Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ELETROENCEFALOGRAFIA – EEG A eletroencefalografia (EEG) é um método eletrofisiológico de estudar a atividade elétrica dos neurônios corticais (córtex) e do tálamo, em decorrência de diferentes estímulos que ocorrem verticalmente no córtex, ou seja, da medula em direção ao córtex ou vice-versa. Vale ressaltar que, o córtex é muito superficial, estando, portanto, junto da calota craniana. Então, significa dizer que, os sinais elétricos apresentam uma amplitude maior, sendo, através disso, mais fácil à detecção do vetor elétrico. Agora, uma atividade mais interna do SNC (mesencéfalo, gânglios da base, tronco cerebral) não é possível ser registrado, pois o eletrodo externo se encontra longe, não conseguindo, com isso, detectar as ondas mais internas. Sendo assim, a EEG é muito boa para estudar a atividade elétrica cortical e talâmica, mas não de outras estruturas mais internas do SNC. Isso porque, essas amplitudes do vetor elétrico são de baixa amplitude. O registro da atividade eletroencefalograma terá a capacidade de detectar ondas de quase 0 até o máximo de 200 µV, por isso o galvanômetro deve amplificar muito as ondas do EEG. Ademais, as frequências das ondas podem variar de 0,5 a até 80 Hz. A (EEG) não apresenta um padrão de onda que se repetem, sendo, então, um pouco “caótico”. Esta, apresenta ondas de frequência e amplitude muito diferentes do eletrocardiograma. Com isso, sua interpretação se torna mais difícil. Os dois traçados, tanto a eletrocardiografia quanto a eletroencefalografia, são realizados através da colocação de dois eletrodos, sendo um positivo e outro negativo. Estes eletrodos, medem a diferença de potencial entre eles (positivo e negativo). Então, essa onda representa em um dado momento, um vetor elétrico instantâneo, onde uma corrente elétrica neural está indo de uma posição à outra em direção a esses eletrodos. O número de células e o processo da transmissão ao longo da atividade elétrica do coração pode ser considerado um vetor mais organizado, ou seja, é semelhante ao longo do tempo. Porém, o mesmo não ocorre na eletroencefalografia. Sendo assim, o padrão não se repete, tendo ondas de frequência e amplitude muito diferentes. Esta, é altamente afetada se o indivíduo estiver em repouso, com os olhos fechados e sem estimulação auditiva. E, se o mesmo tiver estimulação auditiva e visual, mesmo estando em repouso, isso já muda o comportamento. Ademais, se o indivíduo estiver em sono profundo, isso, também, muda o comportamento. Além disso, se o mesmo estiver em vigília e for pedido para o indivíduo fazer um pensamento lógico, isso também muda o padrão. Com isso, nota-se que é muito variável em relação aos vetores frente à o que está acontecendo com o indivíduo. Outrossim, a EEG é uma atividade elétrica de milhares (ou milhões) de células, em especial, as piramidais (principais) corticais. As células piramidais são as células maiores do córtex, gerando potenciais elétricos maiores (não em termos de voltagem). Também, não apresentam um padrão regular, são em geral assincrônicas (diferentes a cada momento), pois é uma soma vetorial de um dipolo elétrico instantâneo. A parte positiva e negativa de uma onda não infere a atividade excitatória ou inibitória da sinapse. Com isso, não se pode dizer que a parte positiva é executada por uma sinapse excitatória e a parte negativa por uma sinapse inibitória. ONDAS DE FREQUÊNCIA E AMPLITUDE O EEG consiste, então, de um conjunto de ondas de frequências e amplitudes médias distintas que são denominadas de ondas beta, alfa, teta, delta, gama e mu (ou mi). ONDA BELTA Esta, aparece mais frequente nas regiões pré-centrais, ou seja, na parte mais anterior. São assincrônicas em ambos os hemisférios cerebrais (esquerdo e direito) e diminuem em movimentos dos membros contralaterais. Além disso, essas ondas estão presentes na vigília alerta. Eletroencefalografia e Sono-Vigília ONDA ALFA Presente na maioria dos adultos normais, em geral, quando o indivíduo está relaxado e com os olhos fechados (sem estímulos sensoriais auditivos, visuais) e desaparecem quando os olhos são abertos em ambiente iluminado, quando o indivíduo ouve algum som ou realiza alguns cálculos mentais. Essas ondas estão presentes quando a pessoa está, popularmente dizendo, no “mundo da lua”. ONDA TETA Se trata de um ritmo de origem no hipocampo (região próxima do tálamo e hipotálamo) nos estados de sono e/ou sonolência. Na região frontal aparece, também, durante a realização de cálculos matemáticos. ONDA DELTA É a onda característica de certas fases do sono, aparecendo de forma intermitente, ou seja, aparece um pouco e depois desaparece. ONDA GAMA Advém principalmente do córtex somatosensorial, motor, visual e auditivo, indicando vigília, atenção sensorial (ao tato, atividade motora e visual, auditiva) e atividade mental superior. ONDA MU (MI) Esta onda é presente somente na vigília, desaparecem na sonolência e durante o sono; seu significado está relacionado à região motora cerebral e aparece em curtos períodos e logo desaparece. Essas 6 ondas, apresentam características no que tange a frequência e voltagem das mesmas, expressas no quadro abaixo: Sono leve: onda delta METODOLOGIA DA CAPTAÇÃO DE SINAIS ENCEFALOGRAMAS O registro do eletroencefalograma (EEG) é um procedimento não invasivo, indolor e sem efeitos colaterais; pode ser realizado várias vezes no dia, na semana ou no mês. Além disso, pode ser realizado com facilidade e segurança para pacientes de qualquer idade, desde recém natos até idosos. Consiste na instalação de 21 eletrodos no couro cabeludo, em posições pré-determinadas chamadas de Sistema Internacional 10-20, sendo uma padronização internacional e significa que se usa 20 eletrodos de captação do sinal, sendo 10 do lado direito e 10 do lado esquerdo e, 1 eletrodo é o chamado de eletrodo neutro, sendo este para retirar interferências, portanto, não registrando atividade elétrica. Utiliza pontos que são marcados e padronizados de maneira internacional, dividindo o crânio em diferentes pontos de referências em dois planos e relativos as estruturas ósseas logo abaixo do eletrodo. Os pontos de referências no plano medial são o nasal (entre as duas sobrancelhas) e na parte posterior, o inion (base do crânio, na parte de trás da cabeça) E, o plano perpendicular entre as estruturas pré-auriculares de ambos os lados (direito e esquerdo). Esses 20 eletrodos, sendo 10 de cada lado, suas posições recebem nomes, nos quais são relativos às estruturas ósseas, sendo classificados em: Fp = frontal polar; F = frontal; T = temporal; P = parietal; O = occipital e Z = linha zero ou média (de referência). O lado esquerdo da linha média recebe os números impares e do lado direito os pares. Têm-se, então, as 20 coordenadas que sempre será constituído por letras e números dos eletrodos. Tem-se na figura acima um corte da região cortical em que se mostra as células maiores (células piramidais). E, está sendo representado uma atividade elétrica (cargas positivas e negativas) nesta sinapse na qual está ativa. O QUE É FEITO Existe pelo menos 5 procedimentos diferentes para a realização do traçado do EEG que pode ser selecionado pelo neurologista, em função dos objetivos e daquilo que ele deseja observar. • Rotineiro É o mais frequente e utilizado. Se trata de um registro realizado com algumas atividades, sendo estas: abrir e fechar os olhos, movimentos respiratórios (expiração e inspiração), incidência de luz piscante, estimulação sonora (música) ou até pequenos problemas de lógica ou matemática (5x3+4). • Sono Neste caso, o paciente dorme no hospital e faz-se o registro do EEG durante a noite toda para descobrirdistúrbios do sono que só aparecem quando o indivíduo está dormindo. • Vigília Semelhante ao primeiro, porém sem estímulos sensoriais (abrir e fechar os olhos). • Mapeamento cerebral É feito, com o auxílio de um computador, um mapa colorido da atividade cerebral. E, é visto, por exemplo, em qual região existe maior taxa metabólica (maior despolarização) e na tela do computador, essa região fica mais avermelhada em relação à outra região que não tem ou apresenta pouca atividade, na qual ficará azul. Obs: no caso de um AVC isquêmico, ou seja, não houve a chegada de sangue e oxigênio e os neurônios dessa região morreram, com isso, não se tem atividade elétrica), então, essa área ficará sempre azul. • Prolongado Com um equipamento portátil, faz-se o registro contínuo por 1 a 3 dias, realizando suas atividades diárias de rotina. FUNÇÃO DO REGISTRO DA EEG O registro do EEG serve clinicamente para diagnosticar uma série de distúrbios neurológicos ou psiquiátricos, a saber: epilepsia, demência, perda de consciência, tumores cerebrais, lesões cerebrais, hemorragias, apneia do sono, narcolepsia, edema cerebral, traumatismos cranianos, tontura persistente, cefaleias intensas e frequentes, AVC, encefalites, efeitos de drogas e álcool, identificação de diferentes graus de coma e morte cerebral. O primeiro traçado de EEG foi realizado em 1875 em coelhos e macacos; no homem, foi somente em 1929 pelo neurofisiologista alemão Hans Berger. Tem-se nesta imagem acima os pontos de referência e o traçado, neste caso, de rotina, ou seja, o indivíduo não está dormindo e ondas do tipo beta. Na última linha, tem-se um traçado eletrocardiográfico. SISTEMA ATIVADOR RETICULAR ASCENDENTE (SARA) Como é a transição do momento em que o indivíduo está em vigília e passa para o momento de sono? Ou como se passa do sono para o momento de acordar? Essa alternância é dada pelo SARA. A região superior da Formação Reticular do Tronco Cerebral é uma estrutura muito complexa com redes neurais ascendentes e descendentes que faz conexões com várias regiões, sendo estas: córtex cerebral, tálamo, hipotálamo, sistema límbico, cerebelo, outras áreas do tronco cerebral e com a medula. Também, se faz conexões com informações aferentes sensoriais ou informações auditivas. Essa região foi descrita por Bremer, em 1936, que esta região estava relacionada com a ativação do córtex cerebral por meio de neurônios aferentes para iniciar e manter o estado de vigília, e foi, então, denominado de Sistema Ativador Reticular Ascendente (SARA). Além disso, este Sistema Ativador Reticular Ascendente abre-se na forma de um leque a partir do tálamo, no qual realiza uma ativação (potenciais de ação) na forma de um leque para toda região cortical. E, projeta suas fibras para diversas áreas corticais, ativando o córtex e sendo responsável pelo ato de despertar (efeito psicomotor), ou seja, manter-se em vigília; aumento da atividade do hipocampo e do córtex cerebral, com ondas do EEG características da vigília e alerta. A destruição da área da formação reticular leva o animal ao coma (não entra mais em vigília) e ondas do EEG características do sono. Por sua vez, se for feito o inverso, a estimulação elétrica desperta o animal, mantem a vigília enquanto esta área estiver sendo estimulada. Ademais, irá apresentar o estado de alerta, com ondas do EEG características da vigília (ondas beta) Os neurotransmissores deste sistema são a noradrenalina (lócus cerúleos), dopamina (mesencéfalo e substância negra) e serotonina (núcleo da rafe). Estes neurotransmissores irão modular o sono-vigília. Durante a II Guerra Mundial observou-se que alguns soldados dormiam muito e tinham dificuldade de acordar e manter a vigília. Estes indivíduos eram os primeiros a morrer e, exames de necropsia evidenciaram encefalite letárgica na região do SARA, confirmando sua função de ativação do córtex cerebral. MECANISMO DE ALTERNÂNCIA SONO-VIGÍLIA Existe um mecanismo de retroalimentação entre o SARA e o córtex cerebral. Durante a vigília, a formação reticular, de uma maneira de vias ascendentes, estimula o tálamo e o córtex na forma de um leque que se abre. No entanto, o tálamo e o córtex apresentam vias descendentes que estimulam, também, a formação reticular que, por sua vez, volta a estimular o córtex. Então, as vias descendentes voltam a estimular a formação reticular e, desta, o córtex. No momento da vigília, a região da ponte está inativa e se mantêm, assim, o indivíduo acordado. Se uma região da ponte estiver gerando potenciais de ação, isto irá inibir a formação reticular, deixando de ter ativação do córtex e do tálamo. Desta maneira, interrompe a vigília levando o indivíduo ao sono. Então, enquanto a região da ponte estiver inibindo a formação reticular, o indivíduo fica dormindo até que algo possa sessar os sinais inibitórios da ponte sobre a formação reticular. Portanto, durante a vigília tem-se a formação reticular estimulando o córtex e o córtex reestimulando a formação reticular. E, o início do processo de manutenção do sono é um processo ativo (geração de potenciais de ação), com origem na ponte, inibindo a formação reticular. O SARA nada mais é do que a via ascendente que sai da formação reticular, vai para o tálamo e córtex e do tálamo e córtex (linha azul), volta estimulando, também, a formação reticular. O SARA é um sistema ativador reticular ascendente, ou seja, de uma região da formação reticular que apresenta vias neurais na forma de um leque que vão para o tálamo e córtex e, dessas vias, voltam para a formação reticular. SONO-VIGÍLIA O sono-vigília será uma consequência do SARA. SONO O sono é definido como o estado de inconsciência do qual a pessoa pode ser despertada por um estímulo sensorial sendo, portanto, uma situação reversível. Deve ser distinguido do coma, que é um estado de inconsciência do qual a pessoa não pode ser despertada. Além disso, o sono é uma desconexão perceptiva do ambiente, ou seja, o indivíduo não vê, não tem informações olfativas, gustativas e auditivas, à não ser se essas informações forem muito fortes (tocar do despertador, que inibe ação da ponte e consequentemente não inibe a formação reticular). O sono é fundamental para o bem estar do indivíduo. Sua privação causa desordens de ordem funcional, social e psicológica em graus variados. VIGÍLIA Estado de consciência (estar desperto e ativo), com manifestações vegetativas, funcionais, comportamentais, psíquicas e motoras bem definidas; apresenta alta conexão com o meio ambiente e social e as respostas são rápidas e adequadas. DOIS TIPOS DE SONO O sono é parte integrante da vida de uma pessoa, para cada ano (12 meses), passa-se 4 meses dormindo. Qualquer pessoa percorre estágios de dois tipos de sono, que se alternam um com outro. Esses tipos são chamados de: sono com movimentos rápidos dos olhos (sono REM), no qual os olhos realizam movimentos rápidos, apesar da pessoa ainda estar dormindo; e sono de ondas lentas ou não REM (NREM), no qual as ondas cerebrais são fortes e de baixa frequência SONO REM OU PARADOXAL (REM) No sono REM, os olhos, mesmo estando com a pálpebra fechada, está se movendo rapidamente. Por isso, o sono REM é classificado de sono com movimentos rápidos do olho. O sono REM também pode ser chamado de paradoxal, pois a atividade elétrica encefalográfica possui ondas beta (ondas características da vigília). Este, ocorre em episódios que ocupam aproximadamente 25% do tempode sono dos adultos jovens e está associado ao período dos sonhos, ou seja, durante o sono REM, se tem os sonhos. Também, não é reparador, então, não se descansa nesse sono e ocorre a cada 90 minutos em média, possuindo uma duração de 3 a 30 minutos. Quando a pessoa está extremamente sonolenta, cada episódio de sono REM é curto e pode até estar ausente. Por sua vez, à medida que a pessoa vai ficando mais descansada com o passar da noite, a duração dos episódios de sono REM aumenta. Em resumo, o sono REM é o tipo de sono em que o cérebro está bem ativo. Entretanto, a pessoa não está totalmente consciente em relação ao ambiente, e, portanto, ela está na verdade adormecida. Características: • É a forma ativa de sono, geralmente associada a sonhos e movimentos musculares (braços e pernas) ativos. • É mais difícil despertar o indivíduo por estímulo sensorial do que durante o sono de ondas lentas, e as pessoas em geral despertam espontaneamente pela manhã, durante o episódio de REM. • O tônus muscular está excessivamente reduzido, indicando forte inibição das áreas de controle da medula espinal. • Comumente, as frequências cardíaca e respiratória ficam irregulares, em especial, ficam mais aumentadas, o que é característica dos sonhos. • Há movimentos rápidos dos olhos, o que caracteriza esse momento do sono • O cérebro fica muito ativo no sono REM, e o metabolismo cerebral pode estar aumentado por até 20%. • EEG com ondas semelhantes ao estado de vigília (ondas beta). SONO DE ONDAS LENTAS OU NÃO REM (OL OU NREM) Compreende 75% do tempo do sono, é profundo, restaurador e ocorre, em geral, na primeira hora do sono em estágios que vão se repetindo. Este sono, apresenta um tempo de percentual diferente do recém nato até o idoso. Em recém-natos o sono NREM ocupa 50% do tempo de sono (que é de 12 a 16 horas de sono/dia), em adultos jovens 75% (7 a 9 horas de sono/dia) e em idosos cerca de 90% (4 a 7 horas de sono/dia). Embora o sono de ondas lentas seja chamado de “sono sem sonhos”, sonhos e até pesadelos podem ocorrer durante esse estágio. A diferença entre os sonhos que ocorrem no sono de ondas lentas e os que ocorrem no sono REM, é que os do sono REM são associados à maior atividade muscular corporal, e os sonhos de ondas lentas usualmente não são lembrados, pois não acontece a consolidação dos sonhos na memória. Características: • Sono relaxante e restaurador. • Diminuição da PA, FC e FR. • Tônus muscular muito relaxado • Metabolismo basal reduzido. • Predomínio do tônus parassimpático. • Pode haver sonhos e pesadelos não lembrados. • EEG com ondas lentas (em diferentes estágios). TEORIA DO SONO Centros neurais localizados na região média da ponte tem a capacidade de inibir a parte superior do tronco cerebral, o Sistema Ativador Reticular Ascendente, e induzir o sono; assim o sono é também um processo ativo. A estimulação elétrica de algumas áreas do cérebro pode induzir o sono, mas não se sabe se isso ocorre fisiologicamente; estas 3 áreas são: • Núcleos da rafe; • Núcleo supraquiamático; • Núcleos do trato solitário. Lesões em algumas áreas promovem vigília intensa e insônia. FUNÇÃO BÁSICA DO SONO Restaurar o equilíbrio natural entre os centros neuronais. FASES DO SONO E VIGÍLIA ONDAS Amarelo: acordando (onda beta) Verde: relaxado (onda alfa) Azul: sono REM Complexo K: onda de grande amplitude POLISSONOGRAFIA É uma técnica utilizada para o estudo do sono, onde registra-se a atividade elétrica do córtex (EEG) e um pouco do tálamo, os movimentos oculares (eletro- oculograma), eletromiografia (EMG) de alguns músculos, eletrocardiografia (ECG), frequências cardíaca e respiratória, termorregulação e outros ajustes viscerais durante as diferentes fases do sono. SONHO O sonho é uma experiência de imaginação do inconsciente durante o sono, pode ser agradável ou não ou indiferente. Não há lógica e exatidão temporal ou espacial. Por exemplo, um indivíduo sonha que está em seu escritório e o mesmo sai deste local e chega no Japão, ou seja, não há uma exatidão temporal ou espacial. São fenômenos psíquicos, por isso, muitos psiquiatras às vezes utilizam o sonho para fazer interpretações; imagens, representações, atos e ideias. A atividade onírica (relativo aos sonhos) parece fascinar a humanidade; na antiguidade acreditava-se que seria uma outra vida com acesso somente pelo sonho. Hobson e McCarley relatam que os sonhos são apenas associações e memórias do córtex cerebral, como por exemplo, pode acontecer de o indivíduo estudar o dia todo e no sonho sonhar que ainda está estudando. Essas associações e memórias do córtex cerebral são causadas por descargas aleatórias do tronco cerebral durante o sono REM. Se um voluntário for acordado logo após o sonho (pela atividade do EEG) ele irá lembrar quase todo o sonho, se for desperto 5 a 10 minutos após, já há perda de até 50% do sonho, isto porque a memória do sonho deve permanecer em ”alças” neurais que entram em fadiga e rapidamente são perdidas. Agora, se o voluntário for acordado 30 minutos depois e até 1 hora depois, o mesmo não lembrará do sonho. Vale ressaltar que, todas as noites nós sonhamos e às vezes lembramos dos sonhos porque logo depois desse sonho, nós fomos acordados, ou pelo despertador ou por ter passado de um momento de sono para uma situação de sonolência (micro despertar). Se o sonho for muito aterrorizador, este pode ser tão intenso ao ponto de nos acordar no mesmo instante, e com isso, lembramos de todo sonho perfeitamente. EPILEPSIA CONVULSÃO As convulsões são interrupções temporais da função cerebral, provocadas por uma atividade neuronal excessiva e incontrolada. Dependendo da distribuição das descargas neuronais, as manifestações das convulsões podem estar compreendidas entre fenômenos experenciais quase imperceptíveis e convulsões espetaculares. Causas: distúrbios eletrolíticos, hipoglicemia, fármacos (cocaína), encefalopatia hipertensiva e meningite. Incidência: 5 a 10% da população poderá ter, ao menos, uma crise. EPILEPSIA É uma doença crônica e complexa de convulsões, é recorrente, pode ser de diferentes intensidades e duração. Com isso, toda epilepsia se tem convulsões, mas nem toda convulsão é epilepsia. Causas: traumatismo cerebral, tumores, infeções, alterações degenerativas, circuitos desorganizados por causas congênitas e alguma participação genética. Incidência: 1% da população. CLASSIFICAÇÃO A epilepsia pode ser classificada em: • Crises focais (ou parciais) As crises epiléticas focais começam em uma região pequena e localizada do córtex cerebral ou estruturas mais profundas do cérebro e tronco cerebral e apresentam manifestações clínicas que refletem a função da área cerebral afetada. Lesões cerebrais podem favorecer descargas rápidas e espalhar-se para regiões adjacentes; são ondas de circuitos neurais reverberantes bem localizadas. Circuitos Neurais Reverberantes: supondo que se tenha um neurônio (1) faz uma sinapse excitatória com um neurônio (2), esse neurônio (2) faz uma sinapse excitatória com outro neurônio (3) e o neurônio (3) volta a fazer uma sinapse excitatória com o neurônio 1. Esse processo continua até que o mesmo entre em fadiga e pare. Se não houver alterações da consciência durante a crise, esta é denominada de crise parcial simples, porém se houver alterações da consciência é denominada de crise parcial complexa. Seus principais sintomas são: tremores da face e membros, distúrbios sensoriais, mudança do humor, perda da memória daquele momento, enformigamento da boca e mãos, sudorese e mal estar.• Crises generalizadas São amplas, ou seja, se radiam por uma área grande do SNC. Caracterizam por descargas neurais difusas, excessivas e descontroladas que se espalham rapidamente e de maneira simultânea, atinge os dois hemisférios cerebrais, devido às interconexões entre o tálamo e o córtex. Os principais sintomas são: movimentação descoordenada de braços e pernas, grunhidos, virar os olhos e salivação espumosa abundante. • Epilepsia tônico-clônica (Grande mal) Caracteriza por perda brusca da consciência e descargas extremas em todo o encéfalo, principalmente córtex, podendo chegar à região subcortical, cerebelo, até a medula. Nesta condição, a pessoa pode morder ou engolir a língua, ter dificuldades respiratórias e levar à cianose (falta de oxigênio), micção ou defecação involuntária e tem a duração de 3 a 4 minutos. Neste momento, deve- se fazer a proteção do indivíduo, para evitar algum tipo de acidente traumático. Em geral não se conhece a causa (idiopática), porém pode haver um componente hereditário e pode ser desencadeada por um estímulo emocional forte, alcalose respiratória por hiperventilação, fármacos, febre alta e sons altos ou luzes intensas. • Epilepsia de ausência (Pequeno Mal) As crises de ausência, ou chamadas também de pequeno mal, iniciam-se, em geral, na infância ou no início da adolescência, constituindo 15-20% dos casos de epilepsia nas crianças. Essas crises certamente envolvem o sistema ativador cerebral tálamo-cortical. Geralmente são caracterizadas por 3 a 30 segundos de inconsciência (ou muito reduzida) tempo durante o qual a pessoa, frequentemente, apresenta olhar fixo e contrações bruscas dos músculos da cabeça e pescoço. TRATAMENTO DA EPILEPSIA A epilepsia não há cura, mas o uso de drogas antiepiléticas bloqueia o início ou o espalhamento das convulsões. Alguns dos principais efeitos dos vários fármacos antiepiléticos são: • Bloqueio dos canais de sódio voltagem- dependentes (carbamazina e fenitoína). • Alterações nas correntes de sódio (etosuximida). • Aumento da atividade gabaérgica (fenobarbital e benzodiazepina). – Neurotransmissor inibitório • Bloqueio dos receptores de glutamato (perampanel). – Neurotransmissor excitatório • Outras ações conjuntas (valproato e topiramato). • Remoção cirúrgica do foco neural, em casos graves que não respondam às medicações. TRAÇADOS DE EEG ANTES E DURANTE UMA CRISE EPILÉTICA Imagem do lado esquerdo – crise parcial Traçado do lado esquerdo: normal Traçado do lado direito: crise epilética Imagem do lado direito Imagem do lado direito – crise generalizada Traçado do lado esquerdo: normal Traçado do meio: crise epilética Traçado do lado direito: voltou ao normal A atividade elétrica cerebral – EEG – pode informar o estado da ativação cortical em diferentes momentos e permite identificar, portanto, algumas alterações patológicas do Sistema Nervoso Central.
Compartilhar