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1 MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS 2 Ano Disciplina: LÍNGUA PORTUGUESA IV Código: Total Horas/1o Semestre: 140 Créditos (CFG): 6 Número de Temas: 4 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS 2 Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa da entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado, é passível à aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No 211 Ponta – Gêa Beira - Moçambique Beira - Moçambique Fax: +23323501 O email: isced@isced.ac.mz Website: www.isced. ac.mz 3 Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela Coordenação Direcção Académica do ISCED Pelo design Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da Educação a Distância (IAPED) Pela Revisão XXXXXXXX Elaborado Por: António Chimuzu Revisto por Andrade Henrique 4 Índice VISÃO GERAL DO Módulo 6 Bem-vindo à Disciplina/Módulo de Língua Portuguesa IV 6 Quem deveria estudar este Módulo 6 Como está estruturado este Módulo 6 Ícones de actividades 8 Objectivos do Módulo 8 Resultados do Módulo 9 Prazo 9 Habilidades de Estudo 9 Precisa de ajuda? 12 Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 14 Avaliação 14 Os objectivos e critérios de avaliação constam no regulamento de avaliação. 15 TEMA-I: TEXTOS DESCRITIVOS 16 UNIDADE Temática 1.1: Definição dos textos descritivos 16 Introdução 16 Função da descrição 19 Estrutura e características dos textos descritivos 20 Linguagem empregada em textos descritivos 20 Sumário da unidade 21 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 21 TEMA-II: GRAMÁTICA DO TEXTO 23 UNIDADE Temática 2.1: Definição do conceito “ Gramática do texto” e apresentação das propriedades de textualidade (a Conectividade, a Intencionalidade e a Aceitabilidade, as Inferências, a Situacionalidade, a Intertextualidade, a Informatividade e Focalização) 23 Introdução 23 Gramática do texto 24 Propriedades de textualidade (a Conectividade, a Intencionalidade e a Aceitabilidade, as Inferências, a Situacionalidade, a Intertextualidade, a Informatividade e Focalização) 24 5 Relação entre coesão e coerência textuais 30 Sumário da unidade 30 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 30 TEMA-III: FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA (ADJECTIVOS, ADVÉRBIOS E LOCUÇÕES ADVERBIAIS) 31 UNIDADE Temática 3.1: Conceito de “Adjectivo” e Flexão adjectival 31 Introdução 31 Flexão adjectival: 32 Relação entre adjectivo e outras classes gramaticais (Nome e Verbo ou particípio passado) 42 Classe dos adjectivos 46 Adjectivos pátrios 50 Locuções adjectivais 52 Flexão adverbial 59 Classificação dos advérbios e os respectivos critérios 60 Locuções adverbiais 68 Sumário da unidade 68 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 69 TEMA-IV: CATEGORIA GRAMATICAL (O VERBO-MODO INDICATIVO/TEMPO PRESENTE E PRETÉRITO IMPERFEITO) 71 UNIDADE Temática 4.1: Definição dos conceitos gramaticais (Verbo, Indicativo, Presente e Pretérito imperfeito) 71 Introdução 71 Verbo 72 Modo Indicativo 73 Presente do Indicativo 73 Pretérito Imperfeito do Indicativo 75 Presente do Indicativo e a sua Estrutura Flexional 77 Pretérito Imperfeito do Indicativo e a sua Estrutura Flexional 78 Sumário da unidade 79 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 79 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 81 6 7 VISÃO GERAL DO Módulo Bem-vindo à Disciplina/Módulo de Língua Portuguesa IV A elaboração do Módulo de Língua Portuguesa IV visa desenvolver a compreensão e expressão oral e escrita, para que o estudante tenha as competências linguística e comunicativa bem como de ferramentas linguísticas que o ajudem a descrever a gramática da língua portuguesa e produzir distintos géneros textuais à luz das respectivas especificidades. Assim, este Módulo é uma mais-valia para que os estudantes e os demais interessados adquiram um domínio eficaz e eficiente de algumas técnicas do uso da língua portuguesa. Quem deveria estudar este Módulo 8 O presente Módulo foi elaborado para os estudantes do 2º ano do Curso de Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa do ISCED, I Semestre. No entanto, o uso do mesmo não está exclusivamente direcionado ao leitor anteriormente referido, podendo haver, porém, leitores que queiram actualizar e consolidar os seus conhecimentos nesta disciplina. Como está estruturado este Módulo O Módulo de Língua Portuguesa IV, destinado aos estudantes do 2º ano do Curso de Licenciatura em Ensino de Português, à semelhança dos restantes do ISCED, apresenta-se do seguinte modo: ❖ Páginas introdutórias ● Um índice; ● Uma visão geral detalhada dos conteúdos do Módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. ❖ Conteúdo desta Disciplina/Módulo Este Módulo está estruturado em Temas. Cada tema comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática caracteriza-se por conter uma introdução, objectivos, conteúdos e sumário. 9 Porém, no final de cada unidade temática, são incorporados antes do sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Exercícios de natureza teóricos/práticos, e actividades práticas algumas incluindo estudo de caso. ❖ Outros recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didáticos adicionais ao seu Módulo para você explorar. Para tal, o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos diversos materiais de estudo relacionado com o seu curso como: Livros e/ou Módulos, CD, CD-ROM e DVD. Para além deste material físico ou eletrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso à Plataforma digital Moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico- Pedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças às suas observações que, em gozo da confiança que temos em si, caro estudante, classificamo-las como úteis na elaboração do próximo módulo. 10 Ícones de actividades Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Objectivos do Módulo Ao fim do estudo deste Módulo de Língua Portuguesa IV, o estudante deve ser capaz de: Objectivos Específicos ▪ Compreender discursos orais e escritos ▪ Expressar-se com coerênciae correcção de acordo com as diferentes finalidades e situações comunicativas; ▪ Utilizar a Língua como instrumento para a aquisição de novas aprendizagens. Resultados do Módulo Após o uso deste manual, você será capaz de: ▪ Compreender discursos orais e escritos. 11 Resultados ▪ Expressar-se com coerência e correcção de acordo com as diferentes finalidades e situações. ▪ Utilizar a Língua como instrumento para a aquisição de novas aprendizagens. Prazo No total, são 10 horas de contacto, equacionadas de acordo com a duração da respectiva unidade temática. Habilidades de Estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, exigirá do estudante, empenho, dedicação e disciplina no estudo. Ou seja, os bons resultados serão alcançados através de estratégias eficientes e eficazes, apenas. Razão pela qual, torna-se demasiado importante saber como, onde e quando estudar. 12 Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que o caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura e aprender à Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Participar em seminários (debates em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem se aproxima ou não da aprendizagem dos colegas e do padrão esperado. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existir. IMPORTANTE É importante observar o ambiente de estudo para uma aprendizagem proveitosa, ou seja, reflicta e organize o espaço ideal para o seu estudo. Em observância ao triângulo modo- espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando… estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de- semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos/ em cada hora? Etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve 13 estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos os conteúdos de cada tema, no Módulo. Não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estude por uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à mudança de actividades). Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Porque o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre o conhecimento, perde sequência lógica, por fim, ao perceber que estuda tanto, mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última hora quando se trata de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estude apenas para responder às questões de alguma avaliação, mas estude para a vida, sobretudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que se está a formar. Organize na sua agenda um horário onde define que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Decida como utilizar produtivamente o tempo livre, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 14 É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas e nomes, pode também utilizar a margem para colocar seus comentários relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Preciso de ajuda? Socorro Caro estudante, temos a certeza que por uma ou outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, fraca visibilidade, páginas trocadas ou invertidas, etc. Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, SMS ou via correio electrónico e se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo) é monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Daí a relevância da comunicação no Ensino à Distância (EAD), onde o recurso às TICs torna-se incontornável: entre estudantes/ estudante – Tutor/ estudante –CR/ estudante. As sessões presenciais são um momento em que você, caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com o staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste 15 período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. 16 O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muito importante, na medida em que o permite situar em termos do grau de aprendizagem, em relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar os colegas. Desenvolver o hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no Módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 17 Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/Módulo. Os trabalhos devem ser entregues no Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor1. Auto-avaliação e Tarefas de avaliação As tarefas de auto-avaliação para este Módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: ● Primeiro, apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação, mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescentede dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir às outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequente atribuição de nota que também constará do exame do fim do Módulo. Razão pela qual, fazer todos os exercícios é uma grande vantagem. 1 O plágio é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, sem o citar é considerado plágio. 18 Avaliação Para as seguintes perguntas: Como é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor? A resposta é: Sim é possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu Módulo. O tempo de contacto presencial perfaz os restantes 10% de tempo do Módulo. A avaliação do estudante consta detalhadamente do regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira, disciplina ou Módulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) exame. Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam no regulamento de avaliação. 19 20 TEMA I: TEXTOS DESCRITIVOS UNIDADE Temática 1.1: Definição dos textos descritivos UNIDADE Temática 1.2: Estrutura dos textos descritivos UNIDADE Temática 1.3: Linguagem empregada em textos descritivos UNIDADE Temática 1.3: Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO UNIDADE Temática 1.1: Definição dos textos descritivos Introdução Nesta unidade temática, vamos abordar profundamente sobre o texto descritivo, dando alusão às especificidades que dizem respeito a este género textual, designadamente: estrutura constitutiva e as características linguísticas, respectivamente. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos específicos ▪ Identificar a estrutura constitutiva do texto descritivo; ▪ Mostrar as características linguísticas do texto descritivo; ▪ Produzir um texto descritivo, ponderando as respectivas especificidades e a competência comunicativa. 21 “A descrição é a representação de alguém ou de algo que, oralmente ou por escrito, fixa a sua atenção em características, qualidades ou circunstâncias do que se descreve e que se pode concretizar de um modo preciso ou generalizado. Apesar da técnica, esta explicação coincide com uma definição mais tradicional da descrição “descrever é pintar com palavras” Álvarez (1998). De acordo com Rossana (2015), citando Álvarez (1998), descrever é assim uma forma de expressão utilizada para expor qualidades e características de uma pessoa ou qualquer outro ser vivo, de um objecto, de uma paisagem, de uma sensação ou de um sentimento cuja finalidade é a de provocar no receptor sensações ou sentimentos similares aos percepcionados pelo emissor quando confrontado com qualquer realidade. Numa outra visão, de forma sucinta, 2Descrever é enumerar as características que distinguem um determinado objecto, paisagem 2 HERDADES, Mendes Márcio. Novo Manual de Redação: básico, concursos, vestibulares, técnica. Campinas, SP: Pontes, 2000. 22 ou ser de todos os outros. Ademais, alguns autores distinguem três fases de descrição: ● Observação (qualquer descrição parte de uma observação, ou seja, o autor do texto descritivo deve ter uma imagem física ou abstrata por observar); ● Reflexão (depois de observar, o autor cria um retrato da imagem, pessoa, ideia ou objecto, apresentando aspectos relativos ao que é descrito e atribuindo um significado à imagem que será expressa no texto); ● Expressão (é a fase em que se expressa o sentimento ou significado da imagem que é descrita, havendo fundamentalmente uma relação entre o objecto e a linguagem patente na descrição textual). Na óptica de Herdades (2000), a descrição pode ser: a) de pessoas: características físicas e/ou psicológicas; b) de objectos; c) de paisagens; d) técnica ou informativa Pode a descrição ser objectiva (aponta características físicas exteriores) e/ou psicológica (aponta características interiores, subjectivas). Exemplos ilustrativos Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa de graúna, e mais longos que seu talhe de palmeiras. O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. 23 Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé ágil e nu, mal roçando, alisava a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. “Iracema”, José de Alencar Boa Conceição! Chamavam-lhe “a santa”, e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de que trato, dava para maometana; aceitaria um harém, com aparências salvas. Deus me perdoe se julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamávamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar. “Missa do Galo”, Machado de Assis Suicidou-se anteontem o meu triste amigo Boaventura da Costa. Pobre Boaventura! Jamais o caiporismo encontrou asilo tão cômodo para suas traiçoeiras manobras como naquele corpinho dele, arqueado e seco, cuja exiguidade física, em contraste com a rara grandeza de sua alma, muita vez me levou a pensar na injustiça dos céus e na desequilibrada desigualdade das coisas cá da terra. Não conheci ainda criatura de melhor coração, nem de pior estrela. Possuía o desgraçado os mais famosos dotes morais de que é suscetível um animal da nossa espécie, escondidos, porém, nas mais ingrata e comprometedora figura que até hoje viram meus olhos por entre o intérmina cadeia dos tipos ridículos. O livro era excelente, mas a encadernação detestável. Imagine-se um homenzinho de cinco pés de altura sobre um largo, com uma grande cabeça feia, quase sem testa, olhos fundos, pequenos e descabelado; nariz de feitio duvidoso, boca sem expressão, gestos vulgares, nenhum sinal de barba, braços curtos, peito apertado e 24 pernas arqueadas; e ter-se-á uma ideia do tipo do meu malogrado amigo. “Polítipo”, Aluísio Azevedo Função da descrição Neste sentido, a função da descrição é informar as características de um objecto, pessoa, ideia, fenómeno, etc. que se pretende apresentar. Pela descrição, o autor do texto cria um retrato na mente do leitor sobre o que é descrito. Assim, a descriçãopode ser encontrada em textos de livros didácticos, enciclopédicos, revistas científicas, textos literários (romances, contos, poemas, crônicas para a descrição dos personagens, do espaço, etc.) de entre outros géneros textuais. Estrutura e características dos textos descritivos Estrutura do Texto descritivo O texto descritivo organiza-se em três etapas, designadamente: ● Introdução-etapa onde é apresentada a situação ou objecto que se vai descrever; ● Desenvolvimento-é descrito de forma pormenorizada, os diferentes elementos da situação ou problema; por exemplo, se for a descrição de uma pessoa, são apresentados os seus aspectos físicos (idade, altura, traços do rosto), seguidamente, os traços psicológicos; ● Conclusão- é feito um comentário geral sobre o que foi descrito. 25 Linguagem empregada nos textos descritivos Este tipo de texto é específico por informar as características de alguém ou de algum estado de coisas. Linguisticamente, segue uma sequência predominantemente construída por: ● Verbo ser e outros verbos caracterizadores de propriedades, de qualidades e de aspectos de seres e de coisas; ● O presente e o pretérito imperfeito como os tempos verbais dominantes; ● Os adjetivos qualificativos e advérbios com valor locativo, que completam ou modificam a informação do substantivo, adicionando características específicas a ele. ● Em textos descritivos, predominam as estruturas justapostas, veja em (9a) – geralmente separadas por vírgulas ou pontos; e estruturas coordenadas (9b) – comumente separadas por conjunções coordenadas (e, mas, ou, portanto, pois): a) Estruturas justapostas A Maria é uma mulher interessante, cheia de humildade, um físico que não conhece a obesidade, etc. (as características da Maria foram separadas por vírgulas, isto é, foram justapostas, colocadas uma após a outra, em sequência.) b) Estruturas coordenadas: Ela trazia um vestido de gala, mas o seu rosto não condizia com o evento. 26 Sumário da unidade Sumário Nesta unidade temática estudamos e abordamos em volta dos textos descritivos, uma forma de expressão utilizada para expor qualidades e características de uma pessoa ou qualquer outro ser vivo, de um objecto, de uma paisagem, de uma sensação ou de um sentimento cuja função é informar as características do retrato que se pretende apresentar. Destacamos a sua estrutura tanto como a respectiva linguagem predominante. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1. Tendo em conta as especificidades do texto descritivo (observação, reflexão e expressão, sua estrutura e características linguísticas), elabore uma descrição da imagem a sua escolha. De entre as opções abaixo. 27 Fonte: Fotografia extraída do Núcleo de Artes (Tsemane) 28 29 2. Descreva física e psicologicamente seu (sua) melhor amigo (a).________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 3. O que entende por Texto Descritivo. 4. Não se esqueça de apresentar a respectiva estrutura ou característica, função da descrição e a linguagem predominante. GRUPO 2 (Com Respostas sem detalhe) As respostas dos números 1 e 2 devem ir de encontro as especificidades do texto descritivo. 3. Texto Descritivo é aquele que visa descrever ou expor qualidades e características de uma pessoa ou qualquer outro ser vivo, de um objecto, de uma paisagem, de uma sensação ou de um sentimento cuja finalidade é a de provocar no receptor sensações ou sentimentos similares aos percepcionados pelo emissor quando confrontado com qualquer realidade. 4. O texto descritivo organiza-se em três etapas, designadamente: Introdução-etapa onde é apresentada a situação ou objecto que se vai descrever; Desenvolvimento-é descrito de forma pormenorizada, os diferentes elementos da situação ou problema; por exemplo, se for a descrição de uma pessoa, são apresentados os seus aspectos físicos (idade, altura, traços do rosto), 30 seguidamente, os traços psicológicos; Conclusão- é feito um comentário geral sobre o que foi descrito. A Função da descrição é informar as características de um objecto, pessoa, ideia, fenómeno, etc. que se pretende apresentar. Relativamente a Linguagem empregada nos textos descritivos destacam-se ● Verbo ser e outros verbos caracterizadores de propriedades, de qualidades e de aspectos de seres e de coisas; ● O presente e o pretérito imperfeito como os tempos verbais dominantes; ● Os adjetivos qualificativos e advérbios com valor locativo, que completam ou modificam a informação do substantivo, adicionando características específicas a ele. GRUPO-3 (Exercícios de Gabarito) 1. Apresente as características específicas dos elementos que podem ser identificados no texto descritivo. 2. Descreva física e psicologicamente seu (sua) parceiro, encarregado de educação, etc. 31 TEMA II: GRAMÁTICA DO TEXTO UNIDADE Temática 2.1: Definição do conceito “ Gramática do texto” UNIDADE Temática 2.2: Relação entre coesão e coerência textuais UNIDADE Temática 2.3: Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO UNIDADE Temática 2.1: Definição do conceito “ Gramática do texto” e apresentação das propriedades de textualidade (a Conectividade, a Intencionalidade e a Aceitabilidade, as Inferências, a Situacionalidade, a Intertextualidade, a Informatividade e Focalização) Introdução A gramática do texto é um sistema que aborda em torno dos parâmetros ou propriedades de textualidade, nomeadamente: conectividade (coesa e coerência textual), a intencionalidade, as inferências, a situacionalidade, a intertextualidade, a informatividade e a focalização. É sobre isso que esta unidade vai falar. Ao fim desta unidade, deve ser capaz de: Objectivos específicos ▪ Identificar as propriedades referentes à gramática do texto; ▪ Distinguir coesão textual de coerência textual; ▪ Elaborar um texto que respeite às regras de produção textual apontadas nesta unidade. 32 Gramática do texto A Gramática do texto consiste na abordagem da gramática a partir da consideração do texto como objecto e pressuposto de ensino e aprendizagem, onde se destaca o sistema de regras que gere as frases e o discurso como productos coesos internamente e coerentes com o mundo relativamente ao qual devem ser interpretados. Ou seja, tais produtos são designados textos. Propriedades de textualidade (a Conectividade, a Intencionalidade e a Aceitabilidade, as Inferências, a Situacionalidade, a Intertextualidade, a Informatividade e Focalização) Partindo do pressuposto segundo o qual o conceito de texto é um sistema de orações que têm ligação e que para que seja considerado um texto, um segmento do discurso deve, entre outras coisas, ter as seguintes propriedades: a conectividade, a 33 intencionalidade e a aceitabilidade, a situacionalidade, a intertextualidade, a informatividade e focalização. a) 3Conectividade é uma propriedade relacional que pode ser definida nos seguintes termos: existe conectividade entre uma ocorrência textual que resulta de processos linguísticosno domínio exclusivamente do texto (Coesão textual) e a conectividade entre uma interdependência semântica das ocorrências textuais que resulta dos processos mentais de apropriação do real, e da configuração e conteúdo dos esquemas cognitivos que definem o saber sobre o mundo (Coerência textual). Daí que, falar-se de conectividade implicar fazer alusão aos conceitos como coesão e coerência textuais. Coesão textual Também se pode conceituar a coesão como o fenómeno que diz respeito ao modo como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados, entre si, por meio de recursos linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentidos. Ora, segundo Marcuschi (1983), os factores da coesão são aqueles que dão conta da sequenciação superficial do texto, isto é, os mecanismos formais de uma língua que permitem estabelecer, entre os elementos linguísticos do texto, relações de sentido. Por isso, podemos ter coesão por remissão e por sequenciação. A Coesão por remissão tem a ver com a reativação de referentes que se realiza por meio da referenciação anafórica e catafórica. Em outras palavras, a referenciação anafórica designa qualquer tipo 3 Brito (2003) MATEUS et all. Gramática da Língua Portuguesa. 6.ed. Lisboa: Caminho (SA), 2003. 34 de retomada de uma unidade de um texto por um outro recurso linguístico gramatical (pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos, advérbios pronominais) e por meio de outros recursos de natureza lexical (sinónimos, hiperónimos, nomes genéricos), onde o termo que retoma segue o termo retomado. Assim, ela pode retomar um termo em suas 4três dimensões: -como tendo o mesmo referente: um cavalo…ele…; -como tendo o mesmo significado: o livro de Paulo…o meu…Aqui, é o significado de “Livro” que está anaforizado, e não o referente (Não se trata do mesmo livro); -como tendo o mesmo significante: “flor” é uma bela palavra; ela tem quatro letras. O pronome ela não retoma nem o referente, nem o sentido de flor, mas a própria palavra. Em paralelo, a referenciação catafórica designa qualquer tipo de retomada também através de elementos linguísticos, porém numa posição em que o termo que retoma precede o termo retomado. Ex: “Vocês o entenderão.” Desejo, por esta carta, falar-lhes sobre a França. François Mitterrand. (“Carta a Todos os Franceses”, 1998) No exemplo acima, o pronome o cataforiza toda a frase seguinte: Por seu turno, a coesão sequenciadora é aquela através da qual se faz o texto avançar, garantindo-se, porém, a continuidade dos sentidos. O sequenciador de elementos textuais pode ocorrer como expressões de conteúdo semântico (paráfrase) e de tempos verbais. Ex: Hoje não fui à escola, em outras palavras, ausentei-me. Nesta frase, a expressão em outras palavras é uma paráfrase que funciona como sequenciador da coesão. 4 KOCH, V. G.I. O texto e a construção de sentidos. 8.ed. São Paulo: Contexto, 2005. 35 Coerência textual A coerência textual diz respeito ao modo como os elementos subjacentes à superfície textual vêm a constituir, na mente dos interlocutores, uma configuração veiculadora de sentidos. Ela, portanto, longe de constituir mera qualidade ou propriedade do texto, é resultado de uma construção feita pelos interlocutores numa situação de interação dada, pela actução conjunta de uma série de factores de ordem cognitiva, situacional, sociocultural e internacional (cf. Koch e Travaglia, 1989 e 1990). Se, todavia, for verdade que a coerência não está no texto, é verdade também que ela deve ser construída a partir dele, levando-se, pois, em conta os recursos coesivos presentes na superfície textual, que funcionam como pistas ou chaves para orientar o interlocutor na construção do sentido. Logo, a coerência é algo que se estabelece na interação, na interlocução, numa situação comunicativa entre dois usuários. Assim, faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo ser vista, pois, como um princípio de interpretabilidade do texto. Com efeito, ela pode ser vista também como ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor do texto (que o interpreta para compreendê-lo) tem para calcular o seu sentido. Neste âmbito, Van Dijk e Kintsch (1983) falam de coerência local (de parte do texto ou de frases ou sequência de frases dentro do texto) e em coerência global (do texto como um todo), aludindo aos diversos tipos de coerência, nomeadamente: ● Coerência semântica: que diz respeito à relação entre significados dos elementos das frases em sequência em texto (local) ou entre os elementos do texto como um todo (macroestrutura semântica); 36 ● Coerência sintáctica: que se refere aos meios sintácticos para expressar a coerência semântica (Por exemplo, o uso de pronomes e SN’s definidos); ● Coerência estilística: que significa que um usuário em seu texto faz uso do mesmo estilo ou registro na escolha lexical, comprimento e complexidade da frase, etc. Esta noção parece necessária para explicar fenómenos de quebras estilísticas; ● Coerência pragmática: que caracteriza o discurso quando estudado como uma sequência de actos de fala, desde que estes em sequência sejam condicionalmente relacionados e satisfaçam às mesmas condições das propriedades que se mantém para um contexto pragmático dado (uma sequência de pedido polido seguida por uma ordem séria pragmaticamente incoerente). a) A intencionalidade e a aceitabilidade, na óptica de Koch e Travaglia (2011), citando Beaugrande e Dressler “para que uma manifestação linguística constitua um texto, é necessário que haja a intenção do emissor de apresentá-la e a dos receptores de aceitá- la como tal. As noções de intencionalidade e aceitabilidade são introduzidas para dar conta, respectivamente, das intenções dos emissores e das atitudes dos receptores. Ou seja, a intencionalidade trata “da intenção do emissor de produzir uma manifestação linguística coesiva e coerente, ainda que essa intenção nem sempre se realize integralmente, podendo mesmo ocorrer casos em que o emissor afrouxa deliberadamente a coerência com o intuito de produzir efeitos específicos. No entanto, a aceitabilidade diz respeito às atitudes dos receptores “de aceitar a manifestação linguística como um texto coesivo e coerente, que tenha para eles uma utilidade ou relevância”. 37 b) As inferências, na perspectiva de Koch e Travaglia (2005), são um outro factor importante para a compreensão de um texto, ligado ao conhecimento do mundo. Basicamente se entende por inferência aquilo que se usa para estabelecer uma relação, não explícita no texto, entre dois elementos desse texto. Ou seja, ela é a operação que consiste em suprir conceitos e relações razoáveis para preencher lacunas (vazios) e descontinuidades em um mundo textual. Para os autores, o inferenciamento busca, pois, sempre resolver um problema de continuidade de sentido. c) “5A situacionalidade designa os factores que fazem com que o texto seja relevante para uma dada situação, explícita ou recuperável. A situacionalidade de um texto pressupõe os participantes: locutor/escritor e alocutário/ouvinte/leitor como sujeitos situados, como lugares ou papéis sociosimbolicamente regulados, bem como todos os factores reguladores da interação verbal” (Brito, 2003). Tem a ver com a influência do pragmático na coerência. d) A intertextualidade, conforme Beaugrande e Dressler, compreende as diversas maneiras pelas quais a produção e a recepção de dado texto depende do conhecimento de outros textos por parte dos interlocutores, isto é, diz respeitoaos factores que tornam a utilização de um texto dependente de um ou mais textos previamente existentes. Tais maneiras incluem factores relactivos ao conteúdo, factores formais e ligados aos tipos de textos. Por isso, é notória a manifestação de citações, remissões, comentários, reformulações ou relatos de fragmentos de textos relevantes considerados modelos textuais. 5 Koch e Travaglia chamam isso de Factores pragmáticos. KOCH, V. G.I; TRAVAGLIA, C. L. O texto e a coerência 13.ed. São Paulo: Cortez, 2011 38 e) A informatividade designa o grau de incerteza das ocorrências textuais. O grau de informatividade é tanto maior quanto mais “inesperada” for uma dada ocorrência textual, ou por outra, quanto mais numerosas forem as alternativas a essa ocorrência textual e, por consequência, quanto mais improvável for a ocorrência textual efectivamente selecionada. Como é natural, um texto com um baixo grau de informatividade tem efeitos negativos sobre a atenção do alocutário/ouvinte/leitor, enquanto um texto com um elevado grau de informatividade potencia, em geral, a concentração de recursos de processamento do alocutário/ouvinte/leitor na sua interpretação. f) Finalmente, a focalização, que para Grosz (1981), é um aspecto importante para a compreensão de um texto. Uma vez que, no diálogo, escrito ou oral, o falante e ouvinte focalizam a sua atenção em pequena parte do que sabem e acreditam, razão pela qual este aspecto tem uma relação directa com a questão do conhecimento do mundo e do conhecimento partilhado. Relação entre coesão e coerência textuais Vamos, neste capítulo, elencar, de forma sintética, as relações que existem entre os conceitos “coesão” e “coerência” textuais. Estes conceitos são um par opositivo/distintivo um do outro. Não obstante, a contribuição da coesão para a coerência é apenas parcial, por isso Charolles (1987) afirma que “os elementos linguísticos de coesão e conexão ajudam a estabelecer a coerência, mas não são nem suficientes, nem necessários para que a coerência seja estabelecida, sendo preciso contar com os conhecimentos exteriores ao texto. Na verdade, a coesão ajuda a perceber a coerência na compreensão dos textos, porque é resultado da coerência no processo de produção desses mesmos 39 textos. Essa ideia é proposta por alguns estudiosos como Bernárdez (1982). Sumário da unidade Sumário Nesta unidade temática, debruçamos minuciosamente em torno da Gramática do texto que é um conjunto de regras que regem e que trazem toda a abordagem relativa ao texto provido de frases e discursos internamente coesos e coerentes com o mundo pelo qual são interpretados. Para tal, estudamos as propriedades da textualidade, pois o texto é pressuposto da aula. 40 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 1. Identifique as propriedades da textualidade. 2. Distinga coesão de coerência textuais. 3. Elabore um texto breve descrevendo os principais problemas que apoquentam o processo de ensino e aprendizagem em Moçambique à luz das propriedades textuais como coesão e coerência. 41 GRUPO 2 (Com Respostas sem detalhe) 1. As Propriedades de textualidade são: a Conectividade, a Intencionalidade e a Aceitabilidade, as Inferências, a Situacionalidade, a Intertextualidade, a Informatividade e Focalização. 2. A coesão diz respeito ao modo como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados, entre si, por meio de recursos linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentidos, ao passo que a coerência textual diz respeito ao modo como os elementos subjacentes à superfície textual vêm a constituir, na mente dos interlocutores, uma configuração veiculadora de sentidos. 3. No processo de elaboração do texto deve incorporar todas as propriedades da textualidade. GRUPO 3. (Exercícios de Gabarito) 1. Diferencie textualidade de intertexualidade. 2. Quando é que se considera uma frase gramatical e aceitável. 3. Diferencie com base em exemplos coesão textual de coerência textual. 42 TEMA III: FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA (ADJECTIVOS, ADVÉRBIOS E LOCUÇÕES ADVERBIAIS) UNIDADE Temática 3.1: Conceito de “Adjectivo” e Flexão adjectival UNIDADE Temática 3.2: Relação entre adjectivo e outras classes gramaticais (Nome e Verbo) UNIDADE Temática 3.3:Classe dos adjectivos UNIDADE Temática 3.4: Funções sintácticas do adjectivo UNIDADE Temática 3.5:Conceito de “Advérbio” e Flexão adverbial UNIDADE Temática 3. 6: Classificação dos advérbios e os respectivos critérios UNIDADE Temática 3.7: Locuções adverbiais UNIDADE Temática 3.8: Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO UNIDADE Temática 3.1: Conceito de “Adjectivo” e Flexão adjectival Introdução Nesta unidade, trazemos uma definição do adjectivo, advérbio e locuções adverbiais e, acima de tudo, descrevemos o comportamento morfo-sintáctico destas duas classes gramaticais. Ao fim desta unidade, deve ser capaz de: Objectivos específicos ▪ Definir o conceito de adjectivo, advérbio e locuções adverbiais; ▪ Identificar o comportamento morfo-sintáctico dos adjectivos e dos advérbios; ▪ Identificar a classificação dos adjectivos e advérbios; ▪ Apontar a relação do adjectivo com outras classes gramaticais (Nome e Verbo). 43 O conceito de “adjectivo” diz respeito a uma categoria gramatical ou 6palavra variável em número, género e grau e é, geralmente, um modificador do nome. Isto é, uma palavra que tem como finalidade precisar o significado do substantivo, com o qual sempre que possível, concorda em género e número gramaticais atribuindo-lhe características. Flexão adjectival: Género (Uniformes e Biformes) Geralmente, o adjectivo varia em género a partir da concatenação de um morfema ou índice temático à base adjectival. Sendo que, quando a palavra varia neste sentido pode ser 7biforme, ou seja, se tiver uma forma para o masculino e tiver outra para feminino tem essa designação, como se pode ver seguidamente: bonito(a); lindo(a), gordo(a). No entanto, pode-se constatar igualmente a existência de adjectivos uniformes cuja característica morfológica culmina com uma forma única da palavra, sem variar 6 MATOS, C. João. Gramática Moderna da língua portuguesa. 2.ed. Lisboa: Escolar, 2012. 7 ROCHA, Ana. Termos básicos de literatura, linguística e gramática. Europa-América, 1997. Pg.5. 44 morfologicamente nem para o masculino nem para feminino. Veja- se a seguir: virgem, indígena, fiel, forte. Como se pode verificar, os adjectivos não alteram a sua forma morfológica, apenas permitem a anteposição do artigo para determinar o género e número gramaticais. Logo, existem adjectivos que não dependem do morfema a/o concatenado à base adjectival, tal como sucede com os uniformes que na sua estrutura interna não veiculam a informação relativa ao género, para identificar se a palavra está no masculino ou feminino. Entrementes, na óptica de Cavacas e Gomes (2006) os adjectivos qualificativos e numerais são suscetíveis de variar em género seguindo de resto o modelo de nomes. Em síntese, a variação em género enquadra-se nos seguintes princípios: a) Adjectivos terminados em –a. São uniformes. Como: agrícola Islamista Nazista Comunista Islamita Patarata Congressista Janota Patriota Cosmopolita Mariola Peralta Idealista Marista Socialista b) Adjectivos terminados em –ão. São biformes. Seguem três vias no feminino: Ou: Aldeão/ aldeã Ancião/anciã Pagão/pagã Alemão/alemã Charlatão/ charlatã São/sã Anão/anã Cristão/cristã Vão/vã 45 Ou: Chorão/chorona Poltrão/poltronaBeirão/beiroa Tabelião/tabelioa Toleirão/toleirona c) Adjectivos terminados em –e. São uniformes. Como: Breve Eminente Poluente Celeste Forte Recente Contente Iminente Saliente Doce Inteligente Suave Dolente Leve Valente d) Adjectivos terminados em –l. São uniformes. Como: Amável Fiel Incrível Azul Flébil Notável Cruel Frugal Possível Débil Fútil Sensacional Fácil Gentil Terrível Fatal Geral Verosímil e) Adjectivos terminados em –m. São uniformes na maioria dos casos. Como: Afim Comum Jovem Ruim f) Adjectivos terminados em –o. São biformes. Mudam –o em –a, no feminino. Como a maioria dos nomes: Alto/a Curto Etéreo/a 46 Baixo/a Doido/a Fraco/a Ou: obrigado/a, agradecido/a (Estou muito obrigado/a!) g) Adjectivos terminados em –o, com vogal tónica o fechada (ô). São biformes. Mas: uns seguem o caminho geral, outros mudam também a vogal tónica para o aberto (ó). Assim: mas: Balofo/balofo (ô) Curioso (ô) /curiosa (ó) Oco/oca (ô) Fabuloso (ô)/ fabulosa (ó) Roto/rota (ô) Morto (ô)/ morta (ó) Tosco/tosco (ô) Torto (ô)/ torta (ó) Verifica-se ainda uma tendência geral para o segundo processo, o qual, aliás, origina por vezes cacofonias: Rei morto, rei posto./ Rainha morta, rainha posta. h) Adjectivos terminados em –r. Uns são biformes: acrescentam –a ao masculino. Como: Amador (a) Detentor (a) Sedutor (a) Criador (a) Encantador (a) Teorizador (a) Outros, em número apreciável, são uniformes. Como: Anterior Inferior Maior Posterior Superior Menor Esmoler Interior Melhor Exemplar Exterior Pior Modelar Incolor Regular Ímpar Multicolor Sem-par Par Particular Sem-sabor 47 Mas atenção: as palavras inferior e superior podem ser nomes com femininos a inferior, a superiora. A técnica superior chegou. É a nossa superiora. Observação: Nos adjectivos terminados em -or, biformes, ocorrem algumas variações: Gerador-geratriz ou Lavrador-lavradeira Motor-motriz Vendedor-vendedeira i) Adjectivos terminados em –s. Uns são biformes, acrescentando –a ao masculino. Como na generalidade dos gentílicos em –ês. Francês Inglês Português Dinamarquês Finlandês Norueguês Outros são uniformes. Como: Cortês Pedrês Reles Descortês Pires Simples Mas lembrando que no português antigo (ainda no século XVI), as terminações –ês, -or e –ol eram sinal de invariabilidade. Por isso ainda agora dizemos portuguesmente e não portuguesamente. 48 É uma referência aos quantificadores numerais dois/duas e às centenas entre duzentos/duzentas e novecentos/novecentas. j) Adjectivos terminados em –u. Uns são biformes: acrescentam –a ao masculino. Como: cru/crua nu/nua Mas: mau/má (reduz o u no feminino) E um apenas é uniforme: hindu. k) Adjectivos terminados em –eu e –éu. São biformes. Se terminam em –eu ( e fechado) mudam –eu em –eia, por vezes em –ia. Como: Ateu/ateia Galileu/galileia Santa cruz, o teu sinal Me defenda os sentidos; Ta bandeira vencedor Faça seer sempre abatidos Meus amigos e contrairos,?????????? Per ta graça destruydos. D. Duarte (Século XV) 49 Cananeu/cananeia Hebreu/hebreia Eritreu/eritreia Pigmeu/pigmeia Europeu/europeia Plebeu/plebeia Ou: Judeu/Judia Sandeu/Sandia 50 (Com uma referência para os determinantes meu/minha, teu/tua, seu/sua) Se terminam em –éu (e aberto) mudam -éu em -éia: incréu/increia Ou: -éu em –oa: ilheu/ilhoa l) Adjectivos terminados em –z. São uniformes. Como: Atroz Eficaz Feroz Capaz Feliz Lapuz Mas: Andaluz/andaluza. Número A flexão adjectival em número não tem novidades no que concerne a sua estrutura morfológica, uma vez que geralmente contém o afixo flexional que funciona como marca de número gramatical –s, assumindo ou o singular ou o plural . Ex: bonito(s); lindo(s), gordo(s). ● Plural do Substantivo com valor de Adjectivo Quando determinada qualidade, a flexão é expressa por um substantivo que assume o valor de adjetivo, este deve permanecer no singular: blusas rosa, calças creme, etc. ● Plural dos adjectivos compostos Via de regra, apenas o segundo elemento do composto varia em número. Veja-se os exemplos abaixo: Acordos anglo-germânicos Amizades luso-brasileiras 51 Culturas afro-brasileiras Olhos azul-claros Ou seja, “8para a formação do plural, os adjectivos seguem as mesmas regras dos nomes. Ora, vejamos: a) Luso-francês (singular) / lusos-franceses (plural) e) Surdo-mudo (singular) / surdos-mudos (plural) Em a) e nos exemplos anteriores tangentes à flexão em número, tratando-se de adjectivos compostos, flexiona-se o último elemento linguístico, mas em b), por excepção, tanto como sucede em adjectivos compostos que designam cores (como azul- marinho/azuis-marinhos), flexionam-se ambas as formas para o plural.” OBSERVAÇÃO: Os adjetivos compostos podem ser divididos em três tipos: a) Os que são formados por dois adjetivos, como verde-escuro e médico-dentário - nesses casos, é o segundo elemento que varia para indicar gênero e número (verde escura, verde- escuros, verde escuras; médico-dentária, médico-dentários, médico dentárias); b) Os que apresentam como um segundo elemento um substantivo, como amarelo-ouro e verde-mar - adjetivos desse tipo são invariáveis em gênero e número; c) Os que indicam cores e são formados expressão cor + substantivo - adjetivos desse tipo são invariáveis, mesmo quando a expressão cor de estiver subentendida (papel cor de rosa, papéis cor-de-rosa; giz (cor de ) laranja; gizes ( cor de) laranja, carro (cor de ) creme, 8 MATOS, C. João. Gramática Moderna da língua portuguesa. 2.ed. Lisboa: Escolar, 2012. 52 carros ( cor de ) creme; camisa ( cor de ) cinza, camisas ( cor de ) cinza, etc. ) - fim do quadro de destaque. Grau A categoria de grau estabelece uma gradação no significado de uma palavra ou na relação entre termos de comparação. Por esta razão, o grau dos adjectivos varia entre normal, comparativo e superlativo. Por exemplo: 1. Grau normal (o adjetivo modifica o nome sem gradação): O Marcos é simpático. 2. Grau comparativo 2.1 De superioridade (compara duas entidades e atribui a uma qualidade superior): O Marcos é mais simpático do que a Vânia. 2.2 De igualdade (compara duas entidades, atribuindo-lhes uma qualidade igual): O Júnior é tão sagaz quanto a Amélia. 2.3 De inferioridade (compara-se duas entidades e atribui a uma qualidade inferior): A Joana é menos trabalhadora do que a Flávia. 3. Grau superlativo 3.1 Absoluto (apresenta um elevado grau de uma determinada qualidade): 3.1.1 Sintético (concatena-se o sufixo – íssimo/-érrimo à base adjectival): 53 O Jorge é altíssimo/paupérrimo. 3.1.2 Analítico (modifica-se por uma expressão de grau “muito”): O Jorge é muito alto. 3.2 Relativo (salienta uma qualidade em relação a um todo e geralmente antepõe-se o artigo definido) 3.2.1 De Superioridade (a mais): A Gina é a mais popular da turma. 3.2.2 De inferioridade (a menos): A Gina é a menos vaidosa da turma. Formas do superlativo absoluto sintético dignas de nota acre acérrimo doce dulcíssimo ágil agílimo eficaz eficacíssimo fácil facílimo feliz felicíssimo agudo acutíssimo amável amabilíssimo amigo amicíssimo fiel fidelíssimo frio frigidíssimo antigo antiquíssimo grande máximo humilde humílimo incrível incredibilíssimolivre libérrimo célebre celebérrimo cruel crudelíssimo magro macérrimo 54 próspero prospérrimo pulcro pulquérrimo salubre salubérrimo 9Relação entre adjectivo e outras classes gramaticais (Nome e Verbo ou particípio passado) Adjectivos ou Nomes? Observe que é necessário apresentar a relação que se estabelece entre o substantivo e o adjectivo para poder conceituar este último. Na realidade, substantivos e adjectivos apresentam muitas características semelhantes e, em muitas situações, a distinção entre ambos só é possível a partir de elementos fornecidos pelo contexto: O jovem brasileiro tomou-se participativo. 9 Brito (2003), in Mateus et al. 55 O brasileiro jovem enfrenta dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. Na primeira frase, jovem é substantivo, e brasileiro é adjectivo. Na segunda, invertem-se esses papéis: brasileiro é substantivo, e jovem passa a ser adjectivo. Ser adjectivo ou ser substantivo não decorre, portanto, de características morfológicas da palavra, mas de sua actuação efectiva numa frase da língua. O adjectivo concorda em gênero com o substantivo a que se refere: Um comportamento estranho Uma atitude estranha Um jornalista activo Uma jornalista activa Deveras, os adjectivos e os nomes partilham propriedades gramaticais comuns, o que cria uma alvoroço em volta destas duas categorias morfológicas no seio da comunidade acadêmica, ou seja, quer o adjectivo quer o nome aceitam a flexão, onde se pode ter, por exemplo, o/s rico/s, o/s pobre/s, o/s português(e)/s. Perante a estes itens lexicais torna-se difícil saber se estamos diante de adj. ou de N. Entretanto, estes itens lexicais aceitam o recurso aos critérios de adjectivação por forma a distingui-los. Critérios de adjectivação 1. Podem surgir em posição de atributo de um nome, embora nem todos ocorram nas posições pré e pós-nominal: a) Os parentes ricos, os ricos parentes b) O amigo velho, o velho amigo c) A mulher racista, *a racista mulher d) O cidadão moçambicano, *o moçambicano cidadão 56 2. Podem ocorrer em posição predicativa e ter por isso a função sintáctica de predicativo de sujeito: a) Os parentes são ricos. b) O amigo é velho. c) A mulher é racista. d) O cidadão é moçambicano. 3. Nem todos os adjectivos podem ser modificados por expressões de grau, porque nos exemplos abaixo apresentados há diferença entre palavras graduáveis (rico, velho, racista) e não graduáveis (moçambicano, solteiro e verde). a) Os parentes muito ricos. b) O amigo muito velho. c) A mulher muito racista. d) *O cidadão muito moçambicano. e) * O senhor muito solteiro. f) *Os políticos muito verdes. Estes testes ou critérios mostram que, como atributos nominais, os itens lexicais em causa são verdadeiros adjectivos, pertencentes a dois grupos, os graduáveis e não graduáveis. Adjectivos ou verbo (particípio passado)? Muitos particípios verbais funcionam sintaticamente como adjectivos, surgindo em posição predicativa (4a) ou atributiva (4b) e podendo ser modificados por expressões de grau (4c): 4. a) Ele está preocupado com a filha. b) Uma pessoa preocupada. 57 c) Ele está muito preocupado com a filha. Embora partilhem com os adjectivos (e até com N) as propriedades apontadas, a particípios que são verdadeiras formas verbais. A prova da natureza verbal desses particípios é a possibilidade de serem acompanhados de advérbios temporais/aspectuais (5a) e a impossibilidade de surgirem em posição pré-nominal (5b); quando aparentemente os V não admitem esses Adv (5c) e quando ocupam a posição pré-nominal (5d) são, verdadeiramente, adjectivos. Tal como consta abaixo: 5. a) Uma casa ocupada/ uma casa recentemente ocupada (Particípio, pois aceita ser acompanhado de advérbio temporal- aspectual). b)Uma reunião autorizada/ *uma autorizada reunião (Particípio, porque não admite surgir na posição pré-nominal, ou seja, antes do nome). f) Uma mulher preocupada/ *Uma mulher recentemente preocupada (Adjectivo, uma vez que não admite ser acompanhado de advérbio temporal-aspectual). g) O homem arruinado/ O arruinado homem (Adjectivo, pelo facto de aceitar ocorrer na posição pré-nominal). A partir do teste acima, onde se aplicou critérios de adjectivação que consistem no emprego do advérbio temporal-aspectual e na colocação do adjectivo na posição pré-nominal para ver se a 58 palavra em itálico é um particípio passado ou um verdadeiro adjectivo, verificou-se que as palavras ocupada e autorizada são particípios e não adjectivos pelo facto de aceitarem o emprego do Adv e não ocorrem antes do nome; paralelamente a essas palavras em destaque, por uma razão oposta, as formas preocupada e arruinado são verdadeiros adjectivos. Classe dos adjectivos Na perspectiva de Brito (2003), é costume classificar os adjectivos em duas grandes subcategorias, nomeadamente: - Os adjectivos modificadores ou qualificativos, que exprimem qualidades, estados, modos de ser de entidades denotadas pelos nomes (menino lindo/casa grande/vestido vermelho, etc.). - E os adjectivos relacionais, também designados adjectivos temáticos e referenciais, geralmente denominais, que apresentam argumentos dos nomes com os quais são combinados e que por isso recebem relações temáticas diversificadas: de Agente (a revolta estudantil, a destruição romana da cidade, a recusa presidencial, a aprovação ministerial); de Experienciador (preocupação popular, amor paternal); de Tema (crítica musical, balanço empresarial); de Possuidor (trânsito urbano). Estes dois adjectivos são marcados por diferentes comportamentos sintácticos. Ora, os adjectivos modificadores podem surgir em posição atributiva, pré-nominal e pós-nominal, e predicativa, como adjectivos adnominais (6.a,b,c) e são geralmente graduáveis, mas os relacionais não aceitam nenhuma construção referida anteriormente (6d,e,f): Adjectivos modificadores 6. a) O menino lindo/ O lindo menino (posição atributiva). b)O menino é lindo (posição predicativa). c) O menino muito lindo (modificada pela expressão de grau/graduável). 59 Adjectivos relacionais d)A população portuguesa/ *a portuguesa população (Não admite ocorrer na posição pré-nominal). h) *A revolta é estudantil. (Não surge em posição predicativa). i) O amor muito paternal (Não pode ser graduável). Para além disso, os adjectivos modificadores têm antônimos, todavia os relacionais não. Veja-se: Lindo/feio, grande/pequeno (modificadores); trânsito urbano/*não-urbano, crítica musical/*não-musical (relacionais). Refira-se ainda que os adjectivos modais, como possível, provável (7.a) e os temporais-aspectuais (7b,d), como frequente, permanente, súbito, que admitem as posições pré e pós-nominais e ambos os adjectivos aceitam a posição predicativa: Adjectivos Modais 7. a) Uma possível/provável derrota do povo. Uma derrota do povo possível/provável (posições pré e pós-nominais). A derrota do povo é possível/provável. (Posição predicativa). Adjectivos Temporais-aspectuais b)Uma frequente/súbita/permanente violação dos direitos humanos. 60 A violação frequente/súbita/permanente dos direitos humanos (Admitem as posições pré e pós-nominais). A violação dos direitos humanos é frequente/permanente/súbita (Posição predicativa). Adjectivos numerais Segundo Cavacas e Gomes (2006), os adjectivos especificam um atributo importante dos nomes, o da ordemem que se inserem no plano da comunicação. Corresponde aliás à classe tradicional de numerais ordinais. Isto é Se: a quarenta quilómetros, temos um quantificador numeral, que nos indica a quantidade relactiva ao nome a que está referenciando, em termos gerais ou de estimativa. Ao quadragésimo quilómetro temos um adjectivo numeral, que nos indica que o nosso ponto de referência num conjunto contável fica em lugar do número quarenta. Lembrando de novo a poesia inicial, poderíamos dizer: ● É a quarenta quilómetros, corresponde à uma caminhada pelo mato (porventura o corta-mato), em distância estimada com base em pontos de referência. ● É no quadragésimo quilómetro, será presumivelmente por caminho urbano ou estrada inter—urbana com distâncias previamente ponderadas. Afinal, dirá um estudante: 61 ● São doze anos de estudos.- Quantificador; ● Mas o décimo segundo ano pode ser o último.- Adjectivo numeral. Regista-se que os adjectivos numerais se encontram sempre antes do nome; de outro modo perdem a sua qualidade de adjectivos numerais: O primeiro livro foi “A menina do Capuchinho”. A minha segunda árvore foi uma cerejeira. Este terceiro filho é muito curioso. Estes exemplos lembram ainda que os adjectivos numerais podem ser precedidos por determinantes. Recordam-se os adjectivos numerais correspondentes às dezenas e centenas, por menos usuais, e ainda os referentes ao milhar e aos primeiros valores sequentes, por vezes esquecidos, ou deficientemente referidos: grafia dos ordinais, e sua expressão oral, quando se trate de palavras compostas, nunca é entrecortada por elementos de conexão ou de pontuação. Por isso, o número décimo milésimo quadringentésimo nonagésimo nono (10499o.) não apresenta qualquer vírgula nem e intermédios. Aliás, verifica-se que correctamente só são usados adjectivos ordinais até trinta, pontualmente até cem. Os restantes, considerados cultos ou afectados (é visível a sua semelhança com formas latinas), são substituídos pelo cardinal correspondente: O ciclista A chegou em vigésimo lugar, mas o ciclista B só cortou a meta em lugar setenta e dois. 10.o Décimo 200.o Ducentésimo 62 A 20.o Vigésimo 300.o Tricentésimo 30.o Trigésimo 400.o Quadringentésim o 40.o Quadragésimo 500.o Quingentésimo 50.o Quinquagésimo 600.o Seiscentésimo 60.o Sexagésimo 700.o Septingentésimo 70.o Septuagésimo 800.o Octingentésimo 80.o Octogésimo 900.o Nongentésimo 90.o Nonagésimo 1000.o Milésimo 100.o Centésimo 10000 00.o Milionésimo 1001.o Milésimo primeiro 2000.o Segundo milénio 1010.o Milésimo décimo 6000.o Sexto milénio 1015.o Milésimo décimo quinto 10000.o Décimo milésimo 1200.o Milésimo ducentésimo 10010.o Décimo milésimo décimo 1900.o Milésimo nongentésimo 300000 0.o Terceiro milionésimo 63 Adjectivos pátrios Os adjectivos referentes a países, estados, regiões, cidades ou localidades são conhecidos como adjectivos pátrios. Conhecê-los é importante para evitar erros e construir frases mais concisas. Por isso, leia com atenção as relações de adjectivos pátrios colocadas a seguir. Açores – açoriano Alentejo – alentejano Algarve - algarvio ou algarviense Angola - angolano ou angolense Aveiro - aveirense Beira - beirão ou beirense Beja – bejense Braga - bracarense, brácaro ou braguês Bragança - bragantino, bragançano, branganção, brigantino ou bragancês Cabo Verde - cabo-verdiano ou cabo-verdense Castelo Branco – albicastrense 64 Coimbra - coimbrão, conimbricense, conimbrigense ou colimbriense Dio – dioense Guiné-Bissau - guineense Leiria - leiriense Lisboa - lisboeta, lisbonense, lisboês, lisbonino, lisbonês, olissiponense ou ulissiponense Luanda – luandense Macau - macaense ou macaísta Madeira – madeirense Minho - minhoto Moçambique – moçambicano Portalegre - portalegrense Setúbal - setubalense Porto - portuense Timor - timorense Ribatejo - ribatejano Trás-os-Montes - trasmontanos ou transmontanos Santarém - santareno, escalabitano Viana do Castelo - vianense ou vianês São Tomé e Príncipe - são-tomense ou são-tomeense Vila Real - vila-realense Viseu – visiense Locuções adjectivais 65 Há conjuntos de palavras que têm o valor de um adjectivo: são as locuções adjectivais. Essas locuções são normalmente formadas por uma preposição e um substantivo ou por uma preposição e um advérbio; para muitas delas, existem adjectivos equivalentes: de abdômen abdominal de abelha apícola de águia aquilino de aluno discente de asno asinino da audição ótico, auditivo de bispo episcopal de boca bucal ou oral de ano anual de boi bovino de cabelo capilar de lebre leporino de cabra caprino de leite/lácteo láctico do campo rural, campesino, bucólico de lobo lupino de lua lunar, selênico de cão canino de macaco simiesco de cavalo equino, equídeo de mãe maternal, materno de chumbo plúmbeo de manhã matinal de chuva pluvial de marfim ebúrneo, ebóreo de cidade citadino, urbano de mármore marmóreo de cinza cinéreo de mestre magistral de cobra ofídico de monge monacal de coração cardíaco, cordial de morte mortal, letal de crânio craniano de nádegas glúteo de criança pueril de diamante diamantino, adamantino de neve níveo, nival 66 de noite noturno de estômago estomacal de nuca occipital de estrela estelar de olho ocular de homem viril, humano de face facial de orelha auricular de fera ferino de osso ósseo de fígado figadal, hepático de ouro áureo de filho filial de ovelha ovino de fogo ígneo de pai paternal, paterno de frente frontal de paixão passional de garganta gutural de pedra pétreo de gato felino de pele epidérmico, cutâneo de gelo glacial de pescoço cervical de gesso gípseo de porco suíno, porcino de guerra bélico de prata argênteo Funções sintácticas do adjectivo Ao rigor, o adjectivo só existe referido a um substantivo. Conforme se estabeleça a relação entre os dois termos da frase, o adjectivo desempenhará as funções sintácticas de Adjunto Adnominal ou de Predicativo. Adjectivo em função de adjunto adnominal Neste caso, segundo Cunha (1969), o Adjectivo refere-se, sem intermediário, ao substantivo, a que pode vir posposto ou anteposto. Formam ambos um conjunto significativo, marcado 67 pela unidade de acento e entoação e pela identidade da função sintáctica. Assim, no exemplo: Seus olhos negros encantam-me, O sujeito da oração é não apenas olhos, mas toda a unidade significativa e acentual: Seus olhos negros. É dentro deste conjunto que o adjectivo desempenhará a função sintáctica acessória, portanto secundária, de Adjunto Adnominal do substantivo olhos, núcleo do sujeito. Adjectivo em função predicativa Neste caso, na perspectiva do mesmo autor, a qualidade expressa pelo adjectivo transmite-se ao substantivo por intermédio de um verbo, que pode estar explícito ou implícito na oração. Temos o adjectivo em função predicativa nas seguintes construções: 1. Predicativo do sujeito, com verbo de ligação explícita: A realidade é descomunal. 2. Predicativo do sujeito, com verbo de ligação implícita: Descomunal este país. 3. Predicativo do objecto directo, com verbo nocional transitivo: Encontrei meu pai pensativo. 68 4. Predicativo do objecto indirecto, com verbo nocional transitivo: Chamaram-lhe de medroso. 5. Predicativo do sujeito, com verbo nocional intransitivo: O menino dorme tranquilo. Nesta últimaconstrução, o adjectivo encerra sempre, mais ou menos acentuada, uma noção adverbial. Diferença fundamental A diferença entre o adjectivo em função de Adjunto Adnominal e o adjectivo em função de Predicativo se baseia, principalmente, em dois pontos: 1o.) O primeiro é termo acessório da oração, parte de um termos essenciais ou integrante dela; o segundo é, por si próprio, um termo essencial da oração. Se disséssemos, por exemplo: O campo é imenso, O adjectivo predicativo não poderia faltar, pois, sendo termo essencial, sem ele a oração não teria sentido. Se disséssemos, no entanto: O campo imenso está alagado. 69 O adjectivo imenso seria parte do sujeito, uma dispensável qualificação do substantivo que lhe serve de núcleo, um termo, por conseguinte, acessório da oração. 2o.) A qualidade da expressão por um adjectivo em função predicativa vem marcada no tempo, e por essa razão cronológica entre a qualidade e o ser é responsável o verbo que liga o adjectivo ao substantivo. Comparem-se estas frases: O bom aluno estuda. Ele está nervoso, mas era calmo. Na primeira, acrescentamos a noção de bom à de aluno sem termos em mente qualquer referência à ideia de tempo. Já na segunda, as noções expressas pelos adjectivos nervoso e calmo são por nós atribuídos ao sujeito com a situação de tempo marcada pelo verbo: nervoso, no presente; calmo, no passado. Conceito de “Advérbio” e Flexão adverbial Conceito de “Advérbio” Segundo Brito (2003), o advérbio é o núcleo do sintagma adverbial (SADV), podendo apresentar-se como uma única palavra ou como 70 uma locução adverbial (formada por preposição + advérbio/adjectivo/nome, como em por aqui, de novo, com certeza, ou com uma estrutura mais complexa como de onde em onde, de vez em quanto, etc. Na palavra advérbio, assim como na palavra adjectivo, existe o prefixo latino ad, que indica ideia de "proximidade", "contiguidade". Portanto o nome praticamente já diz o que é o advérbio: é palavra capaz de caracterizar o processo verbal, indicando circunstâncias em que esse processo se desenvolve. O papel básico dos advérbios é, por isso, relacionar-se com os verbos da língua, caracterizando os processos expressos por eles. Essa caracterização pode ter finalidade descritiva, procurando representar objectivamente os dados da realidade. Advérbio é a palavra que caracteriza o processo verbal, exprimindo circunstâncias em que esse processo se desenvolve. Observe: "Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo." (circunstâncias de tempo, negação e tempo, respectivamente). "Todos os maridos funcionam regularmente." (circunstância de modo). Além disso, na visão da mesma autora, muitos advérbios são derivados de adjectivos com um sufixo –mente: felizmente, corajosamente; alguns, poucos, apenas são bem formados na forma negativa, por parassíntese ou circunfixação, como inevitavelmente/ *evitavelmente, ininterruptamente/ *interruptamente. Tanto como existem advérbios que funcionam como conectores frásicos: consequentemente, assim, agora, etc. Entretanto, esse 71 conceito também pode ser visto como 10uma palavra invariável em género e número que se junta a um verbo, a um adjectivo ou a outro advérbio para lhe precisar, modificar ou reforçar o sentido, ou seja, a função principal é ser modificador da frase ou do grupo verbal. Veja abaixo: Sinceramente, não acredito. A prova correu bem. Gosto bastante de gelado Flexão adverbial Grau A categoria de grau estabelece uma gradação no significado de uma palavra ou na relação entre termos de comparação. Assim, o grau dos advérbios varia entre normal, comparativo e superlativo. Formação dos graus dos advérbios (Adv.) Exemplos: Comparativo de superioridade mais Adv. que ou do que Corro mais depressa que tu. Comparativo de igualdade tão Adv. Como ou quanto Canto tão bem quanto o João. Comparativo de inferioridade menos Adv. que ou do que Beira é menos longe que Tete. Superlativo absoluto sintético Adv. + sufixo - íssima A prova correu lindissimamente. Superlativo absoluto analítico Muito/muitíssi mo + Adv. A prova correu muito bem. Superlativo relativo de superioridade o mais Adv. Possível Vou o mais rápido possível. Superlativo relativo de inferioridade o menos Adv. Possível Cheguei o menos rápido possível. 10 MATOS, C. João. Gramática Moderna da língua portuguesa. 2.ed. Lisboa: Escolar, 2012. Rocha, Ana. Termos básicos de literatura, linguística e gramática. Europa-América, 1997. Pg.7. 72 Atenção: Antes dos Adj. formados pelo particípio do verbo, ou graus comparativo e superlativo sintético dos advérbios bem e mal são: O mais bem e o mais mal. Exemplos: Quero o trabalho o mais bem feito possível. O jogador mais bem conhecido de Moçambique é Dominguês. Foi o livro mais mal escrito que li. Classificação dos advérbios e os respectivos critérios Eis a tabela elucidativa da classificação dos advérbios, segundo Matos 2012: Classificação dos advérbios Locução adverbial Advérbio de predicado Valor locativo: abaixo, acima, adiante, aí, além, ali, aquém, aqui, atrás, cá, defronte, dentro, detrás, fora, junto, lá, longe, etc. Valor temporal: agora, ainda, amanhã, anteontem, antes, breve, cedo, jamais, sempre, outrora, tarde, etc. Valor de modo: assim, bem, debalde, depressa, mal, melhor e uma grande parte de palavras terminadas em -mente, etc. À direita, à distância, de dentro, para onde, para li, de cima, etc. À noite, de dia, de vez em quanto, em breve, pela manhã, etc. À toa, à vontade, ao contrário, às avessas, com gosto, de cor, em geral, em silêncio, por acaso, etc. 73 Advérbio de frase Advérbios formados em – mente, modificadores da frase (podem estar isolados por vírgula), etc. Advérbio conectivo Nomeadamente, designadamente, especificamente, consequentemente, primeiramente, porém e contudo (ocorrem entre vírgulas entre sujeito e o predicado. Pelo contrário, em consequência, em particular, em síntese, por um lado, por conseguinte, por fim, etc. Advérbio de negação Não, jamais, negativamente, nunca. De forma alguma, de modo nenhum, etc. Advérbio de afirmação Sim, certamente, efectivamente, realmente, positivamente, etc. Com certeza, por certo, etc. Advérbio de quantidade e grau Assaz, bastante, demais, demasiado, mais, menos, tão, pouco, muito, etc. De muito, de pouco, de todo, etc. Advérbio de inclusão e exclusão Até, inclusive, mesmo, também, igualmente, etc. Apenas, excepto, salvo, senão, somente, só, etc. Advérbio interrogati vo Porquê? onde?, como?, quando? Advérbio relativo Onde. Advérbio de dúvida Acaso, porventura, quiçá, talvez, possivelmente. Não obstante, Cavacas e Gomes (2006) apresentam uma classificação de advérbios com a seguinte designação: 1. Advérbios adjuntos 74 Trata-se de advérbios que se constituem como núcleo de grupos adverbiais, com a função de: ● Complementos adverbiais Ou ● Modificadores adverbiais. Como: O Vesúvio com a sua imponência fica além. Felizmente o vulcão adormeceu além. Observa-se que estes advérbios podem sofrer mudanças de posição quando integrados em processos de interrogação ou de negação: É além que fica o Vesúvio? Felizmente o vulcão não adormeceu além…mas na outra encosta. Ainda: O mesmo item adverbial pode representar subclasses diferentes: O Vesúvio entrou em acção naturalmente- advérbio adjunto.
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