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MICOSES SUBCUTÂNEAS ESPOROTRICOSE ● Ag: Sporothrix schenckii ● Doença subaguda ou crônica do homem e de animais ● Benigna na maioria das vezes, limitada a pele e ao tecido subcutâneo ● Casos raros - disseminação para ossos e órgãos internos - doença primariamente sistêmica, início pulmonar Etiologia ● Sapróbio ● afinidade por moléculas de adesão celular - fibronectina - laminina - colágeno tipo II ● dimórfico - cresce em temperatura ambiente, forma miceliana - 37 graus in vitro ou nos tecidos vivos, forma de levedura Epidemiologia ● Distribuição universal, exceto nas áreas ao norte e aos sul das latitudes 50 da linha do Equador ● micose subcutânea mais comum no Brasil, México, África do sul, Índia, Japão e EUA ● Reconhecida em animais ● clima, temperatura e a umidade relativa influência no crescimento desse fungo Patogenia ● Contaminação comum: inoculação traumática da pele ● Gatos infectados - transmissão para o homem * Sem transmissão de homem para homem ● Contaminação rara: inalação - forma pulmonar ● Casos têm sido desencadeado por picadas ou mordidas, abrindo uma porta de entrada para a inoculação do fungo *sem evidências que são os insetos que inoculam o fungo ● Profissões com mais predisposições: - floristas, jardineiros, fazendeiros, horticultor, mineiros, feirante etc - profissionais que trabalham com animais, como veterinários e profissionais de laboratórios * fungo sapróbio, cresce na vegetação e solo ● Crianças; contato com a natureza, arranhões e ferimentos na face geram maior risco de contaminação ● Período de incubação: 7 a 30 dias, podendo estender até 6 meses ● Imunidade na esporotricose sistêmica: celular/humoral - imunidade celular - macrofagos ativados por TCD4+ ● Esporotricose-infecção tem sido demonstrada a reação positiva a esporotriquina, na ausência de doença clínica - profissões com maior risco de infecção , geralmente apresenta, positividade a esporotriquina. Manifestações clínicas Formas cutâneas 1. cutânea linfática ● comum, 95% dos casos ● dita as características mais comum dessa micose ● lesão inicial no local do trauma prévio ● aspectos variados: tempo/evolução - ulcerada de base infiltrada e eritematosa - pápula, nódulo, placa vegetante e até úlcero-gomosa ● forma-se cadeia de nódulos indolores nos vasos linfáticos a partir da lesão inicial ● nos adultos é nos membros, nas crianças é na face 2. Cutânea localizada ● lesão única ● nao apresenta as características comum dessa micose, dificultando o diagnóstico ● diagnóstico diferencial é importante, pode ser confundida com outras infecções, como leishmaniose, síndrome verrucosa, tumores 3. Cutânea disseminada ● menos frequente ● associada a algum tipo de imunodepressão ● condições predisponentes: alcoolismo, diabetes, idade avançada, AIDS, nefropatias ● oportunista ● disseminação via hematogênica ● lesões variadas e podem lembrar a da tuberculose cutânea ● lesões cutâneas assintomáticas Formas extracutâneas ● raras ● difícil diagnóstico e tratamento ● associadas a algum tipo de imunodepressão ● qualquer tecido ou órgão ● disseminação por via hematogênica ● sem lesão primeira, infecção por inoculação ou ingestão do fungo ● sintomas relacionados com o órgão envolvido ● depois da pele o tecido ósseo é o mais acometido ● articulações: raro ● olhos: raro ● pulmonar: rara, porém conta com um bom número de casos documentados - formas leves de pneumonites crônicas - bronquite aguda - pneumonite com tosse intensa, indisposição e febre - aumento de nódulos mediastinais ● testicular: rara nos homens, comuns nos animais Diagnóstico Laboratorial Exame micologico Direto ● raro encontrar o parasita ● quando encontrados são variados - corpos ovais, redondos, forma de charuto, cercado por um halo que parece uma cápsula Cultura ● simples, seguro, rápido, barato ● forma miceliana - 25 graus 3-5 dias ● colonias filamentosas ● hifas hialinas, septadas, ramificadas e delicadas ● conídios em cachos terminais, parecendo margarida ● na fase leveduriforme parecem bactérias Identificação do fungo nos tecidos ● difícil de ser achado ● quando encontrados: forma em charuto, corpos asteroides e raramente hifas ● pode ser confundido com outros fungos e outras substâncias ● PAS, HE Histopatologia ● reação inflamatória na pele ● mista, granulomatosa e purulenta, acompanhada de fibrose ● epiderme: hiperceratose, paraceratose e acantose irregular ● granuloma com 3 zonas distintas - central: leucócitos e microabicesso - intermediaria: células epitelioides, histiócitos e células gigantes - periférica: plasmócitos, histiócitos e fibroblastos Teste Cutâneo Com Esporotriquina ● Antígeno de injeção intradérmica ● preparado com filtrados de cultura na fase miceliana ou leveduriforme ● resultado positivo não é diagnóstico Sorologia ● Soroaglutinação do latex, fixação do complemento, imunodifusão e imunofluorescência Tratamento ● Micose subcutânea com menor intervalo de tempo entre a identificação (1898) e o emprego de um tratamento (1903) ● Iodeto de potássio (cutânea-linfática, cutânea localiza e cutânea disseminada) ● Itraconazol e anfotericina B (forma extracutânea ) CROMOMICOSE ● Infecção micótica crônica ● evolução lenta ● pele e o tecido celular subcutâneo de homem e animais ● solo ou vegetais em decomposição ● lesões polimorfas - formação de nódulos, lesões papulosas, eritemato-descamativa e forma verrucosa ● localizadas no membro inferior, pés e pernas ● membros superiores são em menor proporção ● raramente no tronco, pescoço, face, nádegas, ● homens mais acometidos ● fungos demáceos - pigmento Etiologia Família Dematiaceae ● Ag Fonsecaea pedrosoi ● Ag Fonseca compacta ● Ag Phialophora verrucosa ● Ag Cladosporium carrionii ● Ag Rhinocladiella aquaspersa ● Produzem colônias filamentosas, verde-oliva ao marrom e preto, ● crescimento lento, 4 a 6 semanas para o diagnóstico final ● trabalhadores rurais ● via traumática Aspectos clínicos ● diversidade de achados ● dificuldade de diagnóstico ● lesões unilaterais ● evolução crônica ● características macroscópicas variáveis -eritema-escamosas planas -verrucosas -hiperqueratósicas -pápula-pedunculadas -granulomatosas nodulares ● lesões nodulares - membros inferiores - iniciando-se por nódulos violáceos pequenos, cobertos por pele sã - únicas ou múltiplas - crescimento lento e confluente - passar dos anos, ulceração no centro da lesão, aspecto vegetante - lesões queloidiformes ● lesões em placa - qualquer parte da pele - pápulas pruriginosas, violácea ou vermelha - crescimento excêntrico - passar dos anos, aspecto de placas com bordas papilomatoso-violáceas, crostas serossanguinolentas - zonas cicatriciais retrateis ● Exame direto com KOH (10-40%) ● cultura sempre necessária para determinar a espécie do fungo Diagnóstico Laboratorial ● microscopia e cultura de material suspeito ● exame histopatológico - biópsia de parte mais profundas da pele - encontrar estruturas fúngicas ● Exame direto com KOH (10-40%) - presença de células fúngicas , globosas, ovaladas, de parede espessa, coloração castanha, apresentando ou não septação interna ● Cultura - isolamento e identificação do fungo - meio Sabouraud ● Ag inibidos pela cicloeximida ● identificação final -características micromorfológicas das colônias associadas às micro ● Amostras - obtidas através da raspagem da lesão, colheita de secreções com swabs e biópsias de tecido ● Os achados apresentam pouca ou nenhuma característica diferencial 1. Fonsecaea pedrosoi - colônias de maturação lenta (14dias) - textura veludosa - marron-escuro, verde-oliva ou negro - relevo plano ou rugoso - não sendo observável pigmento difusível no meio - principal ag no Brasil 2. Fonsecaea compacta - colônias de maturação muito lenta (28 dias) - textura veludosa - verde-oliva, escuro e preto - relevo levemente rugoso - não possui pigmento difusível no meio 3. Phialophora verrucosa - colônias de maturação lenta (14dias) - textura veludosa - verde-oliva, escura oumarrom - se recobrem por um micélio algodonoso e cinza - relevo pouco característico - não possui pigmento difusível no meio 4. Cladosporium carrionii - colônias de maturação muito lenta (21 dias) - aspectos similares à Fonsecaea pedrosoi 5. Rhinocladiella aquaspersa - colônias com maturação rápida (7dias) - textura veludosa - verde escuro ou preto - relevo pouco característico - não possui pigmento difusível no meio Principais tipos de conídios: 1. Phialophora: - forma de jarro (fiálides) - formadas ao longo das hifas e que originam os conídios - aglomeram-se na parte superior das fiálides 2. Rhinocladiella: - estrutura alongadas (conidióforos) - geradas ao longo das hifas - conídios ovais - localizam-se na extremidade superior (acroteca) e nos lados desses conidióforos 3. Cladosporium: - estruturas fúngicas que formam cadeias de conídios - se ramificam através do brotamento apical - variante compacta com cadeias densas , globosa , com difícil dissociação ● Exames histopatológicos - reações tissulares por reacao granulomatosa de macrofagos, ● células de cor acastanhado, redonda ou poliédricas, de parede espessa ● propaga-se por continuidade pelo tecido celular subcutâneo e pele - casos raros: linfática e hemorrágica ● confunde-se com outras doenças ● diagnóstico diferencial com esporotricose verrucosa, leishmaniose verrucosa, micetoma Tratamento ● infecções fúngicas mais rebeldes ● tratamento longo ● pode ocorrer recidivas ● cabe ao clínico escolher o tratamento adequado ● iodeto de potássio ou de sódio, anfotericina B, itraconazol, vitamina D ● eletrocoagulacao, remoção cirúrgica da lesão , termoterapia, crioterapia ● combater infecções secundárias devem ser preconizadas com antibióticos ou com antissépticos locais ● biópsias para cultura e exames histopatológico de rotina após a cicatrização da lesão JORGE LOBO ● Ag: Lacazia loboi ● descrita por Lobo, em 1931, Recife, paciente procedia da Região Amazônica ● nos anos seguintes surgiram mais casos, procedentes da mesma região e com características similares - lesões essencialmente cutâneas - aspecto parecido ao quelóide ● agente parecido com o da paracoccidiomicose ● 1955 primeiro caso fora do Brasil ● 1983, na Europa, paciente se acidentou ao manusear um golfinho - o animal apresentava lesões cutâneas, compatíveis com a lobomicose Epidemiologia ● Maioria dos pacientes de procedência brasileira ● Amazonas e Acre, a lobomicose está entre as micoses mais frequentes ● adultos do sexo masculino ● precedentes de áreas rurais, relação com a agricultura, extrativismo, caça e pesca ● surgimento de lesões após traumatismo diversos ou picada Aspectos Clínicos ● evolução crônica ● restrita a pele ● profundo: limita-se ao tecido subcutâneo ● problemas estéticos e às vezes funcionais ● só um relato de acometimento visceral : testicular ● Membros inferiores, pavilhões auriculares e membros superiores ● lesões unilaterais ● lesões papulosas, tuberosas , e muitas vezes volumosas, com aspecto tumoral ou placas ● lesões lisas e brilhantes, simulando o queloide ● sésseis ou pediculadas ● isoladas ou confluentes ● formando massas multiloculadas ● Aspecto verrucoso: regiões palmares e plantares ● Lesões ulceradas: consequentes a traumas ● Lesões em placa ou gomosas: pouca frequência ● Evolução prolongada: áreas infiltradas, consistência endurecida entre as lesões pápulo-nodulares ● pouco frequente a disseminação cutânea ● confusão diagnóstica com hanseníase, leishmaniose, sarcoma ● Principais complicações : ulcerações traumáticas com infecções secundárias ● Degeneração carcinomatosa em ulcerações crônicas Diagnóstico ● manifestações cutâneas queloides são sugestivas ● escarificação térmica da lesão ● exame direto ● observam-se numerosas células leveduriforme ● exames anatomopatológicos e colorações especiais facilita o estabelecimento do diagnóstico Aspectos Micológicos ● exame direto do parasita - corpos leveduriformes - dupla parede - agrupados em cadeia de 2 ou mais ● não se consegue cultivar o ag da lobomicose Aspectos Imunológicos ● Fraca patogenicidade de acordo com a imunofluorescência e o teste intradérmicos ● relações antigênicas comuns com C. albicans, H. capsulatum ● diminuição da imunidade celular Tratamento ● exérese cirúrgica ● crioterapia e eletrofulguração ● recidivas frequentes ● medicamentos não satisfatórios ● Clofazimina e itraconazol MICETOMAS ● infecções crônicas ● pele e tecido subcutâneo ● lesões nodulares subcutâneas evoluem para secreções sanguinolentas ou supurulenta, com grãos parasitários ● se desenvolvem nos pés, podendo comprometer estruturas mais profundas, como ossos e músculos ● Micetomas bacterianos - micetomas actinomicóticos ou actinomicetomas - cosmopolita ● Micetomas fúngicos - micetomas eumicóticos ou eumicetomas - regiões tropicais e subtropicais ● comuns em regiões da linha do equador e trópico de câncer ● américa do sul ● faixa de 20 a 50 anos ● raro em crianças e idosos ● sexo masculino mais afetado ● não é transmitida de homem para homem, nem animal para homem ● contaminações por lesões e o contato com a atividade laboral Etiologia ● Eumicóticos - grãos negros e grãos brancos ● actinomicetomas - grãos agrupados em brancos ou amarelos e em vermelho e preto Formas clínicas Eumicetomas localização podal ● lesões localizadas, simples ou múltiplas ● tumefações deformantes ● aspecto elefantíase, fistuladas, duras à palpação, pouco doloridas, liberando um discreta secreção serossanguinolenta ● clinicamente é muito difícil diferenciar o actinomicetoma do eumicetoma ● exame direto detalhado e a análise histopatológica auxiliam na diferenciação Actinomicetoma ● atingem regiões podais, braços, pernas e ossos Diagnóstico laboratorial ● swab, nas lesões que drenam espontaneamente ● lesões fechadas - punções ● material coletado colocado em tubos com soro fisiológico ou água destiladas ● o diagnóstico é baseado na observação dos grãos ou grânulos, que drenam espontaneamente da lesão, ou por puncao, biopsia ● micetoma eumicótico - filamentos micelianos septados, claros ou castanhos - fungo filamentoso *simples observação, ao exame direto, é um importante diagnóstico diferencial ● micetoma actinomicotico - estruturas filamentosas - bem finas, que se fragmentam em estruturas bacilares ou cocóides ● exame direto - com ou sem coloração - KOH (10-40%) ● Histopatologia - características semelhantes - reação inflamatória subaguda - abscesso e presença de grãos - Prata Grocott-Gomori; cora ambos mas com diferentes espessuras - Coloração de Gram : cora os grãos actinomicóticos Tratamento ● estabelecimento da especie do micro-organismo ou tipo : fungo ou bactéria ● Actinomicetomas - estreptemicina - dapsona - sulfamentazol ● Eumicetoma - miconazol - cetoconazol - exérese cirurgica
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