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Curso: APCF Cadeira: Economia de Moçambique Tema: Sector Industrial em Moçambique Caracterização do Sector, Avaliação Crítica das Políticas Adoptadas e dos Desempenho desse Sector no Desenvolvimento do País Discentes: Alice da Clemência Ían Carmélio Leila Matilde Roberta Nelsa Cumba Docente: Fidélio André Maputo, Abril de 2021 Discentes Alice da Clemência Ían Carmélio Leila Matilde Roberta Nelsa Cumba Curso: APCF Tema: Sector Industrial em Moçambique Caracterização do Sector, Avaliação Crítica das Políticas Adoptadas e dos Desempenho desse Sector no Desenvolvimento do País Maputo, Abril de 2021 Trabalho a ser apresentado na Cadeira de Economia de Moçambique para efeitos de avaliação, sob a orientação do docente: Fidélio André Luís Manuel. Lista de Abreviaturas IDE – Investimento Directo Estrangeiro IDD - Investimento Directo Doméstico IT – Tecnologias de Informação PIB – Produto Interno Bruto PPI – Plano Prospectivo Indicativo PRE – Programa de Reabilitação Económica PRES - Programa de Reabilitação Económica Social VAIT – Valor do Crescimento da Indústria Transformadora. Índice Discentes: ...................................................................................................................................... 1 Lista de Abreviaturas .................................................................................................................... 3 1. Introdução ............................................................................................................................. 5 1.1. Problematização ................................................................................................................ 6 1.1.1. Título: Análise do Fraco Desenvolvimento da Indústria na Economia de Moçambique 6 1.2. Hipóteses ........................................................................................................................... 6 1.3. Objectivos ......................................................................................................................... 6 1.3.1. Objectivos Geral ............................................................................................................ 6 1.3.2. Objectivos Específicos .................................................................................................. 6 1.4. Metodologia ...................................................................................................................... 7 2. Revisão Bibliográfica ............................................................................................................ 8 2.1. Conceito de Indústria ........................................................................................................ 8 2.2. Industrialização e Dinâmicas Económicas em Moçambique ............................................ 8 2.3. Crescimento e o papel da indústria ................................................................................... 8 2.4. Peso do VAIT no PIB........................................................................................................ 9 2.5. Estabilidade ..................................................................................................................... 10 2.6. Investimento privado ....................................................................................................... 11 2.7. Desenvolvimento Industrial em Moçambique ................................................................ 11 2.8. Funções de política industrial .......................................................................................... 12 2.9. Características da Indústria em Moçambique ................................................................. 12 2.10. Os factores da localização da indústria ....................................................................... 13 2.10.1. Factores naturais .......................................................................................................... 13 2.10.2. A importância da indústria para economia .................................................................. 13 2.10.3. As causas que explicam o fraco desenvolvimento industrial em Moçambique .......... 13 2.11. Contribuição da Indústria no PIB ................................................................................ 13 2.12. Instrumentos/políticas que orientam a indústria transformadora ................................ 14 2.13. Plano quinquenal do governo 2015-2019 .................................................................... 14 2.14. Estratégia nacional desenvolvimento .......................................................................... 15 2.14.1. Pilares da industrialização ........................................................................................... 15 2.14.2. Estratégia para o desenvolvimento das áreas prioritárias ............................................ 15 2.14.3. Prioridades Industriais ................................................................................................. 15 2.15. Críticas das Políticas Industriais em Moçambique ...................................................... 16 2.16. Plano Prospectivo Indicativo ....................................................................................... 16 2.17. Programa de Reabilitação Económica/e Social --PRE/PRES ..................................... 17 2.18. Elementos de Continuidade e Descontinuidade entre o PARPA I e PARPA II .......... 17 3. Conclusão ............................................................................................................................ 19 4. Bibliografia ......................................................................................................................... 20 file:///C:/Users/Tony%20tecnologia2/Documents/Introdução.docx%23_Toc70173414 5 1. Introdução A actividade industrial é à base do desenvolvimento económico mundial desde o século XVIII. As indústrias foram os primeiros estabelecimentos a empregar trabalhadores assalariados em grande número e na actualidade são responsáveis pela automação cada vez maior do processo produtivo em substituição a força da mão-de-obra. A actividade industrial é aquela pela qual os seres humanos transformam matéria-prima em algum bem, acabando ou semiacabado. O Governo considera a indústria como um dos factores determinantes nas acções do combate à pobreza e desenvolvimento económico. A indústria continua a ser uma prioridade e um factor determinante para a transformação estrutural da economia, para a mudança qualitativa do crescimento do PIB e para a elevação da competitividade económica nacional e sua inserção no mercado mundial. 6 1.1.Problematização 1.1.1. Título: Análise do Fraco Desenvolvimento da Indústria na Economia de Moçambique No actual contexto de crescimento da economia extractiva em Moçambique, o desafio de transição da indústria extractiva para um processo de industrialização amplo impõe uma reflexão sobre a condução da política de desenvolvimento industrial, tendo em conta um passado recente de desindustrialização africana induzida por políticas económicas inadequadas. A crise africana do final dos anos 70 e princípios de 80, resultou em parte de uma política económica pouco eficiente, relacionada com a excessiva intervenção do Estado na economia, mas a que a substitui, geralmente associada as políticas de estabilização e ajustamento estrutural e ao liberalismo dos anos 80 e 90, revelou-se incapaz de transformar a estrutura industrial de forma bem-sucedida. De facto, verifica-se em muitos países, um fenómeno inverso, com estagnação ou mesmo de desindustrialização, que não pode ser dissociado do impacto daspolíticas económicas utilizadas. A discussão dessas políticas, seus constrangimentos e limitações são por isso objecto central desta análise. 1.2.Hipóteses Para o maior desenvolvimento Industrial no país é necessário que: Haja presença imediata de matérias-primas e recursos naturais; Haja Disponibilidade de mão-de-obra abundante e barata, e Haja Incentivos fiscais oferecidos pelo governo local (isenção de impostos, etc.), 1.3.Objectivos 1.3.1. Objectivos Geral Analisar o desempenho do Sector Industrial no Desenvolvimento do País 1.3.2. Objectivos Específicos Mencionar as críticas das políticas Adoptadas no Sector Industrial do País Avaliar a Contribuição da Indústria no PIB; Enumerar os Planos do Prospectivo Indicativo (PPI) 7 1.4.Metodologia A elaboração do presente trabalho concentrou-se em uma pesquisa bibliográfica que para Marconi e Lakatos (2003, p. 183) abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, pois, foi intensamente recorrido a materiais já elaborados, exigindo articulações para montagem do trabalho permitindo assim explorar novas conclusões a respeito do assunto tão importante para a Economia do País 8 2. Revisão Bibliográfica 2.1.Conceito de Indústria A indústria é um sector da economia que tem agregado ao seu conjunto as actividades produtivas caracterizadas pela transformação de matérias-primas em mercadorias manufacturadas. A indústria pode representar um conjunto de actividades que guardam algum grau de correlação técnico-produtiva, constituindo um conjunto de empresas que operam métodos produtivos semelhantes, incluindo-se em uma mesma base tecnológica (KUPFER, 2002). Para MOORE (1968, p. 145) Indústria refere-se à transformação de matérias-primas em componentes intermediários ou produtos acabados por meios fundamentalmente mecânicos dependentes de fontes inanimadas de energia . Dificilmente um país atinge efectivos níveis de desenvolvimento sem industrializar-se ou pelo menos utilizar seus produtos. Mesmo um país que seja essencialmente agrícola os melhores índices de produtividade, actualmente estão associados a utilização de factores de produção industrial como máquinas e equipamentos, fertilizantes e sementes tratadas. 2.2.Industrialização e Dinâmicas Económicas em Moçambique A análise oficial da situação económica em Moçambique é geralmente focada em três aspectos: crescimento, estabilidade e evolução do investimento privado. Dados oficiais indicam que a economia está a crescer e a estabilizar, e o investimento privado está a aumentar apesar das políticas monetárias e fiscais deflacionárias. Na essência, a análise oficial sustenta que a economia Moçambicana está a implementar, com êxito, o modelo de “estabilização com crescimento e alívio da pobreza”. Esta secção revisita a análise oficial mencionada e, usando os dados oficiais, questiona a natureza e tipo de crescimento, estabilidade e investimento que ocorrem em Moçambique. Ao fazê-lo, a secção discute o padrão e o papel da indústria transformadora no contexto das dinâmicas de desenvolvimento da economia, e questiona se esses padrões de crescimento de longo prazo podem gerar as dinâmicas de crescimento e desenvolvimento abordadas na secção anterior. 2.3.Crescimento e o papel da indústria Os gráficos 1 e 2 (em baixo) mostram claramente que tanto o PIB como a indústria transformadora estão a crescer a ritmos relativamente altos. Estes gráficos também indicam que este crescimento tem sido instável ao longo das últimas quatro décadas. 9 Esta instabilidade é geralmente atribuída a factores conjunturais (guerra, calamidades naturais, preços do petróleo, etc.) mas, como será discutido mais adiante, ela é essencialmente causada pela própria estrutura e dinâmica de desenvolvimento da economia moçambicana. 2.4.Peso do VAIT no PIB Além de ilustrarem crescimento, os gráficos 1, 2 e 3 começam já a apontar para alguns problemas da estrutura e dinâmica económicas em Moçambique. Primeiro, a economia não está a industrializar, o que pode ser demonstrado pelo facto de o peso do valor acrescentado da indústria transformadora (VAIT) no PIB ser muito baixo e ter mudado muito pouco nas últimas quatro décadas. Segundo, mais grave ainda é que o crescimento industrial mostra sinais muito fortes de desaceleração e tendência para estagnação, se o efeito do mega projecto Mozal for eliminado da equação (gráficos 2 e 3). O gráfico 3, por exemplo, mostra claramente que se o efeito Mozal for excluído, o peso do VAIT no PIB em 2001 fica idêntico ao de 1971 e 1961. Há teorias que sustentam que este factor (peso do VAIT no PIB) é irrelevante, particularmente na era da indústria de tecnologia de informação (IT) em que as indústrias tradicionais perdem peso. Nem teórica nem empiricamente é claro por que é que a IT elimina a importância de industrializar a economia. A industrialização criou a IT, e a existência de uma forte base empresarial, tecnológica e social é determinante para desenvolver e assimilar a chamada “nova revolução industrial”. Essa base empresarial, tecnológica e social é fornecida pela industrialização. Não é por acaso que são as economias mais industrializadas que criaram e mais progrediram no que respeita à IT. Por outro lado, indústrias são muitas e variadas, e se algumas perdem peso outras não; se algumas são conjunturais outras são estruturais. Além disso, o progresso tecnológico (de que IT faz parte, e que é potenciado por IT) também transforma as indústrias modificando e actualizando o seu papel. 10 2.5.Estabilidade A estabilidade da economia nacional tem sido medida essencialmente pela taxa de 11 inflação e pela taxa de câmbio. Estes indicadores são, no entanto, apenas o reflexo monetário de problemas de estrutura mais geral da economia e/ou do funcionamento do sistema financeiro. Do ponto de vista da produção, é mais importante tentar verificar como é que as dinâmicas de produção e estabilidade se relacionam. Uma das formas de o fazer é analisar a relação dinâmica entre a estrutura da produção e a balança de pagamentos. 2.6.Investimento privado O investimento privado aumentou significativamente, embora seja muito instável. Esta instabilidade resulta do facto de que o investimento é concentrado num punhado de grandes projectos, os quais, obviamente, não fazem os mesmos montantes de investimento todos os anos. Se o investimento fosse feito em menor escala mas numa base mais ampliada e diversificada, os fluxos agregados não seriam tão instáveis. A análise que se segue é baseada em intenções de investimento aprovadas no período 1990-2002. Nem todas foram ou serão implementadas, mas é ainda muito difícil fazer uma avaliação directa de cada projecto de investimento num prazo de tempo curto. Apesar desta limitação da base de dados, as intenções de investimento privado pelo menos indicam o que é que o sector privado escolhe para fazer. O investimento directo privado doméstico (IDD) é inferior a 7% do investimento privado total. O investimento directo estrangeiro (IDE) é substancialmente mais importante. No entanto, o IDE está concentrado em mega projectos, e mobiliza cerca de 85% dos restantes recursos (incluindo empréstimos e IDD) para os mega projectos (este ponto geral será confirmado mais tarde). 2.7.Desenvolvimento Industrial em Moçambique A indústria é um sector fundamental para o desenvolvimento económico. Nesse sentido, afigura-se necessário promover uma política industrial activa e adequada às necessidades e características dos países. No actual contexto de crescimento da economia extractiva em Moçambique, o desafio de transição da indústria extractiva para um processo de industrialização amplo impõe uma reflexão sobre a condução da política de desenvolvimento industrial, tendo em conta um passado recentede desindustrialização africana induzida por políticas económicas inadequadas. A crise africana do final dos anos 70 e princípios de 80, resultou em parte de uma política económica pouco eficiente, relacionada com a excessiva intervenção do Estado na 12 economia, mas a que a substitui, geralmente associada as políticas de estabilização e ajustamento estrutural e ao liberalismo dos anos 80 e 90, revelou-se incapaz de transformar a estrutura industrial de forma bem-sucedida. De facto, verifica-se em muitos países, um fenómeno inverso, com estagnação ou mesmo de desindustrialização, que não pode ser dissociado do impacto das políticas económicas utilizadas. A discussão dessas políticas, seus constrangimentos e limitações são por isso objecto central desta análise. 2.8.Funções de política industrial O objectivo geral da política industrial é garantir que o conhecimento sobre a economia e as condições competitivas, a negociação entre diferentes interesses e estratégias, e a criação e mobilização de capacidades e recursos sejam combinados de modo a resultarem em objectivos de desenvolvimento e decisões de investimento e acção coerentes, que sejam consistentes com rápida e sustentável industrialização em Moçambique. Mais especificamente, a política industrial pode mobilizar recursos e alocálos mais eficientemente por via da identificação de alvos claros, coerentes e economicamente definidos, e relacionando incentivos com indicadores precisos e simples de desempenho económico dentro de um horizonte temporal bem definido (ex. aquisição de capacidade de exportação). Política industrial pode maximizar os benefícios do IDE, identificando investimentos e investidores de maior interesse para a economia, promovendo ligações com o resto da economia, identificando como estabelecer incentivos descriminados e ligados com indicadores de desempenho, ajudando a estabelecer o quadro negocial e de monitoria dos projectos de investimento, etc. 2.9.Características da Indústria em Moçambique De uma forma geral, a indústria Moçambicana é muito subdesenvolvida; É uma indústria fundamentalmente manufactureira e dedica-se às actividades de extracção e transformação de alguns recursos minerais e energéticos; É uma indústria ainda de poucos investimentos, de pouca investigação, de tecnologia simples e rudimentar; Os principais tipos de indústrias localizam-se nas grandes cidades e centros 13 urbanos. Os principais tipos de indústria são a extractiva e a transformadora 2.10. Os factores da localização da indústria 2.10.1. Factores naturais Existência de fontes de energia (petróleo, gás natural, carvão, electricidade e outras fontes alternativas) Existência de matéria-prima Abundância de água Factores socioeconómicos Disponibilidade financeira (capital) 2.10.2. A importância da indústria para economia Fonte de emprego Fonte de aquisição de divisas na exploração Processamento de matéria-prima para exploração 2.10.3. As causas que explicam o fraco desenvolvimento industrial em Moçambique Predomínio da exploração agrícola; Fraca rede de vias de comunicação; Forte dependência de capitais estrangeiros; Tecnologia de fraca modernização; Mão-de-obra pouco especializada; Reduzida capacidade de poder de compra; 2.11. Contribuição da Indústria no PIB Moçambique é um País em processo de revitalização da sua indústria, apresentando índices de produção industrial consideráveis. Apesar dos vários factores conjunturais nomeadamente, a subida dos preços dos combustíveis e queda do preço das exportações de matéria-prima, que têm contribuído de forma não muito favorável ao desenvolvimento industrial, a produção da indústria manufactureira cresceu de 70.8 mil 14 milhões de Meticais (2014) para 89.4 mil milhões (2018). Anualmente a indústria cresceu 9.4% (2015), 6.4% (2016), 0.3% (2017) e 6.7% (2018). A indústria transformadora é o terceiro sector que mais contribuiu no PIB, com uma participação média de 9.0% de 2014 a 2016 e uma contribuição de 8.6% no primeiro semestre de 2017. No presente Quinquénio foram licenciadas 902 indústrias que criaram cerca de 16.145 postos de trabalho, com destaque para as cimenteiras, moagem de cereais, que agregam valor através do uso do calcário e cereais nacional. O País tem registado um desenvolvimento e expansão do sector industrial, a destacar a entrada em funcionamento de empresas de grande e média dimensão (LIMAK - Maputo, Cimentos da Beira, Cimentos de Cabo Delgado, Cimentos Maiaia – Nacala, Coca-Cola (refrigerantes) - expansão, INALCA (processamento de carne) - Maputo; Pembe Mozambique (f. trigo), Martifer (estruturas metálicas) e Merec Nacala (f. trigo) em Nampula, G.S. Beverages (refrigerantes e água) - Zambézia, Grupo ETG (processamento de feijão boer e gergelim) em Nampula e Sofala, e Espiga D’ouro (Panificadora); Beleza (processamento de fibra sintética para obtenção de cabelos artificiais), Heineken (Cervejas) e Refinaria de Açúcar de Xinavane. 2.12. Instrumentos/políticas que orientam a indústria transformadora Programa Quinquenal do Governo (PQG) 2015-2019; Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE), de Junho 2014; Política e Estratégia Industrial (Resolução n.º 38/2007, de 18 de Dezembro); Estratégias Sub-sectoriais (Têxtil e Confecções); Plano Director do Gás Natural. Diploma n° 99/2003 – Isenção de direitos aduaneiros na importação da matéria- prima para indústria: Lei de Investimento n°3/93 – Isenção de direitos na importação de equipamento para indústria; Protocolos Comerciais e Acordos Bilaterais; Código de Benefícios Fiscais – Lei n° 4/2009. 2.13. Plano quinquenal do governo 2015-2019 No quadro do aumento do emprego e da produção bem como da melhoria da competitividade da economia nacional, o Governo persegue os seguintes objectivos estratégicos: i. Promover a industrialização orientada para a modernização da economia 15 e o aumento das exportações; Fortalecer a capacitação das micro, pequenas e médias empresas, que sejam promotoras do emprego, elevado a sua conectividade no mercado externo, Promover a construção de infra-estruturas; Estabelecer medidas de protecção à indústria nacional nascente II. Promover o emprego, legalidade laboral e segurança social: Promover o emprego nos diversos factores das actividades económicas e sociais incentivando iniciativas geradoras de emprego e auto-emprego; Integrar nas estratégias e políticas sectoriais medidas que contribuam para a maximização de oportunidades de emprego. III. Promover a cadeia de valores dos produtos primários nacionais assegurando a integração do conteúdo local: Fortalecer a integração e crescimento das indústrias nacionais na cadeia de valor dos mega projectos, privilegiando as pequenas e médias empresas; Dinamizar a implantação de parques industriais; Promover e incentivar o estabelecimento de unidades de transformação de produtos primários nacionais e a sua integração no mercado. 2.14. Estratégia nacional desenvolvimento 2.14.1. Pilares da industrialização Desenvolvimento do Capital Humano; Desenvolvimento de infra-estruturas; Investigação, Inovação de desenvolvimento Tecnológico; Organização, Coordenação e articulação institucional; 2.14.2. Estratégia para o desenvolvimento das áreas prioritárias Revitalização e transformação da indústria transformadora; Desenvolvimento da cadeia de valores da Indústria extractiva. 2.14.3. Prioridades Industriais Desenvolvimento da indústria alimentar; Desenvolvimento e modernização da indústria de mobiliário; 16 Desenvolvimento da indústria de materiais e instrumentos de construção; Desenvolvimento das indústrias de recolha e reciclagem de desperdícios industriais; Desenvolvimento das indústriasde engenharia mecânica, metalo-mecânica e electrotécnica; Desenvolvimento da indústria química; Consolidação do aproveitamento industrial diversificado do potencial energético criado pela extracção de gás natural; Utilização efectiva do sistema da propriedade industrial. 2.15. Críticas das Políticas Industriais em Moçambique A deficiente ligação empresarial entre os megaprojectos, ou grandes indústrias, e as pequenas e médias empresas, por exemplo, é um dos prejuízos para o sector industrial, em resultado também destas últimas não serem competitivas. Face a estas fragilidades e lacunas no sector industrial local, o estudo do DIE sugere algumas ideias para alavancar a indústria moçambicana, são elas: a redução da burocracia, da corrupção, a focalização dos recursos para uma estratégia inteligente com vista a criação de condições sobretudo no que diz respeito as infra-estruturas para sectores onde eles tenham vantagens comparativas positivas. 2.16. Plano Prospectivo Indicativo Em conformidade com Castel-Branco (1998), duas estratégias globais dominantes, teoricamente opostas uma à outra, marcaram o percurso económico de Moçambique nos últimos 20 anos. A primeira, que ficou conhecida por Plano Prospectivo Indicativo (PPI), visava eliminar o subdesenvolvimento herdado do colonialismo português em apenas dez anos, ou seja, entre 1981 a 1990. Composto por três programas essenciais -- colectivização do campo, industrialização e formação-- o PPI priorizava o crescimento rápido da produção material: projectava-se a quintuplicação da produção material por dez anos, com uma taxa média anual de crescimento na ordem de 17,5%. Portanto, o PPI implicava um sistema passivo de gestão macroeconómica e financeira, simples instrumento burocrático do plano material, em resposta ao modelo de planificação material centralizado, pois nele acreditava-se que os défices, então gerados, seriam cobertos no futuro pelos efeitos do rápido crescimento do produto e da eficiência 17 das empresas (Castel-Branco, 1998: 599). Esta componente do PPI isola a necessidade de financiamento externo, reduzindo a dependência internacional. Assim, as relações com os outros países centrar-se-iam tradicionalmente em sectores não necessariamente produtivos. A segunda estratégia, mais conhecida foi o Programa de Reabilitação Económica/e Social --PRE/PRES-- que visava fundamentalmente reparar os erros do PPI e recuperar os índices de produção e exportação de 1981. Na sua óptica, “os erros principais da anterior estratégia prendem-se com a má gestão macroeconómica, a distorção da estrutura dos preços relativos em favor da agricultura e das exportações e o desincentivo à operação do sector privado nacional e estrangeiro” (Castel-Branco, 1998: 600). 2.17. Programa de Reabilitação Económica/e Social --PRE/PRES Este programa visava fundamentalmente reparar os erros do PPI e recuperar os índices de produção e exportação de 1981. Na sua óptica, “os erros principais da anterior estratégia prendem-se com a má gestão macroeconómica, a distorção da estrutura dos preços relativos em favor da agricultura e das exportações e o desincentivo à operação do sector privado nacional e estrangeiro” (Castel-Branco, 1998: 600). Portanto, o programa propunha-se, por um lado, repor o equilíbrio da balança de pagamentos de Moçambique e controlar a inflação, através da desvalorização da moeda para incentivar as exportações e conter as importações, do corte da despesa pública e subsídio às empresas, privatização da propriedade do Estado, introdução do princípio da recuperação dos custos de fornecimento dos serviços públicos essenciais, como a saúde e educação e da contenção do crédito à economia. 2.18. Elementos de Continuidade e Descontinuidade entre o PARPA I e PARPA II O PARPA II difere do PARAP I, pois este inclui nas suas prioridades uma maior integração da economia nacional e o aumento da produtividade. Portanto, demonstra o desenvolvimento da base ao nível distrital, na criação de um ambiente favorável ao crescimento do sector produtivo nacional, à melhoria do sistema financeiro ao florescimento das pequenas e médias empresas enquadradas no sector formal, e o 18 desenvolver ambos sistemas de arrecadação das receitas internas e de afectação dos recursos orçamentais. O PARPA II (2006-2009) mantém como foi no PARPA I (2001-2005) as prioridades nas áreas de desenvolvimento do capital humano nas várias áreas como a educação, saúde, a melhoria na governação, no desenvolvimento das infra-estruturas básicas e de agricultura, o desenvolvimento rural, e uma melhoria na gestão macroeconómica e financeira. 19 3. Conclusão Moçambique encontra-se na lista dos países com maiores taxas de crescimento na última década (cerca de 7% ao ano). O papel que os recursos naturais tem desempenhado para o crescimento de Moçambique não deixa muitas dúvidas. As perspectivas de crescimento são favoráveis, não obstante os riscos associados à exploração desses recursos. Destacam-se os choques exógenos, como catástrofes climáticas, choques nos preços das matérias-primas e na procura mundial, pelos seus principais produtos de exportação ou importação. Ainda que alguns riscos sejam baixos, é necessário considerá-los. Entretanto, as melhorias dos indicadores sociais tem acompanhado em proporções diferentes este crescimento económico. O crescimento acelerado tem sido conduzido pela indústria extractiva que emprega capital intensivo, o que limita os benefícios tipicamente relacionados a este tipo de crescimento. Apesar desse crescimento acelerado, grande parte da população vive nas zonas rurais praticando agricultura e vivendo abaixo da linha de pobreza. 20 4. Bibliografia Banco de Moçambique. Relatório Anual (de 1995 a 2002). Banco de Moçambique: Maputo. Castel-Branco, CN. 2003a. A situação económica em Moçambique: reavaliação da evidência com foco na dinâmica da produção industrial. Comunicação apresentada na VII Conferência Anual do Sector Privado. CTA: Maputo. Castel-Branco, CN. 2003b. A critique of SME-led approaches to economic development. Comunicação apresentada na II Reunião do Task Force sobre Pequenas e Médias Empresas da Câmara do Comércio e Indústria da Conferência Islâmica. Castel-Branco, CN. 2002a. An investigation into the political economy of industrial policy: the Mozambican case. Tese de Doutoramento não publicada. Departamento de Economia do SOAS (Univ. de Londres): Londres. Castel-Branco, C.~N. (1994). Moçambique: perspectivas económicas. Universidade Eduardo Mondlane em associação com Fundação Friedrich Ebert, Maputo. FMI (2013). Relatório Nacional do FMI n.º 13/200. Moçambique GOM. 2003. Lista de projectos de investimento aprovados no período 1990- 2003. CPI: Maputo. KUPFER, David; HASENCLEVER, Lia. Economia industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2002. MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MOORE,Wilbert E. O impacto da indústria: modernização de sociedades tradicionais. Tradução: Edmond Jorge. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1968.
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