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Biologia - Teórico_VOLUME3

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Caro aluno 
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos 
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto 
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de 
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A 
seguir, apresentamos cada seção:
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa 
seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório 
do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com 
indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en-
contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos 
temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até 
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos 
essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, 
em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais 
o conhecimento do nosso aluno.
multimídia
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu 
distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão 
de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas 
para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para 
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida 
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma 
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre 
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em 
seu dia a dia.
vivenciando
Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao 
fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o 
aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas 
na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, 
a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de 
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são 
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva 
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. 
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a 
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-
-las com tranquilidade.
áreas de conhecimento do Enem
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los 
em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque-
les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio 
de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo 
da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos 
principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza-
ção dos estudos e até a resolução dos exercícios.
diagrama de ideias
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-
borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata 
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não 
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos 
conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem 
conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio-
logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre 
outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade 
por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas 
de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan-
do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que 
cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma 
grande engrenagem no mundo em que ele vive.
conexão entre disciplinas
Herlan Fellini
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos 
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo 
o território nacional.
incidência do tema nas principais provas
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção 
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas 
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados 
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno 
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos.
teoria
Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem 
parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, 
deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta-
dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com-
preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos 
do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer 
momento, as explicações dadas em sala de aula.
aplicação do conteúdo
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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.
Autores
Joaquim Matheus Santiago Coelho
Larissa Beatriz Torres Ferreira
Diretor-geral
Herlan Fellini
Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista 
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica 
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Editoração eletrônica
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Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
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Projeto gráfico e capa
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SUMÁRIO
BIOLOGIA
ECOLOGIA
ZOOLOGIA
CITOLOGIA
Aulas 17 e 18: Biomas 6
Aulas 19 e 20: Biomas aquáticos 25
Aulas 21 e 22: Ciclos biogeoquímicos 31
Aulas 23 e 24: Problemas ambientais 39
Aulas 25 e 26: Tipos de reprodução e ciclos de vida 61
Aulas 17 e 18: Moluscos 74
Aulas 19 e 20: Anelídeos 84
Aulas 21 e 22: Artrópodes e equinodermos 91
Aulas 23 e 24: Cordados I 104
Aulas 25 e 26: Cordados II 112
Aulas 17 e 18: Meiose e variabilidade genética 130
Aulas 19 e 20: Gametogênese 139
Aulas 21 e 22: Histologia I 148
Aulas 23 e 24: Histologia II 163
Aulas 25 e 26: Respiração celular e fermentação 171
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Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos 
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondentedesenvolvimento científico e tecnológico. 
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
H4
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável 
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
H7
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do 
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
H8
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando 
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
H9
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações 
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
H11
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando 
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
H14
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, 
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
H17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto 
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
H19
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica 
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
H22
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas 
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
H23
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou 
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas
H25
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou 
produção.
H26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações 
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico 
tecnológicas.
H28
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em 
ambientes brasileiros.
H29
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas 
ou produtos industriais.
H30
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do 
ambiente.
5
ECOLOGIA: 
Incidência do tema nas principais provas
UFMG
Costuma integrar conceitos de ecologia, como 
relações ecológicas e problemas ambientais, entre 
si e com diferentes áreas da Biologia.
Costuma trazer questões em que seja necessá-
rio relacionar conceitos de ecologia com 
problemas ambientais atuais.
Exige a interpretação de imagens, mapas 
e gráficos. Interações ecológicas e teias 
alimentares são conceitos recorrentes dentro 
de ecologia.
Prova com poucas questões de ecologia, 
sendo interação entre os seres vivos (teias 
alimentares e relações ecológicas) o tema 
mais recorrente.
Questões que misturam diferentes áreas 
da Biologia, com assuntos como sucessão 
ecológica, problemas ambientais e relações 
ecológicas.
Problemas ambientais, relações ecológicas e 
conceitos básicos de ecologia (população, co-
munidade, ecossistema) são muito presentes.
Teias alimentares, relações ecológicas e pro-
blemas ambientais são os principais assuntos.
Compreensão de teias e cadeias alimentares, 
assim como a interação entre os seres vivos, 
é fundamental para resolver as questões de 
ecologia, que são interdisciplinares e pedem 
temas atuais com relação aos impactos 
ambientais.
São recorrentes questões acerca de teias 
alimentares, relações ecológicas e problemas 
ambientais, sendo possível que estas tenham 
interdisciplinaridade com Química e/ou 
Geografia.
Prova com ênfase em problemas ambientais e 
relações ecológicas.
Com perfil similar à Fuvest e questões bem 
específicas, os temas mais frequentes são 
problemas ambientais e relações ecológicas.
Prova com foco em citologia e genética, 
portanto, as poucas questões sobre ecologia 
são concentradas em relações ecológicas e 
problemas ambientais.
Enfoque em conceitos básicos de ecologia, 
como dinâmica populacional, relações ecológi-
cas e teias alimentares.
Questões bastante específicas relacionadas 
a teias alimentares e interações e pirâmides 
ecológicas.
Questões interdisciplinares que cobram 
conteúdos altamente específicos – costumam 
aparecer conceitos gerais de ecologia, assim 
como pirâmides e relações ecológicas.
6
 BIOMAS
COMPETÊNCIA: 8 HABILIDADES: 28 e 30
AULAS 
17 E 18
1. INTRODUÇÃO
Com o intuito de organizar a abordagem, será realizada uma 
pequena revisão sobre ecologia e os níveis de organização 
por ela estudados. Em seguida, serão abordados os temas 
biomas e biociclos.
 O conjuntode organismos da mesma espécie que 
interagem e habitam uma dada região durante um 
certo período de tempo constitui uma população.
 O conjunto de populações de espécies diferentes que 
interagem e habitam uma dada área durante um perí-
odo de tempo forma uma comunidade biológica, 
biota ou biocenose.
 O conjunto formado pela interação da biota com o 
meio físico no qual ela vive é denominado ecossis-
tema, que se caracteriza por dois processos: fluxo 
de energia e ciclo de matéria. Assim, um lago, um rio 
poluído, uma floresta, um campo, uma praia ou uma 
caverna são exemplos de ecossistemas.
 O conjunto de vários ecossistemas interdependentes e 
que interagem é denominado bioma. A Mata Atlânti-
ca, a Amazônia, o Cerrado, a Caatinga e o Pantanal são 
exemplos de biomas, uma vez que são constituídos por 
diversos tipos de ecossistemas associados.
 O conjunto de vários biomas com características parti-
culares é denominado biocora. Por exemplo, a Mata 
Atlântica, a Amazônia e a Taiga são formações flo-
restais inseridas no biocora das florestas, apesar de 
suas dinâmicas, estruturas e composição de espécies 
serem diferentes.
 O conjunto de biocoras com características particula-
res de um dado compartimento da Terra denomina-se 
biociclo. Por exemplo, os biocoras marinhos consti-
tuem o biociclo marinho ou talassociclo; os bio-
coras terrestres constituem o biociclo terrestre ou 
epinociclo; e os biocoras de água doce constituem o 
biociclo dulcícola ou limnociclo.
 O conjunto de todos os biociclos chama-se biosfera, 
que também pode ser entendida como a camada ou 
superfície do planeta, coberta ou não por água, que 
sustenta, mantém e contém vida.
O conceito de bioma
O conceito de bioma é fundamental para a com-
preensão da distribuição dos seres vivos no planeta. 
Segundo dois importantes ecólogos, pode-se entend-
er o bioma como “um conjunto de ecossistemas ter-
restres com vegetação característica, fisionomia típi-
ca, com predomínio de certo tipo de clima e vinculado 
a dada faixas de latitude” (ODUM, 1996); ou ainda 
como “uma grande área do espaço geográfico, que 
tem por características a uniformidade de um macro-
clima definido, de uma determinada fitofisionomia ou 
formação vegetal, de uma fauna e outros organismos 
vivos associados, e de outras condições ambientais, 
como a altitude, o solo, os alagamentos, o fogo, a sa-
linidade, entre outros. Essas características todas lhe 
conferem uma estrutura e uma funcionalidade peculi-
ares, uma ecologia própria” (COUTINHO, 2005).
2. CLIMA TERRESTRE E BIOMAS
2.1. Aquecimento e ventos
Todos os biomas terrestres ou os ambientes aquáticos são 
bem determinados. Nesse sentido, algumas perguntas são 
fundamentais. Como foram formados ao longo do tempo? 
Como os seres vivos evoluíram adaptando-se aos biomas?
Todos os organismos apresentam uma área de distribuição. 
É possível encontrar seres vivos em todos os lugares da 
Terra; sua distribuição, porém, é limitada por fatores, sejam 
eles bióticos ou abióticos. Organismos são encontrados nos 
picos gelados de montanhas, nas dunas dos desertos, nas 
profundezas das regiões abissais oceânicas, em gêiseres 
(onde a água pode atingir temperaturas de 60 °C), nas regi-
ões polares, ou seja, em todos os ambientes. Entretanto, são 
poucos os organismos que apresentam ampla distribuição, 
os denominados cosmopolitas.
O homem e o falcão-peregrino, por exemplo, distribuem-se 
por todos os continentes, em várias altitudes, latitudes, cli-
7
mas e habitats, mas, mesmo ocorrendo nessa variedade de 
condições, essas espécies não ocorrem em ambientes aquá-
ticos, representados por 3/4 do planeta cobertos por água.
Todos os táxons evoluíram e estão em constante evolução, 
sempre afetados por eventos geológicos únicos, como os 
que ocorreram no passado, os que ocorrem atualmente e 
os que estão por ocorrer. Essa evolução determina a limi-
tação a uma área de distribuição do táxon. Contudo, os 
táxons são extremamente afetados pelas condições variá-
veis do ambiente físico. Por exemplo: táxons de ambientes 
terrestres, cujo padrão de distribuição é determinado pelo 
clima e pelos diferentes tipos de solo; e os de ambiente 
aquático, grandemente limitados pelas variações de tem-
peratura, salinidade, luz e pressão atmosférica.
Nos diversos pontos terrestres, os biomas são influenciados 
diretamente pelo clima (condições de temperatura, umida-
de, etc.). O calor determinado pelas radiações solares é o 
fator principal que caracteriza os diversos tipos de clima 
terrestre. A análise dos aspectos que favoreceram a origem 
da vida revela que a energia solar foi o fator desencadea-
dor das reações ocorridas. Com efeito, a energia solar man-
tém a vida na Terra, uma vez que, capturada pelas plantas 
verdes, é convertida em outros tipos de energia, que são 
utilizadas para o crescimento, manutenção e reprodução 
de todos os seres vivos. O calor é transferido de um corpo 
com maior temperatura para aquele com temperatura me-
nor através dos seguintes princípios:
 condução − transferência direta de molécula a molé-
cula, sendo mais rápida na matéria sólida;
 convecção − movimento circular com o deslocamen-
to das massas quentes (líquidas ou gasosas), menos 
densas, para cima, gerando um local ocupado em baixo 
por massas frias, mais densas; 
 radiação − a passagem de ondas através do espaço 
ou matéria.
O Sol emite calor por meio de radiações que chegam à Terra. 
Ao encontrar matéria, como água ou solo, essas radiações 
são absorvidas e a matéria é aquecida. Esse aquecimento, 
por sua vez, não é uniforme, sendo diferenciado de acordo 
com a estrutura da matéria. Existem rochas, solos e plantas 
que absorvem maior quantidade de calor. A água também 
absorve radiação, mas o aquecimento não fica confinado 
apenas à camada superficial, como ocorre nos sólidos. 
Parte desse calor é absorvida pelo ar, principalmente onde 
o ar é mais mais denso e particularmente se ele contém 
partículas suspensas de água ou poeira (nuvens). Embora o 
ar seja aquecido pela radiação solar, o maior aquecimento 
ocorre na superfície da Terra. 
Entretanto, por que quanto maiores as latitudes, menor é o 
calor? Ou seja, por que as temperaturas diminuem na dire-
ção dos polos? A Terra tem um formato elipsoidal com um 
achatamento nos polos. A atmosfera é contínua à superfí-
cie terrestre, e a radiação solar atinge a superfície terrestre 
atravessando a atmosfera, sempre fazendo um ângulo per-
pendicular ao eixo longitudinal da Terra.
O ângulo de posição da Terra em relação ao Sol e o mo-
vimento de translação da Terra são outros fatores a serem 
considerados. A Terra está posicionada, ou seja, inclinada, 
formando um ângulo de 23,5° com o eixo perpendicular à 
sua órbita, e, devido ao seu movimento de translação, isso 
determina onde haverá maior ou menos calor em relação 
à linha do equador. Esse aquecimento diferencial da su-
perfície da Terra, em diferentes ângulos, explica por que a 
temperatura média nos trópicos é maior do que nos polos 
e por que, usualmente, é mais quente ao meio-dia do que 
ao amanhecer ou ao entardecer.
Como a inclinação do eixo polar é fixa, durante o movi-
mento de translação, a energia solar atinge mais ora um 
hemisfério, ora outro, resultando nos ciclos de estações 
climáticas. Quando a radiação incide perpendicular à linha 
do equador, ou seja, 0°, e forma um ângulo de 90° com a 
refração, tem-se o equinócio (20 ou 21 de março e 22 ou 
23 de setembro − início da primavera e do outono). Quan-
do a incidência ocorre nas linhas dos Trópicos de Câncer ou 
Capricórnio, tem-se, respectivamente, o solstício Norte e 
Sul (21 ou 22 de junho e 21 ou 22 de dezembro − início 
do verão ou do inverno).
Devido ao movimento de translação e ao eixo de rotação da 
Terra, a luz solar incide na faixa do dia mais ao sul no hemis-
fério Norte e ao norte no hemisfério Sul. Por isso, pode-se 
dizer que uma árvore localizada ao sul da linha do Equador 
receberá mais luz na sua face norte do que na sua face sul.O 
oposto ocorre no hemisfério Norte.
As diferentes durações de dias e noites também caracteri-
zam as estações climáticas. Apenas no equador existe um 
fotoperíodo de 12 horas nas 24 horas do dia. Nos equi-
nócios do outono e da primavera, os raios de sol atingem 
perpendicularmente o equador, as latitudes equatoriais são 
aquecidas mais intensamente, e, em cada lugar da Terra, a 
duração do dia é a mesma.
8
No solstício de verão (22 de dezembro), a maior quantida-
de de radiação solar atinge diretamente o Trópico de Capri-
córnio (23,5° de latitude Sul), e o hemisfério Sul é aquecido 
mais intensamente com dias mais longos e maiores foto-
períodos, enquanto no hemisfério Norte será inverno. Por 
outro lado, quando o Sol está perpendicular ao Trópico de 
Câncer (23,5° de latitude Norte), é verão (22 de junho − 
solstício Norte), enquanto o hemisfério Sul está no inverno, 
com temperaturas mais baixas e noites mais longas.
A sazonalidade do clima aumenta com o aumento de la-
titude. Nos círculos árticos e antárticos (66,5° de latitude), 
existe um dia em cada ano com contínua luz solar (o Sol 
nunca se põe) durante o verão e um dia de contínua escu-
ridão (inverno), marcados pelos respectivos solstícios.
 Equinócio − ponto da órbita da Terra em que se re-
gistra uma igual duração do dia e da noite (hemisfério 
Sul = 20 ou 21 de março, equinócio do outono, e 22 
ou 23 de setembro, equinócio da primavera).
 Solstício − época em que o Sol passa pela sua maior 
inclinação boreal ou austral (hemisfério Sul = 21 ou 22 de 
junho na maior inclinação boreal, e nos dias 21 ou 22 de 
dezembro na maior inclinação austral).
Esse processo mostra as variações de temperatura sazonais e 
latitudinais, mas deixa de explicar por que o ar fica mais frio 
quando em grandes altitudes. O monte Kilimanjaro, na Áfri-
ca tropical, por exemplo, tem seu pico eternamente coberto 
com neve e gelo. Por que os picos das montanhas são mais 
frios do que as regiões mais baixas? Eles não estão mais 
próximos do Sol?
A resposta está nas propriedades termais do ar. A densida-
de e a pressão do ar diminuem com o aumento da altitude. 
Quando o ar na superfície do nível do mar é forçado para 
as altas elevações, ocorre uma expansão em resposta à 
menor pressão atmosférica. Nessa expansão, o ar se torna 
mais frio (esse processo é denominado esfriamento adia-
bático). A média de esfriamento do ar seco é de cerca de 
10 °C para cada mil metros de elevação, e, na presença de 
vapor-d’água, a média de esfriamento é de 6 ºC.
Esse aquecimento diferencial da superfície da Terra causa 
também os ventos que contêm calor e umidade e determi-
na as áreas de precipitações. Como foi visto anteriormente, 
o maior aquecimento ocorre no equador, especialmente no 
equinócio, quando o Sol está perpendicular à superfície. O 
ar tropical é aquecido e se expande, torna-se mais leve do 
que o ar dos arredores e se eleva. Essa elevação produz 
uma área de menor pressão atmosférica sobre o equador. 
O ar mais denso ao sul e ao norte do equador flui para essa 
região de baixa pressão, resultando em ventos soprando 
para a região do equador. Enquanto isso, o ar equatorial 
que foi aquecido e se elevou fica mais frio adiabaticamente, 
sendo puxado de volta à superfície, a cerca de 30° latitude 
Norte e Sul. Essa circulação vertical da atmosfera resulta de 
três áreas na superfície terrestre, com o ar ascendendo no 
equador a cerca de 60° de latitude Norte e Sul e descendo 
a 30° nos polos. Essas massas de circulação de ar produ-
zem ventos de superfície que sopram para o equador entre 
30° e 0° e para os polos entre 30° e 60°.
Entretanto, essas células de ventos, influenciadas pelo 
aquecimento solar, deslocam-se no sentido da direita, em 
razão da rotação da Terra. Entenda melhor o processo:
a) o sentido de rotação é de oeste para leste, sentido 
anti-horário; assim, as massas de ar e água circu-
lam para a direita na superfície da Terra; 
b) ao descer nas latitudes 30°, o ar sopra em direção 
ao equador (alísios), sentido horário no hemisfério 
Norte e anti-horário no hemisfério Sul, provocan-
do precipitações nas zonas tropicais e equatoriais;
c) na latitude 30°, a descida de ar frio, proveniente 
das latitudes 0° e 60°, retira a umidade levando 
pela superfície para 0º e 60º os ventos alísios e oes-
te, respectivamente;
d) nas latitudes 20°, devido à descida de ar frio, re-
tirando a umidade, ocorre a aridez nas regiões aí 
localizadas (deserto do Atacama, deserto da Pata-
gônia, deserto de Sonora, deserto de Kalaari, deser-
to do Saara, deserto do Oriente Médio, deserto do 
Centro-Oeste da Austrália);
e) a movimentação de água (oceano) comporta-se da 
mesma maneira, provocando a chegada de águas 
quentes na costa leste dos continentes e águas 
frias na costa oeste.
Os ventos também influenciam as grandes correntes 
marinhas, no sentido anti-horário no hemisfério Sul e no 
sentido horário no hemisfério Norte. Nos litorais oeste dos 
continentes (leste dos oceanos), ocorre uma ressurgência 
de grande escala.
9
2.1.1. Ressurgência
O processo pelo qual a água fria de profundidade sobe à 
superfície, trazendo nutrientes e muitos organismos, como o 
fitoplâncton, é denominado ressurgência. Esse fenômeno 
ocorre quando a água quente superficial é arrastada pelo 
vento.
O transporte vertical é provocado:
a) pelo impacto de massas de água de densidades 
diferentes;
b) por regiões onde uma corrente oceânica submarina 
encontra um obstáculo (talude continental ou ele-
vação submarina) que a força a subir;
c) como função entre a direção do vento e a orografia 
do fundo.
As regiões de ressurgência são férteis, pois as águas de 
profundidades contêm diversos nutrientes, e as populações 
de plânctons, néctons e bentos são sempre numerosas.
Ao longo da existência da Terra, o padrão global de cli-
ma sofreu poucas mudanças; assim, é possível determi-
nar a extinção de biomas devido à tectônica de placas. A 
importância do paleoclima é determinar locais apropria-
dos para populações de grupos ancestrais. A atual dis-
tribuição de escorpiões ocorre nas regiões subtropicais e 
tropicais. Como consequência, pode-se determinar que 
a origem desse grupo também foi em áreas que ocupa-
vam as latitudes de 30° a 0°.
O tipo de solo é outro aspecto que deve ser considerado 
para a compreensão da distribuição dos organismos. O tipo 
de solo determina, juntamente com o clima, o tipo de vege-
tação predominante e, em consequência, os tipos de ani-
mais que utilizavam determinadas áreas.
2.1.2. Solos
Quase todos os ambientes terrestres podem conter vida, 
exceto as regiões polares e os picos permanentemente ge-
lados das montanhas mais altas. Áreas rochosas ou outros 
substratos estéreis, criados pela ação vulcânica ou outros 
eventos geológicos, são gradualmente transformados em 
regiões que suportam comunidades ecológicas vivas pelo 
processo de sucessão primária. Esse processo envolve a 
formação do solo e uma reunião de fatores com desen-
volvimento de vegetação, micróbios, plantas e animais. O 
tipo de vegetação depende primariamente de três fatores: 
clima, tipo de solo e o estágio de desenvolvimento da ve-
getação e do solo.
O solo é formado pelo desgaste de rochas em consequ-
ência da ação erosiva mais a adição de material orgânico 
em decomposição. Em geral, o processo pelo qual um 
novo solo é formado a partir de rochas nuas é longo e 
complicado. Envolve a quebra do material inicial, a co-
lonização por plantas simples e formas microbiais e uma 
gradual construção e mistura de materiais inorgânicos 
com a matéria orgânica em decomposição.
Um exemplo clássico: em 1883, uma pequena ilha tropical, a 
ilha de Cracatoa, na Indonésia, sofreu uma tremenda erupção 
vulcânica que matou toda a biota insular, deixando apenas ro-
chas e cinzas. Organismos rapidamente recolonizaram a ilha a 
partir de grandes ilhas próximas (Java e Sumatra), e, em 1934, 
apenas 50 anos depois da erupção, 35 cm de solo tinham sido 
formados com uma exuberante vegetação defloresta tropical 
úmida com cerca de 300 espécies de plantas.
2.1.2.1. Tipos de solo
O conhecimento dos solos vem se desenvolvendo bastan-
te, mas, devido à complexidade da distribuição e classifica-
ção dos solos, é ainda controverso. Sabe-se que os quatro 
maiores processos, ou regimes pedogênicos, produziram 
quatro tipos primários: são aqueles de áreas florestadas 
frias (solos podzólicos), floresta tropical úmida (solos 
lateríticos), região com arbustos e vegetação herbácea 
(calcários) e a região polar (gleização). É importante ob-
servar que a correlação entre os tipos de solo e o padrão 
global de clima determina os biomas terrestres.
3. BIOCICLO TERRESTRE 
OU EPINOCICLO
CONSIDERANDO-SE A ENERGIA RADIANTE E A UMIDADE, PODE-SE DIVIDIR A BIOSFERA 
EM DIVERSOS BIOMAS TERRESTRES, CUJAS LOCALIZAÇÕES PODEM SER IDENTIFICADAS.
FONTE: HTTP://SLIDEPLAYER.COM.BR/SLIDE/2678056/
O biociclo terrestre é constituído por diferentes biomas 
que sofrem influência de fatores abióticos. Isso significa 
que conjuntos de fatores abióticos específicos determinam 
biomas diferentes. Entre os componentes abióticos mais 
importantes estão a energia radiante recebida na Terra e 
o vapor de água. Os oceanos são as fontes de vapor de 
água para o meio terrestre. O vapor é trazido para a Terra 
10
BIODIVERSIDADE NO BIOMA TUNDRA
4.2. Taiga
A taiga é também denominada floresta de coníferas ou 
floresta boreal. A taiga está presente no norte do Alasca, 
no Canadá, no sul da Groenlândia e em partes da Norue-
ga, Suécia, Finlândia e Sibéria. Não tem correspondente 
no hemisfério Sul. Partindo-se da tundra, à medida que se 
desloca para o sul, a estação favorável torna-se mais longa 
e o clima mais ameno. Em consequência disso, a vegeta-
ção é mais rica, surgindo a taiga. Os abetos e os pinheiros 
formam uma densa cobertura, impedindo o solo de receber 
luz intensa. A vegetação rasteira é pouco representativa. O 
período de crescimento dura três meses, e as chuvas são 
poucas. Os animais presentes na taiga são aves, alces, lo-
bos, martas, linces, ursos, roedores, etc. Enquanto a vege-
tação principal da tundra é formada por liquens, musgos e 
gramíneas rasteiras, a taiga é formada por gimnospermas 
do grupo das coníferas (pinheiros e abetos).
 
pelo movimento do ar. A água mais aquecida evapora mais 
facilmente do que a água fria. Assim, quando o ar passa 
sobre águas oceânicas aquecidas, absorve muito vapor. 
Quando o ar esfria ao passar para uma área mais fria, o 
vapor se condensa, precipitando-se sob a forma de chuva, 
ou se solidifica, caindo sob a forma de neve. Um exemplo 
disso são as penetrações da massa equatorial continental 
do verão pelo sul do Brasil, provocando fortes chuvas. Nas 
regiões de baixa pressão, como ocorre no equador, chove 
mais do que nas regiões de alta pressão (polos).
4. BIOMAS
4.1. Tundra
A tundra localiza-se no Círculo Polar Ártico e não ocorre no 
Círculo Polar Antártico (polo Sul). Compreende o norte do 
Alasca e do Canadá, Groenlândia, Noruega, Suécia, Finlân-
dia e Sibéria. Recebe pouca energia solar e pouca precipita-
ção, geralmente em forma de neve. O solo fica congelado a 
maior parte do ano. A estação quente é curta e dura somen-
te dois meses. Durante ela, ocorre o degelo da parte superior, 
expondo uma área rica em matéria orgânica, permitindo o 
crescimento dos seres autótrofos, como as gramíneas, briófi-
tas e liquens, que cobrem extensas áreas. O subsolo fica per-
manentemente congelado e é denominado permafrost. A 
tundra apresenta poucas espécies capazes de suportar essas 
condições desfavoráveis. Existem raras plantas lenhosas, 
como os salgueiros, que são extremamente baixas e crescem 
paralelas ao solo. As plantas completam o ciclo de vida num 
curto espaço de tempo: germinam as sementes, crescem, 
produzem grandes flores (comparadas com o tamanho das 
plantas), são polinizadas, fecundadas e frutificam, dispersan-
do rapidamente as suas sementes.
 BRIÓFITAS LIQUENS
No verão, surgem aves marinhas, roedores, lobos, raposas, 
doninhas, renas, caribus, além de enxames de moscas e 
mosquitos. Observe a seguir uma amostra da biodiversida-
de encontrada ao longo do ano na tundra.
11
4.3. Floresta caducifólia ou 
floresta decídua temperada
Esse tipo de mata predomina no hemisfério Norte, no leste 
dos Estados Unidos, no oeste da Europa, no leste da Ásia, 
na Coreia, no Japão e em partes da China. A quantidade 
de energia radiante é maior, e a pluviosidade atinge de 750 
a 1.000 mm, distribuída durante todo o ano. As estações 
do ano são nítidas. Nesse bioma, a maioria dos arbustos e 
árvores perde as suas folhas no outono, e os animais mi-
gram, hibernam ou apresentam adaptações especiais para 
suportar o frio intenso. As plantas são representadas por 
árvores dicotiledôneas, como nogueiras, carvalhos e faias. 
Os animais são representados por esquilos, veados, muitos 
insetos, aves insetívoras, ursos, lobos, etc.
OUTONO−INVERNO: AMARELECIMENTO E QUEDA FOLIAR → CADUCIFOLIA
4.4. Floresta tropical ou floresta 
pluvial ou floresta latifoliada
A floresta tropical se situa na região intertropical. A maior 
área está na Amazônia; a segunda maior, nas Índias Orien-
tais; e a menor, na bacia do Congo (África). O suprimento 
de energia é abundante, e as chuvas são regulares e fartas, 
podendo ultrapassar 3.000 mm anuais. A estratificação 
(separação de formação natural ou artificial em estratos ou 
camadas) é a principal característica da floresta tropical. A 
parte superior é constituída por árvores que atingem 40 
metros de altura, formando um dossel espesso de ramos e 
folhas. No topo, a temperatura é alta e a umidade é bas-
tante baixa. Abaixo dessa cobertura, há outro estrato de 
árvores que variam de 5 a 20 metros de altura.
FLORESTA TROPICAL
Esse estrato médio é quente, mais escuro e mais úmido, 
apresentando pequena vegetação. O estrato médio se ca-
racteriza pela presença de cipós e epífitas. A diversificação 
de espécies vegetais e animais é muito grande.
Os biomas, assim como os climas correspondentes, não po-
dem ser delimitados com exatidão porque as variações 
são graduais. Dessa forma, da tundra para a taiga, por 
exemplo, há uma vegetação arbustiva. Na passagem do 
campo para o deserto ou das savanas para a floresta tam-
bém aparece sempre uma vegetação de transição.
A floresta tropical, também denominada pluvial, ca-
racteriza-se pela grande biodiversidade vegetal e animal. 
Além da vegetação arbórea, há muitos cipós e trepadeiras 
(lianas), além de diversas epífitas. Na floresta temperada, 
os representantes das epífitas são os musgos e liquens, 
mas, nos trópicos, os representantes são samambaias, 
orquídeas, bromélias. etc. É importante lembrar que epí-
fita é a planta que vive apoiada no tronco e galhos das 
árvores, onde são beneficiadas com maior luminosidade. 
Observe a seguir um galho coberto por epífitas:
RAMO DE UMA ÁRVORE DA FLORESTA TROPICAL RICO EM PLANTAS EPÍFITAS.
4.5. Savanas
As savanas são definidas como ecossistemas compostos por 
estrato herbáceo, muitas vezes contínuo ou compartilhado 
com estratos arbustivos e arbóreos, que variam na intensi-
dade de cobertura vegetal. Geralmente, as savanas ocorrem 
por influência edáfica (resulta de fatores inerentes do solo) 
ou pela ação do fogo e, muitas vezes, decorre de origem an-
trópica. Além desses fatores, o clima pode ser determinante 
para o estabelecimento e definição de fisionomias savânicas. 
Na África, podem ser encontradas savanas em regões mais 
secas no norte do continente, onde o predomínio de indiví-
duos arbustivo-arbóreos é menor. Os solos são altamente 
lixiviados e arenosos. Em geral, possuem baixa capacidade de 
troca catiônica, são pobres em fósforo e nitrogênio e ricos em 
alumínio e ferro. O clima das regiões savânicas tropicais apre-
12
senta variações sazonais com altas e baixas temperaturas, 
com duas estações definidas, uma chuvosa e outra seca. 
A composição florística das savanas tropicais varia muito en-
tre as regiões de ocorrência.A vegetação lenhosa é composta 
por espécies e gêneros característicos nos diferentes conti-
nentes. Não obstante, o componente herbáceo de todas as 
savanas tropicais tem o predomínio de apenas duas famílias, 
sendo, portanto, menos biodiverso. Os continentes america-
no, africano, asiático e a Oceania, especialmente a Austrália, 
abrigam savanas tropicais em uma área com cerca de 23 mi-
lhões de km2. Na África, as savanas ocupam extensas regiões 
em um cinturão quase contínuo, composto por um mosaico 
savânico, onde varia o predomínio de gramíneas, arbustos e 
árvores devido a diferenças climáticas e edáficas. Podem ser 
identificados campos abertos xerofíticos (vegetação de regi-
ões áridas) e uma savana florestada, denominada localmente 
miombo. As savanas asiáticas, em que predominam campos 
abertos, ricos em vegetação herbácea, recebem a denomina-
ção de patanas. Entretanto, savanas verdadeiras são raras 
na Ásia, sendo, em sua maioria, de origem antrópica. 
As savanas também podem ser encontradas nas ilhas da 
Oceania, além da Austrália, onde estão sob influência de 
temperaturas menores e maior quantidade de chuvas. Todas 
elas, porém, permanecem sob influência de um gradiente de 
precipitação. As savanas neotropicais, além de serem obser-
vadas na América Central e em Cuba, estendem-se também 
em duas grandes áreas na América do Sul. Ao sul do equador 
são encontrados, além do cerrado, no Brasil, os llanos de 
mochos, na Bolívia, aos pés da cordilheira dos Andes, ocu-
pando uma extensa área periodicamente inundada, caracte-
rizada por uma vegetação que varia de campos graminosos 
a florestas perenifólias. Em regiões tropicais e subtropicais, as 
savanas são próprias de climas que apresentam precipitações 
pluviométricas regulares entre 750 e 1.500 mm. No Brasil, 
quando a precipitação se torna irregular e inferior a esse li-
mite, a formação vegetal que passa a ocorrer é a caatinga, 
também denominada savana-estépica, vegetação exclusiva 
do semiárido brasileiro. Entretanto, a caatinga não é con-
siderada uma formação vegetacional savânica.
SAVANA NEOTROPICAL − CERRADO
SAVANA TROPICAL AFRICANA
FAUNA DA SAVANA AFRICANA.
4.6. Campos
Os campos são biomas que se caracterizam por apresentar 
um único estrato de vegetação. Apesar de possuírem gran-
de variação de espécies, verifica-se um pequeno número 
de indivíduos de cada espécie. A localização dos campos 
é muito variada: centro-oeste dos Estados Unidos, centro-
-leste da Eurásia, parte da América do Sul (Brasil e Argenti-
na) e Austrália. Durante o dia, a temperatura é alta; à noite, 
porém, é baixa. Há muita luz e vento e pouca umidade. 
Predominam as gramíneas. Os animais, dependendo da re-
gião, podem ser: antílopes-americanos e bisões, roedores, 
muitos insetos, gaviões, corujas, etc.
ESTRATO ÚNICO DE VEGETAÇÃO NO BIOMA CAMPOS
4.7. Desertos
Os desertos apresentam localização muito variada e se 
caracterizam por uma vegetação muito esparsa. O solo é 
extremamente seco, podendo ser arenoso ou pedregoso. 
Possuem clima árido, com pluviosidade baixa e irregular, 
13
permanecendo abaixo de 250 mm anuais. Durante o dia, 
a temperatura é alta, mas, à noite, ocorre perda rápida de 
calor, que se irradia para a atmosfera, e a temperatura se 
torna excessivamente baixa. As plantas que se adaptam 
ao deserto geralmente apresentam um ciclo de vida curto. 
Durante o período favorável (chuvoso), observa-se uma 
vegetação sazonal, que cresce, floresce, frutifica, dispersa 
sementes e morre. As plantas perenes (com ciclo de vida 
longo), como os cactos, são denominadas xerófitas, isto 
é, possuem um conjunto de adaptações para sobreviver 
nessas condições adversas de solo e clima. Essas plantas 
apresentam sistemas radiculares superficiais que cobrem 
grandes áreas. Essas raízes estão adaptadas para absorver 
as águas das chuvas passageiras. O armazenamento de 
água é muito grande (parênquimas aquíferos). As folhas 
são transformadas em espinhos (economia de água), e o 
caule passa a realizar fotossíntese.
 
VEGETAÇÃO ESPARSA NO BIOMA DESERTO
Os consumidores são predominantemente roedores, ob-
tendo água do próprio alimento que ingerem ou do or-
valho. No hemisfério Norte, é comum serem encontrados 
nos desertos arbustos distribuídos uniformemente, como 
se tivessem sido plantados em espaços regulares. Esse fato 
é denominado amensalismo, ou seja, os vegetais pro-
duzem substâncias que eliminam outros indivíduos que 
crescem ao seu redor.
O CACTUS CEREUS É UMA TÍPICA XERÓFITA, COM LONGAS RAÍZES E 
UM CAULE TIPO CLADÓDIO, VERDE PARA REALIZAR A FOTOSSÍNTESE EM 
LUGAR DAS FOLHAS, QUE SÃO MODIFICADAS EM ESPINHOS PARA REDUZIR 
A TRANSPIRAÇÃO E POSSIBILITAR O ACÚMULO DE RESERVAS, TANTO DE 
ÁGUA QUANTO DE ALIMENTOS NOS PARÊNQUIMAS DE RESERVA.
5. OS BIOMAS BRASILEIROS
Os biomas são conjuntos de ecossistemas que interagem 
formando uma unidade paisagística coerente. Cada bio-
ma terrestre se caracteriza pelo tipo vegetal ou estrato 
dominante: árvores (arbóreo), ervas (herbáceo), arbustos 
(arbustivo), formações mistas, etc. Com efeito, o bioma é 
um grupamento de fisionomia homogênea e independente 
da composição florística. Trata-se de uma área geográfica 
grande e sua existência é controlada pelo macroclima.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS BIOMAS BRASILEIROS
5.1. Floresta Amazônica
Trata-se de um ecossistema frágil. A floresta vive do seu 
próprio material orgânico. O ambiente é úmido e as 
chuvas são abundantes. A menor imprudência pode 
causar danos irreversíveis ao seu equilíbrio delicado. A taxa 
anual de desmatamento na Amazônia cresceu 34% depois 
da Rio-92. Na Amazônia, vivem e se reproduzem mais de 
um terço das espécies existentes no planeta. Ela é um gi-
gante tropical de 5,5 milhões de km2, dos quais 60% estão 
em território brasileiro.
Biomas Brasileiros
FONTE: YOUTUBE
multimídia: vídeo
14
LOCALIZAÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA
O restante se reparte entre as duas Guianas, Suriname, 
Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Além de 
2.500 espécies de árvores (um terço da madeira tropi-
cal do mundo), a Amazônia também abriga muita água. 
O rio Amazonas − a maior bacia hidrográfica do 
mundo, que cobre uma extensão aproximada de 6 mi-
lhões de km2, corta a região para desaguar no oceano 
Atlântico, lançando no mar, a cada segundo, cerca de 175 
milhões de litros de água. Esse número corresponde a 
20% da vazão conjunta de todos os rios da Terra. Nessas 
águas se encontra o maior peixe de água doce do mundo: 
o pirarucu, que atinge até 2,5 metros de comprimento. 
Todos os números que envolvem indicadores desse bioma são 
expressivos. Uma boa ideia da exuberância da floresta está na 
fauna local. Das 100 mil espécies de plantas que ocorrem em 
toda a América Latina, 30 mil estão na Amazônia.
A diversidade em espécies vegetais se repete na 
fauna da região, como os insetos, que estão presentes 
em todos os extratos da floresta. Os animais rastejado-
res, anfíbios e aqueles que tem a capacidade de subir 
em locais íngremes, como o esquilo, exploram os níveis 
baixos e médios. Os locais mais altos são explorados por 
beija-flores, araras, papagaios e periquitos à procura de 
brotos, frutas e castanhas. Os tucanos, voadores de curta 
distância, exploram as árvores altas. No nível intermedi-
ário, encontram-se jacus, gaviões, corujas e centenas de 
pequenas aves. No extrato terrestre, vivem jabutis, cutias, 
pacas, antas, etc. Os mamíferos aproveitam a produtivi-
dade sazonal dos alimentos, como os frutos que caem 
das árvores. Esses animais, por sua vez, servem de ali-
mentos para grandes felinos e cobras de grande porte.
Mais de 12% da área original da floresta Amazônica já 
foram destruídos por causa de políticas governamentais 
inadequadas, modelos inapropriados de ocupação do 
solo e pressão econômica, que levou à ocupação desor-
ganizada e ao uso não sustentável dos recursos naturais. 
Muitos imigrantes foram estimulados a se instalar na 
região, levando com eles métodos agrícolas impróprios 
para a Amazônia.
Uma das medidastomadas pelo governo para proteção 
da floresta foi a moratória de dois anos, a partir de 1996, 
para concessão de novas autorizações para a exploração 
de mogno e virola. Como o desmatamento de florestas 
tropicais representa uma ameaça constante à integridade 
de centenas de culturas indígenas, essas medidas pos-
suem importância significativa. 
Os projetos que defendem a conservação ou o manejo 
adequado da virola são fundamentais. A espécie, que 
chegou a ocupar o segundo lugar em valor na pauta de 
exportações de madeiras brasileiras, praticamente não é 
mais explorada comercialmente devido ao esgotamento 
das florestas nativas do gênero.
JO mogno, por sua vez, biologicamente adaptado às per-
turbações naturais, não se regenera bem quando está 
sujeito a práticas de corte seletivo, isto é, quando somen-
VIVENCIANDO
A vegetação apresenta uma grande biodiversidade no planeta. Devido a um gradiente térmico latitudinal produzido 
pela incidência de irradiação solar, formaram-se três grandes áreas: os polos, as áreas temperadas e a área equatorial. 
Em cada grande área, são encontrados diversos biomas, que se caracterizam por uma fauna e uma flora específicas. 
Por meio da caracterização e compreensão da estrutura e do funcionamento dos biomas, pode-se elucidar a distri-
buição geográfica dos seres vivos na Terra.
15
te uma (mogno) ou poucas espécies são cortadas. O seu 
plantio tem sido extremamente difícil devido à suscetibili-
dade a pestes naturais. Infelizmente, na última reunião da 
Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional de Es-
pécies Ameaçadas), realizada em junho de 1997, o mog-
no não foi incluído no Apêndice II. A Cites regulamenta 
o comércio de espécies com valor comercial sob risco de 
extinção. O Apêndice II estabelece que o comércio inter-
nacional dessas espécies só pode ser realizado com a per-
missão de exportação dada por uma autoridade científica 
local − atestando a sustentabilidade da exploração − e 
também por uma autoridade administrativa.
5.2. Mata Atlântica
A Mata Atlântica é uma das florestas tropicais mais 
ameaçadas do mundo. Cobria 1 milhão de km2, ou 
12% do território nacional, estendendo-se do Rio Gran-
de do Norte ao Rio Grande do Sul. Hoje, está reduzida a 
apenas 7% de sua área original. Apesar da devastação 
sofrida, é espantosa a riqueza das espécies animais e ve-
getais que ainda se abrigam na Mata Atlântica.
Em algumas regiões remanescentes de floresta, os níveis 
de biodiversidade são considerados os maiores do pla-
neta. Em contraste com essa exuberância, as estatísticas 
indicam que mais de 70% da população brasileira 
vive na região da Mata Atlântica. Além de abrigar a 
maioria das cidades e regiões metropolitanas do país, a 
área original da floresta sedia também os grandes polos 
industriais, petroleiros e portuários do Brasil, responden-
do por nada menos de 80% do PIB nacional.
LOCALIZAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA
A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uru-
guai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco. 
Espécies imponentes de árvores são encontradas na região, 
como o jequitibá-rosa, de 40 metros de altura e 4 metros 
de diâmetro. Diversas outras espécies também se destacam 
nesse cenário: o pinheiro-do-paraná, o cedro, as figueiras, 
os ipês, a braúna, o pau-brasil, etc. Na diversidade da Mata 
Atlântica, são encontradas matas de altitude, como as da 
serra do Mar (1.100 metros) e Itatiaia (1.600 metros), onde 
a neblina é constante. Paralelamente à riqueza vegetal, a 
fauna é exuberante. A maior parte das espécies de animais 
brasileiros ameaçados de extinção é originária da Mata 
Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, 
o tatu-canastra e a arara-azul-pequena. Fora dessa lista, 
também vivem na área gambás, tamanduás, preguiças, 
antas, veados, cotias, quatis, etc. Para risco de todas essas 
espécuies, a Mata Atlântica continua sendo devastada.
PERCEBE-SE QUE A MATA É ESTRATIFICADA: A) ESTRATO SUPERIOR: COM ÁRVORES QUE 
PODEM ALCANÇAR ATÉ 30 METROS DE ALTURA; B) ESTRATO INTERMEDIÁRIO: COM 
ÁRVORES E PALMEIRAS QUE ATINGEM ATÉ 20 METROS; C) ESTRATO INFERIOR: COM 
PEQUENAS ÁRVORES, ARBUSTOS E SAMAMBAIAS QUE CHEGAM ATÉ 5 METROS; E 
D) ESTRATO HERBÁCEO: COM GRANDE QUANTIDADE DE PLÂNTULAS EM CRESCIMENTO.
A Mata Atlântica propiciou lucro fácil ao homem durante 
500 anos. Madeiras, orquídeas, corantes, papagaios, ouro, 
produtos agrícolas e muito mais serviram ao enriqueci-
mento de muita gente, além das próprias queimadas, que 
deram lugar a uma agricultura imprudente e insustentável. 
Durante muito tempo, nenhuma restrição foi imposta a 
essa ganância por dinheiro. A Mata Atlântica é o ecossiste-
ma brasileiro que mais sofreu os impactos ambientais dos 
ciclos econômicos da história do país.
Ainda no século XVI, houve a extração predatória do 
pau-brasil, utilizado para tintura e construção. A se-
gunda grande investida foi o ciclo da cana-de-açú-
car. Constatada a fertilidade do solo, extensos trechos 
de Mata Atlântica foram derrubados para dar lugar aos 
canaviais. No século XVIII, foram as jazidas de ouro 
que atraíram para o interior um grande número de por-
tugueses. A imigração levou a novos desmatamentos, 
que se estenderam até os limites com o cerrado, para a 
implantação de agricultura e pecuária. 
No século seguinte, foi a vez do café, provocando a mar-
cha ao sul do Brasil e, então, chegou a vez da extração 
da madeira. No Espírito Santo, as matas passaram a ser 
derrubadas para o fornecimento de matéria-prima para a 
indústria de papel e celulose. Em São Paulo, a implan-
tação do Polo Petroquímico de Cubatão tornou-se 
conhecida internacionalmente como exemplo de poluição 
urbana. Esse processo desorientado de desenvolvimento 
16
ameaça inúmeras espécies, algumas quase extintas, como 
o mico-leão-dourado, a onça-pintada e a jaguatirica.
Imagens de satélite foram cruzadas com os limites muni-
cipais, rede hidrográfica e mapa das unidades de conser-
vação. O detalhamento revelou que a floresta mais pró-
xima da extinção é a umbrófila mista, enquanto a mais 
protegida em parques e estações é a umbrófila densa, a 
floresta das encostas litorâneas. Foram classificados ain-
da os desmates na mata estacional semidecidual, esta-
cional decidual e umbrófila aberta. A regeneração só foi 
computada em estágio avançado, isto é, mata secundária 
com árvores adultas e dossel fechado.
5.3. Cerrado
Os viajantes que, há décadas, desbravaram o interior 
do Brasil atravessaram extensas áreas cobertas por 
um tapete de gramíneas com arbustos e pequenas 
árvores retorcidas. A primeira impressão era de uma 
vegetação seca, marcada por queimadas. De perto, 
porém, o cerrado apresentava toda a sua beleza de 
flores exóticas e plantas medicinais desconhecidas da 
medicina tradicional, como arnica, catuaba, jurube-
ba, sucupira e angico. Somava-se a isso uma grande 
variedade de animais. O equilíbrio desse sistema, cuja 
biodiversidade pode ser comparada à amazônica, é de 
fundamental importância para a estabilidade dos de-
mais ecossistemas brasileiros.
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO CERRADO
A extensa região central do Brasil é constituída por um 
mosaico de tipos de vegetação, solo, clima e topogra-
fia bastante heterogêneos. O cerrado é a segunda maior 
formação vegetal brasileira, superado apenas pela flores-
ta Amazônica. São 2 milhões de km2 espalhados por dez 
estados. O cerrado é uma “savana” tropical, na qual a ve-
getação herbácea coexiste com mais de 420 espécies de 
árvores e arbustos esparsos.
O solo, antigo e profundo, ácido e de baixa fertilidade, tem 
altos níveis de ferro e alumínio. Contudo, o cerrado tem 
a seu favor o fato de ser cortado por três das maiores 
bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins, 
São Francisco e Prata), o que favorece a manutenção 
de uma biodiversidade surpreendente. 
Estima-se que a flora da região possua dez mil espécies de 
plantas diferentes (muitas delas usadas na produção de 
cortiça, fibras, óleos, artesanato, além do uso medicinal e 
alimentício).Isso sem contar as 400 espécies de aves, 67 gê-
neros de mamíferos e 30 tipos de morcegos catalogados na 
área. O número de insetos é surpreendente: apenas na área 
do Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, mil espécies de 
borboletas e 500 tipos diferentes de abelhas e vespas.
Depois da Mata Atlântica, o cerrado é o ecossistema brasilei-
ro que mais alterações sofreu com a ocupação humana. Um 
dos impactos ambientais mais graves na região foi causado 
pelos garimpos, que contaminaram os rios com mercúrio 
e provocaram o assoreamento (acúmulo de detritos e ou-
tros materiais nos leitos de rios e lagoas) dos cursos de água. 
A erosão causada pela atividade mineradora tem sido tão 
intensa que, em alguns casos, chegou até mesmo a impossi-
bilitar a própria extração do ouro rio abaixo. 
Nos últimos anos, porém, é a expansão da agricultura 
e da pecuária que vem representando o maior fator de 
risco para o cerrado. A partir de 1950, tratores começaram 
a ocupar sem restrições os habitats dos animais. O uso de 
técnicas de aproveitamento intensivo dos solos tem pro-
vocado, desde então, o esgotamento de seus recursos. A 
utilização indiscriminada de agrotóxicos e fertilizantes 
tem contaminado também os solos e as águas. A expansão 
agropecuária foi o fator fundamental para a ocupação do 
cerrado em larga escala.
Em relação à conservação e proteção, a fauna da região 
também recebe pouca atenção. O resultado é que o cerra-
do está acabando: metade da sua área já foi desmatada, 
e, se esse ritmo continuar, o desmatamento vai chegar a 
70%. Essa situação está causando a fragmentação de áre-
as e comprometendo seriamente os processos mantenedo-
res da biodiversidade do cerrado.
5.4. Caatinga
Na língua indígena, caatinga quer dizer “mata branca”. O 
cenário árido é uma descrição da caatinga, que, durante 
o prolongado período de seca, correspondente ao inverno. 
Quando chega o verão, as chuvas encharcam a terra, e o 
verde toma conta da região. A caatinga se distribui pelos 
estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernam-
buco, Sergipe, Alagoas, Bahia, sudeste do Piauí e norte de 
Minas Gerais.
17
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA CAATINGA
Os cerca de 20 milhões de brasileiros que vivem nos 800 
mil km2 de caatinga nem sempre podem contar com as 
chuvas de verão. Quando não chove, os habitantes do ser-
tão sofrem muito. Precisam caminhar quilômetros em bus-
ca da água dos açudes. A irregularidade climática é um dos 
fatores que mais interfere na vida do sertanejo.
Mesmo quando chove, o solo raso e pedregoso não con-
segue armazenar a água que cai, e a temperatura elevada 
(médias entre 25 ºC e 29 ºC) provoca intensa evaporação. 
Por isso, somente em algumas áreas próximas às serras, 
onde a abundância de chuvas é maior, a agricultura se tor-
na possível.
Na longa estiagem, os sertões são, muitas vezes, semideser-
tos nublados, mas sem chuva. O vento seco e quente não 
refresca, incomoda. A vegetação xeromorfa adaptada 
ao clima apresenta muito escleromorfismo, que a protege. 
As folhas, por exemplo, são finas ou inexistentes. Algumas 
plantas armazenam água, como os cactos, outras se carac-
terizam por terem raízes praticamente na superfície do solo 
para absorver rapidamente o máximo da chuva. Algumas das 
espécies mais comuns da região são a amburana, aroeira, 
umbu, baraúna, maniçoba, macambra, mandacaru e juazeiro.
A ação humana tornou ainda mais difícil a vida no ser-
tão. Fazendas de criação de gado começaram a ocu-
par o cenário na época do Brasil colônia. Os primeiros a 
chegar pouco entendiam da fragilidade da caatinga, cuja 
aparência árida denuncia uma falsa solidez. Para combater 
a seca foram construídos açudes para abastecer de água 
os homens, seus animais e suas lavouras. Desde o Império, 
quando essas obras tiveram início, o governo prossegue 
com o trabalho. Os grandes açudes atraíram fazendas de 
criação de gado. Em regiões como o vale do São Francisco, 
a irrigação foi incentivada sem o uso de técnica apropria-
da, e o resultado tem sido desastroso. A salinização do 
solo é, hoje, uma realidade.
Outro problema é a contaminação das águas por agrotóxi-
cos. Depois de aplicado nas lavouras, o agrotóxico escorre das 
folhas para o solo, levado pela irrigação, e daí para as represas, 
matando os peixes. Nos últimos 15 anos, 40 mil km2 de caa-
tinga se transformaram em deserto devido à interferência do 
homem sobre o meio ambiente da região. As siderúrgicas e 
olarias também são responsáveis por esse processo devido 
ao corte da vegetação nativa para produção de lenha e 
carvão vegetal.
O sertão nordestino é uma das regiões semiáridas mais 
povoadas do mundo. A diferença entre a caatinga e áreas 
com as mesmas características em outros países é que as 
populações se concentram onde existe água, promovendo 
um controle rigoroso da natalidade. No Brasil, entretanto, 
o homem está presente em toda parte, tentando garantir a 
sua sobrevivência na luta contra o clima.
A caatinga é coberta por solos relativamente férteis. Embo-
ra não tenha potencial madeireiro, exceto pela extração se-
cular de lenha, a região é rica em recursos genéticos, dada 
a sua alta biodiversidade.
Por outro lado, o aspecto peculiar desse tipo de vegetação 
contrasta com o diversificado colorido das flores emergen-
tes no período das chuvas. O índice pluviométrico desse 
bioma varia entre 300 e 800 milímetros anualmente. Na 
caatinga, encontram-se três estratos: os arbóreos 
(8 a 12 metros), os arbustivos (2 a 5 metros) e os her-
báceos (abaixo de 2 metros). Contraditoriamente, a flora 
presente nos sertões, que é constituída por espécies com 
longa história de adaptação ao calor e ao ambiente extre-
mamente seco, não é capaz de se reestruturar naturalmen-
te. Na caatinga, quando máquinas são usadas para alterar 
o solo, a degradação é irreversível.
No meio de tanta aridez, a caatinga surpreende com suas 
“ilhas de umidade” e solos férteis. São os chamados 
brejos, que quebram a monotonia das condições físicas e 
geológicas dos sertões. Nessas ilhas, existe a possibilidade 
de produzir quase todos os alimentos e frutas peculiares 
aos trópicos do mundo.
Por meio de caminhos diversos, os rios regionais saem das 
bordas das chapadas, percorrem extensas depressões en-
tre os planaltos quentes e secos e acabam chegando no 
mar ou engrossando as águas do São Francisco e do Par-
naíba (rios que cruzam a caatinga). Das cabeceiras até as 
proximidades do mar, os rios com nascente na região per-
manecem secos por cinco a sete meses no ano. Apenas o 
canal principal do São Francisco mantém seu fluxo através 
dos sertões, com águas trazidas de outras regiões climáti-
cas e hídricas.
Quando chove, no início do ano, a paisagem muda muito 
rapidamente. As árvores se cobrem de folhas e o solo fica 
18
forrado de pequenas plantas. A fauna volta a engordar. Na 
caatinga, vive a ararinha-azul, ameaçada de extinção. Ou-
tros animais da região são o sapo-cururu, a asa-branca, a 
cutia, o gambá, o preá, o veado-catingueiro, o tatu-peba e 
o sagui-do-nordeste.
5.5. Pantanal
O Pantanal é um dos mais valiosos patrimônios naturais 
do Brasil. Maior área úmida continental do planeta, com 
140 mil km2 em território brasileiro, destaca-se pela ri-
queza da fauna, em que dividem espaço 650 espécies 
de aves, 80 de mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis. 
No Pantanal, são comuns as chuvas fortes. Os terrenos, 
quase sempre planos, são alagados periodicamente 
por inúmeros córregos e vazantes entremeados de lagoas 
e leques aluviais, isto é, muita água. 
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO PANTANAL
Na época das cheias, esses “corpos” se comunicam e 
se mesclam com as águas do rio Paraguai, renovando e 
fertilizando a região. Entretanto, assim como nos demais 
ecossistemas brasileiros, em que a ocupação predatória 
vem provocando destruição, a interferência no Pantanal 
também é sentida. Embora boa parte da região continue 
inexplorada, muitas ameaças surgem em decorrência do 
interesse econômico que existe sobre a área. A situaçãocomeçou a se agravar nos últimos 20 anos, sobretudo 
pela introdução de pastagens artificiais, exploração das 
áreas de mata e turismo predatório.
Basicamente, o equilíbrio desse ecossistema depende do 
fluxo de entrada e saída de enchentes que, por sua vez, 
está diretamente ligado à pluviosidade regional. As chuvas 
ocorrem com maior frequência nas cabeceiras dos rios, que 
deságuam na planície. Com o início do trimestre chuvoso 
nas regiões altas (a partir de novembro), sobe o nível de 
água do rio Paraguai, provocando, assim, as enchentes. O 
mesmo ocorre paralelamente com os afluentes do Para-
guai, que atravessam o território brasileiro, cortando uma 
extensão de 700 km. 
As águas vão se espalhando e cobrindo continuamente 
vastas extensões em busca de uma saída natural, que só é 
encontrada centenas de quilômetros adiante, no encontro 
do rio com o oceano Atlântico, fora do território brasileiro. 
As cheias chegam a cobrir até dois terços da área panta-
neira. A partir de maio, inicia-se a “vazante”, e as águas 
começam a baixar lentamente. Quando o terreno volta a 
secar, sobre a superfície permanece uma fina camada de 
lama humífera (mistura de areia, restos de animais e vege-
tais, sementes e húmus), propiciando grande fertilidade ao 
solo. A natureza faz repetir anualmente o espetáculo das 
cheias, proporcionando ao Pantanal a renovação da fauna 
e flora local. 
Esse enorme volume de água, que praticamente cobre a 
região pantaneira, cria um verdadeiro mar de água doce, 
em que milhares de peixes proliferam. Peixes pequenos 
servem de alimento a espécies maiores ou a aves e ani-
mais, promovendo uma intrincada teia alimentar.
Quando o período da vazante começa, uma grande 
quantidade de peixes fica retida em lagoas ou baías, não 
conseguindo retornar aos rios. Durante meses, aves e 
animais carnívoros, como jacarés, ariranhas e onças, têm 
um farto banquete à sua disposição. As águas continu-
am baixando mais e mais, e, nas lagoas, então bem ra-
sas, peixes como o dourado, o pacú e a traíra podem ser 
apanhados com as mãos pelos homens. Aves grandes e 
pequenas são vistas planando sobre as águas, formando 
em espetáculo de grande beleza.
O Pantanal tem passado por transformações lentas mas 
significativas nas últimas décadas. O avanço das popu-
lações e o crescimento das cidades são uma ameaça 
constante. A ocupação desordenada das regiões mais altas, 
onde nasce a maioria dos rios, é o risco mais grave. A agricul-
tura indiscriminada está provocando a erosão do solo, além 
de contaminá-lo com o uso excessivo de agrotóxicos.
O resultado da destruição do solo é o assoreamento 
dos rios, fenômeno que tem mudado a vida no Panta-
nal. Regiões que antes ficavam alagadas nas cheias e 
completamente secas quando as chuvas paravam agora 
ficam permanentemente sob as águas. Também impac-
taram o Pantanal nos últimos anos o garimpo, a cons-
trução de hidrelétricas, o turismo desorganizado 
e a caça, empreendida principalmente por ex-peões 
que, sem trabalho, passaram a integrar verdadeiras qua-
drilhas de caçadores de couro.
Foi a partir de 1989 que o risco de um desequilíbrio total 
do ecossistema pantaneiro ficou mais próximo de se tornar 
19
uma triste realidade. A razão dessa ameaça é o megapro-
jeto de construção de uma hidrovia de mais de 3.400 km 
nos rios Paraguai (o principal curso de água do Pantanal) e 
Paraná, ligando Cáceres, no Mato Grosso, à Nova Palmira, 
no Uruguai. 
Com a construção de diques e trabalhos de dragagem, a 
ideia é alterar o percurso do rio Paraguai, facilitando o mo-
vimento de grandes barcos e, consequentemente, o esco-
amento da produção de soja brasileira até o país vizinho. 
O problema é que isso afetará também todo o escoamento 
de águas da bacia. O resultado desse projeto pode ser a 
destruição do refúgio onde vivem hoje milhares de espé-
cies de animais e plantas.
5.6. Campos
Além de florestas tropicais, do Pantanal, do cerrado e da caa-
tinga, os campos também fazem parte da paisagem brasilei-
ra. Esse tipo de vegetação é encontrado em dois lugares dis-
tintos: os campos de terra firme (savanas de gramíneas 
baixas) são característicos do norte da Amazônia, Roraima, 
Pará e ilhas do Bananal e de Marajó, enquanto os campos 
limpos (estepes úmidas) são típicos da região Sul.
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO BIOMA CAMPOS
De modo geral, o campo limpo é destituído de árvores, 
bastante uniforme e com arbustos espalhados e disper-
sos. Já nos campos de terra firme, as árvores, baixas e 
espalhadas, integram-se totalmente à paisagem.
Em ambos os casos, o solo é revestido de gramíneas, 
subarbustos e ervas. Entre o Rio Grande do Sul e Santa 
Catarina, os campos formados por gramíneas e legumi-
nosas nativas se estendem como um tapete verde por 
mais de 200.000 km2, tornando-se mais densos e ricos 
nas encostas. Nessa região, com muita mata entremeada, 
as chuvas se distribuem regularmente pelo ano todo, e 
as baixas temperaturas reduzem os níveis de evaporação. 
Essas condições climáticas acabam favorecendo o cresci-
mento de árvores. Muito diferentes, por sua vez, são os 
campos que dominam as áreas do Norte do país.
5.6.1. Diferenças entre Sul e Norte
 Do Rio Grande do Sul até parte dos estados de Mato 
Grosso do Sul e São Paulo se estende o domínio das 
florestas e dos campos meridionais. O clima é ameno 
e o solo naturalmente fértil. A junção desses dois fato-
res favoreceu a colonização acelerada no último século, 
principalmente por imigrantes europeus e japoneses, 
que alcançaram altos índices de produtividade na região. 
 Os campos do Sul ocorrem no chamado pampa, uma 
região plana de vegetação aberta e de pequeno por-
te, que se estende do Rio Grande do Sul para além 
das fronteiras com a Argentina e o Uruguai. Esse tipo 
de vegetação ocorre em área contínua no Sul e tam-
bém como manchas dispersas encravadas na floresta 
Atlântica do Rio Grande do Norte até o Pará. São áre-
as planas, revestidas de gramíneas e outras plantas 
encontradas de forma escassa, como tufos de capim 
que atingem até 1 metro de altura.
 No litoral do Rio Grande do Sul, a paisagem é mar-
cada pelos banhados, ou seja, ecossistemas ala-
gados com densa vegetação de juncos, gravatás e 
aguapés que criam um habitat ideal para uma grande 
variedade de animais, como garças, marrecos, veados, 
onças-pintadas, lontras e capivaras. O banhado do 
Taim é o mais importante devido à riqueza do solo. 
Tentativas desastradas de drená-Io para uso agrícola 
foram definitivamente abandonadas a partir de 1979, 
quando a área se transformou em estação ecológica. 
Não obstante, a ação de caçadores e o bombeamento 
das águas pelos fazendeiros das redondezes continu-
am a ameaçar o local. Enquanto sobra água no Sul, os 
campos do Norte do Brasil se caracterizam por áreas 
secas e de florestas dominadas pelas palmeiras.
 Essas florestas se situam entre a Amazônia e a caatinga 
e se formam a partir do desmatamento da vegetação 
nativa. Livre da competição de outras plantas, as palmei-
ras de babaçu e carnaúba, o buriti e a oiticica se desen-
volvem rapidamente, algumas chegando a atingir até 
15 metros de altura. Existem também áreas de campos 
“naturais”, com vegetação de porte mais raquítico, que 
ocorrem como manchas no norte da floresta Amazônica. 
 Devido à riqueza do solo, as áreas cultivadas do 
Sul se expandiram rapidamente sem um sistema 
adequado de preparo, resultando em erosão e ou-
tros problemas que se agravam progressivamente. 
Os campos são amplamente utilizados para a pro-
dução de arroz, milho, trigo e soja, às vezes em 
20
associação com a criação de gado. Contudo, a de-
satenção com o solo leva à desertificação, regis-
trada em diferentes áreas do Rio Grande do Sul.
 Para expandir a área plantada, colonos alemães e ita-
lianos iniciaram, na primeira metade do século XX, a 
exploração indiscriminada de madeira. Árvores gigan-
tescas e centenárias foram derrubadas e queimadas 
para dar lugar ao cultivo de milho, trigo e, principal-
mente, videira. A mata das araucáriasde porte alto e 
copa em forma de prato se estendia do sul de Minas 
Gerais e São Paulo até o Rio Grande do Sul, formando 
cerca de 100 mil km2 de matas de pinhais. Na sua 
sombra cresciam espécies como a imbuia, o cedro, 
a canela, entre outras. Atualmente, mais da metade 
desse bioma foi destruída, assim como diversas es-
pécies de roedores que se alimentavam de pinhão, 
aves e insetos. O que resta está confinado a áreas 
de conservação do estado. Por mais de 100 anos, a 
mata dos pinhais alimentou a indústria madeireira do 
Sul. O pinho, madeira bastante popular na região, foi 
bastante utilizado na construção de casas e móveis.
 A criação de gado e ovelhas também faz parte da 
cultura local. Entretanto, repetindo o mesmo erro dos 
agricultores, o pastoreio está provocando a degradação do 
solo. Na época de estiagem, quando as pastagens secam, 
o mesmo número de animais continua a disputar áreas 
menores. Com o pasto quase desnudo, cresce a pressão 
sobre o solo que se abre em veios. Quando as chuvas reco-
meçam, as águas correm por essas depressões, dando iní-
cio ao processo de erosão. O fogo utilizado para eliminar 
restos de pastagem secas torna o solo ainda mais frágil.
5.7. Zona costeira
O Brasil possui uma linha contínua de costa Atlântica 
de 8 mil km de extensão, uma das maiores do mundo. 
Ao longo dessa faixa litorânea, é possível identificar 
uma grande diversidade de paisagens, como dunas, 
ilhas, recifes, costões rochosos, baías, estuários, bre-
jos e falésias. Mesmo os ecossistemas que se repetem 
ao longo do litoral, como praias, restingas, lagunas e 
manguezais, apresentam diferentes espécies de ani-
mais e vegetais. Isso se deve, basicamente, às diferen-
ças climáticas e geológicas.
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ZONA COSTEIRA
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Para compreender como os biomas se estabeleceram no planeta Terra, é fundamental compreender conceitos quími-
cos e físicos que interferem nesse processo. Os fatores abióticos químicos (pH, salinidade, nutrientes, etc.) e físicos 
(luminosidade, temperatura, umidade, etc.) determinam o tipo de vegetação e de outros seres vivos que vão habitar 
uma determinada região. Por exemplo, devido à alta incidência solar na região equatorial, há a possibilidade de uma 
maior taxa de fotossíntese pelos produtores e, consequentemente, de uma alta produtividade primária, a qual suste-
nta uma ampla biodiversidade. Além da elevada taxa de luminosidade, essa região apresenta também altos índices 
de pluviosidade e temperatura. Todos esses fatores químicos e físicos produzem a variedade de fauna e da flora 
encontradas no equador. Assim, percebe-se a importância de interação entre a área das exatas (Química e Física) e 
a área biológica.
21
Grande parte da zona costeira, entretanto, está ameaçada 
pela superpopulação e por atividades agrícolas e industriais. 
Mais da metade da população brasileira vive seguindo essa 
imensa faixa litorânea. Há muito ainda para se conhecer so-
bre a dinâmica ecológica do litoral brasileiro. Complexos sis-
temas costeiros se distribuem ao longo do litoral, fornecendo 
áreas para a criação, crescimento e reprodução de inúmeras 
espécies de flora e fauna. Somente na costa do Rio Grande 
do Sul − conhecida como um centro de aves migratórias − 
foram registradas cerca de 570 espécies.
Muitos desses pássaros utilizam a costa brasileira para ali-
mentação, abrigo ou como rota migratória entre a América 
do Norte e as partes mais ao sul do continente americano. 
A faixa litorânea brasileira também tem sido considerada 
essencial para a conservação de espécies ameaçadas em 
escala global, como as tartarugas-marinhas, as baleias e o 
peixe-boi-marinho. É importante ressaltar que a destruição 
dos ecossistemas litorâneos é uma ameaça para o próprio 
homem, uma vez que põe em risco a produção pesqueira 
− uma rica fonte de alimento.
O crescimento dos grandes centros urbanos, a especulação 
imobiliária sem planejamento, a poluição e o enorme flu-
xo de turistas ameaçam a integridade ecológica da costa 
brasileira. A ocupação predatória vem ocasionando a de-
vastação das vegetações nativas, o que leva, entre outras 
coisas, à movimentação de dunas e até ao desabamento 
de morros. O aterro dos manguezais, por exemplo, coloca 
em perigo espécies animais e vegetais, além de destruir um 
importante “filtro” das impurezas lançadas na água.
As raízes parcialmente submersas das árvores do mangue 
se espalham sob a água para reter sedimentos e evitar que 
eles escoem para o mar. Alguns mangues estão estrate-
gicamente situados entre a terra e o mar, formando um 
estuário para a reprodução de peixes. 
Além disso, a expulsão das populações caiçaras (pescado-
res ou caipiras do litoral) está acabando com uma das cul-
turas mais tradicionais e ricas do Brasil. Outra ação danosa 
é o lançamento de esgoto no mar, sem qualquer tratamen-
to. Operações de terminais marítimos têm provocado o 
derramamento de petróleo, entre outros problemas graves.
5.8. Manguezais
Os fatores que comprometem o equilíbrio dos manguezais 
são diversos. Por causa de sua localização de fácil acesso, 
do desconhecimento, da pouca veiculação de sua impor-
tância e, principalmente, do descaso, alguns manguezais 
se tornaram alvo de depredações que incluem aterramento 
para ocupação, desmatamento para uso da vegetação e 
poluição das águas por derramamento de petróleo ou por 
depósito de lixo.
Os manguezais são ecossistemas estuarinos que se desen-
volvem em terras planas, baixas e de substrato lodoso, lo-
calizadas nas costas litorâneas das regiões tropicais, junto 
aos desaguadouros dos rios, no fundo de baías e nas ense-
adas. Quando os manguezais estão em terrenos de baixo 
ou médio teor de salinidade, os bosques de mangues, fixa-
dos sobre terreno lodoso, apresentam características fisio-
nômicas e funcionais muito particulares. São típicas deles 
os seguintes fatores: temperaturas tropicais; áreas constan-
temente sobo controle e o fluxo das marés; depósitos 
volumosos de silte, areia fina, argila e grande quantidade 
de matéria orgânica.
Em geral, os manguezais se localizam fora dos litorais de 
mar aberto. Eles estão sempre associados às áreas de for-
tes marés; no entanto, abrigados dos fortes ventos e das 
ressacas, caracterizam-se também por uma vegetação 
halófita (plantas terrestres adaptadas a viver no mar ou 
perto dele) tropical de mata, com poucas espécies que 
crescem na vasa marítima da costa ou estuária dos rios. 
Os manguezais de todo o mundo ocupam uma área de 
cerca de 20 milhões de hectares, distribuídos principal-
mente nas latitudes intertropicais: calcula-se que 75% 
das linhas de costas tropicais do mundo são dominadas 
por esse tipo de vegetação. No Brasil, os manguezais se 
espalham por toda a faixa litorânea, desde o Amapá até 
Santa Catarina.
Os manguezais são ecossistemas importantes para as po-
pulações que habitam o litoral dos trópicos. A diversida-
de e a quantidade de crustáceos, moluscos e peixes que 
vivem nos mangues não garantem a alimentação dessas 
populações apenas. É comum a prática de uma indústria 
de pescado ao longo dessas formações naturais. Nove em 
cada dez peixes pescados no mundo inteiro provêm de 
áreas costeiras e baías que, juntas, não somam 10% da 
superfície marinha. A responsabilidade pela concentração 
de cardumes nesses espaços reduzidos de mar cabe aos 
recém-valorizados manguezais. Ao ser atacada por fungos 
e protozoários, a vegetação dos manguezais perde folhas, 
frutos e flores, que começam a se degradar. No solo lodoso, 
eles se combinam com uma série de proteínas e minerais 
transportados pela água doce dos rios, chuvas e lençóis 
freáticos. O calor do Sol, por sua vez, ajuda milhões de mi-
cróbios, presentes tanto no solo como na água salgada dos 
mares, a terminarem a receita de um caldo nutritivo que 
alimenta, por exemplo, os filhotes de camarões. 
As moléculas de nutrientes enchem a barriga de larvas e 
peixes pequenos que, por sua vez, alimentam espécies ma-
rinhas maiores. A fartura

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