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UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez História da Enfermagem Fontes de Pesquisa na História da Enfermagem • Quando o historiador faz a pesquisa e produz os dados, no que ele se baseia? - Ele se baseia em fontes, em dados existentes; - Enfermagem baseada em evidência: pesquisas, dados clínicos, entrevista, data do SUS.. • A enfermagem tem hoje muito consolidada grupos de pesquisa que escrevem a história da enfermagem. Esses grupos são formados por enfermeiros, diferente de outras áreas em que esse papel está mais ligado ao historiador em si. - Do ponto de vista de quem escreve, conhecer o fato é muito importante. - Estar inserido nesse contexto dá mais conhecimento de causa para escrever. - O enfermeiro tem mais propriedade para falar dessas questões. • Quando se fala em história, normalmente esse diz em história oficial, baseando-se em documentos públicos, gerados oficialmente pelos governos etc. A nova história • No início do século 20 surge na França um conceito chamado de história nova. - Movimento que surge com o nome ¨Escola dos Annales¨, que na França vai discutir que não é só a história oficial que serve, que pode ser escrita, têm validade ou é verdadeira. - A partir de Peter Burke e Marc Bloch -os autores- trazem essa visão: Por que só tem valor aquilo que é oficial? Ex: ¨descoberta do Brasil¨ - A nova história mostra que tudo tem um passado que pode em princípio ser reconstruído e relacionado aos fatos ¨oficiais¨ - A história não tem uma versão certa ou errada, são pontos de vista diferentes sobre os fatos. ¨Todo ponto de vista é a vista de um ponto¨. Cada um olha pela sua vida social, experiências adquiridas ao longo da vida. - A escola dos Annales rompe com a história tradicional, revela outros ângulos de visão dos acontecimentos e descobre novos objetos de estudo, dando vez e voz ao que antes era mudo. - Passa a ter um outro indivíduo falando naquela posição. - Lugar de fala: dar voz a aquele que vivenciou essa experiência Pontos importantes: • Substituir a história narrativa tradicional (linear) por uma história-problema. Avaliar a história de um ângulo daquilo que me gera indagação. • Passa a importar para a história todas as atividades humanas, não só da política. • Passamos a contextualizar para além do fato puro, com a colaboração de outras disciplinas (geografia, economia, sociologia); ¨A diversidade dos testemunhos históricos é quase infinita. Tudo o que o homem diz ou escreve, tudo o que constrói, tudo o que toca, pode e deve fornecer informações sobre eles ̈Marc Bloch • Ao entrevistar eu produzo fontes e documentos; • Na história nova, tudo é fonte. • Critica a história linear, contada a partir de acontecimentos sequenciais. Para a história nova, desde um congresso a um acontecimento diário precisam ser contados e explicados, os por menores, porque os fatos não devem ter essa lógica de linha do tempo. Importa que se conte os detalhes do fato contado. • Traz o desenvolvimento das biografias. UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez História da Enfermagem Nova concepção historiográfica • A partir da Nova história, novas fontes passaram a existir no mundo todo. • Tudo é fonte, então todo tipo de documento pode ser acessado, mesmo aqueles não considerados oficiais. • Valorização de uma história estrutural, em oposição à história factual. • Ampliação da noção de fonte histórica: - São todos os elementos materiais e imateriais do passado que podem contribuir para a investigação feita pelos pesquisadores. - A partir delas são buscadas informações por meio de cuidadosos estudos sobre o que significam e pela interpretação do que elas podem informar. Não é porque há vários tipos, que não vai haver metodologia, cientificidade, escrita correta... - A ideia é que houvesse uma discussão sobre outros pontos de vista existentes. Ampliação das fontes • Qualquer vestígio de qualquer sociedade do passado, escrita ou não, passa a ser usado como fonte primária. • Apesar da fonte existir, ela não dirá nada até que o pesquisador a interprete e analise. É preciso que ao olhar aquele vestígio, seja analisado seu contexto e possa ser contabilizado como registro histórico. Tipos de fontes • Fontes diretas/primárias: aquilo que a pessoa conta. Todo material que ainda não tenha sido trabalhado por outros pesquisadores: ninguém nunca pesquisou aquilo ou fez trabalho com base nisso. Informações de primeira mão. - Documentos fotográficos, desenhos, pinturas, músicas, esculturas e objetos de arte, documentos constantes dos arquivos públicos e parlamentares, dados estatísticos, autobiografias e diários, relatos de viagens etc. • Fontes indiretas/secundárias: fontes que já foram analisadas por alguém, que produziu informações que permitem completar a interpretação a partir dessa produção. - Artigos, teses, dissertações, livros, publicações. Forma das fontes • Fontes imateriais: todo material de ordem intangível - Expressões culturais, tradições, saberes, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes, folclore; Muitos são tombados, tornam-se patrimônios da Unesco, para o planeta todo. • Fontes materiais: todo material palpável - Fontes escritas: certidões, cartas, testamentos, livros, jornais, revistas... - Fontes imagéticas ou visuais: imagens, pinturas, fotografias, filmes, anúncios de publicidade... Fontes orais: registro de entrevista ou relatos falados. Atenção: Não é porque existem essas novas fontes, que o documento escrito deixa de ter sua importância. Pelo contrário, ele passa a ter mais importância ainda, a partir do momento em que o que já era escrito, vai ser complementado com essas novas possibilidades de triangular fontes. A própria subjetividade do documento pode se constituir em objeto de estudo para o pesquisador e, paradoxalmente, evidenciar novas e convincentes versões históricas. Dificuldade de encontrar a fonte • De uma maneira em geral, há muita dificuldade em encontrar documentos/fontes. • Não há registro de todos os acontecimentos. • O desenvolvimento da pesquisa em História da Enfermagem depende da existência e da qualidade das fontes documentais. • Esta é a razão da necessidade de envidar esforços continuados no sentido de proteger a memória da profissão, mediante a recuperação, produção e preservação de fontes históricas, além da produção e divulgação de pesquisas em eventos científicos e publicação de artigos em periódicos indexados de grande circulação. • Essa preocupação se evidencia hoje através de esforços continuados de inúmeras escolas de enfermagem brasileiras, no sentido de organizar acervos que garantam a recuperação, UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez História da Enfermagem preservação e divulgação de documentos referentes à enfermagem. • A preservação da informação e dos registros históricos tem que ser nítida, de diferentes ângulos, enquadramento, com uma ordem e sentido científico. • Reunir nossos dados e diferenças nos fortalece em sentido de identidade, como nos comportamos nesses ambientes. • A verificação das fontes é importante para o desenvolvimento da pesquisa realizada por um pesquisador, sendo necessário o trabalho de criticar as fontes para: Assegurar a autenticidade do material pesquisador, contextualizar a documentação e identificar a relevância do material para a pesquisa. Na perspectiva de novas formas de ver e fazer história, autores apresentam e explicitam novos objetos, novos problemas e novas abordagens incluindo: a arqueologia, a economia, a demografia, a religião, a literatura, a arte, a ciência e a política. Nesta lógica, a enfermagem também é objetivo da história. A enfermagem – objeto da história • A enfermagemé objeto importante da história. Muitas mulheres vão estar em cenários de grandes momentos da história mundial: Exemplo, nas grandes guerras. • Tangenciarão os problemas enfrentados pelas mulheres na luta pela sua emancipação. • Dentro da história militar, há pesquisadores que abordam, estudam e registram todos esses acontecimentos. • Por ser uma profissão majoritariamente feminina, trará questões da luta das mulheres. Por exemplo, a Florence, considerada uma das primeiras feministas, antes do movimento existir como grupo. • Análise da condição feminina que está em processo de transformação, a duras penas e, dentro desta, analisarmos a nossa condição de mulheres enfermeiras, cuja luta não é fácil, por visibilidade, respeito e autonomia. • Diz-se que o não reconhecimento está muito atrelado ao fato de ser uma profissão feminina. História e memória • A história e a memória coletiva estão atreladas. A memória é inclusive um instrumento de poder, de conquista. Às vezes algumas ações já aconteceram, logo, se não conhecemos o passado podemos cometer erros que já ocorreram antes. • Devemos saber quem veio e fez, veio e conquistou. Isso nos empodera e dá forças para perpetuar as ações. • A preservação da memória e a escrita da história estão intimamente ligadas ao trabalho de documentação, pois é ele que permite que os acontecimentos contemporâneos não se percam na velocidade do mundo atual e que seja possível a realização de estudos históricos. • A memória, individual ou coletiva, é socialmente construída e representa um capital simbólico do individuo ou grupo ao PATRIMONIALIZAR, PERPETUAR E CONTROLAR as lembranças. • A memória é vital para os grupos e as sociedades que lutam por reconhecimento. Urge registrá-la, individual ou institucionalmente para que se possa visualizá-la em uma síntese futura, dando a essa construção a amplitude que tem em si mesma. Basicamente, ver o panorama geral e fazê-lo valer, mudar, evoluir. Necessidade de uma consciência do passado • O conhecimento de um passado comum é importante para a identificação e preservação dos diversos grupos sociais, levando os mesmos à coesão social e a uma comunidade simbólica de sentido partilhada. • História da enfermagem brasileira não se trata apenas da preservação de recordações do passado, mas, da interpretação desse passado como uma necessidade social. - Os estudos históricos interessam sobremaneira à enfermagem, pois a construção de uma memória coletiva é o que possibilita a tomada de consciência daquilo que somos realmente, enquanto produto histórico. • Construção de versões históricas dependem de vestígios deixados por pessoas em um tempo e lugar. A memória permite a construção e UFRJ Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez História da Enfermagem preservação da identidade profissional e, por extensão, institucional. Memória da Enfermagem • É essencial que a enfermagem dê mais atenção à sua memória. • É importante a enfermagem resgatar sua história de forma engajada e contextualizada (como parte de um todo). • Importância de se preservar a memória das enfermeiras – construir a memória coletiva da enfermagem. • Tomar a enfermagem como objeto de estudos históricos significa também trazer à tona seus conflitos, suas tradições, suas origens verdadeiras e não aquelas plantadas pela ideologia dominante. • Oportunidade de avançar muito na qualidade e quantidade do conhecimento sobre a enfermagem bem como na produção de fontes documentais sobre objetos que ainda não haviam sido estudados. Identidade da Enfermagem Considerações finais
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