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Sufiane Maurício Nambera Análise do Plano de fogo para a Optimização do processo de Desmonte de Rocha na Pedreira JD’Sousa, Distrito de Nhamatanda Licenciatura em Geologia com Habilitações em Geologia de Engenharia e Hidrogeologia Universidade Pedagógica Beira 2018 Sufiane Maurício Nambera Análise do Plano de fogo para a Optimização do processo de Desmonte de Rocha na Pedreira JD’Sousa, Distrito de Nhamatanda Universidade Pedagógica Beira 2018 Monografia apresentada ao Departamento de Ciências da Terra e Ambiente, como requisito para a obtenção do grau académico de Licenciatura em Geologia com Habilitações em Geologia de Engenharia e Hidrogeologia. Supervisor: Dr. Manuel Pedro Tomo Simbe ________________________________ ii Índice Declaração de honra .................................................................................................................. ix Agradecimentos .......................................................................................................................... x Dedicatória................................................................................................................................. xi Resumo ..................................................................................................................................... xii Abstract .................................................................................................................................... xiii CAPITULO I – GENERALIDADES ......................................................................................... 1 1.1. Introdução ........................................................................................................................ 1 1.2. Objectivos .................................................................................................................... 2 1.2.1. Objectivo geral ..................................................................................................... 2 1.2.2. Objectivos específicos .......................................................................................... 2 1.3. Justificativa .................................................................................................................. 2 1.4. Relevância .................................................................................................................... 3 1.5. Problema ...................................................................................................................... 3 CAPITULO II – METODOLOGIAS DA PESQUISA .............................................................. 4 2.1. Método de Abordagem ................................................................................................ 4 2.2. Métodos de procedimento ............................................................................................ 4 CAPITULO III – DESMONTE DE MACIÇOS ROCHOSOS .................................................. 9 3.1. Generalidades do processo de Desmonte ..................................................................... 9 3.1.1. Métodos de Desmonte de Maciços ..................................................................... 10 3.2. Desmonte de Rocha em Bancadas ............................................................................. 11 3.2.1. Aspectos gerais da Perfuração ............................................................................ 11 3.2.2. Perfuratrizes ........................................................................................................ 12 3.3. Brocas de perfuração ................................................................................................. 16 Brocas de Botões ....................................................................................................... 16 Brocas de Pastilha ...................................................................................................... 17 3.4. Características dos furos ............................................................................................ 18 Diâmetro .................................................................................................................... 18 Profundidade .............................................................................................................. 18 Rectilinidade .............................................................................................................. 19 Estabilidade ................................................................................................................ 19 CAPITULO IV – EXPLOSIVOS E SUAS CARACTERÍSTICAS ......................................... 20 4.1. Conceito de explosivo ............................................................................................ 20 iii 4.1.1. Explosivos Secos: ............................................................................................... 21 4.1.2. Explosivos Convencionais:................................................................................. 23 4.2. Propriedades dos explosivos industriais .................................................................... 24 4.2.1. Acessórios de iniciação ...................................................................................... 24 CAPITULO V - PARÂMETROS DO PLANO DE FOGO ..................................................... 26 5.1. Plano de fogo ............................................................................................................. 26 5.1.1. Cálculo dos parâmetros geométricos .................................................................. 27 5.1.2. Cálculo dos parâmetros físico-químicos ............................................................ 35 5.1.3. Parâmetros temporais ......................................................................................... 36 CAPITULO VI – ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO E GEOLÓGICO .......................... 40 6.1. Localização Geográfica do Distrito ........................................................................... 40 6.1.1. Clima, Hidrografia e Solos ................................................................................. 40 6.2. Geologia Regional ..................................................................................................... 41 6.3. Geologia Local ........................................................................................................... 44 CAPITULO VII – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................... 46 7.1. Análise dos dados ...................................................................................................... 46 7.2. Cálculo do plano de fogo ........................................................................................... 48 7.3. Comparação dos planos de fogo ................................................................................ 51 Análise do afastamento .................................................................................................. 52 Análise do Espaçamento ................................................................................................ 53 Análise do diâmetro do cartucho ................................................................................... 53 Análise do Tamponamento ............................................................................................ 54 7.4. Discussão dos resultados ........................................................................................... 55 CAPITULO VIII – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................ 57 8.1. Conclusões ................................................................................................................. 578.2. Recomendações ......................................................................................................... 58 9. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 59 APÊNDICE .............................................................................................................................. 62 iv Índice de Figuras Figura 1 - Martelo Perfurador RH – Perfuratriz percussiva manual (FELIX et al., 2009). ................... 13 Figura 2 - Perfuratriz Hidráulica Rotativa P-314 montada sobre camião (Fonte: www.mapel- sc.com.br/bristol#p-314). ...................................................................................................................... 14 Figura 3 - Perfuratriz roto-percussiva em montagem Jumbo (SANDIN, 2015). .................................. 15 Figura 4 - Esquema do funcionamento de uma perfuratriz furo-abaixo (adaptado de DACOC, 2009). 15 Figura 5 - Brocas de perfuração de botões (CAVADAS, 2012). .......................................................... 17 Figura 6 - Brocas de Perfuração em Cruz e X (CAVADAS, 2012). ..................................................... 18 Figura 7 - Esquema de uma pega de fogo com as variáveis geométricas (ALONSO et al., 2013). ...... 27 Figura 8 - a) ligação em um banco que apresenta apenas uma face livre; b) ligação em um banco que apresenta duas faces livres (SILVA, 2009). .......................................................................................... 38 Figura 9 - Ligação em “V” utilizada para se obter uma pilha mais alta e uma melhor fragmentação, utilizando o sistema de iniciação de tubos de choque (SILVA, 2009). ................................................. 39 Figura 10 - Sistema de iniciação “down -the-hole” utilizada para evitar cortes na ligação, com retardo a superfície (Adaptado de SILVA, 2009). ............................................................................................... 39 Figura 11 - Localização geográfica do Distrito de Nhamatanda (Adaptado pelo autor, 2018). ............ 41 Figura 12 - Mapa geológico do Complexo Bárué: CG – Grupo Chimoio; MG – Grupo Macossa (JOURNAL OF AFRICAN EARTH SCIENCES, 2018). .................................................................... 43 Figura 13 - Mapa geológico do local de estudo (Nhamatanda) (Adaptado de DNG). .......................... 44 Figura 14 - Rochas basálticas em estados de alteração média (AUTOR, 2018). .................................. 45 Figura 15 - (A) Presenças de quartzo e feldspato; (B) zona de contacto entre o anfibolito (na base) e o basalto (no topo) (AUTOR, 2018). ....................................................................................................... 45 Figura 16 - Comparação entre o plano de fogo da JD'Sousa e o plano reajustado (Autor, 2018). ........ 51 file:///E:/CARTAO_MMEMORIA/Monografia%20S/PP%20MG/Nambera%20Monog.docx%23_Toc77773464 v Índice de Tabelas Tabela 1 - Exemplos de explosivos primários, secundários e os deflagrantes (adaptado de LEME, s.d.). ............................................................................................................................. 21 Tabela 2 - Relação entre a altura da bancada, diâmetro de perfuração e equipamento de remoção (Adaptado de JIMENO et al., 2003). ........................................................................................ 29 Tabela 3 - Factores de correção para o afastamento (Adaptado de KONYA, 1983). .............. 31 Tabela 4 - Relação entre a altura da bancada e o afastamento (KONYA, 1983). .................... 32 Tabela 5 - Iniciação retardada entre os furos da mesma linha (KONYA, 1983). .................... 37 Tabela 6 - Iniciação retardada entre as linhas (KONYA, 1983). ............................................. 38 Tabela 7 - Plano de fogo base utilizado na Pedreira JD’Sousa (JD’SOUSA, 2018). ............... 46 Tabela 8 - Especificações técnicas do explosivo Gemulex (Adaptado de FEM, s/d). ............. 47 Tabela 9 - Dimensões dos cartuchos dos explosivos Gemulex (Adaptado de FEM, s/d). ....... 47 Tabela 10 - Especificações técnicas do explosivo Anco (Adaptado de FEM, s/d). ................. 47 Tabela 11 - O espaçamento em função da fragmentação pretendida (GOMES et al., 2007. In: MARTINHO, 2012). ................................................................................................................ 53 Tabela 12 - Dimensionamento do tamponamento de acordo com o diâmetro do furo (Adaptado de JIMENO et al., 2003). .......................................................................................................... 54 vi Índice de Equações Equação 1. Tamanho dos blocos. Silva (2009) ........................................................................ 29 Equação 2. Afastamento. Alonso et al. (2013) ......................................................................... 30 Equação 3. Afastamento em desmonte a céu aberto. Rustan (1990) ........................................ 30 Equação 4. Afastamento em desmonte subterrâneo. Rustan (1990) ........................................ 30 Equação 5. Afastamento. Konya (1972) ................................................................................... 30 Equação 6. Afastamento. Konya (1983) ................................................................................... 30 Equação 7. Energia relactiva por massa. Silva (2009) ............................................................. 31 Equação 8. Energia relactiva por volume. Silva (2009) ........................................................... 31 Equação 9. Afastamento corrigido Konya (1972). .................................................................. 32 Equação 10. Espaçamento de furos com iniciação instantânea. Konya (1972) ....................... 32 Equação 11. Espaçamento de furos com retardos. Konya (1972) ............................................ 32 Equação 12. Espaçamento de furos com iniciação instantânea. Konya (1972) ....................... 33 Equação 13. Espaçamento de furos com retardos. Konya (1972) ............................................ 33 Equação 14. Subperfuração. Konya (1972) .............................................................................. 33 Equação 15. Profundidade do furo para bancadas verticais. Geraldi (2011) ........................... 33 Equação 16. Profundidade do furo para bancadas inclinadas. Geraldi (2011) ......................... 34 Equação 17. Profundidade do furo. Jimeno et al. (2003) ......................................................... 34 Equação 18. Tamponamento. Konya (1972); Silva (2009) ...................................................... 34 Equação 19. Volume de rocha por furo. Konya (983); Jimeno et al. (2003) ........................... 34 Equação 20. Perfuração específica. Konya (1972) ................................................................... 34 Equação 21. Razão linear de carregamento. Silva (2009) ........................................................ 35 Equação 22. Altura da carga de fundo. Silva (2009) ................................................................ 35 Equação 23. Altura da carga de coluna. Silva (2009) .............................................................. 35 Equação 24. Carga total Silva (2009) ....................................................................................... 35 Equação 25. Razão de carregamento. Silva (2009) .................................................................. 36 Equação 26. Retardo entre furos. Konya (1983) ...................................................................... 37 Equação 27. Retardo entre linhas. Konya (1983) ..................................................................... 37 vii Símbolos e Abreviaturas A – Afastamento AD– Tamanho de admissão do britador Acorrigido – Afastamento corrigido Amax – Afastamento máximo ANFO – Ammonium Nitrate and Fuel Oil CO – Monóxido de carbono cm – Centímetro D – Diâmetro de perfuração DACOC – Departamento Acadêmico de Construção Civil danfo – Densidade do explosivo ANCO de – Diâmetro do explosivo DNG – Direcção Nacional de Geologia DTH – Down the hole dx – Densidade do explosivo x E – Espaçamento Eng.º – Engenheiro ETp – Energia termoquímica do explosivo padrão ETx – Energia termoquímica do explosivo x FEM – Fábrica de Explosivos de Moçambique g – Grama g/cm3 – Gramas por centímetro cúbico Hb – Altura da bancada Hcc – Altura da carga de coluna. Hcf – Altura da carga de fundo Hf – Profundidade do furo JD’Sousa – José de Sousa Kd – Correção pelo tipo de depósito Kg – Quilograma Ks – Correção pela geologia viii m – Metro MAE – Ministério da Administração Estatal mm – Milímetro NO – Óxido de azoto PETN – Tentranitrato de pentaeritrina PE – Perfuração específica ρe – Densidade do explosivo ρr – Densidade da rocha RBS – Relative Bulk Strength RC – Razão de carregamento RDX – Research Department X RL – Razão linear de carregamento RWS – Relative Weight Strength S – Subperfuração T – Tamponamento Tb – Tamanho dos blocos TNT – Trinitrotolueno V – Volume de rocha por furo ix Declaração de honra Declaro por minha honra que esta monografia científica é resultado da minha investigação e das orientações por parte do meu supervisor e ajuda de colegas, o seu conteúdo é original e todas fontes consultadas estão patentes no trabalho, e nas referências bibliográficas. Ainda declaro que esta monografia não foi apresentada em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico. Beira, aos ____ de _______________ de _____ _____________________________________________ (Sufiane Maurício Nambera) x Agradecimentos Em primeiro lugar agradecer a DEUS pela vida e por tudo… Agradeço aos meus pais, a minha querida mãe que me suportou durante todo o percurso, mesmo quando pensei que não seria capaz, ela me inspirou e encheu meu peito de esperanças. A minha família em geral, particularmente aos meus irmãos que desde os primeiros passos da minha carreira, estiveram de mãos dadas, me apoiando de várias formas. Ao meu orientador, o Professor Manuel Pedro Tomo Simbe, pelos conhecimentos partilhados, pela constante disponibilidade, enorme dedicação e compreensão, pela excelente pessoa que é. Não menos importante, agradeço ainda ao Eng.º Mário Zunguza, pela paciência e disponibilidade de partilhar comigo toda informação necessária a realização deste trabalho, pela convivência e contributos úteis durante o estágio. A todos os Professores do Departamento de Ciências da Terra e Ambiente, da Universidade Pedagógica, pela transmissão de conhecimentos e apoio constante; Aos meus colegas, que juntos caminhamos, os meus maiores agradecimentos! xi Dedicatória Dedico este trabalho ao meu pai Maurício Nambera e a minha mãe Aculína Matraia, pela educação que sempre me deram, essa realização foi graças a eles. Dedico ainda aos meus irmãos: Lídia Nambera, Saugia Nambera, Fátima Nambera, Amade Nambera e Maurício Nambera. xii Resumo O presente trabalho tem como foco avaliar a técnica de desmonte de rocha na pedreira JD’Sousa. Pretende-se com isso saber até que ponto a técnica usada possibilita a formação na pilha de escombros de materiais com granulometria compatível com os equipamentos de carregamento e britagem. O local de pesquisa (Pedreira da JD’Sousa) situa-se a sensivelmente 10 km da vila municipal de Nhamatanda, concretamente na localidade de Nharuchonga, onde o autor esteve envolvido nos trabalhos de estágio profissional num período de trinta (30) dias. Foi particularmente neste período que surgiram várias inquietações relactivamente à técnica de desmonte de rocha, concretamente na adequação do plano de fogo à realidade da empresa. Com vista a solucionar esse aspecto, procedeu-se primeiramente com a familiarização do assunto a partir de referências bibliográficas e posterior colecta de dados no terreno, dados esses relactivos aos tipos de depósito e estruturas geológicas e posteriormente procedeu-se com uma análise do plano de fogo base da pedreira JD’Sousa através dos critérios propostos por Konya (1972, 1983), por Jimeno et al. (2003) e por Silva (2009). Dessa análise concluiu-se que o plano de fogo da pedreira JD’Sousa não é viável pois, vários aspectos vão além do recomendado: a altura da bancada de referência nesta pedreira é de 17 m, indo contra os 15 m definidos como limite. O afastamento e o espaçamento são outros aspectos que evidenciaram a má adequação do plano de fogo à realidade da empresa, a relação entre a altura da bancada e o afastamento teve um resultado de 9,4 num máximo que vai até 4 e a relação entre o espaçamento e o afastamento teve como resultado 1, evidenciando uma fragmentação grosseira, numa ordem que varia de E/A <1,2 – blocos grandes para enrocamento; E/A = 1,2 – fragmentação normal (diagrama típico); e, E/A> 1,2 – boa fragmentação. A diferença entre o diâmetro do explosivo e o diâmetro do furo (espaço anelar) teve como resultado 51, pois utilizou-se um explosivo de 50 mm de diâmetro em furos de 101 mm de diâmetro, aspecto esse que diminui consideravelmente a eficiência do explosivo pela falta de confinamento do explosivo no furo. Um outro aspecto é a altura do tamponamento utilizado na pedreira que é de 1,26 m numa ordem óptimo de tamponamento que varia entre 20 a 25 vezes o diâmetro do furo. Desta feita, multiplicando-se 20 pelo diâmetro do furo (101 mm) obtêm-se um valor de 2 m e por 25 obtêm- se um valor de 2,5 m, ambos muito distantes do cumprimento do tampão utilizado nessa pedreira. Considerando que não é possível alcançar a optimização com o plano de fogo da pedreira, um novo plano foi desenvolvido com vista a solucionar esse problema. Palavra-chave: Plano de fogo, optimização do desmonte, rocha. xiii Abstract The present work aims to evaluate the technique of rock blasting in the JD'Sousa quarry. The aim is to know if the technique used enables the formation of materials with granulometry compatible with the loading and crushing equipment’s. The JD'Sousa quarry is located approximately 10 km from the municipal town of Nhamatanda, specifically in the locality of Nharuchonga, where the author was involved in the work of professional internship in a period of thirty (30) days. It was particularly during this period that several preoccupations were raised regarding the technique of rock blasting, specifically in the adequacy of the fire plan to the reality of the company. In order to solve this aspect, we firstly familiarized the subject with bibliographical references and later data collection in the field, data related to the deposit types and geological structures, and then proceeded with an analysis of the fire plan of the JD'Sousa quarry through the criteria proposed by Konya (1972, 1983), by Jimeno et al. (2003) and Silva (2009). From this analysis it was concluded that the fire plan of the JD'Sousa quarry is not viable because several aspects go beyond the recommended one: the height of the reference bench in this quarry is 17 m, going against the 15 m defined as limit. The distance and spacing were other aspects that evidenced the poor adequacy of the fire plan to the company's reality, the relation between the height of the stand and the distance had a result of 9.4 in a maximum that goes up to 4 and the relation between the spacing and the burden resulted in 1, showing gross fragmentation, in an order ranging from E/A <1.2 - large blocks for rockfill; E/A = 1,2 - normal fragmentation (typical diagram); and, E/A> 1,2 - good fragmentation.The difference between the diameter of the explosive and the diameter of the drill hole (ring space) resulted in 51, because an explosive of 50 mm diameter was used in holes of 101 mm in diameter, which considerably reduces the efficiency of the explosive by lack of confinement of the explosive in the hole. A further aspect is the height of the stemming used in the quarry which is 1.26 m in an optimum order of buffering ranging from 20 to 25 times the bore diameter. In this way, multiplying 20 by the diameter of the hole (101 mm) gives a value of 2 m and by 25 a value of 2.5 m is obtained, both very far from the compliance of the buffer used in this quarry. Since it is not possible to achieve optimization with the quarry fire plan, a new fire plan has been developed with a view to solving this problem. Key word: Plan fire, blasting optimization, rock. 1 CAPITULO I – GENERALIDADES 1.1. Introdução A optimização do desmonte de rocha, vem como uma das melhores vias para “produzir gastando o necessário” no processo de desmonte de rocha com explosivos, pois compreende a análise minuciosa das variações dos parâmetros do plano de fogo para o desmonte de rocha a céu aberto. Cada variação de um parâmetro é analisado a fim de se optar por aquele que para além de promover o arranque do volume de rocha pretendido, faça-o com a minimização dos custos em todo o ciclo produtivo, e claro, sem comprometer os aspectos de saúde e segurança. Todavia, para alcançar a optimização o plano de fogo teria que ser feito em função da capacidade dos equipamentos de perfuração, carregamento e britagem, assim como em função das características físico-químicas da rocha. Entretanto, também seria necessário ter uma visão sistémica no que concerne ao processo de desmonte em geral, isto é, perceber que cada etapa deste processo se correlaciona com as demais etapas do mesmo, fazendo com que os resultados finais de cada etapa exerçam grande influência sobre as etapas subsequentes em todo o ciclo. Para casos em que o plano de fogo não esteja em conformidade com os aspectos ligados a disponibilidade e capacidade dos equipamentos de perfuração, carregamento e britagem, assim como, com os aspectos ligados às características mecânicas da rocha, podem se verificar a ocorrência de situações indesejadas, como por exemplo: maior consumo dos explosivos, sobrelançamento de fragmentos rochosos, irregularidade das bancadas, ocorrência de blocos com dimensões maiores em relação a abertura do britador primário, e isso por sua vez acarretará o processo de carregamento, pois se as dimensões dos fragmentos forem maiores que os pretendidos, estes não se encaixaram nos equipamentos de carregamento (blocos maiores que o tamanho das conchas), reduzindo assim a produtividade da escavadeira, aumentando os custos na manutenção dos equipamentos e na necessidade do uso de martelo hidráulico ou mesmo em detonações secundárias, acarretando assim grandes custos. A optimização dos processos de desmonte de rocha não só eleva a economia do empreendimento na fase de detonação, a partir da minimização do desgaste das coroas, quantificação ideal do volume de explosivos, eliminação de matacões etc., mas também diminui os custos e o desgaste dos equipamentos na fase de carregamento, transporte e britagem, contribuindo assim, para o menor custo do ciclo produtivo em geral. 2 1.2. Objectivos 1.2.1. Objectivo geral ➢ Compreender se as técnicas de desmonte usadas na pedreira JD’Sousa concorrem para a optimização dos processos de desmonte de rocha. 1.2.2. Objectivos específicos ➢ Analisar os parâmetros críticos (afastamento, espaçamento, tamponamento altura da bancada e o diâmetro da perfuração/explosivo) do plano de fogo da pedreira JD’Sousa; ➢ Fazer uma relação entre o plano de fogo da JD’Sousa e o plano de fogo recalculado; ➢ Analisar a viabilidade do plano de fogo usado pela empresa no desmonte da rocha; ➢ Propor um novo plano de fogo de modo a optimizar o processo de desmonte de rocha na pedreira JD’Sousa. 1.3. Justificativa Em decorrência da crescente demanda de rocha britada como material de construção, as empresas produtoras deste bem natural, vêm-se obrigadas a maximizar a produção na tentativa de responder a essa procura, por vezes tal maximização acaba levando as empresas ao erro que muitas vezes consiste em aumentar a altura da bancada, o diâmetro de perfuração, o afastamento e o espaçamento, assim como a detonação de várias linhas/fiadas sem a realização de análises adequadas, alegando assim o aumento da produção. Contrariamente ao que se espera, após a tomada de decisões deste género ocorrem não só danos extremos ao ambiente, mas também grandes perdas económicas por parte da entidade empreendedora. A optimização do processo de desmonte de rocha constitui um factor crucial para a sobrevivência de uma empresa mineira. Vários pesquisadores demonstraram que os resultados finais dos processos a montante (especialmente resultados de desmontes por explosivos, tais como: fragmentação, forma e movimento da pilha detonada) tem um impacto significante na eficiência dos processos de cominuição à jusante, tais como, britagem e moagem e que no final, estes definem a produtividade de um empreendimento mineiro. Sendo assim, há que considerar a importância da planificação adequada do método de lavra e da técnica de desmonte pois, destes dependem vários outros processos a jusante que em conjunto irão proporcionar a optimização, visando um custo relactivamente menor. 3 1.4. Relevância A optimização do desmonte de rocha é um aspecto que envolve a análise de cada um dos elementos do processo de desmonte de rocha com explosivos, essa análise possibilita a execução corecta de toda operação de desmonte de rocha, evitando gastos desnecessários e problemas ambientais. Optimizar é um aspecto de tamanha importância particularmente na área da mineração onde os valores de investimento são elevados e em simultâneo os riscos que se corre, por este motivo todo cuidado é indispensável, cada detalhe corectamente analisado possibilitará economizar centavos que no final do ano se transformaram em milhares. A optimização do desmonte não só evita gastos desnecessários, pois todos os esforços levados a cabo são previamente analisados de forma a garantir o cumprimento dos objectivos pretendidos, sem no entanto comprometerem as questões de segurança, saúde e higiene no trabalho, mas também promove o desmonte de rocha mediante o pretendido pela empresa. 1.5. Problema Durante o período de estágio realizado na pedreira JD’Sousa, o autor deparou-se com alguns problemas relactivamente a adequação dos parâmetros geométricos e físico-químicos com a realidade do terreno da pedreira, parâmetros estes que juntamente com o parâmetro temporal, compõem um plano de fogo. Tais situações problemáticas são completamente visíveis nos resultados finais após o detonamento, citando-se alguns dos quais: o aparecimento na pilha de escombros de blocos de rocha com dimensões maiores em relação a abertura da boca do britador de mandíbulas (britador primário), problemas de sobrescavação, aparecimento de repés, instabilidade de taludes, projecção de fragmentos de rocha e de mais problemas que culminam em prejuízos a empresa ou a população circunvizinha. Nestas situações a empresa vê-se obrigada a fazer gastos adicionais em detonamentos secundários ou mesmo em aluguer de um martelo hidráulico para a fragmentação dos blocos maiores de forma a permitir a entrada destes no britador primário. Em virtude dos pontos aqui elucidados, levanta-se a seguinte questão: ➢ Até que ponto as técnicas de desmonte de rocha utilizadas na Pedreira JD’Sousa concorrem para a optimização do processo de desmonte de rocha? 4 CAPITULO II – METODOLOGIAS DA PESQUISA 2.1. Método de AbordagemO método geral empregado é o dedutivo. O método dedutivo é no ponto de vista de Marconi e Lakatos (2003, p. 106): “ [aquele] que, partindo das teorias e leis, na maioria das vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente).” O método dedutivo é apresentado a partir da matemática e de suas regras de evidência, análise, síntese e enumeração. Esse método parte do geral e, a seguir, desce para o particular (GERHARDT & SILVEIRA, 2009). Desta feita, o método de abordagem da presente pesquisa é dedutivo na medida em que após considerar um número de casos gerais, particularizou-se a conclusão alcançada sobre o facto. 2.2. Métodos de procedimento Os métodos de procedimento seriam etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos e menos abstratas (MARCONI & LAKATOS, 2003). Deste modo, os métodos da pesquisa quanto aos procedimentos empregados são: Pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e observacional, pesquisa comparativa e pesquisa quantitativa. ➢ Pesquisa bibliográfica Foi a primeira etapa levada a cabo pelo autor com vista a fundamentação teórica, a pesquisa bibliográfica foi feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites.” ➢ Pesquisa de campo e observacional A fase seguinte após a pesquisa bibliográfica foi a pesquisa de campo, tendo como finalidade a observação directa do afloramento onde é feito o desmonte e posterior colecta de dados. Os dados recolhidos durante a pesquisa são referentes às características do maciço (tipos de depósito e estruturas geológicas) e a dimensão dos blocos na pilha detonada. A mensuração dos blocos na pilha detonada fez-se com recurso a uma fita métrica de 50 m e a documentação desses blocos procedeu-se mediante uma câmara fotográfica. 5 ➢ Pesquisa comparativa Considerando que o estudo das semelhanças e diferenças entre dois ou mais fenómenos contribui para um melhor entendimento de seus comportamentos, este método no ponto de vista de Lakatos & Marconi (2003, p. 107), " […] [permite realizar] comparações, com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências”. No entanto, para este caso o método é comparativo na medida em que procurou-se determinar a diferença entre o plano de fogo da JD’Sousa e o plano reajustando pelo autor, a fim de perceber a causa principal dessa diferenciação. Essa comparação fez-se mediante gráficos elaborados com recurso ao programa Excel 2016, onde comparou-se os parâmetros do plano de fogo da JD’Sousa com os parâmetros do plano reajustado pelo autor. ➢ Pesquisa quantitativa Para Fonseca (2002, p. 20), citado por Gerhardt & Silveira (2009, p. 33) “a pesquisa quantitativa se centra na objectividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros.” O Plano de fogo utilizado no estudo foi fornecido pela Pedreira JD’Sousa, a análise dos dados referentes a esse Plano de fogo, assim como o cálculo do Plano de fogo óptimo para a Pedreira foi feita mediante uma série de equações matemáticas propostas por Konya (1972, 1983), por Jimeno et al. (2003), e por Silva (2009). A seguir são apresentadas cada uma dessas equações: a) Afastamento (A) O afastamento é a menor distância que vai do furo à face livre da bancada ou a menor distância de uma linha de furos a outra. A equação utilizada para o cálculo deste parâmetro é: 𝐀 = 𝟖𝐱𝟏𝟎−𝟑 𝐃 ∗ √( 𝐑𝐁𝐒 𝛒𝐫 ) 𝟑 (Konya, 1983). Sendo: D – diâmetro do furo (mm); RBS – energia relactiva por volume (ANFO = 100); ρr – densidade da rocha (g/cm3). 6 Para o cálculo do afastamento são usados os factores de correção (Kd – tipos de depósito; e, Ks – estruturas geológicas) a serem vistas na tabela 3 página 32. O afastamento corrigido será: 𝑨𝒄𝒐𝒓𝒓𝒊𝒈𝒊𝒅𝒐 = 𝑨 ∗ 𝑲𝒅 ∗ 𝑲𝒔 Konya (1972). b) Espaçamento (E) É a distância entre dois furos de uma mesma linha. Como os furos são iniciados instantaneamente, a equação para o cálculo foi a seguinte: 𝐄 = 𝟐 ∗ 𝐀 (Silva, 2009). c) Subperfuração (S) De acordo com Martinho (2012, p. 57) a subfuração é o comprimento do furo que se situa abaixo da soleira (nível da base da bancada), e que corresponde à distância entre a cota do fundo do furo e a cota da soleira. O cálculo deste parâmetro é feito mediante a seguinte equação: 𝐒 = 𝟎, 𝟑 ∗ 𝐀 (Geraldi, 2001; Silva, 2009). d) Profundidade do furo (Hf) Para Geraldi (2001, p. 102), a profundidade do furo é a altura da bancada (Hb) acrescida da subfuração, em metros. Este parâmetro foi calculado mediante equação proposta por Jimeno et al. (2003). 𝐇𝐟 = 𝐇𝐛 𝐜𝐨𝐬 𝛂 + (𝟏 − 𝛂 𝟏𝟎𝟎 ) ∗ 𝐒 Jimeno et al. (2003) 7 e) Tamponamento (T) O tamponamento, ou simplesmente tampão é na definição de Silva (2009), a parte superior do furo que não é carregada com explosivos, mas sim com terra, areia ou outro material inerte bem socado a fim de confinar os gases do explosivo. O tamponamento é calculado mediante a seguinte equação: 𝐓 = 𝟎, 𝟕 ∗ 𝐀 (Silva, 2009) f) Volume de rocha por furo (V) O volume de rocha por furo é a quantidade de material rochoso em metros cúbicos, desmontado por cada furo e é calculado mediante a seguinte equação: 𝐕 = 𝐇𝐛 ∗ 𝐀 ∗ 𝐄 (Silva, 2009). g) Perfuração específica (PE) Ainda de acordo com Silva (2009), a perfuração específica é a relação entre a quantidade de metros perfurados por furo (Hf) e o volume de rocha por furo (V), isto é: 𝐏𝐄 = 𝐇𝐟 𝐕 (Silva, 2009). h) Razão linear de carregamento (RL) É a quantidade de explosivos por metro. Para Silva (2009) a RL é calculada usando a fórmula: 𝐑𝐋 = 𝛑𝐝𝐞 𝟐 𝟒𝟎𝟎𝟎 ∗ 𝛒𝐞 (Silva, 2009). Onde: π – 3,14; de – diâmetro do explosivo (mm); ρe – densidade do explosivo (g/cm 3). i) Altura da carga de fundo (Hcf) A carga de fundo é uma carga reforçada, necessária no fundo do furo onde a rocha é mais presa. O cálculo da altura da carga de fundo é feita mediante a seguinte equação: 𝐇𝐜𝐟 = 𝟎, 𝟑 ∗ 𝐇𝐜𝐞 Sabendo que: 𝐇𝐜𝐞 = 𝐇𝐟 − 𝐓 (Silva, 2009). 8 Onde: Hce – Altura da carga de explosivos; Hf – profundidade do furo; T – Tamponamento. j) Altura da carga de coluna (Hcc) Ainda de acordo com Silva (2009, p. 69), a carga de coluna é a carga acima da de fundo e é igual a altura total da carga (Hce) menos a altura da carga de fundo (Hcf): 𝐇𝐜𝐜 = 𝐇𝐜𝐞 − 𝐇𝐜𝐟 (Silva, 2009). k) Carga total (CT) A carga total será a soma da carga de fundo (CF) mais a carga de coluna (CC): 𝐂𝐓 = 𝐂𝐅 + 𝐂𝐂 (Silva, 2009). l) Razão de carregamento (RC) É a relação entre o peso total do explosivo usado (CT) e o peso da rocha a ser desmontada (V), ou o inverso. Segundo Silva (2009), esta relação é calculada de acordo com a expressão abaixo: 𝐑𝐂 = 𝐂𝐓 𝐕 (Silva, 2009). 9 CAPITULO III – DESMONTE DE MACIÇOS ROCHOSOS 3.1. Generalidades do processo de Desmonte A palavra “desmonte de maciços” pode ser entendida como a cominuição inicial de uma massa rochosa a partir de sua situação “in situ” até sua redução a finos e blocos de tamanho adequado às operações subsequentes de carregamento, transporte e britagem (LEME, s.d.). Martinho (2012, p. 49) afirma que a operação de desmonte pode ser feita com vários objectivos: ➢ Para modificar a topografia do terreno; ➢ Para executar uma abertura dentro do maciço rochoso para implantar uma obra de engenharia; ➢ Para fazer exploração de substâncias minerais na indústria mineira. Independentemente do objectivo a queo desmonte é destinado, a metodologia empregada vai influenciar significativamente nos processos subsequentes, isto é, nos processos de perfuração e carregamento e até no próprio custo da britagem primária, caso o objectivo seja a mineração. A fragmentação da rocha por meio do desmonte com o uso de explosivos é muitas vezes a primeira etapa da cadeia produtiva, tendo significativo impacto nos processos seguintes, especialmente na britagem e moagem. Uma vez que as dimensões dos blocos na pilha de escombros serão definidas pelas características do maciço, características químicas dos explosivos utilizados e da geometria do plano de fogo (MARTINS, 2015). O conhecimento do senso comum, supõe que a utilização de equipamentos de grande porte, são suficientemente necessários para o transporte de blocos de grandes dimensões, facto este que não constitui a verdade pois, o que se pretende com esses equipamentos é o carregamento de grandes volumes de material, o que não seria possível em casos de blocos maiores, tendo em vista que o índice de vazios nestes, será maior em comparação com o índice em blocos de pequenas dimensões. Michael & Blanchet (1995) citado por Martins (2015) demostraram que a carga transportada por um camião carregado com material de granulometria fina é maior que a de um camião carregado com granulometria grosseira. 10 3.1.1. Métodos de Desmonte de Maciços Existem basicamente três métodos de escavação de maciços, que são: métodos de desmonte manual que podem ser feitos no domínio dos pequenos trabalhos em solos onde não se justifica ou é impossível a aplicação de meios mecânicos, métodos de desmonte mecânico ou a frio que são empregues em trabalhos de maior extensão na escavação de solos e rochas, sem a utilização de substâncias explosivas e os métodos de escavação com recurso a explosivos, aplicados no desmonte de maciços rochosos de grande dureza (MARTINHO, 2012). Ainda Martinho (2012, p. 11) diz que a escolha de cada um dos métodos de desmonte tem por base a resistência do maciço que quanto mais resistente for, maior será a tendência para o uso dos explosivos. Mas nem sempre a escolha do método de escavação é tarefa fácil, pois os meios mecanizados tem vindo ao longo dos tempos a evoluir tecnologicamente, havendo hoje em dia equipamentos com grande capacidade mecânica (caso das tuneladores – Tunneling Boring Machine, roçadoras, martelos hidráulicos, entre outros) e com acessórios de perfuração de grande resistência à abrasão, e que conquistaram terreno que antigamente pertenciam aos explosivos. Ainda de acordo com o mesmo autor, os meios mecânicos associados a estas vantagens, é de acrescentar os inconvenientes dos explosivos. As substâncias explosivas produzem efeitos tais como as vibrações, ruídos, projecções de fragmentos rochosos, danos no maciço remanescente e uma má aceitação já interiorizada por parte das populações, principalmente quando usados em ambiente urbano. Por outro lado, tal como os equipamentos mecânicos têm vindo a evoluir, também por parte dos fabricantes de explosivos tem havido a preocupação numa constante evolução, e hoje em dia estão disponíveis no mercado explosivos especiais, que são aplicados com técnicas de desmonte especiais e em contextos de obras especiais. Assim, hoje em dia, em face das opções oferecidas pelo mercado, pode-se dizer que a escolha pelo método de escavação é função das características do maciço e da sua capacidade para resistir ao seu desmonte, das características da rocha, condicionamentos de cariz ambiental, custos associados aos métodos de desmonte e custos de transporte. Tem de se ter sempre presente que cada situação em concreto deve ser analisada de forma única e criteriosa (MARTINHO, 2012). 11 3.2. Desmonte de Rocha em Bancadas O desmonte de maciços rochosos é o processo que consiste no arranque de um volume de material rochoso da crusta terrestre, utilizam-se os métodos mecânicos e o de desmonte com recurso a explosivos para a fragmentação e o arranque do material, dependendo geralmente da dureza e da integridade da rocha (DINIS DA GAMA, s.d.)1. Segundo Martinho (2012, p. 49) o desmonte em bancadas é o método mais conhecido dentro do desmonte de rocha com explosivos e é feito à custa de várias operações consecutivas que constituem um ciclo de trabalho. Este ciclo consiste na perfuração, carregamento e detonação. 3.2.1. Aspectos gerais da Perfuração A perfuração de rocha é a primeira operação realizada dentro do campo dos desmontes e tem como finalidade a abertura de furos com uma distribuição e geometria adequada para alojar as cargas de explosivos e acessórios iniciadores (SILVA, 2009, p. 2). Consiste fundamentalmente na fragmentação localizada, por meio de uma broca que entra em contacto com a rocha do fundo do furo, a qual promove a abertura de um volume geralmente cilíndrico, de pequeno diâmetro comparado com a respectiva altura. Faz ainda parte da perfuração, a limpeza e remoção dos fragmentos, por meio da circulação de um fluido, que também diminui a temperatura das brocas (DINIS DA GAMA, s.d.)1. A perfuração de um maciço rochoso depende muito da dureza da rocha e da abrasividade dos minerais constituintes da matriz rochosa, podendo diminuir o tempo de vida útil dos acessórios de perfuração (ex.: quartzo). Também depende da resistência da rocha à compressão, da estrutura do maciço (falhas, diáclases, planos de xistosidade, etc.) (MARTINHO, 2012, p. 49). Para melhor compreender o modo e as etapas de uma perfuração, existe a necessidade de conhecer os principais tipos de perfuratrizes existentes, suas características e seus modos de funcionamento, de forma a direccionar a escolha correta dos equipamentos para cada caso, pois a qualidade de uma operação de desmonte depende muito da qualidade da perfuração. 1 Mecânica de rochas prática. In: VII Simpósio Brasileiro de mineração. 12 3.2.2. Perfuratrizes De acordo com Felix et al. (2009, p. 7) o modo comumente usado para efectuar um furo numa rocha é golpeá-la com uma barra de ferro e rodá-la entre dois golpes sucessivos. Esta técnica é usada até nos dias actuais na extração rudimentar de pedras, ao longo dos anos foi aperfeiçoada, dando lugar a máquinas apelidadas de “perfuratriz”. A perfuratriz é um equipamento específico utilizado para fazer furos a distâncias pré- determinadas, em diâmetros que variam de 22 mm a 150 mm geralmente. Na perfuratriz é introduzida a broca, que é uma haste metálica que possui na extremidade materiais muito duros, chamado pastilha, que escava a rocha perfurando-a (FELIX et al., 2009). Ainda de acordo com Felix et al. (2009, p. 8), as perfuratrizes utilizadas na perfuração de rochas classificam-se em: ➢ Perfuratrizes Percussivas; ➢ Perfuratrizes Rotativas; ➢ Perfuratrizes Rotativas-Percussivas; ➢ Perfuratrizes de Furo-abaixo (Down the hole – DTH). ➢ Perfuratrizes Percussivas O método mais simples para se executar furos em uma rocha é golpeá-la, batendo a ponta de uma barra de aço (cunha ou barramina) contra a superfície rochosa, e procurando girar um pouco a barra entre dois golpes sucessivos. Este é o princípio básico da percussão, aliado à rotação (GERALDI, 2001). O “agente” na perfuração por percussão é uma ferramenta em forma de cunha que actua contra a rocha por impactos sucessivos, entre cada dois impactos a ferramenta recua uma pequena distância e gira de um pequeno ângulo para percutir em posição diferente da anterior. Apenas o impacto actua contra a rocha. A ferramenta, a broca, não é pressionada contra a rocha e o torque não é aplicado a rocha (LEME, s.d.). Ao número de impactos por unidade de tempo dá- se o nome de frequência, sendo que quando ela aumenta, faz aumentar linearmente a velocidade de penetração da broca. (DINIS DA GAMA, s.d.)2. 2 Mecânica de rochas prática. In: VII SimpósioBrasileiro de mineração. 13 Figura 1 - Martelo Perfurador RH – Perfuratriz percussiva manual (FELIX et al., 2009). Ainda de acordo com Felix et al. (2009) existem três sistemas na perfuratriz percussiva, que são: ➢ Sistemas de percussão: transmitem à broca a percussão e, no intervalo entre duas percussões sucessivas, há uma rotação de pequeno arco. Simultaneamente ocorre a introdução de ar ou água de limpeza; ➢ Sistemas de rotação: a cada golpe do pistão contra a broca, corresponde uma rotação de um pequeno arco de círculo de modo a proporcionar nova superfície de rocha para ser cortada pela extremidade da broca; ➢ Sistemas de limpeza: os resíduos de rocha devem ser removidos do furo, geralmente por um fluido (ar, agua, entre outros) para evitar a redução da eficiência ou travamento da broca. O fluido é injectado através de um orifício central, os resíduos são removidos pelo espaço existente entre a superfície externa da haste da broca e a superfície do furo. ➢ Perfuratrizes Rotativas São perfuratrizes que transmitem à broca apenas movimentos de rotação, não havendo percussão sobre a broca, sendo assim a demolição da rocha no furo é somente por rotação da broca, que trabalha com pressão constante. Utilizam toda energia de rotação. Alcançam um rendimento óptimo em rochas brandas. A penetração é determinada pelo desenho da coroa. O comando é eléctrico ou hidráulico (FELIX et al., 2009). 14 Na perfuração rotativa, a broca ataca a rocha com a energia fornecida pela máquina à haste de perfuração, que transmite a rotação e o peso de avanço (carga) para a broca. O mecanismo de avanço aplica uma carga acima de 65% do peso da máquina, forçando a broca em direcção a rocha. A broca quebra e remove a rocha por uma acção de raspagem em rochas macias, esmagando – trituração – lasqueamento em rochas duras ou por uma combinação destas acções (FELIX et al., 2009). Figura 2 - Perfuratriz Hidráulica Rotativa P-314 montada sobre camião (Fonte: www.mapel- sc.com.br/bristol#p-314). ➢ Perfuratrizes Rotativo-percussivas Estas perfuratrizes apresentam rotação contínua, além de percussões sobre a broca. Diferem das perfuratrizes percussivas porque estas, além do porte menor, tem rotação da broca descontínua. Utilizam cerce de 80% de energia em rotação e o restante em percussão. São de accionamento hidráulico e/ou pneumático. Seu desenvolvimento nos últimos anos tem indicado estas como as prováveis sucessoras das perfuratrizes de percussão. Os tipos mais comuns de perfuratrizes rotativo-percussivas utilizam o ar comprimido apenas para a percussão, tendo um pistão totalmente livre (FELIX et al., 2009). 15 Figura 3 - Perfuratriz roto-percussiva em montagem Jumbo (SANDIN, 2015). ➢ Perfuratrizes de Furo-abaixo (Down the hole – DTH) Accionadas hidraulicamente e/ou pneumaticamente, são similares às anteriores, mas executam furos maiores e mais profundos (4' até 9'). A perfuratriz é dissociada em duas partes, ficando a rotação (em geral hidráulica) fora do furo e a percussão (em geral pneumática) dentro do furo acompanhando a coroa (FELIX et al., 2009). Figura 4 - Esquema do funcionamento de uma perfuratriz furo-abaixo (adaptado de DACOC, 2009). 16 Ainda de acordo com Felix et al. (2009) o esforço de percussão para a extremidade da broca onde efectivamente ocorre à demolição da rocha para avanço do furo, é feita nos outros tipos de perfuratrizes através de segmento de aço unido por roscas chamadas haste. Dessa forma, ao se atingir profundidades razoavelmente grandes, estaremos produzindo o esforço percussivo na superfície e transmitindo-o por meio das hastes até a extremidade do furo. Decorre dai haver considerável dissipação de energia prejudicando o avanço da perfuração. Essas perfuratrizes foram desenvolvidas para evitar essa dissipação de energia. Um mecanismo de percussão ao invés de ficar na superfície, está na extremidade da broca, junto com a coroa, isto é, junto à parte mais externa da broca, a que trabalha contra a rocha. Dessa, a energia do ar comprimido convertido em percussão é aplicado praticamente todo na perfuração, eliminando- se as dissipações ao ângulo do colar de hastes (FELIX, et al., 2009). 3.3. Brocas de perfuração De acordo com Cavadas (2012, p. 38), os bits que se utilizam para a perfuração pelo sistema rotopercussivo são de dois tipos: ➢ Bits de Botões; ➢ Bits de Pastilhas. Ambos os bits apresentam orifícios estrategicamente colocados (normalmente na base) por onde é possível realizar a injecção do fluido de limpeza do fundo do furo. Relactivamente à sua configuração estes bits apresentam uma forma ligeiramente cónica onde a parte mais larga está em contacto com o fundo do furo, com o objectivo de evitar que o bit fique preso ao fundo do furo e torne mais difícil a sua remoção (CAVADAS, 2012). ➢ Brocas de Botões Este tipo de bits apresenta uns botões compostos por carboneto de tungsténio que estão dispostos sobre a superfície do bit. Os bits de botões são mais favoráveis para perfurações com rotação, porque apresentam melhores performances no que diz respeito a velocidades de penetração. São menos susceptíveis ao desgaste devido a forma dos botões. Os diâmetros dos bits de botões mais utilizados na indústria mineira para perfurações de bancada variam entre 51 mm e 250 mm (CAVADAS, 2012). 17 ➢ Brocas de Pastilha Estas brocas apresentam dois tipos de desenho, os modelos em cruz e em “X”. Ambos os modelos são constituídos por pequenas placas de carboneto de tungsténio, diferindo na disposição das placas. Nos modelos em cruz estão dispostas em ângulo recto enquanto os modelos em “X” apresentam ângulos que variam entre 75º e 105º (CAVADAS, 2012). No que diz respeito aos diâmetros os bits em cruz variam numa gama de 35 a 57 mm; para valores superiores a 64 mm (até 127 mm) os bits são em “X”. As brocas de perfuração em “X” são mais rápidas e diminuem a tendência para formar secções pentagonais em furos de grandes diâmetros (CAVADAS, 2012). Figura 5 - Brocas de perfuração de botões (CAVADAS, 2012). 18 Figura 6 - Brocas de Perfuração em Cruz e X (CAVADAS, 2012). 3.4. Características dos furos A perfuração como se disse antes, é uma etapa fundamental para o sucesso do desmonte com explosivos, caso não haja rigor nessa fase, haverá o comprometimento das fases posteriores, mesmo que o carregamento dos furos com explosivos ocorra de maneira adequada. Para Silva (2009, p. 13), os furos são geralmente caracterizados por quatro parâmetros: ➢ Diâmetro O diâmetro do furo é determinado, muitas vezes, pelas propriedades da rocha, grau de fracturamento requerido, e pelo custo relactivo de perfuração por tonelada para cada tamanho de broca (coroa). Furos de menor diâmetro, em material de difícil fragmentação, tem a vantagem de distribuir melhor o explosivo no maciço. Furos de diâmetro maior proporcionam uma fragmentação mais grosseira, assim o diâmetro de perfuração também é função da capacidade dos equipamentos de carregamento e britagem. ➢ Profundidade A profundidade requerida para os furos é um factor determinante de escolha do equipamento de perfuração. Quanto mais profundo for o furo realizado, maior será a probabilidade de desvios de furo devido ao comprimento da coluna de perfuração, assim também, no caso de martelo de 19 superfície, a energia transmitida é dissipada ao longo da coluna de perfuração, nesses casos o ideal seria a utilização de um martelo de fundo de furo (DTH) que age directamente sobre a coroa, eliminando essas perdas de transmissão de energia. ➢ Rectilinidade A rectilinidade de uma perfuração varia, dependendo do tipo e natureza da rocha, do diâmetro e da profundidade do furo, do método e das condiçõesdo equipamento utilizado e da experiência do operador. Na perfuração horizontal ou inclinada, o peso da coluna de perfuração pode concorrer para o desvio do furo. Para compensar o desvio dos furos às vezes é necessário furar com menor espaçamento o que resulta em maior custo. Quando há desvios nos furos, estes podem se encontrar ou ficar muito próximos em determinado ponto, o que resultaria em uma detonação por “simpatia” de uma carga que deveria sair posteriormente gerando problemas no desmonte. ➢ Estabilidade Outra necessidade em perfuração é que o furo permaneça “aberto” enquanto estiver sendo utilizado para carregamento de explosivos. Em certas condições, por exemplo, quando a perfuração é em material “solto” ou rocha (que tende a desmoronar e tapar o furo), torna-se essencial estabilizar-se o furo com tubos ou mangueiras de revestimentos. 20 CAPITULO IV – EXPLOSIVOS E SUAS CARACTERÍSTICAS 4.1. Conceito de explosivo Um explosivo é qualquer substância ou engenho que pode produzir pela sua libertação de energia potencial, uma súbita erupção de gases a altas temperaturas e pressão, quando submetido a uma causa térmica ou mecânica suficientemente enérgica (calor, atrito, impacto etc.) (LEME, s.d.). Para Martinho (2012, p. 28), os explosivos são divididos em dois grupos: ➢ Explosivos Militares: têm velocidades de detonação entre 6000 e 9000 m/s, onde se destaca o TNT (trinitrotolueno), RDX (hexogéneo) e o PETN (pentrite ou nitropenta); ➢ Explosivos industriais ou comerciais: têm velocidades entre 2000 e 7000m/s. Por sua vez, as substâncias explosivas industriais são classificadas em dois grupos conforme a sua velocidade de decomposição em explosivos deflagrantes e explosivos detonantes. Deflagração é uma reacção de ignição muito rápida que se propaga de ponto para ponto da massa explosiva por acção do calor. Nestes tipos de explosivos a reacção acontece com velocidade inferior à velocidade do som, entre 100 a 2000 m/s. Aqui estão incluídas as pólvoras. Detonação é um processo pelo qual o explosivo sofre uma reacção química quando sob a acção de um tipo peculiar de onda de choque denominada onda de detonação. Essa onda de choque propaga-se através do explosivo, suportada e reforçada pela reacção química, a velocidades entre 2000 m/s a 7000 m/s. Estes por sua vez podem ser primários e secundários (MARTINHO, 2012). ➢ Primários: detonam por ignição simples (centelha, chama, impacto, etc.); ➢ Secundários: requerem o uso de um detonador (espoleta) e muitas vezes de um reforçador (booster). O agente detonante mais comum usado hoje na mineração é a combinação de nitrato de amônio (“amonium nitrate” – AN) e óleo diesel (“fuel oil” – FO). Esta mistura é chamada de ANFO. Neste caso, o AN é o oxidante (ele contém o oxigênio) e o óleo diesel é o combustível. O óleo diesel é oxidado e o nitrato de amônio é reduzido, em um curto intervalo de tempo. Por causa da grande afinidade do AN com a água (hidroscópico), esforços foram feitos para desenvolver explosivos à base de AN que poderiam ser usados em furos com água. Este foi um 21 dos factores que conduziu ao desenvolvimento das lamas explosivas e mais tarde das emulsões, que é considerada a quarta geração dos explosivos comerciais (MORAIS, 2004). Tabela 1 - Exemplos de explosivos primários, secundários e os deflagrantes (adaptado de LEME, s.d.). Classificação dos explosivos industriais Detonantes primários Fulminato de mercúrio, azida de chumbo. Detonantes secundários TNT (Trinitrotolueno), PTN (Tentranitrato de pentaeritrina), NG (Nitroglicerina), AN (Nitrato de amónio), SN (Nitrato de sódio). Deflagrantes Pólvora negra, pólvora sem fumaça. Segundo Martinho (2012, p. 28) os explosivos industriais para o uso civil dividem-se em dois grupos: explosivos secos e explosivos convencionais. 4.1.1. Explosivos Secos: Estão aqui incluídos os explosivos que não têm água na sua composição, todos eles contêm nitrato de amónio. O nitrato de amónio é um sal sob a forma de esferas porosas que não é explosivo mas que se torna quando misturado com uma certa quantidade de combustível rico em carbono. Tem grande solubilidade com a água, razão pela qual todo o explosivo que o contenha torna-se pouco resistente à água (ex.: ANFO) (MARTINHO, 2012). Ainda para Martinho (2012) os principais explosivos secos são: ➢ ANFO: Explosivo barato que resulta da adição de amónio a uma quantidade óptima de combustível. O combustível mais usado é o gasóleo pois é líquido e a mistura fica mais homogénea. Aplica-se para o desmonte de rochas brandas e como carga de coluna no desmonte normal. Como não contêm nitroglicerina, trata-se de um explosivo insensível e seguro. Na presença da humidade altera-se e fica inoperacional, sendo necessário ter cuidado no caso de furos com água. A água é o inimigo do ANFO, baixando a sua potência ou mesmo inativando-o. Produz grande volume de gases, monóxido de carbono (CO) e óxido de azoto (NO). Quando os fumos têm uma cor alaranjada é indício de que na composição houve défice de gasóleo ou que os furos tinham água. 22 ➢ Alanfo: Como o ANFO tem baixa densidade e com isso uma energia baixa, para aumentar a energia recorre-se à adição de produtos como resíduos de alumínio, conseguindo-se uma boa relação técnica-económica principalmente para rochas maciças onde são elevados os custos dos acessórios de perfuração (Bits de Tungsténio). ➢ Hidrogel ou Slurrie (Polpa): Na sua composição não contêm materiais explosivos. Tem grande resistência à água, pois os seus componentes são dissolvidos em água (soluções aquosas saturadas em nitrato de amónio com nitrato de cálcio ou nitrato de sódio, combustíveis, etc.) dando segurança aos trabalhadores. Os gases são muito pouco tóxicos sendo ideais para o desmonte em subterrâneo. Tem força semelhante à dinamite e pode ser usada no seu lugar como carga de fundo. Na sua composição não leva sensibilizantes explosivos aumentando a sua segurança. ➢ Emulsões: São os explosivos de última geração, e têm como ascendentes os anteriores. Não contêm substâncias explosivas na sua composição e as suas propriedades são mais vincadas do que nos slurries, maior resistência à água e aumento da potência. Têm excelente resistência à água, grande segurança para os trabalhadores e grande poder energético. O seu preço pode rivalizar com o do ANFO. As emulsões são do tipo água em óleo em que a fase aquosa tem os sais inorgânicos oxidantes dissolvidos em água e a fase oleosa envolvente é o combustível líquido do tipo hidrocarboneto e que não se mistura com a água. Esse combustível pode ser o gasóleo, parafinas, gomas, etc. ➢ ANFO pesado: São misturas de emulsões com ANFO. O ANFO apresenta vazios entre as partículas que podem ser ocupados por um explosivo líquido como o caso da emulsão. Com isto aumenta-se a energia, a sensibilidade e a resistência à água, trazendo uma economia nos custos e conseguindo-se uma grande potência a um baixo custo. Os resíduos de alumínio aumentam a potência, temperatura e a pressão de detonação, havendo maior trabalho produzido e podendo-se alargar a malha de perfuração no diagrama de fogo. 23 4.1.2. Explosivos Convencionais: De acordo com Martinho (2012) os explosivos convencionais são aqueles que para o seu fabrico necessitam de substâncias explosivas que são os sensibilizadores da mistura. Os principais são: ➢ Dinamite: (Explosivos gelatinosos ou gelatinas): resistentes a água, basicamente apresentam em sua composição a nitroglicerina associada a outros compostos, como nitrato de amónio e nitrocelulose, dando origem a produtos gelatinosos ou semigelatinosos que são utilizados nos desmontes de rocha a céu aberto e também nas escavações subterrâneas e subaquáticas. São de alta velocidade, podendo atingirum máximo de 5000 m/s quando bem confinados nos furos. ➢ Explosivos Pulverulentos: São explosivos com grande proporção de nitrato de amónio e em certos casos com nitroglicerina em percentagem inferior ou igual a 1. Trata-se de explosivos muito seguros ao choque, porém pouco resistentes à água. Têm menor velocidade de detonação e menor força do que as dinamites, sendo usados na abertura de valas, desmonte de rochas brandas e semi-duras e utilizados como carga de coluna. Se a mistura tiver menos de 15% de nitroglicerina têm uma consistência pulverulenta. As suas vantagens são: o Potências inferiores às dos gelatinosos; o Velocidades de detonação entre 3000 e 4000 m/s (menor força do que os gelatinosos); o Menores densidades do que os gelatinosos; o São seguros desde que armazenados cuidadosamente; o Usados no desmonte de valas; o Adequados para rochas brandas como carga de coluna. ➢ Explosivos de segurança: São explosivos especialmente preparados para ambientes fechados e inflamáveis em que a sua principal característica é a baixa temperatura de explosão. Têm na composição um inibidor da temperatura, geralmente o cloreto de sódio. Têm baixa potência, velocidades de detonação entre 2000 e 4500m/s e fraca resistência à água. 24 4.2. Propriedades dos explosivos industriais Actualmente existe uma grande variedade de explosivos, que satisfazem todas as necessidades da indústria mineira, pedreiras e da indústria da construção civil. Martinho (2012, p. 24) considerou que as propriedades mais importantes dos explosivos são: ➢ Potência: define a quantidade de energia disponível para executar o desmonte; ➢ Eficiência do explosivo: está relacionada com os calibres na pilha de escombros; ➢ Velocidade de detonação: é a velocidade a que se dá a decomposição ao longo do comprimento da carga explosiva em (m/s) e define a rapidez de formação de gases a altas temperaturas. Os fatores que influenciam a velocidade de detonação são: o Densidade do explosivo; o Diâmetro dos furos; o Confinamento; o Iniciação; o Envelhecimento do explosivo O aumento da densidade de carga, diâmetro dos furos e o confinamento fazem aumentar a velocidade de detonação. Quanto ao envelhecimento dos explosivos, faz baixar a velocidade de detonação (MARTINHO, 2012). 4.2.1. Acessórios de iniciação São os artefactos utilizados para a iniciação e a detonação dos explosivos e servem também, para ligar os diversos furos a serem detonados (GERALDI, 2001). Ainda de acordo com Geraldi (2001, p. 80), os principais acessórios de iniciação são: Estopins e espoletas simples de queima (Detonador): utilizados em operações de fogachos para desmonte de blocos em furos isolados e também na iniciação de linhas de furos carregados, interligados por outros acessórios. O accionamento se dá por chama directa. O estopim, fabricado com pólvora, queima a uma velocidade de 180 segundos por metro de estopim e acciona a espoleta. A espoleta detona e assim provoca a detonação do explosivo (ou de outro acessório de ligação). 25 Cordão ignitor: usado para acender um número maior de estopins simultaneamente, dentro do tempo de queima do primeiro estopim aceso. Espoletas eléctricas: são fabricadas com cargas explosivas instantâneas e também com dispositivos que permitem um tempo de retardo em série, de forma a permitir a detonação sequencial isolada de cada espoleta colocada em um furo, ou de certo número de furos com espoletas de mesmo tempo de retardo. Devido ao seu accionamento, iniciação eléctrica através de detonadores especiais, a utilização das espoletas deve ser feita sob medidas rígidas de segurança. Existe um grande risco de ocorrer a iniciação espontânea de um circuito de espoletas interligadas, provocada por fontes de energia ou de electricidade externas, que induzem correntes eléctricas nos maciços rochosos, tais como relâmpagos, equipamentos com altas cargas de electricidade estática (p. ex.: geradores para solda eléctrica), rádio transmissor e até mesmo a proximidade com linhas de transmissão de energia em alta tensão (GERALDI, 2001). Cordel detonante: este é o acessório mais utilizado na iniciação de explosivos, principalmente em grandes volumes de escavações de rocha a céu aberto. De manuseio fácil e seguro, sendo totalmente antiestático, seu único inconveniente está na alta velocidade de detonação (7000 m/s), supersónica, causadora de ondas de alta frequência pelo ar (impacto sonoro) que podem ocasionar danos a estruturas próximas e ao meio ambiente. Normalmente, o cordel detonante é colocado no furo juntamente com o explosivo. Ao final do carregamento, todos os furos são interligados também com o cordel, formando um circuito de iniciação, o accionamento deste circuito pode ser feito com estopim-espoleta simples, de chama ou por uma espoleta eléctrica instantânea (GERALDI, 2001). Retardadores para cordel detonante: utilizados para permitir a ligação com tempo de retardo entre furos ou entre filas de furos em intervalos de milésimos de segundo (milissegundos). Boosters (Reforçadores): servem para aumentar a sensibilidade dos explosivos, uma vez que somente a espoleta pode não ser suficiente para a iniciação completa de toda a coluna explosiva. Iniciadores: sistema de iniciação (detonação) e ligação entre os furos a detonar. Podem substituir as espoletas com vantagens, uma vez que é absolutamente antiestático, e também substituir o cordel detonante com vantagens, uma vez que sua iniciação é silenciosa. 26 CAPITULO V - PARÂMETROS DO PLANO DE FOGO 5.1. Plano de fogo Para Geraldi (2001, p. 102), o plano de fogo é o projecto executivo para o desmonte de rocha com o uso sistemático de explosivos, onde serão definidos e apresentados preliminarmente: o plano de perfuração; a qualificação e quantificação dos explosivos e, os esquemas de ligação e iniciação entre os furos que serão detonados. As variáveis existentes no cálculo de uma pega de fogo classificam-se em variáveis geométricas, físico-químicos e temporais. i. Variáveis Geométricas: o Hb: Altura da bancada (m) o D: Diâmetro do furo (diâmetro de perfuração) (mm) o i: inclinação dos furos (graus) o Hf: Comprimento do furo (m) o AV: Comprimento da bancada (m) o LV: Longitude do desmonte (m) o A: Afastamento (m) o E: Espaçamento entre furos da mesma fiada (m) o S: Subfuração (m) o T: Comprimento de tamponamento (m) o Hcf: Altura da carga de fundo (m) o HCc: Altura da carga de coluna (m) ii. Variáveis Físico-Químicas: o Tipo de explosivo e o peso em gramas (g) o Diâmetro do explosivo (mm) o Comprimento do explosivo (m) o Densidade do explosivo ou concentração linear de carga (kg/m) o RLcf e RLcc: Concentração linear da carga de fundo e de coluna (kg/m) o Cf: Peso da carga de fundo (kg) o Cc: Peso da carga de coluna (kg) o CT: Peso da carga total de explosivo no furo (kg) o PE: Perfuração específica (m/m3). 27 iii. Variáveis Temporais: o Tempos de retardo o Sequência de detonação. Figura 7 - Esquema de uma pega de fogo com as variáveis geométricas (ALONSO et al., 2013). 5.1.1. Cálculo dos parâmetros geométricos a) Diâmetro de perfuração (D) Após serem estabelecidas as metas de produção, procede-se á determinação dos diâmetros de perfuração e a consequente selecção e dimensionamento das perfuratrizes. O diâmetro de perfuração a ser utilizado é o principal condicionante da malha de perfuração – a essência da própria escavação de rocha. Quanto maior o diâmetro dos furos, maior poderá ser a área da malha de perfuração a ser utilizada, resultando em uma menor quantidade de furos a serem executados por metro cúbico de rocha a escavar (razão linear de perfuração). Assim, para projectos envolvendo grandes volumes de escavação de rocha, logicamente devem ser utilizados,sempre que possível, furos de maior diâmetro (GERALDI, 2011). b) Altura da bancada (Hb) Antigamente, o processo de desmonte de rocha era feito em bancadas muito altas. Acreditava- se que com bancadas de grande altura, obtinha-se maiores produções com menores gastos de 28 limpeza, decapeamento e preparação da pedreira. Conforme o tempo foi passando, essa crença foi deixada de lado, pois sentiu-se que as bancadas de grandes alturas geravam altos custos de perfuração, grandes dificuldades na remoção do material detonado, além da insuficiente fragmentação que exigia gastos adicionais em desmontes secundários (DINIS DA GAMA, s.d.)3. Para Silva (2009, p. 59), a altura da bancada é definida em função de questões de ordem económica e técnica, a saber: a) As condições de estabilidade da rocha que compõe o maciço e a segurança nas operações de escavação; b) O volume de produção desejado, o qual determinará o tipo e o porte dos equipamentos de perfuração, carregamento e transporte; c) A maximização da eficiência no custo total de perfuração e desmonte. Principalmente quando se considera a redução dos custos de perfuração e desmonte há uma tendência mundial por se trabalhar com bancadas altas. Segundo Martinho (2012), quanto maior for a altura da bancada para diminuir os desvios de perfuração será necessário ter acessórios de perfuração com diâmetro maior. Aumentando assim o diâmetro do furo, vão surgir problemas tais como: ➢ Maiores diâmetros de perfuração levam a maiores concentrações de carga e por consequência um controle mais difícil de projeções e da sobreescavação no talude final do maciço remanescente; ➢ Maiores desvios na perfuração provocando maiores irregularidades nos parâmentos finais e um maior risco de mau funcionamento da pega; ➢ Obtenção na granulometria da pilha de calibres maiores para a mesma carga específica; ➢ Condicionamento na capacidade do equipamento e material de perfuração, diminuindo a produção de material desmontado pelo equipamento. Por questões de segurança a altura da bancada não deve ultrapassar os 15 m, excepto em condições especiais como em pedreira de produção de enrocamento que pode ir até 20 m (MARTINHO, 2012). 3 Critérios para a determinação da altura ideal de bancada em Desmonte de rocha com Explosivo. In: III Simpósio de mineração. 29 A seguir é ilustrada uma tabela com as relações entre a altura da bancada, o diâmetro de perfuração e o porte de equipamentos de remoção necessário. Tabela 2 - Relação entre a altura da bancada, diâmetro de perfuração e equipamento de remoção (Adaptado de JIMENO et al., 2003). Altura do banco (m) Diâmetro do furo (mm) Equipamento de remoção recomendado 8 – 10 65 – 90 Pá carregadora 10 – 15 100 – 150 Escavadora de cabos A granulometria exigida do material a ser desmontado é função do tratamento e utilização posterior do material, e em alguns casos indiretamente da capacidade dos equipamentos de carga. O tamanho dos blocos “Tb“ se expressa por sua maior longitude, podendo apresentar os seguintes valores: 𝑻𝒃 < 𝟎, 𝟖 ∗ 𝑨𝑫 [Equação 1] Silva (2009) Sendo: AD – tamanho de admissão do britador. c) Afastamento (A) Para Silva (2009), o afastamento é a menor distância que vai do furo à face livre da bancada ou a menor distância de uma linha de furos a outra. De todas as dimensões do plano de fogo essa é a mais crítica, pois: Afastamento muito pequeno – A rocha é lançada a uma considerável distância da face. Os níveis de pulsos de ar são altos e a fragmentação poderá ser excessivamente fina. Afastamento muito grande – A sobreescavação na parede (backbreak) é muito severa. Afastamento excessivo – Grande emissão de gases dos furos contribuindo para um ultralançamento dos fragmentos rochosos a distâncias consideráveis, crateras verticais, alto nível de onda aérea e vibração do terreno. A fragmentação da rocha pode ser extremamente grosseira e problemas no pé da bancada podem ocorrer. O valor do afastamento (A) é função do diâmetro dos furos, das características das rochas e dos explosivos. Este valor oscila entre 20 e 40 vezes o diâmetro do furo, dependendo da resistência da rocha e da altura da carga de fundo. Alonso et al. (2013) propôs uma fórmula empírica para o cálculo do afastamento máximo (Amax), a partir do diâmetro de perfuração (D): 30 𝑨𝒎𝒂𝒙 = 𝟒𝟎 ∗ 𝑫 [Equação 2] Alonso et al. (2013) Neste caso, o afastamento mínimo seria a metade do afastamento máximo. Rustan (1990) citado por Alonso et al. (2013) propôs uma outra fórmula simplista para o cálculo do afastamento, considerando apenas o diâmetro de perfuração, em função das condições que podem ser: ➢ Desmonte a céu aberto e diâmetro (D) entre 89 e 311 mm. 𝑨 = 𝟏𝟖, 𝟏 ∗ 𝑫𝟎,𝟔𝟖𝟗 [Equação 3] Rustan (1990) ➢ Desmonte subterrâneo e diâmetro (D) entre 48 e 165 mm. 𝑨 = 𝟏𝟏, 𝟖 ∗ 𝑫𝟎,𝟔𝟑𝟎 [Equação 4] Rustan (1990) Com a evolução das fórmulas anteriores, Konya (1972) caracterizou tanto o explosivo como a rocha por suas respectivas densidades “ρe” (densidade do explosivo) e “ρr” (densidade da rocha), e propôs a seguinte formula: 𝑨 = [ 𝟐𝝆𝒆 𝝆𝒓 + 𝟏, 𝟓] ∗ 𝑫 [Equação 5] Konya (1972) Sendo: A – afastamento (pés) 1 pé = 0,305 m; ρe – densidade do explosivo (g/cm 3); ρr – densidade da rocha (g/cm3) e, D – diâmetro do furo (polegadas - Ft) 1 Ft = 25,4 m. A equação anterior para o cálculo do afastamento, utiliza a densidade do explosivo como um indicador da sua energia. Com a evolução das substâncias explosivas, nota-se a existência de explosivos com densidades iguais mas providos de energias diferentes, desta feita, uma outra fórmula proposta pelo mesmo autor, usa a potência relactiva por unidade de volume no lugar da densidade do explosivo (KONYA, 1983). 𝑨 = 𝟖𝒙𝟏𝟎−𝟑 𝑫 ∗ √( 𝑹𝑩𝑺 𝝆𝒓 ) 𝟑 [Equação 6] Konya (1983) 31 Onde: de – diâmetro do furo (mm) RBS – energia relactiva por volume (ANFO = 100) ρr – densidade da rocha (g/cm3). A energia relactiva por volume e por massa em relação ao ANFO pode ser calculada mediante as equações seguintes: Energia relactiva por massa: 𝑹𝑾𝑺 = ( 𝑬𝑻𝒙 𝑬𝑻𝒂𝒏𝒇𝒐 ) 𝟏𝟎0 [Equação 7] Silva (2009) Energia relactiva por volume: 𝑹𝑩𝑺 = [( 𝑬𝑻𝒙 𝑬𝑻𝒂𝒏𝒇𝒐 ) ∗ ( 𝒅𝒙 𝒅𝑨𝒏𝒇𝒐 )] 𝟏𝟎0 [Equação 8] Silva (2009) Onde: ETx e ETanfo – energias termoquímicas do explosivo x e padrão, respectivamente dx e danfo – densidades do explosivo x e padrão, respectivamente. Ainda de acordo com Konya (1983) para a correção do afastamento, utiliza-se os factores de correção pelo número de linhas, pelo tipo de depósito e estrutura geológica, de forma a adequar a realidade do terreno. Tabela 3 - Factores de correção para o afastamento (Adaptado de KONYA, 1983). Factores de correção Número de linhas (Kr) Tipos de depósitos (Kd) Estruturas geológicas (Ks) Uma ou duas linhas 1,0 Estratos submergindo para o corte 1,18 Altamente fracturada e juntas frequentes 1,3 Mais de três linhas 0,9 Estratos submergindo para a face 0,95 Camadas bem cimentadas com juntas estreitas 1.1 Outros tipos de depósitos 1,00 Rocha intacta e maciça 0,95 32 Desta feita o afastamento corrigido será: 𝑨𝒄𝒐𝒓𝒓𝒊𝒈𝒊𝒅𝒐 = 𝑨 ∗ 𝑲𝒅 ∗ 𝑲𝒔 [Equação 9] Konya (1972). Onde: A – afastamento; Kd – correção pelo tipo de depósito; Ks – correção pela geologia. Um dos fatores que interferem na qualidade do desmonte de rocha é a razão entre a altura da bancada (Hb) e o afastamento (A). Quanto mais esta relação estiver próxima de 4 melhor será a fragmentação obtida. (SILVA, 2009). A relação entre os dois é apresentada na tabela abaixo: Tabela 4 - Relação entre a altura da bancada e o afastamento (KONYA, 1983). Hb/A Fragmentação Onda aérea Ultralança-
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