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1 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes ANTIMICROBIANOS São substâncias que suprimem o crescimento de microrganismos responsáveis por infecções. Apesar deste aspecto comum diferem marcadamente em suas propriedades físicas, químicas, farmacológicas e espectro de ação. Qual é a diferença entre bacteriostático e bactericida? - Bacteriostáticos: grupo de drogas que inibe ou reduz a proliferação de microrganismos, necessitando do sistema imunológico do organismo para matar os patógenos. - Bactericidas: grupo de drogas que matam os microrganismos. Obs: em pacientes imunocomprometidos, os bacterioestáticos, se usados isolados, não possuem tanta eficiência no combate de eventuais infecções. CLASSIFICAÇÃO: 1) Inibidores da síntese da parede bacteriana; 2) Desagregadores de membrana celular; 3) Interferentes na função ribossomal; 4) Inibidores da função nuclear; 5) Antimetabólicos. OBS: Drogas que agem no 1, 2 e 4 são bactericidas. Já as que agem no 3 e 5 são bacteriostáticas. Suscetibilidade e Resistência: o agente infeccioso é considerado sensível quando é possível atingir concentrações suficientes para inibir seu crescimento. Três fatores devem ser avaliados na resistência: 1) A droga não atingiu seu alvo; 2) A droga foi inativada; 3) O alvo foi alterado. Não Suscetibilidade x Resistência: A não suscetibilidade bacteriana não é algo adquirível como a resistência. A Formação de resistência pode ser favorecida por: 1) Posologia subótima; 2) Tempo inadequado de tratamento; 3) Indicação inadequada. 2 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes Na escolha do antimicrobiano existem 3 tipos de terapias que podem ser definidas: 1) Profilaxia ou prevenção: Ex1.: suponha um indivíduo que vai se submeter a uma cirurgia que contém risco de infecção. Antimicrobianos podem ser prescritos para esse paciente evitar possíveis infecções. Ex2: o indivíduo vai viajar para uma região endêmica de malária, nesse caso é recomendável que ele faça uso de antimaláricos como prevenção, sem sequer ser contaminado com o protozoário. 2) Empírica de amplo espectro: 3) Terapia objetiva de baixo espectro: Além disso, devemos considerar na escolha do antimicrobiano: 1) A sensibilidade do agente in vitro. 2) O local da infecção; 3) Via de administração; 4) O estado imunológico do paciente. 5) Idade do paciente; 6) Fatores genéticos; 7) Gravidez; 8) Alergia a medicamentos; 9) Distúrbios do SNC; 10) Efeitos colaterais relevantes em cada caso. CLASSES DE ANTIMICROBIANOS: SULFONAMIDAS: Foram os primeiros quimioterápicos sistêmicos a serem introduzidos na prática clínica (anos 30). São agentes bacteriostáticos com espectro semelhante, mas com marcadas diferenças farmacocinéticas. Seu mecanismo de ação baseia-se na inibição da síntese de folato pelas bactérias. Para tanto inibem competitivamente a enzima diidropteroato sintase. Esta enzima cincorpora o PABA ao ácido dihidropteróico (precursor do folato) São bem absorvidas no TGI. Distribuem-se bem por todos os tecidos corporais e passam rapidamente a barreira placentária. Competem por sítios de ligação na albumina sérica. A metabolização hepática é por acetilação e 3 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes glicuronidação. A eliminação é renal e sua meia-vida sofre interferência da função desta via. PREPARAÇÕES DE SULFONAMIDAS: 1) Ação rápida: - Sulfisoxazol (em desuso): solúvel na urina e excretado rapidamente. - Sulfadiazina: pouco solúvel na urina, menor ligação às proteínas. Usada em infecções por nocardia, toxoplasma e F. reumática. Administrada 4X ao dia. - Trissulfapirimidinas: (pouco uso) preparações com 3 sulfas visando manter a solubilidade na urina. Administradas 4X ao dia. 2) Ação intermediária: - Sulfametoxazol: menos solúvel que o sulfisoxazol, excreção mais lenta, melhor nível sanguíneo. Devido ao risco de cristalúria, deve-se garantir alto débito urinário. Administrar 2X dia. - Sulfasalazina: pouco absorvida no TGI onde é metabolizada à sulfapiridina. Indicado como adjuvante na doença de Crohn e colite ulcerativa. 3) Ação prolongada: muito tóxicas (em desuso). 4) Uso tópico: - Sulfadiazina de prata: muito usada em queimaduras. Menos usada: uso ocular e vaginal. Sua forma oral é 1a escolha em toxoplasmose, associada a pirimetamina. - Sulfacetamina: preparações para uso ocular e vaginal. EFEITOS ADVERSOS: - A incidência geral é de cerca de 5 % - Os principais são: 1. Distúrbios Renais; 2. Anemia Hemolítica Aguda (inferior a 0,05%); 3. Agranulocitose (inferior a 0,1%); 4. Aplasia de Medula (incomum, mas ocasional em SIDA); 5. Reações de Hipersensibilidade; 4 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes 6. Reações Gastrintestinais. TRIMETOPRIM: Inibe outra etapa da síntese de folato: a enzima dihidrofolato redutase. Atualmente, raramente o Sulfametoxazol é prescrito isoladamente, devido a alta porcentagem de microrganismos resistentes a esta droga. Dessa forma, é realizado com frequência a associação com Trimetoprim. Essa associação apresenta suas peculiaridades: 1. Maior incidência de distúrbios renais. 2. Indução de deficiência de folato. 3. Maior incidência de distúrbios hematológicos. 4. Síndrome de Stevens-Johnson. A resistência as sulfonamidas encontra-se francamente disseminada. Sua utilidade permanece em: - Infecções urinárias (aguda não complicada, recorrente, pielonefrite, síndrome uretral com piúria). - Infecções intestinais por S. typhy, sendo eficaz em eliminar estado de portador. - Shigeloses, especialmente nas induzidas por cepas resistentes a ampicilina. Diarréia infantil causada por E. coli e na profilaxia da diarréia dos viajantes. Cólera. - Bronquite aguda, sinusite e pneumonia, causadas por germes sensíveis. Exacerbação aguda da bronquite crônica. Pneumonia por P. carinii. - Quimioprofilaxia dessa condição, combinada com antiretrovirais, aumenta a sobrevida de pacientes com SIDA. - Otites médias agudas em crianças, causadas por S. pneumoniae, B. catarrhalis e H. influenzae. Paracoccidiodomicose (70 a 90% de efetividade). Cautela em pacientes com deficiência de glicose-6- fosfato desidrogenase, porfiria, insuficiências renal ou hepática, asmáticos e pacientes com deficiência de folato (idosos, alcoólicos, pacientes em tratamento com anticonvulsivantes). 5 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes Podem ocorrer reações alérgicas severas ou discrasias sanguíneas. Deve-se interromper o tratamento aos primeiros sinais de rash cutâneo e promover contagens sanguíneas nos tratamentos prolongados. Deve-se manter hidratação adequada a fim de prevenir cristalúria. Portadores de SIDA se mostram mais susceptíveis aos efeitos adversos, apresentando febre, leucopenia e hepatite. Pode causar hipoglicemia, particularmente em mal nutridos ou com insuficiências hepática ou renal. Cautela no final da gestação e na lactação, pois pode causar icterícia em neonatos (quadro de kernicterus). Categoria de risco para gestação C. MACROLÍDEOS Os representantes são: eritromicina, claritromicina e azitromicina. São formados por anel lactona ao qual se ligam um ou mais açucares. São bacteriostáticos. São efetivos principalmente contra cocos gram- positivos. Apresentam resistência cruzada dentro do grupo. Esta, pode surgir intra tratamento. Claritromicina é o mais efetivo do grupo contra estrepto- e estafilococos. Já azitromicina é mais efetiva contra H. influenza e neisséria sp. Eritromicina é segunda escolha na profilaxia da febre reumática. Mecanismo de Ação: Inibem a síntese proteica bacteriana por ligar-se de modo reversível a subunidade 50 S do ribossomo bacteriano. Bactérias gram- positivas acumulam 100 vezes mais eritromicina do que gram-negativas. Resistência bacteriana aos Macrolídeos:pode ocorrer por 3 mecanismos: 1. Efluxo ativo: a bactéria cria um carreador em sua membrana que ejeta a droga para fora de seu interior. 2. Metilação do sítio de ligação ribossomal da droga: diminuindo a afinidade do macrolídeo com o microrganismo. 3. Hidrólise do macrolídeo por esterases. Farmacocinética dos Macrolídeos: A absorção no TGI é incompleta e prejudicada pelo pH ácido. Claritromicina é a menos afetada por essa inativação no pH mais baixo. Não possuem boa penetração no líquor, tem dificuldades de atravessar a barreira hematoencefálica. Dessa forma, os macrolídeos não são usados para tratar infecções no SNC. A eliminação varia para cada representante: 1. Eritromicina: ativo na bile. Sofre recirculação enterohepática, ou seja, uma fração da droga é reabsorvida e volta à circulação sanguínea. 6 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes 2. Azitromicina: maior parte biliar e fração renal. 3. Claritromicina: tanto renal quanto metabolização hepática. Indicações dos Macrolídeos: são utilizados como alternativa terapêutica em pacientes alérgicos à penicilina, nas seguintes condições: 1. infecções do trato respiratório por estreptococos do grupo A, 2. pneumonia por S. pneumoniae, 3. prevenção de endocardite após procedimento odontológico, 4. infecções superficiais de pele (Streptococcus pyogenes), 5. profilaxia de febre reumática (faringite estreptocócica), 6. Raramente como alternativa para o tratamento da sífilis. Efeitos adversos dos Macrolídeos: Em geral, são bem tolerados. A eritromicina é o representante que mais causa distúrbios gastrointestinais (cólicas abdominais, náuseas, vômitos e diarréia.). Potencializam as ações de digoxina, carbamazepina, midazolam, anticoagulantes orais e metilprednisolona entre outras. Claritromicina e azitromicina podem ocasionalmente causar cefaléia, tonteira e surdez reversíveis e dose-dependente. Há relatos de hepatite colestática acompanhada por febre, dor abdominal, eosinofilia, hiperbilirrubinemia e elevação de transaminases com o uso de estolato de eritromicina (mais comum em adultos, principalmente gestante), entretanto com o uso de azitromicina e claritromicina as alterações são bem mais discretas e em menor freqüência. Raramente ocorrem reações alérgicas graves. TETRACICLINAS: Grupo de bacteriostáticos de amplo espectro. Todos derivam de um núcleo de 4 anéis. Os principais representantes são: tetraciclina, metaciclina, doxiciclina e minociclina. Mecanismo de ação das Tetraciclinas: Ligam-se, de maneira reversível, à porção 30S do ribossoma, bloqueando a ligação do RNA transportador, impedindo a síntese protéica. Resistência Bacteriana as Tetraciclinas: deriva de: 1. Mudança do sítio de ligação; 2. Eliminação ativa; 7 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes 3. Redução da absorção da droga (principal): através de um espessamento da membrana plasmática. Farmacocinética das Tetraciclinas: A absorção é prejudicada em pH alcalino. Evitar administração conjunta com antiácidos, leite e ferro. Em altas doses ultrapassam adequadamente a barreira hematoencefálica. Possuem mecanismo de re-circulação hepática e eliminação posterior renal. Frações maiores de doxiciclina são encontradas nas fezes, enquanto minociclina possui ampla metabolização hepática. Uso das Tetraciclinas: Bastante restrito por causa da ampla resistência. Podem ser utilizadas no tratamento de infecções causadas por clamídias, riquétsias, cólera, brucelose e actinomicose. São alternativas no tratamento de infecções causadas por Mycoplasma pneumoniae, H. ducreyi,Treponema pallidum e em pacientes com traqueobronquites e sinusites. Doxiciclina pode ser usada no tratamento da DST por neisséria. Efeitos adversos das Tetraciclinas: Os principais são gastrointestinais. Doses elevadas podem levar a hepatite, principalmente em grávidas. Potencializam os efeitos de anticoagulantes orais. Podem levar a má- formações ósseas e hipoplasia do esmalte. Concentram-se na pele podendo levar a reações fototóxicas. Cefaléia, incapacidade de concentração e, em raros casos, hipertensão intracraniana. São os antibióticos mais associados ao desenvolvimento de superinfecção. AMINOGLICOSÍDEOS (AMG) Os principais representantes são streptomicina, neomicina, kanamicina, gentamicina, netilmicina, amicacina, tobramicina, paramomicina. Origem: a maioria é naturalmente produzida por Streptomyces spp., mas a amicacina e a netilmicina são semi-sintéticas. São inibidores bactericidas ou bacteriostáticos na dependência da concentração. São policátions, o que influencia em suas propriedades farmacocinéticas. A distribuição inicial se dará de forma homogênea por todo o corpo. Porém, em tecidos com predomínio de cargas aniônicas, como os rins e aparelho vestibular e auditivo, essas drogas se ligarão com uma afinidade muito maior se comparado com outras regiões do corpo, e, portanto, demorarão mais tempo para se dissociar desses tecidos. Dependendo da posologia usada pelo paciente, este grupo de drogas pode gerar efeitos tóxicos ao aparelho vestibular e aos rins. 8 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes São agentes de amplo espectro, particularmente eficientes contra bactérias gram negativas. Porém, a toxicidade limita seu uso. Mecanismo de ação dos Aminoglicosídeos: Atravessam a membrana externa bacteriana por difusão e a membrana interna por transporte ativo. Dentro da célula, os AMG ligam-se aos polissomos (unidade 30 S) e interferem na síntese proteica por induzir a erros. Sua ação bactericida é concentração-dependente. Possui um efeito “pós- antibiótico” (atividade bactericida residual) quando a concentração sérica está abaixo do mínimo inibitório. Resistência bacteriana aos Aminoglicosídeos: pode advir de 3 mecanismos: 1. Redução de permeabilidade da membrana; 2. Redução da afinidade da droga pelo ribossomo; 3. Inativação do AMG por enzimas bacterianas. Este 3° mecanismo é o mais importante e pode ser transmitido via plasmídios. Amicacina é particularmente resistente a este mecanismo de resistência. Espectro de Ação dos AMG: Muito amplo. Infecções causadas por grande número de bactérias Gram negativas, incluindo Pseudomonas sp., E. Coli, Proteus sp., Klebsiella sp., Enterobacter sp., Serratia sp., Providencia sp., Acinetobacter sp. e Citrobacter freundii. Possui também atividade, in vitro, contra estafilococos resistentes a penicilina e meticilina. Quando associada a agentes cefalosporínicos e penicilínicos, aumenta sua eficácia contra Pseudomonas. Tratamento de septicemia, incluindo sepse neonatal, bem como em infecções graves de tratos respiratório e urinário, ossos e articulações, sistema nervoso central (incluindo meningite), pele e tecidos moles, queimaduras e intra- abdominais (incluindo peritonite) e pós-operatórias (incluindo cirurgias vasculares). Amicacina se mostra eficaz no tratamento de infecções causadas por microrganismos resistentes a gentamicina e/ou tobramicina, particularmente Proteus rettgeri, Providencia stuartii, Serratia marcescens e Pseudomonas aeruginosa. Farmacocinética dos AMG: Não possuem adequada absorção no TGI. Doenças inflamatórias no TGI melhoram a absorção de gentamicina. A absorção IM é rápida com pico de concentração entre 30 a 90 min. A distribuição tecidual é baixa, sendo que no líquor é cerca de 10 %. A 9 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes eliminação é essencialmente renal. Acumulo de AMG no rim e ouvido interno com eliminação destes locais mais lenta que do plasma. Administração de AMG: Devemos preferir sempre esquemas posológicos de dose única diária. As exceções são: 1. Baixas doses na terapia combinada; 2. Insuficiência renal; 3. Gravidez; 4. Neonatos. Efeitos adversos: Parece ser tempo-dependente mais que dose-dependente: 1. Ototoxicidade vestibular (estreptomicinae gentamicina) e auditiva (amicacina e neomicina); 2. Nefrotoxicidade (com proteinúria e redução da filtração glomerular); 3. Bloqueio neuromuscular e apneia (via IM); 4. Disfunção do nervo óptico (estreptomicina); 5. As reações de hipersensibilidade são raras. CLORANFENICOL: Primeiro antibiótico de amplo espectro descoberto. Seu grupamento central é um núcleo nitrobenzeno. É um bacteriostático que se liga a subunidade 50 S do ribossomo bacteriano. Seu sítio de ligação é próximo ao da clindamicina e da eritromicina. O principal mecanismo de resistência bacteriana é por acetilação por uma acetiltransferase ou nitrotransferase específica. Farmacocinética do Cloranfenico: É bem absorvido por via oral (palmitato) após hidrólise. Está disponível também para uso IV (succinato) e tópico. Distribui-se bem por todos os compartimentos. Por ser lipofílico, alcança no parênquima cerebral concentração até 9 vezes maior que a do plasma. É amplamente inativado por conjugação hepática com ácido glicurônico. 10 a 20% da droga ativa é secretada pelos rins. Apenas pequena quantidade da droga ativa é eliminada na bile. Em pacientes com lesão hepática importante há aumento da concentração sérica da droga, com maior probabilidade de ocorrer toxicidade medular, devendo ser ajustada a dose. 10 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes Uso do Cloranfenicol: Bastante restrito devido sua alta toxicidade. Tem sido usado no tratamento de infecção por enterococos resistentes à vancomicina. Pode ser utilizada nas salmoneloses, principalmente na febre tifóide; no tratamento de ricketsioses ou erlickiose. É alternativa no tratamento de meningite bacteriana e epiglotite, artrite séptica e osteomielite por Haemophilus influenzae em pacientes alérgicos aos ß-lactâmicos. Efeitos adversos do Cloranfenicol: Dose dependentes: reticulocitopenia, podendo evoluir com anemia, granulocitopenia e trombocitopenia. Não relacionados a dose: anemia aplástica irreversível, geralmente entre 3 e 12 semanas após a terapia. Embora rara, frequentemente é fatal e pode ocorrer com qualquer apresentação, mesmo tópica. Náuseas, vômitos, alteração no paladar, diarréia e irritação anal podem ocorrer durante administração oral. Em lactentes pode causar a síndrome cinzenta: hemólise, superinfecções e colite pseudomembranosa. Sinais se iniciam após 3 a 4 dias de tratamento, caracterizando-se por vômitos, distensão abdominal, letargia, cianose, hipotensão, respiração irregular, hipotermia e morte. LINCOSAMINAS: A lincomicina foi isolada em 1962, a partir do Streptomyces lincolmensis. Posteriormente, modificações químicas produziram a clindamicina com potência bacteriana aumentada e melhor absorção oral. Mecanismo de ação: Inibem a síntese proteica nos ribossomos, ligando- se a subunidade 50S. Resistência: • Alterações no sítio receptor do ribossoma; • Mudanças mediadas por plamídeos, no RNA 23 da subunidade 50S do ribossoma. Farmacocinética da Clindamicina: Pode ser administrada por via oral, EV ou tópica. A absorção intestinal é de 90%, mas é menor em idosos. A alimentação não interfere na absorção. A via intramuscular é dolorosa, devendo ser evitada. 11 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes Por via endovenosa atinge o pico ao final da infusão, alcançando altas concentrações na maioria dos tecidos; entretanto, não atravessa a barreira hematoencefálica. A concentração óssea é 1/3 da plasmática. Atravessa a placenta atingindo o feto, mas não há relatos de teratogenicidade. A maior parte da droga é metabolizada no fígado e é eliminada com seus metabólitos por via biliar, onde atinge alta concentração. A meia-vida aumenta na presença de doença hepática e a dose deve ser ajustada dependendo da gravidade. Pequena parte é eliminada pelos rins, geralmente não requerendo ajuste de dose. Entretanto, se houver lesão hepática e renal concomitantes, a dose deve ser reduzida. Não é eliminada na diálise peritoneal ou hemodiálise. Indicações da Clindamicina: muito ampla, mas não são drogas de primeira escolha. - Infecções intra-abdominais, infecções pélvicas (incluindo abortamento séptico) e infecções pulmonares (abscesso pulmonar, pneumonia aspirativa, empiema) causadas por anaeróbios gram- positivos e gram-negativos. - Infecções odontogênicas, sinusites, otite crônica, osteomielites e infecções de pele por estreptococos ou estafilococos. - Erisipela e infecções de partes moles em pacientes alérgicos a penicilina. - Alternativa terapêutica para corioretinite ou encefalite por Toxoplasma gondii(em doses elevadas) e malária causada por P. vivax e P. falciparum. Algumas características a mais da Clindamicina: Suprime a flora anaeróbica; Em torno de 8% dos pacientes têm diarréia. Destes, 10% têm colite associada ao uso de antimicrobianos (colite pseudomembranosa); Exantema ocorre em 10% dos pacientes; Febre, eosinofilia e reações anafilactóides são raras; pode ocorrer flebite após infusão endovenosa. PENICILINAS: Constitui-se da principal classe de antibióticos atualmente no mercado. Pertence ao grupo dos beta-lactâmicos. A notação UI (unidade internacional) refere-se à atividade de 0,6 g de penicilina cristalina. Mecanismo de ação: Seu mecanismo de ação baseia-se em interferir na síntese do peptidioglicano da parede celular bacteriana. Para tanto, os - lactâmicos ligam-se a proteínas “penicilinas-ligantes” as quais inibem as enzimas transcriptases. Além disso, inativa os inibidores das enzimas autocatalíticas da parede celular bacteriana. 12 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes Resistência bacteriana: A resistência bacteriana às penicilinas pode advir: 1. Produção de -lactamases: codificada no cromossomo ou por meio de plasmídeos. É mais comum em estafilococos. 2. Produção de amidases; 3. Redução da permeabilidade da membrana externa: mais comum em gram-negativos. 4. Sítios modificados de ligação à penicilina. Classificação das penicilinas: 1) Benzilpenicilinas (Penicilina G): Efetiva contra gram-positivos e Neisseria. São inativadas pela acidez gástrica. Eliminação majoritariamente renal. Possui 3 subtipos: - P. G Cristalina: Utilizada por via endovenosa. Cruza a barreira hematoencefálica mais facilmente quando há inflamação. Pode ser utilizada no tratamento de meningites e endocardites entre outras infecções por gram-positivos. É eliminada do soro em aproximadamente 4 horas. - P. G Procaína: Também chamada de despacilina. Utilizada por via IM. Possui meia-vida de 12 horas. Indicada nas pneumonias comunitárias, infecções cutâneas e gonorreia. - P. G Benzatina: Utilizada por via IM. Possui os níveis séricos mais baixos deste grupo, porém mantidos por 3 a 4 semanas. Isso permite o tratamento em dose único, possibilitando uma maior adesão do tratamento pelo paciente. Indicada no tratamento da sífilis e profilaxia de febre reumática. 2) Aminopenicilinas: Possuem menor atividade contra gram-positivos que as penicilinas G, porém são efetivas contra alguns bacilos gram- negativos (Haemophilus influenzae, E. Coli, Proteus mirabilis) e Salmonela e Shigella sp. Os principais representantes são ampicilina e amoxicilina. A absorção oral da ampícilina é de 40%, sendo utilizada por esta via apenas nas shigueloses intestinais. Sua via preferencial é IV. A amoxicilina tem boa absorção oral (85%). É indicada no tratamento de otite média aguda, sinusites e bronquites bacterianas. 3) Penicilinas resistentes a penicilinases: Possuem menor ação sobre estreptococos que os grupos anteriores, mas são efetivas contra Staphylococus produtores de -lactamases. 13 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes Os representantes deste grupo são a meticilina, a nafcilina e as isoxazolilpenicilinas (oxacilina, cloxacilina e dicloxacilina). A dicloxacilina possui a melhorabsorção oral deste grupo, enquanto a oxacilina é muito mal absorvida VO e não deve ser assim administrada. A oxacilina é utilizada por via IV ou IM em infecções graves por S. aureus, isolado ou em associação com gentamicina (aminoglicosídeo). 4) Penicilinas Antipseudomonas: destacam-se: - Carboxipenicilinas (carbenicilina e ticarcilina) com importante ação antipseudomonas; - Ureidopenicilinas (azlocilina, mezlocilina e piperacilina) as quais mostram amplo espectro de ação, principalmente contra pseudomonas. Efeitos adversos das penicilinas: - Reações de Hipersensibilidade: ocorrem de 0,7 a 10% dos pacientes. 0,015 a 0,04% são anafilaxias. - Alterações gastrointestinais: mais comum com ampicilina. - Alterações hematológicas: quando ocorrem tendem a ser transitórias e reversíveis com a retirada da droga. - Carbanicilina e ticarcilina diminuem a agregação plaquetária e podem provocar sangramentos em pacientes predispostos. - Toxicidade Central: convulsões, alucinações e letargia podem surgir em doses elevadas de penicilina G, carbenicilina e ticarcilina. - Alterações renais: as doses de penicilinas G devem ser reduzidas quando o clearance de creatinina for inferior a 20ml/min. Ampicilina e amoxicilina devem ter seu intervalo posológico aumentado para Clearance < 30ml/min. CEFALOSPORINAS: São antibacterianos semi-sintéticos produzidos a partir de uma matriz obtida do fungo Cephalosporium acremonium. Os diversos compostos derivam de mudanças nas posições 3 (muda a farmacocinética) e 7 (altera o espectro de ação) de seu núcleo. São agentes hidrossolúveis, estáveis em meio ácido e com metabolização renal. Seu mecanismo de ação e de resistência é semelhante ao das penicilinas, porém são menos sensíveis a ação via plasmídios. São classificadas como de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª gerações. 14 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes Cefalosporinas de 1ª Geração: Cefalexina, cefadroxila, cefalotina e cefazolina são os principais representantes. São efetivas contra cocos gram-positivos, mesmo os produtores de - lactamases, mas não contra aqueles meticilina-resistentes. Possuem baixa ação contra gram-negativos, e nenhuma sobre anaeróbios. Podem ser usados na gestação, porém, não atingem bom nível liquórico. Indicações das Cefalosporinas de 1ª Geração: - As cefalosporinas de primeira geração são apropriadas no tratamento de infecções causadas por S. aureus sensíveis à oxacilina e estreptococos. Mais comumente em infecções de pele, partes moles, faringite estreptocócica. - Também no tratamento de infecções do trato urinário não complicadas, principalmente durante a gravidez. - Pela sua baixa toxicidade, espectro de ação, baixo custo e meia vida prolongada, a cefazolina é o antimicrobiano recomendado na profilaxia de várias cirurgias. Cefalosporinas de 2ª Geração: Cefaclor, cefaxitina, cefuroxima e cefprozil são os destaques. Possuem atividade maior contra gram-negativos aeróbios do que as de 1ª geração, porém são menos efetivas contra pseudomonas e gram- positivos. Também não são indicadas em meningites. Cefaclor e cefuroxima são efetivas contra H. influenzae. Cefprozil tem boa absorção oral (90%) e não sofre interferência da ingestão concomitante de alimentos. Cefoxitina é eficiente contra bacterióides fragilis (agente causador de septicemias e abscessos póscirurgias abdominais). Atua de forma marcadamente eficiente contra cocos gram-positivos. Indicações das Cefalosporinas de 2ª Geração: - Entre as cefalosporinas de segunda geração, a cefuroxima, pela sua atividade contra S. pneumoniae, H. influenzae, e M. catarrhalis, incluindo as cepas produtoras de ß-lactamase tem sido utilizada no tratamento de infecções respiratórias adquiridas na comunidade, sem agente etiológico identificado. 15 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes - A cefuroxima, assim como o cefaclor, pode ser utilizada para uma variedade de infecções como pneumonias, infecções urinárias, infecções de pele, sinusite e otites médias. - Já a cefoxitina (cefamicina), pela sua atividade contra anaeróbios e gram-negativos, é eficaz no tratamento de: – infecções intra-abdominais; – infecções pélvicas e ginecológicas; – infecções do pé-diabético; – infecções mistas (anaeróbio/aeróbio) de tecidos moles. - Também é utilizada na profilaxia de cirurgias colorretais. Cefalosporinas de 3ª Geração: Podem ser divididas em uso parenteral (ceftriaxona, cefotaxima e ceftazidima) e de uso oral (cefetamet, cefixima e cefpodoxima). OBS: as de uso oral não estão presentes no Brasil. Possuem maior efetividade contra gram-negativos e redução contra gram-positivos. Destacam-se por sua adequada penetração no SNC. Indicações das Cefalosporinas de 3ª Geração: - Podem ser utilizadas no tratamento de uma variedade de infecções por bacilos gram-negativos susceptíveis adquiridas no ambiente hospitalar, dentre elas: – infecções de feridas cirúrgicas, – pneumonias. – infecções do trato urinário complicadas. - Cefotaxima e ceftriaxona podem ser usadas no tratamento de meningites por H. influenzae, S. pneumoniae e N. meningitidis. Também são as drogas de escolha no tratamento de meningites por bacilos gram-negativos. - Pela sua boa penetração no sistema nervoso central e sua atividade contra P. aeruginosa, a ceftazidima é uma excelente opção para o tratamento de meningites por este agente. Cefalosporinas de 4ª Geração: Englobam cefepima e cefpiroma (não disponível). São consideradas de maior espectro e potência. 16 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes Penetram mais rapidamente na parede das bactérias gram-negativas e são mais resistentes as -lactamases. São assim efetivas contra enterobactérias, pseudomonas, gram-positivos e negativos. Indicações das Cefalosporinas de 4ª Geração: - Pela sua atividade antipseudomonas, tem sido utilizada em pneumonias hospitalares, infecções do trato urinário graves e meningites por bacilos gram-negativos. - Tem atividade contra estafilococos sensíveis à oxacilina. - Esta droga também faz parte do esquema empírico usado nos pacientes granulocitopênicos febris. Efeitos Adversos das Cefalosporinas: - Possuem baixa incidência de efeitos colaterais. - As C. de 3ª geração podem causar hipoprotrombinemia (reversível com o uso de Vit. K) e efeito antabuse. - Nefrotoxicidade, principalmente se associados a diuréticos ou aminoglicosídeos. - Tromboflebite (1 a 5%); - Hipersensibilidade (5 a 16% nos pacientes, com antecedente de alergia às penicilinas, e 1 a 2,5% nos pacientes sem este antecedente). - A anafilaxia é muito rara. - Nos pacientes com história de reação de hipersensibilidade grave às penicilinas, o uso das cefalosporinas deve ser evitado. CARBAPENENS: Mecanismo de ação semelhante aos beta-lactâmicos. Possuem amplo espectro de cobertura, tendo forte resistência à penicilinases. É representado por: imipenem, meropenem e ertapenem. Administração parenteral. Apresentam baixa ligação a proteínas plasmáticas e eliminação renal, sendo que o imipenem é metabolizado pela enzima renal dehidropeptidase I (DHI-1). É administrado com o inibidor da DHI-1: cilastatina, o qual aumenta a meia vida do imipenem e diminui sua toxicidade renal. Meropenem e ertapenem não necessitam desta enzima para atingir níveis séricos apropriados. 17 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes Pelo fato de não ser degradado pelas peptidases renais, o meropenem não apresenta nefrotoxicidade. Possuem penetração excelente em tecidos abdominais, respiratórios, bile, trato urinário, líquor (meropenem) e órgãos genitais. Uso dos Carbapenens: Os carbapenens não devem ser utilizados como primeira escolha no tratamento empírico de infecções comunitárias ou hospitalares. Por serem drogas de amplo espectro e com penetração namaioria dos sítios de infecção, podem ser utilizados no tratamento de infecções em que exista uma forte suspeita de microbiota aeróbia e anaeróbia ou infecções causadas por organismos multirresistentes. Apresentam eficácia no tratamento de paciente graves com: • infecção abdominal; • infecções do sistema nervoso central; • pneumonia; • infecção de pele e partes moles; • infecção do trato urinário; • infecção ginecológicas. Constituem alternativa no tratamento de pacientes granulocitopênicos febris. O ertapenem é uma alternativa para tratamento de infecções por Klebsiella pneumoniae produtoras de betalactamases de espectro estendido e para continuidade de tratamento no domicílio por sua apresentação intramuscular e dose única diária, porém é uma droga de alto custo. O ertapenem, em contraste com os outros carbapenens, não tem atividade confiável contra P. aeruginosa e Acinetobacter spp. Efeitos adversos com Carbapenens: Geralmente são bem tolerados. O imipenem-cilastatina pode reduzir o limiar convulsivo, levando ao aparecimento de convulsões, principalmente em pacientes idosos, com alteração da função renal ou cuja doença de base predisponha a convulsões. Esses efeitos são menos observados durante o uso de meropenem. Dentre as alterações laboratoriais, foi relatado aumento de transaminases em 5% dos pacientes. Alterações hematológicas são raras, sendo as mais comuns trombocitose e eosinofilia. Reações gastrintestinais podem ocorrer em 3,8% dos casos, principalmente náuseas e vômitos. 18 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes Pode haver reação cruzada em pacientes alérgicos à penicilina (1,2% dos casos). MONOBACTANS: Mecanismo de ação semelhante aos beta-lactâmicos. Possuem espectro de cobertura mais restrito: São ativos contra a maioria dos Gram negativos, sendo menos tóxicos que os aminoglicosídeos. É composto por: aztreonam e carumonam (não disponível). AZTREONAM: É administrado por via IM ou IV. A excreção é renal. A meia vida é menor que 2 h. Tem boa distribuição tecidual e penetra na maior parte dos tecidos e líquidos orgânicos incluindo ossos, próstata, pulmão, secreção traqueal, sistema nervoso central e trato gastrintestinal. Indicações do Aztreonam: As enterobacteriaceas são normalmente sensíveis ao aztreonam. Usado com sucesso no tratamento de: – infecções do trato urinário; – bacteremias; – infecções pélvicas; – infecções intra-abdominais; – infecções respiratórias. É uma alternativa útil aos aminoglicosídeos por não ser nefro ou ototóxico, assim como às penicilinas e cefalosporinas, nos pacientes alérgicos. Não deve ser usado como droga única na terapia empírica de pacientes com suspeita de infecções por cocos gram-positivos e/ou anaeróbios, pois não tem atividade para esses microrganismos. Não deve ser usado como monoterapia em infecções graves por P. aeruginosa. Mantém-se ativo em meios ácidos, sendo uma opção no tratamento de abscessos. Efeitos adversos do Aztreonam: Não foram observadas nefrotoxicidade, ototoxicidade ou alterações hematológicas relacionadas ao uso do 19 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes aztreonam. Pode ocorrer elevação das transaminases hepáticas que retornam ao normal com a suspensão da droga. GLICOPEPTÍDEOS: O protótipo: vancomicina. Outros integrantes são a teicoplanina, ramoplanina, dalbavancina e oritavancina. São muito ativos contra cocos gram-positivos. Hipersensibilidade é o efeito adverso mais comum (5%). Pode levar a oto- e/ou nefrotoxicidade em doses altas. VANCOMICINA: Age inibindo a formação de polímeros de peptidioglicano da parede celular bacteriana. Também interfere com a síntese de RNA bacteriano. Por via intravenosa, tem boa distribuição na maioria dos tecidos. A meia- vida com função renal normal é de 6 a 8 horas. Em pacientes anúricos, pode variar de 7 a 12 dias. Spectrum de atividade: Staph. aureus e Staph. epidermidis, Streptococcus pneumoniae, Str. pyogenes, Clostridium difficile, Actinomyces spp., Bacillus anthracis, Corynebacterium spp. e Listeria. Todos os Gram-negativos, micobactérias e fungos são resistentes à vancomicina. É indicada em infecções graves nas quais os beta-lactâmicos não possam ser utilizados. No tratamento da colite pseudomembranosa, causada pelo C. difficile, a vancomicina só deve ser utilizada após falha de tratamento com o metronidazol. Efeitos adversos com Vancomicina: Os mais comuns são: febre, calafrios e flebites associados ao período de infusão. A Síndrome do pescoço vermelho é associada à velocidade de infusão, devendo-se diluir a droga e infundir em aproximadamente 1 hora. “Rash” e eritema máculo papular podem ocorrer em 5% dos casos. Pode ocorrer leucopenia, reversível após a retirada da droga e ototoxicidade, especialmente em pacientes com insuficiência renal. A nefrotoxicidade é um efeito potencialmente grave da vancomicina. 20 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes TEICOPLANINA: Alternativa à vancomicina. Pode ser administrada IM ou IV. Sua maior meia-vida permite a administração em dose única diária. A dose deve ser ajustada em caso de insuficiência renal. Em geral é bem tolerada, tendo febre, rash, prurido e broncoespasmo como os mais citados. A “síndrome do homem vermelho” é rara. QUINOLONAS: O precursor (1a geração) do grupo é o ácido nalidixico. Os agentes mais usados são as fluoroquinolonas: 2a Geração: norfloxacina, ciprofloxacina, ofloxacina, lomefloxacina, perfloxacina. 3a Geração: gatifloxacino, levofloxacino, esparfloxacino, moxifloxacino. 4a Geração: Gemifloxacin, Trovafloxacin, Clinafloxacin, Sitafloxacin, Garenoxacin. As de 1a geração são pouco usadas. As de 2a geração não possuem perfil consistente contra cocos gram+ resistentes à penicilina. As de 3a e 4a gerações agregam maior espectro de ação, incluindo cocos gram+, anaeróbios e organismos causadores de pneumonias atípicas. Mecanismo de Ação das Quinolonas: Baseia-se na inibição das enzimas bacterianas DNA girase e topoisomerase IV. Para as gram-positivas: DNA girase Para as gram-negativas: topoisomerase IV OBS: A espécie humana possui uma enzima similar: a topoisomerase II a qual só é inibida por altas doses de quinolonas. Resistência bacteriana às quinolonas: pode ocorrer por: 21 Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes 1. Mutações nos genes que codificam as enzimas DNA girase e topoisomerase IV; 2. Efluxo ativo da droga; 3. Modificação nos canais de porina da membrana externa. Farmacocinética das Quinolonas: São bem absorvidas por via oral. Entretanto, antiácidos, ferro, zinco, cálcio e ddI podem reduzir sua absorção se administrados juntos. Há formulações injetáveis, mas só estão indicadas nos casos de dieta zero. A biodisponibilidade varia de 50 a 95%. Apesar de ter ampla distribuição, as concentrações no líquor, ossos e próstata são menores que as séricas. Têm eliminação essencialmente renal, exceto perfloxacina e moxifloxacina. Efeitos adversos das Quinolonas: via de regra são bem toleradas. Os mais comuns são: 1. Efeitos gastrointestinais (3 a 17%); 2. Cefaléias e Zumbidos (0,9 a 11%); 3. Outros efeitos centrais quando administrados em associação com teofilina ou AINE; 4. Artropatias (evitar até os 17 anos); 5. Tendinites, ruptura de tendões – principalmente em idosos e uso de corticoide; 6. Categoria C de risco na gravidez; 7. Reações de Hipersensibilidade. Interações com Quinolonas: Varfarin; Teofilina. Quelantes (alumínio, magnésio, cálcio, ferro, zinco) – diminui absorção e biodisponibilidade da droga – presentes em suplementos nutricionais e polivitamínicos; A ação abolida com drogas que: – Inibem a síntese proteica (cloranfenicol) – Inibem o RNA-mensageiro (rifampicina). Indicações das Quinolonas: 22Emanuel Antonio Lopes Domingos – Medicina Ufes Está indicado para tratamento de infecções recorrentes do trato urinário, prostatite, doenças sexualmente transmitidas, infecções de trato gastrintestinal, trato respiratório, ósseas e articulares, pele e tecidos moles e infecções por micobactérias. É uma alternativa na terapêutica da endocardite estafilocócica, associado com a rifampicina. É utilizado profilaticamente para impedir infecções em pacientes com neutropenia, diminuindo a incidência de bacteremia por bacilos Gram- negativos e para erradicar o meningococo da orofaringe.
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