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Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretaria de Educação a Distância SEED Carlos Eduardo Bielschowsky CEFET-PE Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco Diretor Geral Sérgio Gaudêncio Portela de Melo Direção de Ensino Maria Tereza Duarte Dutra Gerente de Ensino Superior Elba Maria Nogueira Ferraz Ramos Coordenação de Tecnologias Educacionais e Educação a Distância Coordenação do Núcleo Maria das Graças Costa Nery da Silva Suplente Coordenador Rosângela Maria Barbosa Coordenação do Curso José Severino Bento Conteudistas Sivaldo Souza Silva Suzene Izídio da Silva Elcida de Lima Araújo Alcides Militão Elizete da Silva Coelho Eduardo Fernandes Araújo Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica Eliana Virgínia Vieira de Melo Josinaldo Barbosa da Silva Bolsistas Luciano Aguia Santosr João Paulo Angelim Revisão Ortográfica Leoana Maria de Sá Fátima Suassuna Ilustração Luciano Aguiar Santos Sumário Módulo 1 Relações Interpessoais-Sócio-Ambientais ..........................25 Estatística Aplicada ............................................................. 05 Expressão Gráfica Aplicada ............................................... 55 Fundamentos da Geologia .................................................. 41 Disciplina: Estatística Aplicada Módulo 1 � Objetivos Apresentar resumos históricos relevantes no desenvolvimento da Estatística; Entender as fases do método estatístico; Entender os conceitos e definições básicas de estatística; Apresentar dados em tabelas e gráficos. Aula I 1 - Panorama Histórico da Estatística Caro aluno, todas as ciências têm suas raízes na história do homem. Vejamos, por exemplo, a Matemática, que se originou do convívio social, das trocas, da contagem com caráter prático, utilitário e empírico. E a Estatística, que é um ramo da Matemática Aplicada, teve origem seme- lhante. Na antiguidade, diversos povos já registravam o número de habitantes, de nascimentos, de óbitos, faziam estimativas das riquezas individual e social, cobravam impostos e realizavam inquéritos quantitativos por processos que, hoje, chamaríamos de “estatísticos”. E a partir do século XVI, surgem as primeiras análises sistemáticas (de batizados, casamentos, funerais, etc.), as primeiras tabelas e os números relativos. A partir do século XVIII, a Estatística passa a ter uma “feição” científica, e é batizada por GODOFREDO ACHENWALL. As tabelas ficam mais completas, surgem as primeiras representações gráficas e os cálculos de probabilida- des. A Estatística deixa de ser uma simples tabulação de dados numéricos para se tornar “O estudo de como se chegar à conclusão sobre uma popula- ção, partindo da observação de partes dessa população (amostra)” Há quem diga que a palavra estatística – statistik -, utilizada pela primeira vez pelo Prof. Godofredo, vem do grego statizein (verificar). Outra versão é a de que a palavra tem origem na palavra estado, do latim status, pelo apro- veitamento que dela tiravam os políticos e o Estado. 1) 2) 3) 4) SUMÁRIO DO CURSO Módulo I - Panorama Histórico da Estatística; Fases do Método Estatístico; Conceitos e Definições Básicas: População, Amostra, Freqüência Absoluta e Relativa, Variável, Séries Estatísticas Tabelas e Gráficos. Módulo II - Medidas de Tendência Central: Média Aritmética; Moda; Mediana e outras Separatrizes Módulo III - Medidas de Dispersão: Amplitude Total, Desvio Médio e Variância, Desvio Padrão, Coeficiente de Variação.. Módulo IV - Probabilidade: Definições e Propriedades; Probabilidade Condicional e Independência. Módulo V – Amostra e distribuição de amostras; noções de estimação e testes de hipóteses.. Módulo VI- Testes de hipóteses e aplicação da estatística paramétrica e não-paramétrica em pesquisa ambiental. � Na Estatística, a coleta, organização e a descrição dos dados estão a cargo da Estatística Descritiva. Enquanto a análise e a interpretação dos dados ficam a cargo da Estatística Indutiva ou Inferencial. Europa no Séc XVI - Fonte: www.historianet 2. Fases do Método Estatístico: As fases do método estatístico consistem em: 2.1.Coleta de Dados: Após cuidadoso planejamento e a devida determina- ção das características mensuráveis do que se quer pesquisar, damos início à coleta dos dados necessários à sua descrição. 2.2.Crítica dos Dados: Obtidos os dados, eles devem ser criticados à pro- cura de possíveis falhas e imperfeições, a fim de não incorrermos em erros grosseiros ou de certo vulto, que possam influir sensivelmente nos resultados. 2.3.Apuração dos Dados: Processamento dos dados obtidos e a disposição mediante critérios de classificação. 2.4.Apresentação dos Dados: Tabelas ou gráficos - para tornar-se mais fácil o exame daquilo que está sendo objeto de tratamento estatístico e ulterior obtenção de medidas típicas. 2.5.Análise dos Resultados: O objetivo último da Estatística é tirar conclu- sões sobre o todo (população) a partir de informações fornecidas por parte representativa do todo (amostra). RELATOS ESTATÍSTICOS: Estatua de Moisés de Miguel Ángelo Os censos realizados por Moisés e David A.C. com o propósito de quantificar os guerreiros disponíveis nas tribos de Israel; A recontagem agrícola, industrial e comercial levantada na China, segundo afirmações feitas por Confúcio, e que foi levada a cabo a baixo as ordens de um rei chamado Yao, A.C. Confúcio Fonte: educaterra.terra.com.br � 3. Conceitos e Definições Básicas: 3.1.População: Conjunto de entes portadores de, pelo menos, uma carac- terística comum; ou ainda, coleção de unidades individuais, que podem ser pessoas ou resultados experimentais, com uma ou mais características comuns, que se pretendem estudar. Fonte: www.geografiaparatodos.com.br Exemplos: um conjunto das notas de certa avaliação; uma população de pingüins em determinada região; o nível de precipitação em Itabaiana (PB) em determinado mês, etc. Na maioria das vezes, por impossibilidade ou inviabilidade econômica ou temporal, limitamos as observações referentes a uma determinada pesquisa a apenas uma parte da população, chamada de amostra. 3.2. Amostra: É uma parte da população que se quer estudar, ou seja, é um subconjunto finito de uma população. Para as análises (Inferências) sobre a população serem corretas é necessá- rio garantir que a amostra seja representativa da população. A amostra deve possuir as mesmas características básicas da população no que diz respeito ao fenômeno que desejamos pesquisar. Existe uma técnica especial – Amostragem – para recolher amostras garan- tindo tanto quanto possível o acaso na escolha. 3.3.Variáveis: São características que são medidas, controladas ou manipu- ladas em uma pesquisa. Diferem em muitos aspectos, principalmente no papel que a elas é dado em uma pesquisa e na forma como podem ser medidas. » » » Os estudos chamados “Rentas Vitalícias” para determinar a média de vida dos habitantes realizados durante a época do Império Romano.. Fonte: www.cpad.com.br PANORAMA HISTÓRICO DA ESTATÍSTICA A Expansão religiosa no século XVI Desde a Idade Média a Igreja Católica havia consolidado seu predomínio sobre a Europa Ocidental. No século XI (1054) ocorrera o Cisma do Oriente, fazendo com que o Império Bizantino ficasse sob influência da Igreja Ortodoxa Grega. Iniciou-se o movimento reformista, primeiro a partir do Sacro Império Romano Germânico, com a doutrina luterana. Após uma longa Guerra, foi assinada a Paz de Augsburgo (1555), permitindo que cada príncipe definisse a religião a ser adotada em seu território. Na década de 30, Calvino estabeleceu uma nova doutrina cristã, segundo a qual a salvação depende da vontade de Deus, manifestada no momento em que cada homem nasce. 10 A Teoria da Predestinação” -considerava que existiam alguns indícios que poderiam mostrar quem Deus havia escolhido: a dedicação ao trabalho, oprogresso e a acumulação de capitais. Normalmente a teoria calvinista é associada ao desenvolvimento do capitalismo; Na Inglaterra, o rei Henrique VIII rompe com o Papa e cria no país uma nova Igreja. Através do Ato de Supremacia, o Parlamento reconhece a Igreja Anglicana como sendo a Igreja Nacional da Inglaterra e que o rei é seu chefe supremo. A cada fenômeno corresponde um número de resultados possíveis. Exemplos: Para o fenômeno “número de filhos” há um número de resultados possíveis expressos através dos números naturais 0,1,2,3,...n; Para o fenômeno “estatura” os resultados podem tomar um número infinito de valores numéricos dentro de certo intervalo. 3.3.1. Variável Qualitativa: São as variáveis que não possuem valores quan- titativos, e são definidas por várias categorias, ou seja, representam uma classificação dos indivíduos. Podem ser nominais ou ordinais. Variáveis Qualitativas Nominais – Não existe ordenação entre as categorias. Exemplos: cor dos olhos; fumante/não fumante; doente/sadio, etc. Variáveis Qualitativas Ordinais – Existe uma ordenação entre as cate- gorias. Exemplos: grau de escolaridade (fundamental, médio, superior); estágio da doença (inicial, intermediário, final); mês de observação da pesquisa (janeiro, fevereiro, março,....,novembro, dezembro), etc. 3.3.2. Variável Quantitativa: São variáveis que podem ser medidas em uma escala quantitativa, ou seja, quando seus valores são expressos em núme- ros. Exemplos: salários dos operários, idade dos alunos de uma escola, quantidade de leitos de um hospital. A Variável Quantitativa se divide em: Discreta (ou descontínua); Contínua. Variável Quantitativa Discreta ou Descontínua: Seus valores são expres- sos geralmente através de números inteiros não negativos. Exemplos: Número de filhos (Ex.: 4 filhos, 5 filhos, 2 filhos, etc.); Número de alunos da UAB presentes às aulas de Estatística na primeira semana de aula (Ex.: 30 alunos, 28 alunos, etc.). » » I) II) » » 11 Variável Quantitativa Contínua: A variável assume valores pertencentes a um intervalo do conjunto dos reais – provenientes de medidas. Usualmente devem ser medidas através de algum instrumento (Ex.: peso – balança, altura – régua, tempo – relógio, etc.) Exemplos: Medida de estatura (Ex.: 1,65├1,80 variam de 1,65m até 1,80 m); Medida de massa (Ex.: 55├ 95 variam de 55 kg até �5 kg); Variação da pluviometria na cidade de Ipojuca (PE) no mês de maio; Escalas de Medidas 3.4. Escalas de medidas: Existem 4 (quatro) escalas de medidas que podem ser consideradas: Escala Nominal: Com esta escala somente podemos afirmar que uma medida é diferente ou não de outra. É usada para categorizar indivíduos de uma população. (Não realizamos operações aritméticas ) Escala Ordinal: Com esta escala podemos dizer que uma medida é dife- rente e maior do que outra. Temos a situação anterior, mas as categorias são ordenadas, e a ordem dos numerais associados ordena as categorias. Escala Intervalar: Nesta escala podemos afirmar que uma medida é igual ou diferente, maior e quanto maior do que outra. Podemos quantificar a dife- rença entre as categorias da escala ordinal. Necessitamos de uma origem arbitrária e de uma unidade de medida. Podemos realizar operações aritmé- ticas. Escala Razão: Dadas duas medidas nessa escala, podemos dizer se são iguais, ou se uma é diferente, maior, quanto maior e quantas vezes a outra. A diferença com a escala intervalar é que agora existe um zero absoluto. Exercícios: 1. Classifique as variáveis em qualitativas (nominal ou ordinal) ou quantitati- vas (discreta ou contínua): Medida de estatura:____________________________________ Medida de massa: _____________________________________ » » » a) b) POPULAÇÃO Se você medir as alturas de todos os colegas da sua sala de aula, esses resultados consistem numa população. Variável Quantitativa Discreta Número de leitos de um hospital Variável Quantitativa Continua Os pesos são dados num intervalo. Ex.: de 50 kg até 95 kg. 12 Cor dos olhos das alunas da turma: _______________________ Quantidade de chuvas (pluviometria) que caiu na sua cidade no mês de maio: ____________________________________________________ Número de acidentes ecológicos no seu estado: __________________ _________________________________________________________ 2. Para cada uma das variáveis abaixo, indique a escala usualmente adotada para resumir os dados em tabelas de freqüências: Salários dos empregados de uma indústria. Opinião de consumidores sobre determinado produto. Número de respostas certas de alunos num teste com dez itens. Temperatura diária da cidade de Manaus. Porcentagem da receita de municípios aplicados em educação. Opinião dos empregados da companhia MB sobre a realização ou não de cursos obrigatórios de treinamento. QI de um indivíduo. ____________________________________________________________ ___________________________________________________________ _____________________________________________________________ Mas muita atenção!! Pois as distinções são menos rígidas do que a descrição acima insinua. Uma variável originalmente quantitativa pode ser coletada de forma quali- tativa. Exemplo: 1) A variável idade, medida em anos completos, é quantitativa (contínua); mas, se for informada apenas a faixa etária (de 0 a 5 anos, de 6 a 10 anos, etc.) passa a ser qualitativa (ordinal). 2) O peso dos lutadores de boxe, se for considerado o valor obtido na balança, é uma variável quantitativa (contínua), mas, se classificarmos nas catego- rias do boxe (peso-pena, peso-leve, peso-pesado, etc.), passa a ser uma variável qualitativa (ordinal). Obs.: Uma variável representada por números nem sempre é quantitativa. Ex.: O número do telefone de uma pessoa, o número da casa, o número de sua identidade, etc. c) d) e) a) b) c) d) e) f) g) Exemplos de variáveis expressas na escala nominal: A cor dos olhos; sexo; estado civil, etc. Exemplos de variáveis expressas na escala Ordinal: nível salarial; escalas usadas na medida de opiniões, etc.; A Escala intervalar pode ser considerada uma escala métrica, onde é possível quantificar as distâncias entre as medições, mas não existe um ponto zero (inicial). Exemplo: Escalas de temperatura. A Escala de Razão é a mais completa das escalas. Nesta escala, um valor “2” indica uma quantidade duas vezes maior do que o valor “1”, fato que não ocorre necessariamente nas outras escalas. 13 Uma variável que é em geral quantitativa pode ser coletada de forma qualitativa. O peso, se classificado por categoria (peso-pena, peso-leve, etc.), passa a ser qualitativa ordinal. 4. Estatística Descritiva “Consiste no recolhimento, análise e interpretação de dados numéricos atra- vés da criação de instrumentos adequados: quadros, gráficos e indicadores numéricos” (Morais, 2005, apud Reis, 1996: 15). Fonseca (1996:101) define Estatística Descritiva como “conjunto de técni- cas que objetivam descrever, analisar e interpretar os dados numéricos de uma população ou amostra”. Com essas técnicas pretende-se obter relatórios que apresentem informa- ções sobre a tendência central e a dispersão de dados, evidenciando-se o valor mínimo, o valor máximo, a soma dos valores, contagens, média, moda, mediana, variância e desvio padrão. 4.1 Coleta e Organização de Dados Tabelas e Gráficos No estudo estatístico, é importante definir a pesquisa que será feita, que dados serão recolhidos, como serão organizados (tabelas, gráficos) e como serão analisados. Tabelas São quadros que resumem um conjunto de observações e que obedecem à Resolução no 886, de 26 de outubro de 1966, do Conselho Nacional de Estatísticas, as quais são editadas pela Fundação Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE). Representação esquemática Elementos essenciais de uma tabela Título: uma indicação que antecede a tabela e explique tudo referente à tabela (O quê? Onde? e Quando?); Cabeçalho: colocadona parte superior da tabela, especificando o con- teúdo das colunas; » » 14 Corpo: parte da tabela composta por colunas e linhas que contêm infor- mações sobre o fenômeno estudado; Linhas: parte do corpo que contém uma seqüência horizontal de infor- mações. Colunas: parte do corpo que contém uma seqüência vertical de infor- mações. Coluna indicadora: é a parte da tabela que tem por fim especificar o que contém nas linhas. Casa ou célula: parte da tabela formada pelo cruzamento de uma linha com uma coluna. Exemplo: TABELA 1 – Número e porcentagem de causas de morte de residentes de Londrina, no período de 10 de agosto a 31 de dezembro de 1��3. Causas da morte Freqüência % Doenças do aparelho circulatório 2�1 33,5 Neoplasias 115 13,� Causas externas �2 11,0 Doenças do aparelho respiratório �� 10,4 Doenças das glând. endóc./transt. imunitários 56 6,7 Doenças do aparelho digestivo 54 6,4 Doenças e infecção e parasitárias 46 5,5 Afecções do período perinatal 26 3,1 Demais grupos �2 �,� TOTAL �3� 100,0 Fonte: www.inf.ufsc.br Elementos complementares da tabela Fonte: é a indicação do órgão ou entidade responsável pelo forneci- mento dos dados ou pela sua elaboração. É colocada no rodapé da tabela; Notas: são informações destinadas a esclarecer o conteúdo das tabe- las, ou indicar a metodologia adotada na coleta ou preparo dos dados; Chamadas: são informações de natureza específica referindo-se a um item específico da tabela, colocado no rodapé da página. » » » » » » » » 15 Exemplo: TABELA 2 – Distribuição percentual da população residente, em relação à utilização de serviços de saúde. Brasil, 1���. Serviço de saúde Percentual (%) Posto ou centro de saúde 41,� Ambulatório de hospitais 21,5 Consultório particular 1�,� Ambulatório ou consultório de clínica �,3 Pronto socorro 4,� Farmácia 2,2 Ambulatório de empresa ou sindicato 1,5 Agentes comunitários 0,1 Fonte: IBGE Nota: Utilizou-se uma amostragem estratificada por região do país. Tabelas de contingência Uma tabela de contingência é uma tabela de dupla entrada, em que os elementos da amostra ou da população são classificados de acordo com dois fatores. TABELA 3 – Mortalidade segundo a faixa etária e região dos residentes de Londrina, no período de 10 de agosto a 31 de dezembro de 1��3. Região Faixa etária < 1 ano 1 a 4 anos 5 a 19 anos 20 a 49 anos 50 anos ou + Centro 4,54 - 2,02 14,65 ��,�� Norte 6,45 1,61 2,42 26,61 62,91 Sul �,2� 4,55 5,45 22,�3 60,00 Leste 3,36 - 4,03 24,16 68,45 Oeste 4,5� 1,14 3,43 1�,2� �2,5� Rural 15,�1 4,2� 4,2� 14,2� 61,43 LONDRINA 5,�3 1,42 3,3� 20,61 68,77 FONTE: www.inf.ufsc apud Relatório do período de 10 de agosto a 31 de dezembro, do Núcleo de Informação em Mortalidade – PML. 16 4.2 Séries Estatísticas Uma série estatística é um conjunto de dados ordenados segundo uma carac- terística comum, a qual servirá, posteriormente, para se fazerem análises e inferências. Série Temporal ou Cronológica: é a série cujos dados estão dispostos em correspondência com o tempo (varia o tempo e permanecem constantes o fato e o local). Produção de Petróleo Bruto no Brasil de 1976 a 1980 (x 1000 m3) Anos Produção 1976 � �02 1��� � 332 1��� � 304 1��� 9 608 1��0 10 562 Fonte:Conjuntura Econômica (fev. 1983) Fonte: www.saladomestre.com Série Geográfica ou Territorial: é a série cujos dados estão dispostos em correspondência com o local (varia o local e permanecem constantes a época e o fato). População Urbana do Brasil em 1��0 (x 1000) Região População Norte 3 03� Nordeste 17 568 Sudeste 42 �10 Sul 11 ��� Centro-Oeste 5 115 Total �0 40� Fonte:Anuário Estatística (1984) Fonte: www.saladomestre.com Série Específica ou Qualitativa: é a série cujos dados estão dispostos em correspondência com a espécie ou qualidade, ou seja, varia o fato e perma- necem constantes a época e o local. 1� Produção Urbano e Rural no Brasil em 1��0 (x 1000) Localização Produção Urbana �0 40� Rural 38 566 Total 11� ��4 Fonte:anuário Estatístico (fev. 1984) Fonte: www.saladomestre.com Série Mista ou Composta: A combinação entre duas ou mais séries cons- titui novas séries, denominadas compostas e apresentadas em tabelas de dupla entrada. O nome da série mista surge de acordo com a combinação de, pelo menos, dois elementos. Local + Época = Série Geográfica Temporal Anos Regiões N NE SE S CO 1�40 406 3 3�1 � 232 1 5�1 2�1 1�50 5�1 4 �45 10 �21 2 313 424 1960 �5� � 51� 17 461 4 361 1 00� 1��0 1 624 11 �53 28 965 � 303 2 43� 1��0 3 03� 17 567 42 �10 11 ��� 5 115 Fonte: anuário Estatístico (1984) AULA II 5. Gráficos São representações visuais dos dados estatísticos que devem refletir uma tabela, mas nunca substituí-las. O gráfico estatístico tem por objetivo produzir, no pesquisador e no público em geral, uma impressão rápida e consistente sobre os dados pesquisados. 1� 5.1 Elementos de um gráfico Todo gráfico deve ter título, escala e fonte de dados, de forma a dis- pensar qualquer esclarecimento adicional. A numeração dos gráficos é feita utilizando-se algarismos arábicos. As escalas devem crescer da esquerda para a direita e de baixo para cima. As distâncias que indicam as unidades devem ser rigorosamente uni- formes. 5.2 Classificação dos Gráficos Diagramas, Estereogramas e Pictogramas I - Diagramas – São gráficos geométricos dispostos em duas dimensões. São os mais usados na Estatística. Podem ser: Gráficos em barras horizontais ou gráficos em barras verticais (colunas) – Neste gráfico, representam-se os dados por meio de retângulos (verticalmente – colunas, horizontalmente – barras). Exemplo: Valores em R$ dos ICMS arrecadados nas regiões brasilei- ras em Setembro de 2006. Gráficos em linhas (ou curva) – São muito utilizados na identifica- ção de tendências de aumento ou diminuição dos valores numéricos de uma dada informação. São muito utilizados para representar séries cronológicas com um grande número de períodos de tempo. » » » » » » ICMS Região Norte – Total (R $ - ICMS Região Centro-Oeste – Tot - ICMS Região Nordeste – Total ( - ICMS Região Sul – Total (R$ m) – ICMS Região Sudeste – Total (R - 7.240.685 0 1� Exemplo: Fonte:darwin.futuro.usp.br Gráfico em setores – É um gráfico construído com base em um círculo, utilizado sempre que desejamos comparar partes dos dados com o total deles. O total é representado pelo círculo, que fica dividido em tantos setores quantas são as partes. Obs.: As séries temporais, geralmente, não são representadas por este tipo de gráfico. Obs.: Deve-se utilizar esse gráfico com, no máximo, sete dados. Finalidade dos abastecimentos dos poços no município de Pesqueira (PE) em 2005. Fonte: CPRM, 2005 II – Estereogramas – São gráficos geométricos dispostos em três dimen- sões, usados, geralmente, para tabelas de dupla entrada. » 20 Exemplo: Relação entre os poços tubulares em operação e inativos no município de Pesqueira (PE) em 2005. III – Pictogramas – Gráficos que usam desenhos relacionados ao tema da pesquisa para representar seus dados. São representações interessantes por despertarem a atenção do público em geral. Fonte: www.ai.com.br IV – Cartogramas – São gráficos utilizados para mostrar dados sobre uma base geográfica. O objetivo é o de figurar os dados estatísticos diretamente relacionados com áreas geográficas. Exemplo: Bacia hidrográfica do rio Ipojuca (PE) 21 V – Dispersogramas – São gráficos que se constroem no sistema carte- siano, onde cada ponto corresponde a um par de valores de dados (x e y) de um mesmo elemento. 6. Freqüência Absoluta e Freqüência Relativa Freqüência Absoluta (f) É o número de vezes que a variável estatística assume determinado valor. Freqüência Relativa (fr) É o quociente (divisão) entre a freqüência absoluta (f) e o número de elemen- tos (n) da amostra. Exemplo: O Tutor de Gestão Ambiental resolveu fazer uma pesquisa para verificar a origem (região do Brasil) dos pais dos alunos. Os dados constam no quadro abaixo. Local de NascimentoNúmero de pais (f) (fr)= f/ n Nordeste 10 10 10/42 Norte 2 2 2/42 Sudeste 24 24 24/42 Sul 6 6 6/42 Centro-Oeste 4 4 4/42 Total (n) 42 22 Construa um Gráfico de Freqüência Absoluta (no Excell), seguindo a seqüência abaixo: 1) Selecione o quadro acima 6) clique em série; 2) Copie e cole no Excell �) Onde consta valores=plan1...(copie) 3) Selecione as colunas (com valores numéricos) número de pais e f 8) Cole em: Rótulos do eixo das categorias (x); 4) Clique no assistente gráfico do Excell �) Onde consta remover, clique para remover série 1; 5) Clique em colunas (ou barras), depois em avançar. 10) Onde consta Nome: Dê um Título a sua tabela. 7. Resumo de Dados A organização e a apresentação de informações numéricas são a primeira etapa para entendermos um problema. Tudo começa com a localização dos valores extremos, em seguida, com a disposição dos dados em ordem cres- cente ou decrescente. 7.1 Técnica ramo-e-folhas - Essa técnica oferece uma boa visualização glo- bal dos dados. Ex.: Consideremos as seguintes notas de um teste de coordenação física, aplicado a 20 estudantes, após terem ingerido uma quantidade de álcool igual a 0,1% de seu peso: 69 84 52 93 61 74 79 65 88 63 57 64 67 72 74 55 82 61 68 77 Decompondo-se cada número em seus algarismos das dezenas e das unida- des, marcando juntos os valores que têm o mesmo algarismo das dezenas. Os algarismos das dezenas ficarão alinhados verticalmente, com os algaris- mos das unidades apresentados ao lado. Para o conjunto dos 20 escores de coordenação física, a apresentação é: 23 Observe que: números começando por 5 são: 5 /2/7/5, ou seja, 52, 57, 55. Observe que: números começando por 8 são: 8 /4/8/2/, ou seja, 82, 84, 88., etc. Conseguimos perceber, dessa forma, que a maioria dos dados está naca dos 660. Exercícios: 1) A seguir estão as alturas, em centímetros, de 16 alunos de curso secun- dário: 172 182 177 174 166 158 170 178 163 161 191 167 171 201 166 1�2. Construa uma apresentação ramo-e-folhas para esses dados. 2) As idades de 30 chefes de família em uma comunidade de aposentados são: 81 66 61 76 65 69 73 66 68 71 74 70 68 73 64 66 82 79 63 69 66 66 73 74 77 80 73 66 67 81 77 a) Construa uma apresentação ramo-e-folhas. b) Determine a idade mínima e a idade máxima. c) Calcule a amplitude da amostra. d) Qual a idade mais freqüente? 3) Marque as questões corretas: ( ) A série Estatística é chamada cronológica quando o elemento que não varia é o tempo. ( ) Numa rodovia na Bahia, passam, em média, 600 veículos das 11:00 h às 12:00 h, em determinado ponto. Para uma amostra de 20 % , numa determinada pesquisa, o método mais prático e eficaz seria parar e pesqui- sar os primeiros 120 veículos que passarão naquele ponto durante o prazo previsto. 5 2 7 5 6 9 1 5 3 4 7 1 8 7 4 9 2 4 7 8 4 8 2 Disciplina Relações Interpessoais Sócio-Ambientais Módulo 1 2� Disciplina Relações Interpessoais Sócio-Ambientais Capítulo 1: Aula introdutória Caro(a) Aluno(a), bem-vindo(a) à disciplina Relações Interpessoais Sócio-Ambientais do Curso de Educação a Distância de Gestão Ambiental. Esta disciplina está dividida em seis módulos, contendo sete capítulos. Cada módulo terá dura- ção de uma semana e você receberá um texto impresso no pólo presencial de seu município sobre o assunto que será tratado no mesmo. Lembre-se de sempre consultar o espaço reservado para esta disciplina na plataforma Moodle. Nela, estará sendo disponibilizada para você uma aula on-line que complementará o módulo, conforme necessário. Ao final de cada módulo (escrito e/ou na aula on-line), você será orientado como proceder para resol- ver as atividades do mesmo. Mantenha as atividades em dia, enviando-as semanalmente via internet, através da Plataforma Moodle, pois estas farão parte de sua avaliação. O arquivo plano de ensino fará uma apresentação geral dos tópicos que serão abordados em cada módulo, bem como da ementa da disciplina, da estratégia didática, da avaliação e da bibliografia recomendada. Você con- tará com um tutor presencial no pólo em que estiver matriculado. O tutor vai auxiliar no entendimento das atividades que você terá que realizar. Também, estaremos durante todo o semestre a sua disposição para tirar dúvidas rela- tivas a esta disciplina. Esperamos interagir com você para que nosso curso seja bem sucedido. Na aba lateral deste texto, você encontrará informações complementares aos tópicos de cada módulo. Também estaremos apresentando o perfil profissional da equipe de professores responsáveis e/ ou colaboradores pela construção dos conteúdos desta disciplina e que deverão estudar com você durante este semestre. Aproveite para observar e desenvolver a(s) atividade(s) solicitada(s). Vamos, então, começar a nos interrelacionar! POR QUE ESTUDAR RELAÇÕES INTERPESSOAIS SÓCIO-AMBIENTAIS? As relações interpessoais ocorrem naturalmente nos mais diversificados espaços sociais, tendo início na família, passando pela escola e trabalho até níveis organizacionais mais complexos, como o das relações entre as cúpulas do Governo internacional. Relação familiar (Foto: Paulo Carvalho). Relação escolar (Foto: Suzene I. Silva). Relações de Trabalho (Foto: 2� Capítulo 2. A Sociedade e Suas Relações no Sistema Produtivo 1. Apresentação O capítulo que iremos trabalhar, neste momento, refere-se a uma compreen- são do que vem a ser sociedade e a sua relação com o trabalho. Inicialmente vamos revisar alguns conceitos importantes para a compreensão da socie- dade e seu sistema produtivo, porém vamos procurar nos focar nos problemas mais comuns à realidade da região nordeste do Brasil, de forma a habilitar o Gestor Ambiental a uma atuação contextualizada. Para isto, primeiro vamos definir o termo sociedade e o termo relação e dis- cutir o trabalho no ambiente rural e urbano, bem como as características da sociedade rural e urbana. 2. A sociedade e o trabalho A sociedade do ponto de vista da Sociologia é definida como o conjunto de pessoas que compartilham costumes, ideais e propósitos, que permitem que as pessoas possam interagir constituindo uma comunidade. A sociedade tem sido objeto de estudo das Ciências Sociais (Sociologia). Toda a humanidade pode ser considerada como uma única sociedade. No sentido sociológico, fala-se de sociedade como um sistema funcional abs- trato, sem identificação com um determinado país ou cultura, ou, então, de forma plural, no tempo (sociedade antiga, medieval, moderna, etc.) e no espaço (sociedade brasileira, portuguesa, americana, entre outras). Na Economia, alguns estudiosos, como Karl Marx, admitem que, dentro da sociedade, exista um complexo de fatores que envolvem interações relati- vas ao Direito, à Economia, à Moral e à Religião, entre outros interagindo. O pensamento marxista admite que a posição do indivíduo na sociedade é definida pelo seu papel no sistema produtivo, que, por sua vez, condiciona o seu conjunto de idéias. Como assim, professora? O que é uma relação, o que é um sistema produtivo? Bem, relação é uma palavra que apresenta múltiplos sentidos nas várias ciências e nas diferentes situações do dia-a-dia. Por exemplo, na Ecologia, Marcelle Almeida). Essas interrelações ocorrem em decorrência da tendência à conectividade que é própria do ser humano em relação. As relações são construídas na dependência de inúmeras interações entre os participantes de um grupo ou comunidade, em função de comportamentos e valores que vão se estabelecendo e tomando lugar ao longo das interações. Uma construção em termos de relacionamento é o resultado de interlocuções e outras formas de auto-expressão e intercâmbio que se dão através de gestos, modos de vestir-se e apresentar- se, movimentos corporais, bem como movimentos de aproximação e distanciamento no espaço virtual que se estabelece entre as pessoas. Sendo assim,considerando as diferentes relações a que um Gestor Ambiental estará suscetível a estabelecer, para discutir os problemas e soluções ambientais que o auxiliem na realização de suas atividades, é que essa disciplina foi planejada. 2� ouvimos falar em relações bióticas e energéticas; na Matemática,em rela- ções de dois números ou de duas grandezas; na sociedade,em relações pais e filhos e entre gerações, relações sociais e relações sexuais; no governo, em relações exteriores, relações de trabalho, relações comerciais e relações culturais. Assim, podemos nos perguntar por que tanta variedade no sentido das relações? A explicação pode ser encontrada na própria origem do vocábulo latino, pois o substantivo relação provém do particípio passado do verbo reférre, que é relatum, do qual provém relátio. O prefixo RE indica movimento e repetição. O verbo FERRE tem uma grande gama de significados, como levar, trazer, propor, guiar, encaminhar-se, etc. REFÉRRE significa trazer de novo, resti- tuir, trazer, levar, propor, encaminhar e muitas outras ações. O substantivo relação origina-se do verbo referir e por isso tem tantos sentidos diferentes e palavras correlatas, como: preferência, deferência, inferência, delação, prolação, ilação, relatar, referir, relacionar. Assim, relacionar-se quer dizer referir-se. A relação assume papel decisivo na estruturação do mundo. A relação é o cordão umbilical que prende o homem à terra mãe. É também o canal que faz circular a vida, a energia e os recursos entre a sociedade humana e o meio ambiente. E sistemas produtivos? Já sistemas produtivos são aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território, com foco em um conjunto específico de atividades produtivas e que apresentam vínculos expressivos de interação, cooperação e aprendizagem. O termo sistema refere-se a um conjunto interrelacionado de coisas, liga- das e dependentes umas das outras, todas com sua função determinada, formando uma unidade específica e completa, fechada sobre si mesma. Tudo o que existe dentro de tal sistema possui sua função e não há nada sobrando. Quando trazemos o conceito de sistema para o âmbito social, admitimos a sociedade como sistemas sociais específicos, determinados por diferen- tes fatores que distinguem, dessa maneira, um sistema social do outro. Podemos, assim, considerar a sociedade como uma máquina, onde tudo que existe tem sua função. Ao reconhecer a sociedade como um sistema, admitimos junto o pressuposto de se descrever a sociedade como ela é aqui e agora, no momento presente. Um outro termo utilizado mais recentemente para designar uma sociedade ou um determinado sistema social é a expressão “modo de produção”. O PERFIL DA EQUIPE QUE IRÁ MINISTRAR A DISCIPLINA Suzene Izídio da Silva Bióloga, com mestrado em Botânica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), atuando, principalmente, nas áreas de Botânica Econômica e Fitoquímica. Atualmente é professora e pesquisadora da UFRPE, onde orienta alunos de graduação, de mestrado e de doutorado em estudos de plantas com potencial econômico. Tem vasta experiência em atividades de Extensão, incluindo trabalhos em comunidades rurais e indígenas. A produção de trabalhos científicos encontra-se disponibilizada na Plataforma Lattes do CNPq (www. cnpq.br). 30 uso desse termo está baseado em pressupostos específicos, e um dos prin- cipais é o de que nenhuma sociedade pode existir e se estruturar a não ser a partir de sua sobrevivência, isto é, de sua produção. Ou seja, isto quer dizer que as formações sociais se desenvolvem a partir do modo como se obtêm as condições para viver (comida, bebida, vestimenta, moradia, etc.), já que as condições de sobrevivência representam a característica fundamental de qualquer sociedade. Um outro pressuposto implícito no conceito “modo de produção” é ligado ao histórico do mesmo. Quem usa o conceito “sistema”, restringe-se ao momento atual. Quem usa conceito “modo de produção” admite que, para compreender uma sociedade em sua essência e profundidade, é preciso conhecer as suas origens, isto é, o seu histórico. Vamos, abaixo, comentar um pouco sobre o trabalho e o sistema produtivo no âmbito rural. 2.1. O trabalho no meio rural O trabalho no ambiente social pode ser entendido como qualquer ocupa- ção remunerada através de dinheiro, produtos, mercadorias ou benefícios (moradia, alimentação, roupas, etc.), exercido no ambiente rural, industrial, comercial e domiciliar. O trabalho também pode ser realizado sem que ocorra a remuneração através do dinheiro. O termo trabalho vem do latim opus, operis, que quer dizer trabalho ou ofício. No meio rural, as populações tidas como rurais são as que se localizam nos núcleos de colonização, em pequenas aldeias, roças, sítios, ocorrendo de forma esparsa em zonas de baixa densidade demográfica. A distância e a dificuldade de transporte isolam parcialmente as populações rurais de outros núcleos e dos centros urbanos, mas não impedem que contatos possam ser feitos com certa freqüência. A pecuária e agricultura são os principais sistemas produtivos no meio rural nordestino. Isto, em parte, deve-se às características climáticas da região. No nordeste brasileiro, o principal tipo vegetacional é denominado de caatinga. Esta vegetação é sujeita a um período de estiagem, conhecida como estação seca. Nesta época, a maioria das plantas perde suas folhas. As plantas deste tipo de ecossistema são, em geral, mais baixas que aquelas de ambientes úmidos e existe um extenso pasto nativo. A precipitação anual varia de 250 a 1.100 mm. Já na zona costeira, a vegetação predominante pertence ao domínio atlântico. A precipitação anual varia de 1.200 a 2.500 mm ano, sendo as características Elcida de Lima Araújo Bióloga, com mestrado em Botânica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), atuando, principalmente, nas áreas de Ecologia dos Ecossistemas do Nordeste e de Ecofisiologia Vegetal. Atualmente é professora e pesquisadora da UFRPE, onde orienta alunos de graduação, de mestrado e de doutorado em estudos de Ecologia de Comunidades e Populações Vegetais, Dinâmica de Populações e Ecofisiologia Vegetal. Atualmente é bolsista produtividade em pesquisa do CNPq e sua produção de trabalhos científicos encontra-se disponibilizada na Plataforma Lattes do CNPq (www.cnpq.br). 31 climáticas também favoráveis à agricultura. Atualmente, esta região encon- tra-se densamente povoada, cerca de 15.000.000 habitantes, e predomina o cultivo da cana-de-açúcar (Sacharum sativum L.)(Figura 1). Além da cana-de-açúcar, são também cultivadas, em larga escala, a banana (Musa paradisiaca L.) e o cacau (Theobroma cacao L.). Essa agricultura é com- plementada por outras fruteiras, como manga (Mangifera indica L.), caju (Anacardium occidentale L.) e jaca (Artocarpus integrifolia L.), muito comuns de serem visualizadas nas paisagens nordestinas. Figura 1. Vista de trecho de mata atlântica onde foi estabelecido o cultivo da cana-de-açúcar (Foto: Suzene I. Silva). Já no ambiente rural, as principais culturas são milho (Zea mays L.), fei- jão (Phaseolus vulgaris L.), algodão (Gossipyum hirsutum L.), mandioca (Manihot esculenta Crantz), mamona (Ricinus communis L.) e agave (Agave sisalana L.), além de algumas fruteiras, como a pinha (Annona squamosa L.) e a goiaba (Psidium guajava L.) (Figura 2). Estas culturas são realizadas com a utilização de técnicas rudimentares, pois boa parte dos agricultores não possui equipamentos para trabalhar a terra. O preparo das lavouras é muitas vezes feito com a utilização de enxada. As técnicas de cultivo são rústicas e inadequadas ao tipo de solo e relevo da região, provocando, em poucos anos de exploração, o esgota- mentoda terra. No período da estação seca, a deficiência alimentar é muito grande, com uma grande escassez de alimentos básicos, sendo por isso necessário comprá-los. Grandes áreas são cultivadas com a palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill.) para alimentação de animais. Além disso, muitos se dedi- cam ao trabalho externo à propriedade, através da produção de lenha e carvão. Escreva seu perfil, diga por que escolheu tornar-se um Gestor Ambiental, o que espera encontrar nesta disciplina. Se possível, coloque sua foto e disponibilize este perfil na Plataforma Moodle, no fórum de nossa disciplina, para que todos possam se conhecer. AMBIENTE RURAL Veja, na foto acima, trecho de vegetação de caatinga modificado para a atividade agrícola, um dos principais tipos de trabalho no meio rural (Foto: Suzene I. Silva). A pecuária é outra atividade que marca o trabalho no meio rural. A vegetação herbácea nativa é fonte de alimento para a pecuária (Foto: Edison de Piracicaba, epiazza@terra.com. br) 32 Figura 2. Vista de um cultivo de milho consorciado com feijão em uma área de caatinga de Pernambuco. 2.2 Características da sociedade rural Cerca de 30% da população nordestina encontra-se habitando a zona rural. A sociedade rural nordestina pode ser caracterizada em relação ao seu desen- volvimento econômico. Como a população se distribui de forma esparsa, em pequenos lugarejos, muitos deles, ainda hoje, não têm acesso à utilização de luz elétrica, saneamento básico, serviços escolares adequados, etc., de forma diferente do que ocorre nas sociedades urbanas. Assim, os agricul- tores vivem apenas em função da fazenda e mantêm a tradição da roça de subsistência e do cultivo da lavoura do dono da fazenda, de pai para filho, etc. Ou seja, na sociedade rural, as relações de produção estão, sobretudo, vinculadas ao uso e exploração da terra. Em cidades onde a pobreza é generalizada e o povo vive, principalmente, de escassos produtos produzidos nas fazendas vizinhas, a população, na estação seca, passa a depender de políticas emergenciais que lhe forneçam alimento e água. 2.3 O trabalho no meio urbano O trabalho no meio urbano é caracterizado por uma extrema divisão de tare- fas, traduzida em profissões especializadas marcadas por forte competição. O processo de competição atua como forma de seleção dos indivíduos e de sua inserção no mercado de trabalho. A necessidade de controle nas empresas, na administração pública e nas inumeráveis instituições (esportivas, políticas, profissionais, religiosas, etc.) confere à sociedade urbana um caráter iminen- temente burocratizado. CURIOSIDADE D0 CAMPO Durante muito tempo a população da zona rural utilizou o carro de boi e a tração animal para auxiliar o trabalho agrícola. Esta prática ainda é mantida em várias cidades interioranas. (Foto: Suzene I. Silva) SAIBA MAIS Por que após o nome de plantas e animais aparecem dois nomes escritos em latim? É porque toda espécie tem um nome científico, o qual é escrito em latim. Após o nome da espécie, sempre existe a abreviatura do nome do autor da espécie, porém a população conhece melhor as espécies pelo nome vulgar, sobretudo, aqueles relacionados que são de interesse econômico. 33 No meio urbano, o trabalho é bastante diversificado, envolvendo diferentes linhas de ação nos setores industrial e comercial. Historicamente, o traba- lho urbano é resultado da revolução industrial, representando um marco da indústria capitalista, capitaneada pelo empresário capitalista que foi pouco a pouco concentrando as máquinas, as terras e as ferramentas sob seu controle, convertendo grandes massas humanas em simples trabalhadores sem posses. Assim, o trabalho urbano resultou do processamento de matéria-prima e consumo da mesma (Figura 3), e não de produção, ocorrendo a transfor- mação da atividade artesanal em manufatureira e, por último, em atividade fabril. Figura 3. Mulheres trabalhando em uma indústria têxtil (Fonte: www.pr.gov.br/ipem/Notícias_2006/imagens/Visita_Indústrias_Têxteis). 2.4 Características da sociedade urbana A sociedade urbana concentra-se na cidade, que é tida como um centro de troca, de comércio, de recepção, transformação e armazenamento. Por conta disso, a cidade distanciou-se dos ecossistemas naturais, porque, por definição, tudo que é produto da invenção e engenho humano é artificial, opondo-se, portanto, ao que é natural (Figura 4). PLANTAS DE INTERESSE ECONÔMICO CULTIVADAS O feijão (Phaseolus vulgaris L.), uma das principais espécies cultivadas para alimento e apreciada pela maioria dos brasileiros (Foto: Suzene I. Silva). O milho (Zea mays L.), espécie cultivada em toda América e muito apreciada pelos nordestinos, sobretudo, no período das festas juninas (Foto: Suzene I. Silva). 34 Figura 4. Aspecto de um trecho urbano da cidade de Recife (Foto: Elcida L. Araújo). A cidade tem recebido inúmeras definições as quais refletem os diferentes pontos de vista sobre sua formação ou função social. Alguns urbanistas con- ceituam a cidade dentro de um enfoque estrutural, considerando-a como uma obra de arte sujeita à contínua modificação pelos seres que nela habitam, os quais são considerados seres coletivos. Sob ótica histórica, a cidade pode ser entendida como o produto da evolução de aglomerados nascidos da necessi- dade de autodefesa de grupos sociais. A sociedade urbana apresenta elevada densidade demográfica, diversidade de profissões e desigualdades na distribuição de renda que promovem uma profunda divisão de classes com interesses conflitantes. Os conflitos de clas- ses da sociedade urbana conduziram à formação de grupos de interesse (associações profissionais, sociedades agrárias, etc.). Estes grupos propor- cionaram, mais tarde, a formação de elites representativas das comunidades (sindicato, partido político, raça, etc.). Essas elites lutam entre si, atuando como pivôs de seus respectivos grupos de interesse, conduzindo esses gru- pos a um posicionamento de contínuo conflito na atual organização social urbano-tecnológica. A sociedade urbana, na atualidade, tem passado por um processo de modernização, envolvendo os avanços tecnológicos. Assim, na sociedade tecnológica moderna, o ser humano não vive mais num meio natural, e sim num meio técnico, onde uma rede de máquinas e técnicas apuradas se inter- põe entre o homem e a natureza. O homem explora a natureza, domina-a e utiliza-a para seus fins. Em decorrência da expansão dos recursos técnicos, a estrutura da sociedade tecnológica torna-se mais complexa do que a da sociedade tradicional, outrora vinculada ao meio rural. Quatro fatores contribuíram para essa mudança social tão profunda: a tec- nologia, o avançado sistema monetário e creditício, a crescente divisão do PLANTAS NATIVAS DE INTERESSE ECONÔMICO A Caesalpinia ferrea Mart, conhecida como jucá, é uma árvore da caatinga que é utilizada pela população rural como planta medicinal, sendo também aproveitada em áreas urbanas como uma planta ornamental (Foto: Suzene I. Silva). A Caesalpinia pyramidalis Tul, conhecida como catingueira, é uma árvore muito comum na paisagem da caatinga, sendo sua madeira utilizada pela população para produção de lenha e carvão. Suas flores são apreciadas pelas abelhas e, por isso, os apicultores costumam conservar essa espécie no pasto apícola (Foto: Suzene I. Silva). 35 trabalho e a migração em massa da mão-de-obra do setor primário de pro- dução (agricultura, caça, pesca e mineração) para os setores secundário (indústria) e terciário (comércio, transportes, profissões liberais, etc.). Em conseqüência da ruptura entre as funções de produtor e consumidor, desempenhadas no passado pelos mesmos indivíduos, e da multiplicação artificial das necessidades de consumo (e por isso esse tipo de sociedade é denominado “sociedade de consumo” ), a organização social desdobrou os papéis sociais atribuídosa uma mesma pessoa. Um indivíduo é, ao mesmo tempo, pai de família, empregado de uma fábrica, membro de um clube, filiado a um partido político, sócio de um sindicato, membro de uma igreja, etc. Por conseguinte, os riscos de conflito entre os papéis são muito maiores do que na sociedade tradicional. Acompanhando o desenvolvimento dessa sociedade urbana, instalou-se uma mentalidade sensivelmente diferente daquela que predominava na sociedade rural, ocorrendo uma substituição da tradição por elementos de racionalidade. Na sociedade urbana, costumes e valores tradicionais foram substituídos por uma valorização da instrução formal, que se vincula dire- tamente ao progresso. Como conseqüência de tudo isso, a racionalidade científica desmistificou a ética e a moral tradicional, alterando profunda- mente as crenças religiosas, num processo denominado “secularização”. 2.5 Implicações dos sistemas produtivos no meio rural e urbano Os sistemas produtivos trazem implicações tanto positivas quanto negativas ao meio e à sociedade que nele vive. Desde o princípio da colonização brasileira, a agropecuária é de reconhecida importância para a economia nacional, destacando-se, na História do Brasil, os ciclos da cana-de-açúcar, do algodão e do café, além de outros, como o da mandioca, o do milho e, mais recentemente, o da soja. Para o desenvolvimento da agricultura foi necessária a desapropriação de terras que resultou em modificações das paisagens naturais, redução do tamanho das populações de plantas e de animais e perda de biodiversidade. A modernização da agricultura deu-se com a mecanização e com o aumento do uso de insumos agrícolas, como adubos e defensivos contra pragas. A mecanização e o uso desses insumos geraram problemas, como compac- tação e salinização dos solos, contaminação do ambiente, sobretudo, do próprio solo e dos alimentos cultivados. Se por um lado a agricultura gerou transtornos ao meio ambiente, por outro, proporcionou uma diversificação de alimentos necessários para a sobrevi- A Anadenanthera colubrina (Benth.) Brenam, conhecida como angico de caroço, é uma árvore da caatinga usada há séculos para curtição do couro, devido aos elevados teores de tanino existentes em suas cascas (Foto: Suzene I. Silva). PRODUTOS PROVENIENTES DO TRABALHO ARTESANAL Balaios e cestos que foram confeccionados com caules de gramíneas e cipós da vegetação da caatinga (Foto: Suzene I. Silva). 36 vência da crescente sociedade, bem como geração de renda para melhoria da qualidade de vida, considerando moradia, saúde e educação. Já a indústria e a tecnologia, por sua vez, apesar de gerarem emprego e desenvolvimento social e tecnológico, têm trazido sérias conseqüências ao meio ambiente. Nas cidades, o lixo proveniente das atividades humanas (indústria, comércio, escola, hospitais, residências) tem ocasionado trans- tornos ambientais de grande escala. Hoje, o lixo é um problema social, econômico e ecológico e tem mobilizado a sociedade e o governo para refle- xão, busca de soluções e tomadas de decisões que minimizem os impactos dos resíduos, provenientes do consumo e atividades nos centros urbanos. A evolução dos sistemas produtivos proporcionou uma intensa migração da mão-de-obra da zona rural para a zona urbana, tornando-se um problema social, caracterizado pelo inchamento das cidades e deficiente oferta de emprego. A maciça migração do campo para a cidade gerou um excedente de mão-de-obra de mulheres e crianças que acabaram sendo envolvidas em longas jornadas de trabalho, sem férias nem feriados, ganhando um salário de subsistência. As desigualdades na distribuição de renda e a intensa competição para inser- ção no mercado de trabalho geraram conseqüências visíveis e trágicas, tais como: aumento da prostituição (inclusive infantil), do suicídio, do alcoolismo, da criminalidade, da violência, de surtos de epidemia que dizimaram e dizi- mam parte da população, etc. Embora estes fatos estejam suscetíveis de ocorrerem no meio rural, eles têm sido observados de forma mais contundente nas megametrópoles. Somente nas últimas décadas é que se tem registrado o seu avanço na direção do meio rural. 5. Atividade a ser desenvolvida pelo aluno Caro(a) aluno(a), após leitura do texto abaixo, faça uma reflexão sobre as ações do homem em seu meio de trabalho e escreva sua opinião sobre o texto lido. Coloque a crítica no fórum desta disciplina, na Pataforma Moodle. “Medidas Práticas Rumo a Cidades Mais Saudáveis e a um Meio Ambiente Global mais Limpo David F. Hales - Vice-Administrador Adjunto, Centro de Meio Ambiente Global Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional. Colheres de pau produzidas artesanalmente, a partir da madeira de espécies da floresta atlântica e da caatinga, tais como cedro (Cedrela odorata L.) e imburana de cambão (Commiphora leptophloeos Gillet) (Foto: Suzene I. Siva). PRODUTOS MANUFATURADOS O óleo de pequi é obtido dos frutos do pequizeiro (Cariocar brasiliensis L.), espécie do cerrado brasileiro que ocorre na Chapada do Araripe. O óleo é extraído através do cozimento dos frutos, sendo, posteriormente, envasados. É comercializado tanto para alimentação quanto para fins medicinais (Foto: Suzene I. Silva). 3� Os programas dos Estados Unidos ajudam as cidades de todo o mundo em seu trabalho para a redução da poluição. Um alto funcionário da USAID explica como e por que os Estados Unidos apóiam essas iniciativas. As preocupações com a deterioração das condições ambientais urbanas e suas implicações de longo prazo tornaram-se componente crítico das iniciativas de política externa dos Estados Unidos. As cidades do mundo em desenvolvimento estão crescendo rapidamente. Nessas emergentes áreas urbanas, a velocidade e a escala de crescimento ultrapassaram a capacidade de manutenção de padrões aceitáveis de saúde pública, segu- rança ambiental e crescimento econômico sustentável. Enormes prejuízos na forma de doenças e redução da qualidade de vida afetam os cidadãos dessas cidades. Além disso, essas condições exacerbam os problemas ambientais globais e interpõem ameaças muito reais aos interesses nacio- nais norte-americanos. Os efeitos imediatos sobre as comunidades locais são severos. Alta inci- dência de problemas respiratórios, doenças ligadas às más condições sanitárias e da água e doenças resultantes da exposição a substâncias tóxi- cas reduzem a saúde, o vigor e a dignidade das famílias. A qualidade de vida é reduzida. A capacidade de ganhar a vida é comprometida. As crian- ças aprendem menos, mais devagar e perdem muito da sua escolaridade. Os gastos em assistência médica e remédios são excessivos. A perda de vidas, danos e prejuízos às residências e propriedades são maiores quando atingidas por desastres naturais. Todas as famílias estão em risco, em graus variáveis, mas eles afetam mais severamente as famílias mais pobres, que moram em áreas urbanas superpovoadas e comunidades residentes em terras alheias. As cidades mal administradas contribuem cada vez mais com as severas pre- ocupações ambientais globais. As economias em crescimento necessitam de fornecimentos cada vez maiores de energia e combustível, mas setores energéticos ineficientes e poluentes, má política de transporte e desperdício de energia lançam desnecessariamente grandes quantidades de gases do efeito estufa para a atmosfera. A falta de infra-estrutura ambiental urbana básica na maior parte das cidades do mundo em desenvolvimento canaliza uma torrente de dejetos e esgotos não tratados para os rios, lagos e zonas costeiras, prejudicando os ecossistemas e ameaçando a produtividade e segurança dos corpos d’água. Esses problemas são mais intensos nas cidades em que se originam, mas também prejudicam os interesses norte-americanos de várias e diferentes formas. Os problemas ambientais urbanos minam a expansão econômica sustentável. Economias instáveis podem levar a uma ondacrescente de O óleo de Copaíba é extraído do caule da árvore Copaifera langsdorffii Desf.. Esta espécie ocorre na floresta atlântica e amazônica e seu óleo é comercializado para fins medicinais. (Foto: Suzene I. Silva). COMÉRCIO A feira livre de frutas e verduras é um tipo de atividade do setor de produção primária que ocorre no comércio da sociedade rural e urbana (Foto: Suzene I. Silva). 3� refugiados econômicos. As cidades cada vez mais inabitáveis são mais sus- ceptíveis a agitações sociais e instabilidade política. Fortes correntes novas de doenças “exóticas”, que apareceram primeiramente nas ruas sujas e superpovoadas de cidades mal administradas no exterior, vêm aparecendo, com crescente freqüência, nas comunidades norte-americanas, importadas inadvertidamente por visitantes, viajantes de retorno, ou pelo número formi- dável de refugiados ambientais que abandonam suas cidades cada vez mais inabitáveis. Preocupações humanitárias e a necessidade de proteger os cidadãos dos Estados Unidos motivam o alto interesse deste país em ajudar outras nações a aprimorar a administração do seu crescimento urbano e das suas condições ambientais. Esse esforço de apoio funciona através de diversos canais governamentais, com a USAID manipulando a maior parte das inicia- tivas ambientais urbanas no exterior. ” (Fonte: Revista Eletrônica: Assuntos Globais, março de 2000, volume 5, número 1. http://usinfo.state.gov/journals/ itgic/0300/ijgp/ijgp0300.pdf - acesso 9.06.2007)”. Agora, caro(a) aluno(a), identifique os principais problemas do sistema pro- dutivo de seu município, apresentando os mesmos no fórum desta disciplina, na Plataforma Moodle, para uma maior discussão. AMBIENTE URBANO Vista de um aspecto de um centro urbano na sociedade rural. Observe que os elementos presentes no ambiente da cidade no meio rural são menos complexos que os do meio urbano. As famílias moram em casas e não estão submetidas a um tráfego intenso em suas ruas (Foto: Suzene I. Silva). Já na sociedade urbana, as cidades são marcadas pela presença de um complexo conjunto de edifícios e o tráfego é intenso. Estes são fatores que afetam tanto o ambiente quanto o comportamento social das pessoas nas cidades (Fotos: Elcida L. Araújo e Elba M.N. Ferraz). 3� 6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ÁVILA-PIRES, F. 15�p. Princípios da ecologia humana. Editora da Universidade. Porto Alegre. BARBIERI, J.C. 1997. Desenvolvimento e Meio Ambiente: as estratégias de mudança da AGENDA 21. Rio de Janeiro, Ed. Vozes. BOCK, A.; BAHIA, O. 2000. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. 1 ª ed. Saraiva, São Paulo. BRAGHIROLLI, M. E.; BISI, G. P.; RIZZEN, L. A.; NICOLETTO, U. 2000. Psicologia Geral. 1ª ed. Vozes, Petrópolis- RJ. CAMPBELL, B. 1983. Ecologia Humana. Edições 70. Lisboa. 260p. DIAS, G.F. 1992. Educação Ambiental: princípios e práticas. Ed. Gaia, São Paulo. HALL, C.S; LINDZEY, G. 1���. Teoria da Personalidade SP, EPU. RICKLEFS, R. E. 1996. A economia da natureza. 3a. ed. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 469p. ROGERS, C. 1���. Psicologia e pedagogia sobre o poder pessoal. São Paulo, Martins Fontes, 3ª ed. ZIMERMAN, D.; OSÓRIO, L. C. 1���. Como trabalhamos em grupo. 1 ª ed. Artes-Médicas, Porto Alegre. Disciplina: Fundamentos da Geologia Módulo 1 Geologia É a ciência que estuda a evolução e a constituição da Terra. A Geologia se divide em Geologia Física e |Geologia Histórica. A Geologia Física estuda o subsolo da Terra e analisa as transformações provocadas pelos agentes internos e externos do relevo. A Geologia Histórica, representada pela Paleontologia, estuda o desenvol- vimento dos vegetais e animais,através dos fósseis, e a Estratigrafia, que estuda a seqüência das rochas no tempo. 1.2 Origem da Terra Muitos cientistas e físicos, ao longo do tempo, têm formado teorias para explicar a origem da Terra. Os mais notáveis físicos são de acordo com uma teoria, que é a que se segue: 1. Há cerca de 4,6 bilhões de anos, originou-se primeiro o sol através de uma densa nuvem de poeira e gás que se contraiu, formando não só o sol, mas outros planetas. 2. Com a radioatividade das rochas, algumas partes da Terra se derreteram. O níquel e o ferro se fundiram, formando o núcleo, enquanto, na superfície, ficou um oceano de rochas incandescentes. 3. A Terra primitiva sofreu um resfriamento, os vulcões entraram em erupção, emitindo gases que formaram a atmosfera, por sua vez originando matéria orgânica e água. 4. Há cerca de 3,5 bilhões de anos, grande parte da crosta terrestre já estava formada, mas bem diferente da atual. Para a formação atual, continentes e ilhas, foram necessários milhões de anos, pois, por volta de 3,5 bilhões de anos atrás, a Terra estava dividida em um só continente. A Figura 1.1 apresenta algumas etapas da História da Terra. A ilustração representa as transformações ocorridas na formação do Planeta: o surgi- mento dos continentes, a evolução das células, o surgimento dos mamíferos, das aves e do homem. 44 FIGURA 1.1: História da Origem da Terra Fonte: Universidade de Coimbra (2002) 1.3 Escala Geológica do Tempo O que pensaria uma borboleta, que possui uma vida de apenas um dia, sobre uma sequóia que perdura por milhares de anos? Provavelmente acreditaria que a sequóia esteve sempre ali, imutável, estática e sem vida. Já um outro observador, de vida mais longa, poderia acompanhar diversas etapas da vida da sequóia, ver seu nascimento e seu crescimento, apenas porque vive em uma escala de tempo mais compatível com as taxas dos processos vitais dessa árvore. Nós, humanos,estamos para a Terra, assim como a borboleta está para a sequóia, ou seja, de modo geral, não somos capazes de abstrair o significado da escala de tempo dos processos geológicos. O intervalo de tempo que compreende toda a história da Terra, desde sua formação até o período atual, é o que denominamos de Tempo Geológico, isto é, o Tempo Geológico que corresponde aos 4,6 bilhões de anos da Terra. Para se entender a estrutura da Terra é necessário, também, o conhecimento do tempo geológico. A Escala Geológica do Tempo está dividida em Eons que se dividem em Eras, que se dividem em Períodos, e estes se dividem em Épocas (ver Figura 1.2). 45 Era Pré-cambriana A primeira Era, chamada Pré-cambriana, divide-se em três períodos: Azóica: por volta de 4,5 bilhões de anos atrás. Este período é marcado pela não existência de vida e durou bilhões de anos. Arqueozóica e Proterozóica: nestes períodos passaram a surgir os seres unicelulares e invertebrados (algas e bactérias). Formação das rochas magmáticas. Existência de dois continentes: Árqueo-ártico e Indo-afro-brasileiro. Era Paleo zóica A Era Paleozóica está dividida nos períodos: Permiano, Carbonífero, Devoniano, Siluriano, Ordoviciano e Cambriano. Nestes períodos, houve a existência de rochas sedimentares e metamórfi- cas. Existência de cinco continentes: Indo, Afro, Brasileiro (Gondwana), Terra Canadense e Terra Siberiana. Surgiram os peixes e os primeiros répteis. Era Mesozóica A próxima Era foi a Mesozóica, dividida pelos períodos Cretáceo, Jurássico e Triássico. Surgiram mamíferos e aves, répteis gigantescos (dinossauros), grandes florestas e rochas sedimentares e vulcânicas. Era Cenozóica Nesta Era existem dois períodos, Terciário e Quaternário. O período Terciário tem cinco épocas: Plioceno, Mioceno, Oligoceno, Eoceno e Paleoceno. Neste período, houve o desenvolvimento dos mamí- feros e fanerógamos. Os répteis gigantes foram extintos. Formaram-se as bacias sedimentares. No período Quaternário, existem duas épocas: Holoceno e Pleistoceno. Houve, neste período, a glaciação no hemisfério norte, delineamento dos atuais continentes, formação das bacias sedimentares recentes, apareci- mento do homem. » » 46 EON ERA PERÍODO ÉPOCA Fanerozóico Cenozóico Quaternário Pleistocênico Holocênico Pleistocênico Terciário Neogênico Pliocênico MiocênicoPaleogênico Oligocênico Eocênico Paleocênico Mesozóico Cretácico Jurássico Triásico Paleozóico Pérmico Carbônico Devônico Silúrico Ordovícico Câmbrico Pré-câmbrico FIGURA 1.2: Tempo geológico. Na Figura 1.3, é apresentado o tempo geológico e variações do nível do mar durante o Cenozóico. Estas informações são importantes e utilizadas no estudo da Estrutura da Terra. Este tipo de informação está sendo utilizado em estudos de mudanças climáticas, onde a variação do nível do mar é asso- ciada ao Aquecimento Global, conseqüentemente, às mudanças na Estrutura do Planeta. Figura 1.3: Tempo geológico e variações do nível do mar durante o Cenozóico. Fonte:CENPES/PETROBRAS - Tecnologia de Rochas (modificado). 4� Estrutura da Terra 2. Estrutura da Terra A Terra é constituída por materiais sólidos, líquidos e gasosos, que se acham dispostos em camadas concêntricas. De dentro para fora, as camadas da estrutura da Terra são: Núcleo ou Barisfera; Manto; Sima ou Sial que forma estrutura interna; Litosfera; Hidrosfera; Atmosfera. 2.1 Estrutura Interna Considera-se que o planeta Terra tenha-se formado no interior de uma nebu- losa solar quente (composta por gases e sólidos na forma de poeira), a partir de componentes químicos mais refratários, que se condensaram em temperaturas muito altas. Assim, os elementos químicos mais abundantes do planeta são bastante restritos, a saber: Ferro (que pode existir como metal, óxido, ou silicato, ou sulfeto), Oxigênio (geralmente, combinado com outros elementos, especial- mente com o silício), Silício, Magnésio (geralmente como óxido ou silicato), Níquel (como liga junto ao ferro, silicato junto ao magnésio, ou sulfeto junto ao ferro), Enxofre (nos sulfetos), Cálcio (como óxido ou silicato) e Alumínio (como óxido ou silicato). Estes oito elementos, juntos, compõem cerca de 90% da massa do nosso planeta. A estrutura interior da Terra é formada por três camadas principais: camada externa (crosta terrestre) manto (ou camada intermediária) o núcleo » » » » » » » » » 4� Figura 2.1: estrutura interior da Terra Núcleo ou barisfera (bari = pressão) Parte mais interna do planeta. Pode ser dividida em núcleo externo e interno. O núcleo externo comporta-se como líquido. Apesar de sua composição metá- lica, admite-se que seus componentes estão em estado de fusão. Estende-se de 2.�00 km até 5.100 km. O núcleo interno vai desde 5.100 km até o centro da Terra. O núcleo da Terra é constituído por ferro e níquel. A temperatura atinge a 4.000/5.000 C. Manto ou pirosfera (piro = fogo) Trata-se de uma camada intermediária situada acima do núcleo. Tem uma espessura aproximada de 2.�00 km, sua composição é de rochas ultrabási- cas. Boa parte dos fenômenos que afetam a crosta terrestre tem origem na parte superior do manto. O Magma é uma matéria em estado de fusão (pastoso), que constitui boa parte do núcleo e do manto. FIGURA 2.2: estrutura concêntrica da Terra. O centro fica a uma pofundidade de 6.400 km. O manto extende-se em torno de 2.900 Km. A crosta é pouco expessa: 5-10 km nos oceanos e 30-�0 km nos continentes 4� Crosta terrestre Representa apenas 1% da massa do planeta. Sua origem ocorreu a par- tir do resfriamento do magma, sendo, portanto, a camada superficial. Podemos dividir a crosta terrestre (litosfera) em três camadas diferentes: camada sedimentar superficial: constituída por rochas sedimentares que, em certos lugares, pode atingir vários metros de espessura, já em outros desaparece. camada granítica intermediária: é constituída por rochas cuja com- posição é semelhante ao granito. Esta camada também é chamada de Sial. camada basáltica inferior: é bastante semelhante ao basalto. É tam- bém chamada de Sima. 2.2 Estrutura Externa É formada pela Biosfera. A Biosfera (bio = vida), a nossa “esfera de vida”, é o ambiente onde vivemos, onde a vida surge e se mantém, brotando dos solos, penetrando nas águas e flutuando no mar. Ela é formada por três grandes porções: Litosfera, Hidrosfera e Atmosfera. Litosfera (lito = pedra) ou crosta terrestre é formada por rochas e minerais. As montanhas, os desertos, as planícies, outras áreas de terra firme e até alguns quilômetros abaixo da superfície do solo fazem parte da litosfera. É todo estrato e substrato rochoso, que constitui o relevo submarino e os con- tinentes e ilhas. Nossas riquezas naturais (ex: ouro, ferro, alumínio, petróleo, etc.) e outras matérias-primas, para diversos fins, nas indústrias, são retira- das desta porção. FIGURA 2.3: A Terra considerando apenas a Litosfera. » » » 50 Hidrosfera (hidro = água) é formada por grandes quantidades de água na forma líquida: os rios, lençóis de água subterrâneos, lagos e oceanos. Esta porção fornece a água de que tanto precisamos. A hidrosfera apresenta, também, água no estado sólido (gelo), localizada nas regiões, onde a tempe- ratura é abaixo de zero grau Celsius, como nos pólos. Atmosfera (atmo = gás, vapor) é uma grossa camada de ar que abriga as nuvens e dá calor ao céu. Fornece o ar que respiramos e atua como um “cobertor”, protegendo e cobrindo a Terra. FIGURA 2.4: A Terra considerando a Litosfera, Hidrosfera e Atmosfera. No entanto, o ar, a água e o solo não são suficientes para nos manter vivos. Há outros fatores importantes para a vida, como a temperatura, a luz, a salinidade, a pressão, etc. É importante saber que a quantidade de cada um desses fatores e o tempo de exposição aos mesmos variam em cada ambiente da Terra, proporcionando as mais variadas formas de vida. É só imaginar os animais ou plantas que vivem em um deserto e compará-los com os que vivem nas florestas, que você notará grandes diferenças de hábitos e características. Os líquidos produzidos (ou seja, os magmas) migram e consolidam-se como componentes da crosta terrestre. Como compensação do processo de ascen- são do material quente e menos denso, ocorre descida de material mais frio e mais denso que retorna, ao interior da Terra, parte dos componentes mate- riais da crosta e do manto superior raso. Os movimentos tridimensionais de ascensão e descida de matéria rochosa podem abranger toda a extensão do manto, como deve ocorrer, por exemplo, embaixo da ilhas Havaí,no meio do Oceano Pacífico, ou podem envolver apenas a parte do manto raso, como deve acontecer embaixo do Oceano Atlântico. Os movimentos de fluxo térmico e materiais verticais são acompanhados por movimentos laterais que movimentam as placas litosféricas, que consti- tuem os diversos segmentos da crosta da Terra (Figura 2). Esta diferenciação secundária começou logo após a diferenciação primária da Terra, e continua até hoje. 51 FIGURA 2.5: Movimentos de fluxos Térmicos Dinâmicos Assim, tanto o manto quanto a crosta terrestre representam sistemas quími- cos dinâmicos. Por enquanto, não se sabe se o núcleo pode representar um sistema fechado, que não interage quimicamente com as outras camadas do planeta, ou se existe troca de componentes químicos com o manto, acompa- nhando a evolução dinâmica da Terra. 2.3 Agentes Estruturais As modificações que ocorrem no relevo terrestre têm origem na ação de poderosas forças que podem vir do interior, como da própria superfície do planeta. Estas forças são chamadas de agentes do relevo. Os agentes do relevo, dependendo da origem, podem ser: internos ou estruturais, pois modificam a superfície, alterando a sua estrutura.Estes agem esporadicamente, mas com grande intensidade. São causados pelos movimentos da tectônica de placas. externos ou esculturais, pois modificam a superfície sem alterar a sua estrutura. Estes são de menor intensidade, mas atuam com mais fre- qüência. Falaremos um pouco sobre os agentes estruturais. Tectônica de placas Atualmente a Crosta da Terra está dividida em doze placas tectônicas. A pala- vra tectônica vem do radical grego tektoniké, que significa arte de construir. Esta teoria tem por objetivo demonstrar que a crosta terrestre se movimentasobre o magma. » » 52 As Placas Tectônicas movimentam-se em diversas direções, numa veloci- dade de poucos centímetros por ano. Elas podem-se agrupar (colidindo entre si) ou quebrar em pedaços. As placas continentais (mais leves) flutuam sobre as oceânicas (mais pesadas) e, assim, os continentes são “carregados” sobre os oceanos, como se fossem objetos em uma esteira rolante. Essas placas acabaram por se “chocar” em certos pontos, fazendo alterações no relevo ao longo de milhares de anos. Tectonismo pode ser dito como os movimentos longos e prolongados da crosta terrestre, em virtude dos movimentos das placas tectônicas. FIGURA 2.6: Mapa Múndi com a distribuição dos continentes, das placas tectônicas (limites em azul), vulcões (triângulos vermelhos) e terremotos (pontos amarelos). Fonte: National Aeronautics and Space Administration (NASA) 2.4 Mapeamento Geológico Em um mapeamento geológico, tem- se por objetivo: determinar os conjuntos litológicos por meio de técnicas de campo da estratigrafia, geologia estrutural e petrografia, com o apoio de técnicas e dados do sensoriamento remoto, microscopia ótica, geocronologia, geoquímica e geofísica; estabelecer o empilhamento e o arranjo lateral dos conjuntos litológicos em unidades, com hierarquia estratigráfica; identificar a distribuição espacial e relações cronoestratigráficas das rochas; descrever o acervo estrutural e metamórfico dos conjuntos litológicos; descrever as ocorrências e depósitos minerais, destacando seus con- troles lito-estruturais,como base para avaliação do potencial mineral da área; interpretar a evolução geológica da região. » » » » » » 53 FIGURA 2.7: mapa geológico do Brasil Escala 1: 2.500.000 Fonte CPRM (2004) Disciplina: Expressão Gráfica Aplicada Módulo 1 5� Expressão Gráfica para Gestão Ambiental 1. Desafio SEMANA 1 A expectativa social lança sobre o Gestor Ambiental uma função por exce- lência que é, acima da importância de todas as outras, a educação pública para o bom convívio com o meio ambiente e demais indivíduos. Nessa pers- pectiva, o Gestor Ambiental chama para si o compromisso de informar e formar cidadãos conscientes de sua responsabilidade com a terra-pátria. Para sensibilizar as pessoas de seu papel na sustentabilidade do planeta, o Gestor Ambiental precisa ter domínio do vocabulário de vida dessas pes- soas às quais se dirige, ao transmitir uma mensagem, uma informação. Não é apenas uma questão de falar o idioma de uma população; existem aspec- tos específicos da linguagem nos diversos âmbitos do intercâmbio social. A estética dos adultos não é a mesma dos adolescentes; profissionais da medicina têm hábitos de linguajar distintos daqueles da informática; o voca- bulário de uma mesa de bar pode não ser adequado a uma sala de aula, que, por sua vez, usa um repertório oral inapropriado para um texto filosófico bem escrito. É preciso ser “poliglota”, mesmo dentro da própria cultura. Querer dizer é o ponto de partida, mas, se a partida fosse suficiente, não haveria o drama da chegada. Partir é necessário, porém não basta: a reali- zação de uma chegada eficiente é o desejo que imagina, antecipa e justifica todo ato de partir, sair de si, tecer contatos com os demais. Somos o con- junto dos laços que construímos com os outros. Ao receber uma mensagem, qualquer pessoa experimenta diante de si um convite a ter algo em comum. Portanto, não basta querer dizer; é preciso saber o que dizer, e também quando (por que e para que), e onde, e como, e com que irá realizar a proeza, quase mágica, de tornar algo comum a outro, no sucesso de com- preender e de se fazer compreender. Como Gestor Ambiental e, acima de tudo, Educador Ambiental, você preci- sará conhecer bem os modos de vida e linguagem das pessoas com quem estabelecerá vínculos comunicativos. Será você o responsável por propiciar lugares e momentos destinados à convergência harmônica da diversidade de valores, idéias, crenças e opiniões de seu público-alvo acerca do mundo ao redor, cada vez mais complexo. Lidamos com informações de diversas naturezas: sonoras, visuais, gustativas, olfativas, textuais, etc. Dentre elas, a visualidade é uma das mais solicitadas no cotidiano, e não apenas hoje 5� nos circuitos teledigitais, mas desde sempre, desde as cavernas. Saber dizer visualmente requer aprendizado e prática constantes, assim como qualquer outro sistema comunicativo. Esta disciplina de Expressão Gráfica é destinada à construção desse conhe- cimento: os fundamentos da comunicação visual. Aqui você terá disponível o período de seis semanas para efetivar algumas tarefas, mediante as quais seu conhecimento de comunicação visual será estabelecido e, naturalmente, apreciado pelos formadores autorizados a qualificar o grau de conquista de sua construção. Serão seis desafios ou tarefas dimensionados para realiza- ção semanal; seis tarefas totais, portanto. Todas programadas em cadeia, ou seja, a adequada conclusão dos sucessivos desafios demanda a boa conclu- são dos precedentes, em pré-requisito rigorosamente linear. Nesta semana inaugural, você freqüentará os primeiros conceitos da comu- nicação visual, os princípios e elementos compositivos de sua linguagem, bem como os fundamentos do projeto gráfico e fechamento de briefing e pes- quisa do público-alvo. Tomando como aceitável a máxima dos escolásticos medievais, que diziam que “tudo que é digno de ser feito é digno de ser bem feito”, é crucial compreender que a qualidade dos resultados das demais tarefas desta disciplina dependerá da mais dedicada e adequada conclusão desta primeira tarefa: definir o conteúdo de sua mensagem e conhecer seu público-alvo. Somente assim você estará apto a proceder numa análise grá- fica (ler imagens), projetar uma peça gráfica (por ex.: um panfleto ou cartaz) e planejar os recursos visuais de uma aula de Educação Ambiental. Essas decisões são cumulativas e devem, desde já, ser pensadas com seriedade. Seja realista em sua pesquisa. O exemplo do relatório final desta pesquisa será demonstrado no estudo de caso que segue. 2. Etapas 1. Comunicação visual: o que é comunicação / as funções da linguagem/ comunicação visual / a linguagem visual. 2. Linguagem visual: aparato comunicativo / princípios de composição / ele- mentos compositivos do projeto visual. 3. Projeto gráfico: levantamento das necessidades / determinação do pro- blema / definição de público-alvo / pesquisa de campo e fechamento de briefing e relatório de público-alvo. a) 5� 2.1. A comunicação visual Comunicar significa pôr em comum; partilhar experiências, sentimentos, pen- samentos; confrontar idéias, desejos, valores e crenças; entrar em acordo promovendo compreensão mútua. A sociedade humana se forma, neces- sariamente, mediante essa “praça” chamada comunicação. Sem ela não há possibilidade de convivência. O isolamento faz murchar a vida humana, ou, ainda, inviabiliza em definitivo sua permanência. Sociabilização é, por- tanto, a primeira característica do ato de comunicar, tornar algo acessível a outros. A segunda característica é a Troca ou Transferência. Cada vivência que adquirimos é oferecida como atitude relativamente eficiente acerca do con- tato necessário que temos com o entorno. Nenhum humano começa sua vida exatamente em grau zero de inexperiência. Desde pequeno, cada um de nós vai recebendo dos adultos aquelas instruções tidas como bem-suce- didas sobre os aceitáveis comportamentos de autopreservação. A terceira característica é a Influência. A capacidade de impor ou conquis- tar o respeito e confiança dos outros integrantes de nosso circuito social é prerrogativa determinante de sobrevivência. A hierarquia de influências ou persuasões é forçosa no sentido de garantir a aceitação mútua das tomadas de decisão. Enfim, ao estabelecer comunidade (o social), ao garantir a transferência de experiências (a troca) e ao conquistar a confiança alheia pela persuasão (a influência), dá-se cumulativamente
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