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Introdução às ciências sociais

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1 
 
Introdução às Ciências Sociais 
Texto 1 – A construção histórica das ciências sociais 
Alexandre Koyré - reconstituição da evolução das concepções espaciais e temporais 
europeias 
 O progresso agora é uma palavra de ordem, dotada de um sentido de 
infinitude; 
 Finitude do espaço físico; 
 
 
Augusto Comte 
 Tentava impedir a corrupção sistemática que havia sido elevada ao estatuto de 
“ferramenta indispensável de governação”; 
 A “física social” iria permitir uma reconciliação entre o progresso e a ordem ao 
entregar a solução dos problemas sociais a um nº reduzido de inteligência de 
elite; 
 Nova estrutura de conhecimento – filósofos são agora “especialistas em 
generalidades”; 
 A ciência positiva visa a libertação em relação a todos os modos de 
“explicação” da realidade – as investigações positivas devem limitar-se ao 
estudo sistemático do que é, renunciando à descoberta da causa pioneira e do 
destino final; 
John Stuart Mill 
 Corresponde a Comte mas substitui o termo “ciência positiva” por “ciência 
exata”; 
 Primeiras discussões sobre o tema do Desvio Social; 
 Criação de múltiplas disciplinas das ciências sociais insere-se no esforço global 
no sentido de garantir e de fazer avançar um conhecimento objetivo sobre a 
realidade; 
 O objetivo é aprender a verdade em vez de a inventar ou intuir; 
 
O estatuto científico das Ciências Sociais 
 Ruptura: a ciência desconfia das evidências do senso-comum 
 Construção: todo o conhecimento é contruído através de instrumentos. Não 
representa uma realidade concreta, não uma realidade nesse momento 
 Validação: o conhecimento científico é válido dentro das condições que foi 
contruído e depois foi confrontado com a realidade 
 
Problemas Epistemológicos das C.S. 
 
1. Natureza do objeto: pessoas em interação 
2 
 
Variável no espaço ou no tempo, é difícil universalizar comportamentos; 
 
2. Inseparabilidade sujeito/objeto 
Familiaridade social e ilusão da transparência: o investigador muitas das vezes 
está inserido no grupo social em estudo 
Carácter ideológico, político, pragmático e etnocêntrico: enquanto indivíduos 
vamos aprendendo práticas durante o processo de socialização e avaliamos o 
mundo segundo essas práticas e valores. 
 
3. Carácter pluriparadigmático 
Não há um modelo teórico definido; conflitualidade interna entre as C.S., não 
existe um conjunto de princípios e conceitos teóricos que sejam aceites por 
todas as C.S. e existem mesmo princípios contraditórios. 
Fatores de Diferenciação das C.S. 
 Fragmentação do objeto empírico; cada ciência social estuda o objeto de 
forma diferente, de acordo com as suas próprias perspectivas 
 Diversidade teórica; várias perspectivas de análise 
 Orientações metodológicas; cada disciplina estudo o objeto de análise com 
base nos seus métodos 
 
APÓS A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 
Condições Sociais em que as C.S. se reorganizaram 
 Reorganização Política à escala mundial (hegemonia dos EUA; ascensão política 
do 3º mundo (grande desenvolvimento)) 
 Grande aceleração do desenvolvimento e crescimento económico (30 anos 
gloriosos e a expansão demográfica; desenvolvimento do 3º mundo) 
 Desenvolvimento académico (surgem novas universidades; maior circulação de 
pessoas, ideias e teorias; C.S. reconhecidas não só nos países desenvolvidos) 
As C.S. são acusadas de serem: 
 Eurocêntricas 
 Machistas 
 Burguesas 
Texto 2 – A pesquisa em sociologia: métodos de investigação 
Articulação entre teórica e empírica: 
 Teoria; 
 Metodologia; 
 Empiria 
 
Ponto de partida: teoria; permite escolher que método utilizar 
3 
 
Metodologia: segundo o tipo de interrogações decide-se qual o método de 
analise a seguir 
Empiria: testar empiricamente; analisar se as conclusões que devem ser 
novamente analisadas 
Métodos de Investigação – técnicas de pesquisa utilizadas para estudar o mundo social 
 Questionário 
 Entrevistas 
 Trabalho de campo na comunidade em estudo 
 Interpretação de estatísticas oficiais e documentos históricos 
Etapas no processo de investigação 
1º definição do problema – CAMPO TEÓRICO 
 Selecionar um tópico para a pesquisa; formulação específica do problema de 
investigação; 
2º revisão da bibliografia existente/ pesquisa bibliográfica – CAMPO TEÓRICO 
 Familiarizar-se com a pesquisa já existente sobre o problema; aprofundar o 
conhecimento; 
3º formulação de hipóteses – CAMPO ANALÍTICO 
 O que se pretende testar; elaborar uma resposta provisória; 
4º seleção do modelo de investigação – CAMPO ANALÍTICO 
 Escolha do método de investigação – experiências; inquéritos; observação, uso 
de fontes… 
5º realização de investigação/ recolha de informação – CAMPO DE OBSERVAÇÃO 
 Recolher dados; registar informação; 
6º interpretação de resultados – CAMPO ANALÍTICO 
7º elaboração de relatório final – CAMPO TEÓRICO 
 Qual o significado das conclusões; como se relacionam com as descobertas 
anteriores; 
TÉCNICAS DE RECOLHA DE INFORMAÇÃO 
 Tratamento quantitativo (análise extensiva) 
Inquéritos por questionário – questionários abertos ou fechados; questionários 
fechados apresentam perguntas com respostas fechadas de modo a permitir a fácil 
comparabilidade. 
4 
 
Questionários fechados – permite um grau de generalização maior; respondem entre 
as possibilidades apresentadas; resultados fáceis de comparar e catalogar. 
Questionários abertos – opinião completa; não há restrições na resposta; fornecem 
uma informação mais completa e rica; resultados mais difíceis de comparar. 
Recolha de informação – retira-se informação de estatísticas do INE, ou seja, 
resultados de questionários já realizados. A informação estatística é acessível à recolha 
de informação e a posterior conclusão dado que reduz a complexidade da realidade a 
indicadores quantitativos. 
Vantagens Desvantagens 
Permite recolher muita informação Informação pouco aprofundada 
Fácil comparação entre respostas Nem sempre reflete a realidade 
Permite quantificar a informação Quando o inquérito é fechado podem escapar 
pormenores importantes 
Permite generalizar as conclusões 
 
 Tratamento Qualitativo (análise intensiva) 
Tipo Vantagens Desvantagens 
Trabalho de campo Info + rica/aprofundada; 
flexibilidade para alterar a 
estratégia a seguir; + 
adequado p/ estudar culturas 
desconhecidas 
Apenas pode ser utilizada para 
estudar comunidades 
relativamente pequenas; ñ se 
pode generalizar conclusões; a 
presença do investigador pode 
não ser bem aceite 
Entrevista Fornece info + rica do que o 
inquérito; dá mais liberdade a 
ambas partes; info com 
profundidade 
O nº de entrevistados é menor 
no que no inquérito; a 
influência do investigador é 
grande; pequeno grau de 
comparabilidade 
Pesquisa documental Grandes quantidades de 
informação; apropriado em 
estudos históricos 
Depende das fontes existentes 
que podem ser parciais; 
dificuldade de interpretação 
do doc.; pouco fiáveis 
Experiências O investigador controla as 
variáveis específicas; as 
experiências são mais fáceis 
de repetir em investigações 
posteriores 
Muitas vezes ñ se pode criar a 
situação; as reações estudadas 
são afetadas pela situação 
experimental; 
Histórias de vida – reconstitui-
se a vida de uma 
pessoa/instituição e daí 
retiram-se orientações para 
elaborar um trabalho/estudo 
 
5 
 
Diários – registos regulares 
feitos pelas pessoas que 
podem ser úteis em estudos 
sobre atividades quotidianas 
 
Triangulação – combinar 
vários métodos de modo a 
eliminar as limitações de cada 
um 
 
 
Texto 3 – Desigualdades, identidades e valores 
Diferenciação social e cultural 
Classe Social é diferenciável por: 
 Nível de poder, possibilidades escolares ou profissionais, níveis de consumo; 
 Destinos sociais; 
 Diferenças não só sociais mas também entre sexos, raças, etnias 
 
Classes sociais em Karl Marx – as classes definem-se a partir da estrutura económica 
das sociedades(conjunto de relações que os indivíduos necessariamente estabelecem 
na produção social da sua existência) 
Karl Marx foi grande inspirador das doutrinas socialistas que criticou a sociedade 
capitalista. 
Relações de: 
Exploração – proprietário paga um salário inferior ao valor real da força do trabalho na 
produção pelo proletariado – base funcional do sistema-lucro 
Dominação – o Estado é o instrumento de domínio político 
Duas classes principais: proletariado e burguesia 
O enriquecimento progressivo da classe burguesa contrasta fortemente com as duras 
condições de vida dos que mais contribuem para essa mesma riqueza – torna-se 
inevitável o conflito entre classes. Devido à diferente posição que cada classe ocupa no 
sistema produtivo, o sistema capitalista gera desigualdades entre as mesmas sendo 
necessário mudança, acabando com este sistema. Karl apresenta um modelo 
revolucionário no qual o sistema passa a ter meios de produção coletivos. A mudança 
estava nas mãos do proletariado uma vez que representava a maioria da população, 
pelo que nenhuma força conseguir-lhe-ia resistir. 
A divisão social que Marx apresenta na produção reflete-se depois em todos os níveis 
de vida social. Para além das duas classes sociais já existentes, Marx falou também nas 
classes intermédias (transitórias) que mais tarde acabariam por se introduzir nas 
classes principais (proletariado e burguesia). 
6 
 
Poder da estratificação social em Max Weber 
Weber propôs um sistema que se opõe ao sistema apresentado por Karl Marx. O 
sistema de Marx define as classes sociais segundo a ordem económica, considerando 
as relações entre classes relações de poder. No entanto, para Weber as classes não 
estabelecem entre si relações de exploração, mas sim relações de competição entre 
indivíduos e grupos que jogam os seus recursos – sejam de propriedade, força de 
trabalho ou qualificações mais ou menos raras. 
Para Weber não são as classes o exclusivo motivo de desigualdade, há outros meios, 
como por exemplo os grupos de Status (diferenciação feita através do prestígio 
socialmente atribuído a certos estilos de vida, tipos de profissão, etc) 
Divisão em quatro classes: 
 Superior – grandes proprietários 
 Média alta – pequenos proprietários altamente qualificados 
 Média baixa – pequenos proprietários com pouca qualificação 
 Inferior – trabalhadores desqualificados 
Para Weber as desigualdades sociais não dependem apenas de um fator económico, 
embora este seja o mais importante. Do ponto de vista analítico, o modelo de Weber é 
mais flexível no tempo e no espaço. 
Três esferas da estruturação das desigualdades e das relações de poder 
1. Poder económico  Ordem económica/mercado 
Classes 
Recursos: propriedade, força de trabalho, qualificações, posição de mercado, 
oportunidades de vida, situação de classes 
 
2. Poder social  Ordem social 
Grupos de Status 
Estima e honra social, partilha de estilos de vida 
 
3. Poder político  Ordem política 
Partidos 
Organização de interesses, influência sobre a acção colectiva e a decisão 
pública 
Existem diferenças IMPORTANTES em relação à visão de Karl Marx: as classes sociais 
constituem-se a partir da sua posição no mercado (grupos de Status) e a partir das 
suas qualificações; contrariamente à visão de Marx que as classes eram definidas pela 
sua posição económica (proletariado e burguesia; se trabalhava ou mandava 
trabalhar). 
Eric Olin Wright 
Define classes sociais a partir da articulação de 3 recursos (apoiando-se em Marx): 
7 
 
 Propriedade dos meios de produção – estabelece uma linha divisória entre 
proprietários e não proprietários 
 Recursos com qualificações (escolares ou profissionais) – distingue os que 
ocupam posições teóricas dos que desempenham apenas funções de execução 
KARL MARX – ESTRUTURA ECONÓMICA 
 Recursos Organizacionais (relacionado com a capacidade de decisão) – 
diferenciam os que tem poder de decisão e autoridade hierárquica dos que não 
tomam decisões nem tem poder sobre os outros trabalhadores. 
Matriz de localizações de classes nas sociedades capitalistas contemporâneas 
 Proprietários 
Não 
Proprietários/ 
Assalariados 
Burguesia/ 
capitalista 
Pequenos 
empresários 
Pequena 
burguesia 
 
 
Wright distingue assim 12 classes sociais diferentes. É na esfera não proprietária que a 
população tem crescido mais. 
Pierre Bourdieu (Faz fusão entre os aspetos teóricos de Marx e Weber) 
As linhas de divisão entre classes são traçadas pela posse diferencial de vários capitais 
que operam generalizadamente nas relações sociais. 
4 critérios de diferenciação social (distingue classes pelo tipo de capital) 
 Capital económico: propriedade e rendimentos 
 Capital social: escolaridade e cultura 
 Capital cultural: a cultura que possuímos 
 Capital simbólico: maneira como as pessoas se valorizam, prestígio 
Existem diferentes classes cada um com diferentes níveis desses capitais. 
 
Tipologia de classes: 
 
Gestores qualificados 
Gestores 
semiqualificados 
Gestores não 
qualificados 
Supervisores 
qualificados 
Supervisores 
semiqualificados 
Supervisores não 
qualificados 
Técnicos não 
gestores 
Trabalhadores 
semiqualificados 
 
Proletários 
+ credenciais/qualificações - 
Re
cur
sos 
org
ani
zac
ion
ais 
8 
 
Classes superiores – níveis elevados de capital económico, cultural e social. As várias 
frações de classe vivem em constante competição para adquirirem mais capital. 
Padrões de indústria e comércio, professores, produtores artísticos, profissões liberais, 
quadros, engenheiros 
Classes médias – níveis médios dos 3 tipos de capital. Nova pequena burguesia, 
técnicos, formadores, empregados, quadros médios, artesão, pequenos comerciantes 
Classes populares – desprovidos de todo o tipo 
Após observarmos as hipóteses dos 4 autores (Marx, Weber, Wright, Bourdieu) 
podemos definir classes como categorias sociais cujos membros, em virtude de serem 
portadores de montantes e tipos de recursos semelhantes, tendem a ter condições de 
existência semelhantes. 
Estrutura de classes – é o sistema de diferença que “encaixa” cada indivíduo no lugar 
Notas: 
Componente ética - as pessoas incorporam valores referentes ao grupo social onde são 
socializadas 
Componente estética – gastos referentes a cada grupo 
Texto 4 – Violência Doméstica 
Realidade dinâmica, heterogénea que se expressa por diferentes formas: 
 Violência física 
 Violência sexual 
 Violência psicológica 
 Violência emocional 
 Discriminação sociocultural 
 Mal-estar social 
 Insegurança 
 Medo e descrença/incerteza no futuro 
Uma realidade pode ser mais ou menos prolongada no tempo, combinando vários atos 
de violência. 
Tipos de violência: 
 Física – murros e pontapés, puxar o cabelo, empurrar, atirar objetos, tentativa 
de ou atropelamento… 
 Psicológica – não deixar dormir, maltratar amigos, bater em coisas, desprezar, 
humilhar, insultar, gritar 
 Sexual – violar, obrigar a ver filmes pornográficos e agir como nos filmes, 
prostituição forçada, práticas sexuais não consentidas 
 Intimidação – perseguição, mostrar ou mexer em objetos intimidatórios, 
ameaça de suicídio, utilização dos filhos 
9 
 
 Isolamento – proibir a vítima de sair sozinha ou sem o seu consentimento, 
proibir a vítima de trabalhar fora de casa, afastá-la do convívio com família e 
amigos 
 Económica – negar o acesso a bens ou a dinheiro, gerir o salário da vítima, 
manipulá-la para que se demita 
Se considerarmos a violência no namoro jovem devemos acrescentar aos tipos de 
violência anteriores: 
 Stalking – assédio e forma de violência definida como um conjunto de 
comportamentos de assédio praticados, de forma persistente, por umapessoa 
contra outra, sem que esta os deseja. O autor destes comportamentos de 
assédio pode ou não ser alguém que a vítima conhece 
 Cyberbullying 
 Abuso sexual 
Os custos da violência doméstica 
Custos que incidem diretamente sobre as pessoas envolvidas: 
 Custos que afetam individualmente a vítima 
 Custos aos que lhe estão mais próximos (família chegada) 
 Custos visíveis a curto prazo, normalmente associados aos atos de 
violência, mas custos, também, que se prologam ao longo da vida – como o 
stress pós-traumático – ou mesmo que afetam as gerações futuras – 
através dos filhos 
 Custos que, pela sua natureza, num primeiro momento, só se deixam 
observar com instrumentos qualitativos. Por exemplo, os aspetos que se 
relacionam com as dimensões emocionais e afetivas, cujas consequências 
podem ter expressão na ação pessoal quotidiana, ou ações futuras 
Custos que são pagos por toda a sociedade: 
 Financiados por impostos – casas abrigo (vítima), polícia, magistrados, 
técnicos de apoio social 
 Custos que têm uma expressão económica, mas custos, também, 
difíceis de quantificar – psicológicos, sociais e culturais. 
Custos económicos da violência doméstica 
A violência nas relações de intimidade provoca perdas na produção económica na 
medida que tem um impacto negativo no emprego das mulheres. A violência leva a 
ausências prolongadas do local de trabalho à perda de emprego. Proveniente disso, há 
uma perda de produtividade (ausências ao emprego e perdas nos postos de trabalho). 
Estes custos económicos têm ramificações para a economia e para a sociedade em 
geral (o produto é reduzido devido à diminuição da produtividade). 
Tipos de Custos: 
10 
 
 Intangíveis – sofrimento, medo, tentativa/risco de suicídio, efeitos emocionais 
nas crianças, morte 
 Vida pessoal e familiar – alterações dos modos de vida e padrões do consumo 
(considerando os elevados custos despendidos na justiça, saúde, educação ou 
perda do posto de trabalho), menos tempo de lazer 
 Justiça – investigação judicial, custos dos tribunais em processos cíveis, penais, 
de família e menores, serviços forenses, advogados oficiosos, custos prisionais, 
indemnizações a cargo do estado 
 Saúde – formação especializada de vários profissionais de saúde, mais valências 
hospitalares e ao nível dos Centros de saúde; apoio médico e psicológico 
prolongado às vítimas 
 Educação – educação especial para as crianças; programas de reeducação e 
formação, programas de prevenção e de consciencialização da violência 
doméstica nas escolas 
 Serviços sociais – casas de abrigo, serviços de apoio à vítima e descendentes, 
linhas de financiamento de apoio a ONG 
O número de suspeitos de violência doméstica e de pessoal efetivo nas equipas de 
proximidade de apoio à vítima tem vindo a aumentar ao longo dos anos. 
Texto 5 - A economia-mundo, a semiperiférica e a incorporação africana 
Nos 30 anos que se procederam após a 2ª Guerra Mundial o desenvolvimento que 
surgiu trouxe com ele 2 novas teorias: 
 Teoria da modernização – pressupõe um quadro do mundo capitalista, é uma 
interpretação problemática, pois toma como modelo de desenvolvimento os 
países que se desenvolveram em primeiro 
 Teoria da dependência – os países do 3º mundo não têm capacidade para 
efetuar certas trocas com os países do 1º mundo (trocas desiguais). Esta teoria 
baseia-se no facto dos países não passarem todos pelas mesmas fases de 
desenvolvimento 
Immanuel Wallerstein - Teoria do sistema-mundo 
O sistema-mundo é um sistema de relações económicas e políticas à escala 
internacional. É constituído por: Centro, Semiperiferia, Periferia 
Esta teoria procura explicar o funcionamento económico e político à escala mundial 
em períodos de longa duração. Recupera a ideia da teoria da dependência, de que as 
trocas internacionais são desiguais, isto porque, o tipo de atividades dos países 
condiciona as suas relações e os seus tipos de economia. 
Características que definem a situação de cada país no sistema-mundo: 
 Económicas – tipos de atividades produtivas 
 Sociais – qualificações e remunerações dos trabalhadores 
 Políticas – tipo e papel do estado 
11 
 
As regiões do sistema-mundo (centro, periferia, semiperiferia) apresentam, entre si, 
uma relação de interdependência. 
O sistema capitalista foi expandido a grande parte do mundo e novos territórios foram 
adicionados ao sistema-mundo. 
Definição das zonas do sistema-mundo: 
Centro – países mais desenvolvidos c/ maior poder económico, que dominam 
politicamente (os que mais beneficiam da divisão internacional do trabalho) 
Semiperiferia – 3 qualidades estruturais/características 
 Estável - são mais equilibrados e permanecem mais tempo nesta posição 
Os países periféricos reproduzem a sua própria semiperiferidade (estado 
prolongado) 
 Permanente – existem sempre a semiperiferia, independentemente da 
situação particular dos estados 
Há movimentos de países, mas nunca pode deixar de existir semiperiferia assim 
como centro e periferia, pois deixaria de ser sistema-mundo 
 Relacional – para além das dinâmicas internas, os estados estão sujeitos a 
pressões dos países do centro e da periferia 
Periferia – países com menos recursos, participam na divisão internacional do trabalho 
em fases menos rentáveis (salários baixos e grande exploração). Não têm capacidade 
para se desenvolverem – produzem e vendem matérias-primas e mão-de-obra (para o 
centro especialmente). Pouca participação no sistema político 
Papel da semiperiferia 
 Económico – nível de desenvolvimento intermédio 
- Função de intermediação entre centros e periferia 
- Absorve setores económicos abandonados pelo centro 
 Político – função de intermediação política 
- Impede a polarização e a existência de uma única autoridade no sistema-mundo 
(centro, dado que a periferia não tem meios nem capacidade para terem influência no 
sistema político) 
 Social – contribui para a incorporação da mão-de-obra dos países periféricos 
na economia-mundo capitalista 
 
Os países semiperiféricos podem ser definidos como os que tendem à produção de 
produtos manufaturados para o mercado interno (do próprio país), mas também são 
exportadores de produtos primários, desempenhando o papel de parceiros periféricos 
face aos países centrais e parceiros centrais face a alguns países periféricos. 
12 
 
Texto 6 - Processos de Globalização 
Globalização – processo de distensão: conexão em rede entre contextos sociais e 
regiões, à escala de toda a superfície do planeta; 
- Intensificação das relações sociais, económicas, políticas e culturais à escala mundial, 
que ligam lugares distantes; 
- As concorrências locais são moldadas por dinâmicas e acontecimentos que se dão a 
grande distância geográfica. 
Aspetos a considerar sobre a globalização: 
 Homogeneidade – produtos idênticos em todo o mundo (ex: McDonald’s) 
 Diversificação – adaptação de produtos idênticos em todo o mundo para a 
cultura em que está a ser comercializado (ex: no McDonald’s em Portugal 
vende-se sopa e McBifana dado que é algo da cultura portuguesa) 
Aspetos negativos da globalização: 
 Destruição de culturas locais (dado que com a globalização muitos países 
adotam culturas estrangeiras acabando por diminuir a sua) 
 Aumenta as desigualdades do mundo (os ricos enriquecem, porque já 
apresentam meios para se desenvolverem cada vez mais, já os pobres 
empobrecem cada vez mais; uma das razões para tal poderá ser devido à 
abertura de fronteiras económicas, assim o comércio local perde lucros para o 
estrangeiro – a subsistência é destruída) 
O protecionismo pode ser uma medida adequada para evitar a destruição da 
economia interna, no entanto, apenas deve ser usado em certos casos e com 
cautela dado que poderá ser benéfico, mas em excesso pode constituir um entrave 
ao desenvolvimento dos países. 
Problema da colonização ao contrário - O desemprego naeconomia ocidental 
aumenta derivado da mobilização das empresas de países desenvolvidos para 
países em desenvolvimento devido à maior e mais barata mão de obra. O 
desemprego aumenta nos países desenvolvidos devido a esta mobilização. 
Dimensões institucionais da modernidade: 
 Capitalismo – vasto campo de ação para atividades globais de grandes 
empresas 
 Industrialismo - tarefas profissionais 
 Vigilância – o estado não pode intervir noutros países, as empresas podem 
 Poder militar - aliança entre estados 
Dimensões institucionais da globalização: 
 Economia capitalista mundial – isolamento económico em relação às políticas 
de cada país; autonomia das empresas – influenciam decisões políticas 
13 
 
 Divisão internacional do trabalho – especialização regional 
 Sistemas de estados-nação - a globalização compra poder dos estados 
 Ordem militar mundial – envolvimento global dos estados em conflitos 
Boaventura de Sousa Santos 
Modos de produção da globalização: 
 Localismo globalizado - o processo pelo qual determinado fenómeno local é 
globalizado com sucesso 
Ex: atividades mundiais das multinacionais, transformação da língua inglesa em 
língua franca, difusão global do fast food ou música popular americana 
 Globalismo localizado – impacto específico de práticas e imperativos 
transnacionais nas condições locais, as quais são, por essa via, desestruturadas 
e reestruturadas de modo a responder a esses imperativos transnacionais (de 
modo a corresponder à globalização) 
Ex: zonas dentro de países de comércio livre ou zonas francas; desflorestação e 
destruição maciça dos recursos naturais para pagamento da dívida externa; 
Práticas e discursos de resistência aos localismos globalizados e aos globalismos 
localizados 
Cosmopolitismo – organização transnacional de resistência; vítimas das trocas 
desiguais ao abrigo da globalização 
Património comum da humanidade – lutas pela proteção e desmercadorização de 
recursos, entidades, ambientes que nos garantem a sobrevivência 
Globalização hegemónica 
Força marcada pela homogeneização de carácter neoliberal (atuante a vários níveis), 
imposta de cima para baixo, que faz emergir desigualdades de poder, que enfraquece 
o poder do Estado, que causa exclusão da população (especialmente do terceiro 
mundo) 
Desvalorização cultural desses povos, por via do processo de homogeneização da 
globalização hegemónica. 
Periferia do sistema-mundo encontra-se no paradoxo entre a civilização e a 
resistência: 
 Caso se entreguem à civilização, estarão destinados ao desaparecimento, 
fazendo parte de outra classe de excluídos 
 Somente se houver resistência (defesa dos seus valores, dos seus padrões 
culturais e afirmação dos direitos que possuem como povo) poderão assegurar 
a sobrevivência. 
Globalização contra-hegemónica 
14 
 
A globalização enquanto processo não é mais que um campo de lutas transnacionais. É 
feita de luta contra a violência estrutural que assola países pobres. Trata-se da 
sobrevivência das comunidades locais, dos seus lugares simbólicos e da sua 
biodiversidade. 
Assenta na ideia de um multiculturalismo emancipatório, baseada “em iniciativas 
enraizadas no lugar”. 
Texto 7 – Terceiro setor e Estado-Providência em Portugal 
Estado-Providência: 
 Estado responsável (direta ou indiretamente) pelo bem-estar da população 
numa perspetiva de equidade, proteção social e justiça social 
 Pós segunda guerra mundial 
 Pressupõe um compromisso entre as classes trabalhadoras e os detentores do 
capital, um compromisso que é gerido pelo Estado 
 Políticas sociais 
Economia social/ Terceiro setor 
 Enquadra as organizações sem fins lucrativas, que não são governamentais 
(ONG), e que visam gerar serviços de caracter público 
 Lógica distinta da lógica do Estado e do Mercado Capitalista 
 Organiza-se em torno de fatores humanos e não de lógicas competitivas 
individuais, da reciprocidade e formas comunitárias de propriedade 
O estado-providência implica a intervenção do estado no domínio da segurança social, 
do emprego, da educação, da saúde (atinge o seu ponto mais alto nos 30 anos 
gloriosos que se procedem à II guerra mundial); este pacto, no entanto, degradou-se 
com a crise da década de 1970, e posteriormente com o Consenso de Washington, 
tendo esta forma de estado ter sido alvo de reformas de retração. 
Tais reformas levaram, a certos países, a erosão/diminuição dos salários, das 
prestações sociais e dos direitos liberais, o que criou fortes entraves ao consumo, do 
qual depende também o crescimento e o emprego. O consumo, o investimento e até 
algumas intervenções sociais passaram a ser mantidos com recurso ao crédito 
bancário. 
Pressupostos comuns dos regimes de “Welfare State” 
 O sistema económico dominante é o capitalismo. 
 As relações de classes baseiam-se na divisão de trabalho. Detentores vs. Não 
detentores de capital 
 O principal meio para assegurar a existência é ter emprego no mercado formal 
de trabalho 
 Autonomia relativa do estado 
15 
 
 A intervenção do estado combina-se com as estruturas e processos familiares e 
de mercado para construir um pluralismo de bem-estar (welfare mix) 
 O Welfare Mix desmercadoriza os bens e serviços necessários à reprodução 
social, fornecendo-os fora do mercado 
(Desmercadorizar significa impedir que a economia de mercado estenda o 
seu âmbito a tal ponto que transforme a sociedade no seu todo numa 
sociedade de mercado, numa sociedade onde tudo se compra e tudo se 
vende, inclusive os valores éticos e as opções políticas) 
 
Estado-Providência em Portugal 
 Estado novo – modelo de família patriarcal com responsabilidades na provisão 
do bem-estar e instituições caritativas e mutualidades 
 Criação da caixa geral de aposentações (dirigida aos funcionários públicos – 
1929) e criação de um sistema de seguros sociais obrigatórios dirigido aos 
trabalhadores privados com o objetivo de cobrir situações de velhice, invalidez 
e doença 
 1974 – marca a institucionalização das políticas sociais que propiciaram o 
alargamento da proteção social a toda a população, melhorando o apoio em 
termos de prestações, através da criação do regime não-contributivo que 
contemplava a atribuição de pensões sociais a quem não auferia rendimentos 
nem tinha carreira contributiva 
16 
 
 CRP 1976 - reconhece a segurança social como competência do estado. A 
proteção social passa a abranger os desempregados, as situações de doença e 
de vulnerabilidade, a velhice, a invalidez, a maternidade, a viuvez, e a 
orfandade, deixando assim de abranger apenas alguns segmentos da população 
mais relacionados com o trabalho. 
 É criado o Serviço Nacional de Saúde (1979), como garantia de assegurar o 
direito à saúde enquanto direito universal 
 1984 (1º Lei de Bases da SS), o Estado-Providência define as suas políticas 
sociais e a sua atuação com base no pressuposto de um regime de proteção 
social universal, pretendendo uma cobertura de todos os cidadãos, seja pela via 
do regime contributivo, do regime não contributivo ou da ação social. Prevê 
ainda o livre acesso a todos os cidadãos à saúde e à educação, serviços 
considerados essenciais para o bem-estar da população. 
 Década de 90 - Apoios sociais escolares, apoios médicos e alimentares a alunos mais 
carenciados, formalização da escolaridade obrigatória a partir dos 6 anos de idade, 
alargamento do ensino superior, criação do ensino especial; aposta-se também no 
ensino recorrente de adultos e na formação contínua dos professores 
Características da Economia Social 
 
 Primazia das pessoas e objetivo social sobre o capital; 
 Combinação de interesses dos membros como interesse geral; 
 Controlo democrático pelos membros deste tipo de entidades; 
 A maioria dos excedentes é usada para objetivos de desenvolvimento sustentável, 
serviços do interesse dos membros ou do interesse geral; 
 Implicaa adesão voluntária e aberta a este tipo de iniciativas; 
 Defendem a aplicação dos princípios de solidariedade e responsabilidade; 
 Gozam de autonomia de gestão e independência das autoridades públicas. 
O sector cooperativo e social compreende especificamente: 
 
a) Os meios de produção possuídos e geridos por cooperativas, em obediência 
aos princípios cooperativos, sem prejuízo das especificidades estabelecidas 
na lei para as cooperativas com participação pública, justificadas pela sua 
especial natureza 
b) Os meios de produção comunitários, possuídos e geridos por comunidades locais 
c) Os meios de produção objeto de exploração coletiva por trabalhadores 
17 
 
d) Os meios de produção possuídos e geridos por pessoas coletivas, sem 
carácter lucrativo, que tenham como principal objetivo a solidariedade social, 
designadamente entidades de natureza mutualista 
Texto 8 – Ciência, Tecnologia e Sociedade de Risco 
Sociedade de Risco: 
 Possibilidade de ocorrência de evento com consequências nefastas 
 Surge nos séculos XVI e XVII pelos exploradores portugueses e espanhóis, e a questão 
dos seguros marítimos 
 Implica a necessidade de compreender que fatores desencadeiam situações de risco e 
quais os seus efeitos 
 Risco e incerteza: o risco implica incerteza 
 Riscos manufaturados ou “novos riscos” implicam processos complexos de decisão 
sociais, económicos e políticos 
 Os novos riscos resultam do impacto do desenvolvimento tecnológico e científico – 
implica, ainda a perda de capacidade de prever o futuro e, sobretudo, de atuar 
previamente (ex: aquecimento global) 
 Tecnologia e ciência enquanto elementos paradoxais neste contexto: é ameaça, mas 
também potencial solução inovadora 
Ulrich Beck (1986) - A sociedade de Risco 
 O conceito de “modernidade reflexiva” 
 A ciência e a tecnologia são produtoras de desenvolvimento e progresso, mas também 
produtoras de risco 
 Os riscos, tal como a riqueza, são objeto de distribuição: no que toca aos riscos 
estamos perante a distribuição de “males”, não de bens materiais, de educação ou de 
propriedade. Beck argumenta que os riscos são transescalares, que a distribuição 
desses males, dos riscos, é transversal a todas as classes 
 Além dos riscos ecológicos, assiste-se a uma precarização crescente e massiva das 
condições de existência, com uma individualização da desigualdade social e de 
incerteza quanto às condições de emprego, tornando-se a exposição aos riscos 
generalizada 
 A principal crítica de Beck é dirigida ao “estatuto de verdade” conferido à Ciência: “Nas 
questões de risco ninguém é perito, todos são peritos.” 
Anthony Giddens (1990) 
 Globalização do risco em termos de intensidade (ex: Guerra nuclear) 
 Expansão da quantidade de eventos contingentes que afetam todos: acumulação de 
uma grande diversidade de risco - ecológicos, biomédicos, sociais, militares, políticos, 
económicos, financeiros… Por exemplo, os riscos referentes às rápidas mudanças 
globais nas relações de trabalho, já que com o acelerado incremento da tecnologia 
aumenta o desemprego 
 Socialização da natureza, ou seja, a forma dada à natureza pelo homem (a 
manipulação genética de alimentos e riscos para a saúde humana) 
 Riscos manufaturados – riscos sociais contruídos (pela ciência e tecnologia) 
18 
 
Risco e Democracia 
 Omnipresença do risco nas sociedades contemporâneas 
 O discurso político cauteloso e a questão da confiança dos cidadãos quando o discurso 
é contrariado pelos factos 
 Amplificação mediática do debate público em torno do risco: controvérsias 
sociotécnicas 
 Os estudos sobre risco (individual, social e ambiental), antes considerados uma 
subárea das ciências passaram a construir-se em temas políticos centrais, com impacto 
nas agendas de políticas públicas 
 O risco é propenso ao debate público – a importância crescente da participação cidadã 
 As certezas procuradas pelo poder político contrapõem-se às incertezas veiculadas 
pela ciência 
 Restruturação dos processos de decisão na resposta aos riscos 
Estratégias para lidar com o risco 
Politização do risco: da função de redistribuição do estado-providência à regulação pelo 
estado de áreas como o ambiente, segurança alimentar… 
Regulação do risco – intervenção do estado no mercado ou nos progressos económicos e 
sociais visando controlar as potências consequências adversas que podem resultar para a 
saúde pública, ambiente ou segurança das pessoas 
Atuação a título preventivo 
Regulação do risco/governação do risco 
Participação 
Informar o público  Ouvir o público  Envolver o público nas decisões  estabelecer 
acordos 
O que significa participar? 
 A participação cidadã implica o envolvimento direto e/ou indireto nos processos de 
decisão que envolvem situações de risco 
 A participação pública pode ser definida como o processo através do qual os membros 
de uma comunidade, sobretudo face a situações de risco, individual ou coletivamente, 
desenvolvem a capacidade de assumir a responsabilidade de: colaborar no 
planeamento de soluções, avaliar as soluções adotada 
Importância da participação pública: 
1. A participação pública é desejável porque os cidadãos possuem uma perspetiva 
(experiência e conhecimento) 
2. Os serviços públicos devem ser responsáveis e transparentes, sobretudo quando 
questões de risco estão implicadas nas decisões 
 
 
19 
 
Texto 9 – De dependentes da Estaco a dependentes Estado: Desemprego 
de meia-idade e o estado social como último reduto 
Trabalho: 
 Atividade que transforma a natureza 
 Uma atividade que combina criatividade, pensamento conceptual e analítico e uso de 
aptidões manuais para conseguir um objetivo pré-determinado 
Emprego: 
 Atividade destinada à sobrevivência 
 Atividade feita sob alguma dureza e controlo de outros, de instituições ou tecnologias 
 Atividade levada a cabo na experiência de receber algo em troca, estando associada a 
uma situação de dependência (trabalho assalariado) 
 Organização do capitalismo industrial “acabou” com o “trabalho” e valorizou a 
estabilidade no emprego 
História do trabalho: 
Desde do século XVII que se valoriza o trabalho produtivo livre: juntamente com o serviço 
militar o trabalho produtivo torna-se o critério de independência e de cidadania plena ou ativa 
Século XIX: trabalho como “liberdade criadora” que permite ao ser humano transformar suas 
condições de vida, o mundo e ele próprio 
Capitalismo industrial: o trabalho torna-se mercadoria 
Século XX: o fim do trabalho… o trabalho que não é só exercido por seres humanos 
(automação) 
O trabalho como emprego 
 O trabalho remunerado é chave para a integração social e económica 
 Ciclo de vida normal (homens nos países industrializados) orientado para um emprego 
remunerado 
 Sistemas orientados para o trabalho 
Sistemas educativos – confere qualificações para o trabalho 
Sistema de proteção social – preenche as lacunas na vida laboral (acidente, doença, 
desemprego) e acautelam a transição para a reforma 
Intervenção social e estatal no mercado de trabalho (emprego como objetivo e como 
direito) 
 Estatutos sociais estruturam-se na relação como o emprego (empregados, 
desocupados, desempregados, assistidos) 
 Vida cívica - trabalho oferece possibilidades de um estilo de vida independente e de 
estatuto social; movimentos de trabalhadores conseguem conquistas sociais 
(aumentos salariais, redução do horário de trabalho, férias…) 
Transformações no trabalho e no emprego 
 A nova revolução industrial: automatização das máquinas substituída pela era 
informacional; novas profissões e qualificações e dificuldades de reconversão 
profissional de alguns trabalhadores 
20 
 
 Dualização do mercado de trabalho: distância crescente entre o grupo de 
trabalhadores protegidos (salários, benefícios estatais e da empresa e ações) e o dos 
trabalhadores precários 
 Nova categoriasocial: trabalhadores pobres 
 Desemprego de massa e de longa duração afetando as vidas e identidades dos que são 
atingidos 
 Desemprego diferido: pessoas que se esforçam por não cair no desemprego c/ 
formação, manutenção das rotinas quotidianas 
 Dispositivos públicos de apoio ao emprego e formação criam novas categorias de 
trabalhadores (estagiários, bolseiros) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A precariedade laboral refere-se a “empregos sem estatuto” (empregos incertos com menos 
regalias sociais) diferentes de empregos satisfatórios 
A precariedade relaciona: 
 Insegurança no emprego 
 Perda de regalias sociais 
 Salários baixos 
 Descontinuidade nos tempos de trabalho 
A precaridade laboral é resumida a instabilidade (a impossibilidade de programar o futuro), a 
incapacidade económica (impossibilidade de fazer face aos “riscos sociais” e de assegurar as 
despesas económicas do quotidiano – surgimento dos “novos pobres”) e alteração dos ritmos 
de vida (alteração nos horários de trabalho e da relação entre trabalho/desemprego) 
 
21 
 
O fim do trabalho 
Duas ideias centrais: 
1. Supressão material do trabalho 
 Transformações na materialidade das atividades 
 Constrangimentos das tecnologias de informação e comunicação (TIC) 
 Novas formas de organização do trabalho 
 De um “emprego para a vida” para uma “empregabilidade para a vida” 
 
2. Transformação dos seus significados 
 Transformações nos referentes identitários 
 Diversidade de estatutos do trabalho 
 Individualização das relações de trabalho 
O desemprego 
A população desempregada integra quem já trabalhou, quem procura um novo emprego e 
quem procura o primeiro emprego; “indivíduos com idades entre os 15 e os 74 anos que 
estejam nas seguintes condições”: 
 Estarem sem trabalho durante a semana de referência (a semana em que 
decorre o inquérito), isto é, não terem um emprego (por uma hora ou mais) 
em situação de trabalho remunerado ou por conta própria; 
 Estarem disponíveis para trabalhar, isto é, estarem disponíveis para trabalhar 
num emprego remunerado ou por conta própria antes de finalizarem as duas 
semanas seguintes à semana de referência; 
 Estarem ativamente à procura de trabalho, isto é, terem feito diligências para 
procurar emprego remunerado ou por conta própria, no período de quatro 
semanas a terminar na semana de referência ou terem encontrado trabalho a 
ser iniciado em data posterior, isto é, no período de pelo menos três meses 
Desemprego de longa duração: conjunto de pessoas que estão desempregadas há mais de um 
ano 
Consequências do desemprego 
Objetivas Subjetivas 
Perda de rendimento regular Perda de autoestima 
Prestações sociais que implicam 
rendimentos inferiores 
Sentimento de inutilidade social dada a 
centralidade da ética do trabalho 
Possibilidade de existir perda de rendimento 
total 
Impactos de foro psicológico 
Degradação das condições de vida Aumentos dos casos de violência 
Risco de pobreza 
 
Estratégias de enfrentamento do desemprego 
 Estado social 
 Mercado (atividades de substituição e pequena produção para autoconsumo) 
 Sociedade-providência (redes sociais) 
22 
 
 Emigração 
Texto 10 – A sociedade de consumo: estilos de vida, cultura e mercado 
Sociedades de consumo: origens e desenvolvimento histórico 
1ª etapa: primeira metade séc. XX 
1910-20 – Mudanças nos processos produtivos (linha de montagem, estandardização, fabrico 
em série + inovação tecnológica) (Ford T) 
 Mudanças nos processos comerciais (marketing, compra e crédito) 
 Mudanças na vida quotidiana (novas formas de lazer e entretenimento) 
 Anos 30 (crise económica = new deal: políticas sociais e estimulação da economia pelo 
lado da procura) 
2º etapa: pós II guerra mundial 
1945-1975: os “trinta anos gloriosos” 
 Fordismo, políticas económicas keynesianas, estado-providência, ganhas de 
produtividade e consumo em massa 
 Contexto que favoreceu o incremento dos níveis de rendimento e bem-estar das 
populações, em especial classes médias e populares 
Sociedade de consumo 
É aquela que se encontra numa avançada etapa de desenvolvimento industrial capitalista e 
que se caracteriza pelo consumo massivo de bens e serviços. 
É consequência do desenvolvimento industrial em que a oferta excede a procura. 
Investimento em estratégias de marketing (agressivas e sedutoras) que obrigam a consumir, 
permitindo escoar a produção. 
O consumismo como tendência: tipo de consumo impulsivo, descontrolado, irresponsável e 
muitas vezes irracional. 
Fatores socioeconómicos que justificam a sociedade de consumo 
 Crescimento exponencial da capacidade produtiva – modelo fordista de produção em 
massa (pós 2ª guerra mundial) 
 Desenvolvimento dos mercados e das técnicas de vendas, marketing e publicidade 
 Desenvolvimento do crédito (e a questão do endividamento – constitui uma nova 
fonte de consumo ou investimento) 
 Desenvolvimento dos serviços e das indústrias do lazer (pós 2ª guerra) 
 Crescimento dos rendimentos das famílias (pós 2ª guerra mundial) 
Fatores políticos do desenvolvimento da sociedade de consumo 
 Reivindicações dos trabalhadores e do movimento sindical 
 Redução do horário de trabalho 
 Direito a férias e ao usufruto de tempos livres 
 Políticas redistributivas (políticas fiscais; IRS/IRC, taxas progressivas) e 
institucionalização dos direitos sociais – estado-providência (após 2ª guerra mundial) 
23 
 
 Direito à segurança social, à saúde, à educação 
Fatores socioculturais do desenvolvimento da sociedade de consumo 
 Cultura individualista e consumo como forma de prazer, de autossatisfação e de 
construção das identidades pessoais 
 Competição estatutária através do consumo (quem consumir mais/bens e serviços 
mais caros equaliza-lhe um estatuto maior ao dos outros consumidores) 
 Crescimento das classes médias e dos estilos de vida centrados no consumo 
 Importância dos espaços de consumo na organização dos territórios urbanizados e do 
espaço público 
As transformações da sociedade de consumo: 
 Transformações dos padrões de compra e de comportamento dos consumidores = 
novos consumos 
 Homogeneização e segmentação (homogeneização que resulta da produção em massa 
+ segmentação com maior variedade dos mercados) 
 Consumidor como agente da economia moderna (centralidade do consumidor e sua 
psicologia, motivações, desejos, competências e modelos com impacto direto na 
estratégia dos mercados) 
 Sociedade de consumo como sociedade de lazer (aumento do tempo de não trabalho, 
industrialismo e capitalismo penetram na esfera do lazer) 
Z. Bauman 
 O consumo é hoje estrutural na sociedade 
 O consumo estrutura a nossa identidade (imagem que criamos para nós mesmos e 
imagem que enviamos para os outros) 
 O consumo organiza as relações sociais 
 Os consumidores são também mercadorias 
 
Jean Baudrillard 
Quatro lógicas do consumo/ quatro tipos de valores dos objetos 
LÓGICA FUNCIONAL  valor de uso dos objetos, princípio da utilidade 
LÓGICA DA EQUIVALÊNCIA ECONÓMICA  Valor de troca dos objetos, princípio do mercado 
LÓGICA SIMBÓLICA  Valor afetivo e de representação dos objetos, princípio da 
identificação individual ou grupal 
LÓGICA DO VALOR-SIGNO  valor comunicativo e expressivo dos objetos, objeto indicativo 
dos gostos e posição social = princípios da diferenciação e da competição social 
O PAPEL DAS MARCAS E DA PUBLICIDADE NA LÓGICA SOCIAL DO CONSUMO.

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