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Contraceptivos Hormonais

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Jéssica Viégas – Med 97 
 Os aspectos básicos da escolha do método contraceptivo hormonal levam em 
consideração a eficácia do método, sua segurança, facilidade na obtenção e no uso e os 
efeitos benéficos adicionais (ex: Melhora da regularidade do ciclo, redução do fluxo 
menstrual, menor tendência à acne e hirsutismo, melhora da TPM, menor tendência à 
anemia ferropriva, etc). 
 
Anticoncepcionais Hormonais Combinados (AHCO) 
 Também são chamados de anticoncepcionais orais 
combinados, representando o método anticoncepcional 
mais utilizado em todo o mundo. O mecanismo de ação 
consiste no espessamento do muco cervical e diminuição 
da produção de LH e FSH, de forma a inibir a ovulação. 
Essas drogas contêm estrogênio e progestagênio 
sintéticos no mesmo comprimido – o etinilestradiol (EE) é o principal estrogênio 
utilizado. 
 As pílulas combinadas podem ser classificadas em: 
 Monofásicas  Apresentam em todos os comprimidos as mesmas doses de 
estrogênio e progestagênio (ex: 20 μg de EE e 75 μg de progestogênio em todas as 
pílulas). 
 Bifásicas  Os comprimidos apresentam doses diferentes de estrogênio e 
progestagênio (ex: A 1º fase da cartela contendo comprimidos de 20 μg de EE e 75 
μg de progestagênio e a 2º fase possuindo 30 μg e 150 μg respectivamente de EE e 
progestagênio). 
 Trifásicas  Os comprimidos apresentam variações triplas nas doses dos 
hormônios (ex: Comprimidos de 30 μg e 50 μg, 40 μg e 75 μg seguido de 30 μg e 
125 μg de EE e progestogênio, respectivamente, distribuídos em 3 fases ao longo 
da cartela). 
 A eficácia dos anticoncepcionais orais (ACOs) é de 99,9% – é considerado um método de 
prevenção da gravidez muito eficiente. Seu índice de Pearl é de 0,1% – 0,3% – e sua 
efetividade varia entre 97% – 98%. Embora todos previnam a gestação quando utilizados 
corretamente, existem ACOs que são indicados exclusivamente para o tratamento de acne, 
hirsutismo, melhora da oleosidade da pele, regularização do ciclo menstrual, tratamento de 
SOP, etc. 
 Quando prescritos, é recomendável como 1º opção o uso de pílulas combinadas de baixa 
dosagem, ou seja, a paciente sempre deve iniciar o método com as dosagens mais baixas de 
estrogênio e progestagênios – as doses mais baixas encontradas no mercado correspondem 
a 15 μg de EE com 60 μg de progestagêneos. A partir disso, essa mesma dose pode ser man- 
tida se a paciente se adaptar e não apresentar spotting, ou pode ser elevada para 
uma dose mais alta. Esse mecanismo de administração permite que a menor 
quantidade de efeitos colaterais sejam gerados. 
 Geralmente, a paciente deve testar o ACO por pelo menos 3 meses. Se não der 
certo, deve ocorrer a troca para outro ACO – mesmo com 3 meses de uso, o spotting 
continua ocorrendo. Quando o sangramento fora do período de fluxo menstrual ocorre 
na 1ª fase do ciclo menstrual (até o 13° dia do ciclo), a dose de estrogênio deve ser 
aumentada, mas, quando ocorre na 2º fase do ciclo, a dose de progesterona deve ser 
aumentada. Caso ocorra spotting nas 2 fases do ciclo, a concentração de ambos os 
hormônios deve ser aumentada. 
 Nem todas as mulheres se adaptam a uma dose baixa de ACO. Isso ocorre porque 
essa droga mantém um status hormonal constante, fazendo com que o endométrio, 
embora estabilizado, fique fino e linear. Assim, para algumas mulheres uma dosagem 
muito baixa não é suficiente para manter essa atrofia endometrial, necessitando de 
uma dose maior para que não ocorra “escape”. 
 A pílula sempre deve ser administrada no mesmo horário por VO 
regularmente. Algumas situações (ex: Ingestão alcoólica, tomada da pílula junto da 
refeição, etc) e determinadas drogas (ex: Antialérgicos, anticonvulsivantes, laxantes, 
anti-hipertensivos, corticoides, antifúngicos, etc) podem promover interação 
medicamentosa ou inibição enzimática, diminuindo o tempo de meia-vida do ACO. 
Dessa forma, o metabolismo da droga acaba sendo mais acelerado, diminuindo sua 
eficácia e, consequentemente, aumentado o índice de Pearl e as chances de gravidez 
– a tomada da droga em horários distintos e o esquecimento das tomadas diárias 
também contribuem para a redução da eficácia. 
 É importante ressaltar que grande parte das mulheres deixa de usar preservativo 
quando começam a tomar a pílula, não levando em conta o fator de proteção contra 
ISTs. A responsabilidade na prevenção também deve ser do homem. 
 
Mecanismo de Ação dos AHCO 
 Os ACOs inibem a secreção de gonadotrofinas, impedindo a ovulação. O 
componente progestogênico inibe predominantemente a secreção de LH, bloqueando 
o pico desse hormônio necessário para ovulação. Já o componente estrogênico age 
predominantemente sobre o FSH, impedindo o desenvolvimento folicular e a 
emergência do folículo dominante. Mesmo havendo algum recrutamento folicular, a 
ação sobre o LH garantirá a eficácia contraceptiva. Os estrogênios apresentam duas 
outras funções: estabilizar o endométrio, evitando a descamação irregular (spotting), e 
potencializar a ação do progestogênio, por meio do aumento dos receptores 
intracelulares para esse hormônio. Assim, apenas uma mínima dose de estrogênio é 
necessária para manter a eficácia da pílula combinada. 
Como o efeito progestacional é predominante nas pílulas combinadas, o endométrio, o 
muco cervical e a função tubária refletem esse estímulo: o endométrio é atrófico, não re- 
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ceptivo à nidação, o muco cervical é espesso e hostil à ascensão dos espermatozoides, 
e o transporte tubário do óvulo é prejudicado. Todas essas ações aumentam a eficácia 
contraceptiva. 
 
 
 O endométrio se torna fino e linear, podendo reduzir o fluxo e o número de dias da 
menstruação para pacientes com hipermenorreia – ajuda também a reduzir a incidência 
de anemia ferropriva nessas pacientes. Além disso, o AHCO também possui efeito 
protetor para CA endometrial, cisto ovariano funcional e doença benigna da mama – 
não protege contra CA de mama e não tem relação e interferência sobre o CA de colo. 
 
Efeitos Metabólicos dos AHCO 
 Os AHCO exercem variável efeito metabólico, em particular sobre as proteínas 
hepáticas, fatores de coagulação, lipídios e carboidratos. Os principais efeitos 
metabólicos provocados são: 
1) Sobre o metabolismo lipídico: 
 
 Estrogênio Progestagênios 
Colesterol total ↑ ↓ 
HDL ↑ ↓ 
LDL ↓ ↑ 
Triglicerídeos ↑ ↓ 
 
2) Sobre o SRAA: O EE aumenta o substrato de renina e a produção de 
angiotensinogênio, desencadeando síntese de angiotensina e estímulo do 
córtex adrenal na produção de aldosterona, gerando vasoconstrição e retenção 
de sódio e água. 
3) Sobre o sistema de coagulação: O EE é responsável pelo aumento de fatores de 
coagulação (fatores VII e XII), redução da antitrombina III e aumento do 
inibidor do ativador do plasminogênio (PAI-1), que se traduz em perfil pró-
trombótico, sendo considerado dose-dependente (quanto maior a dose de 
estrogênio, maio o efeito pró-trombótico). Além disso, também ocorre aumento 
no número e na aderência das plaquetas. 
4) Sobre o metabolismo de carboidratos: Todos os progestagênios atuam 
aumentando a resistência insulínica e reduzindo a tolerância à glicose – a 
depender da dose e da natureza do progestagênio, pode haver maior ou menor 
influência sobre este parâmetro metabólico. Deve-se considerar, no entanto, 
que clinicamente este efeito é desprezível, só sendo considerado na escolha 
do contraceptivo diante de circunstâncias especiais, como em pacientes 
diabéticas. 
 
Efeitos Colaterais e Interações dos AHCO 
 Embora raras, as complicações cardiovasculares representam os riscos mais 
temidos entre as usuárias de pílulas contraceptivas. Destacam-se, entre estas, o 
tromboembolismo venoso, o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral –
observa-se que usuárias de ACOs têm maior risco de desencadear esses eventos do 
que não usuárias, sendo sempre maior nas preparações com elevada concentração 
estrogênicae naquelas que empregam progestogênios diferentes do levonorgestrel 
(os compostos com levonorgestrel são os ACOs de escolha, já que parecem estar 
associados com menor risco de trombose). 
 
Progestogênio Risco de TEV 
Levonorgestrel 2x maior com seu uso 
Desogestrel 3,6x maior com seu uso 
Gestodeno 3,6x maior com seu uso 
Drospirenona 4x maior com seu uso 
Ciproterona 8x maior com seu uso 
 
 O tromboembolismo venoso é historicamente atribuído às altas doses de 
estrogênios contidos nos primeiros anticoncepcionais. Assim, atualmente não existe 
justificativa para o emprego de ACOs de concentração estrogênica alta, pois 
estudos epidemiológicos demonstraram que aqueles com menos de 50 μg de EE 
possuem a mesma eficácia contraceptiva, com definida redução de risco de 
fenômenos tromboembólicos e cardiovasculares. 
 Outros efeitos adversos podem ser observados entre usuárias de pílulas 
contraceptivas, representando o principal elemento responsável pelo abandono do 
método: 
1) Relacionados ao estrogênio: 
 Náusea  Sugerir o uso noturno e afastar doenças do trato gastrointestinal. 
 Sensibilidade mamária (mastoidínea)  Ocorre principalmente próxima ao 
período pré-menstrual. 
 Cefaleia  Deve-se identificar o tipo de cefaleia: enxaqueca ou outro tipo. Na 
presença de enxaqueca com aura, o ACO deve ser suspenso. Nas cefaleias 
leves, o uso de anti-inflamatórios pode ter efeito satisfatório. Vale ressaltar 
Estrogênio Progestogênio 
Inibição da secreção de FSH, 
interferindo no crescimento folicular 
 
Inibe a secreção de LH, inibindo a ovulação 
 
Potencializa a ação do progestogênio 
Altera o muco cervical, tornando-o hostil para 
a ascensão do espermatozoide 
Mantém o padrão de sangramento 
cíclico 
Alterações da motilidade e secreção das 
trompas, impedindo o transporte do embrião 
 Atrofia as glândulas endometriais, 
interferindo na implantação do ovo 
 Altera a motilidade e secreção das trompas, 
impedindo o transporte do embrião 
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que, se a paciente já tiver quadros de enxaqueca, o ACO pode agravá-los. 
2) Relacionados aos progestagênios: 
 Estado depressivo. 
 Perfil lipídico alterado. 
 Acne. 
 Pele oleosa. 
 Hirsutismo. 
 Aumento do apetite e ganho de peso. 
 Existem evidências ainda de que o estrogênio pode agravar doenças reumáticas, 
hipertensão grave, diabetes com vasculopatias e doenças cardíacas, além de 
aumentar o risco cardiovascular em pacientes obesas, tabagistas e com idade > 40 
anos. 
 Das gestações que ocorrem durante o uso, pouquíssimas podem ser atribuídas à falha do 
método. Na maioria dos casos, a concepção ocorre por irregularidade na tomada ou por 
má absorção do fármaco (ex: Vômitos, gastrenterite, colite ulcerativa, doença de Crohn, 
interações com indutores enzimáticos que reduzem a concentração plasmática dos ACOs, 
etc). O uso concomitante de ACOs e outros fármacos também pode acarretar interações 
medicamentosas – é o caso de alguns anticonvulsivantes (ex: Topiramato) e antibióticos 
(ex: Rifampicina). Nesses casos, pode ser necessário reforçar ou substituir as medidas 
contraceptivas nas mulheres submetidas a tratamentos com esses fármacos, especialmente 
se prolongados. 
 
Apresentações e Características dos AHCO 
 Os AHCO estão disponíveis nas seguintes apresentações: 
1) Pílula oral: O anticoncepcional oral (ACO) é a apresentação mais comum dos 
AHCO – contêm estrogênio + progestagênios. As cartelas geralmente contêm 21, 
22, 24 ou 28 pílulas – algumas pílulas inativas 
podem vir junto na cartela para completar 28. Como 
dito anteriormente, podem ser monofásicos, 
bifásicos (menos comum no Brasil, é 
comercializado com a marca Gracial) ou trifásicos 
(mais comum nos EUA e têm três composições 
diferentes com variação na dose dos hormônios. No Brasil, é comercializado com o 
nome de Trinordiol, Triquilar e Levordiol). Ainda existem os quadrifásicos 
(vendido sob o nome comercial de Q-Laira, contendo 4 diferentes concentrações 
de EE e progestagênios ao longo da cartela), mas são menos comuns e mais caros. 
 É importante ressaltar que esses ACO que possuem mais de 1 fase têm o objetivo de 
mimetizar as diferentes variações nas concentrações de estrogênio e progesterona 
que ocorrem ao longo do ciclo menstrual, ora estando mais baixos ora estando mais 
altos. 
 As instruções de uso dos ACO incluem: 
 No 1º mês de uso, ingerir 1 comprimido no 1º dia do ciclo menstrual. Ao 
final da cartela deve-se: 
 Nas cartelas contendo 21 pílulas  Fazer uma pausa de 7 dias e iniciar 
uma nova cartela no 8º dia. 
 Nas cartelas contendo 22 pílulas  Fazer uma pausa de 6 dias e iniciar 
uma nova cartela no 7º dia. 
 Nas cartelas contendo 24 pílulas  Fazer uma pausa de 4 dias e 
reiniciar uma nova cartela no 5º dia. 
 Em caso de esquecimento: 
 1 pílula esquecida  Tomar a pílula esquecida imediatamente e a pílula 
regular no horário habitual. 
 2 ou mais pílulas esquecidas  Usar métodos de barreira e/ou sugerir 
troca do ACO por outro método contraceptivo hormonal, como injeções 
mensais ou trimestrais – esta opção uma alternativa principalmente para 
pacientes muito esquecidas. 
 Nos casos de vômitos e/ou diarréia com duração de 2 ou mais dias, as 
relações sexuais devem ser evitadas ou o uso de métodos de barreira deve 
ser instituído. 
 Os principais efeitos secundários dos ACOs são: náuseas, vômitos, mal estar 
gástrico, mastoidínea, cefaléia leve, retenção hídrica, leve ganho de peso, 
cloasma/melasma, spotting e amenorreia e alterações do humor. 
 
 
Vantagens da pílula hormonal 
combinada 
 
Desvantagens da pílula hormonal 
combinada 
 Diminui notavelmente a incidência 
de amenorreia, ciclos irregulares e 
sangramento intermenstrual. 
 A incidência de anemia ferropriva e 
TPM são reduzidas. 
 Reduz a incidência de doenças 
benignas da mama, fibrose uterina e 
cistos funcionais ovarianos. 
 Diminui o risco de doenças da 
tireoide e câncer de ovário e 
endométrio. 
 Melhora da acne. 
 Pode haver ganho de peso. 
 Alterações cutâneas como acne e/ou 
aumento de pigmentação são 
ocasionalmente relatados. 
 Efeitos secundários como náusea, 
rubor, vertigem, depressão ou 
irritabilidade podem ocorrer. 
 Pode ocasionar amenorreia e 
infertilidade temporária, hiperplasia 
endocervical e candidíase vaginal por 
alteração do pH da vagina. 
 Pode causar vasculopatias. 
 Não protege de DSTs. 
 
 As principais complicações decorrentes do uso desse método anticoncepcional 
são o AVC, o TVP e o TEP. Todas acontecem com maior frequência em pacientes 
fumantes de qualquer faixa etária. 
 
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2) Injeções: A anticoncepção hormonal combinada injetável é especialmente 
recomendada para pacientes com dificuldade de aderir à tomada diária do ACO 
ou que apresentam problemas de absorção entérica (doença inflamatória 
intestinal). A administração pode ser mensal (contém estrogênio + 
progesterona) ou trimestral (contém apenas progesterona – acetato de 
medroxiprogesterona) – esta última leva a amenorreia. 
a) Se em esquema mensal (Daiva, Noregyna ou Cyclofemina)  Aplicar 1 ampola 
IM profunda (no deltoide) a cada 30 dias, com tolerância de aproximadamente 
3 dias para a aplicação. O padrão de sangramento menstrual com o injetável 
mensal é previsível, com fluxos ocorrendo por privação hormonal a cada 3 
semanas após a injeção (22° dia). Alguns fabricantes orientam que a 
administração pode ser feita do 5º ao 7º dia do ciclo, no máximo até o 8º, sem 
que haja alteração da eficácia, mas, idealmente deve ser orientada a aplicação no 
1º dia da menstruação. 
 O mecanismo de ação é o mesmo dos ACOs: 
 Supressão da ovulação. 
 supressão do desenvolvimento folicular. 
 Espessamento do muco cervical. 
 Redução da espessura endometrial. 
 Além disso, quando comparado com os ACOs, o injetável mensal está relacionado ao 
menor sangramento intermenstrual e à maior ocorrênciade amenorreia. Os critérios 
de elegibilidade da OMS para esse método são os mesmos dos ACOs. 
 
b) Se em esquema trimestral (Demedrox, Depoprovera ou Contracep 150 mg)  
Aplicar 1 ampola IM profunda (no glúteo o no deltoide) a cada 90 dias. Pode 
ser aplicado nos primeiros 5 dias de menstruação, para confirmar ausência de 
gravidez. Assim, se aplicado nesse período, o efeito contraceptivo é alcançado em 
24 horas – se a aplicação for feita após esse período, preservativos devem ser 
usados pelas 2 semanas subsequentes. É importante ressaltar que os 
progestagênios injetáveis podem ser utilizados especialmente por pacientes que 
não podem fazer uso de estrogênio. 
 Segundo as literaturas, o esquema 
trimestral, que só contém progesterona na sua 
formulação, após 1 ano de uso, pode levar ao 
ganho de peso de 2 – 4 kg, uma vez que a 
progesterona promove aumento do apetite e 
maior retenção hídrica. 
 O mecanismo de ação consiste em: 
 Inibição da secreção de LH. 
 Maior viscosidade do muco. 
 Atrofia endometrial. 
 Ocorre retorno lento à fertilidade 
(ovulação) cerca de 9 meses após a última 
injeção. A eficácia desse método é igual à da ligadura tubária e superior a todos os 
outros métodos reversíveis, com exceção do implante subdérmico. Além da 
contracepção, outros efeitos benéficos podem resultar do emprego dessa medicação, 
como: 
 Amenorreia com alívio da dismenorreia e melhora da anemia. 
 Redução dos sintomas associados à endometriose, à tensão pré-menstrual e 
à dor pélvica crônica. 
 Redução do câncer de endométrio. 
 Diminuição da ocorrência de convulsões. 
 Possível redução de crises na anemia falciforme. 
 As contraindicações são poucas, devido à ausência de estrogênio em sua 
composição. Não pode ser usado na suspeita de gravidez, quando houver 
sangramento vaginal de etiologia desconhecida, e na presença de doença 
trofoblástica e patologias malignas. Além disso, durante seu uso, pode ocorrer: 
 Sangramento intermenstrual (ciclos menstruais imprevisíveis nos primeiros 
meses de uso, com melhora após uso prolongado). 
 Amenorreia. 
 Edema e ganho de peso. 
 Acne. 
 Náuseas. 
 Mastoidínea. 
 Cefaleia. 
 Alterações do humor. 
 Redução da densidade mineral óssea (DMO). 
 Os critérios de elegibilidade da OMS são semelhantes aos dos progestogênios 
isolados, devendo-se observar que adolescentes se enquadram na categoria 2, pois tem 
efeitos deletérios na DMO. Vale ressaltar ainda que, se forem usados no puerpério com 
menos de 6 semanas após o parto, a paciente será enquadrada na categoria 3, visto 
que os efeitos de altas doses de progestogênios em recém-nascidos via amamentação 
Resumo sobre os ACOs  Principais pontos: 
 Muito eficazes quando em uso correto. 
 Promovem ciclos menstruais regulares. 
 Diminuem o fluxo menstrual. 
 Melhoram a dismenorreia e a tensão pré-menstrual. 
 Não há necessidade de pausas para “descanso”. 
 Podem ser usados desde a adolescência até a menopausa. 
 A fertilidade retorna logo após a interrupção de seu uso. 
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ainda são desconhecidos. 
 
3) Adesivos transdérmico: O adesivo transdérmico é uma importante alternativa 
em mulheres que se esquecem de tomar o anticoncepcional com frequência, pois é 
necessária apenas a troca semanal do produto. O mais utilizado recebe o nome 
comercial de Evra. Cada adesivo contém 0,60 mg de EE e 6 mg de 
norelgestromina (após o metabolismo hepático se transforma de levonorgestrel), 
sem ação androgênica. Ademais, os adesivos devem ser evitados na região 
genital e nas mamas – o ideal é que a aplicação seja feita semanalmente em locais 
distintos, podendo variar entre o dorso, o deltoide, o abdome inferior ou a parte 
superior do glúteo. 
 O primeiro adesivo pode ser colocado no 1º dia do ciclo, sendo substituído 
semanalmente (a cada 7 dias – não há necessidade de ser sempre no mesmo horário), 
durante 3 semanas. A partir disso, é feito uma pausa de 1 semana, enquanto ocorre o 
sangramento por provação – se paciente quiser, pode “emendar” os adesivos, sem pausa, 
mas o ideal é que sejam utilizados apenas por 3 semanas seguido de 1 pausa. 
 
 Concentrações séricas hormonais são obtidas rapidamente após a colocação. Entretanto, 
a farmacocinética do adesivo difere da via oral: flutuações hormonais são evitadas e a 
concentração sérica atingida é capaz de manter a eficácia contraceptiva mesmo que haja 
atraso de até 2 dias na substituição do adesivo. 
 Se o adesivo descolar a dose é perdida, reduzindo sua eficácia, e será necessária a 
aplicação de outro adesivo no local. É importante ressaltar ainda que pacientes com > 90 
kg não devem fazer uso desse contraceptivo, pois também pode haver redução da 
eficácia. 
 
4) Implantes subdérmicos: Os implantes subdérmicos fazem parte do grupo de 
contraceptivos hormonais de longa ação, juntamente com os DIUs, com duração 
contraceptiva > 3 anos. Recebe o nome comercial de Implanon, sendo implantado 
abaixo da derme na prega do cotovelo (no sulco entre o bíceps e o tríceps, a 6 – 8 
cm do cotovelo) entre o 2º e 5º dia do ciclo, sob anestesia local. São altamente 
eficazes (índice de Pearl próximo de zero), liberando continuamente na corrente 
sanguínea o progestagênio etonogestrel. 
 As principais vantagens dos implantes são: 
 Não há necessidade de ingerir pílula todos os dias. 
 Não apresenta risco de uso inadequado. 
 Diminui a TPM. 
 Diminui o fluxo menstrual. 
 Índice de Pearl bem próximo de zero (muito eficaz, 
um dos melhores métodos contraceptivos). 
 É prático e reversível. 
 Os implantes têm efeito contraceptivo 
imediato quando inseridos nos primeiros 7 dias do ciclo 
menstrual. Contudo, se a inserção ocorrer após o 7º dia do 
ciclo menstrual, é necessária contracepção adicional por 
pelo menos 3 dias. Seu mecanismo de ação consiste em: 
 Inibir a ovulação. 
 Aumentar a viscosidade do muco cervical, 
inibindo a penetração do espermatozoide. 
 Diminuir a espessura endometrial. 
 Os efeitos colaterais incluem dismenorreia, amenorreia, spotting, dor local, 
alergia, acne, cefaléia, aumento do peso, dor abdominal, queda de cabelo, cefaleia ou seu 
agravamento, se a paciente já tiver, e perda de libido. 
 Após a remoção do implante, o retorno à fertilidade é rápido, podendo variar em 
média de 1 a 18 semanas. Assim como no anticoncepcional trimestral injetável, os 
critérios de elegibilidade da OMS são semelhantes aos dos progestogênios isolados. 
 
5) Anel vaginal: Recebe o nome comercial de 
Nuvaring, contendo estrogênio e progesterona 
na sua formulação – deve ser conservado na 
geladeira. É um anel de plástico flexível, medindo 
4 mm de espessura e 54 mm de diâmetro. Através 
do contato com a mucosa, o anel libera para a 
corrente sanguínea 15 μg/dia de EE e 120 μg/dia 
de etonogestrel (metabólico metabolicamente 
ativo do desogestrel). Possui um índice de Pearl 
que varia de 0,3 – 8% – o pior índice dos AHCO. 
Além disso, para seu uso é necessário que a 
paciente tenha conhecimento da sua anatomia 
(por esse motivo o índice é tão ruim). Também 
pode aumentar a incidência de candidíase e mucorreia. 
 O anel deve ser colocado no canal vaginal entre o 1º e o 5º dia do ciclo e retirado 
apenas 21 dias após, para ocorrer sangramento por privação. A partir disso, realiza-
se 7 dias de pausa e reinicia-se o processo em seguida, mantendo 1 anel por ciclo. 
Preservativos devem ser usados nos primeiros 7 dias de uso na ausência de método 
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de método contraceptivo prévio ou na troca de outros métodos (exceto para uso prévio de 
ACO). 
 As principais vantagens do anel vaginal são: 
 Não há necessidade de ingerir pílulas todos os dias. 
 Não há metabolismo de primeira passagem hepática. 
 Comodidade de administração apenas 1x/mês. 
 Mínimos efeitos colaterais. 
 Poucas mulheres ou parceiros relataram sentir a presença do anel durante a 
relaçãosexual. 
 Mantém a proteção contraceptiva por mais 7 dias em caso de esquecimento da 
data da troca. 
 É discreto. 
 A taxa de falha, os critérios de elegibilidade da OMS, o perfil de efeitos adversos e as 
contraindicações são similares aos dos ACOs. Os efeitos adversos podem ser: 
 Sangramento de escape (spotting). 
 Cefaleia. 
 Vaginite (candidíase). 
 Mucorreia. 
 Ganho de peso. 
 Náusea. 
 Expulsão do anel. 
 
6) Pílula vaginal: É um contraceptivo combinado composto por 50 μg de EE e 50 μg 
de levonorgestrel. É vendido sob o nome comercial de Lovelle (contém 21 pílulas 
ativas). Embora tenha boa eficácia, assim como o anel vaginal também é 
necessário que a paciente tenha conhecimento da sua anatomia para a 
administração da pílula, além aumentar a incidência de candidíase e mucorreia. 
 Todas essas apresentações contêm em sua fórmula estrogênio e progestagênios (exceto 
a injeção trimestral e o implante subdérmico), sendo o etinilestradiol o estrogênio mais 
utilizado – o valerato de estradiol também é utilizado em algumas formulações. Dos 
progestagênios que podem ser empregados, os mais comuns são: 
 Levonorgestrel  É um derivado da testosterona, tem baixo custo e menor ação 
mineralocorticoide. 
 Desogestrel  Possui pouca ação androgênica. 
 Gestodeno  Também possui menor ação androgênica. 
 Ciproterona  Possui ação antiandrogênica, sendo, por isso, muito bom para 
tratamento de SOP, controle da oleosidade da pele, acne e hirsutismo – mesmo 
aumentando em 8x risco de TEV. 
 Drospirenona  É uma análoga da Espironolactona, possuindo ação 
antimineralocorticoide e diurética, diminuindo a retenção hídrica. 
 Clormadinona  É uma análoga da progesterona natural. 
 Dionogest. 
 Acetato de monogestrel  Recebe o nome comercial de Stezza e possui o 
maior tempo de meia-vida (36 horas) entre os anticoncepcionais. 
 Vale lembrar que os AHCO podem ser usados desde a menarca até a 
menopausa sob qualquer apresentação, desde que o método seja o adequado para cada 
paciente. 
 
Anticoncepcionais Orais somente com Progestagênios 
 Uma alternativa para pacientes que querem fazer uso de anticoncepção 
hormonal oral, mas não podem usar estrogênio (lactantes, fumantes e hipertensas, 
tratamento de dismenorreia e quadros de enxaqueca, intervenção cirúrgica, 
varizes com risco de fenômeno tromboembólico, dismenorreia e endometriose), é 
a escolha de ACO contendo apenas progesterona. São eles: 
 Levonorgestrel 30 mcg (Nortrel ou Minipil) – 35 pílulas ativas. 
 Noretindrona 35 μg (Micronor ou Norestin) – 35 pílulas ativas. 
 Linestrenol 0,5 μm (Exluton) – 28 pílulas ativas. 
 Desogestrel 75 μg (Cerazette) – 28 pílulas ativas. 
 A administração deve ser feita através da tomada de 1 comprimido/dia, por 
volta do mesmo horário, iniciando no 1º dia do ciclo e emendando outra cartela 
quando esta chegar ao fim – a tomada é contínua, não são feitas pausas (a paciente 
entra em amenorreia). 
 Para gestantes, pode ser feita a administração tanto sob a forma de ACO quanto 
sob a forma de ampola injetável trimestral até 6 meses de lactação ou enquanto 
houver amamentação – após esse período, o ACO de progesterona pode ser trocado 
para outro que também contenham estrogênio ou pode ser escolhido outro método 
contraceptivo. 
 Na endometriose se usa o progestagênio Dionogeste de 2 mg, mas nada impede 
que os outros mencionados anteriormente também sejam utilizados. 
 Os ACO de progestagênios são classificados em: 
1) Minipílula: São compostas por acetato de noretindrona e levonorgestrel e 
possuem maior índice de falha (índice de Pearl de 0,5). A eficácia 
contraceptiva pode ser perdida em 27 horas após a última dose. Sua ação 
envolve: 
 O espessamento do muco cervical. 
 A inibição da implantação do embrião no endométrio. 
 Não bloqueia a ovulação  As concentrações de progestogênios 
encontradas em minipílulas são insuficientes para bloquear a ovulação. 
 Minipílulas estão indicadas quando: 
 Há intolerância ou contraindicação formal ao uso de estrogênios. 
 Durante a amamentação, pois não inibem a produção de leite  Nessa 
circunstância, também se admitem os ACOs de baixas concentrações estro- 
Jéssica Viégas – Med 97 
gênicas, desde que se mantenha alta a frequência das mamadas (aleitamento materno 
exclusivo). Além disso, a minipílula pode ser administrada no puerpério da seguinte forma: 
 Com menos de 6 semanas após o parto  A paciente então será 
enquadrada na categoria 2 dos critérios de elegibilidade da OMS. 
 Com 6 semanas após o parto  A paciente então será enquadrada na 
categoria 1 dos critérios de elegibilidade da OMS. 
 No mínimo 14 dias antes do retorno da atividade sexual. 
 O uso de minipílulas é contínuo (sem pausa) e deve ser bastante regular, respeitando 
rigorosamente o horário de tomada. Se a paciente esquecer: 
 De 1 ou 2 comprimidos  Deve tomar um assim que lembrar e outro no 
horário habitual, utilizando métodos adicionais até que 14 comprimidos tenham 
sido tomados. 
 De > 2 comprimidos  Deve iniciar outro método de contracepção até que 
ocorra fluxo menstrual. 
 
2) Progestogênio isolado: É um ACO constituído apenas de desogestrel. Provoca 
anovulação em 97% das usuárias e torna o muco cervical espesso, dificultando 
a ascensão dos espermatozoides. É mais eficaz que as minipílulas, pois como 
os anticoncepcionais orais combinados (estrogênio + progesterona), são capazes 
de inibir o eixo hipotálamo-hipófise-ovário. 
 Sua eficácia contraceptiva é excelente. Está indicado: 
 Durante a amamentação. 
 Em mulheres que não podem ou não desejam usar pílulas com estrogênio. 
 O uso também deve ser contínuo. Tem a vantagem de poder ser tomado com atraso de 
até 12 horas, sem comprometer a sua eficácia. Os anticonvulsivantes, a Rifampicina e a 
Griseofluvina podem diminuir a sua eficácia. 
 Os eventos adversos mais comuns são sangramento irregular, oligomenorreia ou 
amenorreia, acne, mastoidínea, náuseas, aumento de peso, alterações do humor e 
diminuição da libido. 
 
Seguimento das Pacientes 
 Usuárias de ACO devem ser vistas após os primeiros 3 meses de uso e, 
subsequentemente, a cada 6 a 12 meses, na busca de efeitos adversos menores, 
controle de pressão arterial e peso. As pacientes devem ser alertadas para os sinais e 
sintomas dos efeitos adversos maiores, basicamente para TVP e TEP, quando é 
necessário atendimento médico imediato. Em cada consulta, deve ser reforçada a adesão da 
paciente ao tratamento. 
 O uso de ACOs de baixa dosagem está associado ao baixo risco absoluto de doença 
cardiovascular em mulheres saudáveis. Mesmo quando os potenciais riscos à saúde 
decorrentes do uso do ACO são contemplados, o resultado final é o benefício para essas 
mulheres, especialmente devido à alta eficácia em evitar a gravidez e à redução de risco 
de câncer de ovário. 
 Importante recomendação deve ser feita em relação à PA. Sabe-se que o uso de 
ACOs aumenta em 2x a chance de desenvolver hipertensão em longo prazo. Em 
pacientes já hipertensas, o aumento da PA pode ser agravado com o uso de pílula. 
Sendo assim, ocorre diminuição da mortalidade por câncer ovariano e aumento da 
mortalidade por doença cerebrovascular em mulheres em uso corrente de ACOs. 
 
Critérios de Elegibilidade das Pacientes 
 Os AHCO estão preferencialmente indicados para mulheres sadias, não 
fumantes, com < 35 anos de idade e sem fatores de risco para TVP (ex: 
Sedentarismo, história familiar ou pessoal de TVP ou TEP, obesidade, etc), pois muitos 
dos efeitos deletérios desses fármacos se expressam predominantemente quando há 
condições adicionais de risco. O uso em pacientes com > 40 anos é recomendado 
para mulheres sadias e com perfil de risco conhecido, de preferência em baixas 
concentrações de estrogênios e progestogênios. 
 No entanto, sabendo-se que a idade e a obesidade são fatores de risco 
independentes para eventos cardiovascularese para TEV, a razão risco-benefício 
para o uso dessas drogas deverá ser individualizada. 
 Para pacientes que vão iniciar a contracepção hormonal ou para aquelas com 
perfil de risco para TVP (com história familiar, sobrepeso ou sedentarismo), preferir 
sempre as combinações com levonorgestrel e, para aquelas com perfil de risco para 
TVP na presença de mais de um fator de risco, considerar métodos não hormonais 
ou pílulas de progestogênios isolados. 
 A categoria 1 estabelecida pela OMS estão incluídos os seguintes casos: 
 Idade até 40 anos. 
 Pós-aborto. 
 Puerpério de 21 dias nas que não estão amamentando. 
 Antecedente de prenhez ectópica. 
 Antes de cirurgia de pequeno porte. 
 Síndromes depressivas. 
 Endometriose. 
 Miomatose uterina. 
 Na categoria 2 estão incluídas as seguintes situações: 
 Amamentação por mais de 6 meses após parto  Até 6 meses de amamentação 
é utilizada contracepção hormonal com progesterona pura. 
 Idade > 40 anos. 
 Fumantes  Também são preferidos os ACOs apenas com progesterona. 
 Cardiopatia não complicada. 
 Antecedente de doença tromboembólica  Também são preferidos os ACOs 
apenas com progesterona. 
 Diabetes sem vasculopatia. 
Jéssica Viégas – Med 97 
 Colestase na gravidez. 
 Na categoria 3 e 4 estão incluídas as seguintes situações: 
 Hipertensão arterial severa. 
 Cardiopatia isquêmica. 
 Doença cardíaca valvular complicada. 
 Doença tromboembólica em atividade ou no passado. 
 Pré-operatório de cirurgia de grande porte. 
 Doença de vias biliares. 
 Antecedente de AVC. 
 Neoplasia Mamária e qualquer outra neoplasia hormônio-dependente, visto que 
pode haver piora do quadro. 
 
Interações Medicamentosas com os Anticoncepcionais Orais 
 Alguns fármacos, quando utilizados junto com a pílula, podem produzir interação 
medicamentosa, reduzindo a eficácia da droga. 
 
Diminuem o efeito 
hormonal 
Diminuem o efeito 
terapêutico 
Diminuem o efeito hormonal 
e o efeito terapêutico 
 Rifampicina 
 Amoxacilina 
 Cloranfenicol 
 Doxaciclina 
 Dapsona 
 Tetraciclinas 
 Tranquilizantes 
 Anti-hipertensivos 
 Hipoglicemiantes 
 Anticoagulantes 
 Antirretrovirais 
 Antifúngicos 
 Antialérgicos 
 Bloqueadores H1 e H2 
 Anticonvulsivantes 
 Antiepiléticos 
 Óleo mineral 
 
Anticoncepção no Puerpério 
 A primeira escolha para puérperas são os anticoncepcionais contendo apenas 
progestogênios, já que apresentam eficácia elevada e não interferem na amamentação. 
Caso a paciente que esteja amamentando não possa arcar com o custo desse 
medicamento, a opção recai sobre o uso de minipílulas, que, embora apresentem uma 
eficácia ligeiramente inferior, são distribuídas pelo SUS. 
 O uso precoce (< 3 semanas após o parto) de anticoncepcional injetável trimestral 
deve ser evitado em pacientes menores de 16 anos (categoria 3 da OMS, devido a 
influência negativa sobre a massa óssea) e nas pacientes com sobrepeso anterior a 
gestação. Em situações de alto risco para nova gestação (ex: Gestação não planejada, 
uma ou mais gestações na adolescência, pacientes com situações de vulnerabilidade social, 
usuárias de substâncias psicoativas, institucionalizadas) esse método pode ser utilizado 
antes mesmo da alta hospitalar (categoria 3 também nesses casos). 
 É importante ressaltar ainda que, nas situações de sobrepeso/obesidade, alto risco 
para nova gravidez e também nas pacientes com comorbidades, sempre deve ser consi- 
derada a inserção de DIU no pós-parto imediato (< 48 horas após o parto). 
 
 
 é 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anticoncepção de Emergência – Pílula do Dia Seguinte 
 A anticoncepção de emergência é utilizada para evitar a gravidez após relação 
sexual que ocorreu na ausência de contracepção. Está indicada nos seguintes casos: 
 Violência sexual. 
 Relações sexuais na ausência de qualquer método contraceptivo. 
 Na vigência de uso de métodos de eficácia limitada. 
 Em caso de uso incorreto de métodos contraceptivos (acidentes com preser 
 
Jéssica Viégas – Med 97 
vativo antes e durante o intercurso, prática de coito interrompido, uso incorreto dos 
métodos comportamentais, e esquecimento de ingestão de contraceptivos orais, de troca 
do adesivo contraceptivo ou do anel vaginal ou da aplicação dos injetáveis). 
 Com a anticoncepção de emergência, a chance de gravidez é reduzida em torno de 85%. 
Ela pode ser feita através de 2 métodos: 
1) Método do Levonorgestrel: O levonorgestrel isolado, na dose de 1,5 mg 
(tomada única), é considerado seguro em todas as idades, e, desde 2003, seu uso 
foi liberado sem prescrição médica. Também pode ser administrado em 2 doses 
de 12/12 horas na dose de 0,75 mg. Possui eficácia superior ao método de 
YUZPE. 
 Não existem contraindicações para uso da pílula de emergência com levonorgestrel 
(categorias 1 ou 2 da OMS), e ela pode ser empregada quantas vezes forem necessárias sem 
perda da eficácia – não deve ser usada regularmente, no entanto. Além disso, o único 
benefício é a proteção contra gravidez, já que diversos efeitos colaterais secundários 
podem ser gerados, como cólica, cefaleia e descontrole menstrual (o sangramento não 
ocorre imediatamente após a tomada). 
2) Método de YUZPE: Consiste no uso de qualquer anticoncepcional oral de alta 
dose contendo estrogênio e progesterona de uso comum em 2 tomadas de 
12/12 horas: 
 2 comprimidos de 50 μg de EE de 12/12 horas. 
 4 comprimidos de ACOs de 30 µg de 12/12 horas. 
 Sua eficácia está ao redor de 57%. A perda de eficácia está muito associada à ocorrência 
de vômitos (devido à dose elevada de estrogênios) e ao esquecimento da tomada da 
segunda dose. Ademais, não pode ser empregado na vigência de contraindicação ao 
estrogênio. 
 Ressalta-se que a administração de qualquer um dos métodos em até 72 horas leva à 
menor ocorrência de falhas. Portanto, quanto mais precoce for o seu uso, maior a 
eficácia da droga (a eficácia em até 12 horas da relação sexual é de até 90%; em 24h cai 
para 80%; em 48h se reduz para 65% e em 72h já é de 50%). 
 A pílula do dia seguinte não confere proteção contraceptiva a longo prazo, não 
protege contra DSTs e, se já tiver ocorrido implantação do ovo, não terá efeito, pois não 
é uma droga abortiva, fazendo com que a gravidez prossiga. Deve-se oferecer à paciente 
métodos anticoncepcionais para uso regular. 
 
 Ops! Atualmente, existe uma droga para concepção de emergência, denominada de 
EllaOne 30 mg, composta por acetato de ulipristal (modulador seletivo do receptor de 
progesterona), que possui eficácia de até 120 horas da relação sexual (5 dias). Também 
não impede a implantação do ovo fecundado no útero, e não tem ação caso isso já 
tenha ocorrido. Só é vendida com receita médica. 
 
 Ops! Consideração importante sobre os ACOs: Alguns anticoncepcionais são próprios 
para emendar a cartela, fazendo com que a paciente entre em amenorreia. Quando isso 
ocorre, os ovários entram em estado de repouso ovariano, levando a uma redução do 
seu tamanho (um ovário normal tem de 6 – 12 cm³). A partir disso, deve-se suspender 
o ACO por 3 meses e realizar acompanhamento do tamanho do ovário com USG, 
esperando que ele retorne ao seu tamanho normal. 
 Quando o ovário é > 12 cm³ ou quando apresenta cisto ovariano funcional 
também é feito tratamento com ACO, visto que o tamanho do órgão e do cisto tende a 
reduzir com o emprego desse método hormonal. Para ovários micropolicísticos 
geralmente se usa Ciproterona, pelo seu efeito anti-androgênico.

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