Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Plano Nacional de Integração Hidroviária BACIA DO TOCANTINS-ARAGUAIA RELATÓRIO TÉCNICO Desenvolvimento de Estudos e Análises das Hidrovias Brasileiras e suas Instalações Portuárias com Implantação de Base de Dados Georreferenciada e Sistema de Informações Geográfi cas Fevereiro 2013 Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia ii ANTAQ/UFSC/LabTrans República Federativa do Brasil Dilma Roussef Presidenta da República Secretaria de Portos (SEP) José Leônidas Cristino Ministro Chefe Ministério dos Transportes Paulo Sérgio Passos Ministro dos Transportes Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) Diretoria Colegiada Pedro Brito (Diretor-Geral Substituto) Fernando José de Pádua C. Fonseca (Diretor Interino) Mário Povia (Diretor Interino) Superintendência de Navegação Interior (SNI) Adalberto Tokarski (Superintendente) Superintendência de Portos (SPO) Bruno de Oliveira Pinheiro (Superintendente Substituto) Superintendência de Fiscalização e Coordenação (SFC) Giovanni Cavalcanti Paiva (Superintendente) Superintendência de Navegação Marítima e de Apoio (SNM) André Luís Souto de Arruda Coelho (Superintendente) Superintendência de Administração e Finanças (SAF) Albeir Taboada Lima (Superintendente) Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans iii FICHA TÉCNICA AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS Gerência de Desenvolvimento e Regulação da Navegação Interior (GDI) José Renato Ribas Fialho - Gerente Eduardo Pessoa de Queiroz - Coordenador Isaac Monteiro do Nascimento Gerência de Estudos e Desempenho Portuário (GED) Fernando Antônio Correia Serra - Gerente Herbert Koehne de Castro José Esteves Botelho Rabello Gerência de Portos Públicos (GPP) Samuel Ramos de Carvalho Cavalcanti – Gerente Substituto Paulo Henrique Ribeiro de Perni Camila Romero Monteiro da Silva Superintendência de Fiscalização e Controle (SFC) Frederico Felipe Medeiros Unidade Administrativa Regional do Paraná (UARPR) Fábio Augusto Giannini ENTIDADES COLABORADORAS Ministério dos Transportes (MT) Administrações Hidroviárias Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) VALEC - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. Unidades Administrativas Regionais da ANTAQ Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) Marinha do Brasil/Diretoria de Portos e Costas - Capitania Fluvial de Juazeiro Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) Agência Nacional de Águas (ANA) Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia (BA) Secretaria do Desenvolvimento Econômico de Pernambuco - Porto Fluvial de Petrolina (PE) Secretaria de Transportes - RS - SEINFRA Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia (SOPH) Superintendência de Portos e Hidrovias do Rio Grande do Sul (SPH) Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo (DH) Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e suas Federações Confederação Nacional do Transporte (CNT) e suas Federações Petrobras Transporte S/A (TRANSPETRO) Vale S.A. Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia iv ANTAQ/UFSC/LabTrans Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (APROSOJA) Empresas Brasileiras de Navegação Interior TECON/Rio Grande Porto de Rio Grande (RS) Movimento Pró-Logística Sindicatos das Empresas Brasileiras de Navegação - SINDARMA Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans v UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Roselane Neckel - Reitora Lúcia Helena Martins Pacheco- Vice-Reitora Sebastião Roberto Soares- Diretor do Centro Tecnológico Jucilei Cordini - Chefe do Departamento de Engenharia Civil Laboratório de Transportes e Logística Amir Mattar Valente - Coordenador Geral do Laboratório Equipe Técnica - Transporte e Logística Fabiano Giacobo - Coordenador Estudos André Ricardo Hadlich - Responsável Técnico Daniele Sehn - Economista André Felipe Kretzer Carlo Vaz Sampaio Felipe Souza dos Santos Gabriella Sommer Vaz Guilherme Tomiyoshi Nakao Humberto Assis de Oliveira Sobrinho Jonatas J. de Albuquerque Larissa Steinhorst Berlanda Luiz Gustavo Schmitt Marjorie Panceri Pires Natália Tiemi Gomes Komoto Priscila Lammel Fernando Seabra - Consultor Pedro Alberto Barbetta - Consultor Equipe Técnica - Tecnologia da Informação Antônio Venícius dos Santos - Coordenador Base de dados Georreferenciada Edésio Elias Lopes - Responsável Técnico Caroline Helena Rosa Guilherme Butter Demis Marques Paulo Roberto Vela Junior Sistema Luiz Claudio Duarte Dalmolin - Responsável Técnico Emanuel Espíndola Rodrigo Silva de Melo José Ronaldo Pereira Junior Sérgio Zarth Junior Leonardo Tristão Tiago Lima Trinidad Robson Junqueira da Rosa Design Gráfico Guilherme Fernandes Heloisa Munaretto Revisão de Textos Lívia Carolina das Neves Segadilha Paula Carolina Ribeiro Pedro Gustavo Rieger Renan Abdalla Leimontas Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia vi ANTAQ/UFSC/LabTrans LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AHITAR Administração das Hidrovias do Tocantins e Araguaia ALPA Aços Laminados do Pará ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários BIT Banco de Informações e Mapas de Transporte DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes EFC Estrada de Ferro Carajás FICO Ferrovia de Integração Centro-Oeste IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IMESC Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Geoprocessamento LabTrans Laboratório de Transportes e Logística MDIC Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior PAC Programa de Aceleração do Crescimento PIB Produto Interno Bruto PNIH Plano Nacional de Integração Hidroviária PNLT Plano Nacional de Logística de Transportes SIGTAQ Sistema de Informações Geográficas do Transporte Aquaviário TIR Taxa Interna de Retorno TMA Taxa Mínima de Atratividade UFSC Universidade Federal de Santa Catarina VPL Valor Presente Líquido Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans vii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Principais rios que compõem a Hidrovia Tocantins-Araguaia ....................................... 4 Figura 2 - Microrregiões em estudo .............................................................................................. 5 Figura 3 - Área de influência dos portos - cenário sem hidrovias ................................................. 6 Figura 4 - Área de influência dos portos - cenário com a hidrovia em estudo ............................. 7 Figura 5 - Microrregiões que sofreram alteração com inserção da hidrovia em estudo .............. 8 Figura 6 - Microrregiões que já tinham como destino os portos de Vila do Conde e Itaqui ........ 8 Figura 7 - Área de Influência Final ................................................................................................. 9 Figura 8 - Área de atuação dos portos de Vila do Conde e Itaqui ............................................... 10 Figura 9 - Comparação área de atuação versus área de estudo ................................................. 10 Figura 10 - Representação das viagens excluídas da matriz ....................................................... 14 Figura 11 - Área contígua e área total de influência ................................................................... 17 Figura 12 - Principais produtos movimentados em comércio exterior pelas regiões da área contígua à Hidrovia Tocantins-Araguaia em 2010 - 2030 ........................................................... 18 Figura 13 - Observação (1997 - 2010) e Projeção (2011 - 2030) de soja e do PIB da China ....... 19 Figura 14 - Movimentaçãode carga de minério de ferro no período de 2011 - 2030 ............... 20 Figura 15 - Movimentação de carga de ferro-gusa nos anos de 2010 - 2030 ............................. 21 Figura 16 - Movimentação de carga projetada de produtos siderúrgicos período de 2011 - 2030 ...23 Figura 17 - Movimentação de carga de manganês no período 2010 - 2030 .............................. 24 Figura 18 - Movimentação de carga de fertilizantes no período de 2009 - 2030 ....................... 25 Figura 19 - Movimentação de carga de carvão mineral no período 2011 - 2030 ....................... 26 Figura 20 - Esquema do complexo de eclusagem de Tucuruí ..................................................... 32 Figura 21 - Eclusa 1 vista aérea (em construção) ........................................................................ 32 Figura 22 - Eclusa 1: vista lateral ................................................................................................. 33 Figura 23 - Eclusa 1: vista aérea frontal ...................................................................................... 33 Figura 24 - Modal rodoviário em 2015 ........................................................................................ 38 Figura 25 - Modal rodoviário em 2020, 2025 e 2030 .................................................................. 38 Figura 26 - Modal ferroviário em 2015 ....................................................................................... 40 Figura 27 - Modal ferroviário em 2020 ....................................................................................... 40 Figura 28 - Modal ferroviário em 2025 ....................................................................................... 41 Figura 29 - Modal ferroviário em 2030 ....................................................................................... 41 Figura 30 - Modal hidroviário em 2015 ....................................................................................... 42 Figura 31 - Modal hidroviário em 2020 ....................................................................................... 43 Figura 32 - Modal hidroviário em 2025 ....................................................................................... 43 Figura 33 - Modal hidroviário em 2030 ....................................................................................... 44 Figura 34 - Terminais já existentes e áreas propícias de novos terminais hidroviários com ano ótimo de abertura ........................................................................................................ 51 Figura 35 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2015 (t) ............................................................... 54 Figura 36 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2020 (t) ............................................................... 54 Figura 37 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2025 (t) ............................................................... 55 Figura 38 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2030 (t) ............................................................... 55 Figura 39 - Área propícia de Miracema do Tocantins ................................................................. 60 Figura 40 - Área propícia de Barra do Ouro ................................................................................ 61 Figura 41 - Área propícia de Aguiarnópolis ................................................................................. 63 Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia viii ANTAQ/UFSC/LabTrans Figura 42 - Área propícia de Peixe ............................................................................................... 64 Figura 43 - Área propícia de Itaúba ............................................................................................. 66 Figura 44 - Área propícia de Nova Xavantina .............................................................................. 67 Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans ix LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Origens e destinos excluídos da consulta ................................................................. 13 Quadro 2 - Cenário modal rodoviário ......................................................................................... 37 Quadro 3 - Cenário modal ferroviário ......................................................................................... 39 Quadro 4 - Cenário modal hidroviário ........................................................................................ 42 Quadro 5 - Áreas propícias para instalação de novos terminais hidroviários............................. 45 Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia x ANTAQ/UFSC/LabTrans LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Movimentação nos principais portos em estudo ......................................................... 5 Tabela 2 - Transporte de cargas por tipo de navegação e por natureza da carga ...................... 11 Tabela 3 - Transporte de cargas .................................................................................................. 11 Tabela 4 - Representatividade de produtos com base no PNLT ano-base 2004 ........................ 12 Tabela 5 - Volume exportado e importado (t) por produto nos anos 2010 e 2030 .................... 17 Tabela 6 - Projeção quinquenal da demanda de cargas, por grupo de produtos na Área de Influência total da Hidrovia Tocantins-Araguaia - 2010-2030 (t) ................................................ 27 Tabela 7 - Projeção quinquenal da carga alocada, por produtos, para a Hidrovia Tocantins- Araguaia - 2015-2030 (t) ............................................................................................ 29 Tabela 8 - Parâmetros rodoviários .............................................................................................. 46 Tabela 9 - Estimativas do valor do frete ferroviário, em R$/(t.km) ............................................ 47 Tabela 10 - Parâmetros dos terminais ferroviários ..................................................................... 47 Tabela 11 - Parâmetros de frete hidroviário, em R$/(t.km), por tipo de carga transportada ................................................................................................................................ 48 Tabela 12 - Custo de Transbordo (R$/t) ...................................................................................... 48 Tabela 13 - Carregamento nos terminais - Fluxo 2015 (t)........................................................... 49 Tabela 14 - Carregamentos nos terminais - Fluxo 2020 (t) ......................................................... 49 Tabela 15 - Carregamentos nos terminais - Fluxo 2025 (t) ......................................................... 50 Tabela 16 - Carregamentos nos terminais - Fluxo 2030 (t) ......................................................... 50 Tabela 17 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2015 (t) .............................................................. 52 Tabela 18 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2020 (t) .............................................................. 52 Tabela 19 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2025 (t) .............................................................. 53 Tabela 20 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2030 (t) .............................................................. 53 Tabela 21 - Custos totais de transporte - 2015 ........................................................................... 57 Tabela 22 - Custos totais de transporte - 2020 ........................................................................... 57 Tabela 23 - Custos totais de transporte - 2025 ........................................................................... 58 Tabela 24 - Custos totais de transporte - 2030 ........................................................................... 58 Tabela 25 - Demanda simuladapara a área propícia de Miracema do Tocantins (t) ................. 59 Tabela 26 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de Miracema do Tocantins ............................................................................................................... 59 Tabela 27 - Demanda simulada para a área propícia de Barra do Ouro (t) ................................ 60 Tabela 28 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de Barra do Ouro .............................................................................................................................. 61 Tabela 29 - Demanda simulada para a área propícia de Aguiarnópolis (t) ................................. 62 Tabela 30 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de Aguiarnópolis .............................................................................................................................. 62 Tabela 31 - Demanda simulada para a área propícia de Peixe (t) ............................................... 63 Tabela 32 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de Peixe ............................................................................................................................................ 64 Tabela 33 - Demanda simulada para a área propícia de Itaúba (t) ............................................. 65 Tabela 34 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de Itaúba .......................................................................................................................................... 65 Tabela 35 - Demanda simulada para a área propícia de Nova Xavantina (t) .............................. 66 Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans xi Tabela 36 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de Nova Xavantina ........................................................................................................................... 67 Tabela 37 - Comparativo entre as áreas propícias para instalação de terminais. ...................... 68 Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia xii ANTAQ/UFSC/LabTrans SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ...................................................................................... vi LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. vii LISTA DE QUADROS ............................................................................................................ ix LISTA DE TABELAS ................................................................................................................ x PREFÁCIO ......................................................................................................................... xiv 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 2 DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA ....................................................................... 3 2.1 Localização ............................................................................................................................. 3 2.2 Determinação da Área de Influência ..................................................................................... 4 2.2.1 Área Inicial de Estudo ......................................................................................................... 4 2.2.2 Área de Influência Final ...................................................................................................... 7 3 IDENTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS RELEVANTES PARA ANÁLISE ........................................ 11 3.1 Quantificação dos fluxos atuais de transporte .................................................................... 11 3.2 Definição dos produtos relevantes para a Bacia do Tocantins-Araguaia ............................ 12 4 DEFINIÇÃO DOS FLUXOS RELEVANTES PARA ANÁLISE .................................................... 13 4.1 Recorte da Matriz do PNLT .................................................................................................. 13 5 PROJEÇÃO DOS FLUXOS DE COMERCIALIZAÇÃO E TRANSPORTE ..................................... 15 5.1 Caracterização socioeconômica .......................................................................................... 15 5.2 Resultados da projeção de demanda da área contígua à Hidrovia Tocantins-Araguaia .............................................................................................................. 16 5.3 Resultados da projeção de demanda da Área de Influência total da Hidrovia Tocantins-Araguaia .............................................................................................................. 26 5.4 Resultados da alocação da carga total para a Hidrovia Tocantins-Araguaia ....................... 28 6 DIAGNÓSTICO DA REDE DE TRANSPORTE ATUAL ........................................................... 31 6.1 Bacia do Tocantins-Araguaia ............................................................................................... 31 6.1.1 Rio Tocantins ..................................................................................................................... 34 6.1.2 Rio Araguaia ...................................................................................................................... 35 6.1.3 Rio das Mortes .................................................................................................................. 36 7 DEFINIÇÃO DA REDE FUTURA A SER ANALISADA - NOVAS OUTORGAS E TERMINAIS HIDROVIÁRIOS .............................................................................................................. 37 7.1 Montagem dos cenários de infraestrutura ......................................................................... 37 7.1.1 Modal Rodoviário .............................................................................................................. 37 7.1.2 Modal Ferroviário ............................................................................................................. 39 7.1.3 Modal Hidroviário ............................................................................................................. 41 7.1.4 Novas outorgas de terminais hidroviários ........................................................................ 44 Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans xiii 8 ESTIMATIVA DE INVESTIMENTOS E CUSTOS OPERACIONAIS DE CADA PROJETO .............. 46 8.1 Levantamento de custos operacionais ................................................................................ 46 8.1.1 Frete Rodoviário................................................................................................................ 46 8.1.2 Frete Ferroviário ............................................................................................................... 46 8.1.3 Frete Hidroviário ............................................................................................................... 47 9 SIMULAÇÃO DOS PROJETOS .......................................................................................... 49 9.1 Carregamento nos terminais ............................................................................................... 49 9.2 Carregamento na hidrovia ................................................................................................... 51 9.2.1 Custos totais de transporte............................................................................................... 56 10 AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETOS ......................................................................... 59 10.1 Área propícia de Miracema do Tocantins........................................................................... 59 10.2 Área propícia de Barra do Ouro........................................................................................... 60 10.3 Área propícia de Aguiarnópolis ........................................................................................... 61 10.4 Área propícia de Peixe ......................................................................................................... 63 10.5 Área propícia de Itaúba ....................................................................................................... 64 10.6 Área propícia de Nova Xavantina ........................................................................................ 66 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 69 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 71 Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia xiv ANTAQ/UFSC/LabTrans PREFÁCIO Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ – tem a honra de apresentar à sociedade, ao setor produtivo e aos diversos órgãos governamentais o presente relatório técnico da Bacia do Tocantins-Araguaia, parte do Plano Nacional de Integração Hidroviária – PNIH. Conhecer as características físico-geográficas, as demandas e ofertas de cada segmento representativo de produção de cargas é ação primária para a geração de alternativas ao mercado sobre onde e como investir. Dessa forma, o trabalho ora apresentado significa uma maior compreensão dos espaços produtivos brasileiros em relação aos movimentos de cargas, em especial, ao setor da navegação interior. O foco foi gerar resultados sustentados em metodologia sólida, utilizando a experiência acadêmica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a grande vivência dos técnicos da ANTAQ, bem como com as evidências e expectativas do mercado que hoje lida com cargas produtivas. Dessa integração surge o PNIH, instrumento abrangente com fundamentação, base metodológica e coerência com a realidade dos agentes produtores e transportadores de carga. O PNIH é, portanto, fruto da integração do conhecimento acadêmico e científico, do planejamento, representado pela utilização dos dados disponíveis no Plano Nacional de Logística de Transportes – PNLT, e das bases de dados evidenciadas na realidade do transporte de cargas na navegação interior. Some-se a isso, sua característica dinâmica, representada pela ferramenta de informações geográficas denominada SIGTAQ, capaz de atualizar rapidamente novas projeções, e de responder adequadamente às variações naturais de mercados em evolução. Contribuir com a readequação da matriz de transporte de carga e redução da emissão de poluentes atmosféricos, indicando possíveis áreas para a instalação terminais hidroviários, são apenas algumas das características que podem ser observadas da leitura do PNIH. Assim, a ANTAQ disponibiliza uma ferramenta moderna, atualizada e aberta aos desafios a serem enfrentados por aqueles que trabalham pela redução dos custos logísticos brasileiros de forma sustentável, objetivo para o qual as hidrovias tem papel importante. Esperamos com isso, tornar mais fácil a análise de novos investimentos, a seleção de caminhos alternativos para o transporte de cargas, bem como colaborar com os planejadores de políticas públicas, na medida em que poderão dispor de instrumento ágil e bem sustentado, na formulação dos instrumentos legais a eles incumbidos. No presente volume são apresentados os resultados específicos da Bacia do Tocantins- Araguaia, no qual seus principais rios cortam o país do centro para o norte, no sentido longitudinal, cruzando regiões que foram alvo, nas últimas décadas, de expansão da fronteira agrícola e urbana. Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 1 1 INTRODUÇÃO Nos primórdios da ocupação portuguesa, os rios Araguaia e Tocantins foram de grande importância para o processo de interiorização do Brasil. Foi através da navegação por esses rios que os primeiros colonizadores chegaram ao interior da então colônia de Portugal. Naquela época, os bandeirantes saíam de São Paulo e de Belém e, servindo-se do fluxo dos rios, capturavam índios. Os missionários rompiam fronteiras para catequizar os povos indígenas e muitos migrantes ocupavam a região em busca de ouro. No entanto, foi com o declínio da mineração e com a crise econômica que se abateu na Província de Goiás, no final do século XVIII, que a navegação comercial nos rios Araguaia e Tocantins começou a ser explorada, uma vez que o comércio fluvial entre essa província e o Pará estava proibido desde 1733 devido ao contrabando de ouro. Nesse mesmo período, os dois grandes rios passaram a ser considerados os escoadores naturais do sertão goiano e os caminhos mais indicados para o desenvolvimento do comércio e integração com as vastas regiões do Brasil. Foi um período em que o governo Imperial incentivou a conquista de novos espaços territoriais em vários rios das bacias hidrográficas brasileiras. Os governantes optaram pela via fluvial por esta ser o meio mais viável de comunicação devido à falta de estradas, fator que dificultava o acesso dos comerciantes aos centros consumidores. A ligação com os portos marítimos promoveria o escoamento da produção destinada à metrópole portuguesa. Por possuir longos trechos navegáveis e por ter um grande potencial devido à sua extensão e posição geográfica, a Hidrovia Tocantins-Araguaia poderá ser utilizada atualmente para o escoamento da produção de grãos e minérios. Porém, alguns obstáculos naturais, a dificuldade na conclusão de eclusas e impedimentos ambientais comprometem o total aproveitamento dessa capacidade. A proposta de construção da Hidrovia Tocantins-Araguaia visa estabelecer um canal de ligação hidroviário entre o Norte e o Sul do país, buscando o desenvolvimento econômico da primeira região. É necessário, para isso, o investimento na construção de eclusas, drenagem e derrocamento, previstos no Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2) (BRASIL, 2012a). Como parte do incentivo ao transporte hidroviário no país, foi concebido o projeto “Desenvolvimento de Estudos e Análises das Hidrovias Brasileiras e suas Instalações Portuárias com Implantação de Base de Dados Georreferenciada e Sistema de Informação Geográfica”, parte integrante do Plano Nacional de Integração Hidroviária (PNIH). O projeto visou o estudo das seis Bacias Hidrográficas com maior potencial para aproveitamento do transporte hidroviário, a saber: Bacia do Tocantins-Araguaia; Amazônica; do São Francisco; do Paraguai; Paraná-Tietê; e do Sul. Este relatório diz respeito ao estudo da Bacia do Tocantins-Araguaia, tendo este sido elaborado de acordo com os procedimentos descritos no Relatório de Metodologia. Segue a mesma estrutura de capítulos utilizada neste, mas direciona o foco aos resultados obtidos. Ao Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 2 ANTAQ/UFSC/LabTrans todo, o presente relatório constitui-se de onze capítulos, sendo o primeiro composto por esta introdução. Os demais são: Capítulo 2: Determinação da Área de Influência; Capítulo 3: Identificação dos Produtos Relevantes para Análise; Capítulo 4: Definição dos Fluxos Relevantes para Análise; Capítulo 5: Projeção dos Fluxos de Transporte; Capítulo 6: Diagnóstico da Rede de Transporte Atual; Capítulo 7: Definição da Rede Futura a Ser Analisada - Novas Outorgas de Terminais Hidroviários; Capítulo 8: Estimativa de Investimentos e Custos Operacionais de Cada Projeto; Capítulo 9: Simulação dos Projetos; Capítulo 10: Avaliação Econômica de Projetos; e Capítulo 11: Considerações Finais. Além do conteúdo dos capítulos elencados, outrasinformações (como tabelas detalhadas) poderão ser obtidas no endereço eletrônico da ANTAQ (www.antaq.gov.br). Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 3 2 DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA Este capítulo traz, inicialmente, a caracterização da Bacia do Tocantins-Araguaia no que diz respeito a suas principais informações geográficas, como localização, principais rios e afluentes. Em seguida, apresenta os resultados da determinação da Área de Influência da Bacia, conforme os procedimentos detalhados no Relatório de Metodologia. 2.1 Localização A bacia hidrográfica dos rios Tocantins e Araguaia possui uma área de mais de 960.000 quilômetros quadrados e abrange os territórios dos estados de Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Distrito Federal. É formada por diversos rios. Os principais são abordados neste estudo, quais sejam: Rio Tocantins, Araguaia e o Rio das Mortes. A hidrovia é gerida pela Administração das Hidrovias do Tocantins e Araguaia (AHITAR). Se realizadas as obras de melhoria e viabilidade necessárias, a extensão futura dessa hidrovia pode alcançar aproximadamente 3.000 quilômetros, atravessando as regiões Centro- Oeste e Norte do país, ligando o Brasil Central aos portos de Belém (PA) e Vila do Conde (PA), bem como aos de Itaqui (MA) e Ponta da Madeira (MA) através da Estrada de Ferro Carajás (EFC), conforme aponta a Agência Nacional de Águas (ANA, 2005). Segundo Eiten (1994 apud MACHADO et al, 2008) e Pedroso (2004), a área de abrangência da Bacia do Tocantins-Araguaia é caracterizada, em quase sua totalidade, pelo bioma do Cerrado, que apresenta clima tropical com precipitação variando de 750 a 2.000 milímetros por ano, em média. O Cerrado é uma das áreas mais propícias à produção de alimentos em todo o mundo devido à intensidade da luz solar e a outros fatores favoráveis, como solo, topografia e água. Aproximadamente 18 milhões de habitantes vivem nessa área. Considerando esses fatores, a região consiste em uma zona de frente de expansão em desenvolvimento, com vasta potencialidade para o crescimento econômico. Com uma extensão total de 2.250 quilômetros, a Hidrovia Tocantins-Araguaia é navegável em três trechos: no Rio das Mortes (afluente da margem esquerda do Rio Araguaia), no Rio Araguaia e no Rio Tocantins. O trecho do Rio das Mortes tem início na cidade de Nova Xavantina (MT) e vai até a confluência desse rio com o Araguaia, numa extensão de 580 quilômetros (BRASIL, 2010a). Há, segundo Oliva (2009), 1.300 quilômetros de potencial navegável nessa hidrovia. No Rio Araguaia, o trecho navegável vai desde a cidade de Aruanã (GO) até a cidade de Xambioá (TO), numa extensão de 1.230 quilômetros. Por fim, no trecho do Rio Tocantins, a porção navegável se inicia na cidade de Miracema do Tocantins e vai até a foz do rio, no Pará, numa extensão aproximada de 440 quilômetros (BRASIL, 2010b). A Figura 1 identifica os três principais rios que compõem a hidrovia discutida. Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 4 ANTAQ/UFSC/LabTrans Figura 1 - Principais rios que compõem a Hidrovia Tocantins-Araguaia Fonte: LabTrans/UFSC 2.2 Determinação da Área de Influência Nesse item são apresentados os resultados da determinação da Área de Influência da Bacia do Tocantins-Araguaia, obtidos de acordo com os procedimentos detalhados no Relatório de Metodologia. Ressalta-se que esse foi o procedimento originalmente utilizado para encontrar a Área de Influência e posteriormente modificado por não se adequar às demais bacias. 2.2.1 Área Inicial de Estudo A Área Inicial de Estudo abrangia 22 estados brasileiros, cujas microrregiões eram zonas de tráfego. Devido à localização central da bacia, muitos estados foram incluídos e uma grande área inicial foi selecionada. A Figura 2 mostra a distribuição dessas microrregiões. Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 5 Figura 2 - Microrregiões em estudo Fonte: LabTrans/UFSC Às microrregiões foram acrescidos os principais portos nacionais, de acordo com a movimentação nestes. A Tabela 1 mostra a relação desses portos com seus respectivos volumes movimentados considerando os valores fornecidos pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX)referentes ao ano de 2010. Tabela 1 - Movimentação nos principais portos em estudo Fonte: BRASIL (2011a) RO AC AM RR PA AP TO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP PR SC RS MS MT GO DF UF Portos Quantidade (milhões de t) ES Porto de Vitória 125,8 RJ Porto de Sepetiba 106,35 MA Porto do Itaqui 95,46 SP Porto de Santos - Margem direita 69,98 PR Porto de Paranaguá 28,22 RS Porto de Rio Grande 16,31 PA Porto de Vila do Conde 9,78 AL Porto de São Sebastião 8,66 SC Porto de São Francisco 8,43 RJ Porto do Rio de Janeiro 8,35 RS Porto de Porto Alegre 8,21 BA Porto de Aratu 6,48 PA Porto de Santarém 4,09 BA Porto de Salvador 4,08 SC Porto de Itajaí 3,86 AM Porto de Manaus 3,55 PE Porto de Suape 2,83 MS Terminal Hidroviário Interior de Corumbá 2,68 513,13Total Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 6 ANTAQ/UFSC/LabTrans Através da ferramenta “Área de Influência” existente no SIGTAQ e conforme os procedimentos detalhados no Relatório de Metodologia, o sistema definiu o melhor porto de entrada ou saída dos fluxos para cada microrregião, tendo como variável de impedância o custo de transporte. Foram criadas duas malhas para as simulações: uma que não contemplava hidrovias e outra em que a hidrovia em estudo estava inserida no sistema. Isso permitiu comparar as simulações e identificar as alterações causadas por essa inserção da hidrovia. O resultado pode ser observado nas figuras que seguem. Cada zona está ilustrada com uma cor referente ao porto menos oneroso para ser utilizado. Algumas microrregiões se encontram em branco por dois motivos: falta de acesso aos centroides, ou porque o porto de destino estava situado no centroide em estudo. Figura 3 - Área de influência dos portos - cenário sem hidrovias Fonte: LabTrans/UFSC Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 7 Figura 4 - Área de influência dos portos - cenário com a hidrovia em estudo Fonte: LabTrans/UFSC 2.2.2 Área de Influência Final Nas Figuras 3 e 4 foram apresentados os resultados das simulações sem e com a presença da Hidrovia Tocantins-Araguaia na malha de transporte. Através da comparação entre elas, pode-se verificar que as microrregiões que apresentam mudanças em seus portos preferenciais - e, portanto, que sofrem influência da hidrovia - são aquelas relativas ao Porto de Vila do Conde (PA) e ao Porto de Itaqui (MA). As Figuras 5 e 6 demonstram as microrregiões que sofreram modificação no porto de destino final com a inserção da hidrovia e as microrregiões que anteriormente já tinham como destino final esses portos. Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 8 ANTAQ/UFSC/LabTrans Figura 5 - Microrregiões que sofreram alteração com inserção da hidrovia em estudo Fonte: LabTrans/UFSC Figura 6 - Microrregiões que já tinham como destino os portos de Vila do Conde e Itaqui Fonte: LabTrans/UFSC Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 9 As microrregiões constantes nas duas imagens anteriores constituíam a área potencial para ser adotada como área de estudo da hidrovia. A união das microrregiões que sofrem influência dos portos de Vila do Conde e Itaqui com aquelas que sofrem alteração com a inserção da hidrovia formam a Área de Influência Final da Hidrovia Tocantins-Araguaia (Figura 7). Figura 7 - Área de Influência Final Fonte: LabTrans/UFSC Antes de adotar oficialmente a área da Figura 7 como a Área de Influência da Hidrovia Tocantins-Araguaia, foi feita uma comparação dessa área com a área de atuação dos portos de Itaqui e Vila do Conde. Nesteestudo, entende-se que dessa “área de atuação” faz parte o conjunto de cidades que utilizam tais portos para exportar ou importar suas mercadorias. A área de atuação foi construída com auxílio de dados do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior (MDIC) concernentes ao ano de 2009 (BRASIL, 2011a). As Figuras 8 e 9 mostram a área de atuação obtida e sua sobreposição à Área de Influência Final, anteriormente determinada. Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 10 ANTAQ/UFSC/LabTrans Figura 8 - Área de atuação dos portos de Vila do Conde e Itaqui Fonte: LabTrans/UFSC Figura 9 - Comparação área de atuação versus área de estudo Fonte: LabTrans/UFSC De acordo com a Figura 9, a Área de Influência da Bacia do Tocantins-Araguaia mostrou-se coerente para o estudo. Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 11 3 IDENTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS RELEVANTES PARA ANÁLISE Neste capítulo identificam-se quais produtos serão selecionados para a análise de fluxos da hidrovia. Inicialmente realizou-se uma quantificação dos fluxos atuais e potenciais de transporte que teve como base reuniões com importantes setores atuantes na hidrovia. Em seguida, a partir da análise da matriz de dados do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) e considerando a Área de Influência Final encontrada na etapa anterior, foram selecionados os produtos com movimentação mais significativa, ou seja, considerados relevantes para este estudo. 3.1 Quantificação dos fluxos atuais de transporte A Tabela 2 mostra a divisão entre os tipos de navegação e a natureza da carga transportada na Bacia do Tocantins-Araguaia. Os dados foram retirados do “Anuário Estatístico Aquaviário 2011”, de autoria da ANTAQ (2012), o qual considera a movimentação registrada nos terminais autorizados pela Agência. Nota-se que para a navegação interior, o segmento de carga geral apresenta maior representatividade, enquanto que para a navegação de longo curso e cabotagem o tipo de carga mais movimentada vem a ser granel sólido. Tabela 2 - Transporte de cargas por tipo de navegação e por natureza da carga Fonte: ANTAQ (2012) A Tabela 3 mostra a quantidade de carga movimentada na Bacia do Tocantins-Araguaia em 2011. Nota-se a predominância do transporte de semirreboques baú e de combustíveis - que respondem por mais de 86% da movimentação. Tabela 3 - Transporte de cargas Fonte: ANTAQ (2012) Mercadoria Total de cargas (t) % % Acumulado Semirreboque baú 2.234.268 69,65% 69,65% Combustíveis e óleos minerais e produtos 549.833 17,14% 86,79% Veic. Terrestres partes acessor 140.653 4,38% 91,17% Gordura, óleos animais/vegetais 126.363 3,94% 95,11% Cimento 68.779 2,14% 97,25% Caminhão 47.885 1,49% 98,74% Produtos químicos orgânicos 11 0,00% 98,74% Outros grupos de mercadoria 40.088 1,25% 99,99% Total 3.207.878 100,00% 100,00% Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 12 ANTAQ/UFSC/LabTrans 3.2 Definição dos produtos relevantes para a Bacia do Tocantins-Araguaia Seguindo os procedimentos detalhados no Relatório de Metodologia, foram encontrados os totais por produto da matriz do PNLT e a representatividade destes. Para a Bacia do Tocantins-Araguaia, foi adotada, como base, a movimentação total no comércio nacional e internacional brasileiros. Na Tabela 4 são representados os produtos considerados relevantes, que somam 90% do total da movimentação. Esses são os produtos que terão seus fluxos analisados, projetados e simulados nos capítulos seguintes. Tabela 4 - Representatividade de produtos com base no PNLT ano-base 2004 Fonte: Dados do PNLT (documento reservado) Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 13 4 DEFINIÇÃO DOS FLUXOS RELEVANTES PARA ANÁLISE Depois de identificar os produtos mais relevantes para análise de acordo com as etapas descritas no capítulo 3, o próximo passo foi determinar quais fluxos dessas mercadorias seriam considerados no estudo. A etapa aqui descrita visou identificar as zonas de origem e destino de cada fluxo, além de selecionar as viagens de maior importância para a Bacia do Tocantins-Araguaia. 4.1 Recorte da Matriz do PNLT Conforme os procedimentos detalhados no Relatório de Metodologia, a base de dados do PNLT foi analisada para que os fluxos da Área de Influência que são de interesse para análise fossem determinados, ainda com base nos produtos relevantes definidos no capítulo anterior. Esses fluxos podem ser excluídos da matriz por não terem possibilidade lógica de utilizar a hidrovia. A exclusão de viagens reduz o tamanho das matrizes e diminui os tempos de simulação. Dos fluxos de importação, exportação e internos inicialmente selecionados, foram retirados aqueles com origens e destinos nos estados presentes no próximo quadro, os quais estão listados com suas siglas correspondentes. Também foram excluídos os fluxos inversos (TO-PI e PI-TO, por exemplo). O Quadro 1 ilustra esses fluxos excluídos da matriz. Quadro 1 - Origens e destinos excluídos da consulta Fonte: LabTrans/UFSC A Figura 10 é uma representação simplificada dessas viagens excluídas. Considerando a Área de Influência da Bacia do Tocantins-Araguaia, verifica-se que foram excluídas as viagens dos estados situados a nordeste da hidrovia. PI CE MT AP PI PI CE MT AP PI CE CE PI CE Estado Origem Estado Destino TO TO MA MA Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 14 ANTAQ/UFSC/LabTrans Figura 10 - Representação das viagens excluídas da matriz Fonte: LabTrans/UFSC Devido à importância desse fluxo, foram incluídos na consulta os pares com origem na microrregião de Manaus e qualquer destino no estado de São Paulo, sendo que o inverso também foi adicionado (origens no estado de São Paulo, destino em Manaus). Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 15 5 PROJEÇÃO DOS FLUXOS DE COMERCIALIZAÇÃO E TRANSPORTE Este capítulo trata da caracterização socioeconômica da Área de Influência, dos resultados das projeções de demanda da Área de Influência e da alocação da carga total da Hidrovia Tocantins-Araguaia. As projeções de demanda - cujos resultados estão descritos nas seções 5.2 e 5.3 - se referem a todas as cargas movimentadas, em qualquer modal de transporte, na Área de Influência da hidrovia. Uma vez obtida a estimativa do total da carga, a malha de transporte é carregada e obtém-se, por minimização de custos logísticos, a carga alocada à Hidrovia Tocantins-Araguaia (seção 5.4). 5.1 Caracterização socioeconômica Os rios Tocantins e Araguaia atravessam as regiões Centro-Oeste e Norte, além de margearem a região Nordeste, banhando terras dotadas de riquezas minerais e com característica natural para a agropecuária. Esses são fatores determinantes para o transporte com baixo custo da produção, pois há possibilidade de direcioná-la do Centro-Oeste até os portos do Pará, localizados de forma privilegiada em relação aos mercados internacionais (ANTAQ, 2011). A movimentação de cargas na Hidrovia Tocantins-Araguaia é ainda incipiente, já que as condições de navegabilidade se estendem apenas por um período do ano. Entretanto, devido à sua extensão e possibilidade de aproximação com os portos de Belém e São Luís - portas para a ligação com os países do norte -, é a hidrovia com maior perspectiva de evolução econômica no país (CREPALDI, 2010). A década de 1960 marcou o início da expansão da fronteira agrícola na região, com grande produção de soja, arroz e milho. Atualmente, mostram-se importantes a produção de frutas (abacaxi, melancia e mamão) e madeira. O investimento do governo em irrigação favorecerá o desenvolvimento da agricultura. Outros destaques são a produção de ouro proveniente de Carajás (PA), representando 50% da produção nacional, e as reservas de cobre, níquel, bauxita, amianto, ferro,prata, cassiterita e manganês (BRASIL, 2010). Em fevereiro de 2007, foram movimentadas 24 mil toneladas de produtos por essa bacia. Dentre as cargas movimentadas pode-se destacar produtos agrícolas, derivados de petróleo, fertilizantes, produtos siderúrgicos e álcool. A estimativa de movimentação para o ano de 2020 é de 10 milhões de toneladas por ano (ANTAQ, 2008). Para atender a essa demanda, o corredor dispõe de um sistema intermodal de transporte, com predominância do sistema rodoviário. O aproveitamento hidroviário da região se dá pela Hidrovia Tocantins-Araguaia. No entanto, para a exportação dos graneis sólidos do agronegócio, a hidrovia só representará uma alternativa concreta após a extensão de seus trechos navegáveis. Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 16 ANTAQ/UFSC/LabTrans Os dados correspondentes ao ano de 2009 indicam que, em Goiás, o setor de serviços representou 59% do PIB do estado (IBGE, 2012). A agropecuária também é uma atividade muito importante para a região, uma vez que a produção de carnes e grãos impulsiona a exportação estadual. A pecuária se encontra em constante expansão, de modo que o estado goiano possui o quarto maior rebanho bovino do país (FERREIRA, 2009). O Mato Grosso teve 54,5% de participação do setor de serviços no PIB estadual, seguido da agropecuária, com 28,6%. O estado do Centro-Oeste é o maior produtor de soja do país (IBGE, 2012). Em 2008, passou a ser o primeiro em maior rebanho do país, ainda com 64% do território preservado (VARGAS, 2009). Os dados referentes ao Distrito Federal são bastante expressivos, já que este possui 93% de seu PIB constituído pelo setor de serviços, sendo praticamente nula a participação do setor primário (IBGE, 2012). No Maranhão, 68,1% do PIB do estado correspondem ao setor de serviços, tendo como maior peso o comércio, de acordo com o Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Geoprocessamento (IMESC, 2011). Da mesma forma, no Tocantins, no mesmo período, o setor de serviços também foi o de maior participação no PIB estadual, com 56,6%. Por fim, o Pará se diferencia um pouco dos demais estados analisados, pois os quase 30% de participação do setor industrial no PIB do estado indicam que há um forte viés nesse sentido. O quadro se acentua quando considerado que em 2012 esse setor paraense foi o que mais cresceu no país no início do ano, segundo pesquisa do IBGE (INDÚSTRIA..., 10/04/2012). As áreas de influência contígua e ampla apresentam forte potencial de produção, sendo a hidrovia uma opção vantajosa para o seu escoamento. Isto indica perspectivas de aumento da movimentação caso os investimentos em infraestrutura sejam realizados. As projeções são elaboradas com base nesse potencial. 5.2 Resultados da projeção de demanda da área contígua à Hidrovia Tocantins-Araguaia Neste item descrevem-se os resultados obtidos a partir do modelo de expansão de demanda para a área das microrregiões contíguas à Hidrovia Tocantins-Araguaia. A Figura 11 ilustra as regiões da chamada área contígua à hidrovia, bem como a Área de Influência total da Hidrovia Tocantins-Araguaia. Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 17 Figura 11 - Área contígua e área total de influência Fonte: LabTrans/UFSC A Tabela 5 expõe os principais produtos exportados e importados na Área de Influência contígua da hidrovia em 2010 e suas projeções para os anos de 2015, 2020, 2025 e 2030. Tabela 5 - Volume exportado e importado (t) por produto nos anos 2010 e 2030 Fonte: BRASIL (2011a) Na Tabela 5, é possível identificar as cargas que já são movimentadas na área contígua à hidrovia, assim como as cargas que possuem potencial de movimentação futura, como o minério de ferro, animais vivos, produtos siderúrgicos e carvão mineral. Produtos 2010 2015 2020 2025 2030 Produtos siderúrgicos 3.437.500 6.768.598 10.937.500 15.109.950 Gusa e ferro-ligas 1.208.875 1.326.884 1.591.793 1.822.752 2.040.211 Soja 2.707.632 4.323.378 6.432.484 8.250.502 10.080.135 Minério de ferro 15.000.000 1.620.697 1.750.000 1.879.031 Animais vivos 73.521 87.385 105.747 122.723 Produtos de Exploração vegetal 244.382 240.791 258.430 436.379 613.763 Milho 674.769 751.682 1.119.004 1.549.328 1.970.918 Manganês 1.619.937 1.980.729 2.421.212 2.960.226 3.518.800 Fertilizantes 689.594 1.131.009 1.790.615 2.439.321 3.123.065 Carvão mineral 1.998.547 3.935.231 6.359.012 8.784.855 Exportações Importações Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 18 ANTAQ/UFSC/LabTrans Os resultados descritos na tabela anterior indicam que até 2015 há um predomínio das exportações de soja nas microrregiões próximas à hidrovia. Porém, a partir desse ano, as exportações de produtos siderúrgicos ultrapassam esses valores. Destacam-se, ainda, os aumentos de exportação de manganês e ferro-ligas, mesmo que em menor quantidade. Entre os produtos de importação, pode-se notar maior significância dos fertilizantes e carvão mineral, sendo este último o de maior crescimento ao longo do período analisado. A Figura 12 relaciona os principais produtos movimentados na Hidrovia Tocantins-Araguaia em 2010 e previstos para 2030. Figura 12 - Principais produtos movimentados em comércio exterior pelas regiões da área contígua à Hidrovia Tocantins-Araguaia em 2010 e 2030 Fonte: BRASIL (2011a) É possível observar que as participações relativas no total da movimentação das regiões contíguas à hidrovia se alteram significativamente. O marketshare da movimentação de produtos siderúrgicos é o que mais aumenta, enquanto os da soja, do manganês e do ferro- gusa reduzem suas participações relativas - apesar de a soja continuar tendo grande importância nas movimentações. A participação de carvão mineral e de minério de ferro também aumenta, com o primeiro apresentando significativa relevância em relação ao total. Os produtos referentes à projeção de demanda da área fortemente influenciada pela hidrovia serão descritos a seguir. Soja Os potenciais tipos de soja a serem transportados pela Hidrovia Tocantins-Araguaia são soja para semeadura, grãos de soja, farinha de soja, sêmola, farelos e outros resíduos. Entre as microrregiões avaliadas, o grande destaque fica para as do estado do Mato Grosso, Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 19 principalmente para Canarana e Primavera do Leste, que produzem acima de um milhão de toneladas de soja cada (1.635,536 toneladas e 1.121,100 toneladas, respectivamente) (IBGE, 2012). A soja, por ser uma commodity, pode ser classificada como um bem normal. Isto significa que em relação à elasticidade-renda da demanda, um aumento na renda estimula um aumento da demanda pelo produto. Sendo assim, pelo fato de a tendência futura ser de um aumento na renda dos países devido aos avanços tecnológicos e à globalização, haverá uma maior demanda por alimentos, vestuário, aparelhos domésticos, entre outros bens normais, grupo no qual se encaixa a soja. A Figura 13 indica a projeção de soja para o período 2011 a 2030. Figura 13 - Observação (1997 - 2010) e Projeção (2011 - 2030) de soja e do PIB da China Fonte: BRASIL (2011a); The Economist Intelligence Unit (2012) Pode-se inferir da Figura 13 que há um grande crescimento da demanda de soja que, dentre outros motivos, deve-se ao aumento dos PIBs das regiões, dos países importadores do produto e ao câmbio. Observa-se que a elevação do PIB chinês confirma a tendência de crescimento desse produto em todo o período projetado, uma vez que a China é um dos principais destinos desse grão. A Oil World, uma consultoria especializada em oleaginosas, com sede em Hamburgo, afirmou em 2011 que “A dependência da China por importação de soja já chegou a proporções alarmantes e deverá aumentar ainda mais em 2011/12, devido ao declínio da produção doméstica e ao aumento da demanda” (CHINA...,2011). Minério de ferro O minério de ferro tem seu principal uso na fabricação de aço e ferro fundido, mas também é utilizado nas indústrias de ferros-liga e cimentos. Suas maiores reservas se encontram em Minas Gerais, mas também são representativas as de Mato Grosso do Sul e do Pará. Entre as variedades transportadas nas proximidades da Hidrovia Tocantins-Araguaia, estão o minério de ferro não aglomerado e seus concentrados e o minério de ferro aglomerado e seus concentrados. 0 10 20 30 40 50 60 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 1 9 9 6 1 9 9 8 2 0 0 0 2 0 0 2 2 0 0 4 2 0 0 6 2 0 0 8 2 0 1 0 2 0 1 2 2 0 1 4 2 0 1 6 2 0 1 8 2 0 2 0 2 0 2 2 2 0 2 4 2 0 2 6 2 0 2 8 2 0 3 0 Tr ilh õ e s d e U S$ 1 0 0 0 t PIB China Observado Projetado Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 20 ANTAQ/UFSC/LabTrans Na área de atuação da Hidrovia Tocantins-Araguaia, a participação da empresa Vale é de fundamental importância, já que a maior parte da produção da região do Pará é originada de sua mina na Serra de Carajás. Tal produção dificilmente utilizará a hidrovia, pois a Vale faz uso da Estrada de Ferro Carajás (EFC) para escoar os itens produzidos exclusivamente no Pará até o Porto da Ponta da Madeira, localizado em São Luís, capital do Maranhão. Atualmente a EFC está em obras de expansão que visam a duplicação de 625 quilômetros dos 892 quilômetros. Para estimativa da possível movimentação de minério de ferro na hidrovia, consideraram-se tanto as informações disponibilizadas por empresas de menor porte que não possuem logística privilegiada como a Vale quanto a taxa de crescimento anual projetada para a demanda de exportação de minério de ferro (Figura 14). Figura 14 - Movimentação de carga de minério de ferro no período de 2011 - 2030 Fonte: BRASIL (2011a) Percebe-se, a partir da projeção, que a tendência é o aumento das exportações de minério de ferro nas próximas décadas, o que pode ser justificado por uma maior demanda causada pelo avanço tecnológico e crescimento populacional. Um maior desenvolvimento tecnológico implica em uma maior utilização de insumos básicos para a produção industrial, assim como na sua utilização na construção civil. Espera-se que a demanda atinja cerca de 1,9 milhões de toneladas ao fim do período projetado. Ferro-gusa O ferro-gusa é um insumo fundamental para a fabricação do aço. Trata-se de um composto formado por ligas de ferro e carbono, contendo silício, manganês, fósforo e enxofre. Ele é transformado em aço líquido através da utilização de fornos, em um processo que retira suas impurezas. O ferro-gusa a ser transportado na Hidrovia Tocantins-Araguaia é subdividido em ferro fundido bruto não ligado, ligas de ferro fundido bruto e ferro spiegel. A microrregião que mais se destaca na sua produção é Belém (PA). Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 21 Figura 15 - Movimentação de carga de ferro-gusa nos anos de 2010 - 2030 Fonte: BRASIL (2011a) A exportação de ferro-gusa possui tendência de aumento a partir de 2014. Isso pode ser explicado pela demanda das indústrias automobilísticas, aeronáuticas, navais, bélicas e de construção civil, as principais responsáveis pelo consumo de aço em grande escala. São também representativos os setores de eletrônica e comunicações, cujo consumo de metal, apesar de quantitativamente inferior, tem alta importância para a economia contemporânea. Produtos siderúrgicos Os produtos siderúrgicos são de grande representatividade na Hidrovia Tocantins- Araguaia. Fazem parte desse setor: ferro-ligas, desperdícios e resíduos de ferro fundido, aços inoxidáveis, pós de ligas de aço e ferro, ferro e aço em lingotes, outros produtos semimanufaturados de ferro e aço, lâminas de ferro e aço, perfis de ferro e aço, lâminas de aço inox, trilhos de aço, acessórios para tubos, torres e pórticos, portas e janelas, latas de ferro e aço, telas metálicas, correntes, tachas de ferro, ganchos, porcas, rebites, agulhas, molas e artefatos domésticos. Devido à sua maior durabilidade e resistência em relação ao ferro, o aço é utilizado de forma crescente na construção civil, na produção de eletrodomésticos e automóveis. A produção do aço acontece em três etapas e utiliza como matérias-primas, principalmente, o minério de ferro e o carbono. A primeira etapa da produção do aço consiste em sua redução, quando o carvão e o oxigênio se associam em altas temperaturas (provocadas pelo carvão mineral em forma de combustível), deixando o ferro livre de impurezas. Após essa etapa, o minério é transformado em pelotas e o carvão em coque. O ferro, por sua vez, se liquefaz, transformando-se em ferro- gusa. As impurezas do processo são chamadas de escória, matéria-prima para a produção do cimento CPII E 32. As quantidades necessárias de minério de ferro e de carvão para a produção de uma tonelada de aço são, respectivamente, 1,6 e 0,62 toneladas. No processo de redução, o manganês também é utilizado como agente dessulfurante e deoxidante, como o carvão mineral. São necessários 12 quilogramas de manganês para a produção de uma tonelada de aço. Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 22 ANTAQ/UFSC/LabTrans A segunda etapa é a refinação: ocorre quando o ferro-gusa, em estado líquido, é transformado em aço através da queima de impurezas e adições. A terceira etapa, por fim, é a laminação: ocorre quando o aço é solidificado e transformado em diferentes produtos siderúrgicos, como bobinas, arames, barras, chapas grossas ou finas, vergalhões. A alta variedade de produtos que utilizam o aço acarreta uma grande demanda por diferenciadas composições e formas. De acordo com sua aplicação, são empregados aços carbono - que possuem baixos teores de elementos como Ni, Mo, Sn, W, Ti, entre outros - ou aços ligados, com altos teores de tais elementos. A crescente busca brasileira pela agregação de valor aos produtos exportados torna maior a expectativa de aumentos na produção do aço visando à exportação, em detrimento da exportação do minério de ferro. Essas expectativas são confirmadas pela atual presidenta Dilma Roussef, que acredita na necessidade do país de aumentar sua capacidade produtora de aço para os fins expostos acima. Para atingir esse objetivo, o governo aumentará os impostos e financiará altos investimentos no setor siderúrgico brasileiro (GOVERNO..., 2011). Além de outros quatro grandes projetos está a construção da Aços Laminados do Pará (ALPA), por intermédio da Vale, uma iniciativa de mais de três bilhões de dólares (ORSOLINI, 2011). A ALPA está sendo construída na cidade de Marabá, no Pará, e deve iniciar suas atividades em 2014. Acredita-se que a empresa terá potencial para a produção de 2,5 milhões de toneladas de placas de aço, dos quais 1,85 milhões serão exportados. Há expectativa, ainda, de que 18,5 milhões de toneladas de aço bruto sejam produzidas nos próximos quatro anos (DEPOIS..., 2010). O projeto acontece juntamente com investimentos em infraestrutura para o escoamento da produção, incluindo rodovias, a Estrada de Ferro Carajás e um terminal fluvial no Rio Tocantins. Esse terminal auxiliará no recebimento das importações de carvão e no escoamento de produtos siderúrgicos produzidos na região (VALE..., 2010). É importante frisar que as expectativas de aumento da capacidade produtiva brasileira de aço têm impactos diretos, também, na importação do carvão mineral e na extração e utilização do minério de ferro e manganês. Sendo assim, a Figura 16 permite inferir que há uma tendência de crescimento das exportações de produtos siderúrgicos nas próximas décadas. Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 23 Figura 16 - Movimentação de carga projetada de produtos siderúrgicos para o período de 2011 - 2030 Fonte: BRASIL (2011a)Manganês O transporte do manganês na Hidrovia Tocantins-Araguaia engloba os seguintes segmentos desse produto: minérios de manganês aglomerados e concentrados; manganês bruto; chapas; folhas; fios e hastes; desperdícios e resíduos de manganês; e outros minérios de manganês. Conforme mencionado anteriormente, uma característica importante do minério de manganês é seu uso para a produção de aço. Desse modo, há uma relação direta entre a demanda de aço e de manganês. Tendo isso em vista, como a tendência das exportações de ferro-gusa para os próximos anos é aumentar (insumo importante para a fabricação do aço, como foi visto anteriormente), percebe-se movimento similar no caso das exportações de manganês no mesmo período - como pode ser visto na Figura 17. No Pará, importante estado na área da hidrovia, há grandes reservas de manganês, sendo destaques as mineradoras Buritirama e Vale na cidade de Marabá (PA). Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 24 ANTAQ/UFSC/LabTrans Figura 17 - Movimentação de carga de manganês no período 2010 - 2030 Fonte: BRASIL (2011a) Milho Um dos produtos transportados pela Hidrovia Tocantins-Araguaia é o milho, cujas nomenclaturas comuns do Mercosul englobam milho para semeadura, milho em grão, milho que não em grão, sêmolas, farelos e outros resíduos. As microrregiões dos estados do Mato Grosso, Pará, Goiás, Maranhão e Tocantins que mais produziram esse produto agrícola (em toneladas) no ano de 2009 foram Alto Teles Pires e Parecis, ambas no Mato Grosso, e a microrregião do Sudoeste de Goiás. Produtos da exploração florestal Os produtos da exploração florestal e da silvicultura que podem ser futuramente transportados na hidrovia são classificados em variedades: madeiras de coníferas e não coníferas, serragem, carvão vegetal, madeiras tropicais, folhas e painéis de madeira, madeira compensada, paletes, barris, ferramentas, formas, portas e janelas de madeira, artefatos para mesa e cozinha, estatuetas, cabides e colmeias artificiais. Segundo o IBGE (2012), o Pará é o principal estado produtor de madeira e também o que concentra o maior número de empresas madeireiras, seguido do Mato Grosso. Já o Maranhão está entre os estados de grande relevância na produção de carvão vegetal, e a cidade de Açailândia (MA) é de grande destaque. Os três estados fazem parte da Área de Influência da Hidrovia Tocantins-Araguaia, conforme mostrado no capítulo 2 deste relatório. Animais vivos A Hidrovia Tocantins-Araguaia apresenta potencial para a movimentação de animais vivos. Os rebanhos destacados nessa categoria são de equinos, bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Além disso, também são incluídas aves (galos, galinhas, patos, avestruzes, aves de rapina e psitaciformes, entre outros), mamíferos vivos, répteis e sêmen animal. Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 25 Ao contrário da oferta de pastagens, por exemplo, a demanda é bastante instável e influenciada principalmente pelas crises econômicas, como a de 2008, quando se registrou uma grande queda das exportações brasileiras - sendo fatores de destaque as condições fitossanitárias encontradas e a procura por parte de países árabes, que preferem ter os animais abatidos de acordo com os preceitos religiosos do abate “halal”. O Norte do país se destaca nesse segmento devido à redução da distância e do frete, que passa de 22 dias saindo de Rio Grande para 17 dias saindo de Belém. Fertilizantes Os principais fertilizantes que possuem potencial para serem transportados na Hidrovia Tocantins-Araguaia são adubos e fertilizantes de origem animal e vegetal, mineral e química, que englobam fosfatos de cálcio, monocloretos e dicloretos de enxofe, sulfitos de sódio, tiossulfatos, nitratos de potássio, cálcio e bismuto, fosfatos, carbonatos, ureias, superfosfatos, lixos municipais, entre outros. Figura 18 - Movimentação de carga de fertilizantes no período de 2009 - 2030 Fonte: BRASIL (2011a) Como pode ser visto na Figura 18, a movimentação de fertilizantes na área contígua à hidrovia deve seguir uma trajetória de crescimento, passando de 690.000 toneladas, em 2010, para 3,1 milhões de toneladas em 2030. Isso significa um aumento de 353% nas importações de fertilizantes na região. Os avanços tecnológicos obtidos nas diversas esferas da produção influenciam o aumento das importações de insumos industriais, sendo um deles os fertilizantes. Estes são empregados tendo em vista maior produtividade agrícola. O Ministério da Agricultura propôs o Plano Nacional de Fertilizantes com o objetivo de diminuir a dependência externa brasileira de matérias-primas, estimulando a produção interna. Esse Plano foi colocado em prática na década de 2000 e tinha como estratégia buscar novas jazidas de fósforo e potássio. Apesar disso, os fertilizantes ainda são, e permanecerão, segundo a projeção acima, importantes produtos da pauta de importação brasileira. Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 26 ANTAQ/UFSC/LabTrans Carvão Mineral O carvão mineral também se apresenta como um produto relevante para a movimentação da Hidrovia Tocantins-Araguaia. É um combustível fóssil que se origina a partir da matéria orgânica de vegetais depositados em bacias sedimentares. Quanto mais alta a pressão e temperatura às quais tal matéria é submetida, maior o grau de carbonificação. Os diferentes graus de carbonificação implicam na classificação do carvão mineral em quatro variedades: turfa, linhito, hulha e antracito, em ordem decrescente de carbonificação. Sua utilização se dá principalmente na siderurgia como matéria-prima para o aço, que requer carvão de alta qualidade, e na produção de energia, na qual a utilização do linhito já é possível. Em razão da região de influência da hidrovia ser produtora de aço, o carvão utilizado na área é importado principalmente da Austrália, Rússia, Estados Unidos, Colômbia e África do Sul. As altas expectativas com relação à produção de aço na região influenciam fortemente as importações do produto e também a futura demanda por este na área contígua à Hidrovia Tocantins-Araguaia. A relação entre a produção de aço e carvão, de acordo com a Vale do Rio Doce, é de 0,62 toneladas de carvão para a produção de uma tonelada de aço. Em função dessa relação entre os insumos, nota-se uma tendência de aumento da demanda de importações de carvão mineral nas próximas décadas. A projeção indica que em 2030 serão importadas 8,8 milhões de toneladas (Figura 19). Figura 19 - Movimentação de carga de carvão mineral no período 2011 - 2030 Fonte: BRASIL (2011a) 5.3 Resultados da projeção de demanda da Área de Influência total da Hidrovia Tocantins-Araguaia Após detalhar os resultados da projeção da área contígua à Hidrovia Tocantins- Araguaia, estes podem ser agregados à projeção inicial do PNLT. Isto evidencia que as projeções para as microrregiões do PNLT da região contígua são substituídas pela projeção da mesma área calculada pela metodologia alternativa, enquanto a projeção do restante das microrregiões da Área de Influência continua inalterada. Como descrito na metodologia, a Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 27 mescla dessas duas projeções resulta na projeção modificada da demanda total das microrregiões consideradas como potencial de carga. Em termos quinquenais, os resultados dessa projeção total estão apresentados na Tabela 6, a seguir. Por razões de processamento (diferentes classificações de produtos entre ANTAQ e PNLT), a tabela não apresenta grupos de produtos iguais aos da área contígua, dispostos na Tabela 5. Tabela 6 - Projeção quinquenal da demanda de cargas, por grupo de produtos na Área de Influência total da Hidrovia Tocantins-Araguaia - 2010-2030 (t) Fonte: BRASIL (2011a); dados do PNLT (documento reservado) Através da análise dos resultadostotais da projeção, nota-se que o principal produto movimentado na área total de influência da Hidrovia Tocantins-Araguaia é o minério de ferro, com participação de 71,2% em 2010. A demanda de minério é decorrente da empresa Vale do Rio Doce, mais especificamente de sua mina na Serra de Carajás. Apesar de apresentar aumento da demanda, sua participação deve cair de 71% a 62,2% ao final do período compreendido entre 2010 e 2030. São cargas importantes os produtos do complexo da soja (grão, óleo e farelo); as cargas gerais diversas movimentadas em contêineres, milho e ferro-gusa. A soja em grão, que representava 5,9% em 2010, teve sua participação aumentada para 10,5% em 2030, apresentando um crescimento total de 248%. Destaca-se, ainda, o crescimento da demanda projetada de carvão mineral, a maior dentre todas as cargas. Em 2010, essa carga representou 0,3% da movimentação total da área de influência da hidrovia. Foi projetada uma demanda vinte vezes maior em 2030, ano em que o carvão mineral deve representar 3,5%. Esse crescimento está relacionado à produção de aço pela Vale, como já exposto anteriormente. Produtos 2010 2015 2020 2025 2030 Minério de ferro 90.295.924 116.490.820 155.332.729 153.963.605 154.092.636 Soja em grão 7.450.561 11.226.050 12.350.222 14.473.368 25.941.932 Carga Geral 7.168.255 8.322.635 10.340.206 12.529.673 14.661.184 Óleo de soja em bruto e tortas, bagaços e farelo de soja 5.008.092 8.602.850 16.039.305 19.242.243 13.976.273 Milho em grão 3.850.898 4.759.270 4.397.964 3.833.878 5.036.349 Gusa e ferro ligas 3.077.410 1.326.884 4.343.533 5.292.708 6.187.884 Manganês 1.686.590 1.980.729 2.421.212 2.960.226 3.518.000 Óleos de milho, amidos e féculas vegetais e rações 1.540.723 1.193.738 1.396.855 1.549.424 1.591.540 Minerais não-metálicos 1.252.269 1.406.230 1.708.664 2.104.525 2.575.009 Bovinos e outros animais vivos 1.241.206 1.479.363 1.751.169 2.028.334 2.234.904 Fertilizantes 738.461 1.131.009 1.790.615 2.439.321 3.123.065 Produtos da exploração florestal e da silvicultura 670.675 768.659 974.208 1.121.304 1.126.658 Produtos químicos inorgânicos 595.652 525.768 641.799 783.213 945.390 Semi acabacados, laminados planos, longos e tubos de aço 463.664 866.274 705.636 599.448 601.434 Carvão mineral 436.047 1.998.547 6.359.012 6.359.012 8.784.855 Outros produtos e serviços da lavoura 414.619 380.231 485.808 587.675 817.990 Cimento 351.644 336.210 423.466 419.538 255.508 Leite de vaca e de outros animais 307.061 422.666 572.286 725.439 850.053 Minerais metálicos não-ferrosos 130.862 307.570 554.317 848.325 1.175.798 Animais Vivos 64.909 73.521 87.385 105.747 122.723 Outros produtos do refino de petróleo e coque 41.029 71.525 102.260 141.993 190.203 Total 126.786.550 163.670.547 222.778.650 232.108.996 247.809.389 Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 28 ANTAQ/UFSC/LabTrans Percebe-se que há uma tendência de acréscimo na movimentação da área de influência da hidrovia ao longo do período analisado. Apenas o cimento chega ao final do período, 2030, com demanda inferior a 2010. 5.4 Resultados da alocação da carga total para a Hidrovia Tocantins-Araguaia Os itens anteriores apresentaram a estimativa da projeção de demanda de carga para a Área de Influência da Hidrovia Tocantins-Araguaia - a qual é resultado da projeção do PNLT (interpolada e ajustada para os novos horizontes de planejamento) e de uma nova estimativa para a movimentação de cargas na denominada área contígua à hidrovia (obtida a partir de fluxos de comércio exterior). A partir dessa movimentação total de carga na área de influência, o passo seguinte, em termos de perspectivas da hidrovia, é proceder à alocação da carga no modal mais eficiente, considerando a origem e o destino da carga. O capítulo 9 (Simulação dos Projetos) do Relatório de Metodologia relata o procedimento de carregamento da malha de transporte, que segue o princípio de minimização do custo logístico. Nesse sentido, todas as cargas projetadas na área total de influência da Hidrovia Tocantins-Araguaia são alocadas ao modal mais eficiente do ponto de vista do custo logístico. A Tabela 7 apresenta os resultados da comparação da projeção de demanda com a carga alocada na hidrovia durante a etapa de simulação. Tais resultados referem-se à movimentação total da Hidrovia Tocantins-Araguaia considerando os diferentes horizontes de planejamento. É importante notar que esta é a carga total transportada pela hidrovia em cada ano, independentemente da distância percorrida. Isto é, a carga alocada refere-se ao volume total transportado, em toneladas, indistintamente da origem e destino1. No capítulo 7 deste relatório serão apresentados os resultados de carregamento organizados por terminais, por grupo de produto e por trecho de hidrovia. 1 Uma alternativa é ponderar o volume transportado pela distância percorrida e referir o resultado em tku (tonelada-quilômetro útil). Esse procedimento está além do escopo deste estudo e dificultaria a comparação da carga alocada com a demanda projetada. Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico ANTAQ/UFSC/LabTrans 29 Tabela 7 - Projeção quinquenal da carga alocada, por produtos, para a Hidrovia Tocantins- Araguaia - 2015-2030 (t) Fonte: BRASIL (2011a); dados do PNLT (documento reservado) Como pode ser visto na Tabela 4, em 2015 foram alocadas 9,6 milhões de toneladas de cargas na Hidrovia Tocantins-Araguaia. Ao final do período de projeção, 2030, espera-se que a hidrovia transporte 33,8 milhões de toneladas, o que representa um crescimento total de 252%. As cargas mais importantes para a Hidrovia Tocantins-Araguaia, em 2015, deverão ser os produtos do complexo da soja e o carvão mineral, com participação de 36,1%. Juntos devem representar 76% da movimentação da hidrovia. A partir de 2020, é possível notar o desaparecimento do óleo e do farelo de soja na movimentação da hidrovia. Apenas o grão de soja será movimentado, passando de 2,8 milhões em 2015 para 12,2 milhões em 2030. Esse crescimento da demanda faz elevar a participação do grão de soja na movimentação total da hidrovia. Se em 2015 a participação deve ser de 29,0%, em 2030 deverá ser de 36,1%. Exceto pelo óleo e o farelo de soja, nenhuma outra carga deve apresentar redução na movimentação entre 2015 e 2030. As cargas gerais diversas movimentadas em contêineres (carga geral, nas tabelas 3 e 4) ganham bastante participação na movimentação total da rodovia entre 2015 e 2030. Sua participação passa de 7,1%, em 2015, para 16,4% em 2030. É importante ressaltar a existência de cargas novas na hidrovia, que não são atualmente transportadas por esta, como as classificadas como “animais vivos”, carvão mineral, cimento e outros produtos do refino de petróleo e coque. Aqui, destaca-se o carvão mineral, cuja participação sai de zero em 2010, alcança 20,8% em 2015 e 26,0% em 2030,
Compartilhar