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Prévia do material em texto

ESTUDO APROFUNDADO DA 
DOUTRINA ESPÍRITA
Livro III
Ensinos e parábolas de Jesus
Parte II
ESTUDO APROFUNDADO DA 
DOUTRINA ESPÍRITA
Orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas direcionadas 
ao estudo do aspecto religioso do Espiritismo
organizadora
Marta Antunes de Oliveira de Moura
Copyright © 2013 by
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA – FEB 
1a edição – 7a impressão – 1,1 mil exemplares – 11/2019
ISBN 978-85-7328-772-1
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reprodu-
zida, armazenada ou transmitida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou 
processos, sem autorização do detentor do copyright. 
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA – FEB 
SGAN 603 - Conjunto F - Avenida L2 Norte 
70830-106 – Brasília (DF) – Brasil
www.febeditora.com.br
editorial@febnet.org.br 
+55 61 2101 6198
Pedidos de livros à FEB 
Comercial 
Tel.: (61) 2101 6155/6177 – comercial@febnet.org.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Federação Espírita Brasileira – Biblioteca de Obras Raras)
M929e Moura, Marta Antunes de Oliveira (Org.), 1946–
Estudo aprofundado da doutrina espírita: Ensinos e parábolas de 
 Jesus – Parte II. Orientações espíritas e sugestões didático-pedagógicas di-
recionadas ao estudo do aspecto religioso do espiritismo / Marta Antunes 
de Oliveira Moura (organizadora). – 1. ed. – 7. imp. – Brasília: FEB, 2019. 
 V. 3; pt. 2; 335 p.; 25 cm
 Inclui referências
 ISBN 978-85-7328-772-1
 1. Espiritismo. 2. Estudo e ensino. 3. Educação. I. Federação 
Espírita Brasileira. II. Título.
CDD 133.9
CDU 133.7
CDE 60.00.00
SUMÁRIO
Apresentação ........................................................................................................... 7
Agradecimentos ...................................................................................................... 9
Esclarecimentos.....................................................................................................11
Módulo I – Aprendendo com as profecias .......................................................15
Roteiro 1 – O consolador ........................................................................17
Roteiro 2 – Ninguém é profeta em sua terra ........................................27
Roteiro 3 – A pedra angular ....................................................................37
Roteiro 4 – Sinais dos tempos .................................................................47
Roteiro 5 – Um rebanho e um pastor ....................................................57
Módulo II – Ensinos diretos de Jesus ...............................................................65
Roteiro 1 – O jugo de Jesus .....................................................................67
Roteiro 2 – A autoridade de Jesus ..........................................................77
Roteiro 3 – A casa edificada sobre a rocha............................................85
Roteiro 4 – As moradas na casa do pai ..................................................93
Roteiro 5 – Impositivo da renovação ...................................................103
Roteiro 6 – Palavras de vida eterna ......................................................111
Roteiro 7 – O mandamento maior .......................................................119
Módulo III – Ensinos por parábolas ...............................................................125
Roteiro 1 – O filho pródigo ...................................................................127
Roteiro 2 – Os trabalhadores da vinha ................................................139
Roteiro 3 – Os talentos ..........................................................................147
Roteiro 4 – As parábolas da figueira ....................................................161
Roteiro 5 – O credor incompassivo ...................................................169
Roteiro 6 – A festa das bodas..............................................................177
Roteiro 7 – O tesouro e a pérola .........................................................185
Roteiro 8 – A parábola do rico e de Lázaro ......................................191
Roteiro 9 – O amigo importuno ........................................................199
Roteiro 10 – O poder da fé ....................................................................207
Módulo IV – Aprendendo com as curas ........................................................219
Roteiro 1 – A cura da mulher que sangrava .......................................221
Roteiro 2 – Ressurreição da filha de Jairo ...........................................229
Roteiro 3 – Obsessões espirituais .........................................................239
Roteiro 4 – Cura de cegueira ................................................................249
Roteiro 5 – Cura de hanseníase ............................................................259
Módulo V – Aprendendo com fatos cotidianos ............................................267
Roteiro 1 – Marta, Maria e Maria de Magdala ...................................269
Roteiro 2 – A mulher sirofenícia ..........................................................279
Roteiro 3 – A vinda do reino ................................................................287
Módulo VI – Aprendendo com fatos extraordinários ..................................295
Roteiro 1 – A ressurreição de Lázaro ...................................................297
Roteiro 2 – A multiplicação de pães e peixes ......................................309
Roteiro 3 – Jesus caminha sobre as águas ...........................................319
Roteiro 4 – A transfiguração de Jesus ..................................................327
APRESENTAÇÃO
Em sequência ao estudo EADE, colocamos à disposição do Movimento Espírita, o 
terceiro livro do Curso: Ensinos e Parábolas de Jesus – Parte 2.
O assunto não se esgota na publicação deste material, uma vez que o Evangelho nos 
oferece uma riqueza inesgotável de aprendizados: cada versículo, cada expressão, cada 
frase proferida pelo Cristo é motivo para reflexão e análise aprofundada.
Uma só existência reencarnatória se revela insuficiente para apreender as sublimes 
lições que Jesus nos legou. Outras tantas são necessárias para colocá-las em prática.
Contudo, o estudo dos ensinamentos evangélicos, à luz da Doutrina Espírita, é 
uma feliz oportunidade que devemos aproveitar, tendo em vista a urgente necessidade 
da nossa transformação moral.
Brasília (DF), janeiro de 2013.
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de expressar nossa sincera gratidão a Honório Onofre Abreu (1930–
2007), valoroso trabalhador espírita e amigo querido que, no Estudo Aprofundado da 
Doutrina Espírita, elaborou o programa e os textos dos livros II e III – Ensinos e Parábolas 
de Jesus, partes 1 e 2, analisados à luz da Doutrina Espírita.
Somos tomados por profundas e felizes emoções quando, voltando ao passado, 
recordarmos os primeiros contatos com Honório e a sua imediata aceitação em realizar 
o trabalho. Por dois anos consecutivos, de 2003 a 2005, estabeleceu-se entre nós fraterna 
convivência, período em que tivemos a oportunidade de aprender estudar o Evangelho 
de Jesus, ampliando o entendimento do assunto que extrapola interpretações literais 
ainda comuns, inclusive no meio espírita. 
Conviver com Honório foi, efetivamente, uma jornada de luz. Ele não foi apenas um 
simples interpretador do Evangelho, causa a que se dedicou ao longo da última existência. 
Realizava a tarefa com simplicidade, conhecimento e sabedoria que encantavam os ou-
vintes, independentemente do nível sociocultural que apresentassem. Contudo, importa 
destacar, efetivamente Honório soube vivenciar os ensinamentos de Jesus junto a todos os 
que foram convocados a compartilhar, direta ou indiretamente, a sua última reencarnação.
Dirigimos também o nosso agradecimento a outro amigo, Haroldo Dutra Dias, de-
dicado estudioso espírita do Evangelho, que transcreveu os textos gravados por Honório,adequando-os à linguagem escrita.
Brasília (DF), 29 de janeiro de 2013. 
Marta Antunes Moura
ESCLARECIMENTOS
Organização e Objetivos do Curso
O Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita (EADE) é um curso que tem como 
proposta enfatizar o tríplice aspecto da Doutrina Espírita, estudado de forma geral nos 
cursos de formação básica, usuais na Casa Espírita.
O estudo teórico da Doutrina Espírita desenvolvido no EADE está fundamentado nas 
obras da Codificação e nas complementares a estas, cujas ideias guardam fidelidade com as 
diretrizes morais e doutrinárias definidas, respectivamente por Jesus e por Allan Kardec.
Os conteúdos do EADE priorizam o conhecimento espírita e destaca a relevância da 
formação moral do ser humano. Contudo, sempre que necessário, tais as orientações são 
comparadas a conhecimentos universais, filosóficos, científicos e tecnológicos, presentes 
na cultura e na civilização da Humanidade, com o intuito de demonstrar a relevância e 
a atualidade da Doutrina Espírita.
Os objetivos do Curso podem ser resumidos em dois, assim especificados:
 » Propiciar o conhecimento aprofundado da Doutrina Espírita no seu 
tríplice aspecto: religioso, filosófico e científico.
 » Favorecer o desenvolvimento da consciência espírita, necessário ao 
aprimoramento moral do ser humano.
O Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita tem como público-alvo todos os espíri-
tas que gostem de estudar, que desejam prosseguir nos seus estudos doutrinários básicos, 
realizando aprofundamentos de temas que conduzam à reflexão, moral e intelectual.
Neste sentido, o Curso é constituido por uma série de cinco tipos de conteúdos, 
assim especificados:
 » Livro I: Cristianismo e Espiritismo
 » Livro II: Ensinos e Parábolas de Jesus – Parte 1
 » Livro III: Ensinos e Parábolas de Jesus – Parte 2
EADE • Livro III • Esclarecimentos
12
 » Livro IV: O Consolador prometido por Jesus
 » Livro V: Filosofia e Ciência Espíritas
Fundamentos espíritas do curso
 » A moral que os Espíritos ensinam é a do Cristo, pela razão de que não 
há outra melhor. [...] 
 » O que o ensino dos Espíritos acrescenta à moral do Cristo é o conheci-
mento dos princípios que regem as relações entre os mortos e os vivos, 
princípios que completam as noções vagas que se tinham da alma, do 
seu passado e do seu futuro [...]. Allan Kardec: A gênese. Cap. I, item 56.
 » O Espiritismo é forte porque assenta sobre as próprias bases da religião: 
Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras [...]. Allan Kardec: 
O livro dos espíritos. Conclusão V.
 » [...] O mais belo lado do Espiritismo é o lado moral. É por suas con-
sequências morais que triunfará, pois aí está a sua força, pois aí é in-
vulnerável. [...] Allan Kardec: Revista Espírita, 1861, novembro, p. 495.
 » [...] Ainda uma vez [o Espiritismo], é uma filosofia que repousa sobre 
as bases fundamentais de toda religião e na moral do Cristo [...]. Allan 
Kardec: Revista Espírita, 1862, maio, p. 174-175.
 » Não, o Espiritismo não traz moral diferente da de Jesus. [...] Os Espíri-
tos vêm não só confirmá-la, mas também mostrar-nos a sua utilidade 
prática. Tornam inteligíveis e patentes verdades que haviam sido ensi-
nadas sob forma alegórica. E, justamente com a moral, trazem-nos a 
definição dos mais abstratos problemas da Psicologia. Allan Kardec: 
O livro dos espíritos. Conclusão VIII.
 » Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado desse modo, como um 
triângulo de forças espirituais. 
 » A Ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém, 
a Religião é o ângulo divino que a liga ao céu. No seu aspecto científico 
e filosófico, a Doutrina será sempre um campo de nobres investigações 
humanas, como outros movimentos coletivos, de natureza intelectual, 
que visam ao aperfeiçoamento da Humanidade. No aspecto religioso, 
todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração 
do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do 
EADE • Livro III • Esclarecimentos
13
homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual. Emmanuel: 
O consolador. Definição, p. 13-14.
 » A ciência espírita compreende duas partes: experimental uma, relativa 
às manifestações em geral; filosófica, outra, relativa às manifestações 
inteligentes. Allan Kardec: O livro dos espíritos. Introdução, item 17.
 » Falsíssima ideia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua for-
ça lhe vem da prática das manifestações materiais [...]. Sua força está 
na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso. [...] Fala 
uma linguagem clara, sem ambiguidades. Nada há nele de místico, 
nada de alegorias suscetíveis de falsas interpretações. Quer ser por 
todos compreendido, porque chegados são os tempos de fazer-se que 
os homens conheçam a verdade [...]. Não reclama crença cega; quer 
que o homem saiba por que crê. Apoiando-se na razão, será sempre 
mais forte do que os que se apoiam no nada. Allan Kardec: O livro dos 
espíritos. Conclusão VI.
 » [...] o Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e 
uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações 
que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende 
todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações. 
Allan Kardec: O que é o espiritismo. Preâmbulo.
 » [...] o Espiritismo não traz moral diferente da de Jesus. [...] Os Espíri-
tos vêm não só confirmá-la, mas também mostrar-nos a sua utilidade 
prática. Tornam inteligíveis e patentes verdades que haviam sido ensi-
nadas sob a forma alegórica. E, justamente com a moral, trazem-nos 
a definição dos mais abstratos problemas da Psicologia. Allan Kardec: 
O livro dos espíritos. Conclusão VIII.
 » O Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes: o das ma-
nifestações, dos princípios e da filosofia que delas decorrem e o 
da aplicação desses princípios. Allan Kardec: O livro dos espíritos. 
Conclusão, VII.
Sugestão de Funcionamento do Curso
a) Requisitos de admissão: os participantes inscritos devem ter con-
cluído cursos básicos e regulares da Doutrina Espírita, como o Estudo 
Sistematizado da Doutrina Espírita, ou ter conhecimento das obras 
codificadas por Allan Kardec.
EADE • Livro III • Esclarecimentos
14
b) Duração das reuniões de estudo: sugere-se o desenvolvimento de 
uma reunião semanal, de 1 hora e 30 minutos a 2 horas.
c) Atividade extraclasse: é de fundamental importância que os parti-
cipantes façam leitura prévia dos temas que serão estudados em cada 
reunião e, também, realizem pesquisas bibliográficas a fim de que o 
estudo, as análises, as correlações e reflexões, desenvolvidas no Curso, 
propiciem melhor entendimento dos conteúdos.
EADE LIVRO III | MÓDULO I
APRENDENDO COM 
AS PROFECIAS
EADE – LIVRO III | MÓDULO I
APRENDENDO COM AS PROFECIAS 
Roteiro 1
O CONSOLADOR
Objetivos
 » Explicar as características de o Consolador Prometido por Jesus, à luz 
do entendimento espírita.
 » Esclarecer porque a Doutrina Espírita é entendida como o Consolador.
Ideias principais
 » Assim como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, 
também o Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-
-lhe execução.” Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, 
desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda a gente, 
o que foi dito apenas sob forma alegórica. Allan Kardec: O evangelho 
segundo o espiritismo. Cap. I, item 7.
 » O Espiritismo realiza [...] todas as condições do Consolador que Jesus 
prometeu. Não é uma doutrina individual, nem de concepção huma-
na; ninguém pode dizer-se seu criador. É fruto do ensino coletivo dos 
Espíritos, ensino a que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime do 
Evangelho: antes o completa e o elucida. Allan Kardec: A gênese. Cap. 
XVII, item 40.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 1
18
Subsídios
1. Texto evangélico
Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em 
meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto 
vos tenhodito. (João, 14:26.)
Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar 
agora. Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em 
toda a Verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que 
tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir. (João, 16:12-13.)
Vários textos do Evangelho de Jesus, como esses, registrados 
por João, apresentam acentuado sentido profético. As profecias asse-
melham-se a um homem situado no cume de uma montanha e que 
observa, lá de cima, a paisagem que se desdobra à sua volta, até onde 
os seus olhos podem alcançar. Vê, inclusive, um viajor que percorre o 
caminho localizado abaixo, sob seus pés.
O viajor que pela primeira vez percorra essa estrada, sabe que, ca-
minhando chegará ao fim dela. Constitui isso uma simples previsão 
da consequência que terá a sua marcha. Entretanto, os acidentes do 
terreno, as subidas e descidas, os cursos da água que terá de transpor, 
os bosques que haja de atravessar, os precipícios em que poderá cair, 
as casas hospitaleiras onde lhe será possível repousar, os ladrões que o 
espreitem para roubá-lo, tudo isso independe da sua pessoa: é para ele 
o desconhecido, o futuro, porque a sua vista não vai além da pequena 
área que o cerca. Quanto à duração, mede-a pelo tempo que gasta em 
perlustrar o caminho. Tirai-lhe os pontos de referência e a duração 
desaparecerá. Para o homem que está em cima da montanha e que o 
acompanha com o olhar, tudo aquilo está presente. Suponhamos que 
esse homem desce do seu ponto de observação e, indo ao encontro do 
viajante, lhe diz: “Em tal momento, encontrarás tal coisa, serás atacado e 
socorrido.” Estará predizendo o futuro, mas, futuro para o viajante, não 
para ele, autor da previsão, pois que, para ele, esse futuro é presente.8
As previsões e avisos proféticos são comuns no Evangelho de 
Jesus. Significa dizer que o Mestre lançou ao futuro o entendimento 
espiritual, e definitivo, de sua mensagem.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 1
19
Esta predição, não há contestar, é uma das mais importantes, do ponto 
de vista religioso, porquanto comprova, sem a possibilidade do menor 
equívoco, que Jesus não disse tudo o que tinha a dizer, pela razão de 
que não o teriam compreendido nem mesmo seus apóstolos, visto 
que a eles é que o Mestre se dirigia. Se lhes houvesse dado instruções 
secretas, os Evangelhos fariam referência a tais instruções. Ora, desde 
que Ele não disse tudo a seus apóstolos, os sucessores destes não terão 
podido saber mais do que eles, com relação ao que foi dito; ter-se-ão 
possivelmente enganado, quanto ao sentido das palavras do Senhor, ou 
dado interpretação falsa aos seus pensamentos, muitas vezes velados 
sob a forma parabólica.7
Emergem dos dois textos de João, além do sentido premonitório, 
outros elementos importantes para nós espíritas, os quais nos fazem 
acreditar ser o Espiritismo o Consolador anunciado por Jesus.
O Espiritismo realiza [...] todas as condições do Consolador que Jesus 
prometeu. Não é uma doutrina individual, nem de concepção humana; 
ninguém pode dizer-se seu criador. É fruto do ensino coletivo dos 
Espíritos, ensino a que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime 
do Evangelho: antes o completa e o elucida. Com o auxílio das novas 
leis que revela, conjugadas essas leis às que a Ciência já descobrira, faz 
se compreenda o que era ininteligível e se admita a possibilidade da-
quilo que a incredulidade considerava inadmissível. Teve precursores 
e profetas, que lhe pressentiram a vinda. Pela sua força moralizadora, 
ele prepara o reinado do bem na Terra.9
2. Interpretação do texto evangélico
 » Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu 
nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto 
vos tenho dito (Jo 14:26).
A promessa do Cristo de enviar outro Consolador prende-se ao 
fato de que a Humanidade não estava madura, à época, para entender 
a essência e a verdade contidas nos seus ensinamentos. O advento 
do Consolador, também denominado Espírito Santo ou Espírito de 
Verdade, tem dupla finalidade: explicar e recordar os ensinamentos 
do Cristo, não de forma literal como aconteceu ao longo dos séculos, 
mas em espírito e verdade.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 1
20
A expressão “Espírito Santo”, citada no primeiro texto de João, 
tem significado espírita específico que nada tem a ver com a teologia 
de outras interpretações cristãs: indica fonte sábia e inesgotável de 
bens espirituais, recursos que dimanam do Alto, da fonte da vida, 
no trabalho justo e incansável que se estende pelo Universo. A outra 
expressão, “Espírito de Verdade”, encontrada na segunda citação do 
evangelista, indica que o Consolador interpreta corretamente os en-
sinos do Cristo, conforme o entendimento espiritual. Kardec explica, 
assim, o Consolador na sua feição de Verdade:
Então, quando o campo estiver preparado, eu vos enviarei o Consolador, 
o Espírito de Verdade, que virá restabelecer todas as coisas, isto é, 
que, dando a conhecer o sentido verdadeiro das minhas palavras, 
que os homens mais esclarecidos poderão enfim compreender, 
porá termo à luta fratricida que desune os filhos do mesmo Deus. 
Cansados, afinal, de um combate sem resultado, que consigo traz 
unicamente a desolação e a perturbação até ao seio das famílias, 
reconhecerão os homens onde estão seus verdadeiros interesses, 
com relação a este mundo e ao outro. Verão de que lado estão os 
amigos e os inimigos da tranquilidade deles. Todos então se porão 
sob a mesma bandeira: a da caridade, e as coisas serão restabele-
cidas na Terra, de acordo com a verdade e os princípios que vos 
tenho ensinado.4
A vinda do Consolador tem, pois, o poder de ampliar os hori-
zontes do entendimento humano, favorecendo a busca pelos legítimos 
valores de libertação do Espírito.
Para o espírita, o Espiritismo representa a consubstanciação da 
mensagem cristã porque explica e revive os ensinamentos do Evangelho. 
A Doutrina Espírita levantou o véu que encobria o entendimento das 
parábolas e dos demais ensinamentos de Jesus.
O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: 
preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à 
observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que 
Jesus só disse por parábolas. [...] O Espiritismo vem abrir os olhos e 
os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias [...].2
A Doutrina Espírita faz ressurgir a mensagem cristã em bases 
claras e lúcidas, orientando como aplicá-la no dia a dia, sem a utiliza-
ção de simbolismos ou de metáforas. O Espiritismo é considerado o 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 1
21
Consolador Prometido porque a sua mensagem, sendo de fácil enten-
dimento, está destinada a todas as pessoas, sem exceção e, ao mesmo 
tempo, consola, agasalha, auxilia e esclarece as pessoas que passam 
por aflições ou que buscam esclarecimento espiritual.
Mostra [...] a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na 
destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o 
objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que 
produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade 
nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e 
acha justo o sofrimento. [...] Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus 
disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo 
que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; 
atrai para os verdadeiros princípios da Lei de Deus e consola pela fé 
e pela esperança.3
As orientações espíritas ensinam que a pessoa que erra não deve 
ser julgada, mas amparada. Precisa receber o conforto necessário para 
saber superar as provações da vida.
Este nome [Consolador], significativo e sem ambiguidade, encerra 
toda uma revelação. Assim, ele previa que os homens teriam necessi-
dade de consolações, o que implica a insuficiência daquelas que eles 
achariam na crença que iam fundar. Talvez nunca o Cristo fosse tão 
claro, tão explícito,como nestas últimas palavras, às quais poucas 
pessoas deram atenção bastante, provavelmente porque evitaram 
esclarecê-las e aprofundar-lhes o sentido profético.5
No final do versículo 26, consta a seguinte anotação do apóstolo: 
“Que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos 
fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (Jo 14:26). Este registro 
faz referência quanto à chegada do Consolador, mas não explicita a 
época certa, pois tal acontecimento dependeria do grau de maturidade 
espiritual existente na humanidade terrestre.
Na segunda metade do século XIX, o Consolador Prometido 
chegou ao plano físico, na França, por meio do trabalho incansável 
de inúmeros médiuns. Sob a coordenação de Allan Kardec, cognome 
do professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, ensinos ditados pelos 
Espíritos superiores foram organizados na forma de uma doutrina, a 
Doutrina Espírita, codificada na obra O livro dos espíritos, publicada 
em 18 de abril de 1857.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 1
22
Assim como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, 
também o Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe 
execução.” Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, de-
senvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que 
foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, 
o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele 
é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, 
à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra.1
Erguida no alicerce das leis universais, o Espiritismo, chegou no 
momento em que o avanço das conquistas humanas revelava maior 
discernimento para implementação da fé raciocinada.
Os seus abençoados ensinos foram sustentados e transmitidos 
pela abnegada ação dos mensageiros do Cristo. O Espiritismo pode, 
pois, ser compreendido como a manifestação da misericórdia divina, 
iluminando os passos dos que se encontram cansados, desiludidos e 
oprimidos, os quais, sustentados pelo Amor divino, cooperam para a 
edificação de uma Humanidade regenerada.
A frase “Vos ensinará todas coisas”, indica o caráter dinâmico e 
atual das orientações espíritas, uma vez que os médiuns em processo 
de sintonia com os orientadores da Vida Maior, deles receberão con-
tínuos e renovados esclarecimentos.
A última frase do versículo — “E vos fará lembrar de tudo quanto 
vos tenho dito” — é uma referência, explícita, à necessidade de estudar 
o Evangelho à luz do Consolador Prometido. O conhecimento dos 
postulados espíritas oferece subsídios para o entendimento completo 
da mensagem do Cristo. É tarefa sem êxito querer compreender o 
Evangelho somente pelo sentido literal. É preciso captar-lhe a essência, 
o seu significado espiritual e atemporal, tal como propõe a Doutrina 
Espírita. A palavra de Jesus submetida às lentes espíritas se desdobra 
em cada lance, de modo simples e natural, favorecendo melhor e mais 
amplo entendimento.
 » Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. 
Mas, quando vier aquele Espírito de Verdade, ele vos guiará em toda 
a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver 
ouvido, e vos anunciará o que há de vir (Jo 16:12-13).
O versículo 12 informa: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas 
vós não o podeis suportar agora”. Por esta afirmativa, o Cristo nos 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 1
23
projeta para o grande futuro, conscientizando-nos que o aprendiza-
do espiritual prossegue sempre, de forma infinita, porque nunca está 
completo. À medida que evoluímos, percebemos uma nova verdade 
que, como uma reação em cadeia, nos conduz a outra, sucessivamente, 
ao longo dos tempos.
Se o Cristo não disse tudo quanto poderia dizer, é que julgou conve-
niente deixar certas verdades na sombra, até que os homens chegassem 
ao estado de compreendê-las. Como Ele próprio confessou, seu ensino 
era incompleto, pois anunciava a vinda daquele que o completaria; 
previra, pois, que suas palavras não seriam bem interpretadas, e que 
os homens se desviariam do seu ensino; em suma, que desfariam o 
que Ele fez, uma vez que todas as coisas hão de ser restabelecidas: ora, 
só se restabelece aquilo que foi desfeito.6
A Teologia tradicional ensina que o Consolador teria vindo no 
dia de Pentecostes. Acreditamos que é um equívoco de interpretação, 
pois não seria em apenas 50 dias — contados da Ressurreição ao dia de 
Pentecostes que os discípulos estariam suficientemente preparados para 
apreender todo ensinamento do Mestre. Na verdade, Pentecostes marca, 
de forma indelével, o início do trabalho apostolar, as lutas e os teste-
munhos que eles teriam de submeter por amor ao Senhor. Sobretudo 
se considerarmos que os praticantes da lei de Moisés, daquela época, 
ainda se encontravam na adolescência espiritual, por se manterem 
presos aos ritualismos dos cultos.
Ora, se o Cristo não dissera tudo quanto tinha a dizer, porque nem 
mesmo seus discípulos podiam, ainda, entender certas verdades, será 
que, algumas semanas depois, já haviam esses mesmos homens alcan-
çado as luzes necessárias à compreensão do que Ele deixara de dizer? 
Só mesmo quem desconhecesse por completo a natureza humana 
poderia admitir tal hipótese.10
No período do surgimento da Doutrina Espírita, a Humanidade 
estava espiritualmente mais adiantada. Daí a pujança que aportou ao 
mundo, elegendo o Amor, na forma de caridade, e a Fé raciocinada 
como princípios fundamentais.
Os cinquenta dias que decorreram da ressurreição ao Pentecostes, 
assim como não seriam suficientes para dar aos homens os conheci-
mentos que só podem ser adquiridos a longo prazo, seriam poucos, 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 1
24
igualmente, para que houvessem esquecido as palavras do Mestre e 
se fizesse preciso “recordá-las”, tanto mais que, durante quarenta dias, 
permaneceu ele [Jesus] cá na Terra, manifestando-se aos discípulos, 
antes de ascender aos céus.11
No versículo 13 está escrito: “Mas, quando vier aquele Espírito de 
Verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mes-
mo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir”. 
As palavras de Jesus revelam que o Consolador tem como ca-
racterística básica guiar os aprendizes no caminho da verdade. Não 
existirão mais simbolismos, nem rituais, nem interpretações pessoais, 
apenas o ensinamento puro da mensagem cristã.
Devemos considerar, entretanto, que a Doutrina Espírita não 
detém a pretensão do tudo saber, de ser dona da verdade, e nem veio 
ao mundo para substituir as outras crenças.
O Espiritismo não pode guardar a pretensão de exterminar as outras 
crenças, parcelas da verdade que a sua doutrina representa, mas, sim, 
trabalhar por transformá-las, elevando-lhes as concepções antigas 
para o clarão da verdade imortalista. A missão do Consolador tem 
que se verificar junto das almas e não ao lado das gloríolas efêmeras 
dos triunfos materiais. Esclarecendo o erro religioso, onde quer que 
se encontre, e revelando a verdadeira luz, pelos atos e pelos ensina-
mentos, o espiritista sincero, enriquecendo os valores da fé, representa 
o operário da regeneração do Templo do Senhor, onde os homens se 
agrupam em vários departamentos ante altares diversos, mas onde 
existe um só Mestre, que é Jesus Cristo.13
O Espírito de Verdade é, pois, concessão divina que representa 
a soma de valores espirituais que alcança o campo operacional da 
existência humana, auxiliando a redenção de cada Espírito.
É a verdade essencial que liberta e promove o crescimento do 
Espírito, demonstrada pela natureza dos seus pensamentos, pelas ideias 
que expressa e pelas ações que realiza. Essa verdade corresponde à 
verdade individual de cada pessoa, definindo-lhe o seu piso evolutivo. 
Daí a importância da afirmativa de Jesus: “Conhecereis a verdade, e a 
verdade vos libertará” (João, 8:32).
A Verdade suprema, contudo, está em Deus. Jesus reflete-a com 
autoridade, esabedoria, enquanto os seres humanos a manifestam 
segundo o nível de evolução espiritual que possuem.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 1
25
O Espírito de Verdade, portanto, não falará de si mesmo, mas 
revelará, sempre, a obra divina, intermediada pelos instrumentos 
mediúnicos, de todos os tempos, que estejam sintonizados com os 
valores sublimados da vida.
Em síntese, esclarece Emmanuel:
O Espiritismo evangélico é o Consolador prometido por Jesus, que, pela 
voz dos seres redimidos, espalham as luzes divinas por toda a Terra, res-
tabelecendo a verdade e levantando o véu que cobre os ensinamentos na 
sua feição de Cristianismo redivivo, a fim de que os homens despertem 
para a era grandiosa da compreensão espiritual com o Cristo.12
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126 ed. 
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 1, item 7, p. 60.
2. _____._____. Cap. 6, item 4, p. 140.
3. _____._____. p.141.
4. _____._____. Cap. 23, item 16, p. 390.
5. _____. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006 Cap. 1, 
item 27, p. 35.
6. _____._____. Item 26, p. 35.
7. _____._____. Cap. 17, item 37, p. 440.
8. _____._____. Cap. 16, item 2, p. 408.
9. _____._____. Item 40, p. 441.
10. CALLIGARIS, Rodolfo. As leis morais. 14 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 3 (A pro-
gressividade da revelação divina), p. 27.
11. _____._____. p. 28.
12. XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26 ed. Rio de Janeiro: 
FEB, 2006, questão 352, p. 199.
13. _____._____. Questão 353, p. 200.
Orientações ao monitor
É importante que o estudo apresente um roteiro básico em que 
fique estabelecido, claramente:
 » O que é o Consolador, também chamado de o Espírito Santo ou de 
Espírito de Verdade.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 1
26
 » As características de o Consolador Prometido por Jesus.
 » Porque o Espiritismo é considerado o Consolador Prometido.
EADE – LIVRO III | MÓDULO I
APRENDENDO COM AS PROFECIAS 
Roteiro 2
NINGUÉM É PROFETA 
EM SUA TERRA
Objetivos
 » Explicar, à luz do entendimento espírita, a afirmativa de Jesus de que 
ninguém é profeta em sua terra.
Ideias principais
 » O preconceito social, motivado pelo orgulho e vaidade, assim como 
a inveja e o ciúme são imperfeições espirituais que refletem o caráter 
de alguns indivíduos que não conseguem reconhecer o valor moral 
ou intelectual das pessoas que lhes são próximas. Por este motivo, 
afirmou Jesus, com sabedoria: Não há profeta sem honra, a não ser na 
sua pátria e na sua casa. (Mateus, 13:57.)
Subsídios
1. Texto evangélico
E, chegando à sua pátria, ensinava-os na sinagoga deles, de sorte 
que se maravilhavam e diziam: Donde veio a este a sabedoria e estas 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 2
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maravilhas? Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe 
Maria, e seus irmãos, Tiago, e José, e Simão, e Judas? E não estão entre nós 
todas as suas irmãs? Donde lhe veio, pois, tudo isso? E escandalizavam-
-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, a não ser 
na sua pátria e na sua casa. E não fez ali muitas maravilhas, por causa 
da incredulidade deles. (Mateus, 13:54-58.)
O poder dessa afirmativa de Jesus, de que ninguém é profeta 
em sua terra atravessou os séculos e continua a ser utilizada como 
verdade inconteste.
O hábito de se verem desde a infância, em todas as circunstâncias 
ordinárias da vida, estabelece entre os homens uma espécie de igual-
dade material que, muitas vezes, faz que a maioria deles se negue a 
reconhecer superioridade moral num de quem foram companheiros 
ou comensais, que saiu do mesmo meio que eles e cujas primeiras 
fraquezas todos testemunharam. Sofre-lhes o orgulho com o terem 
de reconhecer o ascendente do outro. Quem quer que se eleve acima 
do nível comum está sempre em luta com o ciúme e a inveja. Os que 
se sentem incapazes de chegar à altura em que aquele se encontra 
esforçam-se para rebaixá-lo, por meio da difamação, da maledicência e 
da calúnia; tanto mais forte gritam, quanto menores se acham, crendo 
que se engrandecem e o eclipsam pelo arruído que promovem. Tal foi 
e será a História da Humanidade, enquanto os homens não houverem 
compreendido a sua natureza espiritual e alargado seu horizonte mo-
ral. Por aí se vê que semelhante preconceito é próprio dos Espíritos 
acanhados e vulgares, que tomam suas personalidades por ponto de 
aferição de tudo.3
2. Interpretação do texto evangélico
 » E, chegando à sua pátria, ensinava-os na sinagoga deles, de sorte que se 
maravilhavam e diziam: Donde veio a este a sabedoria e estas maravi-
lhas? Não é este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e 
seus irmãos, Tiago, e José, e Simão, e Judas? E não estão entre nós todas 
as suas irmãs? Donde lhe veio, pois, tudo isso? (Mateus 13:54-56).
A natureza humana revela-se controvertida em muitas ocasiões, 
sobretudo quando se trata das relações pessoais. No texto em análise 
percebemos que, da mesma forma que os ensinos de Jesus produziam 
admiração, as pessoas não conseguiam ignorar o fato de ser Ele o filho 
de um simples carpinteiro.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 2
29
Tal situação nos faz deduzir que ninguém se revelaria surpreso 
se a origem de Jesus fosse outra, se viesse de uma classe intelecto-social 
mais elevada, conhecida como a dos “bem-nascidos”.
As indagações e murmurações proferidas na sinagoga durante 
a preleção do Mestre, saturadas de desdém e descrença, indicam, de 
um lado, preconceito social contra alguém pertencente a uma família 
desprovida de bens materiais ou de destaque social, ainda que essa fa-
mília fosse conhecida pela sua notória respeitabilidade. Por outro lado 
revelam, igualmente, o estado de indigência espiritual dos circunstantes.
O preconceito e o estado de pouca evolução espiritual estão 
subentendidos nas seguintes perguntas proferidas: “Não é este o filho 
do carpinteiro?” “E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, 
e José, e Simão, e Judas?” “E não estão entre nós todas as suas irmãs?” 
“Donde lhe veio, pois, tudo isso?”
De acordo com as definições existentes no dicionário, preconcei-
to é opinião ou sentimento, quer favorável quer desfavorável, concebido 
sem exame crítico; é ideia, opinião ou sentimento desfavorável forma-
do a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou sentimento; é 
atitude, sentimento ou parecer insensato, especialmente de natureza 
hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma 
experiência pessoal ou imposta pelo meio.8
Tanto menos podia Jesus escapar às consequências deste princípio, 
inerente à natureza humana, quanto pouco esclarecido era o meio em 
que Ele vivia, meio esse constituído de criaturas votadas inteiramente 
à vida material. Nele, seus compatriotas apenas viam o filho do carpin-
teiro, o irmão de homens tão ignorantes quanto Ele e, assim sendo, não 
percebiam o que lhe dava superioridade e o investia do direito de os 
censurar. Verificando então que a sua palavra tinha menos autoridade 
sobre os seus, que o desprezavam, do que sobre os estranhos, preferiu 
ir pregar para os que o escutavam e aos quais inspirava simpatia.4
Nos dias atuais o preconceito ainda fala muito alto, causando 
imenso sofrimento às suas vítimas. Quem possui certa maturidade 
espiritual resiste à tendência de se julgar pessoa especial, portadora de 
privilégios, em decorrência da posição social que ocupe na sociedade. 
Reconhece que perante as leis divinas nenhum ser humano é melhor 
do que o outro. “Todos os homens estão submetidos às mesmas leis 
da Natureza. Todos nascem igualmente fracos, acham-se sujeitos às 
mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus a 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 2
30
nenhum homem concedeu superioridade natural, nem pelo nascimen-
to, nem pela morte: todos, aos seus olhos, são iguais.”5
O ser humano, na verdade, se distingue dos demais pelo esforço 
de iluminação espiritual que realiza.Esse esforço individual deve começar com o autodomínio, com a disci-
plina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso 
da criatura por exterminar as próprias paixões. Nesse particular, não 
podemos prescindir do conhecimento adquirido por outras almas que 
nos precederam nas lutas da Terra, com as suas experiências santi-
ficantes — água pura de consolação e de esperança, que poderemos 
beber nas páginas de suas memórias ou nos testemunhos de sacrifício 
que deixaram no mundo.12
Revela imperfeição moral quem se julga superior aos demais 
irmãos em humanidade, apenas porque possui maior soma de bens 
materiais ou porque ocupa posição de destaque na sociedade. O es-
pírita, sobretudo, que está informado a respeito das consequências 
do uso do livre-arbítrio, da realidade da vida no além-túmulo, dos 
processos de reencarnação do Espírito, entre outros, deve vigiar mais 
os pensamentos, as palavras e os atos. Jamais esquecer que a regra de 
conduta se resume nesta orientação dos Espíritos superiores:
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições 
dos outros, perdão das ofensas.”6
Importa considerar também que é faltar com a caridade agir com 
discriminação, uma vez que “[...] amor e caridade são o complemento 
da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos 
seja possível e que desejáramos nos fosse feito.”6
A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as 
relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles 
nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores [socialmente 
falando]. Ela nos prescreve a indulgência, porque de indulgência preci-
samos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, 
contrariamente ao que se costuma fazer. [...] O homem verdadeira-
mente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é 
inferior, diminuindo a distância que os separa.6
O texto de Mateus, em estudo, faz também referência explícita 
aos irmãos e irmãs de Jesus. Em termos históricos, desconhece-se a 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 2
31
existência de documentos ou evidências de que Maria de Nazaré e José 
tiveram outros filhos, além de Jesus.
A teologia católica romana defende a ideia de que os irmãos de 
Jesus eram, na verdade, seus primos ou irmãos no sentido espiritual. 
Esta ideia ganhou força com Jerônimo, a partir do século IV d.C., 
tendo como base informações de Orígenes — um dos pais da Igreja 
Católica — que, no século II da nossa Era, se fundamentou em duas 
obras apócrifas: o Proto-evangelho de Tiago e o Evangelho de Pedro.
A tradição católica grega, também chamada oriental ou ortodoxa, 
ensina, porém, que os irmãos de Jesus citados no Novo Testamento 
eram meio-irmãos, uma vez que José sendo viúvo quando casou 
com Maria, tivera filhos do casamento anterior. Esse ponto de vista 
foi promulgado no século III e defendido por Epifânio (outro pai da 
Igreja) no século seguinte.7
A teologia protestante discorda do posicionamento das igrejas 
romana e ortodoxa, defendendo a ideia de que Maria teve outros 
filhos após Jesus.
Para a Doutrina Espírita esse fato é secundário, uma vez que 
considera efetivamente importante os ensinamentos de Jesus. Se Ele 
teve irmãos ou meio-irmãos pela consanguinidade, primos-irmãos ou 
irmãos pela união espiritual não é relevante e em nada altera o valor 
e a grandiosidade da missão do Mestre.
A frase que faz o fechamento do versículo 56 do texto de Mateus 
citado, traz uma interrogação relacionada à sabedoria da pregação de 
Jesus: “Donde lhe veio, pois, tudo isso?”
Essa pergunta revela perplexidade por parte de quem a proferiu, 
a despeito dos ouvintes se mostrarem maravilhados pelos esclareci-
mentos do Mestre. Revela, igualmente, que eles não souberam ou não 
quiseram identificar Jesus como o Messias aguardado, em razão de se 
manterem arraigados às tradições do culto religioso e à interpretação 
literal da Torá.
Nos dias atuais a situação não difere muito. A ignorância espi-
ritual e a rigidez dos chamados “pontos de vista”, muito têm contri-
buído para o retardamento do nosso processo evolutivo. Daí Jesus ter 
dito, em outra ocasião: “Por que não entendeis a minha linguagem? 
Por não poderdes ouvir a minha palavra.” (João, 8:43.) A propósito, 
esclarece Emmanuel:
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 2
32
A linguagem do Cristo sempre se afigurou a muitos aprendizes inde-
cifrável e estranha. [...] Muita gente escuta a Boa-Nova, mas não lhe 
penetra os ensinamentos. Isso ocorre a muitos seguidores do Evangelho, 
porque se utilizam da força mental em outros setores. Creem vaga-
mente no socorro celeste, nas horas de amargura, mostrando, porém, 
absoluto desinteresse ante o estudo e ante a aplicação das leis divinas. 
A preocupação da posse lhes absorve a existência. [...] Registram os 
chamamentos do Cristo, todavia, algemam furiosamente a atenção 
aos apelos da vida primária. Percebem, mas não ouvem. Informam-
-se, mas não entendem. Nesse campo de contradições, temos sempre 
respeitáveis personalidades humanas e, por vezes, admiráveis amigos. 
Conservam no coração enormes potenciais de bondade, contudo, a 
mente deles vive empenhada no jogo das formas perecíveis. [...] Não 
nos esqueçamos, pois, de que é sempre fácil assinalar a linguagem 
do Senhor, mas é preciso apresentar-lhe o coração vazio de resíduos 
da Terra, para receber-lhe, em espírito e verdade, a palavra divina.9
 » E escandalizavam-se nele (Mt 13:57).
A palavra “escandalizavam”, citada no texto, tem o significado 
de indignação. A pregação de Jesus que no início causou admiração e 
 perplexidade, foi considerada ofensiva, após a racionalização. Eis, aí outro 
ponto controverso da natureza humana, totalmente compatível com o seu 
nível de imperfeição espiritual. No primeiro momento, por se encontra-
rem mentalmente desarmados, os ouvintes ficaram maravilhados com a 
fala do Mestre. Contudo, logo que reconheceram Jesus — identificado 
como um conterrâneo, filho de humilde carpinteiro —, despencaram 
abruptamente do plano de vibrações superiores para onde o Mestre 
os conduzira e proferiram indagações, compatíveis com o patamar 
evolutivo em que se encontravam.
Na verdade, a reação indignada demonstrada por aquelas 
pessoas foi direcionada a elas próprias (“escandalizavam-se”), não ao 
Cristo. Mesmo sendo envolvidas pelo elevado magnetismo da perso-
nalidade de Jesus, pela sua sabedoria e pelas harmonias superiores do 
seu Espírito, não conseguiram entender o que estava acontecendo, não 
compreenderam, sequer, as elucidações prestadas por Jesus.
“Escandalizavam-se” demonstra existência de orgulho e vaidade, 
de forma inequívoca. Naquele fugaz espaço de tempo, eles se viram 
sem máscaras, como criaturas imperfeitas. Daí a indignação. Daí ba-
nalizarem a valiosa pregação do Cristo porque, segundo a distorcida 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 2
33
percepção demonstrada, tratava-se apenas de um nazareno comum, 
filho de pessoas comuns.
Diante dessa atitude, o Mestre amado reconheceu, com humil-
dade, que ninguém é profeta em sua terra e seguiu adiante, em busca 
de corações receptivos aos seus ensinamentos sublimes.
Com Jesus, percebemos que a humildade nem sempre surge da 
pobreza ou da enfermidade que tanta vez somente significam lições 
regeneradoras, e sim que o talento celeste é atitude da alma que olvida 
a própria luz para levantar os que se arrastam nas trevas e que procura 
sacrificar a si própria, nos carreiros empedrados do Mundo, para que 
os outros aprendam, sem constrangimento ou barulho, a encontrar o 
caminho para as bênçãos do Céu.13
 » Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, a não ser na sua 
pátria e na sua casa. E não fez ali muitas maravilhas, por causa da 
incredulidade deles (Mt 13:57-58).
A reação dos praticantes da lei de Moisés foi de certa forma 
 esperada, uma vez que sempre há resistência a uma nova ideia. 
Tratando-se da mensagem cristã, sobretudo, a oposição foi ferrenha, 
pois esta contrariavamúltiplos interesses. É comum encontrarmos 
oposição nas pessoas que convivem próximas a nós, quando oferece-
mos proposta de mudança. A oposição “[...] é sempre proporcional 
à importância dos resultados previstos, porque, quanto maior ela é, 
tanto mais numerosos são os interesses que fere”.1
Jesus vinha proclamar uma doutrina que solaparia pela base os abusos 
de que viviam os fariseus, os escribas e os sacerdotes do seu tempo. 
Imolaram-no, portanto, certos de que, matando o homem, matariam a 
ideia. Esta, porém, sobreviveu, porque era verdadeira; engrandeceu-se, 
porque correspondia aos desígnios de Deus e, nascida num pequeno 
e obscuro burgo da Judeia, foi plantar o seu estandarte na capital 
mesma do mundo pagão, à face dos seus mais encarniçados inimigos, 
daqueles que mais porfiavam em combatê-la, porque subvertia crenças 
seculares a que eles se apegavam muito mais por interesse do que por 
convicção. Lutas das mais terríveis esperavam aí pelos seus apóstolos; 
foram inumeráveis as vítimas; a ideia, no entanto, avolumou-se sempre 
e triunfou, porque, como verdade, sobrelevava as que a precederam.2
Irmão X relata que, após a entrada gloriosa de Jesus em 
 Jerusalém, “[...] O povo judeu suspirava por alguém, com bastante 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 2
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 autoridade, que o libertasse dos opressores. Não seria tempo da re-
denção de Israel? [...] O romano orgulhoso apertava a Palestina nos 
braços tirânicos. Por isso, Jesus simbolizava a renovação, a promessa. 
Quem operara prodígios iguais aos dele?[...]”10 Mesmo entre os sacer-
dotes e os membros do Sinédrio, a expectativa era grande quanto ao 
advento do Messias.
Percebendo a intenção e os desejos do povo e de alguns dos 
seus representantes religiosos, Jesus reuniu-se com os doze apóstolos, 
esclarecendo-os a respeito da situação.
Concluída a conversa reservada, seis dos apóstolos se dirigiram 
cautelosos, à via pública, onde se encontrava um patriarca que se 
posicionava à frente da multidão. O diálogo que se segue sintetiza a 
assertiva de Jesus de que “não há profeta sem honra, a não ser na sua 
pátria e na sua casa”.
— Que disse o profeta? — perguntou o patriarca, chefe daquele mo-
vimento de curiosidade. — Explicou-se, afinal?
— Sim — esclareceu Filipe com benevolência.
— E a base do programa de nossa restauração política e social?
— Recomendou o Senhor para que o maior seja servo do menor, que 
todos deveremos amar-nos uns aos outros.
— O sinal do movimento? — indagou o ancião de olhos lúcidos.
— Estará justamente no amor e no sacrifício de cada um de nós — 
replicou o apóstolo, humilde.
— Dirigir-se-á imediatamente a César, fundamentando o necessário 
protesto?
— Disse-nos para confiarmos no Pai e crermos também nele, nosso 
Mestre e Senhor.
— Não se fará, então, exigência alguma?— exclamou o patriarca, 
irritado.
— Aconselhou-nos a pedir ao Céu o que for necessário e afirmou que 
seremos atendidos em seu nome — explicou Filipe, sem se perturbar.
Entreolharam-se, admirados, os circunstantes.
— E a nossa posição? — resmungou o velho — não somos o povo 
escolhido na Terra? 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 2
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Muito calmo, o apóstolo esclareceu:
— Disse o Mestre que não somos do mundo e por isso o mundo nos 
aborrecerá, até que o seu Reino seja estabelecido.
[...]
— Não te disse, Jafet? — falou um antigo fariseu ao patriarca. — Tudo 
isso é uma farsa. 
[...]
Desde essa hora, compreendendo que Jesus cumpria, acima de tudo, 
a vontade de Deus, longe de qualquer disputa com os homens, a 
multidão abandonou-o. [...] E, desde esse instante, a perseguição do 
Sinédrio tomou vulto e o Messias, sozinho com a sua dor e com a sua 
lealdade, experimentou a prisão, o abandono, a injustiça, o açoite, a 
ironia e a crucificação.
Essa, foi uma das últimas lições dele, entre as criaturas, dando-nos a 
conhecer que é muito fácil cantar hosanas a Deus, mas muito difícil 
cumprir-lhe a divina Vontade, com o sacrifício de nós mesmos.11 
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 23, item 12, p. 386.
2. _____._____. Item 13, p. 387.
3. _____. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 
17, item 2, p. 422.
4. _____._____. p. 423-424.
5. _____. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 
2007, questão 803, p. 421.
6. _____._____. Questão 886, p. 457.
7. DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia.Tradução de João Bentes. 3. ed. São Paulo: 
Vida Nova, 2006, p. 624.
8. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 2282.
9. XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Rio de Janeiro: 
FEB, 2006. Cap. 48 (Diante do Senhor), p. 117-118.
10. _____. Lázaro redivivo. Pelo Espírito Irmão X. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 17 
(Lição em Jerusalém), p. 85.
11. _____._____. p. 87-89.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 2
36
12. _____. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 
230, p. 138.
13. _____. Religião dos espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. 
Cap. Jesus e humildade, p. 48.
Orientações ao monitor
É importante que se analise as razões comportamentais, cultu-
rais, históricas etc., relativas à afirmação de Jesus de que ninguém é 
profeta na sua terra.
EADE – LIVRO III | MÓDULO I
APRENDENDO COM AS PROFECIAS 
Roteiro 3
A PEDRA ANGULAR
Objetivos
 » Esclarecer, à luz do Espiritismo, por que o Cristianismo é considerado 
pedra angular.
 » Realizar análise espírita destas palavras do Cristo: “O céu e a terra 
passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24:35).
Ideias principais
 » O objetivo da religião é conduzir a Deus o homem. [...] Logo, toda reli-
gião que não torna melhor o homem, não alcança o seu objetivo. Allan 
Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. VIII, item 10.
 » A palavra de Jesus se tornou a pedra angular, isto é, a pedra de conso-
lidação do novo edifício da fé, erguido sobre as ruínas do antigo. Allan 
Kardec: A gênese. Cap. XVII, item 28.
 » As palavras de Jesus não passarão, porque serão verdadeiras em todos 
os tempos.
[...] Será eterno o seu código de moral, porque consagra as condições 
do bem que conduz o homem ao seu destino eterno. Allan Kardec: 
A gênese. Cap. XVII, item 26.
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Subsídios
1. Texto evangélico
Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edifi-
cadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi 
feito isso e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o 
Reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que dê os seus 
frutos. E quem cair sobre esta pedra despedaçar-se-á; e aquele sobre 
quem ela cair ficará reduzido a pó. (Mateus, 21:42-44.)
O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de 
passar. (Mateus, 24:35.)
Os dois textos nos informam sobre a perenidade da mensagem 
cristã, que é a pedra angular, o marco estruturador da religião e da 
moralidade humanas. Todavia, algumas reflexões se impõem à altura 
do nosso processo evolutivo, uma vez que o Cristianismo se encontra 
entre nós há mais de dois mil anos.
Mas[...] terão as suas palavras chegado até nós puras de toda ganga 
e de falsas interpretações? Apreenderam-lhes o espírito todas as 
seitas cristãs? Nenhuma as terá desviado do verdadeiro sentido, em 
consequência dos preconceitos e da ignorância das leis da Natureza? 
Nenhuma as transformou em instrumento de dominação, para servir 
às suas ambições e aos seus interesses materiais, em degrau, não para 
se elevar ao céu, mas para elevar-se na Terra? Terão todas adotado 
como regra de proceder a prática das virtudes, prática da qual fez Jesus 
condição expressa de salvação? Estarão todas isentas das apóstrofes 
que Ele dirigiu aos fariseus de seu tempo? Todas, finalmente,serão, 
assim em teoria, como na prática, expressão pura da sua doutrina?4
Lançando um olhar ao passado, ainda que breve, veremos que 
foram poucos os Espíritos que souberam colocar em prática, efeti-
vamente, os ensinamentos de Jesus. Percebe-se, dessa forma que, se 
ainda não conseguimos vivenciar a mensagem cristã é porque somos 
Espíritos moralmente retardatários, a despeito de toda ciência e tec-
nologia existentes no mundo atual. Para que a Humanidade se trans-
forme para melhor, faz-se necessário que os desafios da vida moderna 
sejam submetidos a um perseverante plano de transformação moral, 
distanciado das falsas expectativas de mudança.
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2. Interpretação do texto evangélico
 » Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores 
rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isso 
e é maravilhoso aos nossos olhos? (Mt 21:42).
A palavra “pedra” citada no texto evangélico traz o significado de 
verdade essencial que foi anunciada por meio de uma revelação. Ainda 
que a Filosofia e a Ciência não utilizem como referência metodológica o 
aprendizado espiritual e o religioso — por considerá-los conhecimentos 
do senso comum, obtidos pela intuição ou pela ação mediúnica —, não 
podem, contudo, ignorá-los ou rejeitá-los como incorretos.
A revelação religiosa e moral (espiritual) é o esclarecimento “[...] 
que se presta com o intuito de fazer outrem conhecer alguma coisa 
ainda desconhecida, ignorada.”9 Revelação vem de revelo, substantivo 
latino derivado do verbo revelare, expressão empregada comumente 
nos textos religiosos, a partir da tradução do termo hebraico galah 
ou do grego apokalypto, cuja ideia é a mesma em ambos: desvendar 
alguma coisa oculta com a intenção de fazê-la conhecida.6
Em termos religiosos, sobretudo no sentido expresso no Velho 
Testamento, revelação é literalmente entendida como a “Palavra ou 
Pensamento de Deus”.6 Em consequência, algumas doutrinas teológicas 
cristãs apresentam um discurso inflexível relativo ao conceito de fé.
A [...] revelação é ao mesmo tempo indicativa e imperativa, e sempre 
normativa. As manifestações de Deus sempre são feitas no contexto 
de uma exigência que pede confiança e obediência àquilo que é reve-
lado — uma resposta, que é inteiramente determinada e controlada 
pelo conteúdo da própria revelação. Em outras palavras, a revelação 
de Deus chega ao homem não como uma informação sem qualquer 
obrigação, mas antes, como uma regra mandatória de fé e de con-
duta. A vida do homem precisa ser governada, não pelos caprichos 
particulares e fantasias humanas, nem por adivinhações acerca das 
coisas divinas não reveladas, mas antes, pela crença reverente em tudo 
quanto Deus lhe revela, o que conduz a uma aceitação consciente de 
todos os imperativos que a revelação porventura contenha (Dt 29,29).6
Esses esclarecimentos, se levados aos extremos de interpretação, 
geram atos arbitrários no campo da fé. Representam também o pomo 
da discórdia entre as concepções científicas e as religiosas, uma vez 
que, nas primeiras, faz-se necessário a apresentação de evidências ou 
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de provas comprobatórias para legitimá-las. A Doutrina Espírita, por 
outro lado, não rejeita as orientações espirituais superiores advindas 
da revelação, até porque o Espiritismo é doutrina revelada. Ensina, 
porém, que a fé deve ser analisada, examinada, traçando diferença 
entre a fé cega e a raciocinada.
Nada examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro 
como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada 
ao excesso, produz o fanatismo. Em assentando no erro, cedo ou tarde 
desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, 
porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o que é 
verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana. Cada religião 
pretende ter a posse exclusiva da verdade; preconizar alguém a fé cega 
sobre um ponto de crença é confessar-se impotente para demonstrar que 
está com a razão.3
São considerações importantes, a fim de que não se perca de vista 
o sentido espiritual do registro de Mateus: “A pedra que os edificadores 
rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito 
isso e é maravilhoso aos nossos olhos?”
Numa construção, “pedra angular” é “cada uma das pedras que 
forma o cunhal de um edifício.” 8 Cunhal é cada canto externo (ou 
quina), de uma edificação formado por duas paredes. Este canto é 
mantido firme e com abertura angular precisa por meio de uma pilastra 
ou pilar de pedras lavradas (trabalhadas ou esculpidas) na junção das 
paredes convergentes. A pedra colocada como “cabeça de ângulo” é a 
mais importante porque sustenta e serve de base às demais.
O Evangelho é a pedra angular, o sustentáculo para que se 
compreenda Deus e a criação divina. Entretanto, o Evangelho foi e 
ainda é desprezado por muitos. O Cristo foi rejeitado, inclusive, pelos 
edificadores do monoteísmo no caso, o povo judeu.
Com o progresso moral percebemos que o ensino de Jesus “[...] 
se tornou a pedra angular, isto é, a pedra da consolidação do novo 
edifício da fé, erguido sobre as ruínas do antigo. Havendo os judeus, 
os príncipes dos sacerdotes e os fariseus rejeitado essa pedra, ela os 
esmagou, do mesmo modo que esmagará os que, depois, a desco-
nheceram, ou lhe desfiguraram o sentido em prol de suas ambições”.5
Importa considerar que a palavra “esmagar”, empregada por 
Kardec no texto, não tem o sentido atual de destruir ou de aniquilar. 
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Traduz-se como “afligir, fatigar-se, perder as forças”, significados en-
contrados nos escritos da Língua Portuguesa do passado.7
Com a evolução espiritual do ser humano, o Evangelho de Jesus 
será reconhecido como o mais perfeito código de moralidade existente 
na Humanidade. O único capaz de erguer o verdadeiro edifício da fé, 
tão necessário à melhoria moral da Humanidade.
Os sacerdotes e os seguidores do Cristianismo que não lhe 
captam a essência moralizadora, deturpando-a e adequando-a aos 
seus interesses mesquinhos e imediatos, responderão por seus atos, 
segundo os ditames da lei de causa e efeito. Entretanto, os cristãos que 
se esforçam por compreendê-la e colocá-la em prática, usufruirão de 
felizes reencarnações no porvir.
 » Portanto, eu vos digo que o Reino de Deus vos será tirado e será dado a 
uma nação que dê os seus frutos. E quem cair sobre esta pedra despeda-
çar-se-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó (Mt 21:43-44).
A história relata que os judeus além de não aceitarem Jesus como 
o Messias aguardado, desprezaram-no, perseguiram-no e o crucifica-
ram. Mesmo no seio da igreja cristã os ensinamentos do Mestre foram 
deturpados, situação causadora de terríveis desatinos, crimes contra a 
Humanidade. “Verificou-se o mesmo com a doutrina moral do Cristo, 
que acabou por ser atirada para segundo plano, donde resulta que mui-
tos cristãos, a exemplo dos antigos judeus, consideram mais garantida 
a salvação por meio das práticas exteriores, do que pelas da moral.”1
O objetivo da religião é conduzir a Deus o homem. Ora, este não chega 
a Deus senão quando se torna perfeito. Logo, toda religião que não 
torna melhor o homem, não alcança o seu objetivo. Toda aquela em que 
o homem julgue poder apoiar-se para fazer o mal, ou é falsa, ou está 
falseada em seu princípio. Tal o resultado que dão as em que a forma 
sobreleva ao fundo. Nula é a crença na eficácia dos sinais exteriores, 
se não obsta a que se cometam assassínios, adultérios, espoliações, que 
se levantem calúnias, que se causem danos ao próximo, seja no que 
for. Semelhantes religiões fazem supersticiosos, hipócritas, fanáticos; 
não, porém, homens de bem. Não basta se tenham as aparências da 
pureza; acima de tudo, é preciso ter a do coração.2
Perante essas considerações, compreende-se porque o Cristo 
anunciou: “Portanto, eu vos digo que o Reino deDeus vos será tirado 
e será dado a uma nação que dê os seus frutos” (Mt 21:43).
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Que nação teria condições de fazer cumprir essa profecia de Jesus? 
O Espírito Humberto de Campos informa que é o Brasil:
Jesus transplantou da Palestina para a região do Cruzeiro a árvore 
magnânima do seu Evangelho, a fim de que os seus rebentos delicados 
florescessem de novo, frutificando em obras de amor para todas as 
criaturas. Ao ceticismo da época soará estranhamente uma afirmativa 
desta natureza. O Evangelho? Não seria mera ficção de pensadores do 
Cristianismo o repositório de suas lições? Não foi apenas um cântico de 
esperança do povo hebreu, que a Igreja Católica adaptou para garantir 
a coroa na cabeça dos príncipes terrestres? Não será uma palavra vazia, 
sem significação objetiva na atualidade do globo, quando todos os va-
lores espirituais parecem descer ao “sepulcro caiado” da transição e da 
decadência? Mas a realidade é que, não obstante todas as surpresas das 
ideologias modernas, a lição do Cristo aí está no planeta, aguardando 
a compreensão geral do seu sentido profundo.[...]13
As inúmeras dificuldades vivenciadas pelos brasileiros, sobre-
tudo nos dias atuais, levantam algumas dúvidas a respeito de ser o 
Brasil a Pátria do Evangelho, mesmo que se considere a seriedade e a 
integridade do Espírito e do médium envolvidos na transmissão da 
mensagem. Entretanto, se não nos detivermos no peso das provações 
atuais, se estendermos a nossa visão para o futuro, veremos que a 
informação não está desprovida de lógica.
As provas e expiações que acontecem aos brasileiros, desde os 
tempos coloniais, moldaram-lhes o caráter, imprimindo-lhes uma ín-
dole mais pacífica, marcada por acentuada religiosidade, nem sempre 
encontrada nos demais povos. Outro ponto favorável é a intensa mis-
cigenação racial e cultural presentes no Brasil, fatores representativos 
da integração social e da nacionalidade brasileira. De uma maneira 
geral, não há separatividade étnica no país. Os povos que imigraram 
para o Brasil não são discriminados e nem se sentem estrangeiros, 
mas “em casa”.
De qualquer forma, não devemos nos preocupar muito com a 
questão. Caso o povo brasileiro se transvie, optando por seguir cami-
nhos que o afaste dos padrões de integridade e de moralidade, caberá 
a outra nação o cumprimento da profecia.
A respeito do assunto, Emmanuel endossa as palavras de 
Humberto de Campos e acrescenta:
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[...] O Brasil não está somente destinado a suprir as necessidades ma-
teriais dos povos mais pobres do planeta, mas, também, a facultar ao 
mundo inteiro uma expressão consoladora de crença e de fé raciocina-
da e a ser o maior celeiro de claridades espirituais do orbe inteiro.[...] 
Se outros povos atestaram o progresso, pelas expressões materializadas 
e transitórias, o Brasil terá a sua expressão imortal na vida do Espírito, 
representando a fonte de um pensamento novo, sem as ideologias de 
separatividade, e inundando todos os campos das atividades humanas 
com uma nova luz.[...]12
Somente o futuro, porém, comprovará, ou não, a posição do 
Brasil como Pátria do Evangelho. A questão deve ser conduzida, 
porém, com responsabilidade, sem manifestações de “patriotada” 
ou de ufanismo “verde-amarelo”, pois o processo de evangelização é 
desafiante, em qualquer situação ou lugar, exigindo contínuas mani-
festações de humildade, de renúncia e de dedicação ao bem. É preciso 
guardar serenidade quanto ao assunto, pois se não for o Brasil será 
outra nação, conforme garante esta outra afirmativa de Jesus: “Toda 
planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada” (Mt 15:13).
O que efetivamente interessa, e que deve ser considerado re-
levante, é a vitória do Evangelho, o triunfo do Cristo na mente e no 
coração dos homens que, cedo ou tarde, acontecerá. Neste sentido, 
podemos e devemos fazer o melhor: “Trabalhemos por Jesus, ainda 
que a nossa oficina esteja localizada no deserto das consciências. To-
dos somos chamados ao grande labor e o nosso mais sublime dever é 
responder ao apelo do Escolhido.”14
 » O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar 
(Mt 24:35).
Esta outra profecia de Jesus complementa as ideias anteriores. 
Ora, se o Evangelho é a pedra angular, necessária à construção do 
novo edifício da fé, deverá ser aceito, estudado e compreendido 
por todos os povos do Planeta. Com o triunfo do Evangelho, a 
Humanidade regenerada do futuro será governada pela prática da 
lei de amor, ainda que se mantenham as características individuais e 
coletivas de manifestação da fé. Ocorrerá, inclusive, a esperada aliança 
entre a Ciência e a Religião.
As palavras de Jesus não passarão, porque serão verdadeiras em todos os 
tempos. Será eterno o seu código de moral, porque consagra as condições 
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do bem que conduz o homem ao seu destino eterno. [...] Sendo uma só, 
e única, a verdade não pode achar-se contida em afirmações contrárias 
e Jesus não pretendeu imprimir duplo sentido às suas palavras. Se, pois, 
as diferentes seitas se contradizem; se umas consideram verdadeiro o 
que outras condenam como heresias, impossível é que todas estejam 
com a verdade. Se todas houvessem apreendido o sentido verdadeiro 
do ensino evangélico, todas se teriam encontrado no mesmo terreno 
e não existiriam seitas. O que não passará é o verdadeiro sentido das 
palavras de Jesus; o que passará é o que os homens construíram sobre 
o sentido falso que deram a essas mesmas palavras. Tendo por missão 
transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a sua doutrina, 
em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento.4
A vivência da mensagem cristã em toda a sua pureza definirá o 
perfil do religioso que habitará a Terra, então transformada em mundo 
de regeneração. Este religioso não será “[...] o escravo do culto que 
repete maquinalmente as orações do breviário, mas, sim, o que estuda 
e compreende as revelações que lhes são transmitidas.”10
A Doutrina Espírita, na sua feição de Cristianismo redivivo, de-
sempenhará papel de agente transformador do processo de mudanças 
previstas para a melhoria espiritual do ser humano. À luz do entendi-
mento espírita, o Cristianismo será vivenciado em toda a sua plenitude.
O Cristianismo é uma doutrina que precisa de ser apreendida e de 
ser sentida. Estuda-se a sua ética mais com o coração que com a in-
teligência. Aquele que não sente em si mesmo a influência da moral 
cristã, desconhece o que ela é, embora tenha perfeito conhecimento 
teórico de todos os seus preceitos e postulados. O coração registra 
emoções: nossos atos, nossa conduta gera as emoções. O Cristianismo 
é a verdadeira doutrina positiva, visto como é a doutrina da prova e 
da experiência pessoal.11
Emmanuel elucida que a cristianização da Humanidade ocorrerá 
após dolorosos processos de renovação social e moral.
Sim, porque depois da treva surgirá uma nova aurora. Luzes conso-
ladoras envolverão todo orbe regenerado no batismo do sofrimento. 
O homem espiritual estará unido ao homem físico para a sua marcha 
gloriosa no Ilimitado, e o Espiritismo terá retirado dos seus escombros 
materiais a alma divina das religiões, que os homens perverteram, 
ligando-as no abraço acolhedor do Cristianismo restaurado. 14
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 3
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Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. 
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 8, item 10, p. 167.
2. _____._____. p. 167-168.
3. _____._____. Cap. 19, item 6, p. 341-342.
4. _____. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 17, 
item 26, p. 432.
5. _____._____. Item 28, p. 433.
6. DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia.Tradução de João Bentes. 3. ed. São Paulo: 
Vida Nova, 2006, p. 1162.
7. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001,p. 1218.
8. _____._____. p. 2165.
9. _____._____. p. 2451.
10. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão: O Clarim, 2004. Item: 
Exame das religiões, p.215.
11. VINÍCIUS (Pedro de Camargo). Nas pegadas do mestre. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. 
Cap. Os verdadeiros cristãos, p. 41.
12. XAVIER, Francisco Cândido. Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho. Pelo Es-
pírito Humberto de Campos. 32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Prefácio (pelo Espírito 
Emmanuel), p. 10-11.
13. _____._____. Esclarecendo, p. 14-15.
14. _____. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 
25 (O Evangelho e o futuro), p. 215.
Orientações ao monitor
Independentemente das técnicas e recursos utilizados no de-
senvolvimento da aula, o estudo deve, prioritariamente, explicar à luz 
do entendimento espírita:
a) por que o Cristianismo é considerado pedra angular do edifício da 
religião e da fé; 
b) qual o significado desta assertiva de Jesus: “o céu e a terra passarão, 
mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24:35).
EADE – LIVRO III | MÓDULO I
APRENDENDO COM AS PROFECIAS 
Roteiro 4
SINAIS DOS TEMPOS
Objetivos
 » Interpretar, à luz da Doutrina Espírita, a profecia do Cristo que anuncia 
a era da regeneração da Humanidade.
 » Identificar as características do período que antecede a era da 
regeneração.
Ideias principais
 » São chegados os tempos, dizem-nos de toda as partes, marcados por 
Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para a regeneração da 
Humanidade.[...] Allan Kardec: A gênese. Cap. XVIII, item 1.
 » No período de mudanças, o que antecede a regeneração humana, 
“[...] surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se 
multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará.” (Mateus, 
24:11-12.)
 » Nestes tempos, porém, não se trata de uma mudança parcial, de uma 
renovação limitada a certa região, ou a um povo, a uma raça. Trata-se 
de um movimento universal, a operar-se no sentido do progresso moral.
[...]. Allan Kardec: A gênese. Cap. XVIII, item 6.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 4
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Subsídios
1. Texto evangélico
E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos 
assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o 
fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e 
haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas essas 
coisas são o princípio das dores. (Mateus, 24:6-8.)
Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui ou ali, não 
lhe deis crédito, porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão 
tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os 
escolhidos. (Mateus, 24:23-24.)
E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua 
não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus 
serão abaladas. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e 
todas as tribos da Terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo 
sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. (Mateus, 24:29-30.)
Na verdade, na verdade vos digo que vós chorastes e vos lamen-
tareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes; mas a vossa tristeza 
se converterá em alegria. [...] Assim também vós, agora, na verdade, 
tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e 
a vossa alegria, ninguém vo-la tirará. (João, 16:20 e 22.)
Registradas sob a forma alegórica, essas profecias de Jesus 
referem-se às provações reservadas à Humanidade, consoantes os 
ditames da lei de progresso.
Entretanto, sob essas alegorias, grandes verdades se ocultam. Há, 
primeiramente, a predição das calamidades de todo o gênero que 
assolarão e dizimarão a Humanidade, calamidades decorrentes da 
luta suprema entre o bem e o mal, entre a fé e a incredulidade, entre 
as ideias progressistas e as ideias retrógradas. Há, em segundo lugar, 
a da difusão, por toda a Terra, do Evangelho restaurado na sua pureza 
primitiva; depois, a do reinado do bem, que será o da paz e da frater-
nidade universais, a derivar do código de moral evangélica, posto em 
prática por todos os povos. Será, verdadeiramente, o reino de Jesus, 
pois que Ele presidirá à sua implantação, passando os homens a viver 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 4
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sob a égide da sua lei. Será o reinado da felicidade, porquanto diz Ele 
que — “depois dos dias de aflição, virão os de alegria”.3
2. Interpretação do texto evangélico
 » E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, 
porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto 
se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, 
e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas essas coisas são o 
princípio das dores (Mt 24:6-8).
São profecias que produzem reações antagônicas nos indivíduos. 
Os incrédulos conservam-se indiferentes, concedendo-lhes pouca 
ou nenhuma importância. Os crentes, que tudo aceitam sem análise, 
conferem-lhes um caráter místico ou sobrenatural. “São igualmente 
errôneas ambas essas interpretações; a primeira, porque envolve uma 
negação da Providência; a segunda, porque tais palavras não anunciam 
a perturbação das leis da Natureza, mas o cumprimento dessas leis.”5
Em geral, as pessoas se agarram ao sofrimento, atrelando-se às 
suas consequências, sem se preocuparem em conhecer-lhes as causas. 
Contudo, é sinal de sabedoria identificar a origem das dores, desco-
brir por que elas acontecem. Somente assim é possível amenizá-las, 
neutralizá-las ou mesmo impedi-las. De uma maneira geral, podermos 
afirmar que a principal causa do sofrimento é o atraso moral, a igno-
rância das leis de Deus. As guerras e outras calamidades existentes no 
mundo, por exemplo, são lutas fratricidas originárias da imperfeição 
moral e intelectual. Confirma, igualmente, esta outra assertiva do Cristo: 
“É preciso que haja escândalo no mundo, [...] porque, imperfeitos como 
são na Terra, os homens se mostram propensos a praticar o mal, e 
porque, árvores más, só maus frutos dão.”1
Ocorrem duas formas de destruição na Natureza: a natural e a 
abusiva. A primeira garante a diversidade biológica e a manutenção 
da vida no Planeta. Faz parte do processo de “[...] transformação, que 
tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos”.9 A segunda, a 
exemplo das guerras e outros flagelos destruidores provocados pelo 
homem, acontece porque a espécie humana ainda se deixa governar 
pela “[...] natureza animal sobre a natureza espiritual e [pelo] trans-
bordamento das paixões”.11
Toda destruição que excede os limites da necessidade é uma viola-
ção da lei de Deus. Os animais só destroem para satisfação de suas 
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necessidades; enquanto que o homem, dotado de livre-arbítrio, destrói 
sem necessidade. Terá que prestar contas do abuso da liberdade que 
lhe foi concedida, pois isso significa que cede aos maus instintos.10
Justamente por conhecer profundamente a natureza humana 
é que Jesus afirmou: “E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; 
olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas 
ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino 
contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares” 
(Mt 24:6-7).
O texto põe em evidência os dois tipos de flagelos destruidores 
que atingirão a Humanidade, citados anteriormente: os provocados 
pela ação irresponsável do homem (guerras e fomes) ou relacionados 
à sua incapacidade de controlar as doenças (pestes), assim como os 
flagelos naturais (terremotos), que ocorrem à revelia da ação humana.
Jesus aconselha não temer tais calamidades: “não vos assusteis, 
porque é mister que isso tudo aconteça”. É importante compreender 
que o sofrimento é um dos mecanismos educativos, permitido por 
Deus quando o homem se revela rebelde à sua Lei. O ser moralizado, 
entretanto compreende o valor das provações, vendo nelas o remédio 
amargo,mas útil à sua melhoria espiritual. É sempre medida inteligen-
te, e de coragem, não temer ou fugir do sofrimento, mas enfrentá-lo 
com bom ânimo e fé, extraindo de suas lições o devido aprendizado.
Isto posto, diremos que o nosso globo, como tudo o que existe, está 
submetido à lei do progresso. Ele progride, fisicamente, pela transfor-
mação dos elementos que o compõem e, moralmente, pela depuração 
dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Ambos esses 
progressos se realizam paralelamente, porquanto o melhoramento da 
habitação guarda relação com o do habitante. Fisicamente, o globo 
terráqueo há experimentado transformações que a Ciência tem com-
provado e que o tornaram sucessivamente habitável por seres cada 
vez mais aperfeiçoados. Moralmente, a Humanidade progride pelo 
desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento 
dos costumes.6 
Jesus também anuncia que “todas essas coisas são o princípio das 
dores”. Trata-se, portanto, de movimentos que marcam o atual período 
de transição, no qual estamos mergulhados, porém fundamentais para 
que se estabeleça, no futuro, a era da regeneração humana.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 4
51
A Humanidade tem realizado, até ao presente, incontestáveis pro-
gressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados 
que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das 
artes e do bem-estar material. Resta-lhes ainda um imenso progresso 
a realizar: o de fazerem que entre si reinem a caridade, a fraternidade, 
a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral. Não poderiam 
consegui-lo nem com as suas crenças, nem com as suas instituições 
antiquadas, restos de outra idade, boas para certa época, suficientes 
para um estado transitório, mas que, havendo dado tudo o que com-
portavam, seriam hoje um entrave. Já não é somente de desenvolver 
a inteligência o de que os homens necessitam, mas de elevar o senti-
mento e, para isso, faz-se preciso destruir tudo o que superexcite neles 
o egoísmo e o orgulho.7
 » Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui ou ali, não lhe deis 
crédito, porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes 
sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. 
(Mt, 24:23-24.)
As principais características que assinalam o período de transi-
ção são ocorrências de flagelos destruidores, naturais ou provocados 
pelo homem, como terremotos, maremotos, erupções vulcânicas, 
acidentes de graves proporções, guerras e demais conflitos bélicos, 
epidemias ou pandemias etc. Essas calamidades estão acompanhadas, 
em geral, pela degradação moral e dissolução dos bons costumes, 
situação típica dos conflitos de moralidade existentes nos momentos 
de transformação social.
Almas generosas e caridosas estarão presentes no momento 
de transição, empenhadas em minorar o sofrimento dos seus irmãos 
em humanidade. Por outro lado, surgirão aproveitadores de todo tipo 
que, à semelhança das aves de rapina, se alimentarão do sofrimento 
presente no Planeta. São Espíritos inescrupulosos e mentirosos que 
nos fazem recordar, também, outro ensinamento de Jesus: “pois onde 
estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias” (Mt 24:28).
É preciso agir com muito cuidado para não sermos por eles 
envolvidos e enganados, sobretudo porque, submetidos ao peso das 
provações, estaremos mais expostos e mais fragilizados.
Apresentando a imagem do cadáver e das águias, referia-se o Mestre à 
necessidade dos homens penitentes, que precisam recursos de combate 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 4
52
à extinção das sombras em que se mergulham. Não se elimina o pân-
tano, atirando-lhe flores. Os corpos apodrecidos no campo atraem 
corvos que os devoram. Essa figura, de alta significação simbológica, 
é um dos mais fortes apelos do Senhor, conclamando os servidores 
do Evangelho aos movimentos do trabalho santificante. [...] É im-
prescindível lembrar sempre que as aves impiedosas se ajuntarão 
em torno de cadáveres ao abandono. Os corvos se aninham noutras 
regiões, quando se alimpa o campo em que permaneciam. [...] Luta 
contra os cadáveres de qualquer natureza que se abriguem em teu 
mundo interior. Deixa que o divino sol da espiritualidade te penetre, 
pois, enquanto fores ataúde de coisas mortas, serás seguido, de perto, 
pelas águias da destruição.13
A despeito do sofrimento presente no período de transição, é 
também momento propício para aferição de valores morais. Os falsos 
profetas e os falsos cristos provocam, é verdade, muitas desordens e 
desarmonias. Suas ações, entretanto, fornecem condições para testar 
o caráter dos verdadeiramente bons (“os escolhidos”, da citação de 
Mateus). Diante dos falsos profetas devemos agir com prudência e 
vigilância dobradas, pois segundo o Evangelho, eles “farão tão grandes 
sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos”.
Em todos os tempos, homens houve que exploraram, em proveito de 
suas ambições, de seus interesses e do seu anseio de dominação, certos 
conhecimentos que possuíam, a fim de alcançarem o prestígio de um 
pseudopoder sobre-humano, ou de uma pretendida missão divina. São 
esses os falsos Cristos e falsos profetas. A difusão das luzes lhes aniquila 
o crédito, donde resulta que o número deles diminui à proporção que 
os homens se esclarecem. [...] O verdadeiro profeta se reconhece por 
mais sérios caracteres e exclusivamente morais.2
Assim, desenvolvendo o discernimento, enxergaremos além das 
aparências; e, sobretudo, agiremos da forma como ensina o valoroso 
Paulo de Tarso em sua primeira epístola aos Tessalonicenses: “Examinai 
tudo. Retende o bem” (1Ts 5:21).
 » E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não 
dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão 
abaladas. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas 
as tribos da Terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre 
as nuvens do céu, com poder e grande glória (Mt, 24:29-30).
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 4
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Este registro de Mateus destaca de maneira inequívoca a vitória 
do Cristo. Passado o período de transição, os Espíritos que perma-
neceram fiéis ao bem receberão, em contrapartida, uma habitação 
planetária habitada por uma Humanidade desejosa de progredir, que 
foi transformada pela força do amor.
“Devendo a prática geral do Evangelho determinar grande 
melhora no estado moral dos homens, ela, por isso mesmo, trará o 
reinado do bem e acarretará a queda do mal.”4 Fazendo reviver os 
ensinamentos do Cristo, o Espiritismo ocupará papel relevante na 
construção da Era Nova.
“É no período que ora se inicia que o Espiritismo florescerá e dará frutos. 
Trabalhais, portanto, mais para o futuro, do que para o presente. Era, 
porém, necessário que esses trabalhos se preparassem antecipadamente, 
porque eles traçam as sendas da regeneração, pela unificação e racio-
nalidade das crenças. Ditosos os que deles aproveitam desde já. Tantas 
penas se pouparão esses, quantos forem os proveitos que deles aufiram.” 8
 » Na verdade, na verdade vos digo que vós chorastes e vos lamentareis, e o 
mundo se alegrará, e vós estareis tristes; mas a vossa tristeza se converterá 
em alegria. [...] Assim também vós, agora, na verdade, tendes tristeza; 
mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria, 
ninguém vo-la tirará (Jo 16:20 e 22).
As palavras de Jesus, anotadas por João, indicam a paz conquis-
tada, resultante do sofrimento; a alegria consequente à tristeza; a bo-
nança após a tempestade. No clarão do dia que marcará novo impulso 
evolutivo da humanidade terrestre, o Cristo permanece firme e forte 
no coração e na mente dos bem-aventurados habitantes do Planeta, 
os quais, ao tomarem posse da herança que lhes foi prometida pelo 
Senhor, recordarão esta sua promessa: “Bem-aventurados os mansos, 
porque eles herdarão a Terra” (Mt 5:5).
Na época da regeneração, a Humanidade se encontrará mais 
permanentementefeliz. É óbvio que o progresso espiritual não estará 
completo, pois a caminhada evolutiva é longa. Os terráqueos ainda 
enfrentarão provas, porém, sem as agruras das expiações, individuais 
ou coletivas.
É, pois, o fim do mundo velho, do mundo governado pelos preconcei-
tos, pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo fanatismo, pela incredulidade, 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 4
54
pela cupidez, por todas as paixões pecaminosas, que o Cristo aludia, 
ao dizer: “Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, então é 
que virá o fim.” Esse fim, porém, para chegar, ocasionaria uma luta e 
é dessa luta que advirão os males por Ele previstos.4
Ao término do estudo desenvolvido neste Roteiro, esforcemos 
para jamais esquecer as últimas palavras dos versículos 20 e 22 do texto 
evangélico citado: “mas a vossa tristeza se converterá em alegria”; “mas 
outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria, 
ninguém vo-la tirará”.
São palavras que traduzem a promessa do Cristo a respeito 
dos dias futuros que nos aguardam, depois de concluído o pro-
cesso de transição. Ainda que as nossas provações pesem e nos 
causem profundos sofrimentos, não nos deixemos conduzir pela 
dor, porque “a nossa tristeza se converterá em alegria”. Confiemos, 
então, no Cristo!
Nas horas que precederam a agonia da cruz, os discípulos não con-
seguiam disfarçar a dor, o desapontamento. Estavam tristes. Como 
pessoas humanas, não entendiam outras vitórias que não fossem 
as da Terra. Mas Jesus, com vigorosa serenidade, exortava-os: “Na 
verdade, na verdade, vos digo que vós chorareis e vos lamentareis; 
o mundo se alegrará e vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se 
converterá em alegria.”
[...]
No entanto, essa pesada bagagem de sofrimentos constitui os alicerces 
de uma vida superior, repleta de paz e alegria. Essas dores representam 
auxílio de Deus à terra estéril dos corações humanos. Chegam como 
adubo divino aos sentimentos das criaturas terrestres, para que de 
pântanos desprezados nasçam lírios de esperança.
[...]Cristo, porém, evidenciando suprema sabedoria, ensinou a ordem 
natural para a aquisição das alegrias eternas, demonstrando que for-
necer caprichos satisfeitos, sem advertência e medida, às criaturas do 
mundo, no presente estado evolutivo, é depor substâncias perigosas 
em mãos infantis. Por esse motivo, reservou trabalhos e sacrifícios 
aos companheiros amados, para que se não perdessem na ilusão e 
chegassem à vida real com valioso patrimônio de estáveis edificações. 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 4
55
Eis por que a alegria cristã não consta de prazeres da inconsciência, 
mas da sublime certeza de que todas as dores são caminhos para 
júbilos imortais.12
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 50 ed. 
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 8, item 13, p. 169.
2. _____._____. Cap. 21, item 5, p. 362.
3. _____. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 51 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 17, 
item 56, p. 449.
4. _____._____. Item 58, p. 450.
5. _____._____. Cap. 18, item 1, p. 457.
6. _____._____. Item 2, p. 458.
7. _____._____. Item 5, p. 460.
8. _____._____. Item 9 (Mensagem do Doutor Barry), p. 465.
9. _____. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 
2007. Questão 728, p.389.
10. _____._____. Questão 735, p.391.
11. _____._____. Questão 742, p.395.
12. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. 
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 93 (Alegria cristã), p. 201-202.
13. _____. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 32 
(Cadáveres), p. 79-80.
Orientações ao monitor
Dividir a turma em pequenos grupos para leitura e interpreta-
ção dos quatro textos evangélicos, objeto de estudo deste Roteiro. Em 
seguida, pedir-lhes que relatem, em plenária, as conclusões. Finali-
zados os relatos, realizar uma atividade exploratória e interpretativa 
das ideias desenvolvidas no texto, viabilizada por meio de perguntas 
inteligentes, que conduzam à reflexão, que façam os participantes 
raciocinar a respeito do período de transição, vivenciado atualmente, 
e o de regeneração que nos aguarda.
EADE – LIVRO III | MÓDULO I
APRENDENDO COM AS PROFECIAS 
Roteiro 5
UM REBANHO E UM PASTOR
Objetivos
 » Explicar a sentença do Cristo de que “haverá um rebanho e um pastor” 
(Jo10:16).
 » Identificar condições favoráveis para o cumprimento desta profecia.
 » Destacar a contribuição do Espiritismo no contexto da previsão.
Ideias principais
 » Com a profecia de que na Terra haverá “um rebanho e um pastor”, 
[...] Jesus claramente anuncia que os homens um dia se unirão por uma 
crença única [...]. Allan Kardec: A gênese. Cap. XVII, item 32.
 » A fim de que os homens se unam por meio de uma única crença é 
necessário que [...] as religiões se encontrem num terreno neutro, se 
bem que comum a todas; para isso todas terão que fazer concessões 
e sacrifícios mais ou menos importantes, conformemente à multi-
plicidade dos seus dogmas particulares. Allan Kardec: A gênese. 
Cap. XVII, item 32.
 » Por meio do Espiritismo, a Humanidade tem que entrar numa nova 
fase, a do progresso moral que lhe é consequência inevitável. [...] Allan 
Kardec: O livro dos espíritos. Conclusão V.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 5
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Subsídios
1. Texto evangélico
Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas 
sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço 
o Pai e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que 
não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão 
a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. (João, 10:14-16.)
Em algumas regiões do Planeta existem, atualmente, acordos 
comerciais, econômicos, políticos e sociais coordenados, na sua maio-
ria, por respeitáveis organizações internacionais, públicas ou privadas. 
São iniciativas que visam à aproximação e a integração de diferentes 
nacionalidades. A Comunidade Econômica Europeia (CEE) é um 
exemplo desse tipo de união.
As palavras do Cristo, contudo, extrapolam essas ligações 
sociopolítico-econômicas. Indicam que acontecerá também uma 
integração religiosa entre os diferentes povos que compõem a 
humanidade planetária. É uma profecia que não deixa de repre-
sentar um grande desafio, sobretudo se analisarmos a situação 
atual, em que predominam o separatismo, o fundamentalismo 
e os extremismos religiosos. Entretanto, se foi profetizado por 
Jesus, tal acontecimento ocorrerá, cedo ou tarde. Mas, como será 
possível efetuar essa união?
[...] Difícil parecerá isso, tendo-se em vista as diferenças que existem 
entre as religiões, o antagonismo que elas alimentam entre os seus 
adeptos, a obstinação que manifestam em se acreditarem na posse 
exclusiva da verdade. Todas querem a unidade, mas cada uma se 
lisonjeia de que essa unidade se fará em seu proveito e nenhuma 
admite a possibilidade de fazer qualquer concessão, no que respeita 
às suas crenças. 
[...] Ela se fará pela força das coisas, porque há de tornar-se uma neces-
sidade, para que se estreitem os laços da fraternidade entre as nações; 
far-se-á pelo desenvolvimento da razão humana, que se tornará apta 
a compreender a puerilidade de todas as dissidências; pelo progresso 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 5
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das ciências, a demonstrar cada dia mais os erros materiais sobre que 
tais dissidências assentam [...].1
2. Interpretação do texto evangélico
 » Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou 
conhecido (Jo, 10:14).
A palavra pastor (do hebraico ro’eh e do grego poimen) apresenta 
diferentes significados nos textos bíblicos. Pastor ou guardador de gado 
é o mais conhecido: identifica as pessoas que cuidam de um rebanho, 
especialmente o de ovelhas. Exemplo: “E todas as nações serão reunidas 
diante dele e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as 
ovelhas” (Mt 25:32). Pode referir-sea ministro de uma igreja. Exemplo: 
“Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa 
alma, como aqueles que hão de dar conta delas” (Hb 13:17). Indica tam-
bém governante espiritual ou guia de um povo, nação ou Humanidade. 
Ismael é considerado pelos espíritas como o guia espiritual do Brasil. 
Jesus é o governante ou governador da humanidade terrestre. Exemplo: 
“Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer 
dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas”.
(Hb 13:20) Encontramos, ainda, o significado de pastor como indicativo 
de Deus, o Criador supremo, sobretudo nos textos do Velho Testamento: 
“ O Senhor é o meu Pastor; nada me faltará”. (Sl 23:1.)
Jesus aplica a si mesmo o cognitivo “pastor” ou “porta”, no 
sentido de governador ou dirigente da humanidade terrestre. “[...] O 
Cristo, porém, é a porta da Vida abundante. Com Ele, submetemo-nos 
aos desígnios do Pai celestial e, nessa diretriz, aceitamos a existência 
como aprendizado e serviço, em favor de nosso próprio crescimento 
para a imortalidade.”11
Fora dos textos bíblicos, “[...] Homero e outros escritores secu-
lares frequentemente chamavam os reis e governadores de pastores 
(Ilíada, I, 263)”.8
No contexto da citação de João, a afirmativa do Cristo “Eu sou 
o bom Pastor”, tem como significado expresso o de ser Ele, Jesus, o 
Governador espiritual do Orbe, o condutor dos nossos destinos, o guia 
e modelo da Humanidade. Nenhum dos demais significados estudados 
anteriormente se aplicam ao Mestre: Jesus não deve ser confundido 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 5
60
com guardador de ovelhas, com ministro ou chefe de igreja cristã, 
com governantes de províncias da Terra, e, especialmente, com Deus.
Cristo é a linha central de nossas cogitações. Ele é o Senhor único, 
depois de Deus, para os filhos da Terra, com direitos inalienáveis, 
porquanto é a nossa luz do primeiro dia evolutivo e adquiriu-nos para 
a redenção com sacrifícios de seu amor. Somos servos dele. Precisamos 
atender-lhe aos interesses sublimes, com humildade.10
Emmanuel esclarece no seu livro A caminho da luz, a posição 
de Jesus como dirigente planetário:
Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os 
fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos 
puros e eleitos pelo Senhor supremo do Universo, em cujas mãos 
se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades 
planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual 
é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas 
já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas 
decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes 
no curso dos milênios conhecidos.9
Neste sentido, Jesus não é apenas “o pastor”, mas “o bom pastor” 
porque conhece verdadeiramente as suas ovelhas, guiando-as com 
segurança e amor ao longo do processo ascensional.
Compadecendo-se de nossa ignorância, a divina Providência deliberou 
enviar alguém que nos instruísse nos caminhos da elevação, e Jesus, o 
sublime governador do planeta terrestre, veio em pessoa explicar-nos 
que Deus não nos pede nem adulações e nem pompas, nem vítimas 
e nem holocaustos, e sim o coração inflamado de fraternidade, a ser-
viço do bem, para que a Terra se abra, enfim, à glória e à felicidade 
do seu Reino.12
O vocábulo ovelha, usualmente empregado nos textos religio-
sos, testamentais e não testamentais, apresenta três interpretações: 
a) a forma literal conhecida, de animal, fêmea do carneiro. Exemplo: 
“Que vos parece? Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma delas se 
desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca 
da que se desgarrou?” (Mt 18:12.) b) a que faz referência aos crentes, 
religiosos, adeptos ou seguidores de uma religião. Exemplo: “[...] 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 5
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mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel [...]” (Mt 10:6). 
Neste aspecto, as ovelhas perdidas representam os judeus afastados 
da sinagoga ou desiludidos com o Judaísmo; c) a que indica todos os 
Espíritos bons, justos ou benevolentes. Exemplo: “E, quando o Filho 
do Homem vier em sua glória [...]; e todas as nações serão reunidas 
diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes 
as ovelhas. E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. 
Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos do 
meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde 
a fundação do mundo; porque tive fome, e deste-me de comer [...]. 
Então, os justos lhes responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos 
com fome e te demos de comer? [...]”(Mt 25:31-37).
Fica claro que Jesus considera como “ovelhas” o sentido expresso 
nos itens “ b” e “c”.
 » Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me con-
vém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e 
um Pastor (Jo, 10:16).
Jesus anuncia, com essas palavras, a diversidade religiosa que 
existia na sua época, em todas as partes do mundo, cuja maioria abra-
çava a crença em vários deuses. Mesmo entre os judeus, monoteístas 
por natureza, existiam divisões quanto à interpretação da revelação 
de Moisés. Em Jerusalém, a sede do monoteísmo hebreu, conviviam 
diversas seitas do Judaísmo: dos fariseus e saduceus; dos nazarenos e 
essênios; dos samaritanos e terapeutas etc. Os judeus que nasceram e 
viveram fora de Jerusalém sofreram, especialmente, forte influência 
dos povos gentílicos. Um exemplo que se destaca diz respeito aos 
chamados “judeus helênicos” envolvidos, em geral, com as ideias dos 
filósofos gregos, sobretudo os da famosa Escola de Alexandria.
Nos dias atuais, percebemos que o politeísmo não é tão ex-
pressivo como era na Antiguidade, em razão da existência das três 
grandes revelações monoteístas, firmemente estabelecidas: Judaísmo, 
Cristianismo e Islamismo. Contudo, a mensagem cristã não é crença 
universal. Daí Jesus anunciar a conveniência de agregar ao seu aprisco 
outras ovelhas, as que ainda não aceitam ou desconhecem a sua men-
sagem de amor. A profecia do Cristo se aplica tanto à Humanidade 
daquela época quanto a da atualidade.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 5
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Trata-se de uma profecia que será cumprida, possivelmente, du-
rante o período de regeneração, quando a humanidade terrestre estará 
mais unida em torno de ideias comuns, sobretudo no campo da fé:
A fraternidade será a pedra angular da nova ordem social; mas, não 
há fraternidade real, sólida, efetiva, senão assente em base inabalável 
e essa base é a fé, não a fé em tais ou tais dogmas particulares, que 
mudam com os tempos e os povos e que mutuamente se apedrejam, 
porquanto, anatematizando-se uns aos outros, alimentam o anta-
gonismo, mas a fé nos princípios fundamentais que toda a gente 
pode aceitar e aceitará: Deus, a alma, o futuro, o progresso individual 
indefinito, a perpetuidade das relações entre os seres. Quando todos 
os homens estiverem convencidos de que Deus é o mesmo para to-
dos; de que esse Deus, soberanamente justo e bom, nada de injusto 
pode querer; que não dele, porém dos homens vem o mal, todos se 
considerarão filhos do mesmo Pai e se estenderão as mãos uns aos 
outros. Essa a fé que o Espiritismo faculta e que doravante será o eixo 
em torno do qual girará o gênero humano, quaisquer que sejam os 
cultos e as crenças particulares.2
É equívoco supor que a união dos homens em torno de uma única 
crença eliminará a diversidade religiosa existente no Planeta. As pessoas 
se manterão unidas pela crença em princípios espirituais universais e 
por um laço de fraternidade. Compreenderão, às duras penas, que so-
mente “[...]o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade 
na Terra, refreando as paixões más; somente esse progresso pode fazer 
que entre os homens reinem a concórdia, a paz, a fraternidade”.3
Será ele [o progresso moral] que deitará por terra as barreiras que 
separam os povos, que farácaiam os preconceitos de casta e se calem 
os antagonismos de seitas, ensinando os homens a se considerarem 
irmãos que têm por dever auxiliarem-se mutuamente e não destina-
dos a viver à custa uns dos outros. Será ainda o progresso moral que, 
secundado então pelo da inteligência, confundirá os homens numa 
mesma crença fundada nas verdades eternas, não sujeitas a contro-
vérsias e, em consequência, aceitáveis por todos.3
Os livros sagrados das religiões e as características culturais de 
cada movimento religioso serão mantidos, pois representam o patrimô-
nio cultural da Humanidade. Ocorrerá, porém, uma espécie de diversi-
dade religiosa que se apoiará na unidade de certas ideias fundamentais. 
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 5
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Quer isto dizer que continuarão existindo judeus, católicos, islâmicos, 
protestantes, espíritas etc. Somente assim podemos compreender a 
afirmativa de Jesus de que “haverá um rebanho e um Pastor”.
A unidade de crença será o laço mais forte, o fundamento mais sólido 
da fraternidade universal, obstada, desde todos os tempos pelos antago-
nismos religiosos que dividem os povos e as famílias, que fazem sejam 
uns, os dissidentes, vistos, pelos outros, como inimigos a serem evita-
dos, combatidos, exterminados, em vez de irmãos a serem amados.4
O Espiritismo, na sua missão de Cristianismo redivivo, mostra 
que durante o período de transição moral, a “[...] geração que desapa-
rece levará consigo seus erros e prejuízos; a geração que surge, retem-
perada em fonte mais pura, imbuída de ideias mais sãs, imprimirá ao 
mundo ascensional movimento, no sentido de progresso moral que 
assinalará a nova fase da evolução humana”.5
“Um rebanho e um Pastor” representa a idade de maturidade 
espiritual da Humanidade. Indica o surgimento de uma geração nova, so-
lidária e fraterna, que caminhará unida em busca da felicidade espiritual.
A nova geração marchará, pois, para a realização de todas as ideias 
humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que houver 
chegado. Avançando para o mesmo alvo e realizando seus objetivos, 
o Espiritismo se encontrará com ela no mesmo terreno. Aos homens 
progressistas se deparará nas ideias espíritas poderosa alavanca e o 
Espiritismo achará, nos novos homens, espíritos inteiramente dispos-
tos a acolhê-lo. Dado esse estado de coisas, que poderão fazer os que 
entendam de opor-se-lhe?6
Referências
1. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 51. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. 
Cap. 17, item 32, p. 436-437.
2. _____._____. Cap. 18, item 17, p. 470-471.
3. _____._____. Item 19, p. 471.
4. _____._____. p. 471-472.
5. _____._____. Item 20, p. 472.
6. _____._____. Item 24, p. 474.
7. _____. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 
2007. Questão 625, p. 346.
EADE • Livro III• Módulo I • Roteiro 5
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8. DOUGLAS, J. D. BRUCE, F. F [et cols]. O novo dicionário da bíblia. Tradução de João 
Bentes. 3. ed. rev. São Paulo: Vida Nova, 2006. p.1004.
9. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Rio 
de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 1 (A gênese planetária), item: A comunidade dos espíritos 
puros, p. 17-18.
10. _____. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 
2006. Cap. 142 (Um só senhor), p. 299-300.
11. _____. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 35. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 172 
(Ante o Cristo libertador), p. 416.
12. XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíritos Emmanuel e 
André Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 24, item: Deus e caridade (mensagem 
de Emmanuel), p. 141.
Orientações ao monitor
Sugerimos que o estudo siga, criteriosamente, os objetivos defi-
nidos na página inicial deste Roteiro, independentemente dos recursos 
audiovisuais e técnicas didáticas selecionados.
OBSERVAÇÃO: Ao término da aula, o monitor solicita aos 
participantes a realização de uma pesquisa sobre as expressões “jugo” 
e “autoridade”, tanto no sentido indicado por Jesus quanto no que é, 
usualmente, utilizado nas relações sociais e profissionais (sentidos filo-
sófico, científico, político, religioso e espiritual). Esta pesquisa servirá 
de base para o estudo previsto para as próximas reuniões (módulo II).
EADE LIVRO III | MÓDULO II
ENSINOS DIRETOS DE JESUS
EADE – LIVRO III | MÓDULO II
ENSINOS DIRETOS DE JESUS
Roteiro 1
O JUGO DE JESUS
Objetivos
 » Explicar, à luz da Doutrina Espírita, o significado do jugo do Cristo.
 » Refletir sobre a necessidade de nos submetermos ao amparo de Jesus.
Ideias principais
 » O jugo a que Jesus se reporta é justamente a sua Doutrina, o conhecimen-
to e a prática das regras de bem-viver, expostos no Sermão da Montanha 
e na Revelação espírita; é a prática do Amor, os deveres da Caridade, 
a consciência dos princípios das leis eternas e sua observância possível, 
divulgadas no alto do Sinai. Yvonne A. Pereira: À luz do consolador. 
Cap. Convite ao estudo.
 » Todos os sofrimentos [...] encontram consolação em a fé no futuro, em 
a confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. 
Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. 6, item 2.
Subsídios
1. Texto evangélico
Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, 
Senhor do céu e da Terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 1
68
e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. [...] 
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos alivia-
rei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e 
humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque 
o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. (Mateus,11:25-26; 28-30.)
Por esse ensino direto, Jesus nos faz ver a importância do seu 
Evangelho como rota segura da conquista da felicidade verdadeira. 
Esclarece Emmanuel:
Apresentar-nos com volumosa bagagem de débitos do passado es-
curo, ante a verdade; mas desde o instante em que nos rendemos 
aos desígnios do Senhor, aceitando sinceramente o dever da própria 
regeneração, avançamos para região espiritual diferente, onde todo 
jugo é suave e todo fardo é leve.12
Sob seu amparo e orientação adquirimos fortaleza moral que 
nos liberta dos velhos hábitos que nos mantêm presos ao solo das 
imperfeições. Neste propósito, a orientação espírita nos fornece a 
chave para a compreensão da mensagem do Cristo, necessária à nossa 
felicidade verdadeira.
Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres 
amados, encontram consolação em a fé no futuro, em a confiança na 
justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele 
que, ao contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente 
duvida, as aflições caem com todo o seu peso e nenhuma esperança 
lhe mitiga o amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer: “Vinde a mim 
todos vós que estais fatigados [cansados e oprimidos], que eu vos ali-
viarei.’’ Entretanto, faz depender de uma condição a sua assistência e 
a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição está na lei por Ele 
ensinada. Seu jugo é a observância dessa lei; mas, esse jugo é leve e a 
lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade.1
2. Interpretação do texto evangélico
 » Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do 
céu e da Terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as reve-
laste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve (Mt 11:25-26).
As lições do Evangelho têm caráter atemporal: orientaram o 
discípulo à época em que o Cristo esteve no plano físico (“naquele 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 1
69
tempo”), orientam no presente e orientação nos dias futuros. Inde-
pendentemente do nosso estágio evolutivo, importa considerar que 
Jesus continua conosco, sempre solícito, disposto a nos ensinar como 
edificar o reino dos céus, em nós mesmos.
As palavras: “Graças te dou, ó Pai, Senhordo céu e da Terra” 
indicam, além de louvor, reverência e submissão ao jugo, ou vontade, 
de Deus (o “Pai”), Criador supremo (“Senhor do céu e da Terra”). 
Os vocábulos “céu” e “Terra” revelam, respectivamente, e sob forma 
simbólica, os valores imortais que transmitem felicidade eterna (“céu”) 
ao Espírito e o campo ou laboratório das experiências necessárias ao 
aprendizado humano (“Terra”).
Jesus louva o Criador supremo porque certas verdades são reve-
ladas aos pequeninos e ocultas aos sábios e instruídos. Na linguagem 
do Evangelho, “pequeninos” faz referência aos humildes, às almas 
pacíficas e boas, que se encontram abertas aos ensinamentos morais 
do Cristo. Os “sábios e instruídos” representam o grupo de intelectuais 
ciosos do saber que possuem. Por se julgarem “donos da verdade” são 
incapazes de perceber que revelam o estado de ignorância moral em 
que se encontram, por ora. São os intelectuais de todas as épocas, que 
enxergam através de lentes míopes, mas se avaliarem como superio-
res aos semelhantes, porque possuem alguma cultura fornecida pelo 
mundo, ou em razão da posição social ou econômica que ocupam. 
Na verdade, quem se julga sábio entroniza a própria ignorância, pois 
a verdadeira sabedoria consiste em aplicar o conhecimento na cons-
trução do bem, por meio de exemplificações moralmente elevadas. Os 
“sábios e instruídos” a que Jesus faz alusão, se revelam, paradoxalmente, 
incapazes de entender orientações espirituais básicas, uma vez que 
trazem o espírito saturado de arrogância e de vaidade.
Deus não esconde as coisas aos sábios e aos entendidos; é o orgulho 
que não os deixa vê-las. Ao passo que os pequeninos, isto é, os despidos 
de orgulho e de presunção, iluminados pela fé pura que lhes concede 
segura intuição, assimilam facilmente as lições divinas e fazem delas 
caminho para a felicidade espiritual.8
Os humildes, ao contrário, por se curvarem aos desígnios divi-
nos, não se julgam superiores. Sendo Espíritos mansos e benevolentes 
captam a essência das verdades imortais, por inspiração superior, 
ainda que na reencarnação se apresentem desprovidos de maiores 
conhecimentos intelectuais.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 1
70
O poder de Deus se manifesta nas mais pequeninas coisas, como nas 
maiores. Ele não põe a luz debaixo do alqueire, por isso que a derrama 
em ondas por toda a parte, de tal sorte que só cegos não a veem. A esses 
não quer Deus abrir à força os olhos, dado que lhes apraz tê-los fechados. 
[...] Para vencer a incredulidade, Deus emprega os meios mais conve-
nientes, conforme os indivíduos. Não é à incredulidade que compete 
prescrever-lhe o que deva fazer, nem lhe cabe dizer: “Se me queres 
convencer, tens de proceder dessa ou daquela maneira, em tal ocasião 
e não em tal outra, porque essa ocasião é a que mais me convém.” Não 
se espantem, pois, os incrédulos de que nem Deus, nem os Espíritos, 
que são os executores da sua vontade, se lhes submetam às exigências. 
Inquiram de si mesmos o que diriam, se o último de seus servidores se 
lembrasse de lhes prescrever fosse o que fosse. Deus impõe condições 
e não aceita as que lhe queiram impor. Escuta, bondoso, os que a Ele 
se dirigem humildemente e não os que se julgam mais do que Ele.2
Jesus exemplifica sujeição à vontade de Deus quando afirma: 
“Sim, ó Pai, porque assim te aprouve.” Ele “[...] tinha certeza de que seus 
ensinamentos jamais se perderiam. No caminho do progresso, o que 
a alma não aceita hoje, aceitará no futuro”.8 Entretanto, Jesus respeita 
o livre-arbítrio dos seus interlocutores, de aceitar ou rejeitar as suas 
sábias orientações. “Não nos esqueçamos de que o Evangelho é para 
ser semeado, e a partir daí, germinar, crescer e frutificar no coração.”4
O exemplo do Cristo ilustra o tipo de comportamento que deve-
mos adotar perante pessoas que rejeitam ou desconhecem os ensinos 
espíritas. Precisamos respeitar, com serenidade, a indiferença ou as opi-
niões contrárias emitidas sobre a Doutrina Espírita. Com o tempo, todas 
as criaturas humanas absorverão seus princípios. “Atrás do ‘aprouve’ do 
Pai, pode estar presente o recurso menos agradável, mas imprescindível 
ao ressarcimento de débitos pretéritos, ou outros, destinados à aferição 
das conquistas já operadas, com vistas ao futuro [...].”5
O Mestre demonstra que os Espíritos que rejeitam as verdades 
do Evangelho o fazem porque estão transitoriamente incapacitados 
de enxergar mais além. “O orgulho é a catarata que lhes tolda a visão. 
De que vale apresentar a luz a um cego? Necessário é que, antes se lhe 
destrua a causa do mal.”3
Essa condição nos faz lembrar a seguinte afirmativa de Paulo: “E, 
se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém sa-
ber” (1Co 8:2), cuja interpretação de Emmanuel não deve ser ignorada:
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 1
71
A civilização sempre cuida saber excessivamente, mas, em tempo algum, 
soube como convém saber. 
É por isto que, ainda agora, o avião bombardeia, o rádio transmite a 
mentira e a morte, e o combustível alimenta maquinaria de agressão. 
Assim também, na esfera individual, o homem apenas cogita saber, 
esquecendo que é indispensável saber como convém. 
Em nossas atividades evangélicas, toda a atenção é necessária ao êxito 
na tarefa que nos foi cometida. 
Aprendizes do Evangelho existem que pretendem guardar toda a re-
velação do Céu, para impô-la aos vizinhos; que se presumem de posse 
da humildade para tiranizarem os outros; que se declaram pacientes, 
irritando a quem os ouve; que se afirmam crentes, confundindo a fé 
alheia; que exibem títulos de benemerência, olvidando comezinhas 
obrigações domésticas. 
Esses amigos, principalmente, são daqueles que cuidam saber sem 
saberem de fato. 
Os que conhecem espiritualmente as situações ajudam sem ofender, 
melhoram sem ferir, esclarecem sem perturbar. Sabem como convém 
saber e aprenderam a ser úteis. Usam o silêncio e a palavra, localizam 
o bem e o mal, identificam a sombra e a luz e distribuem com todos 
os dons do Cristo. Informam-se quanto à Fonte da eterna Sabedoria e 
ligam-se a ela como lâmpadas perfeitas ao centro da força. Fracassos e 
triunfos, no plano das formas temporárias, não lhes modificam as ener-
gias. Esses sabem porque sabem e utilizam os próprios conhecimentos 
como convém saber.14
 » Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos alivia-
rei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e 
humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque 
o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve (Mt 11:28-30).
Este texto revela uma das mais belas e consoladoras manifesta-
ções de Jesus. Demonstra a sensibilidade do educador cônscio de seu 
ministério e do que efetivamente necessita ser repassado ao aprendiz.
Ninguém como Cristo espalhou na Terra tanta alegria e fortaleza de 
ânimo. Reconhecendo isso, muitos discípulos amontoam argumentos 
contra a lágrima e abominam as expressões de sofrimento. 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 1
72
O Paraíso já estaria na Terra se ninguém tivesse razões para chorar. 
Considerando assim, Jesus, que era o Mestre da confiança e do otimismo, 
chamava ao seu coração todos os que estivessem cansados e oprimidos 
sob o peso de desenganos terrestres. 
Não amaldiçoou os tristes: convocou-os à consolação. 
[...] 
Caracterizam-se as lágrimas através de origens específicas. Quando 
nascem da dor sincera e construtiva, são filtros de redenção e vida; no 
entanto, se procedem do desespero, são venenos mortais.10
A expressão “Vinde a mim” está saturada de vibrações amorosas.
Convidando-nos, Jesus espera que nos movimentemos para Ele. Apesar 
de nos aguardar no decorrer dos milênios, essas suas palavras ainda 
soam nas consciências, trabalhando nossas reservas, até que o livre-
-arbítrio, imprescindível em tal decisão, possa ser acionado na direção 
dele que se constitui na porta de solução de todas as dores e apreensões.6
Sabemos, como cristãos e espíritas, que Jesus possui a supremagraça divina. Dele frui o bem superior, em razão de sua íntima e per-
feita união com o Pai celestial.9 “Em tais condições, um desejo ardente 
domina o seu amorável coração: tornar os homens tais como ele é, 
fazê-los co-herdeiros com Ele, da paterna herança.”9
A ternura expressa no “Vinde a mim”, indica a possibilidade 
de nos libertarmos do peso das provações. É um apelo sincero que se 
assemelha às mãos estendidas; ao abraço fraterno; ao secar de lágri-
mas; à oferta de ombro amigo; é também manifestação de socorro, 
consolo e proteção.
Criados simples e ignorantes, optamos, contudo, em perambular 
pelos desvios que nos afastam do caminho do bem, a despeito das 
inúmeras oportunidades de elevação que nos são oferecidas.
Todos os males que nos afetam têm origem na falta de comunhão 
com Deus. Consequentemente, tudo que nos causa aflições, mágoas 
e sofrimentos, resolver-se-á como que por encanto, mediante o esta-
belecimento de nossas relações com a Divindade.9
O ser humano, para ser feliz, necessita desprender-se da 
opressão que a vida material proporciona. A questão que se coloca, 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 1
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naturalmente, não é a do Cristo vir até nós, mas decidirmos, efetiva-
mente, ir ao encontro do Cristo.
Todos ouvem as palavras do Cristo, as quais insistem para que a mente 
inquieta e o coração atormentado lhe procurem o regaço refrigerante...
[...] 
Aqui, as palavras do Mestre se derramam por vitalizante bálsamo, 
entretanto, os laços da conveniência imediatista são demasiado fortes; 
além, assinala-se o convite divino, entre promessas de renovação para a 
jornada redentora, todavia, o cárcere do desânimo isola o espírito, por 
meio de grades resistentes; acolá, o chamamento do Alto ameniza as 
penas da alma desiludida, mas é quase impraticável a libertação dos 
impedimentos constituídos por pessoas e coisas, situações e interesses 
individuais, aparentemente inadiáveis. 
Jesus, o nosso Salvador, estende-nos os braços amoráveis e compas-
sivos. Com Ele, a vida enriquecer-se-á de valores imperecíveis e à 
sombra dos seus ensinamentos celestes seguiremos, pelo trabalho 
santificante, na direção da Pátria Universal ...11
Faz-se necessário, pois, que o ser humano priorize a sua felici-
dade, orientando-se pelo poder do amor. Assim, quando Jesus afirma 
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos 
aliviarei”, destaca que a força do amor é a única capaz de produzir paz 
e alegria duradouras. O jugo do Cristo é o jugo do amor, que educa e 
promove o ser humano. Sob sua tutela, conhecemos e colocamos em 
prática a sua Doutrina, que se resume na prática da caridade. Entretanto, 
agindo como Espíritos rebeldes e imaturos, fugimos de sua assistência, 
através de ações infelizes, contra nós próprios e contra o próximo.
Por não buscá-lo pela via do Amor, Ele nos aguarda após as muitas 
lutas e desarmonias experimentadas nas veredas do sofrimento e da 
desilusão. Oprimidos, porque as coisas da Terra não apenas cansam, 
oprimem também. As desilusões aniquilam. As derrotas afligem. Depois 
de tanta luta, tudo passa deixando cicatrizes a nos induzirem à reflexão, 
para tomada de uma nova posição com Ele nas trilhas do progresso.7
É importante não nos submetermos às pseudonecessidades 
alimentadas pelo ego que, por serem fictícias e transitórias, atordoam 
os sentidos, envenenam os sentimentos, obliteram o raciocínio, in-
terpondo obstáculos à melhoria espiritual. O atraso moral torna o 
Espírito escravo de paixões inferiores, em que o orgulho e o egoísmo 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 1
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estabelecem reinado desolador. Libertos, porém, dos seus apelos in-
feriores, fazendo opção pelo amor do Cristo, constata-se e que o seu 
jugo liberta e ampara por estar fundamentado no amor.
Os versículos 29 e 30, do registro de Mateus, trazem uma pro-
messa de Jesus que deve ser considerada com muita seriedade: “Tomai 
sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde 
de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu 
jugo é suave, e o meu fardo é leve.”
Importa destacar que se o Cristo fala do seu jugo é porque 
existem outros jugos, como o das paixões inferiores, anteriormente 
assinaladas. Nessas condições, a pessoa corre o risco de ficar indiferente 
ao bem. Preferindo manter-se à margem da vida, indolente, é então 
subjugada pelas oscilações dos interesses egoísticos que lhe alimentam 
a existência. Presa às manifestações do egocentrismo, passa a ignorar o 
valor do sacrifício em benefício do próximo, incapaz que se encontra 
de renunciar às atrações impostas por posições e cargos existentes na 
vida em sociedade.
É necessário ficarmos atentos ao real sentido destas palavras 
de Jesus, evitando-se qualquer tipo de equívoco: “Tomai sobre vós o 
meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e 
encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, 
e o meu fardo é leve.” Não existe, na transcrição, estímulo à falta de 
compromisso moral quando Jesus anuncia: “aprendei de mim, que 
sou manso e humilde de coração”; nem à ociosidade quando afirma: 
“encontrareis descanso para a vossa alma”; ou, ainda, desprezo pelo 
esforço e pelo trabalho, quando alega que o seu jugo é suave e que o 
seu fardo é leve. Recordemos que o processo de renovação no bem 
exige dedicação e persistência, obtido, em geral, à custa de suor e de 
lágrimas.
Neste contexto, orienta o benfeitor Emmanuel com propriedade:
Dirigiu-se Jesus à multidão dos aflitos e desalentados proclamando o 
divino propósito de aliviá-los.
— “Vinde a mim! — clamou o Mestre —, tomai sobre vós o meu jugo, 
e aprendei comigo, que sou manso e humilde de coração!”
Seu apelo amoroso vibra no mundo, através de todos os séculos do 
Cristianismo. 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 1
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Compacta é a turba de desesperados e oprimidos da Terra, não obs-
tante o amorável convite. 
É que o Mestre no “Vinde a mim!” espera naturalmente que as almas 
inquietas e tristes o procurem para a aquisição do ensinamento divi-
no. Mas nem todos os aflitos pretendem renunciar ao objeto de suas 
desesperações e nem todos os tristes querem fugir à sombra para o 
encontro com a luz. 
A maioria dos desalentados chega a tentar a satisfação de caprichos 
criminosos com a proteção de Jesus, emitindo rogativas estranhas. 
Entretanto, quando os sofredores se dirigirem sinceramente ao Cristo, 
hão de ouvi-lo, no silêncio do santuário interior, concitando-lhes o 
espírito a desprezar as disputas reprováveis do campo inferior. 
Onde estão os aflitos da Terra que pretendem trocar o cativeiro das 
próprias paixões pelo jugo suave de Jesus Cristo? 
Para esses foram pronunciadas as santas palavras “Vinde a mim!”, 
reservando-lhes o Evangelho poderosa luz para a renovação indis-
pensável.13
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 6, item 2, p. 139-140.
2. _____._____. Cap. 7, item 9, p. 151.
3. _____._____. Item 10, p. 151-152.
4. GRUPO ESPÍRITA EMMANUEL. Luz imperecível. Coordenação de Honório Onofre de 
Abreu. 2. ed. Belo Horizonte: União Espírita Mineira, 1997. Cap. 57 (Proposta divina), 
p. 171.
5. _____._____. p. 172.
6. _____._____. Cap. 59 (Cansados e oprimidos), p. 176-177.
7. _____._____. p. 176-177.
8. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 16. ed. São Paulo: Pensamento, 2004. Cap. 
11, item: O jugo de Jesus, p. 108.
9. VINÍCIUS (Pedro de Camargo). Nas pegadas do mestre. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. 
Cap. Vinde a mim, p. 119.
10. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. 
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 172 (Lágrimas), p. 359-360.
11. _____. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 35. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 5 
(Consegues ir?), p. 25-26.
12. _____. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 81 
(No paraíso), p. 178.
13. _____._____. Cap. 130 (Ondeestão?), p. 275-276.
14. _____. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 44 
(Saber como convém), p. 107-108.
Orientações ao monitor
Pedir aos participantes que apresentem os resultados da pesquisa 
solicitada na reunião anterior, a que trata das diferentes utilizações da 
palavra “jugo”. Em seguida, trabalhar os objetivos especificados no 
Roteiro, tendo como base as referências citadas.
OBSERVAÇÃO: esclarecer que a pesquisa sobre o significado 
de “autoridade” será utilizada na próxima reunião.
EADE – LIVRO III | MÓDULO II
ENSINOS DIRETOS DE JESUS
Roteiro 2
A AUTORIDADE DE JESUS
Objetivos
 » Analisar em que se resume a autoridade do Cristo.
 » Esclarecer como Espiritismo explica essa autoridade.
Ideias principais
 » Sob a autoridade moral do Cristo, o ser humano é guiado na sua busca 
pela conquista da felicidade plena. Um dia, Deus, em sua inesgotável 
caridade, permitiu que o homem visse a verdade varar as trevas. Esse 
dia foi o do advento do Cristo.[...] Allan Kardec: O evangelho segundo 
o espiritismo. Cap. I, item 10.
 » O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da 
moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os 
homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os cora-
ções a caridade e o amor do próximo e estabelecer ente os humanos 
uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de trans-
formar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que 
hoje a habitam. Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. 
Cap. I, item 9.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 2
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Subsídios
1. Texto evangélico
Eu sou o pão da vida. (João, 6:48.)
Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, 
mas terá a luz da vida. (João, 8:12.)
Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, 
e sairá, e achará pastagens. (João, 10:9-10.)
Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai 
senão por mim. (João, 14:6.)
Como Governador do planeta, Jesus detém a plena autoridade 
para suprir a Humanidade de recursos favoráveis à sua redenção espiri-
tual. É uma autoridade que se manifesta de forma branda e pacífica, sem 
violência de qualquer espécie. Fundamenta-se na lei de amor que, por 
sua vez, reflete as leis sábias do Criador. A autoridade e a sabedoria de 
Jesus são legítimas, oriundas de Deus. Seu Evangelho é o maior código 
de moralidade existente, ensinando como colocar em prática a Lei de 
Deus, Lei que Jesus “[....] veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe 
o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. 
Por isso é que se nos depara, nessa Lei, o princípio dos deveres para 
com Deus e para com o próximo, base de sua doutrina”.1
Em cada ensinamento do Evangelho identificamos o Mestre na 
sua divina missão de educador de almas que imprime o selo do amor 
e da sabedoria nas suas orientações superiores. É por este motivo que, 
em outra oportunidade, afirma o Cristo: “Vós me chamais Mestre e 
Senhor e dizeis bem, porque eu o sou” (Jo 13:13).
Mas o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, 
tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumpri-
mento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe 
vinha da natureza excepcional do seu Espírito e de sua missão divina.2
Ele viera ensinar aos homens que a verdadeira vida não é a que trans-
corre na Terra e sim a que é vivida no reino dos céus; viera ensinar-lhes 
o caminho que a esse reino conduz, os meios de eles se reconciliarem 
com Deus e de pressentirem esses meios na marcha das coisas por vir, 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 2
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para a realização dos destinos humanos. Entretanto, não disse tudo, 
limitando-se, respeito a muitos pontos, a lançar o gérmen de verdades 
que, segundo Ele próprio o declarou, ainda não podiam ser compreen-
didas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos implícitos. Para 
ser apreendido o sentido oculto de algumas palavras suas, mister 
se fazia que novas ideias e novos conhecimentos lhes trouxessem a 
chave indispensável, ideias que, porém, não podiam surgir antes que 
o espírito humano houvesse alcançado um certo grau de madureza.3
Os ensinamentos espíritas nos orientam como interpretar com 
segurança a mensagem de Jesus, inclusive pontos que permaneceram 
obscuros ou foram interpretados equivocadamente. “O Espiritismo é 
a chave com auxílio da qual tudo se explica de modo fácil.”4
A Boa-Nova apresenta sublimadas orientações que definem com 
clareza inequívoca a autoridade de Jesus e a sua condição de dirigente 
maior dos destinos da Humanidade. Neste contexto, a fórmula da nossa 
definitiva libertação espiritual encontra-se neste conselho de Jesus: 
“Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis 
meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” 
(Jo 8:31-32).
2. Interpretação do texto evangélico
 » Eu sou o pão da vida (Jo 6:48).
No sentido elementar, “pão” significa alimento básico, o que 
nutre as células e mantém a vida humana. Afirmando-se, porém, 
como “o pão da vida”, Jesus nos apresenta o sentido espiritual do seu 
ensinamento: o de alimento essencial, que garante os nutrientes ne-
cessários para o sustento moral do Espírito. Jesus é o pão que fornece, 
cotidianamente, conforto espiritual. Este conforto não “[...] é como 
o pão do mundo, que passa, mecanicamente, de mão em mão, para 
saciar a fome do corpo, mas sim como o Sol, que é o mesmo para to-
dos, penetrando, porém, somente nos lugares onde não se haja feito 
um reduto fechado para as sombras”.9
Através dos tempos, Jesus vem, saciando a fome espiritual de quan-
tos dele se aproximam, suprindo-os fartamente em termos de harmonia, 
equilíbrio, bom ânimo e força moral. Acrescenta, ainda, Emmanuel:
Dentro de nossa pequenez, sucumbiríamos de fome espiritual, esta-
cionados na sombra da ignorância, não fosse essa videira da verdade 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 2
80
e do amor que o supremo Senhor nos concedeu em Jesus Cristo. De 
sua seiva divina procedem todas as nossas realizações elevadas, nos 
serviços da Terra. Alimentados por essa fonte sublime, compete-nos 
reconhecer que, sem o Cristo, as organizações do mundo se perderiam 
por falta de base. Nele encontramos o pão vivo das almas e, desde o 
princípio, o seu amor infinito no orbe terrestre é o fundamento divino 
de todas as verdades da vida.10
Conclui-se, dessa forma, que precisamos trazer o Cristo no 
coração e na mente. As lições do seu Evangelho nos convidam ao 
grande esforço de cooperação e de doação no bem, que devemos aderir 
voluntariamente, sem falsas expectativas, mas conscientes do trabalho 
que nos cabe realizar.
 » Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá 
a luz da vida (Jo 8:12).
Por essa afirmativa compreendemos a missão de Jesus como 
iluminador de consciências, num trabalho incessante que se desenrola 
ao longo das eras, nas vias do progresso humano. Sob a projeção da 
sua magnífica luz espiritual somos esclarecidos, porém, sem deixar de 
reconhecer o estado de escuridão que ainda trazemos no íntimo do ser.
Nossos pobres olhos não podem divisar particularidades nesse des-
lumbramento, mas sabemos que o fio da luz e da vida está nas suas 
mãos. É Ele quem sustenta todos os elementos ativos e passivos da 
existência planetária. No seu coração augusto e misericordioso está 
o Verbo do princípio. Um sopro de sua vontade pode renovar todas 
as coisas, e um gesto seu pode transformar a fisionomia de todos os 
horizontes terrestres.11
Como Governador espiritual da Terra, Jesus fornece os meios 
e os recursos necessários ao aprendizado humano e, sob o seu jugo 
amorável, a Humanidade adquire a tão esperada iluminação espiritual.
Ele é a Luz do princípio e nas suas mãos misericordiosas repousam os 
destinos do mundo. Seu coração magnânimo é a fonte da vida para 
toda a humanidade terrestre. Sua mensagem de amor, no Evangelho, 
é a eterna palavra da ressurreição e dajustiça da fraternidade e da 
misericórdia. Todas as coisas humanas passarão, todas as coisas hu-
manas se modificarão. Ele, porém, é a Luz de todas as vidas terrestres, 
inacessível ao tempo e à destruição.12
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 2
81
Identificando e aceitando a luz do Mestre, as criaturas humanas 
transformam-se, pouco a pouco, em instrumentos de auxílio, em au-
tênticos discípulos, que sabem refletir a luz do Evangelho nas inúmeras 
atividades de amor e caridade. Tais discípulos são assim denominados 
pelo Mestre: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14).
 » Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, 
e achará pastagens. [...] Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua 
vida pelas ovelhas (Jo 10:9 e11).
A porta é uma passagem situada entre dois ambientes que, no 
sentido do Evangelho, expressa níveis de entendimento ou de planos 
evolutivos. A passagem de um lado para o outro está intermediada pela 
porta, aqui claramente representada pelo Cristo. Quer isso dizer que 
as oportunidades de progresso, advindas das provações ou em razão 
de escolhas sensatas, são concessões que Jesus faz aos seres humanos, 
em nome de Deus.
Há também outro sentido para “porta”. Pode indicar sinal de 
renovação mental, ou mudanças de atitudes e de comportamentos. 
Devemos considerar, porém, que nem sempre o desejo de melhoria 
corresponde a ações efetivas.
Quando notarmos a presença de um crente de boa palavra, mas sem o 
íntimo renovado, dirigindo-se ao Mestre como um prisioneiro carre-
gado de cadeias, estejamos certos de que esse irmão pode estar à porta 
do Cristo, pela sinceridade das intenções; no entanto, não conseguiu, 
ainda, a penetração no santuário de seu amor.8
Encontramos muitas portas na vida: as “portas largas” que con-
duzem às perturbações e às desarmonias espirituais. Da mesma forma, 
existem “portas estreitas”, caracterizadas pela renúncia aos valores 
transitórios e às ilusões da matéria. (Mt 7:13-14.) Com o Cristo, porém, 
a palavra “porta” apresenta grande significância, porque quando Ele 
afirma “Eu sou a porta”, acrescenta, em seguida: “se alguém entrar por 
mim, salvar-se-á”. Jesus é, assim, meio de progresso moral-intelectual 
e salvação. É o Guia e Modelo da Humanidade.6
Jesus é a referência legítima do bem e da felicidade. Simbolizando-
-se como porta, demonstra que a sua mensagem conduz a um patamar 
mais amplo, mais elevado, fértil de valores edificantes para o Espírito.
O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral 
evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 2
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e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a 
caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma 
solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar 
a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a 
habitam. É a lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que 
se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para 
fazer que a Humanidade avance.5
No final do versículo nove, da citação de João, o Mestre afirma: 
“Salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens”. Percebe-se, aqui, 
que a ideia de “salvar-se” não é algo estático ou passivo. Envolve 
movimentação de um nível evolutivo para outro, determinada por 
ações precisas. “Salvar-se” significa integrar-se ao serviço do Cristo, 
colocar-se à sua disposição, onde o indivíduo encontrará sempre 
oportunidades de realizações nobres (“achará pastagens”).
Fica claro também que a pessoa é salva porque se libertou ou 
encontrase em processo de libertação das próprias imperfeições. O 
Espírito é livre a partir do momento que aceita e vivência ensina-
mentos do Cristo (“a porta”). Sendo livre, “entrará, e sairá, e achará 
pastagens”, ou seja, é capaz de vencer as tentações do caminho porque 
a sua alimentação mental, “a pastagem”, agora, é farta, decorrente da 
sua nova atuação no cenário da vida: a vitória sobre si mesmo, sobre 
as próprias imperfeições.
 » Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão 
por mim (Jo14:6).
A autoridade de Jesus é de cunho moral. A que se impõe, natu-
ralmente, sem ofensas e violências. É a autoridade do amor. O dia em 
que a Humanidade tiver conhecimento da mensagem do Cristo, uma 
nova ordem se estabelecerá no planeta, que de mundo de expiação e 
provas se elevará à categoria de regeneração. Os seres humanos, mais 
fraternos e solidários, entenderão e aceitarão a liderança real, legítima 
e verdadeira: a de Jesus.
A liderança real, no caminho da vida, não tem alicerces em recursos 
amoedados. Não se encastela simplesmente em notoriedade de qual-
quer natureza. Não depende unicamente da argúcia ou sagacidade. 
Nem é fruto da erudição pretensiosa. A chefia durável pertencem aos 
que se ausentam de si mesmos, buscando os semelhantes para servi-
-los... Esquecendo as luzes transitórias da ribalta do mundo... renun-
ciando à concretização de sonhos pessoais em favor das realizações 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 2
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coletivas.... Obedecendo aos estímulos e avisos da consciência... E 
por amar a todos sem reclamar amor para si, embora na condição 
de servo de todos, faz-se amado da vida, que nele concentra seus 
interesses fundamentais.13
Existindo uma sociedade mais pacífica na Terra, unida por um 
laço de sincera fraternidade, a Humanidade compreenderá, finalmente, 
o significado de o Cristo ser o Caminho, a Verdade e a Vida.
Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz imperecível brilha sobre 
os milênios terrestres, como o Verbo do princípio, penetrando [...]. 
Lutas sanguinárias, guerras de extermínio, calamidades sociais não lhe 
modificaram um til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com 
a evolução multiforme da Terra. Tempestades de sangue e lágrimas 
nada mais fizeram que avivar-lhes a grandeza. Entretanto, sempre 
tardios no aproveitamento das oportunidades preciosas, muitas vezes, 
no curso das existências renovadas, temos desprezado o Caminho, 
indiferentes ante os patrimônios da Verdade e da Vida. 
O Senhor, contudo, nunca nos deixou desamparados. 
Cada dia, reforma os títulos de tolerância para com as nossas dívidas; 
todavia, é de nosso próprio interesse levantar o padrão da vontade, 
estabelecer disciplinas para uso pessoal e reeducar a nós mesmos, ao 
contato do Mestre divino. Ele é o Amigo generoso, mas tantas vezes 
lhe olvidamos o conselho que somos suscetíveis de atingir obscuras 
zonas de adiamento indefinível de nossa iluminação interior para a 
vida eterna.7
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 1, item 3, p. 58.
2. _____._____. Item 4, p. 58-59.
3. _____._____. p. 59.
4. _____._____. Item 5, p.59.
5. _____._____. Item 9, p. 62-63.
6. _____. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 
2007. Questão 625, p. 346.
7. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. 
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Introdução: Interpretação dos textos sagrados, p. 13-14.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 2
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8. _____._____. Cap. 7 (Tudo novo), p. 30.
9. _____._____. Cap. 11 (Conforto), p. 38.
10. _____._____. Cap. 54 (A videira), p. 124.
11. _____. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. 
Introdução, p.15.
12. _____._____. p. 16.
13. XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. O espírito da verdade. Por diversos Es-
píritos. 16. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 64 (O primeiro: mensagem do Espírito 
Emmanuel), p. 152.
Orientações ao monitor
Como motivação inicial, pedir aos participantes que informem 
os diferentes significados da palavra autoridade. Dividir, em seguida, 
a turma em pequenos grupos para o estudo dos textos evangélicos, 
citados neste Roteiro. Promover, em seguida, ampla análise do assunto, 
mantendo-se atento às orientaçõesespíritas correspondentes.
EADE – LIVRO III | MÓDULO II
ENSINOS DIRETOS DE JESUS
Roteiro 3
A CASA EDIFICADA 
SOBRE A ROCHA
Objetivos
 » Analisar, à luz da Doutrina Espírita, o simbolismo da “casa construída 
sobre a rocha”, constante em Mateus, 7:24-27 e em Lucas, 6:46-49.
 » Esclarecer por que todas as pessoas podem e devem colocar em prática 
os ensinamentos de Jesus.
Ideias principais
 » Todos os que reconhecem a missão de Jesus dizem: Senhor! Senhor! 
— De que serve, porém, lhe chamarem Mestre ou Senhor, se não 
lhe seguem os preceitos? [...] Allan Kardec: O evangelho segundo o 
espiritismo. Cap. XVIII, item 9.
 » São eternas as palavras de Jesus, porque são a verdade. [...] Eis por 
que todas as instituições humanas, políticas, sociais e religiosas, que se 
apoiarem nessas palavras, serão estáveis como a casa construída sobre 
a rocha. [...] Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. 
XVIII, item 9.
 » Na qualidade de político ou de varredor, num palácio ou numa choupa-
na, o homem da Terra pode fazer o que lhe ensinou Jesus. Emmanuel: 
Caminho, verdade e vida. Cap. 47.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 3
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Subsídios
1. Texto evangélico
E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? 
Qualquer que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as observa, eu 
vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante ao homem que edificou 
uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre rocha; e, 
vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa e não a 
pôde abalar, porque estava fundada sobre rocha. Mas o que ouve e não 
pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem 
alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande 
a ruína daquela casa. (Lucas, 6:46-49.)
Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, 
assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a 
rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e comba-
teram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E 
aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei 
ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a 
chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, 
e caiu, e foi grande a sua queda. (Mateus, 7:24-27.)
Por esse ensinamento de Jesus, registrado por Lucas e por 
Mateus, identificamos duas questões fundamentais, dirigidas a todo 
cristão, independentemente da interpretação religiosa que segue: 1) 
a importância de colocar em prática os ensinamentos de Jesus; 2) a 
sabedoria, ou prudência, em edificar o próprio caráter em bases sólidas. 
A propósito, esclarece Kardec:
Todos os que reconhecem a missão de Jesus dizem: Senhor! Senhor! 
– De que serve, porém, lhe chamarem Mestre ou Senhor, se não lhe 
seguem os preceitos? Serão cristãos os que o honram com exteriores 
atos de devoção e, ao mesmo tempo, sacrificam ao orgulho, ao egoís-
mo, à cupidez e a todas as suas paixões? Serão seus discípulos os que 
passam os dias em oração e não se mostram nem melhores, nem mais 
caridosos, nem mais indulgentes para com seus semelhantes? Não, 
porquanto, do mesmo modo que os fariseus, eles têm a prece nos 
lábios e não no coração. [...] Não espereis dobrar a Justiça do Senhor 
pela multiplicidade das vossas palavras e das vossas genuflexões. 
O caminho único que vos está aberto, para achardes graça perante 
Ele, é o da prática sincera da lei de amor e de caridade. 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 3
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[...] Eis por que todas as instituições humanas, políticas, sociais e re-
ligiosas, que se apoiarem nessas palavras, serão estáveis como a casa 
construída sobre a rocha.[...]1
2. Interpretação do texto evangélico
 » E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? (Lc 6:46).
No Velho Testamento, a palavra “Senhor” faz referência exclusiva 
a Deus (do hebraico Yhvh, transliterado para Yahweh, Javé ou Jeová),3 
Criador supremo, também chamado de “O Eterno”. Nessa escritura 
bíblica existe também a palavra Adonay indicativa de “Senhor”.
[Adonay] é [...] uma forma plural que designa Deus como ser pleno 
de vida e poder. Significa “Senhor”, ou em sua forma extensiva, 
“Senhor de senhores”, e “Senhor de toda a Terra”, apontando Deus 
como governante a quem tudo está sujeito e com quem o homem está 
relacionado como servo (Gn 18:27). Era a forma favorita do nome 
divino pelo escritores judeus posteriores, os quais usavam-na para 
substituir o nome sagrado YHVH.2
Importa considerar, porém, que seguindo a tradição definida 
pelos escritores da Septuaginta (tradução grega das escrituras hebrai-
cas), as modernas traduções do Velho Testamento usam a palavra 
“Senhor” como equivalente de YHVH (Javé), “[...] A forma JAVÉ é 
a mais aceita entre os eruditos. A forma JEOVÁ (JEHOAH), que só 
aparece a partir de 1518, não é recomendável por ser híbrida, isto é, 
consta da mistura das consoantes de YHVH (o Eterno) com as vogais 
de ADONAY (Senhor).7
No Novo Testamento, o vocábulo “Senhor” é usado tanto para 
Deus, o Pai, como para Jesus, o Filho — também confundido, equivo-
cadamente, com Deus por algumas religiões cristãs —, “[...] sendo às 
vezes impossível afirmar com certeza de qual dos dois se está falando”.7
Referências históricas à parte, o que realmente é essencial diz 
respeito à vivência da mensagem do Cristo. Trata-se de questão que 
todo cristão, todo espírita, deve analisar com seriedade.
São eternas as palavras de Jesus, porque são a verdade. Constituem 
não só a salvaguarda da vida celeste, mas também o penhor da paz, 
da tranquilidade e da estabilidade nas coisas da vida terrestre. [...] Os 
homens as conservarão porque se sentirão felizes nelas. As que, porém, 
forem uma violação daquelas palavras, serão como a casa edificada 
na areia: o vento das renovações e o rio do progresso as arrastarão.1
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 3
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Considerando o período de tempo que a mensagem cristã se 
encontra entre nós, entende-se que um esforço maior deva ser levado 
avante pelos cristãos — notadamente o espírita que detém maiores 
esclarecimentos sobre as consequências dos seus atos —, no sentido 
de vivenciá-la, tendo em vista esta orientação do apóstolo Tiago: “E 
sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos 
com falsos discursos” (Tg 1:22).
Falsos discursos enganaram indivíduos, famílias e nações. Acreditaram 
alguns em promessas vãs, outros em teorias falaciosas, outros, ainda, 
em perspectivas de liberdade sem obrigações. E raças, agrupamentos e 
criaturas, identificando a ilusão, atritam-se, mutuamente, procurando 
a paternidade das culpas. 
[...] 
No turbilhão de lutas, todavia, o amigo do Cristo pode valer-se do 
tesouro evangélico, em proveito de sua esfera individual. 
Cumprir a palavra do Mestre em nós é o programa divino. Sem a 
execução desse plano de salvação, os demais serviços sob nossa res-
ponsabilidade constituirão sublimada teologia, raciocínios brilhantes, 
magnífica literatura, muita admiração e respeito do campo inferior 
do mundo, mas nunca a realização necessária. 
Eis o motivo pelo qual é sempre perigoso estacionar, no caminho, a 
ouvir quem foge à realidade de nossos deveres.12
Fazendo uma reflexão mais apurada, percebemos que não con-
seguimos nos furtar de certo constrangimento, de vergonha mesmo, 
quando deparamos com a interrogação do Mestre: “E por que me 
chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?”
Em lamentável indiferença, muitas pessoas esperam pela morte do 
corpo, a fim de ouvirem as sublimes palavras do Cristo. 
Não se compreende, porém, o motivo de semelhante propósito. O 
Mestre permanece vivo em seu Evangelho de amor e luz. 
É desnecessário aguardar ocasiões solenes para que lhe ouçamos os 
ensinamentos sublimes e claros.
[...] 
Tais companheiros não sabem ouvir o Mestre divino em seu verbo 
imortal. Ignoram que o serviço deles é aquele a que foram chamados, 
por mais humildes lhes pareçam as atividadesa que se ajustam. 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 3
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Na qualidade de político ou de varredor, num palácio ou numa chou-
pana, o homem da Terra pode fazer o que lhe ensinou Jesus. 
É por isso que a oportuna pergunta do Senhor deveria gravar-se de 
maneira indelével em todos os templos, para que os discípulos, em lhe 
pronunciando o nome, nunca se esqueçam de atender, sinceramente, 
às recomendações do seu verbo sublime.9
 » Qualquer que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as observa, eu 
vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante ao homem que edificou 
uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre rocha; e, 
vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa e não a 
pôde abalar, porque estava fundada sobre rocha. Mas o que ouve e não 
pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem 
alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande 
a ruína daquela casa (Lc 6:47-49).
Observar os ensinamentos de Jesus (“as palavras”) significa ad-
quirir força moral necessária, a que impulsiona a evolução espiritual 
do ser, que o protege quando se encontra sob o peso das provações. 
“Com o espírito fortificado pelo conhecimento que possuímos das 
leis divinas, facilmente triunfaremos das vicissitudes terrenas e edifi-
caremos nossas vidas em bases sólidas, que não poderão ser abaladas 
pelas ilusões da Terra.”5
É interessante verificar que o Mestre destaca, entre todos os discípu-
los, aquele que lhe ouve os ensinamentos e os pratica. Daí se conclui 
que os homens de fé não são aqueles apenas palavrosos e entusiastas, 
mas os que são portadores igualmente da atenção e da boa vontade, 
perante as lições de Jesus, examinando-lhes o conteúdo espiritual para 
o trabalho de aplicação no esforço diário.11
A pessoa que ouve e coloca em prática a mensagem cristã revela-
-se como sábia, prudente. Orientando-se pelo Evangelho, o Espírito se 
coloca acima das coisas transitórias, comuns da vida no plano físico, 
porque segue o roteiro moral seguro de combate às imperfeições que 
ainda possui. Nisso se resume a “edificação da casa sobre a rocha”.
Um dos principais pontos onde poderemos fracassar é a não observân-
cia das lições do Evangelho, com conhecimento de causa. Uma vez que 
estudamos as leis divinas, temos obrigação de viver de acordo com elas. 
O Evangelho não é um repositório de máximas para o uso dos outros 
apenas, mas, principalmente, para nosso próprio uso. Os que pregam 
e ensinam e, todavia, não vivem em harmonia com o que ensinam e 
pregam, estão construindo a casa sobre a areia [ou terra].[...] Outros que 
também fracassam são aqueles que não possuem a força moral suficiente 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 3
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para seguirem a orientação espiritual que pediram e receberam, mas que 
não veio consoante seus desejos. [...] Finalizando, podemos dizer que 
também constroem sobre a areia aqueles que não aceitam resignadamen-
te as provas e as expiações que lhes couberam; e os que usam dos bens 
que o Senhor lhes confiou, unicamente para a satisfação do seu egoísmo.6 
Cristo simbolizou a edificação do caráter humano por meio de 
uma casa assentada sobre a rocha, uma casa de base sólida, contra a 
qual as tormentas e as tempestades da vida são incapazes de destruir 
ou abalar. Essa lição é muito atual, pois vivemos uma época difícil, em 
que os valores morais são questionados. Nesse sentido, toda prudência 
é pouca, a fim de que, inadvertidamente, venhamos a construir nossa 
casa sobre a areia, fácil de ruir e, em consequência, provocar grandes 
sofrimentos ou ruínas a nós próprios e ao próximo.
Não se pode esquecer, também, que toda edificação de valores 
espirituais eternos deve erguer-se, no dia a dia, pedra a pedra, tijolo a 
tijolo, unidos com o cimento da atenção, da vigilância e da perseverança.
A contrução do caráter, ou a sua melhoria, não deve restringir-se 
às boas intenções, mas ao esforço disciplinado de combate às imper-
feições e às más inclinações.
A frase evangélica: “Qualquer um que vem a mim, e ouve as 
minhas palavras, e as observa [...]’’ está dirigida a quem ouve com aten-
ção, que se esforça em entender ou assimilar a lição para, em seguida, 
colocá-la em prática. A vontade de se transformar em pessoa de bem é o 
primeiro passo, em continuidade, é necessário vivenciar esse propósito.
Os que vivem na certeza das promessas divinas são os que guardam 
a fé no poder relativo que lhes foi confiado e, aumentando-o pelo 
próprio esforço, prosseguem nas edificações definitivas, com vistas 
à eternidade. 
Os que, no entanto, permanecem desalentados quanto às suas possibi-
lidades, esperando em promessas humanas, dão a ideia de fragmentos 
de cortiça, sem finalidade própria, ao sabor das águas, sem roteiro e 
sem ancoradouro. 
[...] 
Na esfera de cada criatura, Deus pode tudo; não dispensa, porém, a 
cooperação, a vontade e a confiança do filho para realizar.[...]10
Sem dúvida, a exemplificação dos ensinos do Mestre tem sido o 
maior desafio enfrentado pelo cristão. “Edificar a casa de modo seguro 
e adequado é a meta do progresso espiritual. Para que tal solidez seja 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 3
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alcançada, necessitamos de componentes selecionados, de disposição 
para o trabalho, perseverança e projeto bem definido.”4
As chuvas, ventos, enchentes e correntes de água, citados no tex-
to de Mateus e no de Lucas, representam as dificuldades, as intempéries 
que assolam a existência humana, sobretudo quando o indivíduo se 
dispõe a melhorar. São as provações e os desafios da vida.
Devemos considerar, porém, que há Espíritos que diante do 
ensino de Jesus deixam-se conduzir por uma torrente de entusiasmo 
contraproducente. São criaturas boas, mas precipitadas. Querem trans-
formar-se de um dia para o outro, sem dispensar os devidos cuidados 
exigidos no processo de edificação moral: estudo, exemplos, esforço, 
experiência. Sabemos que são poucas as pessoas que conseguem, por 
esforço hercúleo, mudarem rapidamente de posição evolutiva, num 
reduzido espaço de tempo. Na verdade, não devemos ser excessivamente 
morosos nas nossas conquistas espirituais, nem imprudentes.
Tal situação nos faz lembrar esta outra citação do Evangelho: 
“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro 
a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que 
não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não a podendo 
acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: 
Este homem começou a edificar e não pôde acabar” (Lc 14:28-30). O 
Espírito Emmanuel se pronuncia a respeito do assunto.
Constitui objeto de observação singular as circunstâncias do Mestre se 
referir, à essa altura dos ensinamentos evangélicos, à uma torre, quando 
deseja simbolizar o esforço de elevação espiritual por parte da criatura.
A torre e a casa são construções muito diversas entre si. A primeira 
é fortaleza, a segunda é habitação. A casa proporciona aconchego, a 
torre dilata a visão. Um homem de bem, integrado no conhecimento 
espiritual e praticando-lhe os princípios sagrados está em sua casa, 
edificando a torre divina da iluminação, ao mesmo tempo. Em regra 
vulgar, porém, o que se observa no mundo é o número espontâneo de 
pessoas que nem cuidaram ainda da construção da casa interior e já 
falam calorosamente sobre a torre, de que se acham tão distantes. Não 
é fácil o serviço profundo da elevação espiritual, nem é justo apenas 
pintar projetos sem intenção séria de edificação própria. É indispensável 
refletir nas contas, nos dias ásperos de trabalho, de autodisciplina. Para 
atingir o sublime desiderato, o homem precisará gastar o patrimônio 
das velhas arbitrariedades e só realizará esses gastos com o despren-
dimento sincero da vaidade humana e com excelente disposição para 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 3
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o trabalho da elevação de si mesmo, a fim de chegar ao término, dig-
namente. Queres construir uma torre de luz divina? Éjusto. Mas não 
comeces o esforço, antes de haver edificado a própria casa íntima.8
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 18, item 9, p. 330-331.
2. DOUGLAS, J. D. BRUCE, F. F. [et cols]. O novo dicionário da Bíblia. Tradução de João 
Bentes. 3. ed. rev. São Paulo: Vida Nova, 2006. Item: Palavras hebraicas para Deus: c) 
‘adonay, p. 332.
3. _____._____. Item: Nomes básicos: e) Yahweh, p.335.
4. GRUPO ESPÍRITA EMMANUEL. Luz imperecível. Coordenação de Honório Onofre de 
Abreu. 2. ed. Belo Horizonte: União Espírita Mineira, 1997. Cap. 44 (Edificação), p.138.
5. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Pensamento, 2003. Cap. 
7 (Continuação do sermão da montanha), p. 61.
6. _____._____. p. 63.
7. SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. Bíblia on-line. Módulo básico expandido. Item: 
Dicionários bíblicos. Verbete Senhor, encontrado em Mateus, 7:21 e 22.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Alma e luz. Pelo Espírito Emmanuel. 3. ed. Araras: IDE, 
2000. Cap. 15 (A torre), p.71-73.
9. _____. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 
2006. Cap. 47 (A grande pergunta), p. 109-110.
10. _____._____. Cap. 14 (Em ti mesmo), p. 43-44.
11. _____. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 9 
(Homens de fé), p. 33.
12. _____._____. Cap. 165 (Falsos discursos), p. 345-346
Orientações ao monitor
Elaborar, previamente, cerca de doze questões relacionadas às 
principais ideias desenvolvidas neste Roteiro. Em seguida, pedir aos 
participantes que formem um círculo para a realização de uma discus-
são em torno das questões elaboradas. Concluída a discussão, fazer o 
fechamento do estudo, tendo como referência o que está especificado 
nos objetivos citados na primeira página.
OBSERVAÇÃO: É importante que o tempo seja controlado har-
monicamente, de forma que cada participante possa ter oportunidade 
de emitir a sua opinião do assunto.
EADE – LIVRO III | MÓDULO II
ENSINOS DIRETOS DE JESUS
Roteiro 4
AS MORADAS NA 
CASA DO PAI
Objetivos
 » Explicar o significado destas palavras de Jesus: “Na casa de meu Pai 
há muitas moradas.” (João, 14:2.)
Ideias principais
 » A casa do Pai é o universo. As diferentes moradas são os mundos que 
circulam no espaço infinito.... Allan Kardec: O evangelho segundo o 
espiritismo. Cap. III, item 2.
 » Independentemente da diversidade dos mundos essas palavras de Jesus 
podem referir-se ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito na 
erraticidade [...] Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. 
Cap. III, item 2.
 » Ao longo do processo evolutivo, o Espírito [...] cresce no conhecimen-
to e aprimora-se na virtude, estruturando, pacientemente, no seio do 
espaço e do tempo, o veículo glorioso com que escalaremos, um dia, os 
impérios deslumbrantes da beleza imortal. Emmanuel: Roteiro. Cap. 4.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 4
94
Subsídios
1. Texto evangélico
Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em 
mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu 
vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar 
lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu 
estiver, estejais vós também. Mesmo vós sabeis para onde vou e conheceis 
o caminho. (João, 14:1-4.)
“As moradas da casa do Pai”, expressão cunhada por Jesus, é 
muito conhecida dos espíritas por representar um dos princípios da 
Doutrina Espírita. Tal ensinamento evangélico abrange, a rigor, três 
ordens de ideias.
A primeira refere-se à pluralidade dos mundos habitados 
no Universo.
A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos 
que circulam no espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles 
encarnam, moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos 
Espíritos.1
A segunda indica as regiões ou esferas vibracionais existentes 
no mundo espiritual para onde iremos após a desencarnação.
Independente da diversidade dos mundos, essas palavras de Jesus tam-
bém podem referirse ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito 
na erraticidade. Conforme se ache este mais ou menos depurado e 
desprendido dos laços materiais, variarão ao infinito o meio em que 
ele se encontre, o aspecto das coisas, as sensações que experimente, 
as percepções que tenha.1
A terceira tem relação com os níveis ou graus evolutivos 
(“moradas”) de cada Espírito, independentemente do plano de vida 
em que se situe. Esta é a razão de ser a Humanidade constituída por 
Espíritos de “[...] diferentes ordens, conforme o grau de perfeição 
que tenham alcançado”.5
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 4
95
2. Interpretação do texto evangélico
 » Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim 
(Jo 14:1).
Tais palavras foram proferidas durante a última ceia de Jesus, 
antes do seu martírio e crucificação. Fazem parte do conjunto das 
derradeiras instruções que o Mestre prestou aos discípulos, cuja tônica 
é despedir-se dos irmãos e irmãs que lhe compartilharam a existência 
durante os três anos em que pregou o seu Evangelho, e também firmar, 
mais uma vez, seu amor e compaixão por toda a Humanidade. No 
discurso de despedida, suas palavras estão saturadas de compaixão 
por todos os discípulos, do presente e do futuro, que em seu nome 
deveriam submeter-se aos mais ásperos testemunhos. O inequívoco 
sentimento de esperança, presente na exortação de Jesus, segundo o 
registro de João, manifesta-se na forma de um apelo que solicita aos 
seus seguidores manterem a fé na assistência do Criador supremo e, 
também, nele, o Messias celestial.
A confiança em Deus se torna dinâmica, atuante, renovadora, no 
momento em que depositamos fé no Cristo, pela aplicação em nossa 
vida prática dos postulados que nos legou, capazes de nos aproximar 
da Divindade; consoante a sua afirmativa: “Ninguém vem ao Pai, senão 
por mim.” (João, 14:6.)8
Os verbos turbar — que significa “causar ou sofrer perturba-
ção, desequilíbrio, alteração da ordem”11 — e crer são empregados de 
forma incisiva, no texto, porque há intenção de atingir diretamente 
os sentimentos dos ouvintes, não apenas o raciocínio, tendo em vista 
a necessidade de levantar-lhes o bom ânimo. Refletindo sobre esse 
ensinamento de Jesus (“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, 
crede também em mim”) e trazendo-o para os dias atuais, fazemos 
nossas as seguintes palavras do Espírito André Luiz:
A tempestade espanta. Entretanto, acentuar-nos-á a resistência, se sou-
bermos recebê-la. A dor dilacera. Mas aperfeiçoar-nos-á o coração, se 
buscarmos aproveitá-la. A incompreensão dói. Contudo, oferece-nos 
excelente oportunidade de compreender. A luta perturba. Todavia, será 
portadora de incalculáveis benefícios, se lhe aceitarmos o concurso. 
O desespero destrói. Diante dele, porém, encontramos ensejo de cul-
tivar a serenidade. O ódio enegrece. No entanto, descortina bendito 
horizonte à revelação do amor. A aflição esmaga. Abre-nos, todavia, 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 4
96
as portas da ação consoladora. O choque assombra. Nele, contudo, 
encontraremos abençoada renovação. A prova tortura. Sem ela, en-
tretanto, é impossível a aprendizagem. O obstáculo aborrece. Temos 
nele, porém, legítimo produtor de elevação e capacidade.13
 » Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo 
teria dito, pois vou preparar-vos lugar (Jo 14:2).
Do ensino dado pelos Espíritos, resulta que muito diferentes umas das 
outras são as condições dos mundos, quanto ao grau de adiantamento 
ou de inferioridade dos seus habitantes. Entre eles há os em que estes 
últimos são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros, 
da mesma categoria que o nosso; e outros que lhe são mais ou menos 
superiores a todos os respeitos. Nos mundos inferiores, a existência é 
toda material, reinam soberanas as paixões, sendo quase nula a vida 
moral. À medida que esta se desenvolve, diminuia influência da ma-
téria, de tal maneira que, nos mundos mais adiantados, a vida é, por 
assim dizer, toda espiritual.2
Por força da lei do progresso, à medida que o Espírito completa 
seu aprendizado num mundo, passa a habitar outro, e assim sucessi-
vamente, evoluindo sem cessar.
Quando, em um mundo, eles alcançam o grau de adiantamento que 
esse mundo comporta, passam para outro mais adiantado, e assim 
por diante, até que cheguem ao estado de puros Espíritos. São outras 
tantas estações, em cada uma das quais se lhes deparam elementos de 
progresso apropriados ao adiantamento que já conquistaram.3
Os Espíritos superiores relatam, por meio de médiuns confiáveis, 
que inúmeros são os mundos habitados no Universo, criados por Deus 
para atender a diferentes finalidades.
Sabemos hoje que moramos na Via Láctea — a galáxia comparável a 
imensa cidade nos domínios universais. Essa cidade possui mais de 
duzentos milhões de sóis, transportando consigo planetas, asteróides, 
cometas, meteoros, aluviões de poeira e toda uma infinidade de tur-
bilhões energéticos. Entre esses sóis está o nosso, modestíssimo foco 
de luz, considerando-se que Sirius, um de seus vizinhos, apresenta 
brilho quarenta vezes maior. E, acompanhando-o, a nossa Terra, com 
todo o cortejo de suas orgulhosas nações, tem a importância de uma 
“casa nos fundos”, visto que, se a Lua é satélite nosso, o Globo que nos 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 4
97
asila é satélite pequenino desse mesmo Sol que nos sustenta.[...] Nesse 
critério, vamos facilmente encontrar, em todos os círculos cósmicos, 
os seres vivos da asserção de Kardec, embora a instrumentação do 
homem não os divise a todos. Eles se desenvolvem através de inima-
gináveis graus evolutivos, cabendo-nos reconhecer que, em aludindo 
à pluralidade dos mundos habitados, não se deverá olvidar a gama 
infinita das vibrações e os estados múltiplos da matéria. Temos, assim, 
no Espaço incomensurável, mundos-berços e mundos-experiências, 
mundos-universidades e mundos-templos, mundos-oficinas e mun-
dos-reformatórios, mundos-hospitais e mundos-prisões. 17
A propósito, é oportuno informar sobre um planeta recém-desco-
berto, com características semelhantes à Terra. “O achado resultou em algo 
significativo para o astrônomo francês Xavier Bonfils, da Universidade 
de Lisboa, e para os seus colegas de estudo que, junto com ele esperam 
descobrir outros.”12 O planeta recebeu o nome de Gliese 581 c.
“As moradas na casa do meu Pai” também se aplica às diferentes 
dimensões espirituais existentes no além-túmulo, nitidamente carac-
terizadas na Série André Luiz. Sabemos que após a desencarnação 
o Espírito passa pela fase de reintegração no outro plano vibratório, 
onde dá continuidade a sua existência. Liberto do corpo físico, o seu 
perispírito revela propriedades e funções próprias que, sob o comando 
da mente, oferecem condições de adaptação na nova moradia.
Na moradia de continuidade para a qual se transfere, encontra, pois, 
o homem as mesmas leis de gravitação que controlam a Terra, com 
os dias e as noites marcando a conta do tempo, embora os rigores das 
estações estejam suprimidos pelos fatores de ambiente que assegu-
ram a harmonia da Natureza, estabelecendo clima quase constante e 
quase uniforme. [...] Plantas e animais domesticados pela inteligência 
humana, durante milênios, podem ser aí aclimatados e aprimorados, 
por determinados períodos de existência, ao fim dos quais regressam 
aos seus núcleos de origem no solo terrestre. [...] Ao longo dessas vas-
tíssimas regiões de matéria sutil que circundam o corpo ciclópico do 
Planeta, com extensas zonas cavitárias, sob linhas que lhes demarcam o 
início de aproveitamento, qual se observa na crosta da própria Terra, a 
estender-se da superfície continental até o leito dos oceanos, começam 
as povoações felizes e menos felizes, tanto quanto as aglomerações 
infernais de criaturas desencarnadas que, por temerem as formações 
dos próprios pensamentos, se refugiam nas sombras, receando ou 
detestando a presença da luz.18
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 4
98
No mundo espiritual, os Espíritos formam grupos ou famílias de 
acordo com as mútuas manifestações de simpatia, afeição ou afinidade. 4 
Esses grupos se organizam em comunidades, mais ou menos extensas, 
genericamente denominadas colônias espirituais, que apresentam todas 
as características de uma sociedade organizada, de acordo com a mo-
ralidade e conhecimento dos seus habitantes. Há nessas comunidades 
níveis ou regiões de sombra e de dor, de ventura e alegria, cuja gradação 
evolutiva forma uma escala que se desdobra ao infinito, conforme o 
progresso alcançado pelos Espíritos que aí vivem.
Antes mesmo da Codificação do Espiritismo, o vidente sueco 
Emmanuel Swedenborg nos informava que “[...] o outro mundo, para 
onde vamos após a morte, consiste de várias esferas, representando 
outros tantos graus de luminosidade e de felicidade; cada um de nós 
irá para aquela a que se adapta a nossa condição espiritual”.7
As “muitas moradas da casa do Pai” estão relacionadas, igualmente, 
aos degraus evolutivos que caracterizam a longa caminhada ascensional 
do Espírito, iniciada quando ele foi criado por Deus, ainda no estágio de 
“simples e ignorante” até o nível de Espírito puro, ou angélico. Recebemos, 
assim, inúmeras concessões do Criador, em razão da sua misericórdia, 
necessárias ao nosso aprimoramento espiritual. Tudo isso indica que o 
“[...] Pai forneceu ao filho homem a casa planetária, onde cada objeto 
se encontra em lugar próprio, aguardando somente o esforço digno e a 
palavra de ordem, para ensinar à criatura a arte de servir”.16
As moradas podem também ser representadas por planos, que se 
expressam por vibrações e não propriamente por lugar. Assim sendo, 
consoante o estado ou a província mental em que situamos as ações e 
as aspirações interiores, é que moldaremos o ambiente ou a “morada” 
evolutiva a que nos ligaremos no plano exterior. Sob este prisma a “Casa 
do Pai” é o íntimo de cada qual, e as “moradas”, os estados de alma 
que alimentamos consoante os nossos desejos e aspirações pessoais.9
De posse dessas informações, compreendemos a extensão que o 
símbolo “Casa do Pai” representa: os diferentes mundos do Universo, as 
moradias do plano espiritual ou níveis de progresso moral-intelectual. 
Dessa forma, entendemos que tudo “[...] é belo, tudo é grande, tudo 
é santo na casa de Deus”.3
 » E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim 
mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também. Mesmo vós sabeis 
para onde vou e conheceis o caminho (Jo 14:3-4).
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 4
99
Identificamos nesse texto mais uma promessa do Cristo, entre 
tantas com que nos abençoou a existência. “Preparar o lugar” revela a 
diligência do seu amor, a assistência contínua, manifestada diretamente 
por Ele ou pelos seus mensageiros celestiais. De acordo com o inte-
resse, disposição e esforço dos aprendizes são organizados caminhos 
e planos de trabalho.
Na categoria de nosso Guia e Orientador maior, Jesus segue à 
frente, oferecendo meios e recursos para que se concretize a nossa 
melhoria espiritual, de sorte que, quando estivermos livres das imper-
feições, estaremos definitivamente unidos ao seu coração.
Assim, as frases: “se eu for e vos preparar o lugar”; “virei outra 
vez”; “vos levarei para mim mesmo” e “onde eu estiver, estejais vós 
também” indicam as felizes possibilidades que nos reservam o futuro, 
junto ao Cristo, na situação de Espíritos redimidos. “Então, nossos 
sentimentos, pensamentos, palavras e ações serão semelhantes aos dele, 
na consolidação da sábia afirmativa contida no Evangelho: “Para que 
todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também 
eles sejam um em nós...” (Jo 17:21).”10
A afirmativa: “Para onde eu estiver estejais vós também” indica 
perfeita sintonia do discípulo com o Mestre. Trata-se do cumprimento 
do ideal de ser feliz, nossa herançaancestral, a qual deve ser perseguida 
intensamente ao longo dos tempos. Destacamos, ainda, os dois mo-
dos de conjugação do verbo estar (“estiver” e “estejais”), presentes na 
frase ora citada. Refletem, na verdade, o instante em que o discípulo 
se integra, definitivamente, ao Evangelho de Jesus. Nesse momento, 
acontece entre Jesus e o seu fiel servidor um nível de compreensão 
mútua, indicativa de que a criatura alcançou o estágio de Espírito puro. 
Toda essa caminhada, contudo, só acontece após um árduo trabalho 
de ascensão.
Sabia o Mestre que, até à construção do Reino divino na Terra, quantos 
o acompanhassem viveriam na condição de desajustados, trabalhando 
no progresso de todas as criaturas, todavia, “sem lugar” adequado aos 
sublimes ideais que entesouram. Efetivamente, o cristão leal, em toda 
parte, raramente recebe o respeito que lhe é devido: Por destoar, quase 
sempre, da coletividade, ainda não completamente cristianizada, sofre 
a descaridosa opinião de muitos. [...] Reconhecendo que o domicílio 
de seus seguidores não se ergue sobre o chão do mundo, prometeu 
Jesus que lhes prepararia lugar na vida mais alta.15
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 4
100
O versículo 4 do registro de João contém essa afirmativa: “Mesmo 
vós sabeis para onde vou e conhecereis o caminho”. A palavra “caminho” 
é de ocorrência comum nos registros do Evangelho, cuja ideia tem 
origem no fato de alguém seguir uma estrada pública onde se tornava 
conhecido pelos desejos e alvo que pretendia alcançar. Como metáfora 
religiosa, expressa a vontade e os propósitos de Deus para cada pessoa. 
No Novo Testamento, porém, há três significados específicos:6
“Caminho” como sinônimo de igreja cristã primitiva: Mas, 
como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do 
Caminho perante a multidão, retirou-se deles e separou os discípulos 
[...]. Naquele mesmo tempo, houve um não pequeno alvoroço acerca do 
Caminho. (Atos dos Apóstolos, 19:9 e 23.)
“Caminho” no sentido de rota, meio ou via da salvação: E porque 
estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há 
que a encontrem. (Mateus, 7:14.)
“Caminho” aplicado ao Cristo, referido a si mesmo, como meio 
de o Espírito chegar a Deus: Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a 
verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. (João, 14:6.)
Obviamente, a orientação de Jesus, sob análise (“mesmo vós 
sabeis para onde vou e conhecereis o caminho”), abrange os dois 
últimos conceitos: Jesus é o caminho da salvação, e, por Ele, iremos 
ao Pai e Criador.
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 3, item 2, p. 76.
2. _____._____. Item 3, p. 76-77.
3. _____._____. Item 5, p. 77.
4. _____._____. Cap. 4, item 18, p. 98.
5. _____. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 
2007. Questão 96, p.105.
6. DOUGLAS, J. D. BRUCE, F. F [et cols]. O novo dicionário da Bíblia. Tradução de João 
Bentes. 3.ed. rev. São Paulo: Vida Nova, 2006. Item: caminho, p. 189.
7. DOYLE, Arthur Conan. História do espiritismo. A História de Swedenborg. Tradução de 
Júlio Abreu Filho. São Paulo: Pensamento, 1960, p. 38.
8. GRUPO ESPÍRITA EMMANUEL. Luz imperecível. Coordenação de Honório Onofre de Abreu. 
2. ed. Belo Horizonte: União Espírita Mineira, 1997. Cap. 206 (Crescimento da fé), p. 553.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 4
101
9. _____._____. Cap. 207 (Moradas), p. 555.
10. _____._____. Cap. 208 (Transformação), p. 558.
11. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 2787.
12. SILVA, Davilson. Planeta parecido com a Terra é descoberto. In: Reformador. Rio de Janeiro, 
FEB, setembro de 2007. Ano 25, no. 2141, p. 345.
13. XAVIER, Francisco Cândido. Agenda cristã. Pelo Espírito André Luiz. 43. ed. Rio de 
Janeiro: FEB, 2005. Cap. 13 (Realmente), p. 49-51.
14. _____. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 35. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 11, 
(Glorifiquemos), p. 38.
15. _____._____. Cap. 44, (Tenhamos fé), p.107-108.
16. _____. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 4 
(Antes de servir), p. 23-24.
17. _____. Religião dos espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. 
Cap. Pluralidade dos mundos habitados, p. 219-220.
18. XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Pelo Espírito 
André Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 13 (Alma e fluidos), item: Vida na 
espiritualidade, p.120-122.
Orientações ao monitor
Fazer explanação do assunto por meio de uma exposição dialo-
gada, mas que permita a efetiva participação da turma, dirigindo aos 
participantes, sempre que possível, questões instigantes, pertinentes ao 
tema. Utilizar imagens como forma de ilustrar e dinamizar o estudo.
EADE – LIVRO III | MÓDULO II
ENSINOS DIRETOS DE JESUS
Roteiro 5
IMPOSITIVO DA RENOVAÇÃO
Objetivos
 » Explicar, à luz da Doutrina Espírita, o significado deste ensinamento 
de Jesus: “Ninguém deita remendo de pano novo em veste velha. [...] 
Nem se deita vinho novo em odres velhos”. (Mateus, 9:16-17.)
Ideias principais
 » As ideias materialistas assim como a interpretação literal do Evangelho, 
representam o remendo novo em veste velha ou o vinho novo em 
odres velhos, que podem conduzir o ser humano a uma existência 
desoladora, sem expectativa de mudanças para melhor. Neste aspecto, 
a Humanidade se defronta com uma ciência arrogante, uma [...] filo-
sofia e religião nebulosa, impalpáveis, dubitativas quando não ferozes 
e dogmáticas; o resultado aí temos nesta ebulição de ódios, de lutas e 
reivindicações, que dão ao nosso mundo na hora atual o aspecto de 
campo de batalhas sem prólogos nem epílogos. Editorial de Reformador, 
setembro de 1927.
 » Há indivíduos que se aferram à rotina, aos preconceitos sociais, às 
conveniências mundanas, ou por comodismo ou por orgulho. Quais 
odres velhos que não suportam vinho novo, tais pessoas são inacessíveis 
às ideias novas. Eliseu Rigonatti: O evangelho dos humildes. Cap. IX.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 5
104
Subsídios
1. Texto evangélico
Ninguém deita remendo de pano novo em veste velha, porque 
semelhante remendo rompe a veste, e faz-se maior a rotura. Nem se deita 
vinho novo em odres velhos; aliás, rompem-se os odres, e entorna-se o 
vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, 
e assim ambos se conservam. (Mateus, 9:16-17.)
Está implicita nessa mensagem de Jesus uma proposta de reno-
vação espiritual, relativa à aquisição de virtudes, base do processo de 
melhoria do ser humano. “A virtude, no mais alto grau, é o conjunto 
de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. 
Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do 
homem virtuoso.”2
A superioridade moral caracteriza o homem de bem, elemento 
da sociedade justa e pacífica do futuro. As principais qualidades do 
homem de bem são as seguintes:
O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor 
e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência 
sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se 
não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou vo-
luntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer 
queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. 
Deposita fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabe-
doria. [...] Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais 
acima dos bens temporais. [...]Possuído do sentimento de caridade e 
de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma 
[...]. Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços 
que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas 
consolações que prodigaliza aos aflitos. [...] O homem de bem é bom, 
humano e benevolente para com todos, sem distinçãode raças, nem de 
crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. [...] Em todas as 
circunstâncias, toma por guia a caridade [...]. Não alimenta ódio, nem 
rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece 
as ofensas [...]. É indulgente para as fraquezas alheias [...]. Nunca se 
compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 5
105
[...] Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em 
combatê-las. [...] Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus 
talentos, a expensas de outrem [...]. Não se envaidece da sua riqueza, 
nem de suas vantagens pessoais [...]. Se a ordem social colocou sob 
o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, 
porque são seus iguais perante Deus [...]. Finalmente, o homem de 
bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da 
Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.1
2. Interpretação do texto evangélico
 » Ninguém deita remendo de pano novo em veste velha, porque semelhante 
remendo rompe a veste, e faz-se maior a rotura (Mt 9:16).
O significado literal desta imagem elaborada por Jesus é de fácil 
compreensão: é trabalho inglório remendar roupa velha, desgastada 
pelo tempo de uso, com remendo novo. Tal tentativa ampliará a rotura, 
isto é, o rasgão ou ruptura.
Essa mensagem evangélica reflete profundas advertências para 
todos que querem afastar-se dos comportamentos infelizes e pre-
tendem operar no bem, seguindo os ensinamentos do Cristo. Neste 
sentido, o Evangelho, para ser integralmente entendido e vivenciado, 
requer rompimento com os antigos padrões comportamentais, assi-
milados ao longo das experiências reencarnatórias, aqui representados 
pelos símbolos “veste velha” e “odres velhos”, (pronuncia-se “ôdres”).
Quem deseja implementar mudanças de comportamento, 
priorizando a própria melhoria espiritual, deve estar consciente que a 
transformação precisa ocorrer sob novas bases. É ilusão querer colocar 
remendo nas imperfeições, maquiando-as, ainda que existam predis-
posições favoráveis. Quem age assim, falseia a verdade e se colocará, 
cedo ou tarde, numa posição constrangedora, quando num momento 
de descontrole os maus comportamentos assomarem à superfície da 
personalidade. Faz-se, pois, necessário que se associe à vontade de 
mudança, uma ação persistente.
Há indivíduos que se aferram à rotina, aos preconceitos sociais, às 
conveniências mundanas, ou por comodismo ou por orgulho. Quais 
odres velhos que não suportam vinho novo, tais pessoas são inaces-
síveis às ideias novas. Com pessoas dessa categoria, o trabalhador 
de boa vontade do Evangelho e do Espiritismo nada tem a fazer. É 
deixá-la entregues aos cuidados do Pai Celestial, que por meio das 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 5
106
reencarnações em ambientes diversos, lhes modificará a atitude men-
tal, transformando-as em odres novos, aptos a receberem o generoso 
vinho novo das ideias novas e progressista.5
Providências parciais, ou remendos na própria personalidade, 
sempre resultam frustrações, desilusões, que acabarão por trair e fazer 
sofrer o indivíduo quando este se vê frente a frente com a própria rea-
lidade. Assim, é importante fazer análise mais apurada destas incisivas 
exortações de Jesus: “ninguém deita remendo de pano novo em vestido 
velho”. “Nem se deita vinho novo em odres velhos”. Esta recomendação 
não se aplica à simples costura de roupas ou à produção de vinhos, 
menos ainda aos processos de renovação espiritual.
Um bom exemplo de transformação definitiva no bem, livre 
de autopiedade ou autocondescendência, encontra-se em (Marcos, 
10:42), que registra a seguinte cura de um cego:
Depois, foram para Jericó. E, saindo ele de Jericó com seus discípulos e 
uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado 
junto ao caminho, mendigando. E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, 
começou a clamar e a dizer: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de 
mim! E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada 
vez mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! E Jesus, parando, 
disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom 
ânimo; levanta-te, que ele te chama. E ele, lançando de si a sua capa, 
levantou-se e foi ter com Jesus. E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres 
que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista. E Jesus lhe 
disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.
A citação demonstra, em linhas gerais, o seguinte: Bartimeu não 
se limitou apenas ao desejo da própria cura, mas fez alarde de forma 
enfática, no momento em que identificou aquele que o curaria (“E, 
ouvindo que era Jesus de Nazaré”). Encontrando Jesus, ouviu o que Ele 
pregava e partiu para a ação: foi em busca da cura (“E ele, lançando de si 
a sua capa, levantou-se e foi ter com Jesus”). Ao suplicar auxílio de forma 
insistente foi notado tanto pelos que se sentiram constrangidos com a 
mudança revelada pelo mendigo, daí repreendê-lo, quanto pelo próprio 
Cristo que, acalmando-o, fez o cego testemunhar a vontade de curar-se. 
Por este motivo pergunta ao mendigo: “Que queres que te faça?”.
 » Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás, rompem-se os odres, e 
entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em 
odres novos, e assim ambos se conservam (Mt, 9:17).
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 5
107
A análise espírita dos dois versículos, tanto o 16, estudado no 
item anterior, quanto este, o 17, extrapola o sentido simbólico cla-
ramente expresso, pois, obviamente, Jesus estava dando muito mais 
do que lições de costura ou indicação sobre preferíveis processos de 
preparação de vinho.
O vinho foi amplamente trabalhado por Jesus em suas mensa-
gens. Assim, importa considerar que o vinho novo indica fermenta-
ção recente da uva, devendo ser colocado em recipientes adequados 
porque, durante o processo, há produção e expansão de gases que 
multiplicam o volume do líquido fermentado. Antigamente a fermen-
tação e o transporte de vinho eram feitos em recipientes denominados 
odres, espécie de saco feito de pele de animais. A expansão dos gases, 
decorrentes da fermentação, exigia que os odres fossem novos para não 
se romperem. Por outro lado, a fabricação cuidadosa do vinho evita a 
deterioração provocada por certos micróbios, em geral presentes nos 
vinhos velhos, quando muito manuseados.
Tais vinhos, assim como as vestes velhas, indicam que a 
Humanidade se defronta com uma ciência materialista, uma filoso-
fia obscura que discute os efeitos não as causas dos atos humanos, e, 
também, uma religião distanciada da vida, dogmática e inacessível.3
O resultado aí temos nesta ebulição de ódios, de lutas e reivindicações, 
que dão ao nosso mundo na hora atual o aspecto de campo de batalhas 
sem prólogos nem epílogos. Os sistemas políticos, impotentes para sin-
tonizar aspirações e anseios coletivos, oscilam entre anarquia e despotis-
mo; as legislações se ressentem do exclusivismo de interesses emergentes 
e flutuantes, sem balisas de equidade e justiça na consciência das massas. 
Todas as medidas e alvitres postos em equação, reduntam improfícuos 
e ruem fragorosamente na prática, porque de fato não têm a vivê-los e 
justificá-los mais que uma finalidade unilateral, por só decalcadas nas 
conveniências fortuitas de uma existência falaz e transitória.3
A produção de vinho, de forma correta, indica na mensagem 
um simbolismo que pode ser assim esclarecido: a maceração da uva é 
necessária para que surja o substrato ou essência do vinho. Da mesma 
forma, é preciso que o Espírito se entregue à “maceração” das provas 
existenciais através dos inevitáveis sacrifícios, afim de que surja a 
essência do homem de bem, liberto das imperfeições.
É necessário que se dê o renascimento do Espírito pela modificação 
das ideias, e do corpo, sem o que não se verá o Reino de Deus. 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 5
108
A estaoperação Paulo chamou “a substituição do homem novo pelo 
despojamento do homem velho”; e acrescentou: “os que são de Cristo 
se tornam novas criaturas.”6
Os ensinamentos espíritas além de oferecerem a chave para o 
entendimento da mensagem cristã, em sua pureza e sentido originais, 
esclarecem a criatura humana a respeito das consequências dos seus 
atos impensados e, também, como corrigi-los. O espírita deve estar 
consciente de que não é suficiente aceitar a doutrina que lhe ensina 
de onde vem, o que faz aqui e para onde vai.
A essa noção precisa ele acrescentar a de uma ética superior, a de uma 
lei moral absoluta — divina diremos — que legitime as vicissitudes e 
incertezas da própria vida, de modo a poder harmonizá-la com a dos 
semelhantes em justificados lances de justiça e liberdade. Assim e só 
assim ele compreenderá que o benefício próprio está no alheio bene-
fício; que a postergação dos direitos de outrem vale pela postergação 
dos seus direitos e que, se na luta pela vida corpórea e no ambiente 
psíquico, em suma, a reação é sempre igual à ação, o mesmo se dá 
para o ambiente espiritual, no plano universal.3
A aceitação do Evangelho de Jesus sem dogmas, sem interpreta-
ção literal, representa o vinho novo, livre de impurezas, que é colocado 
em odres novos, não contaminados, é proposta do Espiritismo, na sua 
feição de Cristianismo redivivo.
Essa mentalidade assim formada poderá, então e só então resistir aos 
embates e seduções do mundo e, onde quer que no mundo lhe seja 
dado irradiar influências estas serão benéficas por colimarem prin-
cípios e não pessoas, ideias e não interesses efêmeros, visando não 
já uma família restrita, uma classe, uma sociedade, um povo, mas a 
Humanidade no que esta tem de mais grandioso e se não afere não 
por um ciclo de gerações, mas de Eternidade.4
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 17, item 3, p. 307-309.
2. _____._____. Item 8, p.315.
3. FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Reformador. Ano 45, n.° 17, setembro de 1927. 
Editorial, p. 382.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 5
109
4. _____._____. p. 382-383.
5. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Pensamento, 2003. 
Cap. IX, item: O jejum, p.77.
6. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão: O Clarim, 2000. Item: 
Odres novos — vinho novo. Odres velhos — panos novos e vestidos velhos, p. 238-239.
Orientações ao monitor
Dividir a turma em pequenos grupos para o estudo do texto 
evangélico. Realizar, em seguida, um debate em que se analise os equí-
vocos das ideias materialistas e da interpretação literal do Evangelho, 
tendo como base os ensinamentos espíritas desenvolvidos neste Roteiro.
Como atividade extraclasse (veja anexo), escalar três participan-
tes para que façam a leitura dos temas a seguir indicados, cuja síntese 
será apresentada na próxima aula.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 5
110
Anexo
ATIVIDADE EXTRACLASSE
 » Resumo de tema indicado
 » Apresentação do resumo, em plenário
AUTOR OBRA ESPÍRITA E TEMA RESPONSÁVEL
XAVIER, Francisco C.,
pelo Espírito Emmanuel
Seara dos médiuns, edi-
tora FEB. Cap. 27, Pala-
vra, p. 89-91.
XAVIER, Francisco C.,
pelo Espírito Humberto de 
Campos
Reportagens de além-tú-
mulo, editora FEB. Cap. 34 
(A conselheira invigilante), 
p. 239-244.
VINÍCIUS
(Pedro Camargo)
Nas pegadas do mestre,
editora FEB. Cap. A pala-
vra da vida, p. 84-85.
EADE – LIVRO III | MÓDULO II
ENSINOS DIRETOS DE JESUS
Roteiro 6
PALAVRAS DE VIDA ETERNA
Objetivos
 » Esclarecer por que os ensinamentos de Jesus são “palavras de 
vida eterna”.
 » Refletir sobre o efeito da palavra nos relacionamentos sociais.
Ideias principais
 » As palavras do Cristo são de vida eterna porque consagram [...] 
a verdade.
Constituem não só a salvaguarda da vida celeste, mas também o penhor 
da paz, da tranquilidade e da estabilidade nas coisas da vida terrestre. 
Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XVIII, item 9.
 » A palavra vibra no alicerce de todos os males e de todos os bens do 
mundo.
Falando, o professor alça a mente dos aprendizes às culminâncias da 
educação, e, falando, o malfeitor arroja os companheiros para o fojo 
do crime. 
Sócrates falou e a visão filosófica foi alterada. 
Jesus falou e o Evangelho surgiu. 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 6
112
O verbo é plasma da inteligência, fio da inspiração, óleo do trabalho 
e base da escritura. Emmanuel: Seara dos médiuns. Cap. 27, Palavra.
Subsídios
1. Texto evangélico
Desde então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já 
não andavam com Ele. Então, disse Jesus aos doze: Quereis vós também 
retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos 
nós? Tu tens as palavras da vida eterna, e nós temos crido e conhecido 
que tu és o Cristo, o Filho de Deus. (João, 6:66-69.)
As palavras do Cristo são de vida eterna porque são verdadeiras. 
Atendem às necessidades e aos anseios de todos, os felizes e os infelizes, 
que viveram, vivem e viverão ao longo das eras. “Será eterno o seu 
código de moral, porque consagra as condições do bem que conduz 
o homem ao seu destino eterno.”2
É importante ficarmos atentos às palavras da vida eterna, tão 
úteis quanto necessárias ao nosso aprimoramento moral. Neste aspecto, 
aconselha Emmanuel:
Rodeiam-te as palavras, em todas as fases da luta e em todos os ângulos 
do caminho. Frases respeitáveis que se referem aos teus deveres. Verbo 
amigo trazido por dedicações que te reanimam e consolam. Opiniões 
acerca de assuntos que te não dizem respeito. Sugestões de variadas 
origens. Preleções valiosas. Discursos vazios que os teus ouvidos 
lançam ao vento. Palavras faladas... palavras escritas... [...] “Palavras, 
palavras, palavras...” Esquece aquelas que te incitam à inutilidade, 
aproveita quantas te mostram as obrigações justas e te ensinam a 
engrandecer a existência, mas não olvides as frases que te acordam 
para a luz e para o bem; elas podem penetrar o nosso coração, através 
de um amigo, de uma carta, de uma página ou de um livro, mas, no 
fundo, procedem sempre de Jesus, o divino Amigo das criaturas. Re-
tém contigo as palavras da vida eterna, porque são as santificadoras 
do espírito, na experiência de cada dia, e, sobretudo, o nosso seguro 
apoio mental nas horas difíceis das grandes renovações.5
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 6
113
2. Interpretação do texto evangélico
 » Desde então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não 
andavam com Ele (Jo 6:66).
Durante a sua missão, o Cristo enfrentou muitos obstáculos, 
sendo duramente criticado e perseguido, sobretudo por representan-
tes do clero. Nunca se abateu ou se revelou desiludido. Entretanto, 
abençoou e perdoou a todos, sem restrições.
A linguagem do Cristo sempre se afigurou a muitos aprendizes 
indecifrável e estranha. [...] Muita gente escuta a Boa-Nova, mas 
não lhe penetra os ensinamentos. Isso ocorre a muitos seguidores 
do Evangelho, porque se utilizam da força mental em outros setores. 
Creem vagamente no socorro celeste, nas horas de amargura, mos-
trando, porém, absoluto desinteresse ante o estudo e ante a aplicação 
das leis divinas. A preocupação da posse lhes absorve a existência.4
Como acontecia a alguns discípulos, à época do Cristo, nem 
sempre revelamos disposição para renunciar às infindáveis requisições 
do mundo e seguir Jesus. O apego a bens e a posições ainda exerce 
poderoso efeito sobre o nosso Espírito. A propósito, elucida o Espírito 
Lacordaire: “O amor aos bens terrenos constitui um dos mais fortes 
óbices ao vosso adiantamento moral e espiritual. Pelo apego à posse 
de tais bens, destruís as vossas faculdades de amar, com as aplicardes 
todas às coisas materiais”.1
A natureza humana se revela contraditória quando, frente a 
frente com o conhecimento verdadeiro, o qual eleva e engrandece o 
Espírito, deixa-se consumir por dúvidas, enredando-se nasmalhas de 
conflitos existenciais. De um lado fica evidente o desejo de seguir o 
bem, de envolver-se com ele, mas, em razão da escassez de fortaleza 
moral, a pessoa não consegue pôr em prática os ditames da vontade.
Esta é causa da maioria dos processos de fuga, os que pro-
duzem recuos perante os desafios da vida. As pessoas ficam, então, 
desorientadas e se deixam levar por temores infrutíferos, agindo da 
forma assinalada pelo registro do apóstolo João: “e tornam para trás”. 
Outros indivíduos são até corajosos, mas preferem manter-se no nível 
do conhecimento teórico, sem maiores implicações ou compromissos 
com a mudança de comportamento.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 6
114
Faz-se necessário perseverar no desenvolvimento do senso moral 
a fim de que o desejo de melhoria espiritual se transforme em ações efe-
tivas, porque, neste contexto, o conhecimento nem sempre é suficiente.
“Já não andavam com Ele” retrata, em alguns Espíritos, o efeito do 
entusiasmo passageiro, das decisões apressadas, não filtradas pelo bom 
senso, e que é o oposto da fé raciocinada. Não andar com Jesus significa 
também abandonar o trabalho digno, forjado na luta redentora. Vemos, 
assim, que no cotidiano somos sempre defrontados com desafios que 
nos apontam para o valor de aprimorar a capacidade de andar com o 
Cristo, até para demonstrar a nossa fidelidade ao Pai celestial.
Na causa de Deus, a fidelidade deve ser uma das primeiras virtudes. 
Onde o filho e o pai que não desejam estabelecer, como ideal de 
união, a confiança integral e recíproca? Nós não podemos duvidar 
da fidelidade do nosso Pai para conosco. Sua dedicação nos cerca os 
Espíritos, desde o primeiro dia. Ainda não o conhecíamos e já Ele nos 
amava. E, acaso, poderemos desdenhar a possibilidade da retribuição? 
Não seria repudiarmos o título de filhos amorosos, o fato de nos dei-
xarmos absorver no afastamento, favorecendo a negação? [...] Tudo 
na vida tem o preço que lhe corresponde. Se vacilais receosos ante as 
bênçãos do sacrifício e as alegrias do trabalho, meditai nos tributos 
que a fidelidade ao mundo exige. O prazer não costuma cobrar do 
homem um imposto alto e doloroso? Quanto pagarão, em flagelações 
íntimas, o vaidoso e o avarento? Qual o preço que o mundo reclama 
ao gozador e ao mentiroso?3
“Andar com Jesus” é, portanto, decisão séria, pessoal, intrans-
ferível. Se erguida sobre o alicerce do discernimento, aprendemos a 
conciliar as expectativas da vida no plano físico com as necessidades 
de melhoria espiritual.
 » Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: 
Senhor, para quem iremos nós? (Jo, 6:67-68).
Estas palavras de Jesus: “Quereis vós também retirar-vos?” 
devem ser meditadas com mais profundidade. Elas nos fazem ver 
que perante as grandes decisões que repercutem em nossa existência, 
somos convocados a agir como espíritas. A despeito da pergunta ser 
dirigida aos apóstolos, que possuíam melhor entendimento e maior 
capacidade de servir, aplica-se a nós, também, já esclarecidos à luz 
dos princípios espíritas.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 6
115
Independentemente dos desafios que iremos deparar, dos 
testemunhos ou renúncias que exemplificaremos, não devemos 
sucumbir ao desespero e fugir aos deveres. Não é por acaso que o 
Espiritismo está presente na nossa vida. É por esta razão que Jesus 
afirmou, em outra oportunidade: “E a qualquer que muito for dado, 
muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe 
pedirá” (Lc 12:48). Diante do sofrimento, sobretudo, jamais devemos 
nos afastar do Cristo, mas estreitar mais os laços afetivos com Ele.
À medida que o Mestre revelava novas características de sua dou-
trina de amor, os seguidores, então numerosos, penetravam mais 
vastos círculos no domínio da responsabilidade. Muitos deles, 
em razão disso, receosos do dever que lhes caberia, afastaram-se, 
discretos, do cenáculo acolhedor de Cafarnaum. O Cristo, entre-
tanto, consciente das obrigações de ordem divina, longe de violar 
os princípios da liberdade, reuniu a pequena assembleia que restava 
e interrogou aos discípulos:
Também vós quereis retirar-vos?
Foi nessa circunstância que Pedro emitiu a resposta sábia, para sempre 
gravada no edifício cristão. Realmente, quem começa o serviço de 
espiritualidade superior com Jesus jamais sentirá emoções idênticas, 
a distância dele. [...] Quem comunga efetivamente no banquete da 
revelação cristã, em tempo algum olvidará o Mestre amoroso que lhe 
endereçou o convite. Por este motivo, Simão Pedro perguntou com 
muita propriedade:
Senhor, para quem iremos nós?8
Partindo do princípio de que a Doutrina Espírita é o Consolador 
prometido, o Cristianismo redivivo, não podemos alegar ignorância 
a respeito dos seus princípios quando as dificuldades da caminhada 
evolutiva se revelam mais ásperas. Ao contrário, esse é o momento 
exato para revelarmos a firmeza da nossa fé, sem temer os obstáculos 
que atracam no porto da nossa existência sob a forma de provações. 
Armados do escudo da coragem, da perseverança e da confiança ir-
restrita no Cristo, sairemos vitoriosos.
 » Tu tens as palavras da vida eterna, e nós temos crido e conhecido que 
tu és o Cristo, o Filho de Deus (Jo, 6:68-69).
Não podemos esquecer do valor da palavra no processo da 
comunicação e do relacionamento humano. Ainda que o exemplo 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 6
116
arrasta, a palavra, em si, é neutra. Está sempre sujeita à intenção de 
quem a pronuncia: harmonizar ou degradar. É força poderosa porque 
plasma as ideias transmitidas pelo pensamento.
A palavra é vigoroso fio da sugestão. É por ela que recolhemos ensi-
namento dos grandes orientadores da Humanidade, na tradição oral, 
mas igualmente com ela recebemos toda espécie de informações no 
plano evolutivo em que se nos apresenta a luta diária. Por isso mes-
mo, se é importante saber como falas, é mais importante saber como 
ouves, porquanto, segundo ouvimos, nossa frase semeará bálsamo ou 
veneno, paz ou discórdia, treva ou luz.7
É, pois, medida de prudência jamais descuidar da palavra na 
nossa conduta, mesmo posicionados como aprendizes do Evangelho. 
“Se buscamos o Cristo, decerto é necessário refleti-lo. É imprescindí-
vel, assim, saibamos agir como se lhe fossemos representantes fiéis, 
no caminho em que estagiamos.”6
Mais uma vez o venerável apóstolo revela a sua superioridade 
espiritual, e, igualmente, fé incomparável no Senhor, o Messias, quan-
do expressa de forma singela, mas verdadeira: “Tu tens as palavras 
da vida eterna e nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o 
filho de Deus.”
Dentre as expressões verbalistas articuladas ou silenciosas, junto das 
quais a tua mente se desenvolve, encontrarás, porém, as palavras da 
vida eterna. Guarda teu coração à escuta. Nascem do amor insondável 
do Cristo, como a água pura do seio imenso da Terra. Muitas vezes te 
manténs despercebido e não lhes assinalas o aviso, o cântico, a lição e a 
beleza. Vigia no mundo, isolado de ti mesmo, para que lhes não percas 
o sabor e a claridade. Exortam-te a considerar a grandeza de Deus e a 
viver de conformidade com as suas Leis. Referem-se ao Planeta como 
nosso lar e à Humanidade como a nossa família. Revelam no amor 
o laço que nos une a todos. Indicam no trabalho o nosso roteiro de 
evolução e aperfeiçoamento. Descerram os horizontes divinos da vida 
e ensinam-nos a levantar os olhos para o mais alto e para o mais além.5
As palavras da vida eterna simbolizam o Evangelho de Jesus, 
legado abençoado que aponta diretrizes seguras que devem nortear o 
nosso aprendizado na escalada evolutiva.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 6
117
Jesus indicou a estrada e seguiu-a; pregou a fé e viveu-a; induziu 
discípulos e companheiros à coragem e demonstrou-a em si mesmo; 
difundiu a lição do amor, entregando-se amorosamente a cada um, 
expôs a necessidade do sacrifício pessoal e sacrificou-se; exaltou a 
beleza do verbo dar e deu sem recompensa; engrandeceu a confiançano Pai e foi fiel até o fim.9
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 16, item 14, p. 299.
2. _____. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 17, 
item 26, p. 432.
3. XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Campos (Irmão X). 
35. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 6 (Fidelidade a Deus), p. 44-45.
4. _____. Fonte viva. Cap. 48 (Diante do Senhor), p.117.
5. _____._____. Cap. 59 (Palavras da vida eterna), p.147-149.
6. _____. Palavras de vida eterna. Pelo Espírito Emmanuel. 33. ed. Uberaba: Comunhão 
Espírita Cristã, 2005. Cap. 22 (Na palavra e na ação), p. 57.
7. _____._____. Cap. 52 (Palavra falada), p. 121.
8. _____. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 151 
(Ninguém se retira), p.317-318.
9. _____. Reportagens de além-túmulo. Pelo Espírito Humberto de Campos. 10. ed. Rio de 
Janeiro: FEB, 2004. Cap. 34 (A conselheira invigilante), p. 244.
Orientações ao monitor
Pedir aos participantes escalados para realizar a atividade 
 extraclasse (veja anexo), solicitada na reunião anterior, que apresentem 
a síntese da página estudada. Em sequência, fazer breve exposição 
sobre o texto de João, objeto de estudo deste Roteiro. Após a explana-
ção, debater o tema em plenária, fazendo correlações com o resumo 
apresentado no início da reunião.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 6
118
Anexo
ATIVIDADE EXTRACLASSE
 » Resumo de tema indicado
 » Apresentação do resumo, em plenário
AUTOR
OBRA ESPÍRITA E 
TEMA
RESPONSÁVEL
XAVIER, Francisco C.,
pelo Espírito Emmanuel
Seara dos médiuns, edi-
tora FEB. Cap. 27, Pala-
vra, p. 89-91.
XAVIER, Francisco C.,
pelo Espírito Humberto de 
Campos
Reportagens de além-
túmulo, editora FEB. Cap. 
34 (A conselheira invigi-
lante), p. 239-244.
VINÍCIUS
(Pedro Camargo)
Nas pegadas do mestre,
editora FEB. Cap. A pala-
vra da vida, p. 84-85.
EADE – LIVRO III | MÓDULO II
ENSINOS DIRETOS DE JESUS
Roteiro 7
O MANDAMENTO MAIOR
Objetivos
 » Interpretar, à luz da Doutrina Espírita, O mandamento maior, ensi-
nado por Jesus.
Ideias principais
 » Ensinou-nos Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, 
e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e 
grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu 
próximo como a ti mesmo. (Mateus, 22:37-39.)
 » [...] não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar o próximo, 
nem amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo o que se faça contra o 
próximo o mesmo é que fazê-lo contra Deus. Allan Kardec: O evangelho 
segundo o espiritismo. Cap. XV, item 5.
Subsídios
1. Texto evangélico
E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: 
Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 7
120
na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, 
de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de 
todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: 
Respondeste bem; faze isso e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se 
a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? (Lucas, 10:25-29.)
O Cristianismo é uma doutrina que se assenta em dois funda-
mentos: amor a Deus e ao próximo.
Com um Deus imparcial, soberanamente justo, bom e misericordioso, 
Ele fez do amor de Deus e da caridade para com o próximo a con-
dição indeclinável da salvação, dizendo: Amai a Deus sobre todas as 
coisas e o vosso próximo como a vós mesmos; nisto estão toda a lei e os 
profetas; não existe outra lei. Sobre esta crença, assentou o princípio 
da igualdade dos homens perante Deus e o da fraternidade universal.3
Esses dois mandamentos retratam uma síntese dos Dez 
Mandamentos, recebidos por Moisés. Amar a Deus sobre todas as 
coisas é reconhecer que, Ele, é o Pai e Criador de todos os seres e de 
todas as coisas existentes no Universo. Que devemos adorá-lo em 
espírito e verdade, não por manifestações de culto externo. Amar o 
próximo como a si mesmo define as normas de relações humanas, 
cujo fundamento é a lei de amor.
2. Interpretação do texto evangélico
 » E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: 
Mestre, que farei para herdar a vida eterna? (Lc 10:25).
Vemos aqui um conhecedor da lei de Moisés procurando o Cristo 
para testá-lo. Não foram poucos os momentos em que o Mestre foi 
assediado pelas forças contrárias à sua mensagem, sobretudo porque 
o Evangelho renovava e ampliava os ensinos da Torá. Jesus, porém, 
não se afasta e estabelece significativo diálogo com o religioso, apro-
veitando a feliz oportunidade de esclarecê-lo. Este versículo registra 
o encontro da lei antiga com o amor.
Vemos, ainda hoje, que as pessoas que mais resistem aos pro-
pósitos do bem são os letrados, as autoridades ou sábios do mundo, 
altamente intelectualizados, mas, quase sempre, são baldos de enten-
dimento espiritual. Grande número revela interesse pelo processo de 
renovação espiritual, mas exigem “sinais do céu” na forma de aconte-
cimentos extraordinários.
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 7
121
A pergunta do doutor da lei (“Mestre, que farei para herdar a 
vida eterna?”) se enquadra nesse contexto, mas também revela intenção 
de testificar possível contradição doutrinária entre a lei de Moisés e 
o Cristianismo. Sob certo aspecto, não deixa de ser uma atitude pue-
ril, comum nos que se julgam superiores porque possuem titulações 
acadêmicas ou religiosas.
 » E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? (Lc 10:26).
A sabedoria se revela inequívoca nesta pergunta. Ignorando a 
armadilha do doutor da lei, inicia o trabalho de atendimento espiritual, 
pelo diálogo, fazendo o religioso recordar e expressar o que já possuía 
de bom e verdadeiro. É a habilidade ou a psicologia do amor, que jamais 
fere nem agride, mas educa. Com a primeira pergunta (“Que está escrito 
na Lei?”) Jesus faz o interlocutor recordar o ensinamento aprendido. Na 
outra indagação (“Como lês?”), porém, o Mestre identifica a interpre-
tação pessoal do religioso, o nível de entendimento que ele tem sobre o 
assunto. Agindo dessa forma percebe as carências e necessidades daquele 
que o interroga, e, a partir deste piso, auxilia-o com proveito.
O diálogo que se segue fez o religioso esquecer o teste, inicial-
mente proposto, deixando-se mergulhar nas águas profundas das 
verdades superiores, para onde o Mestre habilmente o conduziu.
 » E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu 
coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu 
entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo (Lc 10:27).
O mandamento maior ensinado por Jesus é constituído de dois 
preceitos: Amar a Deus e amar ao próximo. Significa dizer “[...] que 
não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar o próximo, nem 
amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo o que se faça contra o 
próximo o mesmo é que fazê-lo contra Deus”.2
O entendimento espírita de Deus — “[...] a inteligência suprema, 
causa primária [primeira] de todas as coisas” —,4 dos seus atributos e 
da Providência divina segue a orientação de Jesus que, ao apresentá-lo 
como Pai, justo e misericordioso, ensina que não se deve temê-lo, tal 
como acontecia na orientação moisaica.
Entretanto, perguntarás, como amarei a Deus que se encontra longe 
de mim? Cala, porém, as tuas indagações e recorda que, se os pais e 
as mães do mundo vibram na experiência dos filhos, se o artista está 
invisível em suas obras, também Deus permanece em suas criaturas. 
Lembra que, se deves esperar por Deus onde te encontras, Deus 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 7
122
igualmente espera por ti em todos os ângulos do caminho. Ele é o 
Todo em que nos movemos e existimos.6
Por este motivo é que a assertiva “Amarás ao Senhor teu Deus 
de todo o teu coração, e de toda a tua alma,e de todas as tuas forças, 
e de todo o teu entendimento” tem caráter direto e incisivo. Reflete, 
porém, o sentido verdadeiro da lei de adoração, realizada em espírito e 
verdade, não mais por simples manifestações de culto externo, idólatra 
e ritualista. Implica, igualmente, profundo entendimento da solicitude 
do Pai para com todas as criaturas criadas.
Esse entendimento abrange o conhecimento de si mesmo.
Conhecer implica a pesquisa das causas. A causa primária de tudo 
o que existe é Deus, o Criador. Conhecer-nos significa a busca de 
todos os potenciais de nosso ser, compreendendo o uso da razão e 
a conquista das virtudes, realizando o destino na luta permanente 
pelo autoaperfeiçoamento. Para bem dirigir esse esforço incessante 
de cada criatura, o Pai celestial enviou à Humanidade seu Filho, o 
Mestre por excelência de cada um, o Cristo de Deus, que nos mostra 
como encontrar “o caminho, a verdade e a vida”.5
Amar a Deus revela, pois, compreensão de que o “[...] amor puro 
é o reflexo do Criador em todas as criaturas. Brilha em tudo e em tudo 
palpita na mesma vibração de sabedoria e beleza. É fundamento da 
vida e justiça de toda a Lei”.9
O segundo preceito, “amar ao próximo como a si mesmo” re-
sume a lei de amor, fundamentada na prática da caridade. É a regra 
áurea da vida.
Incontestavelmente, muitos séculos antes da vinda do Cristo já era 
ensinada no mundo a Regra Áurea, trazida por embaixadores de sua 
sabedoria e misericórdia. Importa esclarecer, todavia, que semelhante 
princípio era transmitido com maior ou menor exemplificação de seus 
expositores. Diziam os gregos: “Não façais ao próximo o que não de-
sejais receber dele.” Afirmavam os persas: “Fazei como quereis que se 
vos faça.” Declaravam os chineses: “O que não desejais para vós, não 
façais a outrem.” Recomendavam os egípcios: “Deixai passar aquele 
que fez aos outros o que desejava para si.” Doutrinavam os hebreus: 
“O que não quiserdes para vós, não desejeis para o próximo.” Insistiam 
os romanos: “A lei gravada nos corações humanos é amar os membros 
da sociedade como a si mesmo.”[...] Com o Mestre, todavia, a Regra 
Áurea é a novidade divina, porque Jesus a ensinou e exemplificou, 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 7
123
não com virtudes parciais, mas em plenitude de trabalho, abnegação 
e amor, à claridade das praças públicas, revelando-se aos olhos da 
Humanidade inteira.7
Mas, o que significa amar ao próximo como a si mesmo?
“Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quere-
ríamos que os outros fizessem por nós”, é a expressão mais completa 
da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o 
próximo. [...] A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo. 
Quando as adotarem para regra de conduta e para base de suas insti-
tuições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão 
que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem 
dissensões, mas, tão somente, união, concórdia e benevolência mútua.1
 » E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás (Lc 10:28).
Jesus elogia o doutor da lei, o conhecimento que Ele tinha da Torá, 
mas exorta-o a vivenciá-lo quando afirma: “faze isso, e viverás.” O Mestre 
demonstra de maneira fraterna que ter conhecimento dos preceitos di-
vinos não é suficiente para ganhar a vida eterna. É preciso vivenciá-los. 
Este deve ser também o nosso esforço cotidiano. “O discípulo de Jesus, 
porém — aquele homem que já se entediou das substâncias deterioradas 
da experiência transitória —, pede a luz da sabedoria, a fim de aprender 
a semear o amor em companhia do Mestre...”10
 » Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o 
meu próximo? (Lc 10:29).
Esta é, em geral, a posição mental do religioso que desperta do 
sono das práticas ritualísticas, por julgá-las estéreis e sem sentido, e 
que se abre para as verdades espirituais. Assim, se nos depararmos 
com tais companheiros em nosso caminho, devemos exercitar a tole-
rância, uma vez que o despertamento espiritual nem sempre se realiza 
abrupto, mas aos poucos.
Vive a tolerância na base de todo o progresso efetivo. As peças de 
qualquer máquina suportam-se umas às outras para que surja essa 
ou aquela produção de benefícios determinados.Todas as bênçãos da 
Natureza constituem larga sequência de manifestações da abençoada 
virtude que inspira a verdadeira fraternidade. Tolerância, porém, não 
é conceito de superfície. É reflexo vivo da compreensão que nasce, 
límpida, na fonte da alma, plasmando a esperança, a paciência e o 
perdão com esquecimento de todo o mal. Pedir que os outros pensem 
EADE • Livro III• Módulo II • Roteiro 7
124
com a nossa cabeça seria exigir que o mundo se adaptasse aos nossos 
caprichos, quando é nossa obrigação adaptar-nos, com dignidade, ao 
mundo, dentro da firme disposição de ajudá-lo. A Providência divina 
reflete, em toda parte, a tolerância sábia e ativa. Deus não reclama da 
semente a produção imediata da espécie a que corresponde. Dá-lhe 
tempo para germinar, crescer, florir e frutificar. Não solicita do regato 
improvisada integração com o mar que o espera. Dá-lhe caminhos no 
solo, ofertando-lhe o tempo necessário à superação da marcha. Assim 
também, de alma para alma, é imperioso não tenhamos qualquer ati-
tude de violência.8
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 126. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 11, item 4, p. 203.
2. _____._____. Cap. 15, item 5, p. 278.
3. _____. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 51. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 1, 
item 25, p. 34.
4. _____. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro, 2007. 
Questão 1, p. 65.
5. SOUZA, Juvanir Borges. Tempo de transição. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. 7 
(O mandamento maior), p. 66.
6. XAVIER, Francisco Cândido. Alma e luz. Pelo Espírito Emmanuel. 3. ed. Araras: IDE, 
2000. Cap. 5 (O maior mandamento), p. 33-34.
7. _____. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 
2006. Cap. 41 (A regra áurea), p. 97-98.
8. _____. Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. 
Cap. 25 (Tolerância), p. 115-116.
9. _____._____. Cap. 30 (Amor), p. 136.
10. _____. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Brilhe 
vossa luz, p. 14.
Orientações ao monitor
Interpretar, à luz da Doutrina Espírita, O mandamento maior, 
ensinado por Jesus. Para tanto, utilizar a técnica da exposição dialo-
gada, correlacionando o estudo a situações cotidianas.
EADE LIVRO III | MÓDULO III
ENSINOS POR PARÁBOLAS
EADE – LIVRO III | MÓDULO III
ENSINOS POR PARÁBOLAS
Roteiro 1
O FILHO PRÓDIGO
Objetivos
 » Explicar a parábola do filho pródigo, à luz do entendimento espírita.
Ideias principais
 » A parábola do filho pródigo, interpretada à luz do entendimento es-
pírita, encerra os seguintes ensinamentos básicos:
1.º Imutabilidade de Deus — princípio sustentado, não teoricamente 
apenas, mas de modo positivo, condizente com os fatos e testemunhos 
da vida humana.
2.º Unidade do destino, isto é, a redenção completa pelo Amor e pela 
Dor, abrangendo todos os pecadores.
3.º A lei da causalidade, ou seja, de ação e reação, causas e efeitos, de-
terminando, em dado tempo, o despertar das consciências adormecidas.
4.º A relatividade do livre arbítrio, o qual não pode ser absoluto, a ponto 
de ser dado ao homem alterar os desígnios de Deus.
5.º Finalmente, a evolução individual dos seres racionais e conscientes, de 
cujo número o homem faz parte, processada no recesso íntimo das almas, 
livre e espontaneamente, como lei natural e irrevogável. Vinícius (Pedro 
de Camargo): Na seara do mestre, Cap. Parábola do filho pródigo.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 1
128
Subsídios
1. Texto evangélico
E disse: Um certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles 
disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele 
repartiu poreles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, 
ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua 
fazenda, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve 
naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E 
foi e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para 
os seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago 
com as bolotas [ou alfarrobas] que os porcos comiam, e ninguém lhe 
dava nada. E, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai 
têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e 
irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante 
ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos 
teus trabalhadores. E, levantandose, foi para seu pai; e, quando ain-
da estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, 
correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, 
pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu 
filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, 
e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o 
bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu 
filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começa-
ram a alegrar-se. E o seu filho mais velho estava no campo; e, quando 
veio e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando 
um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu 
irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. 
Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com 
ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, 
sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito 
para alegrar-me com os meus amigos. Vindo, porém, este teu filho, que 
desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro 
cevado. E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas 
coisas são tuas. Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque 
este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. 
(Lucas, 15:11-32.)
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 1
129
O texto destaca a figura de um pai que atende com amor e 
misericórdia as diferentes necessidades evolutivas dos seus filhos, 
representados por dois irmãos, um pródigo, outro egoísta.
A parábola reflete, igualmente, a utilização do livre-arbítrio, a 
manifestação da lei de causa e efeito e os fundamentos do processo 
de evolução do Espírito.
“À simples leitura da parábola, percebemos que aquele pai é 
Deus. Seus dois filhos representam os homens, nós, os pecadores de 
todos os matizes.”6
Os dois irmãos representam a Humanidade. O Pródigo é a fiel 
imagem dos pecadores cujas faltas transparecem, ressaltam logo 
à primeira vista. Semelhantes transviados deixam-se arrastar ao 
sabor das voluptuosidades, como barcos que vogam à mercê das 
ondas, sem leme e sem bússola. Sabem que são pecadores, estão 
cônscios das imperfeições próprias e, comumente, ostentam para 
os que têm olhos de ver, de permeio com as graves falhas de seus 
caracteres, apreciáveis virtudes. E assim permanecem, até que o 
aguilhão da dor os desperte.
O filho mais velho, o Egoísta é a perfeita encarnação dos pecadores que 
se julgam isentos de culpa, protótipos de virtudes, únicos herdeiros 
das bem-aventuranças eternas, pelo fato de se haverem abstido do 
mal. São os orgulhosos, os exclusivistas, os sectários que se apartam dos 
demais para não se contaminarem, como faziam os fariseus. A soberba 
não lhes permite conceber a unidade do destino.[...] Descreem da rea-
bilitação dos culpados. Só podem ver a sociedade sob seus aspectos 
de camadas diversas, camadas inconfundíveis. Imaginam-se no alto, 
e os demais em baixo.2
2. Interpretação do texto evangélico
 » E disse: Um certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles disse 
ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu 
por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando 
tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, 
vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela 
terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi e 
chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os 
seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 1
130
as bolotas [ou alfarrobas] que os porcos comiam, e ninguém lhe dava 
nada (Lc 15:11-16).
O filho mais moço, identificado “pródigo”, tinha uma per-
sonalidade ativa, mais determinada, enquanto seu irmão revela-se 
acomodado no contexto em que vivia. Sentindo, porém, necessidade 
de vivenciar outras experiências, à distância do lar, o caçula da família 
comunica ao pai este desejo e solicitalhe a parte da herança que lhe 
cabia. O pai não só lhe atende o pedido, como demonstra compreender 
ser um acontecimento natural. Divide a herança entre os filhos, de 
forma justa, não interpondo obstáculo à manifestação do livre-arbítrio 
dos seus herdeiros.
O texto evangélico informa que “o filho mais novo, ajuntando 
tudo, partiu para uma terra longínqua”, isto é, manteve-se distante da 
proteção paterna, conduzindo a existência na forma que lhe aprazia, 
segundo os critérios estabelecidos pela vida material. É por esse motivo 
que o filho pródigo “[...] é a personificação daquele que se entrega des-
vairadamente aos prazeres sensuais, concentrando na gratificação dos 
sentidos todas as suas aspirações e ideias, consumindo em bastardos 
apetites as riquezas herdadas do divino progenitor”.6
O desregramento da conduta produziu-lhe grande sofrimento. 
“[...] Empobrecido e arruinado, faminto e roto, espiritual e material-
mente, acaba reconhecendo-se o único culpado de tamanha desven-
tura, o único responsável pela crítica situação em que se vê.”6
Arrependendo-se dos erros cometidos, o jovem toma, então, 
a decisão de retornar à casa paterna. A disposição para se reajustar 
perante a lei divina é o primeiro sinal de transformação moral que, em 
geral, atinge os que se transviaram ao longo da caminhada evolutiva.
A história desse moço desassisado é a da grande maioria dos homens. 
Verificamos no transcurso dos acontecimentos passados com ele a 
manifestação das leis naturais que regem o destino das almas na sua 
caminhada pela senda intérmina da vida, sob o influxo incoercível 
da evolução. [...] O desfecho de toda a odisseia dos pecadores que 
passam pela Terra, é o retorno ao lar paterno. [...] Outro ensinamento 
de relevância que da mesma ressalta é o que respeita à doutrina da 
causalidade [lei de causa e efeito], propagada pela Terceira Revelação. 
A redenção do Pródigo deu-se mediante a influência dessa lei. Ele criou 
uma série de causas que determinaram uma série de efeitos análogos. 
Como as causas eram más, os efeitos foram dolorosos. Suportando-os, 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 1
131
como era natural, e não como castigo ou pena imposta por agente 
estranho, o moço acabou compreendendo a insensatez que praticara, 
considerando-se, outrossim, o próprio causador dos sofrimentos e da 
humilhação que suportava.7
Percorrendo as estradas largas dos interesses humanos, o filho 
pródigo conheceu a realidade da vida material, subjugando-se aos 
seus mecanismos e leis, razão pela qual foi colhido pelas frustrações e 
desilusões, que lhe forneceram lições retificadoras, capazes de reajustá-
-lo perante as leis divinas.
Nesta situação, esclarece o texto evangélico que o jovem viven-
ciou graves problemas, assim especificados: após ter “gastado tudo, 
houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer neces-
sidades. E foi e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o 
mandou para os seus campos a apascentar porcos”.
Uma análise superficial do texto sugere que o jovem enfrentou 
sérias privações, todas de ordem material: aniquilou os bens herdados(“ele desperdiçou a sua fazenda”); para sobreviver, precisou trabalhar 
para um dos cidadãos da terra, como guardador de porcos; passou 
tanta fome que até desejou ingerir o alimento destinado aos porcos.
É óbvio que a parábola oculta ensinamentos transcendentais, 
sob o véu do símbolo. A herança desperdiçada representa o desprezo 
pelos valores espirituais que lhes foram concedidos pelo Criador 
supremo: [...] “a retidão do juízo, a candura do sentimento, a sensi-
bilidade da consciência e o discernimento justo do bem e do mal”.1
A “grande fome” que se abateu sobre aquela terra indica o 
cansaço, a insatisfação, o fastio que os prazeres materiais, cedo ou 
tarde, produzem no ser. Chega, então, o momento em que a pessoa 
se revela faminta de bens espirituais, arde-lhe o desejo de ser bom, 
de melhorar-se.
Entretanto, nem sempre o Espírito mostra-se suficientemen-
te forte para mudanças extremas. Faz-se necessário passar por um 
período de ajuste, que lhe conceda as condições apropriadas à verda-
deira transformação espiritual. No texto em estudo, esse período está 
simbolizado no imenso sofrimento que vivenciou como apascentador 
de porcos. Importa considerar que não foi o trabalho, em si, que lhe 
causou sofrimento, pois nada há de indigno em cuidar de animais, 
mas as condições precárias em que se encontrava o Espírito daquele 
jovem. Sua queda moral foi profunda, destruindo-lhe qualquer vestígio 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 1
132
de alegria ou prazer de viver, uma vez que, agindo para satisfazer os 
sentidos, sua existência assemelhava-se à dos animais, que são gover-
nados pelo instinto. Subjugado à lei de causa e efeito, colheu o que 
semeou, guiando-se apenas pelo uso do seu livre-arbítrio.
Precisou, todavia, chegar a um doloroso estado de carência 
espiritual para lembrar-se do Pai, da vida abençoada que tivera, um 
dia, no lar paterno. Esta foi, porém, a brecha espiritual que lhe per-
mitiu reconhecer os erros cometidos, admitir a situação de indigência 
espiritual em que se encontrava e, arrependido, impor nova diretriz à 
sua existência. Reconhecemos, neste sentido, que há filhos pródigos 
de diferentes tipos na Humanidade.
Examinando-se a figura do filho pródigo, toda gente idealiza um ho-
mem rico, dissipando possibilidades materiais nos festins do mundo. 
O quadro, todavia, deve ser ampliado, abrangendo as modalidades 
diferentes. Os filhos pródigos não respiram somente onde se encontra 
o dinheiro em abundância. Acomodam-se em todos os campos da ati-
vidade humana, resvalando de posições diversas. Grandes cientistas da 
Terra são perdulários da inteligência, destilando venenos intelectuais, 
indignos das concessões de que foram aquinhoados. Artistas preciosos 
gastam, por vezes, inutilmente, a imaginação e a sensibilidade, através 
de aventuras mesquinhas, caindo, afinal, nos desvãos do relaxamento 
e do crime. Em toda parte, vemos os dissipadores de bens, de saber, 
de tempo, de saúde, de oportunidades...12
 » E, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância 
de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu 
pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno 
de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus trabalhadores. E, 
levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o 
seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao 
pescoço, e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante 
ti e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus 
servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e pondelhe um anel 
na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e co-
mamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; 
tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se (Lc 15:17-24).
O conhecimento espírita nos faz ver, neste texto do Evangelho, 
o momento preciso em que o Espírito, cansado de sofrer, busca o 
amor celestial, reconhecendo-lhe a excelsitude. Este momento está 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 1
133
representado na expressão “cair em si.” É instante de grande valor, pois 
indica que a criatura humana toma consciência do efetivo estado de 
evolução espiritual em que se encontra.
Este pequeno trecho da parábola do filho pródigo desperta valiosas 
considerações em torno da vida. Judas sonhou com o domínio po-
lítico do Evangelho, interessado na transformação compulsória das 
criaturas; contudo, quando caiu em si, era demasiado tarde, porque 
o divino Amigo fora entregue a juizes cruéis.[...] Maria de Magdala 
pusera a vida íntima nas mãos de gênios perversos, todavia, caindo 
em si, sob a influência do Cristo, observa o tempo perdido e conquista 
a mais elevada dignidade espiritual, por intermédio da humildade e 
da renunciação. Pedro, intimidado ante as ameaças de perseguição e 
sofrimento, nega o Mestre divino; entretanto, caindo em si, ao se lhe 
deparar o olhar compassivo de Jesus, chora amargamente e avança, 
resoluto, para a sua reabilitação no apostolado. Paulo confia-se a 
desvairada paixão contra o Cristianismo e persegue, furioso, todas 
as manifestações do Evangelho nascente; no entanto, caindo em si, 
perante o chamado sublime do Senhor, penitencia-se dos seus erros e 
converte-se num dos mais brilhantes colaboradores do triunfo cristão. 
[...] Cai, contudo, em ti mesmo, sob a bênção de Jesus e, transferindo-
-te, então, da inércia para o trabalho incessante pela tua redenção, 
observarás, surpreendido, como a vida é diferente.9
É admirável observar que, a partir do instante em que teve 
consciência dos seus méritos e deméritos, o filho pródigo aliou o desejo 
de melhoria à ação, facilmente percebidos neste trecho do Evangelho: 
“Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra 
o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me 
como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai”.
Quando o filho pródigo deliberou tornar aos braços paternos, resolveu 
intimamente levantar-se. Sair da cova escura da ociosidade para o 
campo da ação regeneradora. Erguer-se do chão frio da inércia para 
o calor do movimento reconstrutivo. Elevar-se do vale da indecisão 
para a montanha do serviço edificante. Fugir à treva e penetrar a luz. 
Ausentar-se da posição negativa e absorver-se na reestruturação dos 
próprios ideais. Levantou-se e partiu no rumo do lar paterno.8
A atitude do pai ao reencontrar o filho não deve passar desper-
cebida: “viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 1
134
lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou.” A compaixão é o atributo divino 
que mais nos atinge, em qualquer estágio evolutivo. Reflete a misericór-
dia divina. A compaixão demonstra que o Criador supremo não “[...] 
esperou que o filho se penitenciasse de rojo, não exigiu escusas, não 
solicitou justificativas e nem impôs condições de qualquer natureza 
para estender-lhe os braços; apenas aguardou que o filho se levantasse 
e lhe desejasse o calor do coração”.10
 » E o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio e chegou per-
to de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, 
perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai 
matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou 
e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo 
ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o 
teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os 
meus amigos. Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda 
com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado. E ele lhe disse: Filho, 
tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas. Mas era justo 
alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e 
reviveu; tinha-se perdido e foi achado (Lc 15:25-32).
O filho mais velho ilustra, na história contada por Jesus,o 
exemplo do egoísmo.
A parábola não apresenta somente o filho pródigo. Mais aguçada 
atenção e encontraremos o filho egoísta. 
O ensinamento velado do Mestre demonstra dois extremos da ingra-
tidão filial. Um reside no esbanjamento; o outro, na avareza. São as 
duas extremidades que fecham o círculo da incompreensão humana. 
De maneira geral, os crentes apenas enxergaram o filho que abandonou 
o lar paterno, a fim de viver nas estroinices do escândalo, tornando-se 
credor de todas as punições; e raros aprendizes conseguiram fixar o 
pensamento na conduta condenável do irmão que permanecia sob o 
teto familiar, não menos passível de repreensão. 
Observando a generosidade paterna, os sentimentos inferiores que o 
animam sobem à tona e ei-lo na demonstração de sovinice. 
Contraria-o a vibração de amor reinante no ambiente doméstico; ale-
ga, como autêntico preguiçoso, os anos de serviço em família; invoca, 
na posição de crente vaidoso, a suposta observância da Lei divina e 
desrespeita o genitor, incapaz de partilhar-lhe o justo contentamento. 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 1
135
Esse tipo de homem egoísta é muito vulgar nos quadros da vida. Ante o 
bem-estar e a alegria dos outros, revolta-se e sofre, por meio da secura 
que o aniquila e do ciúme que o envenena.13
Ora, o amor verdadeiro não se ajusta aos padrões da contabi-
lidade tradicional: é espontâneo, natural, não cobra, não exige. No 
entanto, aquele servidor, aparentemente correto, por estar presente de 
modo ostensivo na casa do Pai realizando as suas obrigações, revelou-
-se egocêntrico e intransigente, mesmo que as explicações concedidas 
pelo Pai fossem lógicas e ponderadas: “Filho, tu sempre estás comigo, 
e todas as minhas coisas são tuas. Mas era justo alegrarmo-nos e 
regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-
-se perdido e foi achado.”
Verificamos, assim, que nem sempre o que permanece na “Casa 
do Pai”, cumprindo deveres e obrigações está, efetivamente, transfor-
mado no bem. Pode revelar-se mesquinho e egoísta, julgando-se único 
merecedor das atenções e cuidados do Pai. Da mesma forma, nem todo 
dissoluto — o que prioriza as sensações materiais em detrimento das 
conquistas espirituais —, é criatura má. Ele pode, inclusive, revelar 
virtudes que estão abafadas pelo gênero de vida que leva. Essas virtudes 
irão manifestar-se, no momento apropriado, servindo de recursos para 
admitir erros cometidos e reajustar condutas. Devemos reconhecer, 
em suma, que o filho pródigo é sempre alguém que “pecou, sofreu, 
amou. A dor despertou-lhe os sentimentos, iluminou-lhe a consciên-
cia, converteu-o. A humildade, essa virtude que levanta os decaídos e 
engrandece os pequeninos, exaltou-o, apagando todas as máculas do 
seu Espírito, então redimido”.4
O mesmo não aconteceu com o outro irmão. Isso nos faz 
recordar que Jesus, antes mesmo de contar esta parábola, afiançou: 
“Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se 
arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam 
de arrependimento”. (Lucas, 15:7)
Dessa forma, a recepção que o pai deu ao filho pródigo traduz-se 
em lição inesquecível: a alegria do acolhimento ao filho mais jovem, o 
melhor vestido, o anel e as alparcatas, assim como o banquete, a festa e a 
música foram concessões que expressam a misericórdia divina, perante 
as propostas de mudança dos que, sob os fundamentos da humildade, 
se arrependem. Por outro lado, essa boa receptividade provoca ciúme e 
inveja no filho mais velho, que ainda não se encontrava livre do ciúme, 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 1
136
da inveja e do egoísmo, julgando-se o único merecedor dos cuidados 
e atenção do genitor. Trata-se de uma atitude mesquinha e rancorosa 
do primogênito, que busca justificá-la por meio da alegação pueril de 
jamais ter se afastado do lar.
O Pródigo, a seu ver, deve ser excluído do lar. [...] O mal do Egoísta é 
muito mais profundo, está muito mais radicado que o do Pródigo. Este 
tem qualidades ao lado dos defeitos. Aquele não tem vícios, mas igual-
mente não tem virtudes. [...] O Egoísta não esbanja os dons: esconde-os, 
como o avarento esconde as moedas. Não mata, porém é incapaz de 
arriscar um fio de cabelo para salvar alguém. Não rouba, mas também 
não dá. Não jura falso, mas não se abalança ao mais ligeiro incômodo 
na defesa dum inocente. Seus atos e atitudes são invariavelmente ne-
gativos. Tais pecadores acham-se, por isso, mais longe de Deus que os 
demais, apesar das aparências denunciarem o contrário.3
O egoísta encontra muitas dificuldades para levar avante os 
propósitos da própria melhoria espiritual, uma vez que raramente 
considera as necessidades e as virtudes do próximo.
O egoísta insula-se de todos pela influência de seus próprios pensa-
mentos. É orgulhoso, é sectário. Separa-se dos demais porque se julga 
perfeito. Jacta-se intimamente em não alimentar vícios, mas nenhuma 
virtude, além da abstenção do mal, nele se descobre. É um cristalizado: 
não suporta as consequências dos desvarios, mas não goza dos prazeres 
da virtude. Sua conversão é mais difícil que a de qualquer outra espécie 
de pecadores. A presunção oblitera-lhe o entendimento, ofusca-lhe as 
ideias. Imaginando-se às portas do céu, dista ainda dele um abismo. 
Supõe-se um iluminado, e não passa de um cego.5
Sendo assim, guardemos este sábio conselho do benfeitor espi-
ritual Emmanuel: “Se te sentes ligado à Esfera superior por teus atos 
e diretrizes, palavras e pensamentos, não te encarceres na vaidade de 
ser bom. Não te esqueças, em circunstância alguma, de que Deus é Pai 
de todos, e, se te ajudou para estares com Ele, é para que estejas com 
Ele, ajudando aos outros.”11
Referências
1. CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangélicas. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. A 
ovelha, a dracma e o filho pródigo, p. 96.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 1
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2. VINÍCIUS (Pedro de Camargo). Nas pegadas do mestre. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. 
Cap. O pródigo e o egoísta, p. 22-23.
3. _____._____. p. 23.
4. _____._____. Cap. Por que será? p. 24. 
5. _____._____. p. 24-25.
6. _____. Na seara do mestre. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Cap. Parábola do filho pró-
digo, p. 41.
7. _____._____. p. 41-43.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 35. ed. Rio de Janeiro: 
FEB, 2006. Cap. 13 (Ergamo-nos), p. 41. 
9. _____._____. Cap. 88 (Caindo em si), p. 229-230.
10. _____. Palavras de vida eterna. Pelo Espírito Emmanuel. 33. ed. Uberaba: Comunhão 
Espírita Cristã, 2005. Cap. 97 (Pai e amigo), p. 211.
11. _____._____. Cap. 98 (Filho e censor), p. 213.
12. _____. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 24 
(Filhos pródigos), p. 63-64.
13. _____._____. Cap. 157 (O filho egoísta), p. 329-330.
Orientações ao monitor
Dividir a turma em grupos para leitura, troca de ideias e elabo-
ração de um resumo a respeito dos assuntos desenvolvidos na inter-
pretação do texto evangélico. Pedir-lhes, em seguida, que apresentem 
as conclusões do resumo, em plenário. Citar exemplos — e solicitar 
outros aos participantes — que ilustrem as características dos dois 
filhos citados na parábola.
EADE – LIVRO III | MÓDULO III
ENSINOS POR PARÁBOLAS
Roteiro 2
OS TRABALHADORES 
DA VINHA
Objetivos
 » Explicar, sob a ótica espírita, a parábola dos trabalhadores da vinha.
Ideias principais
 » [...] os obreiros que chegaram na primeira hora são os profetas, Moisés 
e todos os iniciadores que marcaram as etapas do progresso, as quais 
continuaram a ser assinaladas através dos séculos pelos apóstolos, 
pelos mártires, pelos Pais da Igreja, pelos sábios, pelos filósofos e, 
finalmente, pelos espíritas. [...] Allan Kardec: O evangelho segundo 
o espiritismo. Cap. XX, item 3.
 » A formosa parábola dos servidores envolve conceitos profundos. Em 
essência, designa o local dos serviços humanos e refere-se ao volume de 
obrigações que os aprendizes receberam do Mestre divino. 
 » Porenquanto, os homens guardam a ilusão de que o orbe pode ser o 
tablado de hegemonias raciais ou políticas, mas perceberão em tempo 
o clamoroso engano, porque todos os filhos da razão, corporificados na 
crosta da Terra, trazem consigo a tarefa de contribuir para que se efetue 
um padrão de vida mais elevado no recanto em que agem transitoria-
mente. Emmanuel: Pão nosso. Cap. 29.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 2
140
Subsídios
1. Texto evangélico
Porque o Reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, 
que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, 
ajustando com os trabalhadores a um dinheiro por dia, mandou-os para 
a sua vinha. E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam 
ociosos na praça. E disse lhes: Ide vós também para a vinha, e dar-vos-
-ei o que for justo. E eles foram. Saindo outra vez, perto da hora sexta e 
nona, fez o mesmo. E, saindo perto da hora undécima, encontrou outros 
que estavam ociosos e perguntou-lhes: Por que estais ociosos todo o dia? 
Disseram-lhe eles: Porque ninguém nos assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós 
também para a vinha e recebereis o que for justo. E, aproximando-se a 
noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, 
e paga-lhes o salário, começando pelos derradeiros até aos primeiros. 
E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um 
dinheiro cada um; vindo, porém, os primeiros, cuidaram que haviam 
de receber mais; mas, do mesmo modo, receberam um dinheiro cada 
um. E, recebendo-o, murmuravam contra o pai de família, dizendo: 
Estes derradeiros trabalharam só uma hora, e tu os igualaste conosco, 
que suportamos a fadiga e a calma do dia. Mas ele, respondendo, disse 
a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não ajustaste tu comigo um 
dinheiro? Toma o que é teu e retira-te; eu quero dar a este derradeiro 
tanto como a ti. Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? 
Ou é mau o teu olho porque eu sou bom? Assim, os derradeiros serão 
primeiros, e os primeiros, derradeiros, porque muitos são chamados, 
mas poucos, escolhidos. (Mateus, 20:1-16.)
Três ideias básicas são identificadas nessa parábola: o valor do 
trabalho para o progresso humano, o significado de trabalhador da 
vinha e o princípio da reencarnação. De maneira geral, tais temas 
estão desenvolvidos na seguinte mensagem de Henri Heine, ditada 
em Paris, em 1863:
[...] os obreiros que chegaram na primeira hora são os profetas, Moisés 
e todos os iniciadores que marcaram as etapas do progresso, as quais 
continuaram a ser assinaladas através dos séculos pelos apóstolos, pelos 
mártires, pelos Pais da Igreja, pelos sábios, pelos filósofos e, finalmente, 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 2
141
pelos espíritas. Estes, que por último vieram, foram anunciados e predi-
tos desde a aurora do advento do Messias e receberão a mesma recom-
pensa. [...] Últimos chegados, eles aproveitam dos labores intelectuais 
dos seus predecessores, porque o homem tem de herdar do homem e 
porque coletivos são os trabalhos humanos [...]. Aliás, muitos dentre 
aqueles revivem hoje, ou reviverão amanhã, para terminarem a obra 
que começaram outrora. Mais de um patriarca, mais de um profeta, 
mais de um discípulo do Cristo, mais de um propagador da fé cristã se 
encontram no meio deles, porém, mais esclarecidos, mais adiantados, 
trabalhando, não já na base, e sim na cumeeira do edifício. Receberão, 
pois, o salário proporcionado ao valor da obra.2
2. Interpretação do texto evangélico
 » Porque o Reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, 
que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. 
E, ajustando com os trabalhadores a um dinheiro por dia, mandou-os 
para a sua vinha (Mt 20:1-2).
A expressão “Reino dos céus” é comum no Evangelho, referindo-
-se ao estado de plenitude espiritual, que será alcançado de forma 
ativa, perseverante e corajosa, jamais como concessão ou graça divi-
na. Segundo a Doutrina Espírita, o ser humano atingirá esse estado 
de perfeição por meio do conhecimento e da transformação moral, 
obtidos nas inúmeras reencarnações e no plano espiritual.
O pai de família é Deus; a vinha somos nós, a Humanidade; e o tra-
balho, a aquisição das virtudes que devem enobrecer nossas almas. 
Para realizar esse desiderato, uns precisam de menos tempo, outros 
de mais, conforme cumpram, bem ou mal, os seus deveres. O premio, 
entretanto, é um só: a alegria, o gozo espiritual decorrente da própria 
evolução alcançada.5
A afirmativa, “sair de madrugada a assalariar trabalhadores 
para a sua vinha”, indica o supremo dinamismo do trabalho no bem, 
caracterizado por ser diligente e produtivo, não perde tempo e que 
começa cedo. Como é prioritário o progresso humano, o Senhor tem 
enviado ao Planeta Espíritos missionários, desde as eras mais remotas. 
A evolução espiritual é uma meta divina definida desde que ocorreu 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 2
142
o processo de humanização do princípio inteligente, isto é, na “ma-
drugada” da vida humana, quando o Espírito era simples e ignorante.
A vinha é a própria Humanidade, o grande campo de aprendi-
zado que precisa evolver, pelo trabalho-subsistência e pelo trabalho 
espiritual, firmado nos testemunhos, sacrifícios e doações incessantes 
que assinalam a via de progresso dos povos e de cada indivíduo. Em 
outras palavras, “[...] designa o local dos serviços humanos e refere-se ao 
volume de obrigações que os aprendizes receberam do Mestre divino”.8
O texto evangélico esclarece que o pagamento ajustado dos 
trabalhadores foi de “um dinheiro por dia”. A gerência divina, sempre 
atenta e atuante, sabe ajustar o trabalho em nível da conscientização e 
do entendimento do obreiro. Neste contexto, é possível definir o tipo 
de compromisso que cada um pode oferecer à vinha, identificado na 
equação produção versus benefício. Sendo assim, o Pai celestial, o dono 
da vinha, disponibiliza o serviço ao trabalhador, o local onde este deva 
atuar e, também, a forma e valor da remuneração. O filho ou trabalha-
dor, por outro lado, recebe a oportunidade de progredir, no campo que 
lhe foi destinado, selecionado em função da experiência que possui.
A parábola nos mostra que há um plano diretor, sábio e inteli-
gente, que define o processo evolutivo da Humanidade. Nada é feito de 
improviso ou de forma eventual. Implica estudo, planejamento e estra-
tégias seriamente estipulados, a fim de que o sucesso esteja assegurado.
O planeta não é um barco desgovernado. 
As coletividades humanas costumam cair em desordem, mas as leis que 
presidem aos destinos da Casa Terrestre se expressam com absoluta 
harmonia. Essa verificação nos ajuda a compreender que a Terra é a 
vinha de Jesus. Aí, vemo-lo trabalhando desde a aurora dos séculos 
e aí assistimos à transformação das criaturas, que, de experiência a 
experiência, se lhe integram no divino amor.8
 » E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na 
praça. E disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e dar-vos-ei o que for 
justo. E eles foram. Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o 
mesmo. E, saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam 
ociosos e perguntou-lhes: Por que estais ociosos todo o dia? Disseram-lhe 
eles: Porque ninguém nos assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós também para 
a vinha e recebereis o que for justo. E, aproximando-se a noite, diz o 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 2
143
senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga lhes 
o salário, começando pelos derradeiros até aos primeiros (Mt 20:3-8).
As horas de contratação dos trabalhadores equivalem às dife-
rentes convocações de Deus, aos seus filhos, para o cultivo de virtudes. 
“Uns começam mais cedo a cuidar dos seus espíritos para o bem; ou-
tros começam mais tarde. E no entanto, para os bons trabalhadores o 
salário é o mesmo, não importa a hora em que iniciaram o trabalho 
de se regenerarem.”6
Os trabalhadores da primeira hora são os Espíritosque contam com 
maior número de encarnações, mas que não souberam aproveitá-las, 
perdendo oportunidades que lhes foram concedidas para se regene-
rarem e progredirem. Os trabalhadores contratados posteriormente 
simbolizam os Espíritos que foram gerados há menos tempo, mas que, 
fazendo melhor uso do livre-arbítrio, [...] lograram em apenas algumas 
existências o progresso que outros tardaram a realizar.5
As oportunidades de melhoria espiritual são diuturnamente 
oferecidas pelo Criador supremo, através de Jesus. Existe trabalho 
para todos porque o progresso é Lei divina ou Natural. Entretanto, 
é importante considerar outras características que fazem parte do 
processo evolutivo humano, claramente identificadas nesta parábola 
do trabalhador da vinha.
As condições essenciais para os trabalhadores são: a constância, o 
desinteresse, a boa vontade e o esforço que fazem no trabalho que 
assumiram. Os bons trabalhadores se distinguem por estes caracterís-
ticos. O mercenário trabalha pelo dinheiro; seu único fito, sua única 
aspiração é receber o salário. [...] Assim é em todas as ramificações dos 
conhecimentos humanos: há os escravos do dinheiro e há o operário 
do progresso. Na lavoura, na indústria, como nas Artes e Ciências, 
destacam-se sempre o operário e o mercenário. O materialismo, a 
materialidade, a ganância do ouro arranjaram, na época em que nos 
achamos, mais escravos do que a vinha arranjou mais obreiros. Por 
isso, grande é a seara e poucos são os trabalhadores!7
Merece destaque o conteúdo do versículo oito, assim especi-
ficado: “E, aproximando-se a noite, diz o senhor da Vinha ao seu 
mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o salário, começando 
pelos derradeiros até aos primeiros”. Trata-se de uma ordenação divina 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 2
144
referente ao acerto de contas, à aferição de resultados. É momento em 
que se verifica se ocorreu efetivo progresso ou melhoria espiritual do 
trabalhador. Essa aferição é de grande valor, tendo em vista os inves-
timentos posteriores, os próximos planejamentos reencarnatórios. A 
expressão, “aproximando-se a noite”, não está relacionada ao término 
de um dia, que acontece após o declínio do sol. Pode indicar tanto o fi-
nal de uma existência física quanto o fechamento de um ciclo evolutivo.
 » E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um 
dinheiro cada um; vindo, porém, os primeiros, cuidaram que haviam de 
receber mais; mas, do mesmo modo, receberam um dinheiro cada um. 
E, recebendo-o, murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes 
derradeiros trabalharam só uma hora, e tu os igualas-te conosco, que 
suportamos a fadiga e a calma do dia. Mas ele, respondendo, disse a um 
deles: Amigo, não te faço injustiça; não ajustaste tu comigo um dinheiro? 
Toma o que é teu e retira-te; eu quero dar a este derradeiro tanto como 
a ti. Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o 
teu olho porque eu sou bom? (Mt 20:9-15).
Percebe-se que na Vinha, o Senhor não faz “[...] questão da quan-
tidade do trabalho, mas sim da qualidade, e ainda mais, da permanência 
do obreiro até o fim. Os que trabalharam na vinha, desde a manhã até 
à noite, não mereceram maior salário que os que trabalharam uma 
única hora, dada a qualidade do trabalho”.7
O pagamento que os trabalhadores recebem é o mesmo para 
todos os obreiros, independentemente do número de horas que te-
nham trabalhado. Cada hora de labor representa uma encarnação ou 
período de aprendizado. Há Espíritos que consomem muitas reencar-
nações para se tornarem criaturas melhores, outros realizam o mesmo 
processo em poucas existências corporais. Da mesma forma, existem 
obreiros que despendem muitas horas para realizar uma tarefa que, 
sendo feita por outros, é executada em breve espaço de tempo.
Há operários diligentes, de boa vontade, que, devotando-se de corpo 
e alma às tarefas que lhe são confiadas, produzem mais e melhor, em 
menos tempo que o comum, assim como há os mercenários, os que 
não têm amor ao trabalho, os que se mexem somente quando são vi-
giados, os que estão de olhos pegados no relógio, pressurosos de que 
passe o dia, cuja produção, evidentemente, é muito menor que a dos 
primeiros. Uma vez, pois que o mérito de cada obreiro seja aferido, 
não pelas horas de serviço, mas pela produção, que interessa ao dono 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 2
145
do negócio saber se, para dar o mesmo rendimento, um precisa de doze 
horas, outro de nove, outro de seis, outro de três e outro de uma?4
A reencarnação deve ser vista como a manifestação da justiça 
divina. É significativa oportunidade para o Espírito reparar o pas-
sado de erros, reajustando-se perante a Lei de Deus, e, ao mesmo 
tempo, ensejo de progresso pelo desenvolvimento dos valores 
morais e intelectuais.
 » Assim, os derradeiros serão primeiros, e os primeiros, derradeiros, porque 
muitos são chamados, mas poucos, escolhidos (Mt 20:16).
Os indivíduos escolhidos serão os primeiros no Reino dos céus 
porque souberam aproveitar, integralmente, os trabalhos na Vinha do 
Senhor, ao longo das sucessivas reencarnações. Não temeram as lutas 
nem os desafios impostos pelas provações, sempre agindo como alunos 
aplicados. Estes são os trabalhadores de última hora.
O obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a 
sua boa vontade o haja conservado à disposição daquele que o tinha 
de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou 
da má vontade. Tem ele direito ao salário, porque desde a alvorada 
esperava com impaciência aquele que por fim o chamaria para o 
trabalho. Laborioso, apenas lhe faltava o labor.1
A parábola dos trabalhadores da vinha deve calar fundo aos 
espíritas, em razão do conhecimento que possuem a respeito da 
realidade espiritual e da necessidade da prática da caridade, base da 
transformação moral. Neste sentido, é sempre útil lembrar estas re-
comendações de o Espírito de Verdade:
Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anun-
ciadas para a transformação da Humanidade. Ditosos serão os que 
houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem 
outro móvel, senão a caridade! [...] Ditosos os que hajam dito a seus 
irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de 
que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Se-
nhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que 
soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a 
fim de que daí não viesse dano para a obra!” [...] 
Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores 
fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 2
146
aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animo-
sos, pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que ele vai 
confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo 
Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: “Os primeiros serão os 
últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos céus.”3
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 20, item 2, p. 350-351.
2. _____._____. Item 3, p. 352.
3. _____._____. Item 5, p. 356-357.
4. CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangélicas. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 
Parábola dos trabalhadores e da diversas horas do dia, p. 34.
5. _____._____. p. 35.
6. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Pensamento, 2003. Cap. 
XX (A parábola dos trabalhadores e das diversas horas do trabalho), p. 181.
7. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão: O Clarim, 2004. Item: 
Parábola dos trabalhadores da vinha, p. 54.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 29. ed. Rio de Janeiro: 
FEB, 2007. Cap. 29 (A vinha), p. 73.
Orientações ao monitor
Pedir à turma que faça leitura silenciosa do texto evangélico 
(Mateus, 20:1-16), assinalando os pontosque considerem mais sig-
nificativos. Realizar, em seguida, breve explanação sobre as principais 
ideias desenvolvidas neste Roteiro, debatendo-as com os integrantes 
da reunião. Ao final, entregar aos participantes uma cópia da men-
sagem “Os obreiros do Senhor”, de autoria de o Espírito de Verdade, 
constante em O evangelho segundo o espiritismo, capítulo XX, para 
leitura e correlação com a parábola estudada.
EADE – LIVRO III | MÓDULO III
ENSINOS POR PARÁBOLAS
Roteiro 3
OS TALENTOS
Objetivos
 » Explicar, à luz da Doutrina Espírita, a parábola dos talentos.
Ideias principais
 » Os talentos são benefícios concedidos por Deus à Humanidade com 
a finalidade de fazê-la progredir material, intelectual e moralmente. 
Devem ser utilizados sob a forma de diferentes tipos de trabalhos e 
esforços que cabe ao homem desenvolver. A atividade que esses mesmos 
trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a inteligência, e essa inteligên-
cia que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidades materiais, 
o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais. Allan 
Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XVI, item 7.
 » A parábola trata da distribuição, feita por Deus, de oito talentos entre 
três servidores. O primeiro servo recebeu cinco concessões divinas, 
assim representadas: a saúde, a riqueza, a habilidade, o discernimento 
e a autoridade. O segundo recebeu os talentos da inteligência e do 
poder. O terceiro servo recebeu um único talento: a dor. Irmão X: 
Luz acima. Cap. 33.
 » Os oito talentos podem significar, também, outras manifestações do 
Pai celestial, concedidas aos três servidores. Ao primeiro transmitiu 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 3
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o dinheiro, o poder, o conforto, a habilidade e o prestígio; ao segundo 
concedeu a inteligência e a autoridade, e ao terceiro entregou o conhe-
cimento espírita. Irmão X: Estante da vida. Cap. 4.
Subsídios
1. Texto evangélico
Porque isto é também como um homem que, partindo para fora 
da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens, e a um deu 
cinco talentos, e a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua 
capacidade, e ausentou-se logo para longe. E, tendo ele partido, o que 
recebera cinco talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos. 
Da mesma sorte, o que recebera dois granjeou também outros dois. Mas o 
que recebera um foi, e cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor. 
E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com 
eles. Então, aproximou-se o que recebera cinco talentos e trouxe-lhe outros 
cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros 
cinco talentos que ganhei com eles. E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo 
bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo 
do teu senhor. E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, 
disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles ganhei outros 
dois talentos. Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o 
pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Mas, 
chegando também o que recebera um talento disse: Senhor, eu conhecia-te, 
que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não 
espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que 
é teu. Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; 
sabes que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei; devias, então, 
ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o 
que é meu com os juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez 
talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; 
mas ao que não tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado. Lançai, pois, o servo 
inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. (Mateus, 
25:14-30.)
As principais ideias da parábola podem ser assim resumidas:
Está visto que o senhor, aí, é Deus; os servos somos nós, é a Humanidade; 
os talentos são os bens e recursos que a Providência nos autorga para 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 3
149
serem empregados em benefício próprio e de nosssos semelhantes; o 
tempo concedido para a sua movimentação é a existência terrena. A 
distribuição de talentos em quantidades desiguais, ao contrário do que 
possa parecer, nada tem de arbitrária nem de injusta: baseia-se na capa-
cidade de cada um, adquirida antes da presente encarnação, em outras 
jornadas evolutivas.1
2. Interpretação do texto evangélico
 » Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da 
terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens, e a um deu 
cinco talentos, e a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua 
capacidade, e ausentou-se logo para longe. E, tendo ele partido, o que 
recebera cinco talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talen-
tos. Da mesma sorte, o que recebera dois granjeou também outros dois. 
Mas o que recebera um foi, e cavou na terra, e escondeu o dinheiro do 
seu senhor. (Mt 25:14-18).
Por estas palavras, ensina Jesus sobre a confiança depositada 
por Deus a seus filhos, concedendo-lhes o gerenciamento de bens, de 
acordo com as possibilidades de cada um.
Se te afeiçoas, assim, aos ideais de aprimoramento e progresso, não te 
afastes do trabalho que renova, do estudo que aperfeiçoa, do perdão 
que ilumina, do sacrifício que enobrece e da bondade que santifica... 
Lembra-te que o Senhor nos concede tudo aquilo de que necessitamos 
para comungar-lhe a glória divina, entretanto, não te esqueças de 
que as dádivas do Criador se fixam, nos seres da Criação, conforme 
a capacidade de cada um.10
O texto revela também a bondade divina, sempre plena de mise-
ricórdia, que fornece, em cada experiência reencarnatória, as bênçãos 
necessárias ao reajuste espiritual. Neste sentido, aconselha Emmanuel: 
“Melhorar para progredir — eis a senha da evolução. [...] Não olvides 
que os talentos de Deus são iguais para todos, competindo a nós outros 
a solução do problema alusivo à capacidade de recebê-los.”9
Os servidores que receberam os talentos representam três dife-
rentes categorias evolutivas de Espíritos.
Os que recebem cinco talentos são Espíritos já mais experimentados, 
mais vividos, que aqui reencarnam para missões de repercussão social; 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 3
150
os que recebem dois, são destinados a tarefas mais restritas, de âmbito 
familiar; os que recebem um, não têm outra responsabilidade senão 
a de promoverem o progresso espiritual de si mesmos, mediante a 
aquisição de virtudes que lhes faltam.1
Os servidores incluídos nos dois primeiros grupos corres-
ponderam à confiança do Senhor. Demonstraram responsabilidade 
perante as dádivas recebidas, agindo com diligência, bom senso, 
trabalho e dedicação, de sorte que conseguiram duplicar os benefícios 
que lhes foram confiados.
O terceiro depositário, entretanto, não seguiu o exemplo dos 
demais. Portador de personalidade inibida e temerosa, imatura e 
descompromissada, não soube utilizar, como deveria, a concessão 
celeste. Representa os homens que usam mal os dons recebidos do Pai 
Celestial. A maioria das pessoas, no estágio atual de evolução, procede 
de forma similar, daí a necessidade das inumeráveis reencarnações 
como processo reeducador.
Há milhares de pessoas que efetuam a romagem carnal, amontoando 
posses exteriores, à gana de ilusória evidência. [...] E imobilizam-se 
do medo ou do tédio [...], até que a morte lhes reclama a devolução do 
próprio corpo. Não olvides, assim, a tua condição de usufrutuário do 
mundo e aprende a conservar no próprio íntimo os valores da Grande 
Vida. [...] Lembra-te de que amanhã restituirás à vida o que a vida te 
emprestou, em nome de Deus, e que os tesouros do teu Espírito será 
apenas aqueles que houveres amealhado em ti próprio, no campo da 
educação e das boas obras.11
Os talentos simbolizam os infinitos recursos divinos, disponibi-
lizados peloCriador supremo em prol do nosso progresso espiritual. 
O Espírito Irmão X nos apresenta, de forma criativa e inteligente, duas 
versões da parábola, nos livros Luz acima e Estante da vida, respec-
tivamente. Apresentamos, em seguida, as ideias gerais existentes no 
primeiro livro.
Relata o Espírito amigo que os talentos recebidos pelo primeiro 
servo foram: saúde, riqueza, habilidade, discernimento e autoridade. 
O Senhor prestou-lhe, também, as seguintes recomendações: “[...] 
Multiplica-os, aonde fores, em benefício dos meus filhos e teus irmãos 
que, em situação inferior à tua, avergados ao solo do planeta a que 
levarás minhas bênçãos, se esforçam mais intensamente”.5
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 3
151
Dirigindo-se ao segundo servidor, o Senhor orientou-o, assim: 
— Transporta contigo estas duas preciosidades, que se destinam ao 
esclarecimento e auxílio do mundo a que te diriges. São ambas, a in-
teligência e o poder. Estende estes patrimônios respeitáveis às minhas 
construções eternas.5
Ao terceiro, confiou apenas um “talento”, aclarando, cuidadoso:
— Apossa-te desta lâmpada sublime e segue. É a dor, o dom celeste 
da iluminação espiritual. Acende-a em teu campo de trabalho, em 
favor de ti mesmo e dos semelhantes. Seus raios abrem acesso aos 
tabernáculos divinos.6
 » E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas 
com eles. Então, aproximou-se o que recebera cinco talentos e trouxe-
-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; 
eis aqui outros cinco talentos que ganhei com eles. E o seu senhor lhe 
disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito 
te colocarei; entra no gozo do teu senhor. E, chegando também o que 
tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; 
eis que com eles ganhei outros dois talentos. Disse-lhe o seu senhor: Bem 
está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; 
entra no gozo do teu senhor. Mas, chegando também o que recebera 
um talento disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que 
ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemoriza-
do, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, 
porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabes que ceifo 
onde não semeei e ajunto onde não espalhei; devias, então, ter dado o 
meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu 
com os juros (Mt 25:19-27).
“E muito tempo depois”, assinala o período posterior ao 
aprendizado desenvolvido pelo Espírito. Indica a avaliação do 
estágio probatório, quando o Pai afere o resultado das provas 
ou testes que serviram de lições à criatura, no seu processo de 
ascensão espiritual.
O “ajuste de contas” é, pois, uma aferição de valores que cedo 
ou tarde nos alcança. Não há como fugir dessa avaliação divina. Neste 
sentido, os planejamentos reencarnatórios têm como base essa aferi-
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 3
152
ção, ou seja, a análise dos resultados dos trabalhos desenvolvidos pelo 
Espírito em cada etapa de aprendizado.
Segundo a parábola e a interpretação do Espírito Irmão X, o 
servo que recebera cinco talentos, duplicou-os esclarecendo, feliz, ao 
Senhor:
— Senhor, eis tuas dádivas multiplicadas. Deste-me cinco e restituo-
-as em dobro. Respeitando a saúde, adquiri o tempo; espalhando a 
riqueza, aliciei a gratidão; usando a habilidade, recebi a estima; mo-
vimentando o discernimento, conquistei o equilíbrio, e distribuindo 
a autoridade em teu nome, ganhei a ordem. O teu plano de júbilo e 
evolução foi executado.7
O que recebera dois talentos também se posiciona jubiloso 
perante o Pai e explica como se conduziu:
—Senhor, recebe teus haveres multiplicados. Elevando a inteligência 
obtive o trabalho e, submetendo o poder à tua vontade sábia, atraí 
o progresso. A tua expectativa de instrução e ajuda no meu setor de 
atividade foi atendida.7
Logo após, acercou-se o terceiro e último servo da expedição e, de-
volvendo, intacto, o patrimônio que recebera, notificou:
— Senhor, recolhe de volta a indesejável herança que me deste... Sei 
que és austero e exigente, que colhes o que não semeias e que ordenas 
por toda parte... Experimentando enorme dificuldade para aguentar a 
carga que me puseste nos ombros e temendo-te o juízo, escondi-a na 
terra e reponho-a, agora, em tuas mãos... Esta dádiva é um fardo difícil 
de carregar... Constituiu-se desagradável recordação por onde passei, 
estorvou-me os desejos e, de modo algum, desejaria possuí-la, outra 
vez. É impossível obter lucros ou vantagens com semelhante obstáculo. 
Retoma, pois, teu estranho e insuportável depósito!...8
Duas atitudes se destacam, de imediato, no comportamento 
desse servo: a) não assume a responsabilidade pelo próprio fracas-
so; b) culpa o Senhor pelos seus insucessos. Em consequência, foi 
denominado “mau e inconsequente” (Mt 25:26) ou “servo mau e 
infiel” (Irmão X).
O Poderoso contemplou-o, triste, e falou, enérgico:
— Servo mau e infiel, como poderias multiplicar minha bênção se nem 
ao menos te deste ao esforço de examiná-la? Como iluminar o cami-
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 3
153
nho se mantiveste a lâmpada apagada? Tua ociosidade transformou 
alguns gramas de serviço benéfico em várias toneladas de angústia que 
doravante pesarão sobre ti. Criaste fantasmas que nunca existiram, 
multiplicaste preocupações e receios que te levaram a gritar e esper-
near como simples tolo, no avançado círculo de minhas obras... Por 
fim, atiraste-me o tesouro ao pântano do desespero e da revolta e vens 
comentar o temor e o zelo que minha presença te infunde, quando 
foste tão somente preguiçoso e insensato! A dor era a tua oportunidade 
sagrada e única de iluminação ao próprio caminho, para que a tua 
claridade amparasse os companheiros de luta regenerativa e salutar. 
Repeliste o dom que te confiei [...]9
O servidor que enterrou o talento tenta justificar o seu mau 
procedimento, dizendo-se “atemorizado” (versículo 25). É oportuno 
refletir sobre esse estado de ânimo, procurando, com paciência e de-
terminação, identificar a natureza do sentimento alegado. Emmanuel 
esclarece com sabedoria, no texto que se segue.
Na parábola dos talentos, o servo negligente atribui ao medo a causa 
do insucesso em que se infelicita. 
Recebera mais reduzidas possibilidades de ganho. 
Contara apenas com um talento e temera lutar para valorizá-lo. 
Quanto aconteceu ao servidor invigilante da narrativa evangélica, há 
muitas pessoas que se acusam pobres de recursos para transitar no 
mundo como desejariam. 
E recolhem-se à ociosidade, alegando o medo da ação. 
Medo de trabalhar.
Medo de servir.
Medo de fazer amigos. 
Medo de desapontar.
Medo de sofrer. 
Medo da incompreensão. Medo da alegria.
Medo da dor.
E alcançam o fim do corpo, como sensitivas humanas, sem o mínimo 
esforço para enriquecer a existência. 
Na vida, agarram-se ao medo da morte. 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 3
154
Na morte, confessam o medo da vida. 
E, a pretexto de serem menos favorecidos pelo destino, transfor-
mam-se, gradativamente, em campeões da inutilidade e da preguiça. 
Se recebeste, pois, mais rude tarefa no mundo, não te atemorizes à 
frente dos outros e faze dela o teu caminho de progresso e renovação. 
Por mais sombria seja a estrada a que foste conduzido pelas circuns-
tâncias, enriquece-a com a luz do teu esforço no bem, porque o medo 
não serviu como justificativa aceitável no acerto de contas entre o 
servo e o Senhor.4
 » Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a 
qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não 
tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas 
exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes (Mt 25:28-30).
“Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos. 
Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas 
ao que não tiver, até oque tem ser-lhe-á tirado” “[...] significa que 
todo aquele que diligencia por corresponder à confiança do Senhor, 
receberá auxílio e proteção para que possa aumentar as virtudes que 
possui”.2 O esforço desenvolvido lhe proporciona existências futuras 
mais tranquilas, livres de expiações.
Há, entretanto, outro significado para estas ordenações do Pai: 
“mas ao que não tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado.” “Lançai, pois, o 
servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes.”
Quer [...] dizer que, aquele que não se esforçar para acrescentar 
alguma coisa àquilo que recebe da misericórdia divina, expiará, em 
futuras reencarnações de sofrimentos, a incúria, a preguiça, a má 
vontade de que deu provas, quando se verá privado até do pouco 
que teve, por empréstimo.2
Serão existências marcadas por provas e expiação, em que o 
indivíduo estará submetido ao jugo da lei de causa e efeito.
A outra interpretação da parábola, anteriormente citada, também 
elaborada pelo Irmão X, encontra-se no livro Estante da vida. Nessa 
 interpretação, os talentos destinados aos três servidores são os seguintes: 
“Ao primeiro transmitiu o dinheiro, o poder, o conforto a habilidade e o 
prestígio; ao segundo concedeu a inteligência e a autoridade, e ao terceiro 
entregou o conhecimento Eespírita.”3
Sugerimos que esta versão da Parábola dos Talentos, inserida 
em anexo, seja estudada em sala de aula.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 3
155
Referências
1. CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangélicas. 9. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2006. Cap. 
 Parábola dos talentos, p. 55.
2. _____._____. p. 57.
3. XAVIER, Francisco Cândido. Estante da vida. Pelo Espírito Irmão X. 9. ed. Rio de Janeiro: 
FEB, 2006. Cap. 4 (Estudo na parábola), p. 29-30.
4. _____. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 132 
(Tendo medo), p. 327-328.
5. _____. Luz acima. Pelo Espírito Irmão X. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 33 
(Lembrando a parábola), p. 143. 
6. _____._____. p. 143-144.
7. _____._____. p. 144.
8. _____._____. p. 144-145.
9. _____._____. p. 145.
10. _____ Palavras de vida eterna. Pelo Espírito Emmanuel. 33. ed. Uberaba: Comunhão 
Espírita Cristã, 2005. Cap. 7 (Melhorar para progredir), p. 28.
11. _____._____. Cap. 8 (Vida e posse), p. 29-30.
Orientações ao monitor
Pedir à turma que faça leitura silenciosa do texto evangélico 
(Mateus, 25:14-30), assinalando os pontos que julguem mais signi-
ficativos. Em seguida, organizar dois grupos de estudo e solicitar-lhes 
a realização das seguintes tarefas:
Grupo 1: leitura do texto “Estudo da parábola”, do Espírito Irmão 
X — veja anexo —, seguida de troca de ideias e elaboração de resumo 
que expresse o pensamento do autor. Um ou mais relatores apresen-
tarão, em plenária, um resumo da história e o resumo elaborado.
Grupo 2: os participantes realizam as mesmas atividades do 
outro grupo, só que estudarão o texto intitulado “Lembrando a pará-
bola” — veja anexo —, também de autoria do Espírito Irmão X.
Após os relatos do grupo, analisar em conjunto com a turma, 
outras ideias que não foram consideradas, correlacionando-as à exis-
tência cotidiana.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 3
156
Anexo
Estudo na parábola*
Irmão X
Comentávamos a necessidade da divulgação da Doutrina 
Espírita, quando o rabi Zoar ben Ozias, distinto orientador israelita, 
hoje consagrado às verdades do Evangelho no mundo espiritual, pediu 
licença a fim de parafrasear a parábola dos talentos, contada por Jesus, 
e falou, simples:
— Meus amigos, o Senhor da Terra, partindo, em caráter tempo-
rário, para fora do mundo, chamou três dos seus servos e, considerando 
a capacidade de cada um, confiou-lhes alguns dos seus próprios bens, 
a título de empréstimo, participando-lhes que os reencontraria, mais 
tarde, na vida superior...
Ao primeiro transmitiu o dinheiro, o poder, o conforto, a habili-
dade e o prestígio; ao segundo concedeu a inteligência e a autoridade, 
e ao terceiro entregou o conhecimento espírita.
Depois de longo tempo, os três servidores, assustados e vaci-
lantes, compareceram diante do Senhor para as contas necessárias.
O primeiro avançou e disse:
— Senhor, cometi muitos disparates e não consegui realizar-te 
a vontade, que determina o bem para todos os teus súditos, mas, com 
os cinco talentos que me puseste nas mãos, comecei a cultivar, pelo 
menos com pequeninos resultados, outros cinco, que são o trabalho, 
o progresso, a amizade, a esperança e a gratidão, em alguns dos com-
panheiros que ficaram no mundo... Perdoa-me, ó divino Amigo, se 
não pude fazer mais!...
O Senhor respondeu tranquilo:
— Bem está, servo fiel, pois não erraste por intenção... Volta 
ao campo terrestre e reinicia a obra interrompida, renascendo sob o 
amparo das afeições que ajudaste.
* XAVIER, Francisco Cândido. Estante da vida. Pelo Espírito Irmão X. ed. Rio de Janeiro: FEB, 
2006. Cap. 4 (Estudo na parábola), p.29-32.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 3
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Veio o segundo e alegou:
— Senhor, digna-te desculpar-me a incapacidade... Não te pude 
compreender claramente os desígnios que preceituam a felicidade 
igual para todas as criaturas e perpetrei lastimáveis enganos... Ainda 
assim, mobilizei os dois valores que me deste e, com eles, angariei 
outros dois que são a cultura e a experiência para muitos dos irmãos 
que permanecem na retarguada...
O Excelso benfeitor replicou, satisfeito:
Bem está, servo fiel, pois não erraste por intenção... Volta ao 
campo terrestre e reinicia a obra interrompida, renascendo sob o 
amparo das afeições que ajuntaste.
O terceiro adiantou-se e explicou:
— Senhor, devolvo-te o conhecimento espírita, intocado e puro, 
qual o recebi de tua munificência... O conhecimento espírita é Luz, 
Senhor, e, com ele, aprendi que a tua Lei é dura demais, atribuindo a 
cada um conforme as próprias obras. De que modo usar uma lâmpada 
assim, brilhante e viva, se os homens na Terra estão divididos por pe-
sadelos de inveja e ciúme, crueldade e ilusão? Como empregar o clarão 
de tua verdade sem ferir ou incomodar? E como incomodar ou ferir, 
sem trazer deploráveis consequências para mim próprio? Sabes que 
a Verdade, entre os homens, cria problemas onde aparece... Em vista 
disso, tive medo de tua Lei e julguei como a medida mais razoável para 
mim o acomodar-me com o sossego de minha casa... Assim pensando, 
ocultei o dom que me recomendaste aplicar e restituo-te semelhante 
riqueza, sem o mínimo toque de minha parte!...
O Sublime credor, porém, entre austero e triste, ordenou que 
o tesouro do conhecimento espírita lhe fosse arrancado e entregue, 
de imediato, aos dois colaboradores diligentes que se encaminhariam 
para a Terra, de novo, declarando, incisivo:
— Servo infiel, não existe para a tua negligência outra alternativa 
senão a de recomeçares toda a tua obra pelos mais obscuros entraves 
do princípio...
Senhor!... Senhor!... — chorou o servo displicente. — Onde a 
tua equidade? Deste aos meus companheiros o dinheiro, o poder, o 
conforto, a habilidade, o prestígio, a inteligência e a autoridade, e a 
mim concedeste tão só o conhecimento espirita... Como fazes cair 
sobre mim todo o peso de tua severidade?
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— O Senhor, entretanto, explicou, brandamente:
— Não desconheces que te atribuí a luz da Verdade como o bem 
maior de todos. Se a ambos os teus companheiros não acertaram em 
tudo, é que lhes faltava o dissernimento que lhes podias ter ministrado, 
através do exemplo, de que fugiste por medo da responsabilidade de 
corrigir amando e trabalhar instruindo... Escondendo a riqueza que 
te emprestei, não só te perdeste pelo temor de sofrer e auxiliar, como 
também prejudicaste a obra deficitária de teus irmãos, cujos dias no 
mundo teriam alcançado maior rendimento no Bem eterno, se hou-
vessem recebido o quinhão de amor e serviço, humildade e paciência 
que lhes negaste!...
— Senhor!... Senhor!... por quê? — soluçou o infeliz — por quetamanho rigor, se a tua Lei é de misericórdia e justiça.
Então, os assessores do Senhor conduziam o servo desleal para 
as sombras do recomeço, esclarecendo a ele que a Lei, realmente, é 
disciplina de misericórdia e justiça, mas com uma diferença: para os 
ignorantes do dever, a justiça chega pelo alvará da misericórdia; mas, 
para as criaturas conscientes das próprias obrigações, a misericórdia 
chega pelo cárcere da justiça.
Anexo
Lembrando a parábola* 
Irmão X
Ao enviar três servos de confiança para servi-lo em propriedade 
distante, onde outros milhares de trabalhadores, em diversos degraus 
da virtude e da sabedoria, lavravam a terra em louvor de tua grandeza 
divina, o supremo Senhor chamou-os à sua presença e distribuiu com 
eles preciosos dons.
Afagado o primeiro, entregou-lhe cinco “talentos”, notificando:
— Conduze contigo estes tesouros da alegria e da prosperida-
de. São eles a saúde, a riqueza, a habilidade, o Ddiscernimento e a 
* XAVIER, Francisco Cândido. Luz acima. Pelo Espírito Irmão X. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 
2007. Cap. 33 (Lembrando a parábola), p. 143-145.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 3
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 autoridade. Multiplicaos, aonde fores, em benefício dos meus filhos e 
teus irmãos que, em situação inferior à tua, avergados ao solo do pla-
neta a quem levarás minhas bênçãos, se esforçam mais intensamente.
Ao segundo servidor passou dois “talentos”, acentuando:
— Transporta contigo esta duas preciosidades, que se destinam 
ao esclarecimento e auxílio do mundo a que te diriges. São ambas, a 
inteligência e o poder. Estende estes patrimônios respeitáveis às minhas 
construções eternas.
Ao terceiro, confiou apenas um “talento”, aclarando, cuidadoso:
Apossa-te desta lâmpada sublime e segue. É a dor, o dom ce-
leste da iluminação espiritual. Acende-a em teu campo de trabalho, 
em favor de ti mesmo e dos semelhantes. Seus raios abrem acesso aos 
tabernáculos divinos.
Em seguida, fixou os três colaboradores que partiam e explicou:
— Aguardá-los-ei de regresso, para as contas.
O tempo correu, célere, e veio o dia em que os mensageiros 
voltaram ao pátrio lar.
O Soberano esperava-os no pórtico, esperançoso e feliz.
Findas as saudações usuais, o primeiro enviado adiantou-se e 
entregoulhe dez “talentos”, relacionando:
— Senhor, eis tuas dádivas multiplicadas. Deste-me cinco e 
restituo-as em dobro. Respeitando a saúde, adquiri o tempo; espalhan-
do a riqueza, aliciei a gratidão; usando a habilidade, recebi a estima; 
movimentando o discernimento, conquistei o equilíbrio, e distribuindo 
a autoridade em teu nome, ganhei a ordem. O teu plano de júbilo e 
evolução foi executado.
O Justo abençoou-o e explicou:
Já que foste fiel nestes negócios de pouca monta, conceder-te-ei 
a intendência de importantes interesses de minha casa.
Aproximou-se o segundo e depositou-lhe nas mãos quatro 
“talentos”, informando:
Senhor, recebe teus haveres multiplicados. Elevando a inteli-
gência obtive o trabalho e, submetendo o poder à tua vontade sábia, 
atraí o progresso. A tua expectativa de instrução e ajuda no meu setor 
de atividade foi atendida.
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O Pai louvou-lhe a conduta e falou, contente:
— Já que revelaste lealdade no “pouco”, ser-te-á conferido o 
“muito” das grandes tarefas.
Logo após, acercou-se o terceiro e último servo da expedição e, 
devolvendo, intacto, o patrimônio que recebera, notificou:
— Senhor, recolhe de volta a indesejável herança que me des-
te... Sei que és austero e exigente, que colhes o que não semeias e que 
ordenas por toda parte... Experimentando enorme dificuldade para 
aguentar a carga que me puseste nos ombros e temendo-te o juízo, 
escondi-a na terra e reponho-a, agora, em tuas mãos... Esta dádiva é 
um fardo difícil de carregar... Constituiu-se desagradável recordação 
por onde passei, estorvou-me os desejos e, de modo algum, desejaria 
possuí-la, outra vez. É impossível obter lucros ou vantagens com seme-
lhante obstáculo. Retoma, pois, teu estranho e insuportável depósito!...
O Poderoso contemplou-o, triste, e falou, enérgico:
— Servo mau e infiel, como poderias multiplicar minha bênção 
se nem ao menos te deste ao esforço de examiná-la? Como iluminar 
o caminho se mantiveste a lâmpada apagada? Tua ociosidade trans-
formou alguns gramas de serviço benéfico em várias toneladas de 
angústia que doravante pesarão sobre ti. Criaste fantasmas que nunca 
existiram, multiplicaste preocupações e receios que te levaram a gritar 
e espernear como simples tolo, no avançado círculo de minhas obras... 
Por fim, atiraste-me o tesouro ao pântano do desespero e da revolta 
e vens comentar o temor e o zelo que minha presença te infunde, 
quando foste tão somente preguiçoso e insensato! A dor era a tua 
oportunidade sagrada e única de iluminação ao próprio caminho, para 
que a tua claridade amparasse os companheiros de luta regenerativa 
e salutar. Repeliste o dom que te confiei... Volta, portanto, à sombra e 
à desesperação que abraçaste!...
E o servo, que se perdera pela imprevidência e pela inconfor-
mação, somente entendeu o sublime valor da lâmpada do sofrimento 
quando se viu sozinho e desamparado, nas trevas exteriores.
EADE – LIVRO III | MÓDULO III
ENSINOS POR PARÁBOLAS
Roteiro 4
AS PARÁBOLAS DA FIGUEIRA
Objetivos
 » Explicar, sob a ótica espírita, os ensinamentos morais existentes nas 
duas parábolas da figueira.
Ideias principais
 » Em diferentes oportunidades, Jesus utiliza o recurso das alegorias para 
transmitir um ensinamento moral. É o que faz quando identifica os 
sinais de transformação ocorridos na figueira, em razão da mudança 
climática, com o processo de renovação espiritual que, cedo ou tarde, 
alcança o Espírito. No caso desta parábola, [...] grandes verdades se ocul-
tam. Há, primeiramente, a predição das calamidades de todo o gênero 
que assolarão e dizimarão a Humanidade, calamidades decorrentes da 
luta suprema entre o bem e o mal, entre a fé e a incredulidade, entre as 
ideias progressistas e as ideias retrógradas. Há, em segundo lugar, a da 
difusão, por toda a Terra, do Evangelho [...]. Allan Kardec: A gênese. 
Cap. XVII, item 56.
 » A figueira que secou é o símbolo dos que apenas aparentam propensão 
para o bem, mas que, em realidade, nada de bom produzem [...]. Allan 
Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XIX, item 9.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 4
162
Subsídios
1. Texto evangélico
E haverá sinais no sol, e na lua, e nas estrelas, e, na terra, angústia 
das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas; homens 
desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo, 
porquanto os poderes do céu serão abalados. E, então, verão vir o Filho 
do Homem numa nuvem, com poder e grande glória. Ora, quando essas 
coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai a vossa cabeça, 
porque a vossa redenção está próxima. E disse-lhes uma parábola: Olhai 
para a figueira e para todas as árvores. Quando já começam a brotar, 
vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão. Assim 
também vós, quando virdes acontecer essas coisas, sabei que o Reino de 
Deus está perto. (Lucas, 21:25-31.)
E, no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. Vendo 
de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma 
coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo 
de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto 
de ti. E os seus discípulos ouviram isso. (Marcos, 11:12-14.)
Essas duas parábolas da figueira tratam de assuntos distintos, 
mas há uma relação de causa e efeito entre ambas.
A primeira figueira está na fase de surgimento de novos brotos 
quando o verão se aproxima. Simboliza os indivíduos que iniciaram o 
despertamento de valores espirituais. Na segunda parábola a figueira 
encontra-se noutro período, já coberta de folhagem vistosa, porém 
destituída de frutos. Trata-se de uma alegoria referente às pessoas que 
possuem algum entendimentoespiritual, explanam sobre eles, mas são 
incapazes de produzir frutos, isto é, de exemplificarem o que pregam.
A primeira árvore é apenas uma promessa, que pode ou não 
se concretizar em determinado período de tempo. A segunda é um 
projeto que se encontra em fase de execução, mas que fracassa em 
razão de deficiências intrínsicas.
Da mesma forma, o Espírito só produzirá no momento certo, 
depois de, ter incorporados valores intelectuais e morais. São con-
quistas que irão produzir frutos do bem, os quais capacita a criatura 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 4
163
a transformar-se em auxiliar do Pai, como anuncia Paulo, o apóstolo 
dos gentios, em sua primeira carta aos coríntios: “Porque nós somos 
cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus” 
(1Co 3:9).
Asseverando Paulo a sua condição de cooperador de Deus e desig-
nando a lavoura e o edifício do Senhor nos seguidores e beneficiários 
do Evangelho que o cercavam, traçou o quadro espiritual que sempre 
existirá na Terra em aperfeiçoamento, entre os que conhecem e os que 
ignoram a verdade divina. [...] O serviço é de plantação e edificação, 
reclamando esforço pessoal e boa vontade para com todos, porquanto, 
de conformidade com a própria simbologia do apóstolo, o vegetal 
pede tempo e carinho para desenvolverse e a casa sólida não se ergue 
num dia.11
2. Interpretação do texto evangélico
 » E haverá sinais no sol, e na lua, e nas estrelas, e, na terra, angústia das 
nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas; homens des-
maiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo, 
porquanto os poderes do céu serão abalados. E, então, verão vir o Filho 
do Homem numa nuvem, com poder e grande glória. Ora, quando essas 
coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai a vossa cabeça, 
porque a vossa redenção está próxima. E disse-lhes uma parábola: Olhai 
para a figueira e para todas as árvores. Quando já começam a brotar, 
vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão. Assim 
também vós, quando virdes acontecer essas coisas, sabei que o Reino de 
Deus está perto (Lc 21:25-31).
O registro de Lucas refere-se às provações que a Humanidade 
está destinada a passar, durante a transição que antecede a era da 
regeneração (veja Módulo I, roteiro 4).
Há, primeiramente, a predição das calamidades [...], decorrentes da 
luta suprema entre o bem e o mal, entre a fé e a incredulidade, entre 
as ideias progressistas e as ideias retrógradas. Há, em segundo lugar, 
a difusão, por toda a Terra, do Evangelho restaurado na sua pureza 
primitiva; depois, ao reinado do bem, que será o da paz e da fraterni-
dade universais, a derivar do código de moral evangélica, posto em 
pratica por todos os povos.3
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 4
164
Catástrofes e destruições assinalarão o período de transição. Os 
Espíritos orientadores assim se expressam: “[...] Preciso é que tudo se 
destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição 
não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e a 
melhoria dos seres vivos.”7
Os sinais que definem a era de transição e a de regeneração estão 
simbolizados nestes versículos: “Olhai para a figueira e para todas as 
árvores. Quando já começam a brotar, vós sabeis por vós mesmos, 
vendo-as, que perto está já o verão. Assim também vós, quando virdes 
acontecer essas coisas, sabei que o Reino de Deus está perto.”
Na época de transição, a destruição abusiva que o homem per-
petuou ao longo dos tempos chegará ao ápice. As forças da Natureza 
reagirão, visto que, ao lado dos agentes de destruição encontram-se 
também os meios de conservação, concedidos pela sabedoria divina, 
os quais delimitam os limites do livre arbítrio humano. “É o remédio 
ao lado mal.”8
Isto posto, diremos que o nosso globo, como tudo o que existe, esta 
submetido à lei do progresso. Ele progride, fisicamente, pela transfor-
mação dos elementos que o compõem e, moralmente, pela depuração 
dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Ambos esses 
progressos se realizam paralelamente, porquanto o melhoramento da 
habitação guarda relação com o do habitante. Fisicamente, o globo terrá-
queo há experimentado transformações que a Ciência tem comprovado 
e que o tornaram sucessivamente habitável por seres cada vez mais aper-
feiçoados. Moralmente, a Humanidade progride pelo desenvolvimento 
da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes.4
No período de transição, vivido atualmente pela Humanidade, 
surgirão não apenas os falsos profetas, mas também pessoas cujas 
ideias mais perturbam do que auxiliam. São “[...] as utopias, todos os 
sistemas ocos, todas as doutrinas carente de base sólida”.1
São pessoas que [...] aparentam propensão para o bem, mas que, em 
realidade, nada de bom produzem; dos oradores que mais brilho têm 
do que solidez, cujas palavras trazem superficial verniz, de sorte que 
agradam aos ouvidos, sem que, entretanto, revelem, quando perscru-
tadas, algo de substancial para os corações.2
As expiações coletivas, relativamente comuns durante a transi-
ção, representam recurso divino de reajuste espiritual.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 4
165
A noção de pessoa, reconhecida pela ordem jurídica, facilita-nos o 
entendimento das responsabilidades individuais e coletivas. [...] Assim, 
não se torna difícil entender que as expiações coletivas são os resgates 
de ações anteriores praticadas em conjunto pelo grupo envolvido. 
[...] Ainda se pode acrescentar [...] que os grupos se reúnem na Terra 
para tarefas ou missões comuns, assim como são reunidos, em outras 
épocas e circunstâncias, para purgar faltas cometidas em conjunto, 
solidariamente. [...] A Providência divina tem meios e formas para 
determinar os reencontros, o reinício de tarefas, os resgates, tanto no 
plano individual quanto no coletivo [...].10
É importante permanecer atentos aos sinais que assinalam os 
momentos de mudança, da mesma forma que os brotos surgidos na 
figueira anunciam outra estação do ano, o verão. Na transição, “[...] os 
períodos de renovação moral da Humanidade coincidem, como tudo 
leva a crer, com as revoluções físicas do globo [...]”.5
Os benfeitores espirituais orientam que é importante não per-
der a oportunidade de melhoria, concedido por Jesus, nessa ocasião: 
“Retire-se cada um dos excessos na satisfação egoística, fuja ao relaxa-
mento do dever, alije as inquietações mesquinhas — e estará preparado 
à sublime transformação.”12
A regeneração, por outro lado, será marcada pela transformação 
moral, situação em que o Evangelho estabelecerá seu reinado definitivo. 
“A fraternidade será a pedra angular da nova ordem social; mas, não 
há fraternidade real, sólida, efetiva, senão assente em base inabalável 
e essa base é a fé [...].”6
 » E, no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. Vendo de longe 
uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, 
chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. 
E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. 
E os seus discípulos ouviram isso (Mc 11:12-14).
Estas anotações do evangelista indicam que a figueira estéril é 
o símbolo das pessoas inclinadas ao bem, à aquisição de valores espi-
rituais, mas ainda incapaz de praticá-los. “Simboliza também todos 
aqueles que, tendo meios de ser úteis, não o são [...].”1
O que as mais das vezes falta é a verdadeira fé, a fé produtiva, a fé que 
abala as fibras do coração, a fé, numa palavra, que transporta mon-
tanhas. São árvores cobertas de folhas, porém, baldas de frutos. Por 
isso é que Jesus as condena à esterilidade, porquanto dia virá em que 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 4
166
se acharão secas até à raiz. Quer dizer que todos os sistemas, todas as 
doutrinas que nenhum bem para a Humanidade houverem produzido, 
cairão reduzidas a nada; que todos os homens deliberadamente inúteis, 
por não terem posto em ação os recursos quetraziam consigo, serão 
tratados como a figueira que secou.1
É necessário, contudo, fazer reflexão sobre o conteúdo do versí-
culo treze, do texto de Marcos: “Vendo de longe uma figueira que tinha 
folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou 
senão folhas, porque não era tempo de figos.” No primeiro momento, 
parece existir contradição nas ideias expressas, uma vez que, se não 
“era tempo de figos”, Jesus só poderia encontrar na figueira apenas as 
folhas. Faz-se necessário explicar o significado do simbolismo para que 
não se julgue, equivocadamente, a ação seguinte, assim expressa pelo 
Cristo: “Nunca mais coma alguém fruto de ti”(versículo 14).
A figueira cheia de folhas assemelha-se aos indivíduos que re-
ceberam oportunidades de se transformar para melhor; conseguem 
discernir entre o falso e verdadeiro e são portadores de razoável co-
nhecimento. Falam bem, atraindo pessoas, até multidões, em razão das 
habilidades pessoais que possuem. São, porém, incapazes de praticar o 
que recomenda porque não possuem, ainda, moralidade elevada nem 
domínio dos assuntos que ensina.
Em geral, são pessoas portadoras de algumas virtudes, mas que 
gostam de impor a própria opinião. São personalistas e não se animam a 
considerar outras opiniões, por se julgarem “donos da verdade”. Os que se 
aproximam deles afastam, em seguida, decepcionados, por não encontra-
rem nem a fé pregada nem a consistência dos ensinamentos divulgados.
A figueira não dava fruto porque sua organização celular era insufi-
ciente ou deficiente, e Jesus, conhecendo esse mal, quis dar uma lição 
aos seus discípulos, não só para lhes ensinarem a terem fé, mas tam-
bém para lhes fazer ver que os homens e as instituições infrutíferas, 
como aquela árvore, sofreriam as mesmas consequências. Pelo lado 
filosófico, realça da parábola a necessidade indispensável da prática 
das boas obras, não só pelas instituições, como pelos homens. Um 
indivíduo, por mais bem vestido e mais rico que seja, encaramujado 
no seu egoísmo, é semelhante a uma figueira, da qual, em nos aproxi-
mando, não vemos mais do que folhas.[...] O que precisamos da árvore 
são os frutos. O que precisamos da religião são as boas obras. [...] A 
religião do Cristo não é religião das “folhas”, mas, sim, a dos frutos!9
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 4
167
O Espiritismo nos orienta como proceder nestes tempos de 
transformação, em que o homem se revela demasiadamente preocupa-
do com as dificuldades da vida material, em detrimento da aquisição 
de valores espirituais. Apóia-nos na fase de transição, em curso no 
Planeta, concedendo-nos os recursos necessários para que possamos 
integrar a Humanidade regenerada do futuro.
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 19, item 9, p. 345.
2. _____._____. p. 344-345.
3. _____. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 52 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 17, 
item 56, p. 449.
4. _____._____. Cap. 18, item 2, p. 458.
5. _____._____. Item 10, p. 466.
6. _____._____. Item 17, p.470.
7. _____. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de Janeiro: FEB, 
2007, questão 728, p. 389.
8. _____._____. Questão 731, p. 390.
9. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão: O Clarim, 2004. Item: 
Parábola da figueira estéril, p.57.
10. SOUZA. Juvanir Borges. Tempo de transição. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. 14 
(Expiações coletivas), p.122-123.
11. XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio de Janeiro: 
FEB, 2007. Cap. 68 (Sementeira e construção), p. 177-178.
12. _____. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 23 
(E olhai por vós), p. 66.
Orientações ao monitor
Fazer uma breve explanação no início da aula, destacando os 
pontos principais que são desenvolvidos neste Roteiro. Em seguida, 
dividir a turma em dois grupos, cabendo, a cada um, o estudo de 
uma das parábolas da figueira; elaboração de uma síntese das ideias 
expressas por Jesus no texto evangélico e apresentação das conclusões 
do trabalho em grupo, em plenária. Ouvir os relatos, contextualizando 
os assuntos estudados no cotidiano da vida atual.
EADE – LIVRO III | MÓDULO III
ENSINOS POR PARÁBOLAS
Roteiro 5
O CREDOR INCOMPASSIVO
Objetivos
 » Interpretar a parábola do credor incompassivo, à luz do entendimento 
espírita.
Ideias principais
 » A parábola do credor incompassivo refere-se a alguém que teve vultosa 
dívida perdoada, mas que não soube perdoar quem lhe devia pouca 
coisa. Recebeu misericórdia e perdão em abundância, mas não se fez 
merecedor desses benefícios quando colocado em situação similar. 
Perdeu, desta forma, a oportunidade de quitar suas dívidas de acordo 
com os preceitos indicados pela lei de amor e foi constrangido pagá-las 
segundo as determinações da lei de causa e efeito, em reencarnações 
provacionais.
 » A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que 
não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no 
esquecimento e no perdão as ofensas. [...] O esquecimento das ofensas 
é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam 
desferir. [...] 
 » Ai daquele que diz: nunca perdoarei. Esse, se não for condenado pelos 
homens, sê-lo-á por Deus. Com que direito reclamaria ele o perdão de 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 5
170
suas próprias faltas, se não perdoa as dos outros? Jesus nos ensina que 
a misericórdia não deve ter limites, quando diz que cada um perdoe ao 
seu irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Allan Kardec: 
O evangelho segundo o espiritismo. Cap. X, item 4.
Subsídios
1. Texto evangélico
Por isso, o Reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que 
quis fazer contas com os seus servos; e, começando a fazer contas, foi-lhe 
apresentado um que lhe devia dez mil talentos. E, não tendo ele com que 
pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher, e seus filhos fossem 
vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. 
Então, aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê 
generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então, o senhor daquele servo, 
movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, 
porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem 
dinheiros e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me 
deves. Então, o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, 
dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não 
quis; antes, foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, 
pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito e foram 
declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então, o seu senhor, 
chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda 
aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter 
compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de 
ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que 
pagasse tudo o que devia. Assim vos fará também meu Pai celestial, 
se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas. 
(Mateus, 18:23-35.)
Em linhas gerais, esta parábola analisa o perdão e a compaixão.
Todos [...] estamos sobrecarregados de imensos débitos para com a 
Providência divina; todos, continuamente, lhe suplicamos o perdão. 
Todavia, somos incapazes de perdoar do fundo do coração a menor 
falta que alguém cometer contra nós. Queremos que Deus nos perdoe 
e nos tolere, mas não queremos perdoar, nem tolerar nossos semelhan-
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 5
171
tes. Por meio desta tão singela quanto expressiva parábola o Mestre 
nos ensina que devemos cobrir com o manto do perdão e do amor os 
erros, que são cometidos contra nós, porque se assim não o fizermos, 
compareceremos com nossos erros descobertos na presença de Deus, o 
qual nos trataráexatamente como tivermos tratado os nossos irmãos. 7
2. Interpretação do texto evangélico
 » Por isso, o Reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis 
fazer contas com os seus servos; e, começando a fazer contas, foi-lhe 
apresentado um que lhe devia dez mil talentos. E, não tendo ele com que 
pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher, e seus filhos fossem 
vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse.Então, 
aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso 
para comigo, e tudo te pagarei. Então, o senhor daquele servo, movido 
de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida (Mt 18:23-27).
A parábola faz referência a uma prática que existia na Antiguidade: 
as pessoas que não podiam pagar as suas dívidas transformavam-se 
em escravos, podendo ser vendidos, eles e seus familiares. Os bens 
materiais que possuíam como casa, terras, moedas, animais etc., eram 
transferidos para o novo proprietário. O devedor citado na parábola 
devia uma quantia fabulosa. Vendo-se, porém, “[...] ameaçado de ser 
vendido, e mais a mulher, os filhos, e tudo quanto possuía, para resgate 
da dívida, pediu moratória, isto é, um prazo para que pudesse satisfa-
zer a tão vultoso compromisso, e o rei [ou senhor], compadecendo-se 
dele, deferiu-lhe o pedido”.2
Inúmeras vezes fez o Mestre referência ao perdão, destacando-o por 
valioso e indispensável imperativo à evolução humana. Interpelado 
por Pedro se devia perdoar “sete vezes”, respondeu-lhe que devia per-
doar “setenta vezes sete” [Mt 18:21-22], que equivale a dizer: perdoar 
indefinitivamente, tantas vezes quantas forem necessárias.5
Realizando uma análise mais apurada da história, verificamos 
que o perdão, concedido porque aquele senhor, provinha de uma 
alma elevada, portadora de sentimentos nobres como misericórdia, 
tolerância, generosidade, capacidade para ouvir e para perceber as 
dificuldades do endividado. São atributos comuns aos Espíritos supe-
riores, cuja benevolência é incomparável, uma vez que têm por norma 
de conduta seguir este procedimento: “[...] tudo o que vós quereis que 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 5
172
os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os 
profetas”(Mt 7:12).
Esta [...] é a expressão mais completa da caridade, porque resume 
todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos 
encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do 
que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos. Com 
que direito exigiríamos dos nossos semelhantes melhor proceder, 
mais indulgência, mais benevolência e devotamento para conosco, 
do que os temos para com eles? A prática dessas máximas tende à 
destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e 
para base de suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira 
fraternidade e farão que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais 
haverá ódios, nem dissensões, mas, tão somente, união, concórdia e 
benevolência mútua.1
 » Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe 
devia cem dinheiros e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-
-me o que me deves. Então, o seu companheiro, prostrando-se a seus 
pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. 
Ele, porém, não quis; antes, foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a 
dívida (Mt 18:28-30).
A situação, aqui, é outra. O mesmo devedor que teve a dívida 
perdoada, revela-se como pessoa mesquinha e implacável: “Pois bem, 
mal havia obtido tão generoso atendimento, eis que encontrou um 
companheiro que lhe devia uma bagatela, ou sejam, cem denários [ou 
cem dinheiros] [...] e, para reaver o seu dinheiro, não titubeou em usar 
de recursos violentos.”3
Infelizmente, esta tem sido a regra geral da conduta humana. Há 
pessoas que estão sempre prontas para receber benefícios e defender 
os próprios interesses. Não procedem, porém, da mesma forma para 
com o próximo. Trata-se de um comportamento contraditório, con-
siderando que somos carentes do perdão e da misericórdia de Deus, 
e das pessoas que ofendemos. Não foi por acaso que Jesus incluiu na 
oração “Pai-nosso” a sentença: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim 
como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6:12).
O conceito de perdão, segundo o Espiritismo, é idêntico ao do 
Evangelho, que lhe é fundamento: concessão, indefinida, de oportu-
nidades para que o ofensor se arrependa, o pecador se recomponha, 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 5
173
o criminoso se libere do mal e se erga, redimido, para a ascensão lu-
minosa. Quem perdoa, segundo a concepção espírita-cristã, esquece a 
ofensa. Não conserva ressentimentos. Ajuda o ofensor, muita vez sem 
que este o saiba. Não convém ao aprendiz sincero, sob pena de ultraje 
à própria consciência, adotar um perdão formal, aparente, socialmente 
hipócrita. Perdão formal é o que não tem feição evangélica. Guarda 
rancor. Alegra-se com os insucessos do adversário. Nega-lhe amparo 
moral e material.6
Faltou ao personagem que possuia uma grande dívida agir com 
misericódia, mesmo recebendo-a em abundância. É regra da vida que, 
quem age com misericódia, perdoa. Quem perdoa, é perdoado. “Porque, 
se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos 
perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, 
também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mt 6:14-15).
O perdão se reveste de grande poder moral porque se funda-
menta na lei do amor e da caridade. Assim, se “[...] pretendemos banir 
os males do mundo, cultivemos o amor que se compadece no serviço 
que constrói para a felicidade de todos. Ninguém se engane. As horas 
são inflexíveis instrumentos da Lei que distribui a cada um, segundo 
as suas obras”.9
 » Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito e 
foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então, o seu senhor, 
chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda 
aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter com-
paixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, 
indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse 
tudo o que devia. Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração 
não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas (Mt18:31-35).
Este trecho, do registro de Mateus, nos reporta à manifestação 
da lei de causa e efeito. Percebemos, em primeiro, lugar que a criatura 
endividada recebeu a indulgência e o perdão, mas, malbaratando-os, 
adquiriu novas dívidas. Em segundo lugar o pagamento que, no início, 
seria governado pela lei de amor passou para a custódia e rigor da lei 
de ação e reação, simbolizada na expressão “atormentadores”, existente 
no seguinte período gramatical: “indignado, o seu senhor o entregou 
aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia”.
Este tópico da narrativa evangélica é de suma importância. Revela, 
claramente, que há sempre um limite no pagamento das dívidas. Estas 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 5
174
podem, algumas vezes, ser realmente muito vultosas, como no caso 
prefigurado — dez mil talentos! — mas, uma vez pago esse montante, 
o devedor fica com direito à quitação. Semelhantemente, o pagamento 
dos dez mil talentos pode determinar longos períodos de sofrimento, 
muitas existências expiatórias [...].4
A primeira alternativa, relacionada ao pagamento de uma 
dívida, está sempre vinculada à misericórdia divina, pois é o resgate 
pelo amor, que é simbolizado na prática da caridade, como ensina o 
apóstolo Pedro: “Mas, sobretudo, tende ardente caridade uns para com 
os outros, porque a caridade cobrirá a multidão de pecados” (1Pe 4:8).
A segunda possibilidade só é estabelecida quando o amor é 
ignorado. Assim, a dívida passa a ser administrada pela lei da causa-
lidade, cujo pagamento ocorre não sem a manifesta misericórdia de 
Deus, sempre presente, mas vinculada aos ditames da Justiça divina.
Fica evidenteque os reajustes espirituais, quando governados 
pela lei de amor, são os preferidos, ainda que sob o peso das renúncias.
Neste propósito esclarece o benfeitor Emmanuel:
Em qualquer parte, não pode o homem agir, isoladamente, tratando-se 
da obra de Deus, que se aperfeiçoa em todos os lugares. 
O Pai estabeleceu a cooperação como princípio dos mais nobres, no 
centro das leis que regem a vida. 
No recanto mais humilde, encontrarás um companheiro de esforço. 
Em casa, ele pode chamar-se “pai” ou “filho”; no caminho, pode 
denominar-se “amigo” ou “camarada de ideal”. 
No fundo, há um só Pai que é Deus e uma grande família que se 
compõe de irmãos. 
[...] Santifica os laços que Jesus promoveu a bem de tua alma e de 
todos os que te cercam. 
[...]Observa em cada companheiro de luta ou do dia uma bênção e uma 
oportunidade de atender ao programa divino, acerca de tua existência. 
Há dificuldades e percalços, incompreensões e desentendimentos? 
Usa a misericórdia que Jesus já usou contigo, dando-te nova ocasião 
de santificar e de aprender.8
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 5
175
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 11, item 4, p. 203.
2. CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangélicas. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 
Parábola do credor incompassivo, p. 29.
3. _____._____. p. 29-30.
4. _____._____. p. 30-31.
5. PERALVA, Martins. Estudando o evangelho. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 20 
(Perdão), p. 100-101. 
6. _____._____. p. 102.
7. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Pensamento, 2003. Cap. 
XVIII, item: A parábola do credor incompassivo, p. 172.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 
Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 20 (O companheiro), p. 55-56.
9. _____. Jesus no lar. Pelo Espírito Neio Lúcio. 35 ed. 2006. Cap. 42 (A mensagem de 
compaixão), p. 247.
Orientações ao monitor
Realizar um amplo debate a respeito do assunto desenvolvido 
no Roteiro, procurando destacar o valor do perdão e da misericórdia 
como mecanismos de reajustes espirituais.
ATIVIDADE EXTRACLASSE: pedir aos participantes que 
façam leitura e elaborem uma síntese interpretativa das alegorias 
constantes dos dois textos evangélicos, objeto de estudo da próxima 
reunião: (Lucas, 14:16-24.) e (Mateus, 22:1-14.)
EADE – LIVRO III | MÓDULO III
ENSINOS POR PARÁBOLAS
Roteiro 6
A FESTA DAS BODAS
Objetivos
 » Realizar interpretação espírita da parábola das bodas.
Ideias principais
 » A parábola das bodas ensina que, partindo do princípio de [...] 
que todos os recursos da vida são pertences de Deus, anotaremos o 
divino convite à lavoura do bem, em cada lance de nossa marcha. Os 
apelos do Céu, em forma de concessões, para que os homens se ergam 
à lei de amor, voam na Terra em todas as latitudes. Todavia, raros 
registram-lhes a presença. Emmanuel: Religião dos espíritos. Cap. 
Versão prática.
 » — Jesus compara o Reino dos Céus, onde tudo é alegria e ventura, a 
um festim. Falando dos primeiros convidados, alude aos hebreus, que 
foram os primeiros chamados por Deus ao conhecimento da sua Lei.[...] 
Os convidados que se escusam, pretextando terem de ir cuidar de seus 
campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas mundanas que, absor-
vidas pelas coisas terrenas, se conservam indiferentes às coisas celestes. 
Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XVIII, item 2.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 6
178
Subsídios
1. Texto evangélico
Então, Jesus, tomando a palavra, tornou a falar-lhes em parábolas, 
dizendo: O Reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as 
bodas de seu filho. E enviou os seus servos a chamar os convidados para 
as bodas; e estes não quiseram vir. Depois, enviou outros servos, dizendo: 
Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois 
e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não 
fazendo caso, foram, um para o seu campo, e outro para o seu negócio; 
e, os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o 
rei, tendo notícias disso, encolerizou-se, e, enviando os seus exércitos, 
destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então, disse aos 
servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não 
eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas a 
todos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram 
todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial 
ficou cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu 
ali um homem que não estava trajado com veste nupcial. E disse-lhe: 
Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. 
Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o 
nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos 
são chamados, mas poucos, escolhidos. (Mateus, 22:1-14.)
Sob a forma de alegorias, esta parábola transmite lições que nos 
ajudam compreender a vida atual. É evidente que o “Reino dos céus” 
representa o estado de plenitude espiritual, o ápice do processo evo-
lutivo. O “rei” é Deus, o Pai celestial, o Criador dos seres e de todas as 
coisa do Universo. O “filho” para o qual as bodas foi preparada é Jesus. 
Os “servos” são os seus enviados, Espíritos guardiões da Humanidade. 
As “iguarias” (“bois e cevados”) simbolizam as lições do Evangelho.
O incrédulo sorri a esta parábola, que lhe parece de pueril ingenuidade, 
por não compreender que se possa opor tanta dificuldade para assistir 
a um festim e, ainda menos, que convidados levem a resistência a 
ponto de massacrarem os enviados do dono da casa.1
A narrativa revela duas ordens de ideias: primeira é que o estado 
de plenitude espiritual (“Reino dos céus”) é convite destinado a todos 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 6
179
os seres humanos, indistintamente. A segunda diz respeito à forma 
como atingir a perfeição espiritual: por meio de uma festa de casa-
mento, ou união com Jesus, guia e modelo da humanidade terrestre. 
Nesta festa, os discípulos do Mestre encontrarão uma farta provisão de 
bens para suprir todas as suas necessidades de fome e sede espirituais.
Jesus compara o reino dos Céus, onde tudo é alegria e ventura, a um 
festim. Falando dos primeiros convidados, alude aos hebreus, que 
foram os primeiros chamados por Deus ao conhecimento da sua Lei. 
Os enviados do rei são os profetas que os vinham exortar a seguir 
a trilha da verdadeira felicidade; suas palavras, porém, quase não 
eram escutadas; suas advertências eram desprezadas; muitos foram 
mesmo massacrados, como os servos da parábola. Os convidados que 
se escusam, pretextando terem de ir cuidar de seus campos e de seus 
negócios, simbolizam as pessoas mundanas que, absorvidas pelas 
coisas terrenas, se conservam indiferentes às coisas celestes.2
2. Interpretação do texto evangélico
 » Então, Jesus, tomando a palavra, tornou a falar-lhes em parábolas, 
dizendo: O Reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as 
bodas de seu filho. E enviou os seus servos a chamar os convidados para 
as bodas; e estes não quiseram vir (Mt 22:1-3).
O processo de evolução espiritual começa, efetivamente, a partir 
de certo nível de entendimento e de experiências, vivênciadas pelo 
Espírito. Somente a partir desse patamar pode o homem abrir-se para 
as verdades transcendentais. Dessa forma, os primeiros convidados 
foram os hebreus.
Os hebreus foram os primeiros a praticar publicamente o monoteísmo; 
é a eles que Deus transmite a sua lei, primeiramente por via de Moisés, 
depois por intermédio de Jesus. Foi daquele pequenino foco que 
partiu a luz destinada a espargir-se pelo mundo inteiro, a triunfar do 
paganismo e a dar a Abraão uma posteridade espiritual “tão numerosa 
quanto as estrelas do firmamento”. Entretanto, abandonando de todo 
a idolatria, os judeus desprezaram a lei moral,para se aferrarem ao 
mais fácil: a prática do culto exterior.3
Entretanto, o chamamento não foi atendido pela maioria dos 
judeus, a despeito da base religiosa que possuíam.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 6
180
Vemos a situação se repetir nos dias atuais: existem milhares 
de pessoas que receberam educação moral, proveniente de diferentes 
interpretações religiosas. Entretanto, não aceitam o convite de se me-
lhorarem. Preferem atender às sensações imediatistas e transitórias 
da vida material, numa clara manifestação de egoísmo tiranizante. 
Vivem como sonâmbulos que, indiferentes aos benefícios espirituais 
recebidos na existência, não avaliam o preço que terão de pagar por 
este descaso. Neste sentido, um amigo espiritual esclarece:
Melhor é aquele que se julga insignificante e vive cercado de servos, 
com os quais trabalha para o bem comum, do que o homem pregui-
çoso e inútil, faminto de pão, mas sempre interessado em honrar a 
si mesmo. [...] Enquanto as mãos do ímpio tecem a rede dos males, 
prepara com o teu esforço a colheita das bênçãos. Tudo passa no 
mundo. O mentiroso pagará pesados tributos. O desapiedado ferirá 
a si mesmo. O imprudente acordará nas sombras da própria queda. 
O avarento será algemado às riquezas que amontoou. O revoltado 
estará em trevas. Mas o homem justo e diligente vencerá o mundo.8
Os primeiros convidados podem representar, também, “[...] 
os doutos, os ricos, os sábios, os aristocratas, os sacerdotes, porque 
ninguém melhor do que estes estavam em condições de participar 
das bodas [...]”.5
 » Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que 
tenho o meu jantar preparado, os meus bois e às bodas. Porém eles, não 
fazendo caso, foram, um para o seu campo, e outro para o seu negócio; 
e, os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o 
rei, tendo notícias disso, encolerizou-se, e, enviando os seus exércitos, 
destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade (Mt 22:4-7).
Com o ritualismo imposto pelas diferentes castas sacerdotais, 
a religião judaica revelou, à época de Jesus, grandes desvirtuamentos. 
A Lei de Deus, sintetizada nos Dez Mandamentos, era letra morta, 
mantida no esquecimento. Foi quando o Pai enviou-lhes Jesus para 
lembrá-los dos compromissos morais e espirituais assumidos.
O mal chegara ao cúmulo; a nação, além de escravizada, era esfacelada 
pelas facções e dividida pelas seitas; a incredulidade atingira mesmo o 
santuário. Foi então que apareceu Jesus, enviado para os chamar à ob-
servância da Lei e para lhes rasgar os horizontes novos da vida futura. 
Dos primeiros a ser convidados para o grande banquete da fé universal, 
eles repeliram a palavra do Messias celeste e o imolaram. Perderam 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 6
181
assim o fruto que teriam colhido da iniciativa que lhes coubera. Fora, 
contudo, injusto acusar-se o povo inteiro de tal estado de coisas. A 
responsabilidade tocava principalmente aos fariseus e saduceus, que 
sacrificaram a nação por efeito do orgulho e do fanatismo de uns e pela 
incredulidade dos outros. São, pois, eles, sobretudo, que Jesus iden-
tifica nos convidados que recusam comparecer ao festim das bodas.3
O número de cristãos que segue o Evangelho ainda é pouco. Em 
geral, são pessoas que ouvem, leem, falam, interpretam e pregam as 
verdades imortais, mas pouco se esforçam para vivenciá-las. Não se 
revelam preocupadas com a salvação da própria alma. Estão sempre 
adiando, indefinitivamente, o momento da transformação espiritual: 
no próximo ano, no futuro, na reencarnação seguinte...
São criaturas tão absorvidas com o dia a dia que não sentem 
necessidade do Evangelho — indicadas no registro de Mateus como 
os que foram para o “campo” e foram cuidar dos “negócios” —, sem 
se darem conta do mal que infligem em si mesmas. O tesouro que 
trazem no coração é o amor pelo dinheiro e pela aquisição de bens; 
pela realização de negócios lucrativos; pela vivência de prazeres.
A negligência e a indiferença pelas coisas espirituais simbolizam 
o “ultraje” e a “morte” dos servos, ilustrados na parábola.
O versículo sete “E o rei, tendo notícias disso, encolerizou-se, e, 
enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a 
sua cidade”. faz referência à manifestação da lei de causa e efeito. No 
caso dos judeus, a história relata os sofrimentos que passaram ao longo 
dos tempos, a começar com o ocorrido no ano 70 d.C. foram truci-
dados pelos romanos, e sua capital, Jerusalém, foi quase totalmente 
destruida como relata, com detalhes, Flávio Josefo, o historiador da 
Antiguidade, em seu livro História dos hebreus.
 » As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram 
dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas a to-
dos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram 
todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial 
ficou cheia de convidados.E o rei, entrando para ver os convidados, viu 
ali um homem que não estava trajado com veste nupcial. E disse-lhe: 
Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. 
Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o 
nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos 
são chamados, mas poucos, escolhidos (Mt 22:8-14).
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 6
182
Nestes versículos, Jesus informa “[...] que a palavra ia ser pregada 
a todos os outros povos, pagãos e idólatras, e estes, acolhendo-a, seriam 
admitidos no festim, em lugar dos primeiros convidados”.3 Sabemos 
que este trabalho foi realizado, após a crucificação, pelos apóstolos e 
alguns discípulos do Cristo, em especial o desenvolvido por Paulo de 
Tarso junto aos povos gentílicos.
Entretanto, para participar da festa é preciso estar vestido 
adequadamente, com o “traje nupcial”, isto é, faz-se necessário que a 
pessoa traga puro o coração, livre de más intenções, ainda que não 
possua base religiosa ou moral significativas. “A veste de núpcias sim-
boliza o amor, a humildade, a boa vontade em encontrar a verdade 
para observá-la [...].”6 Em síntese, é preciso que o Espírito seja guiado 
pelos preceitos do mandamento maior: “Amar a Deus sobre todas as 
coisas e ao próximo como a si mesmo” (Mt 22:37-39).
[...] não basta a ninguém ser convidado; não basta dizer-se cristão, 
nem sentar-se à mesa para tomar parte no banquete celestial. É pre-
ciso, antes de tudo e sob condição expressa, estar revestido da túnica 
nupcial, isto é, ter puro o coração e cumprir a lei segundo o espírito. 
Ora, a lei toda se contém nestas palavras: Fora da caridade não há sal-
vação. Entre todos, porém, que ouvem a palavra divina, quão poucos 
são os que a guardam e a aplicam proveitosamente! Quão poucos se 
tornam dignos de entrar no Reino dos Céus! Eis por que disse Jesus: 
“Chamados haverá muitos; poucos, no entanto, serão os escolhidos.”4
Dessa forma, os hipócritas, os que promovem e executam lutas 
fratricidas, desuniões e perturbações; os egoístas, os orgulhosos e vai-
dosos; os falsos profetas e falsos cristos, oportunistas e embusteiros, que 
enganam as pessoas sob a aparência de bondade e de religiosidade; os 
que se mantêm indiferentes ao sofrimento do próximo, e que traficam 
com as coisas celestiais para obtenção de vantagens materiais, todos eles, 
serão retirados da festa por não vestirem o “traje nupcial”. Tais criaturas 
serão, portanto, conduzidos a reencarnações dolorosas, representadas, no 
texto, como “trevas exteriores” onde haverá “pranto e ranger de dentes”.
Para que atinjamos no mundo, o Reino de Deus, não nos pede o Senhor 
peregrinações de sacrifício a regiões particulares; espera, entretanto, 
demonstremos coragem suficiente para viver, dia por dia, no exato 
cumprimento de nossos deveres, na viagem difícil da reencarnação. 
Não exige nos diplomemos nos preceitos gramaticais do idioma [...]; 
espera, porém, que saibamos dizer sempre a palavra equilibrada e re-
confortante[...]. Não nos obriga a renúncia dos bens terrenos; espera, 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 6
183
todavia, que nos dediquemos a administrálos sensatamente [...]. Não 
nos impele as ginásticas especiais para o desenvolvimento prematuro 
de forças físicas e psíquicas; espera, entretanto, nos esforcemos para 
barrar pensamentos infelizes, dominando as nossas tendências infe-
riores. Não nos solicita a perfeição moral de um dia para outro; espera, 
contudo, nos disponhamos a cooperar com ele, suportando injúrias e 
esquecendo-as, em favor do bem comum. Não nos determina sistemas 
sacrificiais de alimentação [...]; espera, porém, sejamos no respeito 
ao corpo que a lei da reencarnação nos haja emprestado [...]. Não 
nos aconselha o afastamento da vida social [...]; espera, no entanto, 
que exerçamos é bondade e paciência, perdão e amor [...]. Jesus não 
nos pede o impossível; solicita-nos apenas a colaboração e trabalho 
na medida de nossas possibilidades humanas, cabendo-nos, porém, 
observar que, se todos aguardamos ansiosamente o mundo feliz de 
amanhã, é preciso lembrar que, assim como um edifício se levanta da 
base, o Reino de Deus começa de nós.7
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 18, item 2, p. 324.
2. _____._____. p. 325.
3. _____._____. p. 326.
4. _____._____. p. 327.
5. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão: O Clarim, 2004. 
Item:Parábola das bodas, p. 72.
6. _____._____. p. 74.
7. XAVIER, Francisco Cândido. Alma e coração. Pelo Espírito Emmanuel. São Paulo: Cultix, 
2006. Item: Para o reino de Deus, p. 33-34.
8. _____. Falando à terra. Por diversos Espíritos. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. De 
Salomão – mensagem de Souza Caldas, p. 161-162.
Orientações ao monitor
Ler em voz altar o texto evangélico que trata do festim das bodas, 
(Mateus, 22:1-14), pedindo à turma que acompanhe a leitura. Em 
seguida, solicitar aos participantes que apresentem o resultado da pes-
quisa, indicada na reunião anterior como atividade extraclasse. Ouvir os 
relatos, comentando-os. Realizar uma exposição dialogada conclusiva 
dos assuntos, correlacionando-os com a vivência no mundo atual.
EADE – LIVRO III | MÓDULO III
ENSINOS POR PARÁBOLAS
Roteiro 7
O TESOURO E A PÉROLA
Objetivos
 » Interpretar as parábolas do tesouro escondido e da pérola de grande 
valor, à luz do entendimento espírita.
Ideias principais
 » As duas parábolas colocam em relevo o estado de plenitude es-
piritual, simbolizado na expressão “Reino dos céus”, situação em 
que o indivíduo se desfaz do apego às posses dos bem materiais. 
Compreende então que a [...] riqueza real é atributo da alma eterna 
e permanece incorruptível naquele que a conquistou. Emmanuel: 
Ceifa de luz. Cap. 11.
 » O homem que encontrou o tesouro escondido no campo ou o nego-
ciante que achou a pérola de grande valor são Espíritos que souberam 
vivenciar a lei de amor, sublimando as suas conquistas espirituais. 
Trabalharam incessantemente pela conquista do “Reino dos céus”, por 
entenderem que para se granjear um lugar neste reino, são necessárias 
a abnegação, a humildade, a caridade em toda a sua celeste prática, a 
benevolência para com todos. [...]. Allan Kardec: O evangelho segundo 
o espiritismo. Cap. II, item 8.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 7
186
Subsídios
1. Texto evangélico
Também o Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido 
num campo que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, 
vende tudo quanto tem e compra aquele campo. Outrossim, o Reino 
dos céus é semelhante ao homem negociante que busca boas pérolas; e, 
encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha 
e comprou-a. (Mateus, 13:44-46.)
No capítulo 13 de Mateus há seis parábolas que fazem referência 
direta ao “Reino dos céus”: a do trigo e do joio; do grão de mostarda; 
do fermento; do tesouro escondido; da pérola e a da rede.
Nas parábolas do “tesouro oculto no campo” e da “pérola de 
grande valor”, Jesus enfatiza a felicidade e a ventura de quem encontra 
tais riquezas, a ponto de dispor todos os demais bens que possui. Em 
ambas histórias predomina o sentido de transformação espiritual, pela 
aquisição de virtudes.
Jesus aqui nos adverte de que a verdadeira finalidade de nossa vida 
terrena é obtermos a riqueza espiritual. Tão logo chegarmos a com-
preender que a real felicidade não consiste na posse transitória das 
coisas do mundo, de bom grado passaremos a trabalhar ativamente 
para entrarmos na posse dos bens espirituais. É assim como o homem 
que vendeu tudo o que tinha para comprar o campo e o negociante 
de pérolas que trocou tudo por uma pérola de alto preço, assim 
também nós, quando compreendermos o valor dos bens espirituais, 
tudo trocaremos por eles. Quaisquer sacrifícios serão pequenos para 
realizarmos o reino de Deus no íntimo de nossa alma.2
O processo de aquisição de bens espirituais é variável de indi-
víduo para indivíduo, entretanto, há um momento decisivo na vida 
de cada um, caracterizado pela transformação definitiva no bem, ou 
de conquista do “Reino dos céus”.
Na infância da Humanidade, o homem só aplica a inteligência à 
cata do alimento, dos meios de se preservar das intempéries e de se 
defender dos seus inimigos. Deus, porém, lhe deu, a mais do que 
outorgou ao animal, o desejo incessante do melhor, e é esse desejo 
que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua posição [...]. 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 7
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Pelas suas pesquisas, a inteligência se lhe engrandece, o moral se lhe 
depura. Às necessidades do corpo sucedem as do espírito: depois do 
alimento material, precisa ele do alimento espiritual. É assim que o 
homem passa da selvageria à civilização.1
2. Interpretação do texto evangélico
 » Também o Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num 
campo que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende 
tudo quanto tem e compra aquele campo (Mt 13:44).
A parábola do tesouro escondido, de extraordinária beleza e 
simplicidade, aplica-se aos Espíritos que já possuem desenvolvida a 
capacidade de discernimento relativa às suas reais necessidades para 
a edificação de uma vida feliz.
Graças [...] aos ensinos espíritas, aos Espíritos do Senhor, hoje é muito 
fácil ao homem achar esse tesouro. Mais difícil lhe pode ser, “vender o 
que tem e comprar o campo”, isto é, desembaraçar-se das suas velhas 
crenças, do egoísmo, do preconceito, do amor aos bens terrestres, para 
possuir os bens celestes. Materializado como está, o homem prefere 
sempre os bens aparentes e perecíveis, porque os considera positivos; os 
bens reais e imperecíveis ele os julga abstratos. A Parábola do Tesouro 
Escondido é significativa e digna de meditação: o homem terreno morre 
e fica sem seus bens; o homem espiritual permanece para a vida eterna 
e o tesouro do Céu, que ele adquiriu é de sua posse permanente.3
A expressão “Reino dos céus”, citada no texto evangélico, não se 
refere a um lugar específico, situado no plano físico ou no espiritual. 
De acordo com o entendimento espírita, indica “estado de alma” ou 
de plenitude espiritual.
Afirma Jesus que o Reino de Deus não vem com aparência exterior. É 
sempre ruinosa a preocupação por demonstrar pompas e números vai-
dosamente, nos grupos da fé. Expressões transitórias de poder humano 
não atestam o Reino de Deus. A realização divina começará do íntimo 
das criaturas, constituindo gloriosa luz do templo interno. Não surge à 
comum apreciação, porque a maioria dos homens transitam semicegos, 
através do túnel da carne, sepultando os erros do passado culposo.6
A parábola informa que o tesouro que o homem encontrou no 
campo causou-lhe imensa felicidade, tão pura e verdadeira que ele 
correu e vendeu tudo que o possuía, a fim de adquirir aquele campo. 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 7
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Percebe-se, claramente, o sentido simbólico deste ensinamento de 
Jesus: otesouro encontrado representa o ápice do esforço humano de 
transformação para o bem. Trata-se de um marco de grande significân-
cia, que faz o Espírito ascender de um patamar evolutivo para outro. 
É por este motivo que ele abre mão de todos as suas posses, passando 
a viver a vida do Espírito.
O “campo”, local onde o tesouro foi encontrado, indica o plano 
onde são desenvolvidas as experiências do aprendizado humano: na 
existência física, durante as reencarnações; no além-túmulo, nos es-
tágios realizados nos diferentes planos vibracionais.
Neste contexto, é importante não deixar passar as oportunidades 
de crescimento espiritual que nos alcançam a existência, em geral ma-
nifestadas sob a forma de provas. É preciso exercitarmos a faculdade 
de “ver” e “ouvir”, segundo o Espírito.
O egoísta fala de seu tesouro, exaltando as posses precárias; o avarento 
refere-se a mesquinhas preocupações; o gozador demonstra apetites 
insaciáveis; o fanático repete pedidos loucos. Cada qual apresenta seu 
capricho ferido como a dor maior. Cristo ouve-lhes as solicitações e 
espera a oportunidade de dar-lhes a conhecer o tesouro imperecível.5
 » Outrossim, o Reino dos céus é semelhante ao homem negociante que 
busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola de grande valor, foi, 
vendeu tudo quanto tinha e comprou-a (Mt 13:45-46).
As pérolas verdadeiras costumam ser muito caras, em razão das 
dificuldades para capturá-las e pelo tempo consumido em sua produção 
por um certo tipo de animal marinho: o molusco. As pérolas crescem 
no interior das conchas desses moluscos que vivem nas águas profundas 
dos mares, sendo constituídas de secreções solidificadas e opacas, expe-
lidas do corpo deste animal marinho, quando ele é seriamente ferido. A 
beleza e o brilho da pérola só se revelam quando expostos à luz do Sol.
Nada mais justo, pois, Jesus comparar o Reino dos Céus a uma 
pérola de grande valor que, ao ser encontrada pelo negociante, vendeu 
tudo o que tinha para tê-la consigo.
À semelhança da produção da pérola, o homem que alcança o 
Reino dos céus passou por muitas provações e dores; foi “ferido” em 
diferentes oportunidades, durante o seu processo de ascensão. Su-
perados, porém, tais desafios, ele sai da “concha” e resplandece a sua 
luz espiritual, à vista de todos. Somente assim, após ter passado pela 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 7
189
forja das dores e das lágrimas, consegue revelar a beleza e o brilho do 
cabedal de virtudes que conquistou.
O homem vale mais que o mundo com as suas jazidas, os seus dia-
mantes, e toda a sorte de pedras preciosas. Não obstante, o homem, 
esquecido de seu valor intrínseco, cujo preço é inestimável, consome-se 
e esgota-se na conquista do que é perecível, daquilo cujo valor é muito 
discutível, visto como só vale mediante certa convenção estabelecida 
pelos caprichos e veleidades do mesmo homem. [...] Mas o verdadeiro 
valor está interior do homem: está no seu caráter, nos seus sentimentos, 
na sua inteligência [...]: é o Espírito, é a alma, o eu imortal, sede das 
faculdades e poderes cuja origem é divina.4
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 25, item 2, p. 406.
2. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Pensamento, 2003. 
Cap. XIII (A parábola do semeador), item: parábolas do tesouro escondido, da pérola, 
da rede, p. 137-138.
3. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão: O Clarim, 2004. Item: 
Parábola do tesouro escondido, p. 41-42.
4. VINÍCIUS (Pedro de Camargo). O mestre na educação. 8. ed. 2005. Cap. 19 (Valor im-
perecível), p. 87-88.
5. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 
Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 64 (O tesouro maior), p. 143-144.
6. _____._____. Cap. 107 (Vinda do reino), p. 229-230.
Orientações ao monitor
Realizar uma exposição dialogada com a turma, contemplando 
as ideias desenvolvidas neste Roteiro. Em sequência, pedir aos parti-
cipantes que se organizem em pequenos grupos, tendo como incum-
bência a elaboração de um plano que retrate procedimentos, ações ou 
atividades que possam auxiliar alguém a descobrir o tesouro do Reino 
dos céus no campo da existência humana. Utilizar os subsídios deste 
Roteiro como referência. Solicitar a apresentação das linhas gerais do 
plano, em plenária, opinando a respeito.
EADE – LIVRO III | MÓDULO III
ENSINOS POR PARÁBOLAS
Roteiro 8
A PARÁBOLA DO RICO 
E DE LÁZARO
Objetivos
 » Interpretar a Parábola do homem rico e do pobre Lázaro, à luz do 
entendimento espírita.
Ideias principais
 » Vemos representados nesta parábola os dois extremos: opulência e 
miséria. Ricos e pobres são Espíritos em provação. A indigência é uma 
prova dura. A riqueza é uma prova perigosa. [...] Vinícius (Pedro de 
Camargo): Nas pegadas do mestre. Cap. Lázaro e o rico.
 » Se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos 
que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, 
interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a 
concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, 
sem apelação nenhuma, ideia que repugna à razão. [...] Allan Kardec: 
O evangelho segundo o espiritismo. Cap. 16, item 7.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 8
192
Subsídios
1. Texto evangélico
Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finís-
simo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também 
um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta 
daquele. E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa 
do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. E aconteceu 
que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; 
e morreu também o rico e foi sepultado. E, no Hades, ergueu os olhos, 
estando em tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio. E, 
clamando, disse: Abraão, meu pai, tem misericórdia de mim e manda a 
Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, 
porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, 
lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro, somente 
males; e, agora, este é consolado, e tu, atormentado. E, além disso, está 
posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem 
passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar 
para cá. E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu 
pai, pois tenho cinco irmãos, para que lhes dê testemunho, a fim de que 
não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Eles 
têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, Abraão, meu pai; 
mas, se algum dos mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém 
Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco 
acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite. (Lucas, 16:19-31.)
Esta parábola analisa algumas questões fundamentais relativas 
à riqueza: utilidade, emprego e provas; desigualdades socioeconômi-
cas; apego aos bens materiais. Proclama, também, a importância da 
prática da caridade e revela as consequências do egoísmo, do orgulho 
e da humildade, assim como do desprendimento das coisas materiais.
A utilidade e benefício providencial da riqueza é o controle da po-
breza, não um obstáculo à melhoria de quem a possui. É um instrumento 
de progresso espiritual como tantos outros disponibilizados por Deus.
Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que 
gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito 
arriscada, mais perigosa do que a miséria. É o supremo excitante do 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 8
193
orgulho, do egoísmo e da vida sensual. É o laço mais forte que pren-
de o homem à Terra e lhe desvia do céu os pensamentos. Produz tal 
vertigem que, muitas vezes, aquele que passa da miséria à riqueza 
esquece de pronto a sua primeira condição, os que com elea par-
tilharam, os que o ajudaram, e faz-se insensível, egoísta e vão. Mas, 
do fato de a riqueza tornar difícil a jornada, não se segue que a torne 
impossível e não possa vir a ser um meio de salvação para o que dela 
sabe servir-se [...].1
O emprego correto da riqueza impulsiona o progresso por meio 
dos trabalhos desenvolvidos pelos homens. 
Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material 
do planeta. Cabe-lhe desobstruí-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um 
dia toda a população que a sua extensão comporta. A atividade que 
esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a inteligên-
cia, e essa inteligência que ele concentra, primeiro, na satisfação das 
necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes 
verdades morais. Sendo a riqueza o meio primordial de execução, 
sem ela não mais grandes trabalhos, nem atividade,nem estimulante, 
nem pesquisas. Com razão, pois, é a riqueza considerada elemento 
de progresso.2
2. Interpretação do texto evangélico
 » Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e 
vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo 
mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele. 
E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e 
os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas (Lc 16:19-21).
O rico e Lázaro personificam os extremos de duas classes socio-
-econômicas existentes na Humanidade: uma possuidora de recursos e 
facilidades concedidas pela riqueza: bens (“homem rico”); vestimentas 
(“vestia-se de púrpura e linho finíssimo”), alimentação e confortos 
(“vivia todos os dias regalada e esplendidamente”). A outra pobre 
e portadora de dificuldades decorrentes da privação ou escassez de 
bens materiais: extrema pobreza ou miséria (“certo mendigo, chamado 
Lázaro”), enfermidades (“que jazia cheio de chagas”), fome (“e desejava 
alimentar-se com migalhas”), ausência de cuidados básicos de saúde 
(“os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas”).
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 8
194
Este rico que vestia de púrpura e que todos os dias se regalava es-
plendidamente, é o símbolo daqueles que querem tratar da vida do 
corpo e esquecem-se da vida da alma. São os que buscam a felicidade 
no comer, no beber e no vestir; são os que se entregam a todos os 
gozos da matéria, são os egoístas que vivem unicamente para si, os 
orgulhosos que, entronados nos altares das paixões vis, da vaidade, 
da soberba, não veem senão o que pode saciar a sede de prazeres, não 
cultivam senão a luxúria, que mata os sentimentos afetivos e anula os 
dotes do coração.4
A riqueza é um meio concedido por Deus para avaliar a sabedoria 
e a bondade do ser humano. É forma de testar-lhe a capacidade moral. 
“[...] Dando-lhe o livre-arbítrio, quis Ele que o homem chegasse, por 
experiência própria, a distinguir o bem do mal [...]. Cada um tem de 
possuí-la, para se exercitar em utilizá-la e demonstrar que uso fazer 
dela.”3
Representa [...] os excluídos da sociedade terrena, aqueles que, quando 
muito, pode chegar ao portão dos grandes templos, aqueles que não 
podem atravessar os umbrais dos palácios dourados, aqueles que essa 
sociedade corrompida do mundo despreza, amaldiçoa, cobre de labéus 
[desonra], crava de setas venenosas que lhes chagam o corpo todo.5
Os lázaros da parábola simbolizam todos os que, a despeito da 
difícil situação em que vivem, sofrem com resignação, por compreen-
derem que os bens do mundo são passageiros. São Espíritos que con-
fiam em Deus, em sua bondade e misericórdia. Ainda que submetidos 
às dolorosas provações, determinadas pela lei de causa e efeito, não 
se revoltam, mas mantêm-se pacientes, guiando-se pela esperança em 
dias melhores, no futuro, após o ressarcimento de suas faltas.
Outro ponto relevante da parábola diz respeito ao que é neces-
sário e ao que é supérfluo na vida, temas estudados nas questões 704 
a 710 de O livro dos espíritos em O evangelho segundo o espiritismo, 
capítulos IX e XVI, itens 5 e 14, respectivamente. É preciso refletir 
sobre as implicações morais dos desperdícios, considerando o estado 
de fome e miséria existente no mundo.
A sobra em todas as situações é o agente aferidor do nosso ajustamento 
à Lei eterna que estatui sejam os recursos do Criador divididos justi-
ficadamente por todas as criaturas, a começar pela bênção vivificante 
do Sol. É assim que o leite a desperdiçar-Se, na mesa, é a migalha de 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 8
195
alimento que sonegas à criancinha órfã de pão, tanto quanto a roupa a 
emalar-se, desnecessária, no recanto doméstico, é o agasalho que deves 
à nudez que a noite fria vergasta. [...] Não olvides, assim, que toda sobra 
desaproveitada nos bens que desfrutas, por efeito de empréstimo da 
Providência maior, se converte em cadeia de retaguarda, situando-te 
pensamentos e aspirações na cidadela da sombra. E, repartindo com 
o próximo as vantagens que te enriquecem os dias, seguirás, desde a 
Terra, pelos investimentos do amor puro e incessante, em direitura à 
Plenitude celestial.11
 » E aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para o seio 
de Abraão; e morreu também o rico e foi sepultado. E, no Hades, ergueu 
os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu 
seio. E, clamando, disse: Abraão, meu pai, tem misericórdia de mim e 
manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque 
a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: 
Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro, 
somente males; e, agora, este é consolado, e tu, atormentado. E, além 
disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que 
quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de 
lá, passar para cá (Lc 16:19-21).
Os efeitos de nosso proceder durante a existência atual vão refletir-
-se na outra vida. O rico banqueteava-se, ria, folgava. Lázaro gemia, 
chorava resignadamente. Vem a morte e a ambos arrebata, porque a 
morte é inexorável. O corpo para o túmulo, a alma para o Juízo. A 
consciência é a faculdade que o Espírito possui de refleti sobre si mes-
mo a luz da divina justiça. Cada um traz consigo o seu juiz. Por isso o 
rico se viu envolvido nas chamas devoradoras do remorso, enquanto 
Lázaro fruía o repouso do justo.8
Cairbar Schutel compara a situação do rico e a de Lázaro, no 
além-túmulo, com os dois lados de uma moeda, ou medalha, esclare-
cendo sobre as dificuldades de compreender o que cada face simboliza, 
efetivamente.
O [...] mendigo vai para a abundância, e o rico é que passa a mendigar! 
É o reverso da medalha. Vós tendes visto muitas medalhas? Figuremo-
-las numa libra esterlina: de um lado traz a figura do rei [ou rainha], 
mas, do outro o seu valor real. [...] Cada um de nós é uma medalha; e 
como medalha, a libra de ouro vale segundo o câmbio corrente, assim 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 8
196
também nós valemos de acordo com o câmbio espiritual, que taxa o 
valor das nossas almas. Aqueles que olham só a efígie, não conhecem 
o valor do dinheiro [...]. Assim também os que olham o homem só 
pelas aparências, pelo exterior, não conhecem o homem, porque o 
exterior do homem é a efígie da vaidade, do egoísmo e do orgulho. 
O que vale na moeda é o reverso; o que vale no homem é o interior, 
ou seja, o Espírito. O rico trazia no verso o característico do rei, mas, 
depois que morreu, mas, depois que morreu, apurou-se o valor da 
medalha gravado no reverso, e esse valor não permitiu o rico senão 
uma “entrada” no Hades [submundo, “inferno”].6
A situação de Lázaro, no plano espiritual, é de alguém vitorioso 
que, ao vencer a prova da pobreza, desenvolveu também a paciência, a 
humildade e a fé. Esta é a razão de sua felicidade, compartilhada junto 
a Abraão, o grande patriarca do povo hebreu. O rico por sua vez, fa-
lhou na prova, uma vez que a riqueza lhe obliterou os sentimentos de 
amor ao próximo, desenvolveu-lheo egoísmo, acirrou-lhe o orgulho, 
“[...] tornando-o homem licencioso, amigo de bebedices e deleites”.7
Merece comentário o significado da palavra “abismo” existente 
nestes versículos: “E, além disso, está posto um grande abismo entre 
nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não 
poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá”. “Abismo” indica a 
distância evolutiva que há entre um e outro Espírito. Nesta situação, 
Lázaro não pode retroceder à posição anteriormente ocupada porque, 
pelas provações sabiamente suportadas, ascendeu na escala espiritual. 
Por outro lado, o rico não possuía, ainda, qualidades que o colocasse 
em um nível mais adiantado. Por este motivo esclarece Abraão: “de 
sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem 
tampouco os de lá, passar para cá”.
O sofrimento e o remorso, vivenciados pelo rico, e as benesses 
desfrutadas por Lázaro, no plano espiritual, são representativas da 
palavra “abismo.”
Abismo de ordem moral, visto que como Abraão e o rico se viam e 
conversava. Para o Espírito culpado ou falido se reabilitar não basta o 
arrependimento, que é o primeiro passo a dar; é necessária a reparação. 
Portanto o rico não podia ser atendido em seu pedido. Cumpria-lhe 
voltar à Terra, e reparar o mal.9
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 8
197
A súplica do rico (“Abraão, meu pai, tem misericórdia de mim e 
manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque 
a língua, porque estou atormentado nesta chama”) revela que ele não só 
reconheceu as dificuldades em que se encontrava, como soube curvar 
a cabeça e pedir auxílio. Não era, pois, um rico tão orgulhoso; talvez 
tenha sido mais negligente ou indiferente ao sofrimento do próximo 
do que propriamente mau.
 » E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, pois 
tenho cinco irmãos, para que lhes dê testemunho, a fim de que não ve-
nham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Eles têm 
Moisés e os Profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, Abraão, meu pai; mas, 
se algum dos mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém Abraão 
lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco acreditarão, 
ainda que algum dos mortos ressuscite (Lc 16:22-31).
É admirável a persistência do rico em minorar, de alguma for-
ma, as consequências do mau uso da riqueza: se não podia, naquele 
momento, reparar as ações cometidas, tentou beneficiar os seus fami-
liares que ainda permaneciam reencarnados. Esta característica da sua 
personalidade indica que ele não era também pessoa excessivamente 
egoísta. Existiam aqueles que eram objeto de sua preocupação, ainda 
que restrita ao círculo familiar.
Lázaro fortificou-se na dor: resistiu, venceu, subiu. O mesmo rico, 
apesar de sucumbir, tirou sérios proveitos da própria queda. Acordou 
para a realidade, arrependeu-se, humilhou-se e mostrou interesse 
pela sorte dos irmãos; numa palavra: as cordas de seus sentimentos 
despertaram. Ele viu Lázaro. Não viu os demais. Certamente Lázaro 
não era o único habitante da celestial mansão; mas, cumpria que o rico 
o visse, porque fora sobre ele que incidira a dureza do seu coração. O 
algoz deve ver e reconhecer sua vítima.7
A resposta de Abraão é sábia: o testemunho de um Espírito 
desencarnado não seria jamais considerado, tendo em vista que 
Espíritos de categoria superior, como Moisés e os profetas, não foram 
acreditados. Esta resposta nos faz refletir que temos o Evangelho e a 
Doutrina Espírita para nos guiar e nos garantir a felicidade eterna. En-
tretanto, agimos como crianças espirituais que muitas vezes desprezam 
as seguras orientações e se enveredam por caminhos que resultam em 
amargas provações. A propósito, esclarece Emmanuel:
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 8
198
A resposta de Abraão ao rico da parábola ainda é ensinamento de to-
dos os dias, no caminho comum. Inúmeras pessoas se aproximam das 
fontes de revelação espiritual, entretanto, não conseguem a libertação 
dos laços egoísticos de modo que vejam e ouçam, qual lhes convém aos 
interesses essenciais. [...] Ninguém justifique a própria cegueira com a 
insatisfação do capricho pessoal. O mundo está repleto de mensagens 
e emissários, há milênios. O grande problema, no entanto, não está 
em requisitar-se a verdade para atender ao círculo exclusivista de cada 
criatura, mas na deliberação de cada homem, quanto a caminhar com 
o próprio valor, na direção das realidades eternas.10
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 16, item, 7, p. 289.
2. _____._____. p. 291.
3. _____._____. Item 8, p. 292.
4. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão: O Clarim, 2004. 
Item:Parábola do rico e Lázaro, p. 133.
5. _____._____. p. 134.
6. _____._____. p. 135.
7. VINÍCIUS (Pedro de Camargo). Nas pegadas do mestre. 11. ed. 2007. Cap. Lázaro e rico, 
p. 156.
8. _____._____. p. 156-157.
9. _____._____. p. 157.
10. XAVIER, Francisco Cândido. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 29. ed. Rio de Janeiro: 
FEB, 2007. Cap. 116 (Ouçam-nos), p. 247-248.
11. _____. Religião dos espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. 20. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. 
Cap. Sobras, p. 37-38.
Orientações ao monitor
Após uma rápida introdução do assunto, pedir a turma que se 
organize em grupos, cabendo a cada um a tarefa de ler, trocar ideias 
e apresentar, em plenária, a conclusão da atividade grupal. Como su-
gestão, caberia a cada grupo analisar uma parte do texto evangélico e 
os respectivos comentários espíritas, constantes da divisão proposta 
nos subsídios deste Roteiro.
EADE – LIVRO III | MÓDULO III
ENSINOS POR PARÁBOLAS
Roteiro 9
O AMIGO IMPORTUNO
Objetivos
 » Explicar, à luz da Doutrina Espírita, a parábola do amigo importuno.
Ideias principais
 » A parábola do amigo importuno é um teste que define a verda-
deira amizade.
 » Revela que, [...] aqui mesmo na Terra, se recorrermos a um amigo 
quando tenhamos necessidade de um favor, haveremos de o conseguir. 
[...] Rodolfo Calligaris: Parábolas evangélicas. Cap. Parábola do amigo 
importuno.
 » Toda gente no mundo pode consolar a miséria e partilhar as aflições, mas 
raros aprendem a acentuar a alegria dos entes amados, multiplicando-a 
para eles, sem egoísmo e sem inveja no coração. O amigo verdadeiro, 
porém, sabe fazer isto. Neio Lúcio. Alvorada cristã. Cap. 18.
 » “O amor sobrepuja a fé, a esperança, a beneficência, o profetismo e o 
sacrifício” — preceitua o Apóstolo dos Gentios. No amor se contém a Lei 
e os profetas — rezam os Evangelhos. “Fora do amor não há salvação” 
— sentencia o Espiritismo. Vinícius (Pedro de Camargo): Nas pegadas 
do mestre. Cap. O verbo amar.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 9
200
Subsídios
1. Texto evangélico
Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo e, se for procurá-
-lo à meia-noite, lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um 
amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho o que 
apresentar-lhe; se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importu-
nes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não 
posso levantar-me para tos dar. Digo-vos que, ainda que se não levante 
a dar-lhos por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua 
importunação e lhe dará tudo o que houver mister. (Lucas, 11:5-8.)
Esta parábola nos faz refletir sobre o valor da amizade e da 
intercessão.
Principia [a parábola] fazendo-nos compreender que, aqui mesmo na 
Terra, se recorrermos a um amigo quando tenhamos necessidade de 
um favor, haveremos de o conseguir. Pode esse amigo não nos valer 
imediatamente, de boa vontade, pode até relutar em atender à nossa 
solicitação, mas, se instarmos com ele, ainda que seja para ver-se livre 
de nossa importunação, acabará cedendo. Pois se desconhecidos, ou 
mesmo adversários, quando pedem com tato e insistência, muitas e 
muitas vezes são atendidos, como não o seriam aqueles que gozam 
da simpatiae amizade do solicitado?1
Jesus atesta que o verdadeiro amigo não se sente aborrecido 
pelas solicitações do amigo, que corre em acudi-lo.
2. Interpretação do texto evangélico
 » Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo e, se for procurá-lo 
à meia-noite, lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um 
amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho o que 
apresentar-lhe; se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; 
já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso 
levantar-me para tos dar (Lc 11:5-7).
O registro de Lucas destaca implicações existentes nos relacio-
namentos entre amigos, os quais, vezes sem conta são submetidos a 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 9
201
testes. No caso, o amigo é considerado importuno não só porque busca 
amparo em hora tardia, num momento de descanso, mas também para 
resolver problema de uma terceira pessoa que, por sua vez, lhe busca 
o concurso fraterno. Trata-se de uma situação em que, existindo laços 
de verdadeira amizade, os incômodos serão ignorados e o amigo será 
prontamente atendido. Na verdade, o momento mais propício para re-
conhecer uma amizade verdadeira é quando passamos por dificuldades.
Muitos companheiros de luta exigem cooperadores esclarecidos para 
as tarefas que lhes dizem respeito, amigos valiosos que lhes entendam 
os propósitos e valorizem os trabalhos, esquecidos de que as afeições, 
quanto as plantas, reclamam cultivo adequado. 
Compreensão não se improvisa. É obra de tempo, colaboração, har-
monia. 
[...] 
Existe uma ciência de cultivar a amizade e construir o entendimento. [...] 
Examina, pois, diariamente, a tua lavoura afetiva. Observa se está 
exigindo flores prematuras ou frutos antecipados. Não te esqueças 
da atenção, do adubo, do irrigador. Coloca-te na posição da planta 
em jardim alheio e, reparando os cuidados que exiges, não desdenhes 
resgatar as tuas dívidas de amor para com os outros.4
Nos círculos de amizade, contudo, é comum encontrarmos 
amigos importunos. A despeito das qualidades que possuem e dos 
vínculos fraternos existentes, não possuem o necessário discernimen-
to que garantem as boas relações sociais. Incomodam. Aborrecem. 
Estabelecem constrangimentos. Dificultam a vida em comum: uma 
imposição aqui, uma provocação ali. Em dado momento são gentis e 
dedicados, noutro são ásperos e autoritários. Num instante se revelam 
afáveis, gratos, bondosos, noutra ocasião se deixam levar pela aspereza 
do trato, pela ingratidão, pela inflexibilidade. Trata-se de situações 
conflitantes que exigem dos envolvidos tato, paciência e tolerância.
Surgem no cotidiano determinadas circunstâncias em que somos impe-
lidos a reformular apreciações, em torno da conduta de muitos daqueles 
a quem mais amamos. 
[...] 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 9
202
Nesses dias, em que o rosto dos entes amados se revela diferente, é natural 
que apreensões e perguntas imanifestas nos povoem o espírito. Abste-
nhamo-nos, porém, tanto de feri-los, através do comentário desairoso, 
quanto de interpretar-lhes as diretrizes inesperadas à conta de ingrati-
dão. [...] Reflitamos que se a temporária falta deles nos trouxe sensações 
de pesar e carência afetiva, possivelmente o mesmo lhes acontece e, em 
vez de reprovar-lhes as atitudes — ainda mesmo afastados pela força das 
circunstâncias —, procuremos envolvê-los em pensamentos de simpatia 
e confiança, a fim de que nos reencontremos, mais tarde, em mais altos 
níveis de trabalho e alegria.5
Reconhecemos que há muitos amigos importunos na vida. Nós 
mesmos podemos ser assim qualificados, em diferentes oportuni-
dades. Como criaturas situadas em processo de ascensão espiritual, 
nem sempre conseguimos administrar os reflexos das ações negativas 
perpetradas no passado, que ainda se mantêm entranhadas na nossa 
personalidade. Daí a ocorrência de comportamentos cíclicos, que 
oscilam entre pontos opostos. “Para isso, entesouremos serenidade. 
Serenidade que nos sustente e nos ajude a sustentar os outros.”6
O amigo importuno deve ser amparado pelas nossas preces e 
tratado, vida afora, com carinho e afeto, jamais como um peso. Não 
lhe recusemos a presença em nossa vida: cedo ou tarde ele se ajustará 
perante a lei de amor, da mesma forma que nós também. Aceitemos, 
pois, os seus incômodos, suas aparentes imposições, agindo com 
retidão, sem desprezo, não lhes acatando, porém, exigências descabi-
das. Estejamos com ele. Oremos por ele, oferecendo-lhe o abrigo da 
compreensão e da amizade.
Um fato que não pode passar despercebido, na parábola, é a 
intercessão. O amigo importuno busca auxílio em benefício de outro 
por não possuir recursos próprios para auxiliar; dirige-se então a quem 
oferece condições para tal.
A súplica da intercessão é dos mais belos atos de fraternidade e cons-
titui a emissão de forças benéficas e iluminativas que, partindo do 
espírito sincero, vão ao objetivo visado por abençoada contribuição de 
conforto e energia. Isso não acontece, porém, a pretexto de obséquio, 
mas em conseqüência de leis justas.[...]2
Quantas vezes a Boa-Nova registra a ação de Jesus em favor dos 
sofredores e desvalidos por intercessão de terceiros. Recordemos, como 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 9
203
ilustração, a cura do paralítico de Cafarnaum (Lc 5:18-20) ou do cego 
de Betsaida (Mc 8:22-26) que são conduzidos à presença do Mestre 
pelo auxílio de terceiros. Sendo assim, devemos, sempre, atender os 
amigos, de acordo com as nossas possibilidades.
Naturalmente, na pauta das possibilidades justas, ninguém deverá 
negar amparo ou assistência aos companheiros que acenam de longe 
com solicitações razoáveis 
[...]. 
A lavoura alheia e as ocorrências futuras, para serem examinadas, 
exigem sempre grandes qualidades de ponderação. 
Além do mais, é imprescindível reconhecer que o problema difícil, ao 
nosso lado ou a distância de nós, tem a finalidade de enriquecer-nos a 
experiência própria, habilitando-nos à solução dos mais intrincados 
enigmas do caminho. 
[...] 
Atendamos aos imperativos do serviço divino que se localiza em nossa 
paisagem individual, não por meio de constrangimento, mas pela 
boa vontade espontânea, fugindo cada vez mais aos nossos interesses 
particularistas e de ânimo firme e pronto para servir ao bem, tanto 
quanto nos seja possível.3
 » Digo-vos, ainda que se não levante a dar-lhos por ser seu amigo, levan-
tarse-á, todavia, por causa da sua importunação e lhe dará tudo o que 
houver mister (Lc 11:5-8).
A questão da amizade é da maior importância no texto. Estamos 
ligados aos amigos pelos vínculos da simpatia. Todavia, não podemos 
desconhecer que eles possuem concepções de vida, conquistas e pro-
cessos evolutivos próprios, diferentes dos nossos. Se um amigo nos 
ofende, voluntária ou involuntariamente, não devemos nos conduzir 
por melindres, pelas suscetibilidades ou mágoas. Nas relações fraternas 
faz-se necessária a presença da compreensão e da tolerância. Devemos 
relevar as ofensas, por maiores que sejam.
O dom mais precioso que existe é a amizade. As paixões esfriam. 
As ilusões de cargos, de posições e de poder se desintegram como em 
um breve sonho. Da mesma forma, posses, dinheiro e bens desaparecem, 
assim como surgiram. Tudo é passageiro na existência, menos a amizade. 
Se bem cultivada, ela se perpetua, amplia e se fortalece ao longo do tempo.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 9
204
Devemos atender as pessoas por amizade ou solidariedade, 
jamais para se ver livres delas. Esta é a atitude cristã e espírita.
Diante dessas considerações, podemos então fazer uma nova 
leitura da parábola: na verdade, o amigo importuno busca auxílio na 
hora mais propícia, quando surge a necessidade, e, também, por ser 
o momento em que será possível testar a capacidade de fraternidade 
de quem apresenta condições para socorrer. Colocada numa situação 
assim, a pessoa pode vacilar: atender o amigo, apesar do sono, do can-
saço, da hora tardia etc., oudesculpar-se e não lhe prestar atendimento?
Trata-se, portanto, de um momento de suma importância na 
vida de qualquer pessoa. A verdadeira amizade, porém, não conside-
ra os sacrifícios, sabe que não deve delegar a outrem o que lhe cabe 
realizar. Inseridos nessas circunstâncias, ambos — o que apela por 
socorro e o que pode conceder auxílio —, são entrelaçados numa 
teia de acontecimentos, aparentemente fortuitos. É o instante em que 
a amizade passa pelo teste da validade.
Até a hora tardia, assinalada no texto evangélico, tem razão de 
ser. Meia-noite indica o fim de um ciclo diário e começo de outro. Pode 
ser aplicado, igualmente, no encadeamento do ciclo evolutivo do ser: 
de um lado o teste aferidor de uma etapa concluída, do outro o início 
de novo processo ascensional, caso tenha ocorrido aprovação no teste.
Assim, o amigo bate à porta na hora propícia, quando é possível 
testificar o nível de aprendizado moral de quem atende.
Os desafios da amizade são muitos e acontecem ao longo da 
existência. Importante meditar a respeito. Neste sentido, relata-nos o 
Espírito Hilário Silva que quando Jesus entrou vitorioso em Jerusalém, 
por ocasião do “domingo de ramos”, vibravam no ar ecos de grande 
êxito, tendo em vista a atmosfera festiva, a alegria reinante, os cânticos, 
as algazarras e os perfumes no ar. “[...] Não longe, Simão Pedro, que 
negaria o Senhor. Judas, que o negociaria. Tomé, que o abandonaria. 
Tiago e João, que dormiriam descuidados, sem lhe perceberem a 
angústia. E toda uma legião de admiradores que, no dia seguinte, se 
transformariam em adversários.”7
Bartolomeu, feliz, observou a atmosfera festiva e disse, contente:
— Oh! Mestre, quanta felicidade! Afinal! Afinal a glória, apesar dos 
perseguidores! 
Notando que Jesus continuava em grave silêncio, o aprendiz perguntou:
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 9
205
— Por que tristeza, Senhor, se estamos triunfando de tantos inimigos?
O Cristo, porém, meneou a cabeça e, fitando a turba próxima, 
falou sereno:
— Bartolomeu, Bartolomeu, vencer, mesmo tendo inimigos, é sempre 
fácil, porque os inimigos se colocam à distância, por si mesmos.
E profundamente desencantado:
— A batalha mais árdua é vencer com os amigos.8
Referências
1. CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangélicas. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 
Parábola do amigo importuno, p. 68.
2. XAVIER, Francisco Cândido. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 29. ed. Rio de Janeiro: 
FEB, 2007. Cap. 17 (Intercessão), p. 45-46.
3. _____._____. Cap. 26 (Trabalhos imediatos), p. 63-64.
4. _____. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 121 
(Amizade e compreensão), p. 255-256.
5. XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíritos Emmanuel 
e André Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. Amigos modificados – mensagem 
de Emmanuel, p. 170-171.
6. _____._____. Cap. Provações de surpresa – mensagem de André Luiz, p. 172.
7. _____. A vida escreve. Pelo Espírito Hilário Silva. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 
25 (Amigos), p. 105.
8. _____._____. p. 105-106.
Orientações ao monitor
Pedir à turma que faça leitura silenciosa do texto evangélico 
(Lucas, 11:5-8). Em seguida, fazer breve exposição dialogada sobre o 
conteúdo desenvolvido neste Roteiro. Concluída esta fase da reunião, 
dividir a turma em dois grupos, cabendo-lhes a leitura de um destes 
textos: “O verbo amar”, de autoria de Vinícius, constante no livro Nas 
pegadas do mestre, edição FEB; e “A amizade real”, de Neio Lúcio, 
psicografia de Francisco Candido Xavier, existente no livro Alvorada 
cristã, editado pela FEB. Ouvir os relatos das conclusões do trabalho 
em grupo, correlacionando-os com o texto evangélico estudado.
EADE – LIVRO III | MÓDULO III
ENSINOS POR PARÁBOLAS
Roteiro 10
O PODER DA FÉ
Objetivos
 » Explicar a parábola do poder da fé, à luz da Doutrina Espírita.
Ideias principais
 » A parábola analisa duas questões imprescindíveis à melhoria espi-
ritual do ser humano: o valor da fé e o esforço para desenvolvê-la. 
A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo 
que se deva crer. E, para crer, não basta ver: é preciso, sobretudo, 
compreender. Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. 
Cap. XIX, item 7.
 » Para ser proveitosa, a fé tem de ser ativa: não deve entorpecer-se. Mãe de 
todas as virtudes que conduzem a Deus, cumpre-lhe velar atentamente 
pelo desenvolvimento dos filhos que gerou. Allan Kardec: O evangelho 
segundo o espiritismo. Cap. 19, item 11.
 » A fé inoperante é problema credor da melhor atenção, em todos os tem-
pos, a fim de que os discípulos do Evangelho compreendam, com clareza, 
que o ideal mais nobre, sem trabalho que o materialize, em benefício 
de todos, será sempre uma soberba paisagem improdutiva. Emmanuel: 
Fonte viva. Cap. 39.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 10
208
Subsídios
1. Texto evangélico
Disseram, então, os apóstolos ao Senhor: Acrescenta-nos a fé. 
E disse o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a 
esta amoreira: Desarraiga-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obe-
deceria. E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a 
quem, voltando ele do campo, diga: Chega-te e assenta-te à mesa? E 
não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que 
tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu? Porventura, 
dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que 
não. Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, 
dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos 
fazer. (Lucas, 17:5-10.)
Por estes ensinamentos, Jesus esclarece que a fé possui um poder 
inimaginável, a ponto de “transportar montanhas”, como consta no 
registro de Mateus (Mt 17:20), ainda que pequena como um grão de 
mostarda. Esclarece, igualmente, que a fé se desenvolve por meio do 
trabalho incessante no bem. Não é algo que se adquire de uma hora 
para outra. Exige esforço, dedicação, perseverança.
A pessoa que tem a fé desenvolvida confia em Deus, no seu 
amor e providência, mas também em si mesma, por conhecer os 
próprios limites e a própria capacidade de ação. Sabe que a verda-
deira fé jamais é confundida com a presunção, mas que esta deve ser 
conjugada à humildade:
Aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em 
si próprio, por saber que, simples instrumento da vontade divina, 
nada pode sem Deus. Por essa razão é que os bons Espíritos lhe vêm 
em auxílio. A presunção é menos fé do que orgulho, e o orgulho é 
sempre castigado, cedo ou tarde, pela decepção e pelos malogros que 
lhe são infligidos.3
Por outro lado, a fé legítima “[...] dá uma espécie de lucidez 
que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e 
os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por 
assim dizer, com absoluta confiança”.2
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 10
209
2. Interpretação do texto evangélico
 » Disseram, então, os apóstolos ao Senhor: Acrescenta-nos a fé. E disse o 
Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: 
Desarraiga-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria (Lc 17:5-6).
O discípulo sincero reconhece, humilde, que perante as prova-
ções nem sempre é possível demonstrar a fé que gostaria. Da mesma 
forma, os apóstolos pedem ao Mestre que lhes conceda a fé, como se 
esta fosse um bem material que pode ser transferido de uma pessoa 
para outra, como doação ou herança.
“Ninguém pode, pois, em sã consciência, transferir, de modo 
integral, a vibração da fé ao Espírito alheio, porque, realmente, isso é 
tarefa que compete a cada um.”10
Diz-se vulgarmente que a fé não se prescreve, donde resulta alegar muita 
gente que não lhe cabe a culpa de não ter fé. Sem dúvida, a fé não se 
prescreve, nem, o que ainda é mais certo, se impõe. Não; ela se adquire 
e ninguém há que esteja impedido de possuí-la, mesmo entre os mais 
refratários. Falamos das verdades espirituaisbásicas e não de tal ou qual 
crença particular. Não é à fé que compete procurá-los; a eles é que cumpre 
ir-lhe ao encontro e, se a buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la.5
Na verdade, o processo de aquisição da fé é trabalho cotidiano e 
persistente. As pessoas de caráter fraco ou que desanimam perante os 
obstáculos, demoram mais na construção do edifício da fé no íntimo 
do ser. Muitos iniciam essa aquisição através da religião, outros pelo 
controle mental, desenvolvido pela meditação e vontade disciplinada.
Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas es-
peciais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus 
artigos de fé. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega. Nada 
examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como 
o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao 
excesso, produz o fanatismo. Em assentando no erro, cedo ou tarde 
desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, 
porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o que é 
verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana.4
É importante considerar que outras situações podem oferecer 
oportunidade de despertamento da fé. O seu desenvolvimento, porém, 
é outra história.
Curiosidade ou sofrimento oferecem portas à fé, mas não representam 
o vaso divino destinado à sua manutenção. 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 10
210
Em todos os lugares, observamos pessoas que, em seguida a grandes 
calamidades da sorte, correm pressurosas aos templos ou aos oráculos 
novos, manifestando esperança no remédio das palavras. 
O fenômeno, entretanto, muitas vezes, é apenas verbal. O que lhes vi-
bra no coração é o capricho insatisfeito ou ferido pelos azorragues de 
experiências cruéis... 
[...] 
É imprescindível guardar a fé e a crença em sentimentos puros. Sem isso, o 
homem oscilará, na intranqüilidade, pela insegurança do mundo Intimo. 
[...] 
O divino mistério da fé viva é problema de consciência cristalina. Tra-
balhemos, portanto, por apresentarmos ao Pai a retidão e a pureza dos 
pensamentos.11
Para a Doutrina Espírita “[...] a fé necessita de uma base, base 
que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. [...] Fé ina-
balável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas 
da Humanidade”.6
Por não ignorar que a aquisição da fé é, em muitos casos, obra 
dos séculos, foi que Jesus optou por exaltar-lhe o poder, em resposta ao 
pedido que lhe dirigiram os apóstolos. Entretanto, a fé não precisa ser 
grandiosa, algo fora do comum, basta que seja verdadeira. Ainda que 
seja do tamanho de um grão de mostarda, uma semente tão pequena, 
se ela for exercitada, plantada no terreno da vida, ela crescerá e será 
capaz de trazer grande providência, ou seja, de realizar coisas prodi-
giosas: deslocando montanhas (Mt 17:20) ou fazendo uma amoreira 
desenraizar-se e ser transportada até o mar (Lc 17:6).
A árvore da fé viva não cresce no coração, miraculosamente. Qual 
acontece na vida comum, o Criador dá tudo, mas não prescinde do 
esforço da criatura. 
[...] 
A maioria das pessoas admite que a fé constitua milagrosa auréola 
doada a alguns espíritos privilegiados pelo favor divino. 
Isso, contudo, é um equívoco de lamentáveis consequências. 
A sublime virtude é construção do mundo interior, em cujo desdo-
bramento cada aprendiz funciona como orientador, engenheiro e 
operário de si mesmo.9
Transportar montanhas e árvores, por ação da fé, são simbo-
lismos usualmente utilizados por Jesus com o intuito de fixar um 
ensinamento. Não devem, pois, serem considerados literalmente.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 10
211
[...] As montanhas que a fé desloca são as dificuldades, as resistências, 
a má vontade, em suma, com que se depara da parte dos homens, 
ainda quando se trate das melhores coisas. Os preconceitos da rotina, 
o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões 
orgulhosas são outras tantas montanhas que barram o caminho a 
quem trabalha pelo progresso da Humanidade. A fé robusta dá a per-
severança, a energia e os recursos que fazem se vençam os obstáculos, 
assim nas pequenas coisas, que nas grandes. Da fé vacilante resultam 
a incerteza e a hesitação de que se aproveitam os adversários que se 
têm de combater; essa fé não procura os meios de vencer, porque não 
acredita que possa vencer.1
 » E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, vol-
tando ele do campo, diga: Chega-te e assenta-te à mesa? E não lhe diga 
antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que tenha comido 
e bebido, e depois comerás e beberás tu? Porventura, dá graças ao tal 
servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não. Assim também 
vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos 
inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer (Lc 17:7-10).
A fé estacionária não é produtiva, e se abala às menores contra-
riedades ou provações. Está claramente representada na alegoria dos 
“servos inúteis”, isto é, dos servidores que nada mais fazem do que a 
própria obrigação, que agem de forma mecânica ou rotineira. Depois 
de exaltar o poder da fé, Jesus faz os apóstolos compreenderem “[...] 
que, para ser fortalecida, a fé tem que se apoiar em atos de benemerên-
cia, em devotamento ao próximo, em renúncia pessoal em benefício 
dos semelhantes”.7
Os bons obreiros, os servos úteis, sabem que é preciso cultivar 
a fé. Daí o apóstolo Tiago ter afirmado com convicção: “Mas dirá 
alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as 
tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” (Tg 2:18)
Em todos os lugares, vemos o obreiro sem fé, espalhando inquietação 
e desânimo. 
[...] 
E transita de situação em situação, entre a lamúria e a indisciplina, 
com largo tempo para sentir-se perseguido e desconsiderado. 
Em toda parte, é o trabalhador que não termina o serviço por que se 
responsabilizou ou o aluno que estuda continuadamente, sem jamais 
aprender a lição. 
Não te concentres na fé sem obras, que constitui embriaguez perigosa 
da alma, todavia, não te consagres à ação, sem fé no Poder divino e 
em teu próprio esforço. 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 10
212
O servidor que confia na lei da vida reconhece que todos os patrimô-
nios e glórias do Universo pertencem a Deus. Em vista disso, passa 
no mundo, sob a luz do entusiasmo e da ação no bem incessante, 
completando as pequenas e grandes tarefas que lhe competem, sem 
enamorar-se de si mesmo na vaidade e sem escravizar-se às criações 
de que terá sido venturoso instrumento. 
Revelemos a nossa fé, por meio das nossas obras na felicidade comum 
e o Senhor conferirá à nossa vida o indefinível acréscimo de amor e 
sabedoria, de beleza e poder.8
Referências
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. 
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 19, item 2, p. 340.
2. _____._____. Item 3, p. 340.
3. _____._____. Item 4, p. 341.
4. _____._____. Item 6, p. 341-342.
5. _____._____. Item 7, p. 342.
6. _____._____. Item 7, p. 343.
7. CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangélicas. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 
Parábola dos servos inúteis, p. 114.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio de Janeiro: 
FEB, 2007. Cap. 26 (Obreiro sem fé), p. 69-70.
9. _____. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 40 
(Fé), p. 99-100.
10. _____._____. p. 100.
11. _____._____. Cap. 131 (Consciência), p. 293-294.
Orientações ao monitor
Projetar o texto evangélico (Lucas, 17:5-10), objeto do estudo 
deste Roteiro. Em seguida, analisar em conjunto com a turma, de for-
ma dinâmica e objetiva, a explicação que a Doutrina Espírita dá sobre 
a importância da fé e de como desenvolver esta virtude. Terminada 
esta etapa, pedir aos participantes que leiam, silenciosamente, o texto 
A crente interessada, de autoria do EspíritoHumberto de Campos 
(veja anexo). Após a leitura, promover um debate, correlacionando os 
assuntos estudados com as ideias desenvolvidas pelo autor do texto.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 10
213
Anexo
A crente interessada*
Humberto de Campos
Dona Marcela Fonseca vivia os últimos instantes na Terra.
Não obstante a gravidade do seu estado orgânico, a agonizante 
mantinha singular lucidez e dirigia-se à família, com voz comovedora:
— A confiança em Deus não me abandonará... A celeste mise-
ricórdia nunca desatendeu minhas rogativas... O Mestre divino estará 
comigo na transição dolorosa...
Alguns parentes choravam, em tom discreto, buscando, em vão, 
reter as lágrimas, no amarguroso adeus.
— Não chorem, meus amigos — consolava-os dona Marcela — o 
Espírito de minha mãe, que tantas vezes há socorrido minha alma, há 
de estender-me os braços generosos!... Há mais de trinta dias, sofro 
neste leito pesado de tormentos físicos. Que representa a morte senão 
a desejada bênção para mim, que estou ansiosa de liberdade e de novos 
mundos?!... Se me for permitido, voltarei muito breve a confortá-los. 
Não esquecerei os companheiros em tarefas porvindouras. Creio que 
a morte não me oferecerá dilacerações, além da saudade natural, por 
motivo do afastamento... Sempre guardei minha crença em Deus, não 
só na qualidade de católica e protestante, como também no que se 
refere ao Espiritismo, que abracei tomada de sincera confiança... com 
o mesmo fervor de minha assistência às missas e cultos evangélicos, 
dei-me às nossas sessões esperando assim que nada me falte nos ca-
minhos do Além... Devemos aguardar as esferas felizes, os mundos 
de repouso e redenção!...
Os familiares presentes choravam comovidíssimos.
Dona Marcela calou-se. Depois de longos minutos de me-
ditação, pediu fossem recitadas súplicas à Providência divina, 
* XAVIER, Francisco Cândido. Reportagens de além-túmulo. Pelo Espírito Humberto de 
Campos. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 32, p. 225-231.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 10
214
acompanhando-as em silêncio. Suor gelado banhava-lhe o corpo 
emagrecido e, pouco a pouco, perceberam os circunstantes que a 
agonizante exalava os últimos suspiros.
Qual sucede na maioria dos casos, portas adentro da sociedade 
comum, a câmara mortuária transformou-se imediatamente em zona 
de prantos angustiosos, onde os que não choravam se referiam em voz 
alta às virtudes da morta, e, em surdina, aos seus defeitos.
A desencarnada, contudo, não mais permanecia no ambiente 
de velhos desentendimentos e reiteradas dissimulações.
Sentira-se bafejada por sono caricioso e leve, após a crise or-
gânica destruidora. Branda sensação de repouso adormentara-lhe o 
coração. Sem poder, todavia, explicar quanto durara aquele estado 
de tranquilidade espiritual, dona Marcela despertou num leito muito 
limpo, mas extremamente desguarnecido de conforto. A seu lado, 
uma velhinha carinhosa abraçava-a, chorando de júbilo, a exclamar:
Até que enfim, querida filha! Marcela, minha adorada Marcela, 
que saudades do teu convívio!...
A filha correspondeu às manifestações afetivas, porém, depois de 
fixar detidamente a paisagem nova, não disfarçou o desapontamento 
que lhe dominava o Espírito voluntarioso. Já não era a mesma criatura, 
que revelava tamanha humildade na agonia corporal. Estava agora 
sem o influxo das dores. Experimentava plena liberdade para respirar 
e mover-se. Não mais o suor incômodo, nem a martirizante dispneia 
a lhe torturarem o organismo. Não mais a agonizante vencida, mas 
a dona Marcela da estrada comum, atrabiliária, exigente, insatisfeita. 
Embora o impulso natural de prosseguir beijando a carinhosa mãe-
zinha, não sopitou o orgulho ferido e perguntou:
— Mamãe, explique-me. Por que permanece nesses trajes? Que 
significa esta choupana sem conforto? Que região de vida é esta, onde 
a vejo tão fortemente desamparada? Será crível que seja este o seu lu-
gar? Não foi uma crente sincera, no curso das experiências terrestres?
A velhinha, com o olhar sereno de quem não mais teme a ver-
dade, acentuou resignada:
— Estamos no mundo de nossas próprias criações mentais, 
minha filha. Segundo nossas reminiscências, fui católica funda-
mente arraigada aos meus velhos princípios; contudo, não podes 
negar minha antiga preocupação de descansar nos esforços alheios. 
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 10
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Recordas como torturava os servidores de nossa casa? Lembras 
minha tirania no lar, nos serviços de teu pai, nos atos da igreja? 
Quando acordei aqui, meus sofrimentos foram ilimitados, pois 
minhas criações individuais eram péssimas. As feras da inquietação, 
do remorso e do egoísmo observavam-me de todos os lados. Foi 
quando, então, roguei a Deus me permitisse destruir os trabalhos 
imperfeitos, para reconstruir conscientemente de novo. E aqui 
me tens. Tudo pobre, humilde, desvalioso, mas para mim que já 
desacertei demasiadamente, ferindo o próximo e desprezando as 
coisas sagradas, esta choupana paupérrima é a bênção do Pai, no 
recomeço de santas experiências.
A recém-desencarnada contemplou a escassez dos objetos 
de serviço, fixou a miserabilidade das peças expostas, arregalou os 
olhos e exclamou :
— Meu Deus! quantas situações estranhas! Mamãe, sempre a 
julguei nas esferas felizes!...
Esses planos começam em nós mesmos — retrucou a genitora, 
com a tranquilidade da experiência vivida.
Recordando as inúmeras manifestações religiosas a que em-
prestara o concurso de sua presença, a senhora Fonseca redarguiu:
— Não me conformo com a miséria a que a senhora parece andar 
presentemente habituada. E o meu lugar próprio? Visitei milhares de 
vezes os templos de fé, no mundo. É impossível que esteja esquecida 
de nossos guias e benfeitores. Onde estão Bernardino e Conrado, os 
amorosos diretores espirituais de nossas reuniões? Preciso interpelá-
-los relativamente à minha situação.
A velhinha bondosa sorriu e informou:
— Ambos prosseguem na abençoada faina de orientar, distri-
buindo benefícios; mas, as reuniões continuam na esfera do globo e nós 
nos achamos em círculo diferente. Que seria dos trabalhos terrestres, 
minha filha, se os servos de Deus abandonassem suas tarefas, apenas 
porque uma de nós fosse chamada a nova expressão de vida?
Marcela entendeu o profundo alcance daquelas palavras e 
observou:
— Qualquer outra autoridade espiritual pode servir-me. Ne-
cessito receber elucidações diretas, a respeito de minha atual posição.
EADE • Livro III• Módulo III • Roteiro 10
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A velhinha carinhosa fixou na filha o olhar afetuoso e compa-
decido, explicando-lhe prudentemente:
— Poderei conduzir-te à presença do generoso diretor da nos-
sa comunidade espiritual. Da bondade dele, recebi permissão para 
buscar-te no mundo. Creio, pois, que a sabedoria de nosso benfeitor 
será bastante aos esclarecimentos desejáveis.
Com efeito, na primeira oportunidade, foi Marcela conduzida 
por sua mãe à presença do venerável amigo. Recebeu-as o sábio, com 
espontâneo carinho, o que a Srª. Fonseca interpretou como subalterni-
dade, sentindo-se livre de manifestar as mais acerbas reclamações, a lhe 
explodirem da alma revoltada. Após minuciosa e irritante exposição, 
concluía lamentando:
— Como sabeis, minha crença foi invariável e sincera: Na igreja 
católica, no templo evangélico, como no grupo espiritual, fui assídua 
nas manifestações de fé e nunca alvitrei a devoção. Não me conformo, 
portanto, com este abandono a que me sinto votada.
O orientador solícito, que ouvira pacientemente a relação verbal 
da interlocutora, acentuou a essa altura:
— Não se encontra, porém, desamparada. Autorizei sua mãe a 
buscá-la nas zonas inferiores, com o máximo de carinho.
— Mas a própria situação de minha genitora, a meu ver, merece 
reparos especiais — clamou a Sra. Fonseca, intempestivamente.
Sorriu o bondoso mentor ao verificar-lhe o nervosismo e ex-
plicou em seguida:
— Já sei. Sente-se ferida no amor à personalidade. Entretanto, 
talvez esteja enganada.
E,

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