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1 Brenda Carvalho Silva 3°P Hipertrofia Quando há sobrecarga de pressão (p. ex., por hipertensão arterial), a força contrátil precisa aumentar. Adicionalmente, há aumento da tensão na parede. A hipertrofia do coração constitui uma reação do miocárdio para vencer a pressão sistêmica aumentada. Os miócitos cardíacos não são capazes de proliferar, mas conseguem se adaptar a um aumento da carga de trabalho reunindo número maior de sarcômeros Os miocardiócitos de parede cardíaca submetida a maior trabalho se hipertrofiam na tentativa de manter o fluxo e, conforme a lei de Laplace (T = PR/2t, em que T = tensão, P = pressão na cavidade, R = raio da cavidade e t = espessura da parede), diminuir a tensão (a espessura aumentada da parede do ventrículo tende a normalizar a tensão sistólica sofrida pelos miofilamentos). Em consequência, a parede se espessa, enquanto o volume da cavidade fica mantido ou, às vezes, discretamente diminuído. Desse modo, ocorre uma hipertrofia na qual o comprimento de cada célula não se altera muito, mas sim sua espessura, refletindo um aumento dos sarcômeros Essa situação é conhecida como hipertrofia concêntrica. Se, após certo tempo, a adaptação não for mais efetiva, ou seja, o miocárdio não consegue ter força para manter o fluxo, fica mais sangue na cavidade, a qual termina sofrendo dilatação. Esta é uma das situações em que há sobrecarga de volume, que acontece também em outras Os melhores indicadores de hipertrofia são o tamanho dos núcleos e o peso do órgão, pois se alteram tanto na sobrecarga de pressão quanto na de volume, em comparação com o normal para a idade e o gênero. Em adultos, peso acima de 420 g em homens e 350 g em mulheres é considerado elevado (valor nem sempre é o aceito). Pressao arterial A pressão arterial é uma função do débito cardíaco e da resistência vascular periférica, sendo as duas variáveis influenciadas por múltiplos fatores genéticos e ambientais. A integração desses sistemas assegura perfusão adequada de todos os tecidos, apesar das diferenças de demanda regionais. 1 Brenda Carvalho Silva 3°P Cardiopatia hipertensiva é a denominação dada ao conjunto de alterações que ocorrem no coração em consequência de hipertensão arterial sistêmica, cuja forma, na maioria das vezes, é a hipertensão essencial. Para o diagnóstico de cardiopatia hipertensiva é necessário que haja hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo, ausência de outras doenças cardiovasculares e, naturalmente, quadro de hipertensão arterial Com a sobrecarga gerada pela hipertensão arterial, surge hipertrofia concêntrica, inicialmente do ventrículo esquerdo, no qual as fibras cardíacas sofrem aumento da espessura devido a aumento em paralelo do número de sarcômeros. Ocorrida a hipertrofia do ventrículo esquerdo, o indivíduo permanece compensado hemodinamicamente por anos ou décadas, apesar da hipertensão arterial; nesse período, fala-se em fase compensada da cardiopatia hipertensiva. A capacidade de hipertrofia, no entanto, é limitada. Se a pressão arterial não é controlada, chega um momento em que o miocárdio não consegue se hipertrofiar mais nem se manter hipertrofiado. O débito cardíaco não é mais mantido, resultando em sobrecarga de volume diastólico e dilatação da cavidade, caracterizando insuficiência cardíaca. Esta constitui a fase descompensada da cardiopatia hipertensiva. Mesmo na fase compensada e por causa do aumento progressivo da espessura da parede ventricular, a complacência do ventrículo esquerdo diminui (surge sobrecarga do átrio esquerdo) e aumenta a necessidade de oxigênio, o que contribui para a isquemia miocárdica e faz com que surjam focos de fibrose intersticial. Sobretudo na fase descompensada, há distúrbios na irrigação do miocárdio. Além da maior exigência de sangue por causa da hipertrofia e do aumento do diâmetro dos cardiomiócitos que dificulta a perfeita difusão de nutrientes e catabólitos, geralmente esses pacientes têm aterosclerose das coronárias. Por isso mesmo, ao lado de células com intensa hipertrofia há outras hipotróficas, havendo grande variação no diâmetro das fibras musculares cardíacas. Progressivamente, ocorre substituição de parte das células musculares por fibrose, com desarranjo arquitetural. A hipertensão não apenas acelera a aterogênese, mas também provoca alterações degenerativas nas paredes das artérias de médio e grande calibre, o que pode ocasionar dissecção da aorta e hemorragia cerebrovascular Insuficiencia cardiaca A falência do coração geralmente é denominada insuficiência cardíaca congestiva (ICC). O início da ICC pode ser abrupto, como nos casos de infarto grande do miocárdio ou disfunção valvar aguda. Em muitos pacientes, a ICC desenvolve-se gradual e insidiosamente como resultado dos efeitos cumulativos da sobrecarga crônica de trabalho ou da perda progressiva de miocárdio. Na insuficiência cardíaca diastólica ocorre dificuldade no relaxamento diastólico e no enchimento dos ventrículos (parede do ventrículo não é capaz de descontrair normalmente, porque o 2 Brenda Carvalho Silva 3°P músculo se tornou rígido). A incapacidade de manter o enchimento diastólico adequado acarreta aumento da pressão no interior dos átrios e consequente dilatação dos mesmos. A maioria dos casos de insuficiência cardíaca resulta de disfunção sistólica função contrátil inadequada do miocárdio, caracteristicamente consequência da cardiopatia isquêmica ou da hipertensão. Por outro lado, a ICC também pode resultar de disfunção diastólica incapacidade do coração de relaxar e se encher de modo adequado, como ocorre na hipertrofia maciça do ventrículo esquerdo, na fibrose do miocárdio, na deposição de amiloide e na pericardite constritiva. Vários estudos indicam que 40-60% dos casos de ICC podem ser causados por disfunção diastólica. A ICC surge quando o coração não consegue produzir débito suficiente para satisfazer as demandas metabólicas dos tecidos ou apenas consegue satisfazê-las sob pressões de enchimento superiores às normais; Na ICC, o coração em falência não consegue mais bombear de modo eficiente o sangue levado até ele pela circulação venosa. O resultado é o aumento do volume ventricular diastólico final, que provoca elevação das pressões diastólicas finais e, por fim, das pressões venosas também. O sistema cardiovascular tenta compensar a redução da contratilidade miocárdica ou o aumento da carga hemodinâmica utilizando vários mecanismos homeostáticos: o Mecanismo de Frank-Starling. O aumento do volume de enchimento diastólico final dilata o coração e alonga as fibras musculares cardíacas; essas fibras alongadas se contraem mais vigorosamente, aumentando dessa forma o débito cardíaco. Quando o ventrículo dilatado é capaz de manter o débito cardíaco desse modo, diz-se que o paciente tem insuficiência cardíaca compensada. Contudo, a dilatação ventricular ocorre à custa de aumento na tensão das paredes e intensifica as necessidades de oxigênio de um miocárdio já comprometido. Com o tempo, o músculo em falência não consegue mais impelir sangue suficiente para satisfazer as necessidades do corpo, e o paciente desenvolve insuficiência cardíaca descompensada. Cortes transversais que mostram a hipertrofia do ventrículo esquerdo com e sem dilatação. Comparado com o coração normal (centro), o coração com sobrecarga de pressão (à esquerda) tem massa aumentada,paredes espessas e lúmen menor. O coração com sobrecarga de volume (à direita) tem massa aumentada, lúmen maior e tamanho aumentado, mas a espessura das paredes é normal 3 Brenda Carvalho Silva 3°P A Hipertensão Arterial é uma doença crônica não transmissível de natureza multifatorial, assintomática (na grande maioria dos casos), que compromete fundamentalmente o equilíbrio dos mecanismos vasodilatadores e vasoconstritores, levando a um aumento da tensão sanguínea nos vasos, capaz de comprometer a irrigação tecidual e provocar danos a órgãos por ele irrigados (principalmente coração, rins, cérebro e olhos). Desde que exista indicação de tratamento com medicamentos, o paciente deverá ser orientado sobre a importância do uso contínuo, da eventual necessidade de ajuste de doses, da troca ou associação de medicamentos e ainda do eventual aparecimento de efeitos adversos. Um medicamento para ser indicado deverá, preferencialmente: Ter demonstrado a capacidade de reduzir a morbimortalidade CV; ser eficaz por via oral; ser bem tolerado; poder ser usado no menor número de tomadas por dia; ser iniciado com as menores doses efetivas; poder ser usado em associação; Os anti-hipertensivos atuam regulando a pressão sanguínea. São também utilizados outros grupos farmacológicos como colaboradores como os diuréticos e os ansiolíticos; porém o tratamento de hipertensão inclui medidas auxiliares, não farmacológicas como dieta, controle de peso, baixa ingestão de sódio, exercícios físicos. Ex: o Metildopa (Aldomet®) o Benazepril (Lotensin®) o Captopril (Capoten®) o Enalapril (Renitec®) o Lisinopril ( Zestril®) o Losartam (Aradois®) OBS: Os IECA normalmente apresentam tosse como efeito colateral, devem ser ingeridos 1 hora antes ou duas horas depois das refeições. A ingestão com alimentos reduz a absorção em 30 a 50%. São excretados pelo leite materno. O metildopa é o anti-hipertensivo utilizado na gravidez e durante a amamentação. O mecanismo de ação dos anti- hipertensivos irá depender da classe à qual pertencem. Em primeiro lugar, é preciso dizer que os anti-hipertensores só agem sobre os níveis elevados da PA, sendo praticamente nulos seus efeitos sobre os níveis normais da PA. O mecanismo e a potência de ação dos anti-hipertensivos irão depender da classe à qual pertencem: Diureticos Aumentam o volume do fluxo da urina. São considerados a classe de fármacos anti-hipertensivos mais utilizada no tratamento da hipertensão, sozinhos ou em associação com outros medicamentos. São substâncias com uma ação sobre os rins, atuando de forma a aumentar a excreção urinária de solutos. Seu efeito primário consiste em promover um maior débito de sódio, o que por sua vez causa também maior débito de água e, assim, do volume de líquidos extracelulares no organismo. Há dois tipos de medicamentos diuréticos que podem ser escolhidos pelo médico, conforme as características clínicas do paciente: diuréticos de alça e diuréticos tiazídicos. Um diurético tiazídico ou do tipo tiazida (como a clortalidona ou indapamida) pode ser o primeiro medicamento administrado para tratar a hipertensão arteri. Diuréticos tiazídicos provocam a excreção de potássio na urina, portanto, às vezes, juntamente com um diurético tiazídico, deve-se tomar suplementos de potássio. Podem provocar intolerância à glicose por reduzir a liberação de insulina, aumentando o risco do desenvolvimento de DM tipo 2. O aumento do ácido úrico é um efeito quase universal dos DIU. Bloqueadores adrenérgicos incluem alfa- bloqueadores, beta-bloqueadores, alfa-beta- bloqueadores e bloqueadores adrenérgicos de ação periférica. Eles bloqueiam os efeitos da rede simpática, a parte do sistema nervoso que pode responder rapidamente ao esforço através do aumento da pressão arterial. 4 Brenda Carvalho Silva 3°P - bloqueadores adrenergicos Antagonizam os receptores da noradrenalina. São drogas que intervêm na transmissão simpática. Os efeitos anti- hipertensivos dessas drogas são múltiplos, incluindo: diminuição do débito cardíaco e frequência cardíaca, diminuem secreção de renina, readaptação dos barorreceptores (receptores da pressão), diminuição das catecolaminas e inibição simpática periférica. Entre elas encontram-se, por exemplo, o atenolol e o propranolol. -adrenérgicos são cardiosseletivos e produzem seus efeitos no coração, enquanto os bloqueadores -adrenérgicos causam broncodilatação, relaxamento dos vasos sanguíneos esqueléticos e outras funções Efeitos adversos: Broncoespasmo, bradicardia, distúrbios da condução atrioventricular, vasoconstrição periférica, insônia, pesadelos, depressão psíquica, astenia e disfunção sexual. Os BB de primeira e segunda geração são formalmente contraindicados a pacientes com asma brônquica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e bloqueio atrioventricular Bloqueadores adrenérgicos de ação periférica: geralmente são usados somente se um terceiro ou quarto tipo de medicamento for necessário para controlar a pressão arterial Alfa- agonistas de acao central Os alfa-agonistas de ação central reduzem a pressão arterial através de um mecanismo que lembra um pouco o dos bloqueadores adrenérgicos. Ao estimular certos receptores alfa no tronco cerebral, esses agonistas inibem os efeitos da rede simpática do sistema nervoso e do reflexo dos barorreceptores; discreta diminuição na RVP e no débito cardíaco; redução nos níveis plasmáticos de renina e retenção de fluidos Esses medicamentos raramente são usados hoje em dia. porque eles não diminuem o risco de morte. São representantes desse grupo: metildopa, clonidina, guanabenzo e os inibidores dos receptores imidazolínicos (moxonidina e rilmenidina) Alfa bloqueadores O efeito hipotensor é discreto como monoterapia, sendo a preferência pelo uso associado. Os medicamentos dessa classe agem como antagonistas -receptores pós- sinápticos, levando a redução da RVP sem maiores mudanças no débito cardíaco. São representantes dessa classe a doxazosina, prazosina e terazosina. Bloqueadores do canal de calcio Reduzem a excitabilidade e a frequência cardíacas, promovendo o relaxamento da musculatura lisa arterial e reduzindo a resistência vascular periférica. Esses fármacos reduzem a entrada de cálcio nas células, o que causa a dilatação generalizada das artérias e arteríolas e a consequente diminuição da resistência delas, reduzindo a pressão arterial. São classificados em 2 tipos básicos: os diidropiridínicos e os não di-idropiridínicos. Os BCC di-idropiridínicos exercem um efeito vasodilatador predominante, com mínima interferência na frequência e na função sistólica, sendo, por isso, mais frequentemente usados como anti- hipertensivos. Os não di-idropiridínicos, como as fenilalquilaminas (verapamil) e as benzotiazepinas (diltiazem), têm menor efeito vasodilatador, e podem ser bradicardizantes e antiarrítmicos, o que restringe seu uso em casos específicos. Vasodilatadores Promovem a vasodilatação e assim reduzem também a resistência periférica. Os vasodilatadores aumentam o espaço de contenção do sangue e, com isso, diminuem a força de pressão sobre a parede das artérias. Os medicamentos 5 Brenda Carvalho Silva 3°P desse grupo atuam diretamente sobre a musculatura da parede vascular, promovendo o relaxamento muscular delas. Em consequência da vasodilatação arterial direta, promovem retenção hídrica e taquicardia reflexa, o que contraindicaseu uso como monoterapia. Os medicamentos que representam essa classe são hidralazina e minoxidil. Atuam diretamente, relaxando a musculatura lisa arterial, levando a redução da RVP Inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECAs) Atuam bloqueando a conversão da angiotensina I em angiotensina II, que é um vasoconstritor potente. Os IECAs continuam sendo a melhor alternativa de medicação por via oral ou sublingual para o tratamento de crises hipertensivas. Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) reduzem a pressão arterial em parte através da dilatação das arteríolas. Eles ameninam a vasoconstrição, níveis de aldosterona e a taxa de filtração glomerular. Eles dilatam as arteríolas impedindo a formação de angiotensina II, uma substância química produzida no corpo que faz com que as arteríolas se contraiam. Eles também são formalmente contraindicados na gravidez e em estenose bilateral de artérias renais. Deve ter uso cauteloso em insuficiência renal, estados hipovolêmicos e em hipercalemia. Um fenômeno passageiro observado quando do seu uso inicial em pacientes com insuficiência renal é a elevação de ureia e creatinina séricas. A longo prazo, revelam-se eficazes em reduzir a progressão da DRC. Bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II (BRAs) Reduzem a pressão arterial através de um mecanismo semelhante ao utilizado por inibidores da enzima conversora da angiotensina: Eles bloqueiam diretamente a ação da angiotensina II, que faz com que as arteríolas se contraiam. Uma vez que o mecanismo é mais direto, os bloqueadores do receptor da angiotensina II podem provocar menos efeitos colaterais. Os BRA antagonizam a ação da angiotensina II por meio do bloqueio específico dos receptores AT1, responsáveis pelas ações vasoconstritoras, proliferativas e estimuladoras da liberação de aldosterona. Inibidores diretos da renina Alisquireno, único representante da classe disponível para uso clínico, promove a inibição direta da ação da renina com consequente diminuição da formação de angiotensina II. Outras ações podem contribuir para a redução da PA tais como redução da atividade plasmática de renina, bloqueio de um receptor celular próprio de renina/pró-renina e diminuição da síntese intracelular de angiotensina II. Peso corporal: O aumento de peso está diretamente relacionado ao aumento da PA. A relação entre sobrepeso e alteração da PA já pode ser observada a partir dos 8 anos. O aumento da gordura visceral também é considerado um fator de risco para HA. Reduções de peso e de CA correlacionam-se com reduções da PA e melhora metabólica. Aspectos nutricionais 6 Brenda Carvalho Silva 3°P Padrão alimentar: O sucesso do tratamento da HA com medidas nutricionais depende da adoção de um plano alimentar saudável e sustentável. A utilização de dietas radicais resulta em abandono do tratamento. o A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) enfatiza o consumo de frutas, hortaliças e laticínios com baixo teor de gordura; inclui a ingestão de cereais integrais, frango, peixe e frutas oleaginosas; preconiza a redução da ingestão de carne vermelha, doces e bebidas com açúcar. Ela é rica em potássio, cálcio, magnésio e fibras, e contém quantidades reduzidas de colesterol, gordura total e saturada. A adoção desse padrão alimentar reduz a PA. o A dieta do Mediterrâneo também é rica em frutas, hortaliças e cerais integrais, porém possui quantidades generosas de azeite de oliva (fonte de gorduras monoinsaturadas) e inclui o consumo de peixes e oleaginosas, além da ingestão moderada de vinho. Apesar da limitação de estudos, a adoção dessa dieta parece ter efeito hipotensor. o As dietas vegetarianas preconizam o consumo de alimentos de origem vegetal, em especial frutas, hortaliças, grãos e leguminosas; excluem ou raramente incluem carnes; e algumas incluem laticínios, ovos e peixes. Essas dietas têm sido associadas com valores mais baixos de PA. Redução do consumo de sódio: O aumento do consumo de sódio está relacionado com o aumento da PA. Alguns estudos sugerem que o consumo muito baixo eleva o risco de DCV, enquanto outros sustentam que a diminuição de sódio diminui o risco CV, O limite de consumo diário de sódio em 2,0 g está associado à diminuição da PA. No entanto, o consumo médio do brasileiro é de 11,4 g/dia. Ácidos graxos insaturados: Os ácidos graxos ômega-3 provenientes dos óleos de peixe estão associados com redução modesta da PA. Estudos recentes indicam que sua a ingestão maior ou igual 2g/dia reduz a PA e que doses menores (1 a 2 g/dia) reduzem apenas a PAS. Fibras: As fibras solúveis são representadas pelo farelo de aveia, pectina (frutas) e pelas gomas (aveia, cevada e leguminosas: feijão, grão-de-bico, lentilha e ervilha), e as insolúveis pela celulose (trigo), hemicelulose (grãos) e lignina (hortaliças). A ingestão de fibras promove discreta diminuição da PA, destacando-se o beta glucano proveniente da aveia e da cevada. Oleaginosas: O consumo de oleaginosas auxilia no controle de vários FRCV, mas poucos estudos relacionam esse consumo com a diminuição da PA. Uma meta- análise concluiu que o consumo de diferentes tipos de castanha foi eficiente em diminuir a PA. Laticínios e vitamina D: Existem evidências que a ingestão de laticínios, em especial os com baixo teor de gordura, reduz a PA. O leite contém vários componentes como cálcio, potássio e peptídeos bioativos que podem diminuir a PA. Alho: O alho possui inúmeros componentes bioativos, como a alicina (encontrada no alho cru) e a s-alil-cisteína (encontrada no alho processado). Discreta diminuição da PA tem sido relatada com a suplementação de várias formas do alho. Café: O café, apesar de rico em cafeína, substância com efeito pressórico agudo, possui polifenóis que podem favorecer a redução da PA. Estudos recentes sugerem que o consumo de café em doses habituais não está associado com maior incidência de HA nem com elevação da PA. Recomenda-se que o consumo não exceda quantidades baixas a moderadas. Chá verde: O chá verde, além de ser rico em polifenóis, em especial as catequinas, possui cafeína. Ainda não há consenso, mas alguns estudos sugerem que esse chá possa reduzir a PA quando consumido em doses baixas, pois se elevadas têm maior teor de cafeína e podem elevar a PA. Chocolate amargo: O chocolate com pelo menos 70% de cacau pode promover discreta redução da PA, devido às altas concentrações de polifenóis. 7 Brenda Carvalho Silva 3°P Álcool: O consumo habitual de álcool eleva a PA de forma linear e o consumo excessivo associa-se com aumento na incidência de HA. Estima-se que um aumento de 10 g/dia na ingestão de álcool eleve a PA em 1 mmHg, sendo que a diminuição nesse consumo reduz a PA. Recomenda-se moderação no consumo de álcool. Atividade fisica/exercicio fisico Atividade física refere-se a qualquer movimento corporal que aumente o gasto energético, o que inclui andar na rua, subir escada, fazer trabalhos físicos domésticos, fazer práticas físicas de lazer. O termo exercício físico refere-se à atividade física realizada de forma estruturada, organizada e com objetivo específico. Inatividade/atividade física: A inatividade física tem sido é o mais prevalente dos FR e a segunda causa de morte no mundo. Recomenda-se a redução do tempo sentado, levantando-se por pelo menos 5 min a cada 30 min sentado. A prática regular de atividade física pode ser benéfica tanto na prevenção quanto no tratamento da HA, reduzindo ainda a morbimortalidade CV. Indivíduos ativosapresentam risco 30% menor de desenvolver HA que os sedentários, e o aumento da atividade física reduz a PA. Exercícios físicos: No tratamento da HA, benefícios adicionais podem ser obtidos com exercícios físicos estruturados, em um treinamento individualizado. Exercícios aeróbicos: O treinamento aeróbico reduz a PA casual de préhipertensos e hipertensos. Ele também reduz a PA de vigília de hipertensos e diminui a PA em situações de estresse físico, mental e psicológico. Exercícios resistidos dinâmicos e estáticos: O treinamento resistido dinâmico ou isotônico (contração de segmentos corporais localizados com movimento articular) reduz a PA de pré-hipertensos, mas não tem efeito em hipertensos. Cuidados: Recomenda-se que hipertensos com níveis de PA mais elevados ou que possuam mais de 3 FR, diabetes, LOA ou cardiopatias façam um teste ergométrico antes de realizar exercícios físicos em intensidade moderada. Cessacao do tabagismo O tabagismo aumenta o risco para mais de 25 doenças, incluindo a DCV. O hábito de fumar é apontado como fator negativo no controle de hipertensos, no desconhecimento da HAS e na interrupção do uso de medicamentos anti-hipertensivos. No entanto, não há evidências que a cessação do tabagismo reduza a PA. Respiracao lenta A respiração lenta ou guiada requer a redução da frequência respiratória para menos de 6 a 10 respirações/ minuto durante 15-20 minutos/dia para promover redução na PA casual. Controle do estresse Estudos sobre as práticas de gerenciamento de estresse apontam a importância das psicoterapias comportamentais e das práticas de técnicas de meditação, biofeedback e relaxamento no tratamento da HÁ. Artigo: Diureticos Artigo de revisão da revista brasileira de hipertensão de 2009 que discute os principais efeitos colaterais dos diuréticos de uso crônico. São fármacos de baixo custo e boa tolerabilidade. Suas principais reações adversas relacionam-se a distúrbios eletrolíticos e metabólicos, os quais se tornaram menos frequentes e menos intensos com a utilização de doses menores do que as empregadas inicialmente. Os diuréticos disponíveis em nosso meio podem ser assim classificados: 1) Diuréticos de alta eficácia (> 15%) ou potentes, com ação na porção espessa 8 Brenda Carvalho Silva 3°P ascendente na alça de Henle, como furosemida e bumetanida; 2) Diuréticos de eficácia média (5% a 10%), com ação na porção inicial do túbulo distal: hidroclorotiazida, clortalidona e indapamida; em geral poupadores de potássio, com ação na porção final do túbulo distal (troca de Na+, K+/H+) triantereno e espironolactona Hipocalemia: Todos os diuréticos que agem antes da porção final do túbulo controlado distal, como os de alça e os tiazídicos, promovem aumento da excreção de potássio. Balanço de cálcio: Os diuréticos tiazídicos diminuem a excreção urinária de cálcio. Tiazídicos têm sido utilizados para prevenir a formação de cálculos renais recorrentes e também na prevenção da desmineralização óssea. Ao contrário, os diuréticos de alça aumentam a excreção urinária de cálcio, efeito esse utilizado no tratamento da hipercalcemia Hiperuricemia: O uso contínuo de diuréticos pode elevar as concentrações sanguíneas de ácido úrico em até 50% dos pacientes. O mecanismo responsável por esse efeito é à redução do volume extracelular causado pelos diuréticos, A tendência dos diuréticos tiazídicos em causar hipocalemia é reduzida pela associação de um diurético poupador de potássio (amilorida, triantereno, espironolactona), um IECA ou um BRA. MALACHIAS, Marcus Vinícius Bolívar et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial: Capítulo 1-Conceituação, Epidemiologia e Prevenção Primária. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 107, n. 3, p. 1-6, 2016. KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran Patologia Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010; FILHO, G.B., et al. Bogliolo. Patologia. 8. ed. Guanabara Koogan, 2011 Artigo: BATLOUNI, Michel. Diuréticos. Rev. bras. hipertens, p. 211-214, 2009. Disponível em:http://departamentos.cardiol.br/dha/revi sta/16-4/05-diureticos.pdf
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