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1 Wi UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM - PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU COMO PRODUZIR UMA MONOGRAFIA PASSO A PASSO... ...Siga o mapa da mina. Prof. Msc. Marco Antonio Larosa Prof. Dr. Fernando Arduini Ayres Rio de Janeiro 2010 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM - PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Esta publicação atende a complementação didático- pedagógica da disciplina de metodologia da pesquisa e a produção e desenvolvimento de monografia para os cursos de pós-graduação lato e stricto sensu. Rio de Janeiro 2010 COMO PRODUZIR UMA MONOGRAFIA PASSO A PASSO... ...Siga o mapa da mina. 3 AGRADECIMENTOS A todos os autores, corpo docente da AVM, à professora Márcia Chaves de Souza pela revisão dos textos. Aos alunos e pessoas que, direta e indiretamente, contribuíram para a confecção desse trabalho acadêmico e sua constante atualização. 4 DEDICATÓRIA À minha mulher Lílian, que tanto colaborou para a confecção e o aperfeiçoamento desse trabalho. Também a Maria Clara e João Lucca meus filhos, pela alegria que trouxeram ao nosso lar. Marco Antonio Larosa À Laura Arduini, minha mãe e primeira professora na universidade da vida. Fernando Arduini 5 RESUMO Diagramado como uma monografia o objetivo desta obra não é outro senão o de colaborar didaticamente para o enfrentamento do desafio da elaboração de um trabalho monográfico. Usando uma linguagem clara e objetiva são apresentados os passos mais importantes para a construção de uma monografia a partir de uma análise de cada uma de suas partes. Repleto de exemplos e comparações que facilitam o aprendizado dos leitores este livro avalia detalhadamente todas as partes essenciais que compõem uma monografia, desde a elaboração do plano de pesquisa até sua estruturação propriamente dita. Espera-se assim que a obra possa ajudar a dirimir as principais dúvidas nessa área e servir como um livro de consulta útil, um mapa da mina como o título sugere, para todos aqueles que pretendem elaborar sem receios um trabalho monográfico de qualidade. 6 METODOLOGIA A metodologia utilizada destina-se a apoiar as aulas e palestras de conteúdo programático teórico, bem como as vivências adquiridas no decorrer de outros cursos ou no próprio mercado de trabalho, tornando o assunto mais atraente e compreensível para os educandos. O aluno terá um livro bem didático, acompanhará passo a passo, como trilhar os caminhos que levam à excelência de uma monografia. Utilizamos como referência, bibliografias (oferecidas ao aluno para consulta), pesquisa de campo (coleta de dados nas salas de aula, nos cursos de graduação e pós-graduação), além da experiência dos autores no Mestrado e Doutorado. A proposta deste livro é adequar e valorizar o trabalho acadêmico que, muitas das vezes, é recolhido à biblioteca, tornando-se esquecido entre tantos outros, até que algum interessado venha consultá-lo. Neste sentido, objetiva-se buscar uma dissertação acadêmica adequada à realidade do mercado, criando-se assim uma “monografia proposta” ou simplesmente um projeto, pronto a ser implantado ou ainda, o início do estudo científico de um tema, que o aluno poderá aprofundar em sua vida acadêmica, num posterior mestrado ou doutorado, ou em sua vida profissional. No livro são fornecidos exemplos de como configurar o processo de diagramação e o preenchimento correto de cada uma das páginas que constituem o trabalho monográfico. Torna-se importante ressaltar que, em paralelo à utilização deste livro, o autor da monografia deverá utilizar o apoio da orientação de monografia, ou seja, o professor de orientação metodológica e, se for o caso, de orientadores de conteúdo (professores ou profissionais da área em estudo). Cabe ao orientador a responsabilidade de manter o orientando no caminho correto, no foco, no objetivo traçado no projeto de pesquisa. Cabe, 7 ainda, reconhecer seus erros de avaliação, sabedor de suas limitações. O amadurecimento do orientador é a conseqüência natural de quem busca o aperfeiçoamento. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I METODOLOGIA DA PESQUISA 12 CAPÍTULO II O PLANO DE PESQUISA 19 CAPÍTULO III A PESQUISA 36 CAPÍTULO IV A CONFIGURAÇÃO 52 CONCLUSÃO 59 BIBLIOGRAFIA 61 ÍNDICE 64 ÍNDICE DE FIGURAS 66 ANEXOS 67 OS AUTORES 80 9 INTRODUÇÃO As aulas iniciais da disciplina de metodologia da pesquisa fazem com que esta seja considerada por muitos alunos como uma disciplina difícil, complexa e de pouca aplicabilidade, porém, por se tratar de trabalho acadêmico, isso não é verdade. O fato é que a linguagem utilizada em um trabalho acadêmico deve ser culta e específica, o que dificulta a compreensão do leitor leigo no assunto. Entretanto, esse não é o maior dos problemas. Nesses muitos anos de carreira docente, observamos que, em cada dez alunos, nove estão preocupados com o formato e estrutura da monografia. As perguntas ecoam pelos corredores das instituições de ensino e fazem coro na sala de aula: “– Professor, como é uma monografia? Como nós fazemos uma? O senhor tem uma cópia à mão para que a gente possa ver? Estou preocupado com a monografia, professor! E não sei como fazer uma. Perguntas, perguntas e mais perguntas. Mas, uma pergunta, talvez a mais importante, normalmente não é formulada – Como produzir uma monografia? O educando ainda não se preocupou em perguntar: - Que passos necessito seguir para formular um tema e desenvolver a monografia? Os alunos, normalmente, estão preocupados com o “visual”, ou seja, ver fisicamente uma monografia pronta e diagramada, no formato padronizado pela instituição e dentro das regras da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. O trabalho de formatação é o mais fácil, difícil é escolher o tema principal e iniciar o aprofundamento nos conteúdos. Depois, mais um processo de aprofundamento e a busca do tema particular, devidamente delimitado, e aí sim, coletar os dados necessários para a confecção da monografia. Se você ainda sente dificuldade, muita calma nessa hora. Siga os passos a seguir: feche esse livro e leia com atenção o título. Após a interiorização da mensagem verbal, visualize a capa desse livro..., depois a 10 página de rosto..., o agradecimento..., a dedicatória..., o resumo..., até chegar à introdução e, conseqüentemente, aos capítulos que ensinam passo a passo como produzir um eficiente trabalho acadêmico. Interiorizou a mensagem? Vamos lá, feche o livro e faça o teste, aguardamos você.... Então, visualizou bem o livro? Pois é, você acaba de ver como é uma monografia, o livro já está no formato de um trabalho acadêmico, com toda a formatação, a paginação e o desenvolvimento de capítulos. Afinal este livro foi diagramado como uma monografia. É só olhar, estudar e deixar de se preocupar com um mal que costuma a acometer muitos de nossos alunos: a TPM – Tensão Pré-Monográfica. Que tal finalizarmos nossa conversa a partir da definição de termos- chave da disciplina de Metodologia da Pesquisa. Assim vejamos: Ciência : trata-se de conhecimento público através de textos de pesquisa, o preparo de livros para o ensino e a organização de documentos com informações para públicos diferenciados. Estas são algumas das faces importantes do vasto processo de comunicação que sustenta permanentemente as atividades acadêmicas. Metodologia Científica : trata-se do conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação de um objeto ou fenômeno. Preocupa-se em descrever o problema e sempre que possível, explicá-lo ponto a ponto. Monografia : trata-se de trabalho acadêmico que, incentivando o hábito da pesquisa, procura apresentar contribuições pessoais à ciência, através do estudode um assunto único e das reflexões obtidas neste processo. Comunicação : Ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens através de diferentes meios através de uma linguagem falada ou escrita. A comunicação direta viabiliza o intercâmbio de idéias e experiências entre as pessoas e os meios sociais, previamente definidos; já a 11 comunicação indireta, feita por meio de documentos, assume importância cada vez maior em nossa sociedade. A produção acadêmica, a armazenagem de informações e o uso de documentos constituem etapas essenciais para as variadas alternativas de acesso à informação, preocupação maior da sociedade na busca permanente para resolver problemas emergentes e prever o futuro próximo. Pesquisa : Busca ou estudo metódico com a finalidade de responder uma dúvida ou uma questão. Mais tarde teremos a oportunidade de conversar mais sobre as características e os diferentes tipos de pesquisa. A pesquisa é muito importante para a educação e o desenvolvimento empresarial, pois através da busca de conhecimento e do aprofundamento de conteúdos o pesquisador descobre parâmetros que estão relacionados à sua realidade sócio-econômica. Uma vez que a história se repete muitas vezes e, com os erros do passado, aprendemos a viver o presente e a prevenir o futuro. Esta definição de educação, ou desenvolvimento, como processo de formação da competência humana, busca a qualidade que é encontrada no conhecimento inovador, o ponto de partida para a formação ética do indivíduo. A pesquisa proporciona um questionamento crítico e criativo dos problemas sociais, ou seja, deixa-se o discurso de lado e buscam-se as razões, discute-se dialeticamente o problema, até encontrarem-se soluções possíveis. Assim, viabiliza-se o trabalho monográfico em busca de um ganho social. Nesta obra, o aluno vai encontrar na pesquisa, não só um instrumento de ensino, mas também uma poderosa ferramenta, que pode ser muito útil na vida cotidiana e no seu desenvolvimento profissional e pessoal, pois no momento em que o educando se aprofunda em determinado tema, ele amplia seus conhecimentos, tornando-se capaz de formar uma opinião sólida sobre esse mesmo fato. 12 CAPÍTULO I METODOLOGIA DA PESQUISA “Ciência é a arte de bem argumentar, preferindo sempre a autoridade do argumento ao argumento da autoridade” (Demo, 2005, p. 10). Planejar e cumprir metas só será possível através da utilização de ferramentas que encaminhem o educando às respostas concretas do problema proposto - que precisa ser conhecido profundamente para, só então, ser discutido dialeticamente. Através da ciência, é possível resolver problemas em benefício do homem. A busca pela sobrevivência financeira e biológica do ser humano é o maior desafio da ciência nos dias de hoje. Vale ressaltar que a ciência se divide em dois níveis: o de produção do conhecimento científico (interiorizar os conteúdos, a partir de pressupostos ou do conhecimento cotidiano) e o da produção da ciência propriamente dita (ciência como instituição e prática social do saber). 1.1. O Papel da Metodologia A metodologia pode ser vista de várias formas como, por exemplo: um plano detalhado de como alcançar os objetivos, respondendo a questões e testando hipóteses formuladas. Em outras palavras a metodologia é o ato que guia o aluno na investigação da verdade, cientificamente. É também uma disciplina acadêmica construída a partir do princípio aceito de que não há produção de conhecimento científico, ou melhor, da ciência, a não ser através da pesquisa. Portanto, objetiva que o educando adquira a teoria e os instrumentos metodológicos básicos para a formação de um pesquisador, através de métodos e técnicas de pesquisa que serão aplicados em cada fase do processo de desenvolvimento da monografia. 13 Processo esse, com etapas bem definidas, como: problematização, coleta de dados, mensuração, formação do tema e das hipóteses, levantamento de variáveis hipotéticas, reavaliação dos dados e produção do projeto inicial, as quais serão amplamente abordadas nesse livro. 1.2. Pesquisa Científica O conhecimento descoberto através da pesquisa pode ser aplicado a muitas atividades cotidianas e profissionais, seja na solução de problemas, na convivência interpessoal, na formação de opinião através da retórica, no cotidiano profissional, e muitas outras. A palavra “pesquisa” se origina no latim, no verbo perquiro, que significa “procurar; buscar com cuidado; procurar por toda parte; informar-se; inquirir; perguntar; indagar bem; aprofundar na busca”. O particípio passado desse verbo latino é perquisitum. O primeiro R se transformou em S na passagem do latim para o espanhol, daí, seguindo o caminho histórico, surgiu o verbo “pesquisar”, que conhecemos hoje. Percebe- se que os significados desse verbo em latim insistem na idéia de uma busca feita com cuidado e profundidade (Bagno, 2000). A pesquisa faz parte do cotidiano de qualquer cidadão, é só observar como se comportam as pessoas diante de algum fato. Por exemplo, quando um cantor famoso de MPB se envolve com o crime organizado, por se tratar de uma pessoa pública, você busca informações em diferentes veículos de comunicação de massa, como: jornais, revistas telejornais, programas de rádio, ou seja, você pesquisa. O homem é um ser curioso, um simples fato, como encontrar as ruas escuras, provoca uma série de perguntas: – O que está acontecendo aqui? Será que o corte de energia é geral? Essas indagações no consciente humano logo se tornarão ações lógicas, na tentativa de descobrir o que está acontecendo - início da coleta de dados. Tentar responder às perguntas e ter uma opinião sobre o ocorrido nada mais é do que o exercício de pesquisa com base no conhecimento disponível. 14 Vejamos alguns tipos de conhecimento: 1.2.1. Conhecimento Intuitivo A intuição é um conhecimento que, pela característica de alcançar o objeto sem “meio” ou intermediários, assemelha-se ao fenômeno do conhecimento sensorial. Na intuição sensorial, os sentidos não analisam, não comparam e não julgam. O conhecimento surge no instante em que se percebe, ou seja, é um dado de experiência interna apreendida imediatamente. O ser humano passa a conhecer o que está a sua volta, desde o nascimento, através dos órgãos dos sentidos, que têm a função de transmitir ao cérebro a existência dos objetos por intermédio de algumas de suas características, da sensação que elas provocam. A reflexão, que também faz parte desse processo, pode ser entendida como a ação de examinar o conteúdo por meio do entendimento, da razão. 1.2.2. Conhecimento Antecipado Antecipa um fenômeno natural ou social, uma ação e uma realidade pessoal ou de um grupo, ou seja, a experiência externa utiliza os órgãos dos sentidos para a apreensão do objeto e a experiência interna limita-se a comparar os diferentes dados da experiência externa. Exemplificando, através da visão e da audição podemos distinguir os fatos ao redor, como cores, tamanhos, formas etc. 1.2.3. Conhecimento Cotidiano Informações recebidas do macromeio social (onde se habita) que estimulam o aprofundamento na matéria ou tema abordado. A apuração da informação oferece um conhecimento sobre ela, que podemos classificar como diferença pessoal, ou seja, de interesse de uma ou duas pessoas. 15 1.2.4. Conhecimento Científico Adquire-se através da comprovação de sua veracidade, por leis e causas, por instrumentos reconhecidos pela sociedade científica. Seu resultado será de domínio público e de grande benefício no campo social. 1.2.5. Conhecimento Teológico ou Mítico Detém-se na pesquisa dos fatos ou na análise dos conteúdos dos dogmas à procura de evidência, como cita São Tomás de Aquino: “Na verdade, o filósofo tira seu argumento das própriascausas das coisas, enquanto que o fiel o toma da causa primeira, a saber, porque assim foi divinamente revelado”. Esse fundamento do conhecimento teológico leva o fiel a aceitar como verdade incontestável o dogma da fé. O conhecimento teológico exige a fé que brota do desejo e da submissão, a partir da autoridade de terceiros. O conhecimento revelado – relativo a Deus – aceito pela fé teológica constitui o conhecimento teológico. É aquele conjunto de verdades a que os homens chegaram com o auxílio de sua inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da revelação divina. Se não houvesse pesquisa, todas as grandes invenções e descobertas científicas não teriam acontecido. E é bastante lógico que, nas Universidades, a pesquisa também se torne muito importante. Cabe aos professores vencer a resistência à pesquisa ainda presente nos alunos, de modo geral. O Professor Universitário que se limita a dar suas aulas sem estar engajado em algum projeto de pesquisa não é visto com bons olhos pelos seus colegas. Afinal, a Universidade não pode ser apenas um “depósito” do conhecimento acumulado ao longo dos séculos. Ela deve ser, também, uma “fábrica” de conhecimento novo. E esse conhecimento novo só se consegue, pesquisando. 16 No Brasil, por exemplo, em nível nacional, existem entidades como a CAPES e o CNPq e, no estadual, a FAPERJ, a FGV, a FIOCRUZ, o IUPERJ, o Databrasil, entre outras, que financiam ou produzem projetos de pesquisa. Existem também fundações privadas que apóiam pesquisadores, dando-lhes condições de levar adiante seus projetos. 1.3. Leitura Preliminar Ao definir o assunto que pretenda estudar, é necessário uma leitura preliminar para que se possa identificar, com mais conhecimento de causa, o tema que se pretende pesquisar na monografia. É a etapa em que se forma a idéia sobre o conteúdo geral a ser estudado. No momento em que se escolhe um tema generalizado, busca-se contato com autores (bibliografias) que permitam um maior conhecimento sobre o assunto. Nesta fase, não se deve buscar autores preferenciais, leia todos que puder sobre o tema. Afinal, cada autor tem a sua visão ou versão sobre o assunto e, na busca pela verdade científica, não se pode deixar ser influenciado ou ter uma opinião formada sobre o fato. As leituras sucessivas permitem uma entrada segura no conhecimento procurado, que lhe dará base, em direção à pesquisa por um tema mais específico. Neste momento, as leituras lhe darão uma idéia concreta sobre as dificuldades, questionamentos, discordâncias e opiniões assumidas que vão esclarecer o assunto e possibilitar ao pesquisador algumas pistas sobre o tema principal a ser pesquisado na monografia. O pesquisador deve ter paciência, pois a meta é adquirir conhecimento sobre o tema para, só então, produzir ações interiorizadas (conscientização do fato) em direção a novas ações exteriorizadas (opinião que possibilite discussão dialética sobre o tema). O importante é saber se situar sobre o problema em questão, como exemplifica o pesquisador Augusto Thompson: 17 (...) importa situar-se na geografia do problema, divisar estradas, caminhos, encruzilhadas, esquinas, becos sem saída, passagens de nível, aclives e declives, as planícies amenas, os picos e grotões assustadores. Aja como contemplador, interessado, arguto, atento, mas despido da intenção de intervir (THOMPSON, 1991, p. 20). Numa linguagem mais simples: É hora de conhecer a floresta. Veja- a de cima, atente para sua extensão e seus acidentes geográficos. Mais tarde, dispondo do conhecimento já adquirido sobre esta, você escolherá qual árvore ou riacho estudará de perto. É importante lembrar que o pesquisador deve ter consciência de que o tema não pode ultrapassar as fronteiras do curso que estuda, sob pena de proporcionar um aprofundamento em várias direções e o distanciamento cada vez maior em relação à situação problemática prevista. Isto ocorrendo, a monografia pode não levar a lugar algum. Mantenha-se fiel ao tema e direcione sua pesquisa bibliográfica neste sentido. As dificuldades surgirão no momento em que você se aprofundar mais e mais no assunto. Então não é tarefa fácil nem simples e demanda tempo e dedicação. Metodologia então é o método para se conseguir o conhecimento verdadeiro, analisando o objeto real, viabilizando sua comprovação e benefícios sociais, ou seja, o conhecimento é provado por qualquer pessoa em qualquer parte do universo. A ciência cria novos objetos de estudo que não existem no cotidiano. O que existe no cotidiano é o conhecimento superficial ou por vivências e não o conhecimento profundo do fato. Como exemplo, a famosa medicina popular, que é o conhecimento de ervas e poções milenares com características curativas. Após a comprovação científica, este conhecimento cotidiano transformou-se, chegando ao que se convenciona chamar de Homeopatia. 18 1.4. Metodologia na Investigação Científica É um estudo com dois enfoques definidos, Empírico e Teórico. Assim, o autor poderá definir que linha de trabalho adotar. Sempre de acordo com o seu cotidiano, afinal, se ele possuir pouco tempo para a pesquisa, em razão de sua atividade econômica ocupar grande parte do tempo disponível, a opção racional será pela pesquisa bibliográfica. 1. Empírico: estudo que trabalha diretamente com o objeto real. Ex: O antropólogo observa o ciclo de vida de uma espécie em extinção, do nascimento ao ataque de predadores, mas sem poder interferir em seu curso natural. 2. Teórico: Este estudo envolve idéias e conceitos, científicos ou não, que serão fundamentados a partir de documentos, livros ou de outras pesquisas. Ex: Monografias realizadas com base em uma “idéia” ou problema a ser resolvido, em que o pesquisador busca comprovar o fato através de publicações que reforçam sua “idéia”. A investigação deve ser iniciada a partir de um planejamento que parte da concepção teórica (o problema, os objetivos e hipóteses) e da escolha do método que será utilizado na investigação (instrumentos de avaliação e captação de conteúdos). Obs.: Toda investigação é empírica ou teórica, sendo que ambas partem de um planejamento fundamentado na teoria ou na aplicação prática. 19 CAPÍTULO II O PLANO DE PESQUISA A construção do plano de pesquisa diz respeito a etapa inicial de sua pesquisa, com ele você se organiza e estrutura suas idéias para começar a pesquisa em si. Para a apresentação de um plano de pesquisa é necessário ter os objetivos bem determinados, assim como o plano de coleta e análise de dados. Sua redação exige que se disponha de informações seguras acerca de todos esses tópicos. Pode ocorrer que em algumas situações se faça necessário apresentar, por escrito, as intenções de pesquisa. Neste caso, redige-se um plano provisório, mais adequadamente denominado anteprojeto. Existem vários tipos de planos de pesquisa, logo, não existe uma padronização. Afinal, cada instituição de ensino procura uniformizar seus trabalhos acadêmicos, ou seja, identificar de forma particular sua produção acadêmica. Isso explica as diferentes formas encontradas também na formatação de trabalhos acadêmicos. Contudo, é possível definir um esquema capaz de abranger a maioria dos tipos que habitualmente aparecem nos projetos de pesquisa. Este esquema inclui os itens que formam um conjunto ordenado de ações lógicas que compõem o plano de pesquisa: • Tema – fato, fenômeno ou assunto a ser estudado; • Título – nome do estudo de acordo com o conteúdo; • Problema – questão central a ser enfocada escrita em forma de pergunta; • Justificativas – o porquê do estudo, que razões o levaram a pesquisar o assunto; • Objetivos – gerais e específicos, indicando o que se pretende atingir; • Hipótese – possível solução antecipada do problema; • Delimitação– apresenta a área real que será coberta pelo estudo; 20 • Procedimento Metodológico – meios, estratégias e procedimentos utilizados para desenvolver o trabalho; Vamos ver os itens passo a passo? Mas antes não se esqueça de apresentar dados essenciais à identificação do plano de pesquisa: entidade a que se destina o plano de pesquisa, o curso, a matrícula, nome do aluno etc. 2.1. Tema A escolha do tema é uma das principais dificuldades encontrada pelo aluno quando é chegada a hora de fazer sua monografia. Parece residir aí a grande dificuldade dos alunos em dar a partida em seu trabalho. É claro que uma monografia não é só o tema, pois existe muito a desenvolver até a conclusão do trabalho, mas, acredite, com a temática de estudo definida, o resto da tarefa torna-se bem mais fácil. A escolha da área de estudo (é dela que virá nosso tema) é o ponto de partida da investigação a ser feita e, portanto, da monografia. É preciso, primeiro, reconhecer as áreas ou assuntos cobertos pelo seu curso em que você tenha maior interesse ou para os quais tenha aptidão. Trabalhar em algo que seja do seu interesse pessoal trará maior motivação e, em conseqüência, as chances de acerto e da confecção de uma boa monografia aumentarão consideravelmente. No momento em que o educando se prepara para escolher o tema a ser pesquisado na monografia, deve levar em conta a necessidade de procurar um tema que faça parte da sua área de estudo, mereça ser investigado e que possa ser formulado e delimitado. A dica para facilitar este processo preliminar é que o educando busque um tema em que ele já possua algum conhecimento, mesmo que superficial, seja através de leitura (autodidata) ou por força da prática do trabalho no meio (vivência). A afinidade intelectual do estudante com 21 o assunto escolhido colabora para o bom desenvolvimento do trabalho. Assim, é possível ao educando: • Ter uma visão geral sobre o tema escolhido; • Localizar o problema no meio social; • Diagnosticar ligações e estado de dependência com relação a outros temas; • Identificar possibilidades para o esclarecimento de um fato. Outro fator que poderá ajudar bastante para obtermos um bom trabalho, é a escolha de um tema que já esteja sendo trabalhado pelo aluno em outras atividades. Além da imediata familiarização com o conteúdo, haverá um grande ganho, também, na coleta de informações sobre o assunto, já que boa parte das fontes estará fazendo parte do cotidiano do discente. Lembre-se de que a participação em estágios também pode servir como uma boa base de pesquisa para a monografia. Para os alunos dos cursos empresariais, a opção de escolher um tema na área em que atua é particularmente interessante, pois, além de dispor da própria empresa como cenário para estudo, poderá contar com o auxílio de profissionais com maior experiência na área para ajudá-lo na qualidade de co- orientador. Outra boa dica é lembrar que, por mais interessante e desafiante que seja um tema desconhecido, é preciso, antes da sua escolha, que se tenha certeza da existência de fontes de consulta disponíveis. De nada adianta um excelente tema, se não tivermos como coletar informações ou aprofundar o estudo sobre ele. Uma bibliografia mínima é necessária. É claro que a Internet é uma boa fonte de consulta, mas seus dados não bastam para elaborar uma monografia. Arquivos, depoimentos, livros e periódicos serão importantes no aprofundamento da questão. Portanto, verifique a validade do seu tema. Por vezes, identificamos temas que, à primeira vista, parecem excelentes, mas, após uma análise mais criteriosa, não justificam um longo trabalho de análise. 22 Converse com seu orientador sobre o tema que pretende desenvolver. Discuta com ele suas propostas e aceite as sugestões de um profissional que tem profunda experiência no desenvolvimento desta atividade. Às vezes, ele vai parecer chato (refazer? De novo?), mas na verdade, estará procurando melhorar seu trabalho. Outra dica importante é a que a se refere ao fator tempo. Leve-o em consideração antes de escolher o tema. Pois a opção por determinados assuntos implicará na exigência de mais tempo do que outros no que se refere a sua pesquisa e desenvolvimento. 2.1.1. Delimitando o Tema Ao fim da busca do conhecimento sobre o tema generalizado, inicia- se outro processo em busca da excelência, que é o tema específico. O tema deve ser muito bem escolhido, pois dele dependerá o sucesso ou o fracasso da monografia. Para facilitar o processo de escolha, o educando deve seguir os mesmos padrões que utilizou na escolha do tema generalizado. É claro que o aluno já terá um conhecimento razoavelmente profundo sobre o tema e não será difícil delimitar o objeto de estudo, ou seja, o tema segmentado. Com o tema definido, exclua itens que, por serem irrelevantes, não se inserem no contexto atual. Acrescente os dados necessários para aprimorar ou desenvolver o planejamento do novo tema. O educando poderá traçar um roteiro de estudo para então definir, inicialmente, os pontos de estudo e aprofundamento. O primeiro passo seria buscar a bibliografia sobre o tema selecionado e, depois, consultar as bibliografias sugeridas por cada autor em suas obras. O segundo, pedir a intervenção do orientador para ajudá-lo. Jornais, revistas, Internet, entrevistas com personalidades do meio em questão também são ótimas fontes de informação. Atente também para o tempo que você dispõe para escolher um tema a partir de seu nível de complexidade e esforço que irá exigir. 23 Obs.: Estamos começando a falar da delimitação aqui na hora de descrever o tema, mas você deverá escrever essa delimitação, mas ao final. Aguarde! 2.2. Montando o Título O título de ser breve, pois títulos muito longos mostram que sua capacidade de ser sucinto e objetivo não é muito boa. Lembre-se de que a monografia tem a sua cara. O título longo tende a desmotivar o leitor a se interessar pela sua obra. Veja um mau exemplo de título: A influência dos meios de comunicação de massa, em particular a televisão, na aquisição de opinião, pois povo sem conhecimento é suscetível a manipulação. O título deve antecipar ao leitor o escopo da monografia. Evite excesso de adjetivos, termos técnicos ou palavras que dificultem o acesso do leitor à informação contida na monografia. Lembre-se, nem todos os leitores são do mesmo ramo de atividade que você. Veja, agora, um exemplo de como poderíamos “refinar” o título anteriormente citado: “A influência da mídia televisiva em sociedades menos esclarecidas.” 2.3. O Problema Em busca do que pesquisar, o educando normalmente parte de um tema definido e complexo. Ele possui conhecimento pré-concebido do tema ou percebido durante o dia-a-dia, mas sem o devido aprofundamento. Este processo é considerado normal, afinal, é comum partir do geral para o particular, atingindo a delimitação em um assunto. 24 O tema amplo permite que o educando busque cada vez mais informações, conceitos e teorias que lhe permitam conhecimento profundo sobre o tema particular. Somente a partir deste conhecimento, o aluno poderá buscar particularidades (na linguagem acadêmica isso chama-se “variáveis”) sobre o tema, que lhe indiquem uma questão a ser resolvida. A segmentação do tema permite maior facilidade na busca de dados e um aprofundamento direcionado. O problema se resume a uma questão que deve ser resolvida através da pesquisa que se inicia a partir de algum tipo de indagação. A utilização da palavra problema, não significa que algo está errado, podemos também evoluir de algo que está funcionando bem ou até antever uma situação que poderá acontecer em um futuro bem próximo. Pode-se dizer que um problema é considerado como de ordem científica, quando permite que variáveispor ele identificadas possam ser observadas, manipuladas e, é claro, testadas. Testar significa apurar se o fato ocorre no cotidiano que o educando escolheu para estudo, com uma resposta presumida, positiva ou negativa. Testar uma variável não significa que ela já exista. O educando pode colher informações que identifiquem indícios de que um fato percebido pode vir a ser um problema em um futuro próximo. Abaixo são apresentados alguns exemplos de problemas, antigos ou futuros que dispõem de variáveis passíveis de teste: � Estudantes oriundos de escolas particulares obtêm melhor aproveitamento nos exames vestibulares? � Estudantes admitidos nas universidades pelo sistema de cotas apresentam um desempenho inferior aos demais colegas? � O aumento da participação feminina no mercado de trabalho aumenta o número de divórcios nas grandes capitais brasileiras? � A obrigatoriedade de ter produzido uma monografia durante a graduação melhora as condições de empregabilidade de um recém formado? 25 Um questionamento muito comum dos alunos é até que ponto um tema já escolhido por outros colegas mereça ser estudado por eles. Não duvide mesmo um assunto que já tenha sido alvo de estudos por outros pesquisadores pode motivar um outro pesquisador a efetuar nova exploração, visando o aprofundamento de algumas relações e condições já identificadas anteriormente ou o encontro de novas possíveis variações. 2.3.1. Formulando o Problema A formulação do problema se inicia através do estudo da literatura disponível sobre o assunto; é preciso aprofundar-se no conteúdo para conhecer um objeto, assim como discutir o assunto com pessoas experientes neste campo de estudo. 2.3.2. Regras para a Formulação do Problema Na busca de soluções científicas para os problemas, desenvolveram-se regras básicas que facilitam o encontro da situação problema, fato gerador do interesse pela pesquisa que se desenvolverá. Segundo Gil (2002), devem ser observadas as seguintes regras: � O problema deve ser formulado como uma pergunta (inclusive trazendo o sinal de interrogação ao final). � A formulação da pergunta remete o leitor do plano de pesquisa a uma apresentação clara e rápida do assunto estudado. Além disso, a utilização da pergunta identifica imediatamente o problema que se pretende pesquisar. Porém, deve-se registrar que a pergunta formulada não deve ter o formato de uma pergunta de questionário, ou de opinião, que pode ser respondida de imediato. Ao contrário, deverá ser capaz de gerar as dúvidas que serão respondidas com o desenvolvimento e o resultado do trabalho. 26 Ex: Pretende-se pesquisar sobre o problema das altas mensalidades cobradas pelas escolas. Ou, reformulando a questão: que fatores levam as escolas a aumentarem as mensalidades? � O problema deve ser claro e preciso. � Os problemas não podem ser formulados de maneira vaga, fazendo com que o consultor tenha dificuldade em saber do que se trata e por onde começar a resolver a questão. Ex: O que determina a natureza humana? Pode ser a criação familiar; pode ser o meio social, ou podem ser diversas outras causas. Afinal, qual é o problema do proponente? Não está claro, logo, não é possível identificá-lo. � O problema deve ser empírico (baseado em experiências). � Os problemas científicos que se referem a valores regionais, étnicos, raça, religião, entre outros, devem ser tratados de forma completamente isenta e imparcial pelo profissional. Estes problemas, tratados sem a isenção necessária, conduzem inevitavelmente a julgamentos morais e considerações subjetivas, invalidando os propósitos da investigação científica, que devem possuir a objetividade como uma das suas mais importantes características. Ex: A Mulher deve ocupar o lugar do homem no mercado de trabalho? � O problema deve ser suscetível de solução. � Um problema só deve ser utilizado, ou escolhido, quando existirem formas de apresentar sua solução. De nada adianta escolher um tema 27 claro e interessante se o educando não dispuser de meios de pesquisa para o desenvolvimento e a avaliação do assunto. Ex: “A partir de uma base no planeta Marte, será possível desvendar o mistério relacionado à última fronteira da galáxia”. Sem tecnologia adequada para montar a base e depois investigar a fronteira final, só na “Enterprise” com Dr. Spock e tudo. � O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável, ou seja, possível de executar, mensurar. � Normalmente logo após os primeiros passos de uma pesquisa, as leituras e pesquisas fazem com que o tema tendam à amplitude, sendo necessário um certo tipo de delimitação por parte do orientador. A delimitação faz-se necessária para um maior aprofundamento no tema específico e, também, por conta da disponibilidade de recursos e meios para a pesquisa. Ex: A educação no Brasil é falha? Seria necessário delimitar que área da educação se pretende pesquisar. O que vai ser estudado, a educação infantil, a educação básica, o ensino médio ou o ensino superior? O ensino público ou o privado? Num País como o nosso, de dimensão continental e distintas realidades regionais, parece bem provável que uma delimitação geográfica seja obrigatória. 2.4. Justificativa Consiste na apresentação, de forma clara, objetiva e rica em detalhes, das razões de ordem teórica ou prática que justificam a realização da pesquisa ou o tema proposto para avaliação inicial. No caso de pesquisa de natureza científica ou acadêmica, a justificativa deve indicar: 28 a) O estágio de desenvolvimento dos conhecimentos referentes ao tema; b) As contribuições que a pesquisa pode trazer, no sentido de proporcionar respostas aos problemas propostos ou de ampliar as formulações teóricas a esse respeito; c) A relevância social do problema a ser investigado; d) A possibilidade do estudo sugerir contribuições no âmbito da realidade proposta pelo tema. 2.5. Objetivos A apresentação dos objetivos varia em função da natureza do projeto. Nos objetivos de pesquisa, cabe identificar claramente o problema, apresentar sua delimitação, bem como apresentar as hipóteses a serem testadas. Apresentam-se os objetivos de forma geral e específica. 2.5.1. Objetivo Geral Refere-se ao escopo central, o objetivo maior do estudo. Uma boa dica a ser seguida é a repetição do problema na forma afirmativa com um verbo associado a pesquisa como “analisar”, “investigar”, “entender melhor”, “compreender” etc. 2.5.2. Objetivos Específicos Como o plural sugere tem de ser pelo menos dois. Estes objetivos dão base ao geral. Sem responder os mesmos não temos condições de atender o objetivo geral. Ex: Se o objetivo geral for: “Analisar a importância do brincar para o aprendizado de matemática”. Os objetivos específicos serão algo em torno de: 29 Ex: “Pesquisar sobre diferentes tipos de brincadeira e a importância do brincar para a educação” Ex: “Investigar os principais desafios no aprendizado de matemática”. 2.6. A Hipótese Podemos dizer que a Hipótese é uma suposta solução antecipada para o problema proposto. Ou, o reconhecimento antecipado de sua causa geradora. Após a formulação do problema (que deve ter sido feita em forma de pergunta) e da pesquisa bibliográfica preliminar, é possível ao pesquisador construir hipóteses que orientarão seu trabalho investigativo. As hipóteses poderão ser testadas ao longo do trabalho, comprovando ou não a suposta solução antecipada. Tomemos como exemplo a suposição do seguinte problema: Por que o número de alunos que cursam pós-graduação no Brasil é incompatível com o número de graduados que se formam anualmente? Após uma pesquisa preliminar, o pesquisador poderia ter sugerido as seguintes hipóteses: - Ex: O aumento daconcorrência na oferta de cursos de graduação gerou uma queda nos preços das mensalidades, possibilitando um grande crescimento do número de matrículas em tal setor. - Ex: Na pós-graduação é encontrada uma situação de exclusão social, pois os graduados de baixa renda não dispõem de recursos financeiros para arcar com os altos custos deste nível de ensino. O pesquisador dará continuidade a seu trabalho investigativo, direcionando-o para testar as hipóteses sugeridas. Não se pode, contudo, considerar que as hipóteses propostas estarão sempre certas. Possivelmente, algumas poderão ser negadas ao longo do trabalho, o que não significa em 30 absoluto que a pesquisa esteja errada, mas sim que novos conhecimentos estão sendo adquiridos na resolução do problema. 2.6.1. Classificando as Hipóteses A hipótese é, portanto, um acontecimento incerto, uma orientação para a investigação de um fato do cotidiano, uma suposição sobre uma possível resposta para um problema, da qual não se tem certeza. Podemos classificar as hipóteses em duas grandes áreas: hipóteses casuísticas e hipóteses cotidianas. � Hipótese Casuística : Baseada em fato ocorrido, porém sem comprovação. Muito utilizada em pesquisas de caráter histórico onde são apresentadas a versão do pesquisador sobre um fato já conhecido, mas sobre o qual não existem registros completamente confiáveis. Como, por exemplo, a versão que propõe que Tiradentes não foi mártir da Inconfidência e, sim, que foi enforcado para encobrir os verdadeiros líderes do movimento e acabou servindo de exemplo na prevenção de futuros golpes. � Hipótese Cotidiana : Antecipa que determinada característica ocorre com maior ou menor freqüência em determinado grupo, sociedade ou cultura. Ex: “É elevado o número de pessoas que buscam cursos de pós-graduação para qualificar-se no mercado de trabalho”; ou, “A procura pelo esoterismo é muito comum na classe média”. 2.6.2. Buscando a Hipótese O educando, durante o trabalho de construção da hipótese, deverá contar principalmente com sua capacidade de observação dos fatos, a avaliação de estudos anteriores e o conhecimento das teorias já existentes 31 sobre o tema. É claro que a criatividade é sempre bem vinda e uma boa intuição poderá ajudar bastante. Independente do número de hipóteses que o educando, ou pesquisador, tenha alcançado neste primeiro momento, é necessário, a seguir, depurar os resultados obtidos verificando se as componentes da lista obtida são testáveis ou não. Eventualmente, algumas delas, após um maior aprofundamento, poderão ser abandonadas. Para obter um melhor resultado na hipótese proposta, eis algumas dicas: procure a clareza na apresentação dos conceitos, escolha a simplicidade na sua construção, seja específico na identificação do que vai ser testado e evite utilizar julgamentos de valor. É bom lembrar que, no processo inicial da pesquisa, o educando aponta uma hipótese com base no seu conhecimento do fato, naquele momento. Com o passar do tempo e o aprofundamento dos conceitos e teorias, essa mesma hipótese poderá sofrer alterações. Isto é absolutamente normal. Não se preocupe. E as varáveis? Utiliza-se o termo Variável para nomear os diversos objetos de estudo passíveis de assumir, ao longo de um trabalho científico, valores, estados ou aspectos diferenciados, dependendo das circunstâncias apresentadas. Por exemplo, o salário é uma variável, porque pode ser representado por diversos valores. O mesmo ocorre com número de alunos, valores de mensalidades, quantidade de ônibus numa cidade, idade etc. Embora alguns objetos de estudo não assumam valores numéricos e sim categorias, como, por exemplo, nível de escolaridade (básico, médio, superior), também podem ser identificados e tratados como variáveis. Assim podemos incluir os sem-teto, os descamisados, os sem-terra etc. No primeiro exemplo de hipótese apresentado anteriormente, podemos identificar as variáveis: oferta de cursos de graduação, preços de mensalidades e número de matrículas, todas podendo ser valoradas, ou seja, 32 representadas de forma numérica. Já no segundo exemplo, a variável custo de ensino, também valorada, aparece junto à variável baixa renda que não é, necessariamente, representada por um valor numérico, podendo ser identificada, também, por classes ou categorias. De um modo geral as hipóteses identificam dois tipos básicos de relações entre as variáveis do objeto de estudo: Associação , quando existe a relação entre as variáveis, mas estas não sofrem influência uma da outra; ou Dependência , quando uma ou mais variáveis sofrem interferências diretas de outras. 2.7. Delimitação O trabalho de pesquisa necessita de uma delimitação que depende das características do objeto de estudo e do nível de conhecimento do pesquisador. A delimitação pode ser definida a partir de uma especificação mais concreta do seu problema em relação à área de abrangência, local, tempo e amostra que servirá ao estudo. Por mais que tenhamos tentado aclarar através dos objetivos e hipóteses o que queremos com nosso estudo, algumas perguntas ainda podem ficar sem respostas. E é aqui na delimitação que isso deverá ser esclarecido. 2.8. Metodologia A redação de um plano de pesquisa é constituída pela especificação da metodologia a ser adotada. O educando ainda não possui profundidade suficiente no tema que o habilite a definir, com conhecimento de causa, o melhor método para buscar as informações pertinentes ao desenvolvimento do tema proposto: 33 � Tipo de delineamento (traçar o esboço da pesquisa); � Amostragem; � Técnica de coleta de dados; � Análise dos dados; � Forma de relatório. Cabe ao professor ou orientador trilhar esses caminhos junto com o educando, em uma conversa franca e esclarecedora sobre a justificativa e os objetivos do aluno, ou seja, como buscar informações e até onde ele quer chegar com a proposta. A orientação é importante e de muita responsabilidade. O professor deve ser conhecedor do tema escolhido pelo aluno. 2.9. Como Apresentar o Plano de Pesquisa Embora uma excessiva padronização, em muitas situações, possa ser prejudicial, a utilização de fórmulas padronizadas para facilitar os trabalhos de elaboração, discussão e aprovação do plano são bem vindas. A seguir, é reproduzida uma padronização para a apresentação do plano de pesquisa. O formato é adequado aos cursos de pós-graduação, pois possibilita uma visão generalizada do que pensa o aluno para a sua monografia e é utilizado como padrão nos cursos da AVM. Porém, isso não inviabiliza a necessidade de uma conversa pessoal com o orientador, afinal, alguns possuem dificuldades em dissertar sobre o que realmente pensam. Obs : Não escreva aqui no livro. Baixe o modelo do plano de pesquisa disponibilizado na primeira página do site do AVM (www.avm.edu.br). 34 Nome do(a) Aluno(a): Curso: Matrícula: TEMA (fato ou fenômeno a ser estudado) TÍTULO (Nome do estudo de acordo com o conteúdo) PROBLEMA (Questão central a ser enfocada em seu estudo escrita sob a forma de pergunta) JUSTIFICATIVA (o porquê de seu estudo, incluindo de forma resumida a orientação teórica) UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM - Plano de Pesquisa 35 OBJETIVO GERAL (Propósito central de seu estudo) OBJETIVOS ESPECÍFICOS (outros objetivos que seu trabalho pretenda) HIPÓTESE (Possível resposta ao problema acima formulado) ou QUESTÕES SECUNDÁRIAS (Em caso de estudo exploratório)DELIMITAÇÃO (Especificação do objeto de estudo e onde o mesmo será estudado) PROCEDIMENTO METODOLÓGICO (Como pretende desenvolver o trabalho? Enfocar detalhes da Amostra, metodologia empregada e referências bibliográficas) Figura 1 – Plano de Pesquisa 36 CAPÍTULO III A PESQUISA O interesse em pesquisar é inerente ao ser humano. Foi através da pesquisa, mesmo que efetuada sem base metodológica, que o ser humano conseguiu desenvolver seus conhecimentos e sair da idade da pedra. Através da pesquisa o homem dominou o fogo, construiu habitações e criou armas que o ajudavam a caçar seus alimentos. De lá para cá, muita coisa mudou, mas a mesma razão prática – buscar novos meios de fazer alguma coisa, o aperfeiçoamento do que já existe, a eficácia, a cura para alguma doença – continua a existir. Hoje, é claro, esta razão prática é estimulada pelos interesses mercadológicos. É a pesquisa aplicada (conhecer para dominar). O conhecimento sobre algo novo, melhor ou mais barato, poderá vir a ser um sucesso de vendas e, por isso, muito tempo e dinheiro é investido em pesquisa. Mas não se pesquisa apenas pela ordem prática. O homem é curioso, sempre foi. Pesquisa-se pelo simples, e soberbo, pelo prazer de adquirir conhecimento, de crescer intelectualmente, de descobrir as causas dos acontecimentos ou de visualizar novos horizontes científicos. É a chamada pesquisa “pura” (conhecer para conhecer). Obviamente, a ciência e o conhecimento crescem com base nos dois grupos. Pesquisas inicialmente classificadas como “aplicadas”, em seu decorrer, por vezes, seguem em direção à ciência “pura” e vice-versa. A pesquisa vista de forma simples, como apresentado no item anterior, pode então ser definida como a busca da solução de problemas. Sejam eles pré-existentes, conhecidos e de ordem prática ou, até mesmo, problemas que existam ainda apenas na curiosidade, nas dúvidas e nos questionamentos interiores do pesquisador. 37 A pesquisa científica, partindo dos mesmos princípios acima mencionados, utiliza métodos e técnicas para a correta identificação do problema, a observação da realidade, a verificação e a mensuração dos resultados, de forma sistemática e racional. As conclusões obtidas em pesquisas feitas desta forma metodológica permitem que o conhecimento científico adquirido tenha precisão e objetividade. � O pesquisador : Os argumentos acima são importantes para compreendermos os motivos que levam uma pessoa a pesquisar e sua importância para a sociedade. Na verdade, esse conhecimento deve ser associado a um lado interessado, ou seja, o sucesso da pesquisa e de suas descobertas para o mundo, dependem das habilidades do pesquisador. O trabalho dos pesquisadores deve ser pautado inicialmente pelo conhecimento do assunto e, sobretudo, pela curiosidade, pela disciplina e pela persistência. Dificuldades com certeza serão encontradas ao longo da tarefa, mas a perseverança e a auto-disciplina encaminharão o pesquisador ao encontro da solução dos problemas. � A realidade do pesquisador : Ciência e romantismo são coisas do passado, quando o descobridor era reconhecido como um gênio. Hoje, o pesquisador depende, além de suas habilidades pessoais para desenvolver o processo de criação científica, dos recursos disponíveis para o desenvolvimento da pesquisa. � O capital : Possui um papel fundamental no processo, afinal não se pode duvidar da interferência do poder econômico no resultado, ou seja, o trabalho com amplos recursos tem maior probabilidade de ser bem sucedido em um empreendimento de pesquisa, do que outro em que os recursos sejam deficientes. Qualquer pesquisa deverá levar em consideração o problema dos recursos disponíveis. Para isso, deve-se estar atento aos gastos decorrentes da aquisição de material e equipamento necessário, gerando assim economia de tempo em busca da agilidade necessária para a confecção do trabalho. O pesquisador precisa elaborar um orçamento adequado, ou seja, administrar 38 seu trabalho de pesquisa. Alguns pesquisadores se sentem constrangidos com esta imposição, mas é fundamental para que o trabalho não sofra interrupções. Não é mais possível dissociar a pesquisa científica das práticas sociais que as sustentam como interesses sócio-econômicos e políticos, prioridades institucionais, estrutura de poder das agências financiadoras, ideologia, entre outros. Só pelo desenvolvimento do ensino e da pesquisa será possível compreender exatamente o significado do papel crítico que as instituições de ensino devem desenvolver. O planejamento, uma antecipação da investigação, é o passo mais importante em direção à monografia. Neste momento, o educando busca um assunto ou problema a ser investigado e através de ações internas, procura antever em qual direção deve seguir para resolver o problema, se há bibliografias sobre o assunto, se o fato que pretende dissertar é atual ou antigo, se o tema pode ser investigado em seu habitat ou à distância, o custo operacional para o desenvolvimento e se há tempo hábil para buscar a solução. É importante lembrar que o pesquisador deve ter noção do tempo a ser utilizado na finalização da pesquisa, calcular o custo estimado para concluí- la no prazo e definir se o tema é atual ou não. Tema atualizado requer tempo e dedicação, afinal não existem muitas bibliografias disponíveis e não se surpreenda se, ao término do trabalho, você concluir que deve publicá-lo, já que não há quase nada no mercado sobre o assunto e o seu livro talvez seja uma excelente fonte para futuras pesquisas. 3.1. Classificações da Pesquisa As pesquisas são classificadas de várias formas. Cada autor, ou pesquisador, prefere utilizar uma classificação mais próxima da sua visão e de seus critérios particulares sobre o assunto. Neste trabalho optou-se por apresentar uma classificação genérica, mas que abrangesse as formas de pesquisa mais utilizadas nas monografias. São elas: 39 3.1.1. Pesquisas Bibliográficas Permitem ao pesquisador obter conhecimento para a solução do problema através da busca referências ao assunto estudado em documentos, livros etc. publicados anteriormente. Pode atuar como parte de outras formas de pesquisa ou de forma independente. 3.1.2. Pesquisas Exploratórias Permitem ao pesquisador absorver mais conhecimento pela aproximação ao assunto, de forma a melhor compreender o universo estudado e “afinar” seu relacionamento com o problema proposto. Através delas, o pesquisador obtém um aprofundamento no assunto, identificando os fatores históricos que o envolvem. A pesquisa bibliográfica, citada acima bem como o levantamento de informações no próprio campo são recursos usados pelo pesquisador neste tipo de pesquisa. 3.1.3. Pesquisas Descritivas Permitem ao pesquisador observar e registrar fatos do cotidiano, perfis de grupos, opiniões, dogmas etc.. Após a análise dos registros obtidos é possível ao pesquisador efetuar a correlação dos fatos observados, definir o que aconteceu, como, quando e onde ocorreu. As conhecidas pesquisas de opinião, eleitorais ou de motivação (procuram saber as razões ocultas de alguma atitude) fazem parte desta categoria. 3.1.4. Pesquisa Experimental O pesquisador produz “experimentos”, sobre um determinado assunto estudado, manipulando as variáveis e observando os resultados da manipulação num verdadeiro estudo de causa e efeito. Por exemplo, “O que acontece com a variável X se alterarmos de uma certa forma a variável Y?”. Identificando as relações entre as variáveis do estudo e a lógica das alterações 40 produzidas pela variável independente na variável dependente, o pesquisador reconhecerá as causas do fenômeno em estudo. Embora o termo “experimental” nos remeta a experiênciasexecutadas em laboratório, estas pesquisas não se limitam ao ambiente laboratorial, podendo também ser utilizadas em trabalhos de campo. 3.1.5. Pesquisas Explicativas Bem próxima da Pesquisa Experimental, a Pesquisa Explicativa, como sugere seu nome, pretende “explicar” as causas de um fenômeno utilizando a observação ou o experimento. Ao final o pesquisador espera conhecer as razões que levam o fato a ocorrer, quem são os atores envolvidos, e quais conseqüências do ocorrido. Obs .: É interessante que na metodologia você esclareça que tipo de pesquisa você irá utilizar. 3.2. O Planejamento Inicial da Pesquisa Independente do tipo de pesquisa selecionado dentre a classificação apresentada, o pesquisador deverá planejar de que forma ela será executada para que os objetivos propostos sejam alcançados. O desenho da pesquisa deverá prever que informações (dados) serão trabalhadas, onde serão encontradas, como serão coletadas e de que forma serão analisadas. 3.3. Coletas de Dados Para se coletar dados é necessário antes de mais nada saber o que se busca. Para se acertar a flecha, é necessário conhecer o alvo. A partir do tema escolhido, são procuradas informações em livros, documentos, artigos científicos e periódicos direcionados, como revistas especializadas ou em periódicos de grande tiragem (voltados para a massa) que penetram em grandes núcleos sociais. 41 As pesquisas inicialmente são desenvolvidas quase que exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Seguindo o que foi pesquisado, busca-se mais informação em outros tipos de publicações válidas, tanto de conteúdo científico quanto de domínio público. A Internet está na categoria de domínio público, mas cuidado, já que nem sempre é possível confirmar a veracidade de suas fontes. Nas monografias voltadas para o ambiente empresarial, por vezes será necessária a busca de informações sobre o mercado, a indústria – aí compreendida como a área da atuação empresarial estudada – ou, até mesmo, sobre os concorrentes. Tal tarefa, que poderíamos chamar de monitoração do ambiente externo pode, a princípio, parecer difícil e complexa, mas, segundo Henry Dou (1995), a maior parte das informações sobre o mercado ou sobre os concorrentes está disponível sem custo, bastando ter capacidade de organização para coletá-las. FORMAL 40% INFORMAL 40% ESPECIALISTAS 10% EVENTOS 10% Figura 2 – Fontes de Informação segundo Henry Dou ( 1995). 3.3.1. Instrumentos de Coleta de Dados (em caso de pesquisa de campo) Os instrumentos necessários para a realização da pesquisa devem ser indicados de maneira detalhada. Os equipamentos e suprimentos variam consideravelmente de acordo com o tipo de pesquisa. Dentre os diversos itens que podem ser considerados, formulamos os seguintes: � Questionários e formulários; � Impressos especiais para registro; 42 � Manuais de instrução para os pesquisadores; � Equipamentos de registro (papel, caneta, computador, gravador, vídeo); � Pessoal para o trabalho de campo Devem ser anexados ao trabalho os modelos dos instrumentos a serem utilizados para a coleta de dados, tais como: formulários, questionários e escalas de atitudes. Anexe também os modelos de outros materiais impressos, como: manuais de instrução, mapa das áreas de investigação etc. Caso o educando utilize questionários em um primeiro momento da pesquisa, nos quais o objeto de observação seja contemplado, é importante anexar tais documentos. 3.3.2. Pesquisando Bibliografias O início de qualquer pesquisa normalmente parte de um material já existente como livros e artigos publicados. Na verdade, boa parte dos estudos é desenvolvida com base em outras publicações sobre o assunto, seja como fonte de consulta ou como ponto de partida para uma contestação. Não se esqueça de que o que importa é conhecer a fundo o assunto escolhido, como forma de agilizar a pesquisa e, por conseqüência, a monografia. Uma monografia inicialmente se desenvolve a partir de consultas prévias sobre o tema. Os livros e artigos, encontrados facilmente em bibliotecas ou nos arquivos das redações de jornais e revistas, representam a base documental que sustentará a sua tese, ou servirão de base para o desenvolvimento da dissertação. É bom lembrar que na monografia devem constar referências bibliográficas dos autores consultados que comprovem a veracidade da proposta do trabalho. As fontes podem ser encontradas de acordo com a necessidade do pesquisador, em diferentes meios de comunicação, como na seguinte orientação: 43 � Livros em geral : Podem ser de caráter técnico ou literário. Neste item incluem-se, também, as monografias e teses que, por tratar do assunto estudado, devem fazer parte da pesquisa bibliográfica. � Manuais de consulta : São as fontes de referência. Através delas obtêm-se rapidamente as informações procuradas; é o caso de enciclopédias, anuários, dicionários, ou catálogos. � Periódicos : São os jornais e as revistas publicados periodicamente, que apresentam notícias, entrevistas, informações e artigos diversos, com a participação de vários colaboradores ou autores. Em alguns casos são veículos voltados para a cobertura de assuntos específicos (científicos ou não), que podem se tornar uma fonte de consulta rica e atualizada. � Impressos diversos : São os variados tipos de publicações que possuem conteúdo específico de uma entidade de classe, informativos, trabalhos acadêmicos e páginas científicas na Internet. Por exemplo, os informativos do Conselho Regional de Medicina (CREMERJ), as jurisprudências fornecidas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disponibilizadas na Internet, entre outros. � Mídia magnética : As novas formas de armazenamento e divulgação das informações têm trazido mais facilidade aos pesquisadores. Além da Internet, uma ferramenta de pesquisa extremamente rápida, o pesquisador dispõe cada vez mais de informações distribuídas em mídias, magnética ou eletrônica, que suportam um grande volume de dados em um mínimo de espaço, permitindo a utilização de índices e ferramentas de localização rápida de assuntos ou palavras-chave. Na figura a seguir, é reproduzido o Ciclo da Comunicação e Informação, como apresentado por Leda Vânia (1998). Sob tal enfoque, os canais de comunicação seriam alimentados pela própria ciência, pela indústria e por unidades de desenvolvimento de tecnologia. Informações recuperadas através da Internet (que não aparece na figura) podem ser classificadas como informais, semiformais, formais ou mesmo superformais, dependendo da origem e do tipo do site que as forneça. 44 3.3.3. Pesquisa Documental Importantes pesquisas são elaboradas exclusivamente a partir de documentos que não são localizados em bibliotecas. Identificam-se pesquisas elaboradas a partir de fontes documentais como: correspondência pessoal, documentos cartoriais, registros de batismo, prontuários, entre outros. CANAIS INFORMAIS FORMAIS SEMIFORMAIS SUPERFORMAIS TELEFONE E-MAILS LIVROS PATENTES PERIÓDICOS PRIMÁRIA Autor SECUNDÁRIA Análise por profissionais da informação TERCIÁRIA • Bibliografia da bibliografia • Bibliotecas virtuais • Livros CATÁLOGO RESUMO BIBLIOGRAFIA RELATÓRIOS Ciência Tecnologia Indústria Figura 3 – Ciclo da Comunicação e Informação (Fonte : Vânia, 1998) 45 A Pesquisa Documental leva o pesquisador a trabalhar com documentos que ainda não receberam tratamento ou análise de profissionais específicos da área de informação e que podem ser encontrados sob diversas formas, nos mais variados locais. Cabe ao pesquisador, além de identificar as informações procuradas nas fontes analisadas, ser criterioso ao avaliá-las, pois podem ser subjetivase oriundas de fontes não representativas. Neste tipo de pesquisa serão encontrados documentos classificados como primários , por não terem recebido nenhum tratamento, como registros públicos, por exemplo, e também os documentos classificados como secundários , por já terem sofrido algum tipo de análise. • Tipos de documentos primários: correspondências individuais, fotos, anotações pessoais, diários, comunicados internos, memorandos, súmulas, atas de assembléias, entrevistas ao vivo etc. • Tipos de documentos secundários: relatórios diversos, divulgação de pesquisas, catálogos de empresas, relatórios de empresas, anuários estatísticos, entrevistas editadas etc. 3.4. Ficha Bibliográfica Tudo que for interessante, anote. Resenhas de livros e de artigos, resumos de posições, súmulas de pontos de vista, frases, trechos de obras literárias etc. Sobretudo pensamentos que lhe ocorram constantemente ou não em relação ao tema proposto pelo autor. O importante é registrar logo as idéias que vão surgindo. Deixando para depois, elas simplesmente vão fugir de nossa memória. De pouco adianta reunir farto material, se inscrito numa montanha de folhas e rascunhos bem rabiscados, em retalhos de papel, em blocos comuns. Os assuntos se misturam e depois nem você próprio conseguirá entender. 46 Por isso sugerimos: Organize-se. Construa um arquivo. Selecione uma pequena pasta ou fichário, onde você possa depositar suas fichas bibliográficas em vez de fazê-lo em folhas soltas ou cadernos. Veja, a seguir, um exemplo de ficha simples que pode ser produzida por você. FRENTE VERSO 3.4.1. A Ficha � Conceito : é um conjunto de elementos que permite a identificação, no todo ou em parte, de documentos impressos ou registrados Assunto: O Lúdico Tema: Efeitos da Globalização na Educação e na formação do indivíduo Citação 1: “O corpo é uma totalidade e uma estrutura interna fundamental ao desenvolvimento mental, afetivo e motor da criança” (LAPIERRE & AUCOUTURIER, 1986, p. 34). Citação 2: Nº da Ficha: 3 Bibliografia: LAPIERRE & AUCOUTURIER. A Simbologia do Movimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986, p. 34. Comentário: o corpo e a imagem corporal são importantes para uma vivência significativa, e sabendo que toda a aprendizagem deve começar do conhecido para o desconhecido, do concreto para o abstrato, realmente encontramos nessa via um método de trabalho de fácil assimilação e comunicação do arteterapeuta com as crianças e entre elas mesmas. 47 em diversos tipos de material. É indispensável à identificação de publicações mencionadas em qualquer trabalho. � Objetivos : o cuidado com as fichas depende um dos arremates da obra, a lista bibliográfica, tanto quanto a correta apresentação das notas de rodapé ou de final de capítulo. � Elementos Complementares : são aqueles elementos opcionais que, acrescentados aos essenciais, permitem caracterizar melhor as publicações referenciadas em bibliografias ou resumos. Observe-se que existem outras fontes de consulta e, para cada elemento, há uma única regra ou ordem de descrição, embora tenham características próprias quanto à forma de apresentação. As especificações a seguir identificam os elementos das referências bibliográficas e estabelecem uma ordem ou seqüência padronizada para a apresentação. � Monografias (livros, folhetos, dissertações...) : Os elementos são: autor, título, indicadores de responsabilidade, edição (local, editor e ano de publicação) descrição física (nº de páginas ou volumes, ilustração, dimensão, série ou coleção, notas especiais). Ex: DIAS, Gonçalves: Gonçalves Dias. poesia. Organizado por Manuel Bandeira; revisão crítica por Maximiano Silva. 11º ed., Rio de Janeiro: Agir, 1983. 80 p. Nossos Clássicos. � Coleções ou Revistas : REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Rio de Janeiro; IBGE, 1990. Trimestral. Boletim Bibliográfico do IBGE. p. 34. � Sem Autoria Própria : autor, título, edição (local, editor e ano de publicação), localização da parte referenciada. Ex: SOARES, Fernandes, BURLAMAQUI, Carlos Kopke. Pesquisas brasileiras, 1 e 2 graus. São Paulo: Formar, 1972. Vol. 3: Dados estatísticos, micro-regiões. � Com Autoria Própria : ORLANDO, José, LEME, Edson. Utilização agrícola dos resíduos de agroindústria. In: SIMPÓSIO SOBRE FERTILIZANTES NA AGRICULTURA BRASILEIRA, 1994. Brasília. Anais: EMBRASA, Departamento de Estudos e Pesquisas, 1994. pp. 451-459. 48 � Fascículos, Suplementos e Números especiais : CONJUNTURA ECONÔMICA. As 500 maiores micro empresas do Brasil. Rio de Janeiro: SEBRAE, vol. 7, 1995. Suplemento. � Artigos e Jornais : Biblioteca Climatiza seu Acervo. O Globo, Rio de Janeiro, 4 mar.1991, p.11, caderno c. � Texto retirado da Internet : Em caso de autor definido – NISKIER, Arnaldo. Consciência Educativa. www.ABL.com.br . p. 1-1, acessado em dia/mês/ano. � Texto retirado da Internet: www.bradesco.com.br. Banco Bradesco, Bradesco saúde, 1-4 p., acessado em dia/mês/ano. É fundamental produzir cópias ou backup dos arquivos em pen drives, emails ou CD-ROM, evitando assim a perda do material. Em caso de danos no seu computador PC, a cópia pode salvar o seu trabalho e a sua nota. 3.4.2. Citação As citações também são armazenadas nas fichas, facilitando o processo de arrumação no texto, de acordo com o conteúdo. A citação é um importante aliado na confirmação do que o autor propõe, ou seja, funciona como uma base de sustentação teórica que traz a “veracidade” ao conteúdo proposto. Uma monografia não pode ser baseada somente em experiências pessoais, necessita dividir com outros autores as mesmas experiências. Assim, o autor diminui a contestação de um avaliador ou banca examinadora. Com base em outros autores, o educando pode fazer comparações com a sua realidade ou, até, com outros autores e, assim, formar uma opinião própria. As citações podem ser diretas, indiretas ou citação de citação A chamada citação indireta ou livre diz respeito à reprodução de algumas idéias sem que haja transcrição literal das palavras do autor consultado. Apesar de ser livre, deve ser fiel ao sentido do texto original. Não é 49 necessário usar aspas e citar ao final da mesma o número da página de onde a pesquisa foi feita. Ex: De acordo com Machado (2001) o Estado no exercício de sua soberania exige que os indivíduos lhe forneçam os recursos que necessita (p. 44). Na citação direta , temos uma reprodução fiel (ipsis litteris) da fonte consultada. Caso a citação ocupe até três linhas de texto, deve-se mantê-la no corpo do documento usando aspas. Ex: O rondel compõe-se de duas quadras e de uma quintilha; como pode ser observado em Carmo (1919, p. 215), “presta-se o rondel aos conceitos galantes, e madrigalescos, às gentilezas amorosas, aos sentimentos delicados”. Na bibliografia teremos: CARMO, Manoel do. Consolidação das Leis do Verso. São Paulo: Duprat, 1919. Quando ocupar mais de três linhas começaremos a transcrição da citação direta pulando uma linha, recuando à direita 4 cm na régua do word, alinhando com a margem direita, a fonte terá tamanho 11 (menor do que o corpo da monografia propriamente dito), espaço entre linhas simples e sem aspas.Ex: É assim que podemos acompanhar Henry Edmond ao longo de toda a sua vida e que Hamlet poucas horas passará conosco. Em um dia de leitura podemos viver anos e anos da existência das personagens de uma ficção. (SIMÕES, 1944, p.14). 50 Figura 4 – Seleção e recuo da citação A citação de citação é aquela em que o autor do texto não tem acesso direto à obra citada, valendo-se de citação constante em outra obra. A indicação dos autores separados pela expressão “apud” ou “citado por”. Ex: Ponce(1982), citado por Silva (1994), declara que instrução, no sentido moderno do termo, quase não existia entre os espartanos. Ou, ex.: A indústria de informação, isoladamente, não produz conhecimento. Produz estoques de informação organizada para uso imediato ou futuro, ou, o que é pior, a criação voluntária no Brasil de uma base importante para sustentar a indústria transnacional de indústria da informação em ciência e tecnologia, na qual o profissional é formado no país para funcionar como um mero executor de normas e regulamentos, sem, no entanto, tê- los criado. (BARRETO apud SOUZA, 1991, p. 183). 51 Nunca é demais lembrar que as citações diretas devem ser reproduzidas com o mesmo texto que foi retirado do livro ou publicação, sem que nenhuma palavra seja modificada. É importante que no mesmo texto conste a fonte, ou seja, o nome do autor, o ano de publicação e a página de onde você retirou o texto. A referência bibliográfica completa deve ser reproduzida na "bibliografia”. Quando o nome do autor é encontrado dentro do texto, este se apresenta em caixa baixa, quando o autor está acompanhando uma citação o nome ficará em caixa alta. É possível que existam citações muito longas em consideração ao assunto que o aluno quer escrever, então orienta-se cortar a citação assinalando este corte com reticências entre parentes. Ex.: (...) importa situar-se na geografia do problema, divisar estradas, caminhos, encruzilhadas, esquinas, becos sem saída, passagens de nível, aclives e declives, as planícies amenas, os picos e grotões assustadores. Aja como contemplador, interessado, arguto, atento, mas despido da intenção de intervir. (THOMPSON, 1991, p. 20). 52 CAPÍTULO IV A CONFIGURAÇÃO Pronto, chegamos ao momento de formatar a monografia de acordo com as configurações básicas previstas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o modelo da AVM. Atenção nas explicações de seu professor, pois as configurações a seguir podem trazer alguma dúvida e as regras da ABNT sofrem alterações anuais, podendo apresentar algumas modificações nas configurações atuais. 4.1. Configuração de Página A formatação é o momento em que se transforma em resultado gráfico o resultado de tanta coleta de dados e dissertações. A monografia ganha forma e estilo, motivando ainda mais seu autor a buscar o melhor de si. Se você não domina o programa Word, poderá acompanhar passo a passo, ao longo deste capítulo, todas as etapas necessárias à formatação do documento, inclusive com ilustrações e/ou retirar o modelo no site da AVM. A seguir, você verá como efetuar as primeiras configurações do seu documento. O primeiro passo deve ser a configuração da página, onde você irá colocar todas as medidas necessárias para que seu documento fique uniforme, os exemplos dados serão baseados no Word 2007. Clique na barra de ferramentas do Word e na guia “Layout da página”, logo após clique em “Configurar Página” e depois na guia “Margens”, preencha as medidas pedidas conforme os padrões especificados abaixo: • Margem Superior: 3 cm • Margem Inferior: 2,5 cm • Margem Esquerda: 3,5 cm • Margem Direita: 2,5 cm. 53 Figura 5 – Configuração de página 4.2. Configuração do Texto O segundo passo retrata a formatação do texto, onde deverá ser usada a fonte (tipo de letra) Arial, tamanho de letra 12 (diferente da citação que possui tamanho 11), alinhamento justificado para que fique ajustado nas margens que já foi especificada (conforme item 4.1), 1,5 cm entre as linhas do texto e parágrafo iniciando a 2 cm da régua existente acima do seu documento. Para tamanho e fonte da letra dos documentos, basta clicar na guia “Início” e marcar o que foi informado anteriormente. Veja a figura abaixo. 54 Figura 6 – Configuração de fonte e tamanho da letra Para configurar o restante do texto, clique na barra de ferramentas a guia “Parágrafo” e preencha o que está sendo solicitado conforme ensinado. Veja a figura da próxima página 55 Figura 7 – Configuração do documento Agora veremos como criar uma padronização para a utilização das fontes no texto. O trabalho fica mais “limpo” e com um visual bonito. No entanto, a padronização não diz respeito apenas à aparência do trabalho, trata- se de um importante guia, para o leitor identificar as diferenças entre títulos de conteúdo, tópicos e subtópicos. • Para Títulos: 16 (caixa alta e negrito) • Para Tópicos ou sub-títulos: 14 (caixa baixa e negrito) • Para Nota de Rodapé: quando existir por ser opcional, será automático do Word1. 1 Se você perceber, este instrumento de estudo está formatado tal qual você deverá fazer com o seu trabalho de término de curso, sua monografia. 56 4.3. Numeração de Página Na barra de ferramentas do word, clique na opção “Inserir”, procure por “Número de Página”, configure o posicionamento de acordo com as regras solicitadas: superior ao alto, margem direita. Lembre-se que da capa até o sumário não recebe numeração de página, as folhas são contadas sem marca de paginação. Dica: Para fazê-lo basta numerar todo o trabalho e posteriormente criar uma caixa de texto sem linha colocando-a em cima da página para cobri-la. A partir da introdução a página volta a “aparecer”. Figura 8 – Numeração das páginas 57 4.4. Os Tópicos para a Formação da Monografia É importante seguir, com atenção, os tópicos para a formação da monografia, pois, na AVM, também são itens avaliados pelos orientadores. Atenção para não perder pontos na sua monografia. 4.4.1. Os Tópicos Pré-textuais • CAPA: nome da instituição de ensino, título da monografia, nome do autor, do orientador, do co-orientador (se existir), local e o ano da entrega. • FOLHA DE ROSTO: nome da instituição de ensino, título da monografia e objetivos do trabalho acadêmico, nome do curso, autor, local e ano da entrega. • AGRADECIMENTOS: são os agradecimentos a parentes, amigos, tutores e pessoas importantes para a realização do trabalho acadêmico. • DEDICATÓRIA: o educando dedica seu trabalho de monografia a alguma pessoa em especial, uma personalidade, a uma preocupação social etc. • RESUMO: em uma lauda, o educando deve resumir o trabalho de forma clara, objetiva e sucinta. Apontar a situação problema e sua solução. • METODOLOGIA: os métodos que levam à resposta do problema proposto. Pesquisa de campo, bibliográfica, observação do objeto de estudo, as entrevistas, os questionários etc. • SUMÁRIO: um resumo do índice, em que entram os capítulos, seus títulos, seguidos do número da página. Pagina-se a introdução, os capítulos, a bibliografia, os anexos e o índice. 58 4.4.2. Os Tópicos Textuais (da Introdução à Conclus ão) Esta parte deverá ter 30 páginas no mínimo. • INTRODUÇÃO: forma de posicionar o leitor sobre o que está por vir na literatura desenvolvida. Neste momento, conta-se o problema proposto e o que o autor pretende abordar no decorrer do trabalho acadêmico. • CAPÍTULOS: desenvolvem-se os itens pesquisados, de acordo com uma ordenação lógica, clara e rica em informações. • CONCLUSÃO: momento de reflexão e opinião a respeito da proposta que acaba de apresentar no capítulo final. 4.4.3. Os Tópicos Pós-textuais • BIBLIOGRAFIA: refere-se aos materiais impressos (livros artigos, revistas) citados no trabalho. Estes devem ser transcritos em ordem alfabética, partindo do sobrenome (em caixa alta). O título das obras deve ser em negrito. No caso de artigos retirados de revistas, o nome da revista deve ser negritado. • WEBGRAFIA: Diz
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