Buscar

Revisão Direitos Humanos PCPR

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 70 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 70 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 70 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
1 
 
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
DELEGADO DE POLÍCIA 
PCPR 
 
Vívian Cristina 
. DEZEMBRO/2020 
 
 
 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
2 
 
VÍVIAN CRISTINA MARIA 
SANTOS 
Graduada em Direito pela 
Universidade Estadual de Montes 
Claros. Advogada. Mestre em 
Direito pela Universidade de 
Coimbra, Portugal. Autora de 
artigos publicados em revistas 
jurídicas e periódicos. Coautora da 
obra “Nova Lei de Adoção Comentada”. Professora em cursos 
de graduação e pós-graduação. Professora de Direito 
Constitucional e Direitos Humanos em preparatório para 
concursos. 
 
Contato: vicristinasantos@gmail.com 
Instagram: @humanizandodireitos 
Telegram: https://t.me/humanizandodireitos 
WhatsApp: http://bit.ly/contatohd 
 
 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO! NÃO COMPARTILHE MATERIAL. 
VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS É CRIME. NÃO 
COLOQUE SUA NOMEAÇÃO EM RISCO! 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
https://www.instagram.com/humanizandodireitos/?hl=pt-br
https://t.me/humanizandodireitos
http://bit.ly/contatohd
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
3 
NOÇÕES GERAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
 
1. Conceito 
 Segundo André de Carvalho Ramos, os direitos humanos “consistem em um 
conjunto de direitos essenciais a uma vida digna. As necessidades humanas 
variam, e de acordo com o contexto histórico de uma época, novas demandas 
sociais são traduzidas juridicamente e inseridas na lista dos direitos 
humanos.” 
 Apesar de alguns autores entenderem que não há distinção entre as expressões 
direitos humanos e direitos fundamentais, a doutrina majoritária faz a diferenciação 
entre elas. 
 Assim, não obstante, muitas vezes, a expressão direitos humanos ser utilizada 
para se referir às normas de proteção da ordem jurídica interna, tecnicamente, essa 
referência não é correta. Os direitos protegidos no âmbito interno são os direitos 
fundamentais. Devemos usar o termo direitos humanos para nos referirmos a 
proteção internacional de tais direitos, que ampliou a proteção prevista na ordem 
interna. 
 
2. Terminologia, amplitude, fundamento e conteúdo 
 
 É importante distinguir a expressão direitos humanos de outras expressões que 
podem ser utilizadas pela doutrina, pela jurisprudência e nos próprios textos 
internacionais. Segundo André de Carvalho Ramos e Valério Mazzuoli, temos as 
seguintes expressões: 
Direitos das pessoas
Direitos fundamentais
Direitos humanos
Ordem interna
(estatal)
Ordem internacional
(sociedade 
internacional)
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
4 
Direito natural: é uma expressão que denota o reconhecimento de direitos 
inerentes à natureza humana. Conforme André de Carvalho Ramos, é um 
conceito ultrapassado diante da constatação da historicidade dos direitos 
humanos. 
Direitos do homem: também é uma expressão de cunho jusnaturalista 
referente aos direitos naturais (não escritos, não positivados) aptos à proteção 
global do homem e válidos a qualquer tempo. É difícil encontrarmos exemplos 
na atualidade, visto que, os direitos estão escritos em algum documento. Para 
o STF, o direito à fuga e o direito à autodefesa são exemplos de direitos 
naturais. Existe ainda uma crítica em relação a essa expressão, ligada à 
determinação de gênero que faz em relação ao “homem”, sugerindo uma 
eventual discriminação quanto aos direitos da “mulher”, reforçando o seu 
desuso na atualidade. 
Direitos individuais: é uma terminologia considerada excludente porque 
apenas considera os direitos de primeira geração ou dimensão, deixando de 
fora os demais direitos. 
Liberdades públicas: também é uma expressão criticada por tratar apenas 
dos direitos civis e políticos (primeira geração), não abrangendo os direitos 
sociais, econômicos e culturais e nem os direitos difusos. É uma terminologia 
mais utilizada pela doutrina francesa. 
Direitos públicos subjetivos: é o conjunto de direitos que limita a ação 
estatal em benefício do indivíduo. O termo foi utilizado pela Escola Alemã de 
Direito Público do século XIX, sugerindo direitos contra o Estado (portanto, 
também deixaria de fora as outras dimensões de direitos). 
Direitos fundamentais: é um termo que se refere aos direitos garantidos nas 
Constituições dos Estados, limitados no tempo e no espaço. Por exemplo, 
nossos direitos garantidos na Constituição Brasileira de 1988, que apenas são 
válidos no território brasileiro, a partir desta Constituição. 
Direitos humanos: como já vimos, são os direitos protegidos em normas 
internacionais, especialmente em tratados internacionais. Nas palavras de 
Mazzuoli: “Trata-se, em suma, daqueles direitos que já ultrapassaram as 
fronteiras estatais de proteção e ascenderam ao plano da proteção 
internacional.” 
 Se pensarmos em termos de amplitude, podemos constatar que os direitos 
humanos são mais amplos que os direitos fundamentais, já que, podem ser 
reivindicados por qualquer pessoal em qualquer condição, desde que esteja no 
território de um país que reconheça normas internacionais de proteção. 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
5 
 Já os direitos fundamentais são mais restritos, pois, só valem no território do 
país onde estejam previstos (e nem todos valem para todas as pessoas). Ex.: os 
estrangeiros não podem votar, no Brasil. 
 Os direitos humanos retiram o seu fundamento da dignidade humana. 
Podemos entender a dignidade como a qualidade intrínseca que se atribui a 
cada pessoa pelo simples fato de existir. Conforme previsto no artigo 1.º da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todas as pessoas nascem livres 
e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem 
agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.” 
 A característica marcante do conteúdo dos direitos humanos é a 
indivisibilidade. Significa que os direitos civis e políticos não sobrevivem sem os 
direitos sociais, econômicos e culturais e direitos difusos, e vice-versa. 
3. Fundamentação filosófica 
 André de Carvalho Ramos apresenta uma breve síntese das tentativas de 
fundamentação dos direitos humanos. A fundamentação pode ser entendida como 
as razões que legitimam o reconhecimento dos direitos humanos. Podemos 
classificar as teorias acerca da fundamentação filosófica em três principais 
correntes: negacionistas, jusnaturalistas e positivistas. 
 A corrente jusnaturalista sustenta que há normas anteriores e superiores ao 
direito estatal posto. Um dos grandes representantes do direito natural de 
inspiração divina é São Tomás de Aquino. 
 Também os iluministas, principalmente Locke e Rousseau, retomam o 
racionalismo e o individualismo, trazendo a razão como fonte de direitos inerentes 
ao ser humano. 
 A corrente positivista, que se desenvolveu ao longo dos séculos XIX e XX, 
trouxe a ideia de um ordenamento jurídico produzido pelo homem, através do 
conceito da pirâmide da hierarquia das leis. No topo da pirâmide, está a 
Constituição, pressuposto de validade de todas as demais normas do ordenamento. 
Os direitos humanos foram inseridos na Constituição, adquirindo status normativo 
superior. 
 Como relembra André de Carvalho Ramos, “o exemplo nazista mostra a 
insuficiência da fundamentação do direito posto dos direitos humanos”. 
 Nota-se o conflito entre jusnaturalistas e positivistas. 
 Importante ainda mencionar a fundamentação moral. O conceito de direitos 
morais, aprofundado por Ronald Dworkin, “consiste no conjunto de direitos 
subjetivosoriginados diretamente de valores (contidos em princípios), 
independentemente da existência de prévias regras postas.” 
 
 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
6 
4. Características (tópico não expresso no edital) 
 Conforme Valério Mazzuoli, considerando a sua titularidade, natureza e 
princípios, é possível apresentar as seguintes características dos direitos humanos: 
➢ Historicidade 
➢ Universalidade 
➢ Essencialidade 
➢ Irrenunciabilidade 
➢ Inalienabilidade 
➢ Inexaurabilidade 
➢ Imprescritibilidade 
➢ Vedação do retrocesso (efeito cliquet) 
 
 Características contemporâneas dos direitos humanos 
 
✓ Indivisibilidade 
✓ Interdependência 
✓ Interrelacionariedade 
 Na visão de André de Carvalho Ramos, são marcas distintivas dos direitos 
humanos: 
 Universalidade – são direitos de todos 
 Essencialidade – são valores indispensáveis que devem ser protegidos por 
todos 
 Superioridade normativa ou preferenciabilidade – são superiores em 
relação às demais normas 
 Reciprocidade – são direitos de todos e não sujeitam apenas o Estado e os 
agentes públicos, mas toda a coletividade 
 
 
5. Gramática dos direitos humanos e interpretação conforme os direitos 
humanos (tópico não expresso no edital) 
 É o estudo das normas internacionais de proteção dos direitos humanos 
com o objetivo de guiar o aplicador do direito à solução adequada, em especial 
no plano interno. 
Sistema global (da ONU) e dos sistemas regionais (europeu, americano e africano) 
de proteção dos direitos humanos, bem como os mecanismos específicos de 
proteção, previstos ou não tem tratados internacionais. 
“Cultura de direitos humanos”. 
Interpretação conforme os direitos humanos 
Princípio pro homine ou pro persona 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
7 
6. Classificação dos direitos humanos (tópico não expresso no edital) 
6.1 Gerações de direitos humanos 
 O primeiro a falar em gerações foi Karel Vasak, jurista de origem tcheca, 
naturalizado francês, em 1979, que em uma conferência proferida no Instituto 
Internacional de Direitos Humanos de Estrasburgo (França), comparou as 
gerações à bandeira francesa e ao lema da revolução. O azul seria a liberdade, o 
branco a igualdade e o vermelho, a fraternidade, ou solidariedade. No Brasil, o 
constitucionalista Paulo Bonavides é uma das grandes referências no estudo das 
gerações dos direitos fundamentais. 
 Assim, a primeira geração ou dimensão, são os direitos de liberdade, os 
direitos individuais, civis e políticos, que têm como marco as revoluções liberais do 
século XVIII na Europa e Estados Unidos. Também conhecidos como direitos de 
defesa. Temos como exemplos: vida, liberdade, segurança pessoal e dos bens, 
propriedade. Em regra, são as prestações negativas, nas quais o Estado deve 
proteger a esfera de autonomia do indivíduo. No entanto, como ressalta André de 
Carvalho Ramos (ACR): “O papel do Estado na defesa dos direitos de primeira 
geração é tanto o tradicional papel passivo (abstenção em violar os direitos 
humanos, ou seja, as prestações negativas) quanto ativo, pois há de se exigir ações 
do Estado para garantia da segurança pública, administração da justiça, entre 
outras.” 
 A segunda geração ou dimensão, os direitos de igualdade, são os direitos 
sociais, econômicos e culturais. Na visão de ACR, “representa a modificação do 
papel do Estado, exigindo-lhe um vigoroso papel ativo, além do mero fiscal das 
regras jurídicas. Esse papel ativo, embora indispensável para proteger os direitos 
de primeira geração, era visto anteriormente com desconfiança, por ser 
considerado uma ameaça aos direitos dos indivíduos.”. Contudo, sob a influência 
das doutrinas socialistas, percebeu-se que a efetiva concretização dos direitos 
exige um papel ativo do Estado, que assegure uma condição material mínima 
de sobrevivência. 
 Têm caráter coletivo e se concretizam, em sua maioria, a partir da atuação 
positiva do Estado. São frutos das lutas sociais na Europa e Américas, possuindo 
como marcos a Constituição mexicana de 1917 (que trouxe o direito ao trabalho 
e à previdência social), a Constituição de Weimar de 1919 (que estabeleceu os 
deveres do Estado na proteção dos direitos sociais), e no Direito Internacional, o 
Tratado de Versalhes, de 1919, que criou a Organização Internacional do 
Trabalho, reconhecendo direitos dos trabalhadores. Podemos mencionar como 
direitos sociais: saúde, educação, trabalho, cultura, lazer etc. (Obs.: no Brasil, a 
Constituição de 1934 é o grande marco da proteção desses direitos). 
 A terceira geração ou dimensão são os direitos de fraternidade, ou 
solidariedade, de titularidade coletiva, chamados direitos difusos ou metaindividuais 
(século XX). São direitos de toda a humanidade, oriundos da constatação da 
vinculação do homem ao planeta Terra, com seus recursos finitos, divisão desigual 
de riquezas e ameaças à sobrevivência humana. Citem-se como exemplos: meio-
ambiente, patrimônio histórico, direitos da criança e do adolescente, direito dos 
idosos, direito à paz (para Karel Vasak). 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
8 
 No mesmo sentido, o entendimento do STF: 
“Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) – que 
compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio 
da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais 
e culturais) – que se identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas 
– acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que 
materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas 
as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um 
momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e 
reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores 
fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.” (MS 
22.164, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 30-10-1995, Plenário, DJ de 17-
11-1995.) 
 Alguns autores já falam em uma quarta geração (para alguns autores até quinta, 
sexta), que seriam os novos direitos, como informática, biotecnologia, medicina 
genética, desenvolvimento, democracia etc., mas, tal assunto não está bem 
definido na doutrina. 
 Para Paulo Bonavides (classificação trazida por Valério Mazzuoli), os 
direitos de quarta geração derivam da globalização dos direitos humanos, 
correspondendo aos direitos de participação democrática (democracia direta), 
direito ao pluralismo, bioética e limites à manipulação genética, fundados na 
defesa da dignidade humana contra intervenções abusivas do Estado ou de 
particulares. Bonavides defende uma quinta geração (direito da esperança), 
composta pelo direito à paz em toda a humanidade (Notem que o direito à paz 
foi classificado por Karel Vasak como um direito de terceira geração). 
 A grande novidade seria uma sexta geração, relativa ao direito à água. Para os 
defensores da nova geração, “o direito fundamental à água potável, como direito 
de sexta dimensão, significa um acréscimo ao acervo de direitos fundamentais, 
nascidos, a cada passo, no longo caminhar da Humanidade. Esse direito 
fundamental, necessário à existência humana e a outras formas de vida, necessita 
de tratamento prioritário das instituições sociais e estatais, bem como por parte 
de cada pessoa humana.” Outra parcela da doutrina afirma que essa geração é 
composta pelo direito à busca pela felicidade. 
 Fala-se ainda em uma sétima geração de direitos. Para os defensores dessa 
corrente, “a probidade administrativa constitui-se em direito fundamental da 
pessoa humana eda sociedade, que integra o direito fundamental à boa 
administração pública e decorre dos direitos implícitos, do regime democrático e 
dos princípios adotados pela Constituição Federal, revestindo-se da mesma força 
jurídica dos direitos fundamentais do catálogo expresso da Constituição, possuindo 
um caráter vinculante à administração e de plena e imediata aplicação.” Assim, 
teríamos o direito à probidade e à boa administração pública. 
 
 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=22164&CLASSE=MS&cod_classe=376&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=22164&CLASSE=MS&cod_classe=376&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
9 
6.2 Teoria dos status 
 Foi desenvolvida, no final do século XIX, por Georg Jellinek (1851-1911), no 
contexto de repúdio ao jusnaturalismo e defesa da ideia de que os direitos 
humanos devem ser previstos em normas jurídicas estatais para que possam ser 
garantidos e concretizados. A teoria se relaciona à posição do direito do indivíduo 
em face do Estado, com previsão de mecanismos de garantia a serem invocados 
no ordenamento estatal. 
 Assim, a classificação é pautada no caráter positivo dos direitos e na relação 
vertical (desigual) entre indivíduos e Estado. Não abarca as relações entre 
particulares (horizontais) e nem os direitos difusos. Para Jellinek, o indivíduo pode 
ser encontrado em quatro situações diante do Estado: 
a) estado de submissão (status subjectionis ou status passivo): o indivíduo se 
encontra em posição de subordinação perante o Estado, que detém atribuições e 
prerrogativas aptas a vincular o indivíduo e exigir determinadas condutas ou impor 
limitações a suas ações. Para o autor, esses deveres do indivíduo são importantes 
para contribuir com o atingimento do bem comum. 
b) status negativo (status libertatis): é o conjunto de limitações à ação do Estado, 
voltados ao respeito dos direitos individuais. 
Na explicação de ACR: “O indivíduo exige respeito e contenção do Estado, a fim 
de assegurar o pleno exercício de seus direitos na vida privada. Nasce um espaço 
de liberdade individual ao qual o Estado deve respeito, abstendo-se de qualquer 
interferência. Jellinek, com isso, retrata a chamada dimensão subjetiva, liberal ou 
clássica dos direitos humanos, na qual os direitos têm o condão de proteger o seu 
titular (o indivíduo) contra a intervenção do Estado. É a resistência do indivíduo 
contra o Estado. Ao Estado cabe a chamada prestação ou obrigação negativa: deve 
se abster de determinada conduta, como, por exemplo, não confiscar, não prender 
sem o devido processo legal.” 
c) status positivo (status civitatis): conjunto de pretensões do indivíduo para 
invocar a atuação do Estado em prol dos seus direitos. Conforme ACR: “O indivíduo 
tem o poder de provocar o Estado para que interfira e atenda seus pleitos. A 
liberdade do indivíduo adquire agora uma faceta positiva, apta a exigir mais do que 
a simples abstenção do Estado (que era característica do status negativo), levando 
à proibição da omissão estatal.” Exige-se uma ação prestacional do Estado para 
assegurar direitos referentes à igualdade material, como saúde, educação, 
trabalho, moradia etc. 
d) status ativo (status activus): é o conjunto de prerrogativas e faculdades que o 
indivíduo possui para participar da formação da vontade do Estado, refletindo no 
exercício de direitos políticos e no direito de aceder a cargos em órgãos públicos. 
 
Obs.: Peter Häberle propõe a ampliação para o status activus processualis, para 
que o indivíduo possa participar do procedimento de tomada de decisão por parte 
do Poder Público. É visto, por exemplo, na audiência pública e na adoção do amicus 
curiae. 
 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
10 
6. 3 Classificação conforme o Direito Internacional dos Direitos Humanos 
 No Direito Internacional dos Direitos Humanos, principalmente em decorrência 
do conflito ideológico no contexto da Guerra Fria entre os blocos capitalista e 
socialista, não foi possível a elaboração de um tratado (texto com natureza 
vinculante) que protegesse todas as espécies de direitos humanos. Por isso, os 
direitos humanos foram classificados – e separados – em dois blocos: de um lado, 
os direitos civis e políticos, e de outro, os direitos econômicos, sociais e 
culturais. Essa classificação será facilmente percebida quando estudarmos os 
tratados internacionais de proteção dos direitos humanos. 
 
Obs.: A banca NC-UFPR costuma cobrar questões mais teóricas. Penso que 
exista uma grande chance de 1 uma das 5 questões ser desse capítulo. Como 
não temos muitas questões de provas anteriores (ou temos de provas que 
cobram tópicos diferentes da matéria) trabalharemos questões de várias 
bancas que podem auxiliar na fixação e revisão do conteúdo. 
 
1. (2016/MPE-SC/MPE-SC/Promotor de Justiça) Conceitualmente, os direitos 
humanos são os direitos protegidos pela ordem internacional contra as violações e 
arbitrariedades que um Estado possa cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. 
Por sua vez, os direitos fundamentais são afetos à proteção interna dos direitos dos 
cidadãos, os quais encontram-se positivados nos textos constitucionais 
contemporâneos. 
Certo/Errado 
 
 
2. (2019/FEPESE/SJC-SC/Agente Penitenciário (Superior) Assinale a 
alternativa incorreta sobre os princípios ou especificidades dos direitos humanos. 
a) A indivisibilidade dos direitos humanos se refere a que não se pode cindi-los e 
que devem ser reconhecidos e protegidos unitariamente. 
b) A inalienabilidade dos direitos humanos se caracteriza por vedar a sua 
disposição pecuniária com o objetivo de venda. 
c) A imprescritibilidade dos direitos humanos reconhece que o seu exercício se dá 
no tempo, devendo ser exigido sob pena de perecimento. 
d) A irrenunciabilidade dos direitos humanos se refere à vedação da própria pessoa 
de permitir violações a esses direitos. 
e) A proibição do retrocesso representa que os direitos humanos já concretizados 
e alcançados não podem mais ser suprimidos. 
 
 
3. (2019/CESPE/CGE – CE/Auditor de Controle Interno) A respeito dos marcos 
históricos, fundamentos e princípios dos direitos humanos, assinale a opção 
correta. 
a) Segundo a doutrina contemporânea, direitos humanos e direitos fundamentais 
são indistinguíveis; por isso, ambas as terminologias são intercambiáveis no 
ordenamento jurídico. 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
11 
b) Os direitos humanos estão dispostos em um rol taxativo, que foi internalizado 
pelo ordenamento jurídico brasileiro com a promulgação da Constituição Federal 
de 1988. 
c) No Brasil, os direitos políticos são considerados direitos humanos e seu exercício 
pelos cidadãos se esgota no direito de votar e de ser votado. 
d) A dignidade da pessoa humana, princípio basilar da Constituição Federal de 
1988, é fundamento dos direitos humanos. 
e) Em razão do princípio da imutabilidade, os direitos humanos reconhecidos na 
Revolução Francesa permanecem os mesmos ainda na atualidade. 
 
 
AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Antiguidade Oriental 
✓ Período compreendido entre os séculos VIII 
a II a.C.: primeiro passo na afirmação dos direitos 
humanos. Adoção de códigos de comportamentos de 
vários filósofos influentes até os dias atuais 
(Zaratustra, Buda, Confúcio) 
✓ Antigo Egito: reconhecimento de direitos 
individuais na codificação de Menes (3100-2850 a.C.) 
✓ Suméria antiga: Código de Hammurabi 
(1792-1750 a.C.) , na Babilônia, com esboço dos 
direitos dos indivíduos e consolidaçãode costumes. 
✓ Suméria e Pérsia: Declaração de boa 
governança de Ciro II, no século VI a.C. (Cilindro de 
Ciro). 
✓ China: Confúcio (séculos VI e V a.C.) lançou 
as bases para sua filosofia, com ênfase na defesa do 
amor aos indivíduos. 
✓ Budismo: introdução de um código de 
conduta pelo qual se prega o bem comum e uma 
sociedade pacífica, sem prejuízo a qualquer ser 
humano. 
✓ Islamismo: prescrição da fraternidade e 
solidariedade dos vulneráveis. 
Grécia ✓ Consolidação dos direitos políticos com a 
participação política dos cidadãos (muitos eram 
excluídos) 
✓ Platão, na obra A República (400 a.C.), 
defendeu a igualdade e a noção do bem comum. 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
12 
✓ Aristóteles, na obra Ética a Nicômaco, 
salientou a importância do agir com justiça para o bem 
de todos, mesmo em face de leis injustas. 
✓ Ideia de superioridade normativa de 
determinadas normas, mesmo diante do poder 
estatal. 
Roma ✓ Sedimentação do princípio da legalidade 
✓ Reconhecimento de direitos como liberdade, 
propriedade, personalidade jurídica e igualdade entre 
as pessoas, em especial através do jus gentium 
(direito aplicados a todos, romanos ou não) 
Influências do 
Cristianismo 
✓ Cinco livros de Moisés (Torah): apregoam 
solidariedade e preocupação com o bem-estar de 
todos (1800-1500 a.C.) 
✓ Antigo Testamento: necessidade de respeito 
a todos, em especial aos vulneráveis. 
✓ Novo Testamento: vários textos da Bíblia 
pregam a igualdade e solidariedade com o 
semelhante. 
✓ Filósofos católicos: Santo Agostinho e São 
Tomás de Aquino. 
Idade Média e Idade 
Moderna 
✓ Poder ilimitado dos governantes, baseado na 
vontade divina. 
✓ Primeiros movimentos de reivindicação da 
liberdade a determinados estamentos, como a 
Declaração das Cortes de Leão, na Península Ibérica, 
em 1188 e a Magna Carta Inglesa, de 1215 (devido 
processo legal, limitação do poder de tributar e do 
confisco, Tribunal do Júri, princípio da legalidade). 
✓ Renascimento e Reforma Protestante: crise 
da Idade Médio e surgimentos dos Estados Nacionais 
absolutistas, com centralização do poder na figura do 
rei 
✓ Século XVII: questionamento do Estado 
Absolutista, em especial na Inglaterra. A busca pela 
limitação do poder é consagrada na Petition of Rights, 
de 1628. O Habeas Corpus Act, de 1679 regulamenta 
a proteção judicial dos que foram presos injustamente. 
✓ Após a Revolução Gloriosa, é editado o Bill 
of Rights, em 1689, reduzindo definitivamente o poder 
dos reis ingleses. 
✓ Em 1701, é aprovado o Act of Settlement, 
que reafirma o poder do Parlamento, fixando a linha de 
sucessão da coroa inglesa (os católicos foram 
excluídos) e impedindo a volta da tirania dos 
monarcas. 
Pensadores 
Iluministas 
✓ Thomas Hobbes (Leviatã, 1651): direitos do 
ser humano no estado de natureza. Necessidade do 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
13 
Estado para garantir segurança aos indivíduos (que se 
submetem ao seu poder). Teoria contratualista de 
base absolutista. 
✓ Hugo Grócio (Da Guerra e da Paz, 1625): 
defendeu a existência de um direito natural de cunha 
racionalista. As normas decorrem de princípios 
inerentes ao ser humano. (“Deus está morto”). 
✓ John Locke (Tratado sobre o Governo Civil, 
1689): O objetivo do Estado deve ser a preservação 
dos direitos individuais, logo, o poder não pode ser 
ilimitado (início da teoria de separação dos poderes). 
✓ Jean-Jacques Rousseau (Do Contrato 
Social, 1762): existe um pacto entre os homens, livres 
e iguais, que estruturam o Estado para zelar pelo bem-
estar da maioria. Teoria contratualista de base 
democrática. 
✓ Cesare Beccaria (Dos Delitos e das Penas, 
1766) – existência de limites para o jus puniendi 
estatal, que persistem até os dias atuais. 
✓ Kant (Fundamentação da Metafísica dos 
Costumes, 1785): a dignidade é um valor intrínseco a 
todo ser racional, que não tem equivalente. As coisas 
têm preço, as pessoas têm dignidade. O homem é um 
fim em si mesmo. 
Constitucionalismo 
liberal e declarações 
de direitos 
✓ As revoluções liberais (inglesa, americana e 
francesa) marcaram a primeira afirmação histórica dos 
direitos humanos. 
✓ Revolução Inglesa: teve como marcos a 
Petition of Rights, em 1628, que garantiu liberdades 
individuais e o Bill of Rights, de 1689, que consagrou 
a supremacia do Parlamento e o império da lei. 
✓ Revolução Americana: retrata o processo 
de independência das colônias britânicas, com a 
Declaração de Independência, em 1776 e a 
Constituição norte-americana, de 1787 (em 1791, o 
texto constitucional recebe 10 emendas que 
introduzem um rol de direitos fundamentais). 
✓ Revolução Francesa: Declaração de 
Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789 (primeiro 
documento de vocação universal, serviu como alicerce 
para a Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
em 1948), que consagra os valores de liberdade, 
igualdade e fraternidade. Projeto de Declaração dos 
Direitos da Mulher e da Cidadã, em 1791, proposto por 
Olympe de Gouges, reivindicando a igualdade de 
gêneros. Constituição Francesa de 1791, 
consagrando a perda dos direitos absolutos do 
monarca francês, com a implementação da monarquia 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
14 
constitucional e previsão do voto (apesar de 
censitário). 
Constitucionalismo 
social e 
internacionalização 
dos Direitos Humanos 
✓ Os franceses, ainda no século XVIII, 
defendiam a ampliação do rol de direitos da 
Declaração Francesa para abarcar os direitos sociais 
(como saúde, educação e assistência social). 
✓ Vários movimentos socialistas na Europa, no 
século XIX, atacaram o modo capitalista de produção 
e ganharam apoio popular. Expoentes: Proudhon, Karl 
Marx, Engels, August Bebel. 
✓ Revolução Russa, 1917: estimulou novos 
avanços na defesa da igualdade e justiça social. 
✓ Introdução dos direitos sociais (para 
assegurar condições materiais mínimas de existência) 
em várias Constituições: Constituição do México 
(1917), Constituição de Weimar (1919) e Constituição 
Brasileira (1934). 
✓ No plano internacional, é criada a 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 
1919, pelo Tratado de Versalhes, voltada à melhoria 
das condições dos trabalhadores. 
✓ Pós-Segunda Guerra Mundial: Carta de São 
Francisco, 1945, com a criação da Organização das 
Nações Unidas (ONU). A ONU proclama a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, em 1948. 
 
 
1. (2018/VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia) No tocante à temática dos direitos 
humanos, considerando seu surgimento e sua evolução histórica, assinale a 
alternativa que contempla correta e cronologicamente seus marcos históricos 
fundamentais. 
a) O iluminismo, o constitucionalismo e o socialismo. 
b) O cristianismo, o socialismo e o constitucionalismo. 
c) A Magna Carta, a Constituição Alemã de Weimar e a Declaração de 
Independência dos Estados Unidos da América. 
d) A Magna Carta, a queda da Bastilha na França e a criação da Organização das 
Nações Unidas. 
e) O iluminismo, a Revolução Francesa e o fim da Segunda Guerra Mundial. 
 
2. (2018/FCC/DPE-RS/Defensor Público) De acordo com a historiadora americana 
Lynn Hunt, os direitos permanecem sujeitos a discussão porque a nossa percepção 
de quem tem direitos e do que são esses direitos muda constantemente. A 
revolução dos direitos humanos é, por definição, contínua (A Invenção dos Direitos 
Humanos; uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 270). Em 
relação à evolução histórica do regime internacional de proteção dos direitos 
humanos, considere as assertivas abaixo. 
I. A Magna Carta (1215) contribuiu para a afirmação de que todo poder político deve 
ser legalmentelimitado. 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
15 
II. O Habeas Corpus Act (1679) criou regras processuais para o habeas corpus e 
robusteceu a já conhecida garantia. 
III. Na Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) percebe-se que a 
dignidade da pessoa humana exige a existência de condições políticas para sua 
efetivação. 
IV. O processo de universalização, sistematização e internacionalização da 
proteção dos direitos humanos intensificou-se após o término da 2ª Guerra Mundial. 
Está correto o que consta de: 
a) I, II, III e IV. 
b) I, II e III, apenas. 
c) I, III e IV, apenas. 
d) II, III e IV, apenas. 
e) I e IV, apenas. 
 
3. (2013/VUNESP/PC-SP/Investigador de Polícia) Dentre os documentos 
reconhecidos internacionalmente e que limitaram o poder do governante em 
relação aos direitos do homem, encontra-se o mais remoto e pioneiro antecedente 
que submetia o Rei a um corpo escrito de normas, procurava afastar a 
arbitrariedade na cobrança de impostos e implementava um julgamento justo aos 
homens. Esse importante documento histórico dos direitos humanos denomina-se 
a) Talmude. 
b) Magna Carta da Inglaterra. 
c) Alcorão. 
d) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França. 
e) Bill of Rights. 
 
4. (2018/VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia) Esse documento histórico de 
remota conquista dos direitos humanos foi editado com o escopo de assegurar a 
Supremacia do Parlamento sobre a vontade do Rei, controlando e reduzindo os 
abusos cometidos pela nobreza em relação aos seus súditos, em especial 
declarando, dentre outras conquistas, o direito de petição, eleições livres e a 
proibição de fianças exorbitantes e de penas severas: 
a) Petition of Rights, de 1628. 
b) Habeas Corpus Act, de 1679. 
c) The Bill of Rights, de 1689. 
d) Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. 
e) Magna Carta, de 1215. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
16 
 
INCORPORAÇÃO DE TRATADOS INTERNACIONAIS DE 
DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
 
 
 
1. Conceito, processo de formação e incorporação dos tratados no 
ordenamento jurídico brasileiro 
Os tratados internacionais são incorporados de acordo com as regras do 
ordenamento jurídico interno de cada país. No Brasil, seguem os trâmites previstos 
pelo artigo 84, inciso VIII da CF/88 (assinatura e ratificação pelo Presidente da 
República) e pelo artigo 49, inciso I da CF/88 (aprovação pelo Congresso 
Nacional). 
Vejamos tais dispositivos: 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo 
do Congresso Nacional; 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que 
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; 
 
Para regulamentar o processo de formação dos tratados internacionais, foi 
elaborada a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, 
conhecida como a Lei dos Tratados. Tal convenção define tratado nos seguintes 
termos: 
Artigo n. 2, n.1, a) “tratado” significa um acordo internacional concluído por 
escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um 
instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que 
seja sua denominação específica; 
 
 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
17 
✓ Processo de formação dos tratados internacionais 
 Cada Estado elabora suas normas relativas à incorporação de tratados 
internacionais. Assim, teremos exigências constitucionais diferentes em cada 
Estado. No Brasil, o processo ocorre da seguinte forma: 
1) Fase de negociação, conclusão e assinatura do tratado 
Esses atos são da competência do Poder Executivo. A assinatura é um aceite 
precário e provisório. Não tem o poder de vincular juridicamente o Estado. 
Apenas significa que ele pretende ratificar o tratado e assume o compromisso 
de submeter o texto à análise do Poder Legislativo. 
2) Fase do Decreto Legislativo ou aprovação congressual 
Apreciação e aprovação pelo Poder Legislativo. Depois de assinado o tratado, o 
Presidente o envia ao Congresso Nacional, através de mensagem, para ser 
analisado. Ressalte-se que não há prazo para tal envio, sendo ato discricionário 
do Presidente. Também não há prazo para o rito de aprovação congressual, 
ficando à mercê da conveniência política (o que é muito criticado pelos 
doutrinadores). A aprovação do tratado pelo Congresso se dá através de 
Decreto Legislativo. 
3) Fase da Ratificação 
Sendo aprovado pelo Congresso, através de Decreto Legislativo, faz-se necessária 
nova manifestação do Poder Executivo para ratificar o tratado. A ratificação é o 
ato que simboliza a confirmação formal do tratado pelo Estado brasileiro. Com 
a ratificação, o tratado é depositado em um órgão internacional que fica 
responsável pela sua custódia (por exemplo, Secretariado das Nações Unidas para 
os tratados assinados no âmbito da ONU). 
A partir desse momento, o Brasil está obrigado, perante aos demais países, ou 
seja, no plano internacional, a cumprir o tratado. Entretanto, segundo 
entendimento do STF, para que estejamos obrigados a cumprir o tratado também 
no plano interno, é necessário um outro ato: a promulgação de um decreto 
presidencial. 
4) Fase do Decreto Presidencial ou Decreto de Promulgação 
Após a ratificação, o Presidente deve promulgar, por decreto, o texto do 
tratado. O STF entende que tal fase é obrigatória e apenas com ela se completa 
o processo de incorporação. Dessa forma garantimos publicidade e segurança 
jurídica a todos. (Esse, via de regra, deve ser o entendimento adotado em provas 
objetivas). 
Obs.: Os doutrinadores da matéria entendem que bastaria a ratificação para que o 
Brasil estivesse obrigado a cumprir, interna e externamente, o tratado internacional. 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
18 
Entretanto, as bancas costumam adotar o entendimento do STF em questões 
objetivas. Fiquem atentos! 
 A celebração de tratados no Brasil é um ato complexo, já que, conjuga as 
vontades do Executivo e do Legislativo. Tal sistemática reforça o mecanismo de 
checks and balances entre os poderes, a independência e harmonia previstas no 
art. 2.º da CF/88, com fiscalização recíproca. 
 Como explica ACR, “A participação dos dois Poderes na formação da vontade 
brasileira em celebrar definitivamente um tratado internacional consagrou a 
chamada ‘teoria da junção das vontades ou teoria dos atos complexos’: para 
que um tratado internacional seja formado é necessária a conjugação de vontades 
do Poder Executivo e do Poder Legislativo.” 
 Esquematicamente, temos: 
 
 
 A incorporação só está completa e o tratado só entra em vigor 
internamente, com a edição do Decreto Presidencial. Esse é o atual 
posicionamento do STF, apesar de não ser a ideia defendida pelas doutrinadores, 
dentre eles Flávia Piovesan e Valério Mazzuoli. 
 Ressalte-se que o descumprimento de um tratado implica violação de obrigações 
assumidas no cenário internacional, gerando a responsabilização do Estado 
violador. 
2. O status dos tratados internacionais de proteção de Direitos Humanos 
 A CF/88 inova ao incluir dentre os direitos constitucionalmente protegidos, os 
provenientes de tratados internacionais dos quais o Brasil seja signatário. É esta a 
previsão do art. 5.º, par. 2.º: 
"Os direitos e garantiasexpressos nesta Constituição não excluem outros 
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte." 
Executivo
• Negociação
• Conclusão
• Assinatura
Legislativo
• Aprovação do 
texto
• Decreto 
Legislativo
Executivo
• Ratificação
• Decreto 
Presidencial
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
19 
 Tal previsão é conhecida como cláusula de abertura constitucional e indica 
uma globalização da proteção dos direitos humanos, uma busca de proteção 
nacional e internacional de tais direitos. Segundo Flávia Piovesan, as normas 
provenientes dos tratados internacionais de direitos humanos fazem parte do 
chamado "bloco de constitucionalidade", junto com os princípios que não estão 
escritos no texto da CF/88. 
 Como os tratados internacionais ingressam no ordenamento jurídico brasileiro? 
Identificamos três situações distintas. 
A) Tratados Internacionais sobre Qualquer Matéria (que não sejam de direitos 
humanos) 
 São aprovados por maioria simples, em cada uma das casas do Congresso 
Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), e entram no nosso 
ordenamento com status de lei ordinária. (Atenção! Não se aplica aos tratados 
de direitos humanos, que nunca mais terão status apenas de lei ordinária!) 
 
 
 
B) Tratados Internacionais que tratam de Direitos Humanos 
B.1) Primeira Possibilidade 
 São aprovados na forma prevista no art. 5.º, par. 3.º da CF/88: 
"Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem 
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos 
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas 
constitucionais". 
Assinatura pelo 
Executivo
Aprovação pelo 
Legislativo (Maioria 
simples em cada 
casa do Congresso 
Nacional) por Decreto 
Legislativo
Ratificação pelo 
Executivo (Decreto 
presidencial)
CF/88 
Tratados 
internacionais 
sobre qualquer 
matéria (lei 
ordinária)
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
20 
 
 
 
B.2) Segunda Possibilidade 
 Não conseguem o quórum de aprovação previsto pelo par. 3.º, do art. 5.º, ou 
são anteriores à EC 45/2004. 
 
 
 
ATENÇÃO! 
 Para Flávia Piovesan e Valério Mazzuoli, as normas provenientes dos tratados 
de direitos humanos têm status de norma constitucional, não importa como o 
tratado foi ratificado. Nos dizeres de Flávia Piovesan “A Constituição assume 
Assinatura pelo 
Executivo
Aprovação pelo 
Legislativo (Votação 
em dois turnos, em 
cada casa do CN, 
com aprovação por 
3/5 dos membros) 
Decreto Legislativo
Ratificação pelo 
Executivo (Decreto 
presidencial)
CF/88
Tratados de 
direitos humanos 
com status de EC
Leis ordinárias 
Assinatura pelo 
Executivo
Aprovação pelo 
Legislativo (sem 
alcançar o quórum 
de aprovação da EC) 
por Decreto 
Legislativo
Ratificação pelo 
Executivo (Decreto 
presidencial)
CF/88
Tratados de 
direitos humanos 
(caráter 
supralegal)
Leis ordinárias 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
21 
expressamente o conteúdo dos tratados internacionais dos quais o Brasil é 
parte. Ainda que esses direitos não sejam enunciados sob a forma de normas 
constitucionais, mas sob a forma de tratados internacionais, a Carta lhes 
confere o valor jurídico de norma constitucional.” 
 Na explicação de Mazzuoli, ao questionar se existiria diferença entre os 
tratados aprovados na forma do art. 5.º, par. 3º, da CRFB/88 e dos demais, o 
autor conclui que “o que se quer dizer é que o regime material (menos amplo) dos 
tratados de direitos humanos não pode ser confundido com o regime formal (mais 
amplo) que esses mesmos tratados podem ter, se aprovados pela maioria 
qualificada estabelecida no art. 5.º, par. 3.º. Perceba-se que, neste último caso, o 
tratado assim aprovado será, além de materialmente constitucional, também 
formalmente constitucional. Assim, fazendo-se uma interpretação sistemática do 
texto constitucional em vigor, à luz dos princípios constitucionais e internacionais 
de garantismo jurídico e de proteção à dignidade humana, chega-se à seguinte 
conclusão: o que o texto constitucional reformado pretendeu dizer é que esses 
tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil, que já tem status de 
norma constitucional, nos termos do par. 2.º do art. 5.º, poderão ainda ser 
formalmente constitucionais.” 
 Assim, segundo os autores, podemos dividir os tratados internacionais de 
direitos humanos em duas categorias: 
Tratados de direitos humanos 
MATERIALMENTE 
constitucionais 
Tratados de direitos humanos 
MATERIALMENTE e 
FORMALMENTE constitucionais 
• Pela previsão do par. 2.º do art. 
5.º 
• Não passaram pela aprovação 
especial, mas tratam de matéria 
constitucional (para o STF, são 
normas supralegais) 
• Podem ser denunciados pelo 
Estado 
• Pela previsão do par. 3.º do art. 
5.º 
• Tem status de emenda 
constitucional (aprovados por 
quórum especial) 
• Não podem ser denunciados 
pelo Estado 
 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
22 
Atenção! Esse é o posicionamento da doutrina, que é diferente do 
posicionamento do STF. 
O STF que divide os tratados em normas supralegais (anteriores à EC 45/04 
ou, os posteriores que não conseguiram o quórum qualificado) e tratados 
com status de emenda (posteriores à EC 45/04, aprovados na forma do art. 
5.º, par. 3.º). 
Como explica ACR, o STF adota a tese do duplo estatuto dos tratados 
internacionais de direitos humanos. Portanto, fiquem atentos ao enunciado da 
questão. 
 Até o momento, temos dois tratados internacionais aprovados, nos termos do 
par. 3.º, do art. 5.º, da CF/88 e já em vigor no ordenamento jurídico interno: 
1. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo 
Facultativo (Decreto Legislativo n. 186/2008 e Decreto Executivo n. 
6949/2009). Como temos a Convenção e o seu Protocolo Facultativo, algumas 
bancas consideram como dois tratados. Entretanto, é mais comum que seja 
considerado como um, já que foram aprovados pelos mesmos decretos legislativo 
e presidencial. 
2. O Tratado de Marraqueche, relativo à reprodução e a distribuição de obras, 
livros e textos em formato acessível a pessoas com deficiência visual foi 
aprovado pelo Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo n. 261, de 25 de 
novembro de 2015, com status de emenda constitucional. Foi ratificado, em 11 de 
dezembro de 2015 e em 2018 foi promulgado o Decreto Presidencial (Decreto n. 
9522, de 08 de Outubro de 2018). Assim, já está em vigor no cenário internacional 
e internamente. 
3. Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e 
Formas Correlatas de Intolerância, aprovada pelo Congresso Nacional, através 
do Decreto Legislativo n. 01/2021, com status de emenda constitucional. 
Ratificada pelo Presidente da República, em 12 de Maio de 2021. (Obs.: apesar 
de já estarmos obrigados internacionalmente, após a ratificação, falta a 
publicação do Decreto Presidencial para promulgação do texto, conforme 
exigido pelo STF, para que tenha vigor também internamente). 
ATENÇÃO! 
Os Estados Membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovaram 
no dia 15 de Junho de 2015, a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos 
Direitos Humanos das Pessoas Idosas. O Brasil foi o primeiro país a assinar junto 
com Argentina,Chile, Costa Rica e Uruguai. O objetivo da Convenção é o 
reconhecimento de que todos os direitos humanos e as liberdades 
fundamentais existentes se aplicam às pessoas idosas, e que devem gozar 
plenamente deles em igualdade de condições com os demais. Pode ser que essa 
seja o nosso terceiro tratado internacional com status de emenda 
constitucional, já que, existe recomendação nesse sentido. Mas, CUIDADO! Tal 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
23 
Convenção foi apenas ASSINADA pelo Brasil. O texto ainda NÃO FOI 
RATIFICADO. As bancas estão cobrando esse tema. 
 Na visão de Mazzoli, a primeira consequência de atribuirmos equivalência de 
emenda constitucional a um tratado de direitos humanos é a possibilidade de tais 
tratados reformarem a Constituição, o que não ocorre para os tratados que 
tenham apenas status de norma supralegal. (Por exemplo, a Convenção sobre 
os Direitos das Pessoas com Deficiência, que uniformizou a nomenclatura a ser 
utilizada como “pessoas com deficiência”, teria o poder de corrigir o texto 
constitucional nas partes em que menciona “pessoas com deficiência”). 
 A segunda consequência, segundo o autor, seria que os tratados de direitos 
humanos com status de emenda não poderiam ser denunciados pelo 
Presidente da República, nem mesmo com autorização do Congresso 
Nacional, sob pena de o Presidente da República ser responsabilizado. Portanto, 
existe uma impossibilidade técnica de denúncia. Quanto aos tratados de direitos 
humanos que sejam apenas materialmente constitucionais, entende o autor ser 
possível a denúncia, apesar de ineficaz sob o aspecto prático. 
 Por fim (terceira consequência), os tratados de direitos humanos 
equivalentes às emendas constitucionais passam a ser paradigma do 
controle concentrado de convencionalidade, podendo servir de fundamento 
para ações do controle abstrato de constitucionalidade no STF, por parte dos 
legitimados do art. 103 da CRFB/88. 
3. A vigência dos tratados internacionais de direitos humanos 
 Segundo a doutrina, temos dois sistemas de incorporação de tratados: o de 
incorporação automática e o de incorporação legislativa. 
 Atenção! Não temos nenhuma norma constitucional que deixe claro o 
posicionamento adotado pelo Brasil. O STF entende que apenas o decreto 
presidencial tem o poder de tornar um tratado internacional obrigatório, tanto 
na ordem interna, como na ordem internacional. A incorporação dos tratados, 
independentemente da matéria, dependeria sempre do decreto presidencial. 
Assim, percebemos uma tendência ao sistema de incorporação legislativa. 
4. O impacto jurídico dos tratados de direitos humanos no ordenamento 
jurídico brasileiro 
Quando um tratado internacional é incorporado ao nosso ordenamento jurídico, três 
hipóteses podem ocorrer: 
1) O tratado coincide com o direito interno; 
2) O tratado integra, complementa e amplia os direitos constitucionalmente 
previstos; 
3) O tratado contraria o direito interno. 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
24 
 
5. Normas de interpretação dos tratados de direitos humanos 
 Segundo André de Carvalho Ramos (ACR), os direitos humanos assumiram um 
papel de centralidade no nosso ordenamento, o que gera a vinculação de todos 
os poderes públicos e agentes privados ao conteúdo desses direitos. Essa é a 
sua eficácia irradiante. Assim, a interpretação de um caso concreto exige que se 
aplique a norma que esteja conforme os direitos humanos. 
 Como explica ACR: “Não há certo ou errado, mas sim uma conclusão que deve 
atender a uma ‘reserva de consistência’ em sentido amplo.” Conforme Peter 
Häberle, a reserva de consistência em sentido amplo exige que a interpretação 
seja: 
1) transparente e sincera 
2) abrangente e plural 
3) consistente em sentido estrito 
4) coerente 
 Para Häberle, esse procedimento fundamentado deve ser aberto a todos os 
segmentos da sociedade (o autor chama de sociedade aberta dos intérpretes 
da Constituição). 
 ATENÇÃO! Em que consiste a teoria da margem da apreciação? 
A teoria da margem de apreciação (“margin of appreciation”) é considerada pela 
doutrina especializada como um importante meio utilizado pelo Direito Internacional 
dos Direitos Humanos para solucionar conflitos existentes entre os sistemas 
jurídicos nacionais e o sistema internacional dos direitos humanos. 
 Tal doutrina vem sendo agasalhada pelo sistema regional europeu, que a 
concebe como meio para interpretação e solução de conflitos relacionados à 
efetividade dos Direitos Humanos. De acordo com a teoria da margem da 
apreciação, determinadas questões controvertidas relacionadas com as 
restrições estatais devem ser debatidas e solucionadas pelas comunidades 
nacionais, não podendo o juiz internacional apreciá-las. Assim, ficaria a cargo 
do próprio Estado nacional estabelecer os limites e as restrições ao gozo de direitos 
em face do interesse público. É mais aceita pela Corte Europeia de Direitos 
Humanos, não encontrando o devido amparo na Corte Americana de Direitos 
Humanos (que, entretanto, já reconheceu tal teoria). 
6. Máxima efetividade, interpretação pro homine e princípio da primazia da 
norma mais favorável 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
25 
 O critério da máxima efetividade dos direitos humanos exige que a 
interpretação de determinado direito conduza ao maior proveito ao seu titular, 
com o menor sacrifício imposto aos titulares dos demais direitos em colisão. 
 Já o critério da interpretação pro homine, exige que a interpretação dos direitos 
humanos seja sempre aquela mais favorável ao indivíduo, reconhecendo a 
superioridade das normas de direitos humanos. 
 No mesmo sentido do critério pro homine, temos o princípio da prevalência ou 
primazia da norma mais favorável ao indivíduo, que defende a escolha mais 
benéfica ao indivíduo, no caso de conflito de normas (sejam nacionais ou 
internacionais). Não importa a origem da norma e sim o resultado, qual seja, o 
benefício do indivíduo. Ou seja, em última análise, seria buscar a interpretação pro 
homine das normas de direitos humanos (os autores não fazem uma diferenciação 
clara entre os critérios. Alguns tratam como sinônimos, outros entendem que o 
princípio pro homine seria mais amplo que o princípio da norma mais favorável). 
 Os autores defendem o uso da interpretação do conteúdo de cada direito, no 
caso concreto, além da ponderação de valores, com base no critério da 
proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade), a exemplo do 
que ocorre na solução da colisão dos direitos fundamentais. 
7. Reserva e denúncia dos tratados internacionais de direitos humanos 
 A reserva, de acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos 
Tratados, de 1969, em seu artigo 2.º, item 1, alínea d: 
“reserva” significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação 
ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar 
um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito 
jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado. 
 
 Quanto à denúncia, que é o ato unilateral pelo qual o Estado expressa sua 
vontade de não mais se obrigar perante o tratado, prevê a Convenção de Viena, 
em seu artigo 56: 
1. Um tratado que não contém disposição relativa à sua extinção, e que não prevê 
denúncia ou retirada, não é suscetível de denúncia ou retirada, a não ser que: 
a) se estabeleça terem as partes tencionado admitir a possibilidade da denúncia ou 
retirada; ou 
b) um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido danatureza do tratado. 
2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a sua 
intenção de denunciar ou de se retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 1. 
 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
26 
 Até então, não temos posicionamento definitivo do STF sobre a denúncia. 
O rito sobre a denúncia ainda está sob apreciação na ADI 1625 e na ADC 39. 
Assim, conforme ACR, a posição prevalecente é a que admite a denúncia como 
um ato discricionário do Presidente da República, ou que poderia ocorrer por 
lei do Poder Legislativo, ordenando ao Executivo que denunciasse o tratado 
internacional. Como se trata de matéria política, entra no campo da 
discricionariedade. 
 Entretanto, segundo a doutrina, esse posicionamento não poderia ser 
aplicado aos tratados de direitos humanos, em função da proibição do 
retrocesso. Como vimos, os tratados materialmente constitucionais admitiriam a 
denúncia, ao passo que os tratados materialmente e formalmente constitucionais 
não poderiam ser denunciados. 
 Na conclusão de ACR: “Assim, há tendência da superação da visão 
tradicional referente ao poder arbitrário do Presidente da República para 
denunciar tratados, devendo ser obtida previamente a anuência do 
Congresso Nacional. Caso o STF confirme esse entendimento, deve ser 
observado, ainda, no caso dos tratados de direitos humanos aprovados pelo rito 
especial do art. 5.º, § 3.º, o quórum qualificado de 3/5 para aceitação da denúncia. 
 Além disso, em qualquer hipótese, a denúncia de um tratado de direitos 
humanos submete-se ao crivo da proibição do retrocesso, ou seja, deve existir 
motivo para a denúncia que não acarrete diminuição de direitos e ainda cabe 
controle judicial para verificação da constitucionalidade da denúncia.” 
 
 ATENÇÃO! Esse é o entendimento dos doutrinadores. Se a questão pedir 
o posicionamento do STF, lembrem-se que o Supremo, até então, admite a 
denúncia, por ato discricionário do Presidente, de qualquer tratado 
internacional. Devemos acompanhar o julgamento das ações em curso. 
 
 
8. Controle de Convencionalidade 
 
 
 Esse controle consiste na verificação da compatibilidade da legislação 
interna com os tratados internacionais de direitos humanos. Idealizado no 
Brasil por Valério Mazzuoli e André de Carvalho Ramos. 
 Na conceituação de ACR: “consiste na análise da compatibilidade dos atos 
internos (comissivos ou omissivos) em face das normas internacionais 
(tratados, costumes internacionais, princípios gerais de direito, atos 
unilaterais, resoluções vinculantes de organizações internacionais).” 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
27 
 Como explica o mesmo autor, esse controle pode ter efeito negativo ou 
positivo. O efeito negativo consiste na invalidação das normas e decisões 
nacionais contrárias às normas internacionais, no chamado controle 
destrutivo ou saneador da convencionalidade. O efeito positivo consiste na 
interpretação adequada das normas nacionais para que estas sejam conformes 
às normas internacionais, em um controle construtivo de convencionalidade. 
 Pode ser classificado em controle de convencionalidade de matriz internacional 
(autêntico ou definitivo) e em controle de convencionalidade de matriz nacional 
(provisório ou preliminar). 
 O controle de convencionalidade de matriz internacional, em geral, fica a 
cargo de órgãos internacionais compostos por julgadores independentes, 
criados por tratados internacionais, para evitar que os Estados sejam, ao mesmo 
tempo, fiscais e fiscalizados. No campo dos direitos humanos, realizam o controle 
de convencionalidade internacional as cortes internacionais, por suas funções 
contenciosa e consultiva (Corte Europeia, Interamericana e Africana), os 
comitês da ONU, dentre outros. 
 No controle de convencionalidade de matriz interna, a análise da 
compatibilidade é realizada pelos próprios juízes internos. Na interessante 
explicação de ACR: 
“Esse controle foi consagrado na França em 1975 (decisão sobre lei de interrupção 
voluntária da gravidez), quando o Conselho Constitucional, tendo em vista o art. 55 
da Constituição francesa sobre o estatuto supralegal dos tratados, decidiu que não 
lhe cabia a análise da compatibilidade de lei com tratado internacional. Essa missão 
deve ser efetuada pelos juízos ordinários, sob o controle da Corte de Cassação e 
do Conselho de Estado. Além dos juízes, é possível que o controle de 
convencionalidade nacional seja feito pelas autoridades administrativas, 
membros do Ministério Público e Defensoria Pública (no exercício de suas 
atribuições) e haja, inclusive, o controle preventivo de convencionalidade na 
análise de projetos de lei no Poder Legislativo. Consagra-se o controle de 
convencionalidade de matriz nacional não jurisdicional (Corte Interamericana 
de Direitos Humanos, Caso Gelman vs Uruguai, supervisão de cumprimento de 
sentença, decisão de 20 de março de 2013, parágrafo 69).” 
 Assim, notem que não apenas juízes, mas Delegados de Polícia, Defensores 
Públicos, Promotores de Justiça etc. podem e devem realizar controle de 
convencionalidade interno. É um raciocínio parecido com o que temos em controle 
de legalidade. 
 No controle de convencionalidade externo, temos a análise de todo o 
ordenamento jurídico do Estado (inclusive do texto constitucional), em face dos 
tratados de direitos humanos (e aqui pouco importa a natureza do tratado, já que, 
perante o direito internacional, o direito interno é mero fato). Já no controle de 
convencionalidade interno, existe um limite, que o restringe, já que, não é 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
28 
possível analisar as normas constitucionais originárias. Em precedente antigo, 
o STF afirma que “O STF não tem jurisdição para fiscalizar a validade das 
normas aprovadas pelo poder constituinte originário” (ADI 815, DJ de 
10/05/1996). 
 Fica claro que o controle de convencionalidade no âmbito internacional é 
diferente do controle de convencionalidade no âmbito interno. Percebe-se, 
ainda, que nem sempre os resultados do controle de convencionalidade 
internacional serão coincidentes com o controle de convencionalidade interno. 
Assim, um tribunal brasileiro pode decidir que uma lei interna é compatível com 
determinado tratado, e, em seguida, uma corte internacional, analisando a mesma 
situação, entender de maneira diversa, que a nossa lei viola o tratado (como 
aconteceu no julgamento do Caso Gomes Lund, pela Corte Interamericana). 
 Devemos ressaltar ainda o controle de convencionalidade compulsório, que 
consiste na adoção, pelo Estado, das decisões internacionais proferidas em 
processos internacionais nos quais foi réu. Nesses casos, o Estado é obrigado 
a cumprir a decisão dada pelo órgão internacional. 
 No já mencionado Caso Gelman vs. Uruguai, a Corte decidiu que: “quando 
existe uma sentença internacional ditada com caráter de coisa julgada a respeito 
de um Estado que tenha sido parte no caso submetido à jurisdição da Corte 
Interamericana, todos seus órgãos, incluídos os juízes e órgãos vinculados à 
administração de justiça, também estão submetidos ao tratado e à sentença 
deste Tribunal, o qual lhes obriga a zelar para que os efeitos das disposições 
da Convenção e, consequentemente, das decisões da Corte Interamericana não 
se vejam amesquinhadas pela aplicação de normas contrárias a seu objeto e 
finalidade ou por decisões judiciais ou administrativas”. (Corte Interamericana de 
Direitos Humanos, Caso Gelman vs Uruguai, supervisão de cumprimento de 
sentença, decisãode 20 de março de 2013, parágrafo 68). 
 Por causa dessas diferenças entre o controle de convencionalidade internacional 
e o interno, na sentença da Corte Interamericana, no Caso Gomes Lund (contra 
o Brasil), o juiz ad hoc indicado pelo Brasil, Roberto Caldas, declarou que “se aos 
tribunais supremos ou aos constitucionais nacionais incumbe o controle de 
constitucionalidade e a última palavra judicial no âmbito interno dos Estados, à 
Corte Interamericana de Direitos Humanos cabe o controle de 
convencionalidade e a última palavra quando o tema encerre debate sobre 
direitos humanos. É o que decorre do reconhecimento formal da competência 
jurisdicional da Corte por um Estado, como fez o Brasil.” 
 Um exemplo interessante de reconhecimento da legitimidade do controle pela 
Corte Interamericana pode ser encontrado no Caso “A Última Tentação de 
Cristo”, envolvendo o Chile. A Corte condenou o país a alterar a sua 
Constituição, que continha resquícios de censura, por violar o direito à 
liberdade de expressão, garantido na Convenção Americana de Direitos 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
29 
Humanos. O Chile, como deve ser, acatou a decisão da Corte e alterou sua 
Constituição. 
 Portanto, o controle de convencionalidade interno é importante, mas, não 
deve ser feito de forma isolada, levando à violação das normas contidas em 
tratados internacionais de direitos humanos. Deve haver um diálogo com a 
interpretação internacionalista dos direitos humanos, com o controle de 
convencionalidade internacional. É o que ACR chama de “Diálogo das Cortes” 
(para alguns, cosmopolitismo ético), que impediria violações de direitos 
humanos oriundas de interpretação equivocadas dos juízes e tribunais 
internos. Assim, para que o diálogo seja efetivo, deve haver: 
a) a menção à existência de dispositivos convencionais ou 
extraconvencionais de direitos humanos vinculantes ao Brasil sobre o tema 
objeto de julgamento; 
b) a menção à existência de caso internacional contra o Brasil sobre o objeto 
da lide e as consequências disso reconhecidas pelo Tribunal; 
c) a menção à existência de jurisprudência anterior sobre o objeto da lide de 
órgãos internacionais de direitos humanos aptos a emitir decisões 
vinculantes ao Brasil; 
d) o peso dado aos dispositivos de direitos humanos e à jurisprudência 
internacional. 
 Em respeito à independência funcional e ao Estado Democrático de Direito, não 
é possível obrigar os juízes nacionais a observarem o Diálogo das Cortes, que 
seria o ideal. Nesse caso, se o diálogo inexiste ou é insuficiente, ACR propõe a 
aplicação da teoria do duplo controle ou crivo dos direitos humanos. 
 A teoria do duplo controle reconhece a atuação em separado do controle de 
constitucionalidade (STF e juízos nacionais) e do controle de 
convencionalidade (Corte Interamericana e outros órgãos internacionais). A 
partir dessa teoria, deve-se exigir que todo ato interno esteja de acordo não só com 
a jurisprudência do STF, mas também com a jurisprudência da Corte 
Interamericana (cujo conteúdo deve ser estudado e conhecido, inclusive nas 
faculdades de Direito). Dessa forma, “evita-se o antagonismo entre o STF e os 
órgãos internacionais de direitos humanos, evitando a ruptura e estimulando 
a convergência em prol dos direitos humanos.” 
8.1 Classificação de Valério Mazzuoli 
 Na lição de Valério Mazzuoli, o controle de convencionalidade interno pode 
ser dividido em concentrado e difuso. Em relação aos tratados equivalentes às 
emendas constitucionais poderia ser realizado, na sua forma concentrada, no 
STF, pelos legitimados do artigo 103 da CRFB/88. Como não temos 
regulamentação do tema no Brasil, o autor sugere o uso das ações do controle 
concentrado de constitucionalidade, por analogia. 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
30 
 Na forma difusa, o controle de convencionalidade poderia ser realizado por 
qualquer juízo ou tribunal, a requerimento das partes ou ex officio, tendo como 
parâmetro todos os tratados de direitos humanos que não alcançaram o 
quórum qualificado, ou seja, os tratados materialmente constitucionais (vale 
ressaltar que esse é o posicionamento de Mazzuoli. Outros autores não fazem essa 
diferenciação, entendendo que qualquer tratado de direitos humanos pode ser 
objeto do controle de convencionalidade difuso). Segundo o autor, aqui devem ser 
observadas as regras do controle de constitucionalidade difuso, sendo que a 
decisão judicial apenas produzirá efeitos inter partes. 
1. (2019/MPE-GO/Promotor de Justiça) A respeito dos tratados de direitos 
humanos e a Constituição Federal, informe a alternativa incorreta: 
a) Os tratados de direitos humanos necessitam de aprovação legislativa pelo 
Congresso Nacional. 
b) Para valer no plano interno, o tratado de direitos humanos, conforme o 
entendimento do STF, depende da promulgação de um decreto executivo do 
Presidente da República autorizando a execução do tratado. 
c) Segundo o STF, a aplicação dos tratados de direitos humanos na ordem jurídica 
brasileira pode se dar a partir da sua ratificação e depósito no cenário internacional, 
caso se constate mora irrazoável em promover a promulgação na ordem interna. 
d) A promulgação do decreto executivo do Presidente da República não transforma 
o tratado em lei interna, ou seja, o tratado, mesmo após a promulgação, é aplicado 
enquanto norma internacional. 
 
2. (2019/FCC/DPE-SP/Defensor Público) É documento internacional de direitos 
humanos incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro sob o rito estabelecido 
pelo artigo 5º, parágrafo 3º, da Constituição Federal: 
a) Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o 
Desaparecimento Forçado. 
b) Convenção Interamericana sobre o Racismo, a Discriminação Racial e Formas 
Conexas de Intolerância. 
c) Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos das Pessoas 
Idosas. 
d) Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos dos Trabalhadores 
Migrantes e Membros de suas Famílias. 
e) Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas 
Cegas, com Deficiência Visual ou com Outras Dificuldades para ter Acesso ao 
Texto Impresso. 
 
3. (2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público) Segundo jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal, os tratados de direitos humanos serão incorporados pela ordem 
jurídica brasileira a partir da 
a) ratificação e depósito do tratado pelo Presidente da República 
b) publicação de decreto legislativo, de forma conjunta, pelo Presidente da 
República e pelo Presidente do Congresso Nacional. 
c) promulgação, por um decreto executivo do Presidente da República. 
d) assinatura do tratado pelo Presidente da República. 
e) aprovação do Congresso Nacional, mediante decreto legislativo. 
 
 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
31 
 
ESTRUTURA NORMATIVA: SISTEMAS DE PROTEÇÃO DOS 
DIREITOS HUMANOS E DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS 
DIREITOS HUMANOS 
 
1. Sistemas internacionais de proteção dos Direitos Humanos 
 Podemos identificar, atualmente, quatro sistemas internacionais de proteção 
dos direitos humanos: o sistema global ou universal, que é o sistema da 
Organização das Nações Unidas (ONU), também chamado de onusiano; e os três 
sistemas regionais de proteção, que são o europeu, o interamericano e o 
africano. 
 A doutrina menciona o surgimento de novas ideias de sistemas de proteção, 
como o árabe e o asiático, que, entretanto, ainda não foram implementados. 
Portanto, não podemos considerá-los como sistemas em funcionamento. 
 Importante ressaltarmos os princípios que se aplicam aossistemas 
internacionais de proteção dos direitos humanos: 
✓ Coexistência dos sistemas internacionais 
✓ Livre escolha 
✓ Princípio da subsidiariedade ou complementaridade 
✓ Princípio da cooperação 
 
2. Principais precedentes históricos do processo de internacionalização dos 
direitos humanos 
 Podemos destacar três antecedentes históricos mais relevantes ao processo 
de internacionalização dos direitos humanos. São eles: 
 Direito Humanitário Internacional 
 Liga das Nações 
 Organização Internacional do Trabalho 
 3. O sistema global de proteção dos Direitos Humanos 
 O Direito Internacional dos Direitos Humanos se consolida em meados do século 
XX, como consequência da Segunda Guerra Mundial. Na explicação de Thomas 
Buergenthal: “O moderno Direito Internacional de Direitos Humanos é um 
fenômeno do pós-guerra. Seu desenvolvimento pode ser atribuído às 
monstruosas violações de direitos humanos da era Hitler e à crença de que 
parte destas violações poderiam ser prevenidas se um efetivo sistema de 
proteção internacional de direitos humanos existisse.” 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
32 
 
 Esse processo de internacionalização dos direitos humanos surge como 
resposta às atrocidades cometidas durante o nazismo. A Era Hitler foi marcada 
pela ideia de descartabilidade e destruição da pessoa humana, resultando no 
extermínio de onze milhões de pessoas. No nazismo, a titularidade de direitos 
estava condicionada a uma condição: a de pertencer a raça pura ariana. 
 
 Tornou-se necessário recuperar, reconstruir o valor da pessoa humana, como 
valor fonte do direito, como referencial ético que aproximasse o direito da moral. 
Nesse contexto, o direito mais básico de todos, na visão de Hannah Arendt, é o 
direito a ter direitos, o direito de ser sujeito de direitos. Como explica Flávia 
Piovesan, "se a Segunda Guerra significou a ruptura com os direitos humanos, o 
pós-guerra deveria significar sua reconstrução". 
 Tribunal de Nuremberg (1945-1946): criado pelos Aliados (EUA, Reino Unido, 
França e URSS), através do Acordo de Londres, em 1945, tinha competência para 
julgar crimes contra a paz; crimes de guerra e crimes contra a humanidade. 
 3.1 Carta das Nações Unidas, 1945 
 Criação da ONU, em 1945 
 A Carta da ONU, de 1945, também chamada de Carta de São Francisco, 
menciona, em seu art. 1.º, os principais objetivos da ONU, quais sejam: 
Art. 1.º - Os propósitos das Nações Unidas são: 
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, 
coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de 
agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de 
conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou 
solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da 
paz; 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
33 
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao 
princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar outras 
medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal; 
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas 
internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para 
promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais 
para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e 
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução 
desses objetivos comuns. 
 Para concretizar tais objetivos, a ONU foi organizada em diversos órgãos, 
conforme previsão da Carta. Os seus principais órgãos são: (muitas informações 
constam do site da ONU no Brasil: https://nacoesunidas.org) 
Atenção! O edital de vocês não cobra os órgãos da ONU. Vou deixar na 
apostila porque costuma cair em toda prova. Mas, não é necessário estudá-
los para as provas da Polícia Civil do Pará e do Paraná, está bem? Podem 
passar para o tópico 3.2. 
 
3.2 Declaração Universal dos Direitos Humanos 
 
 
 
 
 Esta declaração, também conhecida como Declaração de Paris, local de sua 
promulgação, surgiu como resultado de uma das etapas a serem cumpridas pela 
Comissão de Direitos Humanos, criada pela ONU, em 1946. 
 Em 10 de dezembro de 1948 foi aprovado pela Assembleia Geral da ONU, com 
a aprovação de 48 Estados e com 8 abstenções (já foi cobrado em prova), a 
Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH), cumprindo-se a tarefa de 
elaborar uma declaração de direitos humanos, conforme previsão do artigo 55 da 
Carta das Nações Unidas. 
 A segunda etapa foi cumprida em 1966 com os Pactos de Direitos Civis e 
Políticos e Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, que seriam documentos 
“juridicamente mais vinculantes do que uma mera declaração”. Também foram 
aprovados vários tratados de proteção de direitos humanos dentro do chamado 
sistema especial de proteção de direitos humanos (tratados temáticos). 
Licensed to THIAGO SILVA - thiago.cobertor@gmail.com - 011.614.031-32
https://nacoesunidas.org/
 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 DELEGADO DE POLÍCIA PCPA/PCPR
 
 
34 
ATENÇÃO! A soma da DUDH com os dois Pactos Internacionais origina a 
Carta Internacional dos Direitos Humanos, muito cobrada em questões. 
 A terceira etapa, de criar mecanismos capazes de assegurar esses direitos, 
e tratar os casos de sua violação, ainda não foi completada. Apenas conseguiu-se 
instituir um processo de reclamações junto à Comissão de Direitos Humanos das 
Nações Unidas, através de um protocolo facultativo. Também se destaca nessa 
etapa, em fase de realização, a substituição da Comissão de Direitos Humanos 
pelo Conselho de Direitos Humanos, criado em 2006. 
 Uma novidade importante trazida pela DUDH é ideia de indivisibilidade dos 
direitos humanos, já que seu texto conjuga o discurso liberal com o discurso 
social, o valor da liberdade com o da igualdade. Nos textos anteriores, esses 
valores apareciam separados, de acordo com o momento histórico. Os documentos 
do século XVIII tinham caráter liberal, enquanto os documentos do início do século 
XX trouxeram o compromisso com a ideologia social. 
 Assim, a Declaração, de forma pioneira, trata dos direitos civis e políticos 
(art. III ao XXI) e dos direitos sociais, econômicos e culturais (XXII ao XXVII). 
Entretanto, os direitos de terceira dimensão não são tratados pela DUDH. Ela 
apenas menciona, no seu art. I, o valor da fraternidade, sem desenvolvê-lo ao 
longo do texto. 
 Todos concordam que a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é 
um tratado internacional. Mas, qual a natureza jurídica da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos? O tema é polêmico e suscita muitas 
divergências. As bancas evitam cobrá-lo em questões objetivas. Mas, vejamos as 
duas principais correntes. 
 1.ª corrente: Tecnicamente, a Declaração Universal de Direitos Humanos é 
uma recomendação, adotada na forma de Resolução, pela Assembleia Geral 
da ONU (Artigo 10 da Carta das Nações Unidas). Assim, afirma-se que o 
documento, formalmente, não tem força vinculante, sendo apenas o precursor 
de um tratado internacional. Entendem, portanto, que a DUDH seria um documento 
do soft law, o que não significa que, materialmente, não seja vinculante ou não deva 
ser observada pelos países. 
 2.ª corrente: Apesar de não ser um tratado internacional, sabe-se que, hoje, o 
reconhecimento dos direitos humanos não está vinculado à previsão legal 
desses direitos. Exige-se o respeito à dignidade humana, contra todos os poderes 
estabelecidos, oficiais ou não. Há muito se reconhece que, não apenas os tratados, 
mas também os costumes e princípios

Outros materiais