, dessa forma eu seria muito intransparente, seria infeliz. Ia viver como uma capa, mas por dentro eu estaria muito infeliz, vazia.
Entrevistado C: Eu não troco minhas crenças não (risadas). Tem vários bens que a gente pode descartar ‘pra’ alcançar a felicidade da gente, mas a educação e crença em Deus não entra nisso ai não (risadas) alguns são indispensáveis. Por que dispensar certas coisas pode trazer, ao invés da felicidade, infelicidade.
Entrevistado D: Nossa (risadas). É difícil, porque a vida do ser humano é buscar essa felicidade ‘né’, mas acho difícil que as pessoas abririam mão das crenças, do caráter e etc. Eu mesmo não abriria mão. Acho que nós, de certa forma, alcançamos essa felicidade sem ter que abrir mão do que nos constitui.
4-	No seu ponto de vista, o que é mais importante em uma sociedade: a política ou a ética? Considere que ética pode ter por definição caráter.
Entrevistado A: Que pergunta difícil (risadas). Acho que a ética. Como em tudo, né. Mas sem política não se faz uma sociedade. Porém usando as duas em conjunto, se faz uma sociedade melhor. Enfim, minha resposta final, é que precisamos unir as duas — ética e política — em uma sociedade só!
Entrevistado B: As duas devem andar em conjunto. Não pode faltar nenhuma das duas.
Entrevistado C: A ética. O político depois que consegue o que quer, que é o voto, esquece da pessoa. O caráter não! Em qualquer canto que você entrar você nunca vai esquecer.
Entrevistado D: As duas são importantes! Não consigo imaginar uma sociedade sem ética, muito menos sem política. Ambas são fundamentais ‘pra’ manutenção social.
5- Ainda falando de política, você considera que os políticos devem atuar de acordo com os valores que você julga corretos ou que ele atue com a eficiência que se define pelo bem da comunidade? Obs.: Pergunta intercalada de acordo com a resposta: E os políticos, podem dispensar a ética e agir visando o “bem” que venha a beneficiar a vida em comunidade? 
Entrevistado A: Sim, com que acho que é correto e como é correto. Não basta só que o político trabalhe para os interesses da comunidade, mas saber como ele está fazendo isso. Se é da forma ética, é claro. Sobre a outra pergunta, não. O que mais vemos hoje é formas de trabalhar com política usando a ética. (Claro que poucos fazem isso) mas acredito que para o bem social é usando a ética como o principal meio de agir na comunidade.
Entrevistado B: Jamais eu julgo um político só pelo o que acho certo, jamais! O mundo não gira só em torno de mim, tem que alcançar os interesses de todos.
Entrevistado C: O político deve agir como ele pensa que deve agir! Ele deve reconhecer o que deve ser feito de forma certa.
Entrevistado D: Eu abro mão de julgar pelo o que acho correto, desde de que ele exerça sua devida função de político! Se esforce ‘pra’ mudança acontecer nas comunidades, suprindo as necessidades e etc. Os políticos nunca devem dispensar a ética. Jamais! Se isso acontecesse, como ele iria saber o que é o certo a se fazer? Não existe.
6- Vou te colocar diante uma decisão: Hipoteticamente, um ente querido seu veio a falecer, porém, o prefeito como autoridade máxima da região impõe a seguinte lei: É proibido dar ritual fúnebre aos mortos, como, dispor de caixão, velas, flores, enterro, orações/rezas etc. aquele que quebrar tal regra, será apedrejado até a morte! Diante disso, qual a sua reação?
Entrevistado A: É muito complicado essa situação pois envolve uma tradição muito forte entre as famílias dos falecidos e tal. Momento de muita triste e dor. Acho que o mais adequado a se fazer seja é entrar com processo ‘pra’ revogar a lei. Sem brigas, sem quebrar leis, e já que o prefeito é autoridade.
Entrevistado B: Eu entraria com um processo ‘pra’ revogar. Ou melhor, eu enterrava o parente, mesmo que eu tenha que arcar com as consequências.
Entrevistado C: Meu segmento é sepultar o falecido. Se já tenho meu costume de sepultar os mortos, eu seguirei assim mesmo que eu seja apedrejado. 
Entrevistado D: Eu não aceitaria óbvio! Mas como a penalidade é grande, eu seguiria (risadas), mas reclamando. A dor da família já é grande, se eu fizer isso e ser for morto depois, a dor será ainda maior. Mas se isso fosse de verdade, seria errado à política ter tanto influência na tradição, já que é algo muito particular, sabe, muito íntimo.
6 ANEXOS
1- Exemplo de gráfico utilizado no formulário do Google Forms.JPG

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