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Geografia - Teórico_VOLUME3

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1
Caro aluno 
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos 
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto 
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de 
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A 
seguir, apresentamos cada seção:
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa 
seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório 
do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com 
indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en-
contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos 
temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até 
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos 
essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, 
em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais 
o conhecimento do nosso aluno.
multimídia
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu 
distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão 
de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas 
para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para 
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida 
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma 
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre 
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em 
seu dia a dia.
vivenciando
Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao 
fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o 
aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas 
na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, 
a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de 
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são 
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva 
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. 
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a 
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-
-las com tranquilidade.
áreas de conhecimento do Enem
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los 
em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque-
les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio 
de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo 
da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos 
principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza-
ção dos estudos e até a resolução dos exercícios.
diagrama de ideias
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-
borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata 
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não 
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos 
conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem 
conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio-
logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre 
outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade 
por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas 
de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan-
do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que 
cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma 
grande engrenagem no mundo em que ele vive.
conexão entre disciplinas
Herlan Fellini
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos 
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo 
o território nacional.
incidência do tema nas principais provas
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção 
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas 
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados 
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno 
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos.
teoria
Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem 
parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, 
deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta-
dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com-
preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos 
do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer 
momento, as explicações dadas em sala de aula.
aplicação do conteúdo
2
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.
Autores
Alessandra Alves
Vinicius Gruppo Hilário
Diretor-geral
Herlan Fellini
Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista 
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica 
Hexag Sistema de Ensino
Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva
Projeto gráfico e capa
Raphael Campos Silva
Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
ISBN: 978-65-88825-00-6
Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo 
o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos 
direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre-
sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
2020
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP
CEP: 04043-300
Telefone: (11) 3259-5005
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contato@hexag.com.br
3
SUMÁRIO
GEOGRAFIA
MEIO AMBIENTE, FORMAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL 
E SISTEMAS AGRÁRIOS
REGIÕES SOCIOECONÔMICAS MUNDIAIS
Aulas 17 e 18: Domínios morfoclimáticos II 6
Aulas 19 e 20: Problemas ambientais do Brasil 20
Aulas 21 e 22: Protocolos e conferências para o meio ambiente 35
Aulas 23 e 24: Regionalização do espaço brasileiro 48
Aulas 25 e 26: Sistemas agrários 59
Aulas 17 e 18: Antiga ordem mundial 72
Aulas 19 e 20: Nova ordem mundial 82
Aulas 21 e 22: Globalização e blocos econômicos 87
Aulas 23 e 24: Comércio internacional 104
Aulas 25 e 26: Regiões socioeconômicas mundiais I: América anglo-saxônica 114
4
Competência 1 – Construir significados para os números naturais, inteiros, racionais e reais.
H1 Reconhecer, no contexto social, diferentes significados e representações dos números e operações – naturais, inteiros, racionais ou reais.
H2 Identificar padrões numéricos ou princípios de contagem.
H3 Resolver situação-problema envolvendo conhecimentos numéricos.
H4 Avaliar a razoabilidade de um resultado numérico na construção de argumentos sobre afirmações quantitativas.H5 Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando conhecimentos numéricos.
Competência 2 – Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade e agir sobre ela.
H6 Interpretar a localização e a movimentação de pessoas/objetos no espaço tridimensional e sua representação no espaço bidimensional.
H7 Identificar características de figuras planas ou espaciais.
H8 Resolver situação-problema que envolva conhecimentos geométricos de espaço e forma.
H9 Utilizar conhecimentos geométricos de espaço e forma na seleção de argumentos propostos como solução de problemas do cotidiano.
Competência 3 – Construir noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.
H10 Identificar relações entre grandezas e unidades de medida.
H11 Utilizar a noção de escalas na leitura de representação de situação do cotidiano.
H12 Resolver situação-problema que envolva medidas de grandezas.
H13 Avaliar o resultado de uma medição na construção de um argumento consistente.
H14 Avaliar proposta de intervenção na realidade utilizando conhecimentos geométricos relacionados a grandezas e medidas.
Competência 4 – Construir noções de variação de grandezas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.
H15 Identificar a relação de dependência entre grandezas.
H16 Resolver situação-problema envolvendo a variação de grandezas, direta ou inversamente proporcionais.
H17 Analisar informações envolvendo a variação de grandezas como recurso para a construção de argumentação.
H18 Avaliar propostas de intervenção na realidade envolvendo variação de grandezas.
Competência 5 – Modelar e resolver problemas que envolvem variáveis socioeconômicas ou técnico-científicas, usando representações 
algébricas.
H19 Identificar representações algébricas que expressem a relação entre grandezas.
H20 Interpretar gráfico cartesiano que represente relações entre grandezas.
H21 Resolver situação-problema cuja modelagem envolva conhecimentos algébricos.
H22 Utilizar conhecimentos algébricos/geométricos como recurso para a construção de argumentação.
H23 Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando conhecimentos algébricos.
Competência 6 – Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de 
tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.
H24 Utilizar informações expressas em gráficos ou tabelas para fazer inferências.
H25 Resolver problema com dados apresentados em tabelas ou gráficos.
H26 Analisar informações expressas em gráficos ou tabelas como recurso para a construção de argumentos.
Competência 7 – Compreender o caráter aleatório e não determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos ade-
quados para medidas, determinação de amostras e cálculos de probabilidade para interpretar informações de variáveis apresentadas em 
uma distribuição estatística.
H27
Calcular medidas de tendência central ou de dispersão de um conjunto de dados expressos em uma tabela de frequências de dados agrupados 
(não em classes) ou em gráficos.
H28 Resolver situação-problema que envolva conhecimentos de estatística e probabilidade.
H29 Utilizar conhecimentos de estatística e probabilidade como recurso para a construção de argumentação.
H30 Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando conhecimentos de estatística e probabilidade.
5
MEIO AMBIENTE, FORMAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO DO 
BRASIL E SISTEMAS AGRÁRIOS: Incidência do tema 
nas principais provas
UFMG
Nos últimos anos, as questões ambientais 
foram destaque, com destaque para as princi-
pais convenções ambientais e reivindicações. 
É importante atentar-se à interferência de 
interesses econômicos na aceitação ou 
refutação dos protocolos.
As aulas deste caderno devem ser analisadas 
e estudadas para a prova da UNIFESP. Por 
apresentar questões mais elaboradas nas 
grandes áreas da Matemática, a prova 
pode exigir do candidato conceitos mais 
específicos.
Temas como o problema da geração e o 
aumento global do consumo de energia cos-
tumam aparecer em questões que abordam 
danos ambientais, consciência produtiva e 
responsabilidade ambiental.
Aborda bastante o tema acerca dos domínios 
morfoclimáticos vinculando-o com a questão 
ambiental. Por isso, é importante conhecer as 
principais características de cada domínio e 
seus principais problemas ambientais, tais 
como as queimadas na Amazô-
nia e no cerrado.
Exige uma visão integrada na abordagem da 
natureza e do mundo social. É importante 
também ter uma visão global da realidade 
e saber identificar as diferenças regionais. A 
interpretação de gráficos, mapas e tabelas é 
fundamental.
A nova ética ambiental considera que 
os elementos fundamentais são bens da 
natureza e de caráter universal que não 
podem ser apropriados pelas soberanias 
nacionais. Assim, espera-se uma abordagem 
crítica e irreverente da questão 
ambiental.
Como são recorrentes, nesse vestibular, os pro-
tocolos e conferências para o meio ambiente, 
torna-se importante relacioná-los aos aspectos 
econômicos que os envolvem.
Os impactos ambientais rurais e urbanos são 
frequentemente abordados. Além dos conhe-
cimentos científicos, o exame também busca, 
geralmente, um posicionamento crítico.
As alterações ambientais são tratadas nos 
enunciados a partir de tabelas, gráficos ou ma-
pas que mostram dados da poluição. O exame 
também apresenta, com frequência, textos 
acerca de tratados internacionais.
Os problemas socioambientais levantam 
diversas posições no cenário mundial, como a 
indiferença, as justificativas banais e a busca 
por alternativas de enfrentamento desses 
conflitos. Portanto, é importante ter atenção 
às suas principais causas e 
consequências.
Todos os temas deste livro e seus principais 
conceitos são recorrentes nesse vestibular.
As questões com a temática do meio ambien-
te são bem objetivas, apresentando conceitos 
básicos e textos de referência.
A Faculdade de Ciências Médicas apresenta 
uma prova com poucas questões, porém abor-
dando vários temas da matemática dentro 
delas. O aluno deve estudar detidamente as 
aulas deste livro para alcançar um resultado 
satisfatório.
Esse vestibular costuma observar se o candi-
dato está ou não antenado com os problemas 
causados pelos seres humanos ao meio 
ambiente e como isso é refletido na sociedade. 
Assim, torna-se importante saber diferenciar 
os protocolos ambientais.
Possui questões que trabalham um olhar 
crítico e pedem um conhecimento acerca 
das causas e consequências dos problemas 
ambientais.
6
 DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS IIAULAS 
17 E 18
“A estrutura das paisagens brasileiras comporta um esque-
ma regional em que participam algumas poucas grandes 
parcelas, relativamente homogêneas do ponto de vista fisio-
gráfico e ecológico. Acrescenta-se a esses estoques básicos 
uma grande variedade de feições fisiográficas e ecológicas, 
correspondentes às áreas de contato e de transição entre as 
áreas nucleares dos domínios morfoclimáticos e fitogeográfi-
cos de maior expressão regional. É certamente esse mosaico 
de domínios paisagísticos e ecológicos, somado às feições 
das faixas de contato e de transição, que constitui nosso uni-
verso paisagístico em termos de potencialidade global.”
(AZIZ AB’SABER)
Como pudemos observar na leitura da aula anterior, a com-
binação de elementos naturais como vegetação, relevo, cli-
ma, solos e rede hidrográfica e, em menor grau, o substrato 
geológico, resulta em uma enorme diversidade de paisagens 
denominadas domínios morfoclimáticos. Lembramos de que 
esses domínios, hoje, estão bastante antropizados, huma-
nizados e que o professor Aziz Ab’Saber precisou resgatar 
o passado dessas paisagens, quando a configuração ainda 
estava pouco alterada, se comparada com a atualidade.
“SE CORRER, BICHO TROPEÇA, SE FICAR VAI PASSAR FOME”
Os problemas mais comuns que afetam os domínios na-
turais, hoje, noBrasil são: o desmatamento na Amazônia, 
a destruição da drenagem fluvial do pantanal, a desertifi-
cação do interior da região Nordeste, os escorregamentos 
nas serras do Mar e da Mantiqueira, bem como o desflores-
tamento dos últimos resquícios de mata Atlântica.
Grande parte do trabalho sobre a classificação vege-
tativa provém de ecologistas europeus e norte-ameri-
canos, que possuem diferentes abordagens. Na Améri-
ca do Norte, os tipos de vegetação são baseados em 
uma combinações dos seguintes critérios: clima padrão,
comportamento do vegetal, fenologia e/ou formulário 
do crescimento e espécies dominantes. Na Europa, a 
classificação se baseia, frequente e, por vezes, inteira-
mente, na atenção em relação à composição florística 
(espécie) sozinha, sem referência explícita ao clima, ao 
crescimento de fenologia ou outras formas. Na forma 
da América, os níveis hierárquicos, da forma mais geral 
à mais específica, são os seguintes: sistema, classe, sub-
classe, grupo, formação, aliança, associação.
Os vegetais necessitam de quantidades de água ou 
umidade variáveis. Dessa forma, pode se classificar 
três tipos de vegetação quanto à umidade:
 Vegetação hidrófila: adaptada à grande umi-
dade. As raízes desses vegetais são pequenas e 
as suas folhas, grandes, para facilitar a evapo-
transpiração, além de possuírem caules bastante 
desenvolvidos. Exemplo: bananeira.
 Vegetação xerófila: adaptada à aridez. Pos-
sui raízes compridas, aprofundando-se bas-
tante no solo para buscar água. Apresenta 
folhas pequenas e, muitas vezes, cobertas de 
ceras, para diminuir a evaporação (perda de 
água). Possuem também folhas em forma de 
espinhos para diminuir a evaporação. Exem-
plo: caatinga.
 Vegetação tropófila: adaptada a variações de 
umidade, segundo as estações secas ou chuvo-
sas. As plantas são de características caducifólias 
(plantas que perdem as folhas em estações secas 
ou frias). Exemplo: cerrado.
1. FORMAÇÕES ARBUSTIVAS
São formações em que predominam os arbustos, porém, 
são constantes a presença de árvores e áreas abertas for-
radas por gramíneas. Normalmente, se apresentam como 
arbustivas as savanas, o cerrado, a caatinga e as forma-
ções litorâneas.
COMPETÊNCIA: 6 HABILIDADES: 26 e 29
7
1.1. Domínio das depressões 
interplanálticas e intermontanas 
semiáridas do Nordeste
A CAATINGA É DOMINADA POR ÁRVORES BAIXAS E ARBUSTOS, COM DESTAQUE 
PARA AS CACTÁCEAS, E É PREDOMINANTE NAS ÁREAS DO SEMIÁRIDO NORDESTINO.
Entre a floresta Amazônica e a mata Atlântica, encontra-
mos as caatingas do Nordeste brasileiro, cuja palavra, em 
tupi, significa “mata branca”. Sua extensão é de cerca 800 
mil km2, equivalente a 11% do território nacional. Como os 
demais biomas brasileiros, a caatinga também sofre com a 
intervenção humana.
O relevo da caatinga apresenta duas formações: os planal-
tos e as grandes depressões. As depressões interplanálticas 
foram reduzidas a verdadeiras planícies de erosão, devido à 
grande extensão dos pediplanos (processo que leva, em regi-
ões de clima árido a semiárido, ao desenvolvimento de áreas 
aplainadas, ou então superfícies de aplainamento) e, relativa-
mente mais recente, ao processo de pediplanação sertaneja 
moderna. O relevo dessa região varia ente 200 a 900 metros 
de altitude. O planalto da Borborema é uma formação que 
varia em média entre 650 e 1000 metros. Em alguns pontos, 
como o pico de Jabre, na Paraíba, chega a 1197 metros e 
o pico do Papagaio, em Pernambuco, a 1260 metros. Esse 
planalto é uma grande barreira para as nuvens carregadas 
de umidade que vêm do oceano Atlântico em direção ao in-
terior. Quando essas nuvens encontram este “paredão”, elas 
se condensam, provocando chuvas nas regiões mais baixas 
do lado voltado para o oceano. As nuvens não conseguem ul-
trapassar o planalto da Borborema. Isto dificulta a ocorrência 
de chuvas do lado oeste, que é marcado pela seca. Este lado 
seco é o que faz parte do bioma caatinga.
Na América do Sul, existem três grandes áreas semiári-
das: a região Guajira, na Venezuela e na Colômbia; a di-
agonal seca do Cone Sul, que envolve muitas nuanças 
de aridez ao longo da Argentina, Chile e Equador; e, por 
fim, o nordeste seco do Brasil, província fitogeográfica 
das caatingas, onde dominam temperaturas médias 
anuais muito elevadas e constantes. Os atributos 
que dão similitude às regiões semiáridas são sempre 
de origem climática, hídrica e fitogeográfica: baixos 
níveis de umidade, escassez de chuvas anuais, irreg-
ularidade no ritmo das precipitações ao longo dos 
anos; prolongados períodos de carência hídrica; solos 
problemáticos tanto do ponto de vista físico quanto 
do geoquímico (solos parcialmente salinos, solos car-
bonáticos) e ausência de rios perenes, sobretudo no 
que se refere às drenagens autóctones.
A rigidez climática é conferida, principalmente, pela irregula-
ridade na distribuição de chuvas, no tempo e no espaço. De 
clima semiárido, com médias pluviométricas inferiores aos 700 
mm ao ano, a caatinga se diversifica por suas manifestações, 
conforme o relevo, os solos e a menor escassez de chuvas. Há a 
mata seca (formada especialmente de cactos, bromélias e ve-
getação herbácea, como na Paraíba), a arbustiva e, até mesmo, 
a arbórea. A maior parte das plantas são xerófilas, com folhas 
pequenas. São adaptadas à semiaridez, pois apresenta um re-
vestimento (tecido ou uma película de cera) que não permite 
a perda de muita água pela evapotranspiração. Também são 
deciduais (caducifoliadas), pois suas folhas caem totalmente 
nas secas, diminuindo, assim, o metabolismo das plantas, que 
aguentam mais tempo sem água. Outras plantas apresentam 
suas folhas na forma de espinhos. Por outro lado, algumas 
espécies do estrato arbóreo, como o juazeiro e o umbuzeiro, 
possuem raízes longas que buscam água em lençóis freáti-
cos e conseguem manter suas folhas verdejantes o ano todo. 
Os solos desse bioma são ricos em sais minerais, mas pobres 
em húmus, problema comum de lugares com climas áridos e 
semiáridos, com ressalva para pequenas manchas férteis nas 
fronteiras do Rio Grande do Norte e Ceará, do Piauí e Per-
nambuco e nas margens do rio São Francisco. Na maior parte, 
os solos são rasos e pedregosos em virtude do intemperismo 
físico. Nas chapadas, como a de Araripe, entre os Estados do 
Ceará e Pernambuco, ocorrem chuvas orográficas que facili-
tam o cultivo do solo. Essas áreas mais úmidas, verdadeiros 
oásis sertanejos, são os brejos, onde há maior concentração 
humana; duas grandes cidades com essas características são 
Juazeiro do Norte e Crato, ambas no vale do Cariri (Ceará).
“Não existe melhor termômetro para delimitar o Nord-
este seco do que os extremos da própria vegetação da 
caatinga. Até onde vão os diferentes fácies de caatinga 
de modo relativamente contínuo, estaremos na presença 
de ambientes semiáridos. O mapa da vegetação é mais 
útil para definir os confins do domínio climático regional 
do que qualquer outro tipo de abordagem por mais ra-
cional que pareça.
8
Regularmente, nas notícias sobre o sertão, sobretudo 
pela televisão, vemos imagens de solos rachados e de 
plantas secas pela falta de água. Todavia, essas imagens 
podem ser exageradas; as plantas da caatinga estão mui-
to bem adaptadas aos períodos de seca. Talvez a perda 
das folhas deem a falsa impressão de estarem mortas 
ou “sofrendo” com a falta de chuvas. Além disso, essa 
vegetação tem uma variedade significativa de espécies, 
como as angiospermas e as plantas que produzem flores. 
Algumas de suas árvores se destacam pelo valor da ma-
deira, pela beleza intrínseca ou pelos frutos comestíveis, 
saborosos e nutritivos: o juá e o umbu, dos juazeiro e 
umbuzeiro, respectivamente. E mesmo plantas cactáceas 
(de cactos), como o mandacaru e a palma, usadas como 
forragem para o gado.
Embora tenha uma grande importância para as condi-
ções naturais da região do Nordeste brasileiro, a caa-
tinga vem sendo desmatada, sobretudo ao longo dos 
últimos anos. Entre as áreas mais degradadas,cabe des-
taque para o espaço nos territórios do Alagoas, Ceará, 
Bahia e Pernambuco.
Ao contrário do senso comum, a caatinga não é um 
bioma homogêneo, apresentando uma diversidade 
de paisagens. Contudo, é importante ressaltar que 
as transições entre as paisagens que compõem a 
caatinga ocorrem de forma gradativa. É necessário 
também considerar a existência de enclaves de out-
ras fisionomias vegetais dentro do bioma, resultantes 
de ciclos de retração e expansão associados a mu-
danças climáticas ocorridas em passado geológico 
recente (quaternário), o que influenciou a dispersão 
e o confinamento de algumas espécies vegetais que 
compõem as paisagens atuais. Na literatura existem 
diversas classificações de tipologias de caatinga que 
variam desde classificações puramente biológicas, 
onde as espécies vegetais são o principal critério de 
diferenciação, até classificações geossistêmicas, onde 
a relação da vegetação com o ambiente abiótico 
(solo, relevo, hidrologia, entre outros) é o principal fa-
tor para a diferenciação.
CLASSIFICAÇÕES DE SUBGRUPOS DE CAATINGA E FORMAÇÕES 
ASSOCIADAS SEGUNDO CAVALCANTI (2014).
Nome Descrição
Caatinga
Dominada por elementos len-
hosos (árvores e arbustos). A 
flora não é influenciada por 
corpos hídricos. Pode ser subdi-
vidida em caatinga lenhosa ab-
erta, caso as copas das árvores 
não se toquem, ou fechada, 
caso as copas das árvores se 
toquem ou entrelacem.
(...) Todos os rios do Nordeste, em algum tempo do ano, 
chegam ao mar. Essa é uma das maiores originalidades 
dos sistemas hidrográfico e hidrológico regionais. Ao 
contrário de outras regiões semiáridas do mundo, em 
que rios e bacias hidrográficas conseguem ir para de-
pressões fechadas, os cursos d’água nordestinos, apesar 
de serem intermitentes periódicos, chegam ao Atlântico 
pelas mais diversas trajetórias. Daí resulta a inexistên-
cia de sinalização excessiva ou prejudicial no domínio 
dos sertões. Encontram-se, aqui e ali, manchas de solos 
ligeiramente salinizados, riachos curtos designados “sal-
gados”, porém o conjunto de tais áreas é extremamente 
pequeno. Apenas nos baixos rios do Rio Grande do Norte 
ocorrem planícies de nível de base, com salinização mais 
forte, em uma área bastante quente e de luminosidade 
ampla, que corresponde à velhos estuários assoreados.
De forma inteligente, ali foram estabelecidas as maiores 
salinas brasileiras, das quais provêm a maior parte da 
produção de sal do país.
A hidrologia regional do Nordeste seco é infinita e 
totalmente dependente do ritmo climático sazonal, 
dominante no espaço fisiográfico dos sertões. Ao con-
trário do que acontece em todas as áreas úmidas do 
Brasil – onde os rios sobrevivem aos períodos de es-
tiagem, devido à grande carga de água economizada 
nos lençóis subsuperficiais – no Nordeste seco, o lençol 
se afunda e se resseca e os rios passam a alimentar 
o lençol. Todos eles secam desde suas cabeceiras até 
perto da costa. Os rios extravasaram, os rios desapa-
receram, a drenagem “cortou”. Nessas circunstâncias, 
o povo descobriu um modo de utilizar o leito arenoso, 
que possui água por baixo das areias de seu leito seco, 
capaz de fornecer água para fins domésticos e dar 
suporte para culturas de vazantes. A cena de garotos 
tangendo jegues carregados de pipotes d’água retira-
das de poços cavados no leito dos rios tornou-se uma 
tradição simbólica ao longo das ribeiras secas.”
(AZIZ AB’SABER)
9
Nome Descrição
Caatinga gramí-
neo-lenhosa
Vegetação dominada por el-
ementos herbáceos, com pre-
sença de indivíduos lenhosos 
(árvore ou arbustos) esparsos 
ou em agrupamentos isolados.
Caatinga-parque
Vegetação com a presença de 
palmeiras e elementos lenho-
sos da caatinga distribuídos 
ao longo de um corpo hídrico.
Caatinga 
rupestre
Vegetação que cresce sobre os 
lajedos (afloramentos rocho-
sos), normalmente dominada 
por bromeliáceas e cactáceas.
Formação 
higrófila
Vegetação que ocorre nas 
proximidades de corpos hídri-
cos e apresenta flora cosmo-
polita ou introduzida.
A vegetação desse domínio natural possui um alto poder 
calorífico, sendo bastante adequada para a utilização como 
lenha. Essa característica, associada à grande necessidade 
energética de uma região que sofre com a falta de inves-
timentos e da presença do Estado, é a principal causa do 
desmatamento da caatinga. Estima-se que 30% da ener-
gia utilizada pelas indústrias locais advenham dessa práti-
ca de extração da lenha da vegetação do semiárido.
Se considerarmos apenas o Estado de Pernambuco, de acor-
do com dados do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Am-
biente e dos Recursos Naturais Renováveis), cerca de 260 mil 
caminhões com lenha advinda da caatinga são transporta-
dos para atender à demanda energética da região. Ainda se-
gundo o órgão, existe certo mito em pensar que a população 
de baixa renda e os pequenos agricultores são os respon-
sáveis principais pelo desmatamento em questão. Trata-se 
de um problema energético associado à atuação ineficaz do 
Estado, tanto na permissão de atividades desse tipo quanto 
na não fiscalização adequada de práticas ilícitas.
Os efeitos do desmatamento da caatinga são diversos, em 
razão da importância da vegetação para a região que ocu-
pa. Além disso, existem indícios ainda não comprovados de 
que a caatinga possa ser mais eficiente na absorção de gás 
carbônico na atmosfera do que as florestas tropicais, haja 
vista que essas últimas produzem uma quantidade de CO
2 
mais ou menos equivalente ao que absorvem.
Outra consequência do desmatamento da caatinga é a de-
sertificação. Sabe-se que, nas regiões de clima mais quente 
e com pouca precipitação, o que se verifica em algumas das 
áreas ocupadas por esse bioma, a tendência de desertificação 
é alta em virtude da desidratação dos solos ocasionada pelo 
elevado índice de evaporação. Com a remoção da vegetação, 
o problema é intensificado, além de tornar os solos mais ex-
postos e, por isso, altamente propensos a erosões e outros 
problemas ambientais, como a salinização.
Em resposta a essa problemática, o Ministério do Meio Am-
biente elaborou um planejamento para combater o desma-
tamento local por meio da criação do PPCaatinga (Plano 
de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento 
na Caatinga). O objetivo é a criação de um planejamento 
que vise reduzir a degradação crescente da vegetação e 
que leve em consideração as particularidades fitogeográ-
ficas da caatinga. Além disso, estão sendo elaboradas ini-
ciativas para reflorestamento, recuperação dos solos e das 
bacias hidrográficas da região, principalmente o semiárido 
do chamado “polígono das secas”.
CAATINGA
Há uma determinação ingênua e passível de refutação no 
relacionamento entre a pobreza da região nordestina e o 
clima semiárido, como se ele fosse o responsável pelas ma-
zelas sociais daquela região. Diz-se que a região possui um 
solo “pobre”, “ruim” para a agricultura. Primeiramente, 
não existe um solo “bom” ou “ruim”, qualidades atribu-
ídas ao solo por nós mesmos de acordo com os interes-
ses que qualificam essa formação pedológica. Os solos do 
Nordeste são “ruins” para a produção agropecuária que 
necessitam de muita água e sais minerais. No entanto, são 
“ótimos” para cultivo de espécies frutíferas, fibras, óleos 
vegetais e ceras. O grande problema do Nordeste é a falta 
de interesse do Estado de intervir com políticas públicas 
que beneficiem a maior parte da população. Desde o início 
do século XIX, fala-se em erradicação da seca no Nordes-
te mediante projetos de irrigação. Destaquemos a Sude-
ne (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), 
criada em 1959 e ligada diretamente ao governo federal. 
Projetos de irrigação com as águas do rio São Francisco e 
de prospecção de água no lençol freático, construção de 
açudes e abertura de poços levantaram recursos significa-
tivos. Contudo, tais políticas beneficiaram apenas as pro-
priedades consideradas produtivas, deixando à margem a 
maior parte da população.
10
1.2. Domínio do cerrado“Vou lhe falar. Lhe falo do sertão. Do que não sei. Um gran-
de sertão! Não sei. Ninguém ainda sabe. Só umas raríssi-
mas pessoas – e essas poucas veredas, veredazinhas.”
GUIMARÃES ROSA. GRANDE SERTÃO: VEREDAS.
Associada ao clima tropical típico, no Brasil central, está 
a formação vegetal chamada de cerrado. Embora sua área 
core (nuclear) esteja localizada nos Estados de Goiás e Mato 
Grosso, essa formação vegetal estende-se de forma contí-
nua ou em “manchas ”para os Estados de São Paulo, Mi-
nas Gerais, Tocantins, Bahia, Maranhão, Roraima e Amapá. 
Estima-se que a área nuclear do domínio do cerrado tenha, 
aproximadamente, 1,5 milhão de km2. Se adicionadas às 
áreas periféricas encravadas em outros domínios vizinhos e 
nas faixas de transição, a área poderá chegar a 1,8 milhão ou 
2 milhões de km2. No entanto, mesmo com a presença de so-
los de baixa qualidade agrícola, o cerrado vem sofrendo muito 
com a ação antrópica. Sua devastação está diretamente rela-
cionada com a expansão da pecuária e da agricultura da soja.
O solo é constituído por dois extratos: o inferior, composto 
por gramíneas, e o superior, composto por pequenas árvo-
res e arbustos retorcidos, plantas resistentes ao fogo. Parte 
do ciclo natural do cerrado, o fogo, limpa os restos de ga-
lhos, folhas secas do solo e algumas gramíneas, deixando 
o solo acessível para uma nova rodada de germinação na 
estação chuvosa – principalmente das herbáceas. Esse fe-
nômeno possibilita uma variedade em sua fauna que, no 
entanto, vem sendo utilizada de maneira intensa e extensa, 
como um método mais barato de manejo e desmatamen-
to, por criadores de gado e monocultores.
NO CERRADO, BIOMA PREDOMINANTE NA REGIÃO CENTRO-OESTE, DESTACAM-
SE DOIS ESTRATOS: O FORMADO POR PEQUENAS ÁRVORES RETORCIDAS E 
ARBUSTOS; E O COMPOSTO DE UMA VEGETAÇÃO RASTEIRA (HERBÁCEAS).
O homem no caminho das águas
O perfil longitudinal dos rios que drenam vastas ex-
tensões de colinas sertanejas é extremamente raso e 
tangente ao chamado perfil de equilíbrio, sobretudo 
no Ceará e no Rio Grande do Norte. Disso resulta que 
as grandes chuvas, extensivas a imensas áreas dos 
sertões secos, podem provocar aumento excessivo 
do volume d’água dos rios de longo ou médio curso, 
pressionando os setores do baixo vale por meio de 
transbordamentos catastróficos. As pequenas bacias 
torrenciais saídas dos bordos das chapadas, da cimei-
ra dos maciços antigos e dos brejos de todos os tipos 
são alimenta das por precipitações que acrescentam 
importantes volumes d’água aos já engordados rios 
sertanejos, que recém-voltaram a crescer.
Os caminhos da água no interior da planície são 
complexos. Atingem primeiro os canais rasos e 
interligados, existentes nas várzeas, embora im-
perceptíveis durante a estiagem. Ocorre depois a 
generalização da inundação, a partir das águas dos 
canais trançados. Ao chegarem às terras aluviais e 
hidromórficas do leito maior dos rios, as inundações 
afetam plantações e habitações rurais dispersas, 
vilarejos de fundo de vale, bairros de população 
carente das cidades de médio ou pequeno porte.
Os mais afetados são integrantes das parcelas mais 
pobres da população, instalados em sítios inadequados 
nos arredores das cidades sertanejas, localizadas nos 
eixos dos grandes vales. Este fato foi bem documenta-
do pelas ocorrências calamitosas do período de grande 
chuvas no último mês de abril, que afetaram mais de 
meio milhão de nordestinos, do Rio Grande do Norte 
ao Maranhão. Evidenciou-se mais uma vez a seriedade 
das questões relativas à projeção espacial da sociedade 
de estrutura subdesenvolvida. As populações mais car-
entes, à míngua de melhor local para viver, utilizam os 
espaços ribeirinhos, de alto risco e inadequados. É exat-
amente o caso dos espaços físicos e sociais que foram 
castigados pelos efeitos das inundações recentes dos 
baixos vales de rios nordestinos.
Tenta-se há algum tempo melhorar o sistema de pre-
visão das secas.
Conhece-se bem o ritmo anual das águas dos rios in-
termitentes e sazonais.
Agora, é preciso melhorar o sistema de previsão 
das inundações e tentar reordenar a ocupação dos 
espaços rurais e urbanos em subáreas de fundo de 
planícies aluviais.
AZIZ AB’SABER. SERTÕES E SERTANEJOS: UMA 
GEOGRAFIA HUMANA SOFRIDA. 
11
O fogo que traz vida e o fogo que devasta
O fogo no cerrado pode ter início por fatores naturais. 
Isso ocorre através de descargas elétricas, combustão 
espontânea, atrito entre rochas e até atrito do pelo de 
alguns animais com a mata seca. 
Esse fogo originado por fatores naturais é responsável 
pela distinção vegetal do cerrado. Segundo pesqui-
sas, o aspecto retorcido de suas árvores e arbustos 
é consequência da ocorrência do fogo, fazendo com 
que suas gemas de rebrota ocorram lateralmente. As 
cascas espessas dos troncos funcionam como um me-
canismo de defesa das árvores às queimadas.
O fogo contribui para a germinação de sementes, pois 
algumas necessitam de um choque térmico para que 
seja efetuada a quebra de sua dormência vegetativa, 
principalmente as que são impermeáveis. A rápida 
elevação da temperatura causa fissuras na semente, 
favorecendo a penetração de água e iniciando o pro-
cesso de germinação.
O cerrado apresenta um rápido poder de recuperação, 
em curto período rebrota após o fogo e atrai diversos 
animais herbívoros em busca de forragem nova. Al-
gumas espécies, como o anu, o carcará e a seriema, 
seguem as queimadas, e se alimentam de insetos e 
répteis atingidos pelo fogo.
QUEIMADA NO CERRADO
A vegetação do cerrado não tem uma fisionomia única 
em toda a sua extensão. É bastante diversificada, apre-
sentando desde formas campestres bem abertas até for-
mas relativamente densas, florestais. Divide-se em: cer-
radão, onde predomina o estrato arbóreo; o cerrado no 
sentido restrito, com árvores dispersas; o campo cerrado, 
com arbustos isolados em meio à vegetação herbácea; e 
o campo sujo e o campo limpo, onde aparecem apenas a 
biomassa herbácea, com gramíneas e pequenos arbustos.
As veredas são subsistemas do bioma cerrado, que 
podem ser entendidos como áreas pantanosas, forma-
do geralmente por caminhos mal delimitados de água 
em solos hidromórficos, com presença da palmeira bu-
riti. Elas se constituem em importante subsistema do 
cerrado, possuindo, além do significado ecológico, um 
papel socioeconômico e estético-paisagístico que lhe 
confere importância regional, principalmente quanto 
ao aspecto de constituírem refúgios fauno-florísticos 
e por ser ambientes de nascedouros das fontes hídri-
cas do planalto central brasileiro, abastecendo as três 
principais bacias hidrográficas do Brasil.
Funcionam como um filtro, regulando o fluxo de água, 
sedimentos e nutrientes, entre outros terrenos mais 
altos da bacia hidrológica e o ecossistema aquático. 
Podem ainda servir de refúgio para a fauna, numa 
área de ocupação agrícola e pecuária muito inten-
sa, porém, a preservação das veredas se impõe, so-
bretudo, pelo fato de que o equilíbrio dos mananciais 
d’água depende diretamente disto. Essa regulagem 
determina sua contribuição para o curso d’água, cuja 
área saturada se expande ou contrai, dependendo 
das condições da umidade depositada, ou seja, das 
precipitações e da capacidade de retenção e escoa-
mento do solo. As veredas também podem ser consid-
eradas feições geomorfológicas, porque elas somente 
ocorrem ao longo de vales pouco profundos, com 
baixa energia hidráulica e que alcançam dezenas de 
quilômetros, interligados aos sistemas de drenagem 
regionais do Centro e de parte do Sudeste brasileiros. 
Guimarães Rosa, em sua obra Grande sertão: veredas, 
faz uma das melhores descrições perceptivas do am-
biente das veredas:
[...] Saem dos mesmos brejos – buritizais enormes. Por 
lá, sucuri geme. Cada sucuriú do grosso: voa corpo no 
veado e se enrosca nele, abofa – trinta palmos! Tudo 
em volta, é um barro colador, que segura até casco de 
mula, arranca ferradura por ferradura. Com medo de 
mãe-cobra, se vê muito bicho retardarponderado, paz 
de hora de poder água beber, esses escondidos atrás
12
de touceiras de buritirama. Mas o sassafrás dá mato, 
guardando o poço; o que cheira um bom perfume. 
Jacaré grita, uma, duas, três vezes, rouco roncado. Jac-
aré choca – olhalhão, crespido do lamal, feio mirado 
na gente. Eh, ele sabe se engordar. Nas lagoas aonde 
nem um de asas não pousa, por causa de fome de 
jacaré e de piranha serrafina. Ou outra – lagoa que 
nem abre o olho, de tanto junco. Daí longe em longe, 
os brejos vão virando rios.
Buritizal vem com eles, buriti se segue, segue. Para 
trocar de bacia o senhor sobe por ladeiras de bei-
ra-de-mesa, entra de bruto na chapada, chapadão 
que não se desenvolve mais. [...].
O cerrado arbóreo-arbustivo se caracteriza pela presença de 
árvores, geralmente tortuosas e espaçadas, com troncos de 
cortiça espessa (suber). O clima tropical típico apresenta uma 
estação seca, em média, de três a cinco meses de duração. 
Apesar desse aspecto xeromórfico, que lembra regiões semi-
áridas, não há escassez de água nos cerrados, mesmo nas 
estações mais secas. As plantas desse bioma têm raízes pro-
fundas, chegam a 15 metros de profundidade e alcançam 
camadas de solo sempre úmidas. Com isso, mesmo na es-
tação seca, a árvore dispõe de algum abastecimento hídrico. 
No período de estiagem, o solo de fato perde umidade na 
parte superficial, entre (1,5 metro a 2 metros de penetração).
Os pontos mais elevados do cerrado estão na cadeia que 
passa por Goiás em direção sudeste-nordeste. O pico Alto 
da Serra dos Pireneus, com 1385 metros de altitude, a 
chapada dos Veadeiros, com 1250 metros e outros pontos 
com elevações consideradas, que se estendem em direção 
noroeste; a serra do Jerônimo e outras serras menores, 
com altitudes entre 500 e 800 metros. O relevo é um tanto 
acidentado, com poucas áreas planas. Outra formação é 
constituída por aflorações e rochas calcárias, com fendas, 
grutas e cavernas em diferentes tamanhos.
Tipos de relevo na 
área nuclear dos cerrados
“A imagem, geralmente obtida, de que a área dos cer-
rados seria constituída apenas por enormes chapadões, 
posicionados como divisores entre as bacias do Prata e 
do Amazonas, não é totalmente verdadeira. Certamente, 
trata-se do domínio morfoclimático brasileiro, onde 
ocorre a maior extensividade de formas homogêneas 
relativas de todo o planalto brasileiro. Planaltos sedi-
mentares cedem lugar – quase sem solução de continui-
dade – a outros de estruturas mais complexas, nivela-
dos por velhos aplainamentos de cimeira, formando o 
grande planalto Central, com altitudes médias de 600 
a 1100 metros.”
(AZIZ AB’ SABER)
O cerrado é considerado por muitos como um importante 
berço das águas do Brasil, tão importante para a disponi-
bilidade dos recursos hídricos no País quanto a Amazônia. 
O principal motivo dessa consideração é o fato de esse 
domínio morfoclimático concentrar uma área que abriga 
nascentes de importantes rios, beneficiando oito entre as 
doze grandes bacias hidrográficas brasileiras.
Essa configuração natural rendeu ao cerrado o título de “cai-
xa-d’água” do Brasil, pois os seus domínios florestais seriam 
responsáveis por abastecer a maior parte dos rios e recursos 
hídricos do País, incluindo aí importantes áreas de abaste-
cimento. As águas do cerrado abastecem a agricultura e a 
atividade industrial de boa parte do território brasileiro.
A vegetação do cerrado também auxilia na captação das 
águas das chuvas para o abastecimento de três importan-
tes aquíferos, com destaque para o aquífero Guarani, um 
dos maiores do mundo em extensão e também em volume.
Alguns dos mais importantes rios brasileiros possuem boa 
parte de suas nascentes na região do cerrado. O rio São 
Francisco é um deles. Isso permite intuir que as áreas desse 
bioma são grandes fornecedoras de recursos hídricos para 
outras localidades. Até mesmo para a bacia Amazônia: o rio 
Xingu, um dos muitos afluentes do Amazonas, advém de 
nascentes do cerrado, o que também acontece com a maior 
parte da bacia Tocantins-Araguaia e com as bacias do Para-
naíba, do Atlântico Leste e Atlântico Leste Ocidental.
A bacia Platina, por sua vez, é também resultante de águas 
que surgem no cerrado, que abriga o início das bacias do 
Paraná e do Paraguai. Essas bacias juntam-se e formam a 
rede de drenagem em questão, que envolve o rio da Prata, 
um dos mais importantes da América do Sul.
FONTE: YOUTUBE
multimídia: vídeo
Biomas brasileiros: documentário 
produzido pelo Centro...
13
Boa parte dessa configuração estratégica do domínio 
morfoclimático do cerrado está na sua posição e no re-
levo. As formas de relevo, sobretudo nas zonas planál-
ticas, contribuem para o surgimento de nascentes de 
rios, que rapidamente se deslocam para outras áreas, 
ao mesmo tempo em que possuem um grande poten-
cial hidrelétrico.
Os solos são naturalmente pobres em matéria orgâni-
ca. De acordo com a sazonalidade do clima, um longo 
período de estiagem torna mais lenta a decomposição 
do húmus, cujas características químicas dão conta de 
bastante acidez. O que se deve, em boa parte, aos al-
tos níveis de alumínio ionizado. O processo mediante o 
qual um átomo ou uma molécula de Aø3+ perde ou ga-
nha elétrons para desenvolver íons, tornando-o vene-
noso à maioria das plantas agrícolas que não suportam 
as elevadas quantidades desse composto. Níveis eleva-
dos de íons de ferro (Fe) e de manganês (Mn) também 
contribuem para essa toxidez. A correção do pH pela 
calagem – aplicação de calcário, preferencialmente o 
calcário dolomítico, carbonato de cálcio e magnésio e 
adubação, com macro e micronutrientes – pode tor-
nar o solo fértil e produtivo para a cultura de grãos 
ou de frutíferas. Em parte dos cerrados, o solo pode 
apresentar concreções ferruginosas, formando cama-
das conhecidas como lateritas, de grande concentra-
ção de óxidos de ferro e alumínio. A laterita impede a 
penetração da água de chuva ou das raízes, evitando 
ou dificultando o desenvolvimento de uma vegetação 
mais exuberante e da própria agricultura. Em camadas 
lateríticas espessas e contínuas, há contornos vegetais 
mais pobres e mais abertos.
O cerrado foi declarado patrimônio natural da humanida-
de em dezembro de 2001 pela Organização das Nações 
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
2.1. Domínio das pradarias mistas do 
Rio Grande do Sul (campos sulinos)
Também conhecido por pampa e campanha gaúcha, é 
na verdade prolongamentos dos pampas argentino e 
uruguaio. Trata-se de uma extensa área com predomínio 
de terras baixas, nas quais sobressaem colinas ou ondu-
lações do terreno designado coxilhas. Apresenta vegeta-
ção herbácea composta, principalmente, por gramíneas, 
formando uma imensa pastagem. É o tipo de vegetação 
mais antigo da região e é provável que seja área rema-
nescente de um clima semiárido que existia na região dos 
pampas em tempos pretéritos.
PAMPA GAÚCHO 
FONTE: YOUTUBE
multimídia: vídeo
Intérpretes do Brasil: os vários Brasis, por 
Aziz Ab’Saber
FONTE: YOUTUBE
multimídia: música
- O Cio da Terra – MPB 4 
2. FORMAÇÕES HERBÁCEAS
Localizados em climas temperados, recebem diferentes 
denominações dependendo da região do Planeta: prada-
rias, na América do Norte; estepes, na Rússia; e pampa, 
na América do Sul. Suas paisagens apresentam pequenas 
plantas, sobretudo campos de gramíneas com alturas va-
riadas, com algumas poucas árvores que crescem nas mar-
gens dos rios.
14
É uma região de drenagem perene, porém, menos densa e 
volumosa se comparada a drenagem do planalto basáltico 
do sul do Brasil. Seus rios possuem pouco volume d’água e 
participam de sub-bacias hidrográficas pouco densas.
Esse domínio abrange terrenos sedimentares de diferen-
tes idades, com terrenos basálticos e pequenos setores de 
áreas metamórficas inseridas na província geológica que 
corresponde ao escudo uruguaio-sul-rio-grandense (serras 
de sudeste).
COXILHA DE CANELA, RIO GRANDE DO SUL
As coxilhas aparecem nas planícies do Rio Grande do Sul,onde a pecuária e a rizicultura (arroz) são atividades pre-
dominantes, o que comprometeu bastante esse domínio. 
Também relevantes são os campos do sul do Mato Grosso 
do Sul, na região de Ponta Porã, conhecidos por campos de 
vacaria, surgidos da ação antrópica. Há também campos 
naturais, onde se desenvolve a pecuária: regiões amazôni-
cas do alto rio Negro e ilha de Marajó e em Roraima.
As maiores ameaças nos campos brasileiros ocorrem em 
função da pecuária extensiva, que tem levado à formação 
de areais, onde a vegetação retirada não retorna e os solos 
perdem toda fertilidade, lembrando fisionomicamente um 
deserto, como o areal São João, no interior do Rio Grande 
do Sul.
3. FORMAÇÕES COMPLEXAS
São as que apresentam estratos herbáceos, arbustivos e 
arbóreos, sem predominância de nenhum deles.
3.1. Pantanal
O pantanal é uma formação complexa localizada na extensa 
planície inundável da bacia do rio Paraguai, no Mato Grosso 
e no Mato Grosso do Sul. Essa vegetação estende-se para 
além do território brasileiro até o chaco paraguaio. Com a se-
paração da antiga Gondwana e o soerguimento dos Andes, 
formou-se a depressão do pantanal, que deu origem à bacia 
do rio Paraguai. No período de cheia dos rios, grande parte 
da depressão é inundada, à exceção de 20% dela que nunca 
é atingida, notadamente porque está localizada em áreas 
mais elevadas. Esse fenômeno propicia o aparecimento em 
mosaico de formações vegetais dos tipos floresta, campo e 
cerrado. Na região pantaneira, existem duas estações cli-
máticas bem definidas: uma chuvosa e outra seca – clima 
tropical típico. Caracteriza-se, também, por classes vegetais 
das quais 20% a 50% dos indivíduos do estrato arbóreo 
superior perdem as folhas na estação seca.
Zona costeira
Os principais biomas do litoral estão ligados aos de 
solos arenosos e salinos bastante danificados pelo 
homem: os manguezais e os biomas psamófilos.
Em virtude da grande extensão de nosso litoral, os 
ecossistemas que se repetem ao longo da costa apre-
sentam espécies diferentes graças à diversidade de 
características climáticas e geológicas existentes. Es-
quematicamente, pode-se dividir o litoral brasileiro e 
seus principais ecossistemas costeiros em:
 litoral amazônico – estende-se da foz do rio Oia-
poque ao rio Parnaíba e caracteriza-se por mangue-
zais e matas de várzeas de maré;
 litoral nordestino – começa no delta do Parnaíba 
e vai até o Recôncavo Baiano, onde há mangues, 
recifes, dunas, restingas e matas;
 litoral do Sudeste – vai do Recôncavo Baiano a 
São Paulo, área bastante povoada e fortemente in-
dustrializada. O litoral de São Paulo é marcado pela 
presença da serra do Mar, e o ecossistema mais im-
portante é o das matas de restinga, além de mangues.
 litoral sul – estende-se do Paraná ao arroio Chuí, 
no Rio Grande do Sul, trecho que se caracteriza pe-
los banhados no litoral gaúcho e pelos mangues no 
Paraná e em Santa Catarina.
Os domínios de natureza do Brasil: 
potencialidades paisagísticas 
- Aziz Nacib Ab’Saber
O professor e geógrafo Aziz Ab’Sáber foi um 
dos pesquisadores brasileiros mais dedicados 
à compreensão espacial e territorial do país.
multimídia: livros
15
Região conhecida mundialmente por sua beleza faunís-
tica, vem sofrendo com a ocupação humana. Poluentes 
despejados por mineradoras que atuam nas áreas mais 
altas, ao seu redor, são drenados pelos rios e levados para 
o pantanal. A pecuária e a monocultura instaladas na re-
gião também destroem esse paraíso em razão do uso in-
discriminado de agrotóxicos que poluem as águas. Mais 
recentemente, com a construção da ferrovia que deve ligar 
o Centro-Oeste brasileiro à Argentina, o fluxo de pessoas 
e mercadorias aumentará, intensificando as trocas comer-
ciais do Mercosul.
VISTA ÁREA DO COMPLEXO DO PANTANAL
3.2. Manguezais
Numa superfície perto de 20 mil km2, a costa brasileira ofe-
rece uma estreita faixa de floresta, o manguezal ou mangue. 
É composto por um pequeno número de espécies arbóreas, 
desenvolvendo no encontro de águas doces e salgadas, so-
bretudo nos estuários, baías e na foz dos rios. Trata-se de 
ambiente com bom abastecimento de nutrientes sob os so-
los lodosos, que compõe uma textura de raízes e material 
vegetal parcialmente decomposto chamado turfa. As árvores 
do manguezal apresentam raízes aéreas (pneumatóforas), 
que, além da fixação, cumprem a função de respiração; são 
também plantas halófilas, isto é, tolerantes ao sal.
MAGUEZAL, NO DETALHE AS RAÍZES AÉREAS (PNEUMATÓFICAS)
Um bom passeio para observar e estudar alguns biomas é a Praça do Relógio na Cidade Universitária. A Praça do 
Relógio foi construída em 1971 e reinaugurada em setembro de 1997, depois de uma reforma. A praça foi reurban-
izada de acordo com um projeto paisagístico elaborado por professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e 
do Instituto de Biociências. Esse projeto criou, nos 176 mil metros quadrados do local (equivalente a 18 quarteirões 
urbanos), os seis ecossistemas vegetais predominantes no Estado de São Paulo. Num dos lados da praça, junto à 
Avenida Professor Luciano Gualberto, por exemplo, foram plantadas 4 mil mudas de 60 espécies típicas da mata 
Atlântica, como jatobá, jequitibá, pau-brasil e cedro-rosa. Ao longo da praça distribuem-se ainda espécies vegetais 
da mata araucária, restinga, campo rupestre, cerrado e mata semidecídua. Painéis explicativos expostos em vários 
locais dão mais informações sobre os ecossistemas.
PRAÇA DO RELÓGIO - CAMPUS BUTANTÃ
VIVENCIANDO
16
Essa formação vegetal é importantíssima para a reprodu-
ção da fauna marinha, porque muitos tipos de peixe litorâ-
neo dependem, em sua fase jovem, das fontes alimentares 
do manguezal.
ÁREA DE OCORRÊNCIA DOS MANGUEZAIS
VIA MANGUE, EM RECIFE - MANGUEZAL PRESSIONADO PELA URBANIZAÇÃO
Biomas psamófilos
DUNAS DE AREIA EM JALAPÃO, TOCANTINS
Nas dunas, praias e restingas, de solo salgado (halófi-
lo) e arenoso, desenvolve-se uma vegetação herbácea 
e arbustiva. As restingas são cordões arenosos, de for-
mação recente, originados por correntes do mar para-
lelas à costa. Podem ter formas variadas, como barras 
e planícies; ambas são montes de areia formados pelo 
vento nas praias.
A escassez de água e de nutrientes torna difícil a 
adaptação de plantas e animais nesses ambientes. 
Aranhas, lagartos e rãs são os seus habitantes mais 
comuns. Entre as espécies vegetais destacam-se o 
capim-da-praia, o capim-da-areia e a salsa-da-praia.
3.3. Vegetações de transição
3.3.1. Mata dos cocais
Encontra-se entre a floresta equatorial, a caatinga e o cer-
rado, estendendo-se por uma área de clima tropical que 
passa pelos Estados do Maranhão, Piauí, parte do Ceará e 
no Rio Grande do Norte. É conhecida como mata de transi-
ção por estar na área de contato entre formações vegetais 
distintas, contendo a “mistura” das características dessas 
formações. Composta por coqueiros, babaçus, oiticicas, 
carnaúbas e palmeiras – destes dois últimos, faz-se bas-
tante uso industrial. 
Por encontrarmos uma parcela significativa da população 
brasileira vivendo na porção litorânea (cerca de 35%), há 
um intenso processo de urbanização que vem destruindo 
os manguezais. Para a construção de casas, ruas, prédios 
e indústrias, aterram-se áreas de mangue e sufoca-se o 
ecossistema. Basta observar as orlas marítimas densa-
mente urbanizadas, como Santos, Rio de Janeiro, Salvador, 
Natal, Recife, entre outras cidades. No Recife, surgiu um 
movimento cultural nos anos 1990 – o mangue beat –, 
cujo objetivo foi chamar a atenção para a destruição desse 
ambiente natural em decorrência do desenfreado processo 
de urbanização daquela metrópole nordestina.
Era verde? Ecossistemas brasileiros 
ameaçados - Zysman Neiman 
Tema constante na mídia e grande objetivo de 
estudos acadêmicos (principalmente a partir 
do fim do século XX), a questão ambiental 
vem sensibilizando toda a sociedade. 
multimídia: livros
17
O babaçu é uma palmeira que nasce, em princípio, no 
Maranhão e no norte do Tocantins,do qual se aprovei-
tam os coquinhos para a produção de óleos comestíveis, 
chocolates, lubrificantes e até mesmo combustíveis (bio-
energia); as folhas, para manufatura de cestas, chapéus 
etc. Mas seu elemento mais valioso, por enquanto, são as 
amêndoas, usadas na indústria de sabão, óleo, margarina 
e de alguns outros produtos químicos.
A carnaúba é um coqueiro muito comum no Ceará e no 
Piauí, bem como é conhecida como árvore-providência, pois 
todas as suas partes são aproveitadas. Das folhas se extrai 
a famosa cera de carnaúba, usada na produção de isolantes 
e lubrificantes, graxa, batom etc.; o tronco é empregado na 
construção de habitações; o fruto e o palmito nos servem de 
alimentos, assim como as raízes, utilizadas como base para 
remédios; as sementes, torradas e moídas, servem à prepa-
ração de bebida. A larga produção de cana-de-açúcar no 
período colonial devastou parcela significativa dessa mata.
BABAÇUAIS
 Matas galerias ou matas ciliares – as matas gale-
rias aparecem, em especial, ao longo dos rios da região 
de cerrado e da caatinga. Localizado às margens dos 
rios, o solo é permanentemente úmido, criando condi-
ções para o desenvolvimento dessa mata, composta, 
comumente, por espécies da mata tropical atlântica.
Os finais de tarde em Lago do Junco, cidade distante 
300 quilômetros de São Luis (MA), são marcados por 
um ritual que se repete há décadas: grupos de mulheres 
adentram as matas entoando cantos e versos para que-
brar coco-babaçu. Nas mãos, ferramentas e, nas costas, 
o cofo, um cesto de palha. Muita mulheres da região 
passam boa parte da vida enfiadas no mato. A maioria 
das famílias rurais de Lago do Junco chegou lá nos anos 
1940. Migraram para a mata dos cocais, bioma onde 
os babaçuais são abundantes, para ganhar a vida. Até 
o final dos anos 1980, o comércio de babaçu obedeceu 
ao “quebra-metade”. João Valdeci Viana Lima, presi-
dente da Cooperativa dos Produtores do Lago do Junco 
(Coopalj), conta que, ao permitir a entrada nas terras, o 
fazendeiro exigia metade da colheita. Em 1989, o quilo-
grama da amêndoa custava o equivalente a R$ 0,04. 
Atualmente, o mesmo volume custa R$ 2,50 e o quilo-
grama do óleo, 3,15 euros. Por ano, as mulheres coletam 
cerca de 700 toneladas de amêndoas. A cooperativa 
compra, processa, extrai o óleo e exporta. No Maranhão, 
o babaçu ainda é o único sustento de muitas famílias 
que vivem no campo – um trabalho de subsistência co-
mandado pelas quebradeiras de coco.
FONTE: YOUTUBE
multimídia: música
- Purificar o Subaé – Maria Bethânia
3.4. Outras áreas de transição
 Mata seca – na área de transição entre a Amazônia e 
o cerrado, a floresta apresenta manchas de vegetação 
comum ao bioma do cerrado; essas manchas contor-
nam porções desse tipo de florestas.
 Floresta de folhas secas – área de transição entre o 
cerrado e a caatinga, apresenta uma vegetação mais rica 
que a caatinga e um clima mais seco que o do cerrado.
multimídia: sites
www.arvoresbrasil.com.br
18
LIMITES DAS MATAS CILIARES (COMO PODE SER PEDIDO EM PROVA).
A vida na superfície da Terra está inserida em um amplo contexto de relações de troca e fluxo de energia, compondo 
sistemas abertos e hierarquizados que, em seu conjunto, denominamos biosfera. Esta se relaciona com a hidrosfera, com 
a litosfera e com a atmosfera, que variam de acordo com os períodos e com o espaço, em níveis de associação ou de 
organização estabelecidos por relações de competição, predação e cooperação, como observamos nas redes alimen-
tares em que as plantas são alimentos para muitos animais, mas precisam de muitos deles para cumprir seu ciclo de 
vida. Esses processos são objetos de estudo das Ciências Biológicas. No entanto, nesse contexto também se inserem as 
relações sociais que, além de participarem do processo de troca de energia, participam ativamente das transformações 
dos sistemas naturais ao longo dos períodos. A Ciência Geográfica estuda a vida na superfície do planeta também na 
escala do bioma e como a evolução desses biomas ao longo da história proporcionaram transformações no espaço.
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças 
provocadas pelas ações humanas.
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
26
29
Habilidades
19
A influência exercida pelo ambiente natural sobre o comportamento das sociedades humanas, promoveu estudos 
sociológicos, geográficos e históricos nas últimas décadas que consideram as variáveis ambientais em suas análises.
O crescimento populacional, adicionado ao modelo capitalista de sociedade e à divisão do trabalho que se con-
centrou no terceiro setor da economia, trouxe uma apropriação excessiva dos territórios, explorando áreas antes 
ambientalmente preservadas e gerando problemas ambientais. É possível, no entanto, que se promova a apropriação 
de territórios de forma consciente, conhecendo o meio físico, seus elementos e processos associados para, assim, 
decisões voltadas ao planejamento urbano e ambiental serem menos prejudiciais ao meio natural.
Modelo
(ENEm) A FLORESTA AMAZÔNICA, COM TODA A SUA IMENSIDÃO, NÃO VAI ESTAR AÍ PARA SEMPRE. FOI PRECISO ALCANÇAR TODA ESSA TAXA DE DESMATAMEN-
TO DE QUASE 20 MIL QUILÔMETROS QUADRADOS AO ANO, NA ÚLTIMA DÉCADA DO SÉCULO XX, PARA QUE UMA PEQUENA PARCELA DE BRASILEIROS SE DESSE 
CONTA DE QUE O MAIOR PATRIMÔNIO NATURAL DO PAÍS ESTÁ SENDO TORRADO.
AB’SABER, A. AMAZÔNIA: DO DISCURSO À PRÁXIS. SÃO PAULO: EDUSP, 1996.
UM PROCESSO ECONÔMICO QUE TEM CONTRIBUÍDO NA ATUALIDADE PARA ACELERAR O PROBLEMA AMBIENTAL DESCRITO É: 
a) expansão do projeto Grande Carajás, com incentivos à chegada de novas empresas mineradoras.
b) difusão do cultivo da soja com a implantação de monoculturas mecanizadas.
c) construção da rodovia Transamazônica, com o objetivo de interligar a região Norte ao restante do País.
d) criação de áreas extrativistas do látex das seringueiras para os chamados povos da floresta.
e) ampliação do polo industrial da Zona Franca de Manaus, visando atrair empresas nacionais e estrangeiras.
Análise expositiva - Habilidades 26 e 29: A floresta Amazônica é a maior formação original de floresta tropi-
cal úmida contínua no planeta. Sua localização expõe grandes extensões de terra em contato com áreas de cerrado, 
onde a expansão agropecuária (arco de desmatamento) exerce forte pressão sobre a floresta. Principalmente lavouras 
mecanizadas de cultivo de soja. 
Alternativa B
B
20
 PROBLEMAS AMBIENTAIS DO BRASILAULAS 
19 E 20
1. INTRODUÇÃO
O meio ambiente humano costuma ser dividido em meio 
cultural, constituído pelos produtos da atividade humana: 
edifícios, agricultura, instituições políticas e sociais, indus-
triais etc.; e meio natural, o lugar dos seres vivos e das 
coisas. Denomina-se meio natural, a natureza original, a 
primeira natureza. A natureza humanizada, o meio 
cultural, é denominada segunda natureza.
O conjunto dos elementos que constituem o meio ambi-
ente humano – naturais e culturais – é fundamental à vida, 
cuja qualidade depende da melhor ou pior situação desses 
elementos. A questão ambiental, portanto, diz respeito à 
qualidade de vida dos grupos humanos. Com a modern-
ização – industrialização e urbanização –, o meio cultural 
passa a predominar sobre o natural, que se transforma e 
acaba por depender cada vez mais da ação humana, das 
modificações impostas pela sociedade. A natureza human-
iza-se, deixa de ser uma primeira natureza para se transfor-
mar em segunda natureza. 
O Brasil é um dos poucos países que ainda mantém áreas 
extensas onde predomina o meio natural, bem como uma 
variadíssima biodiversidade. Uma dessas áreas – de longe 
a mais importante em extensão territorial e biodiversidade 
total – é a Amazônia, embora venha ocorrendo há anos 
um processo acelerado de devastação florestal e de criação 
de uma segunda natureza.
Poluiçãoe deterioração do meio ambiente caracterizam-se 
pela degradação de elementos fundamentais para uma 
boa qualidade de vida: ar contaminado por gases nociv-
os, rios cheios de lixo e resíduos industriais, cuja água é 
imprópria para consumo, barulho excessivo nas cidades, 
moradias sem as mínimas condições de higiene, alimentos 
contaminados por produtos tóxicos.
A modernização da sociedade brasileira ocasionou uma 
série de impactos sociais negativos: concentração na dis-
tribuição da renda nacional; situação precária da maioria 
da população; multiplicação de favelas e outras moradias 
rudimentares nos grandes centros urbanos, entre outros, 
são consequências ambientais decorrentes do processo de 
modernização do Brasil.
2. POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
ASPECTO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA CIDADE DE SÃO PAULO
A poluição do ar é causada pela presença de partículas em 
suspensão e de gases tóxicos, como dióxido e monóxido 
de carbono, dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio, entre 
outros. Os principais agentes poluidores são as indústrias, 
os veículos automotores (automóveis, caminhões, ônibus), 
as usinas termelétricas, a queima de matas e, em menor 
escala, o aquecimento doméstico a carvão ou lenha. Al-
guns tipos de indústria poluem mais a atmosfera: refinaria 
de petróleo, fábricas de cimento e de produtos químicos, 
usinas termelétricas, siderúrgicas e metalúrgicas.
Essa poluição forma sobre as cidades uma espécie de ne-
blina, que torna o ar mais escuro e limita a visão do hori-
zonte. O ar poluído penetra nos pulmões e causa ou agra-
va várias doenças, especialmente do sistema respiratório, 
como bronquite crônica, asma e até câncer pulmonar.
2.1. Efeito estufa
Efeito estufa é um fenômeno natural de aquecimento térmico 
da Terra. É imprescindível para manter a temperatura do Pla-
neta em condições ideais de sobrevivência. Sem ele, a Terra 
seria muito fria, dificultando o desenvolvimento das espécies.
O efeito estufa acontece da seguinte forma: ao atingirem a 
Terra, os raios provenientes do Sol têm dois destinos. Parte 
deles é absorvida e transformada em calor, mantendo o 
Planeta quente, enquanto outra parte é refletida e direcio-
nada para o espaço, como radiação infravermelha. Cerca 
COMPETÊNCIA: 6 HABILIDADE: 28
21
de 35% da radiação é refletida de volta para o espaço, 
enquanto os outros 65% ficam retidos na superfície do 
Planeta, em razão da ação refletora de uma camada de 
gases terrestres, os gases estufa. Eles agem como isolantes 
por absorver uma parte da energia irradiada e são capazes 
de reter o calor do Sol na atmosfera, formando uma espé-
cie de cobertor em torno do Planeta e impedindo que ele 
escape de volta para o espaço.
Nas últimas décadas, contudo, a concentração natural 
desses gases isolantes vem aumentando demasiadamente 
pela ação do homem, em razão da queima de combustíveis 
fósseis, do desmatamento e da ação das indústrias, o que 
faz aumentar também a poluição do ar.
Uma estufa é um lugar úmido, abafado, semelhante a uma 
sauna, usado para cultivar plantas em desenvolvimento 
que precisam de calor e umidade. Os gases do efeito estufa 
(GEE), misturados à atmosfera, comportam-se como uma 
estufa, retendo calor solar próximo à superfície terrestre.
2.1.1. Gases do efeito estufa (GEE)
Os principais gases que provocam esse fenômeno são:
 dióxido de carbono (CO2);
 óxido nitroso (N2O); e
 metano (CH4).
A questão a respeito do aquecimento global mostra-se como 
arena de intenso debate. Uma parte dos cientistas acredita 
que o aquecimento do Planeta possui dinâmica natural, ba-
seada nos ciclos de aquecimento e resfriamento; outra parte 
aposta no fator antropogênica. Estes últimos argumentam 
que o efeito estufa causa um superaquecimento, provocan-
do consequências desastrosas, como o derretimento de parte 
das calotas polares, mudanças climáticas, elevação do nível 
dos oceanos, maior incidência de fenômenos, como furacões, 
tufões, ciclones, secas, extinção de espécies, destruição de 
ecossistemas e ondas de calor.
Seguindo a hipótese do aquecimento pela via antropogêni-
ca, a Organização das Nações Unidas (ONU) convocou 
vários países a assinarem um tratado, em 1997, durante a 
realização da ECO-92, no Rio de Janeiro, denominado Pro-
tocolo de Kyoto. Este protocolo determinou que os países 
industrializados diminuíssem, entre 2008 a 2012, suas 
emissões de gases poluentes a um nível 5,2% menor que a 
média de 1990. Os Estados Unidos, país que mais contribui 
para esses danos ambientais e, portanto, maior poluente do 
Planeta, não ratificaram o documento. O aquecimento global 
também foi tema recorrente no evento Rio+20, em 2012.
O Brasil está em quarto lugar no ranking dos países que mais 
emitem gases de efeito estufa na atmosfera. A maior con-
tribuição brasileira, cerca de 80% de nossas emissões, deve-
se aos desmatamentos da Amazônia e da mata Atlântica.
2.2. Inversão térmica
Trata-se de um fenômeno atmosférico muito comum 
nos grandes centros urbanos industrializados, sobretudo 
naqueles localizados em áreas cercadas por serras ou mon-
tanhas. Esse processo ocorre quando o ar frio (mais denso) é 
impedido de circular por uma camada de ar quente (menos 
denso), provocando uma alteração na temperatura. Outro 
agravante da inversão térmica é a retenção da camada de 
ar fria nas regiões próximas à superfície terrestre, com uma 
grande concentração de poluentes. A dispersão desses 
poluentes fica extremamente prejudicada, formando uma 
camada acinzentada, oriunda dos gases emitidos pelas in-
dústrias, pelos automóveis e outros emissores.
Esse fenômeno intensifica-se durante o inverno, época em 
que, em virtude da perda de calor, o ar próximo à superfície 
fica mais frio que o da camada superior, influenciando di-
retamente na sua movimentação. Como durante o inverno 
o índice pluviométrico (chuvas) também é menor, há mais 
dificuldade ainda para a dispersão dos gases poluentes.
É importante ressaltar que a inversão térmica é um fenôme-
no natural. É registrada em áreas rurais e com baixo grau 
de industrialização. No entanto, sua intensificação e seus 
efeitos nocivos devem-se ao lançamento de poluentes na 
atmosfera, o que é muito comum nas grandes cidades.
Doenças respiratórias, irritação nos olhos e intoxicações 
são algumas das consequências da concentração de polu-
entes na camada de ar próxima ao solo. Entre as possíveis 
medidas para minimizar os danos gerados pela inversão 
térmica estão a utilização de biocombustíveis, fiscalização 
de indústrias, redução das queimadas e políticas ambien-
tais mais eficazes.
22
cado pelo aumento do gás carbônico na atmosfera, o as-
faltamento de ruas e avenidas, as massas de concreto e a 
ausência de vegetação.
Os grandes edifícios (“plantados” na parte central das ci-
dades) limitam a ação dos ventos e provocam a formação 
de verdadeiras “ilhas de calor”. O asfaltamento do solo 
urbano dificulta a infiltração das águas das chuvas e 
contribui para a ocorrência de enchentes nas épocas de 
fortes precipitações.
O aumento dos índices de pluviosidade decorre, sobretu-
do, da grande quantidade de partículas sólidas de poeira 
na atmosfera da cidade. Elas funcionam como núcleos de 
condensação do vapor de água atmosférico: o vapor passa 
para o estado líquido e forma gotas ao se aglutinar em 
torno das micropartículas, caindo em seguida sob a forma 
de chuva.
2.4. Chuva ácida
Uma consequência séria da poluição do ar são as chuvas 
ácidas, que corroem edifícios – por isso, também denomi-
nadas “câncer de mármore” –, carros, monumentos, além 
de matar vegetações. São chuvas com poluentes ácidos ou 
corrosivos produzidos por reações químicas na atmosfera, 
em função da mistura de diversos tipos de gases com a água 
existente no ar, originando chuvas com pH mais ácido.
2.4.1. Formação de chuva ácida
Não apenas os habitantes e o meio ambiente das áreas 
industrializadas ou com grande número de veículos sofrem 
com as chuvas ácidas. Elas ocorrem também em regiões 
distantes, pois os ventos podem carregaras nuvens poluí-
das para longe, onde ocasionam estragos na agricultura, 
inutilizando colheitas, empobrecendo os solos e até mes-
mo matando grande quantidade de peixes nos rios.
As metrópoles brasileiras são mais poluídas que outras 
grandes cidades, como Boston (EUA) e Amsterdã (Holan-
da), por uma série de motivos: falta de zoneamento rígido 
que determine áreas periféricas – nas quais não há ventos 
FENÔMENO DA INVERSÃO TÉRMICA
2.3. Clima urbano: ilhas de calor
Outra alteração ambiental que a industrialização acarreta 
nos centros urbanos é a formação de um microclima es-
pecífico nessa área, denominado clima urbano. O clima de 
uma área não depende apenas de condições locais, mas de 
fatores planetários – massas de ar, circulação atmosférica, 
insolação –, que são os mais importantes para as condições 
climáticas. Todavia, os fatores locais – maior ou menor quan-
tidade de água, de vegetação, de gás carbônico no ar etc. 
–, também influenciam o clima, embora sua importância 
restrinja-se a áreas pequenas. Por isso, o nome microclima 
para designar climas de áreas restritas de algumas cidades. 
De modo geral, as cidades industrializadas são mais quentes 
e mais chuvosas que as áreas rurais vizinhas.
A elevação das médias térmicas dos centros urbanos 
ocorre por diversos fatores, tais como o efeito estufa provo-
FONTE: YOUTUBE
multimídia: vídeo
A Lei da Água: Novo Código Florestal
O filme mostra a importância das florestas para 
a conservação dos recursos hídricos no Brasil, 
e problematiza o impacto do Novo Código 
Florestal, aprovado pelo Congresso em 2012, 
nesse ecossistema e na vida dos brasileiros.
23
que soprem em direção à cidade – para a instalação de in-
dústrias; carência de bons sistemas de transporte coletivo, 
o que leva as pessoas a usarem os próprios carros diaria-
mente para o trabalho; falta de controle sobre a emissão 
de gases por chaminés e escapamentos de veículos.
Somente nos anos 1990, estabeleceram-se limites para 
essas emissões, com programas de instalação de catali-
sadores nos carros novos e filtros especiais em chaminés 
de fábricas. Em cidades como São Paulo, adotou-se um 
sistema de rodízio de veículos de placas estipuladas, que 
não podem circular em um dia da semana, algo que se 
pensou inicialmente para o inverno, quando a poluição do 
ar é mais intensa por causa das poucas chuvas e das in-
versões térmicas, e acabou permanecendo durante todo o 
ano. Mas isso obteve um resultado medíocre no trânsito, 
que prossegue lento e engarrafado.
PROFETA ISAÍAS, FEITO POR ALEIJADINHO (1730-1814) DANIFICADO 
PELA POLUIÇÃO DO AR (CHUVA ÁCIDA), EM CONGONHAS DO CAMPO/MG
É bom ressaltar que medidas paliativas desse tipo, muito 
comuns no Brasil, comprovam a incapacidade do poder pú-
blico de equacionar o problema. É preciso investir de fato 
numa solução duradoura que não imponha sacrifícios inú-
teis à maioria da população, como a construção de melho-
res sistemas de transporte públicos, principalmente metrôs.
2.5. Carência de áreas verdes
Um dos problemas ambientais das grandes e das médias 
cidades brasileiras é a carência de áreas verdes, de reser-
vas florestais, parques e praças com muitas árvores. Essa 
carência agrava ainda mais a poluição do ar e torna mais 
restritas as opções de lazer da população, pois tais áreas 
são, em geral, locais de recreação, de esportes, de passeios 
ou de descanso. 
Estabeleceu-se internacionalmente que são necessári-
os no mínimo 16 m2 de área verde por habitante, pro-
porção respeitada em cidades europeias como Londres, 
Estocolmo, Copenhague e Viena. Mas no Brasil, isso 
é raro: em São Paulo, existem apenas 4,5 m2 de área 
verde por habitante.
VISTA AÉREA DO PARQUE DO IBIRAPUERA, EM SÃO PAULO (2014) 
3. LIXO E ESGOTO
O lixo produzido nas cidades, cuja coleta é gerenciada 
pela administração local, é classificado como resíduos 
sólidos urbanos (RSU). O Brasil produz perto de 150 mil 
O ambiente urbano – 
Francisco Capuano Scarlato
Organizada em três partes, esta obra apresen-
ta ao leitor uma visão abrangente do assunto, 
questionando a urbanização e analisando as 
do processo de ocupação intensa das áreas 
urbanas. Avalia os efeitos da concentração de 
indústrias e de veículos na cidade e discute 
o grave problema do armazenamento e pro-
cessamento do lixo, um dos grandes desafios 
da sociedade de consumo.
multimídia: livros
24
Protocolo de Kyoto. O projeto pioneiro no Brasil de uti-
lização do biogás como crédito de carbono é o Centro 
de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu, no Estado 
do Rio de Janeiro.
Os aterros sanitários têm custo elevado e prazo de uti-
lização, em média, entre 20 e 30 anos. A logística en-
volvida no transporte do lixo para áreas afastadas dos 
centros urbanos é um dos componentes mais complexos 
de resolver, ainda mais no trânsito congestionado das 
grandes cidades. Outra opção dispendiosa do ponto de 
vista financeiro é a incineração do lixo, opção muito uti-
lizada em países como Japão e Austrália. As instalações 
modernas de combustão de lixo são projetadas para 
destruir o lixo e recuperar a energia para produção de 
vapor e eletricidade.
Em 2010, o governo brasileiro instituiu a Lei Nacional dos 
Resíduos Sólidos, que estipulou que, até 2014, todos os 
municípios deveriam adotar uma destinação correta para 
seus resíduos, substituindo todos os lixões por aterros 
sanitários. As prefeituras precisam apresentar seus proje-
tos para que o governo federal ofereça parte dos recursos 
necessários para a sua implementação. Infelizmente, o Bra-
sil não conta com um maior suporte institucional para a 
coleta seletiva do lixo, que representa a coleta de materiais 
passíveis de serem reutilizados, reciclados ou recuperados, 
como papéis, plásticos, metais, vidros, entre outros.
Cabe às cooperativas independentes ou ligadas ao pod-
er público realizar essa separação do lixo antes de ele ser 
enviado para os aterros, ou ao bom senso da população 
realizar essa separação. Isso sem falar em milhares de pes-
soas que, em condições de subemprego, realizam a árdua 
tarefa de separar os resíduos que podem ser revendidos, 
como o papelão e o alumínio. A reciclagem e a reutilização 
de materiais que poderiam acumular em lixões, rios e cór-
regos, auxilia ainda na economia de energia usada para a 
transformação das matérias-primas.
toneladas de lixo por dia (77% de origem residencial). De 
acordo com a Abrepe (Associação Brasileira de Empre-
sas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), 60,5% dos 
municípios brasileiros estão acumulando seus resíduos 
sólidos de forma inapropriada.
Na maior parte do País, o lixo é enviado para lixões, áreas 
onde o lixo simplesmente é empilhado sem cuidados com a 
separação de produtos orgânicos e inorgânicos, ou, ainda, 
com a reciclagem e o tratamento dos resíduos que podem 
contaminar solos, rios e aquíferos. Os locais em que o lixo 
recebe uma cobertura com terra são chamados de aterros 
controlados, técnica que não acaba com a contaminação, 
e apenas inibe o mau cheiro e a proliferação de insetos e 
animais vetores de doenças.
FONTE: YOUTUBE
multimídia: vídeo
Lixo Extraordinário (2010)
O filme mostra a vida difícil de pessoas que 
vivem literalmente no lixo e que dependem dele 
para a sobrevivência. O artista Vik Muniz, que 
nasceu na classe média baixa paulistana e hoje 
é um dos maiores expoentes das artes visuais 
no mundo, trabalha com colagens e montagens 
de materiais diversos para formar retratos.
Os sistemas mais adequados para a destinação do lixo 
são os aterros sanitários, construídos em locais distantes 
de mananciais e áreas residenciais. Sua estrutura básica é 
constituída por materiais impermeabilizantes, como o PVC, 
para que o chorume – líquido formado pela decomposição 
do lixo – não infiltre no subsolo, podendo até mesmo ser 
reaproveitado pelo sistema de compostagem para pro-
dução de adubos e fertilizantes naturais.
Outra vantagem dos aterros sanitários é a do aproveita-
mento dos gases provenientes da decomposição do lixo

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