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Plano Nacional de Integração Hidroviária

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Plano Nacional de Integração Hidroviária
BACIA DO
TOCANTINS-ARAGUAIA
RELATÓRIO TÉCNICO
Desenvolvimento de Estudos e Análises das Hidrovias Brasileiras 
e suas Instalações Portuárias com Implantação de Base de Dados 
Georreferenciada e Sistema de Informações Geográfi cas
Fevereiro 2013
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
ii ANTAQ/UFSC/LabTrans 
República Federativa do Brasil 
Dilma Roussef 
Presidenta da República 
 
Secretaria de Portos (SEP) 
 
José Leônidas Cristino 
Ministro Chefe 
 
Ministério dos Transportes 
 
Paulo Sérgio Passos 
Ministro dos Transportes 
 
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) 
 
Diretoria Colegiada 
Pedro Brito (Diretor-Geral Substituto) 
Fernando José de Pádua C. Fonseca (Diretor Interino) 
Mário Povia (Diretor Interino) 
 
Superintendência de Navegação Interior (SNI) 
Adalberto Tokarski (Superintendente) 
 
Superintendência de Portos (SPO) 
Bruno de Oliveira Pinheiro (Superintendente Substituto) 
 
Superintendência de Fiscalização e Coordenação (SFC) 
Giovanni Cavalcanti Paiva (Superintendente) 
 
Superintendência de Navegação Marítima e de Apoio (SNM) 
André Luís Souto de Arruda Coelho (Superintendente) 
 
Superintendência de Administração e Finanças (SAF) 
Albeir Taboada Lima (Superintendente) 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans iii 
FICHA TÉCNICA 
 
AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS 
 
Gerência de Desenvolvimento e Regulação da Navegação Interior (GDI) 
José Renato Ribas Fialho - Gerente 
Eduardo Pessoa de Queiroz - Coordenador 
Isaac Monteiro do Nascimento 
 
Gerência de Estudos e Desempenho Portuário (GED) 
Fernando Antônio Correia Serra - Gerente 
Herbert Koehne de Castro 
José Esteves Botelho Rabello 
 
Gerência de Portos Públicos (GPP) 
Samuel Ramos de Carvalho Cavalcanti – Gerente Substituto 
Paulo Henrique Ribeiro de Perni 
Camila Romero Monteiro da Silva 
 
Superintendência de Fiscalização e Controle (SFC) 
Frederico Felipe Medeiros 
 
Unidade Administrativa Regional do Paraná (UARPR) 
Fábio Augusto Giannini 
 
ENTIDADES COLABORADORAS 
Ministério dos Transportes (MT) 
Administrações Hidroviárias 
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) 
VALEC - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. 
Unidades Administrativas Regionais da ANTAQ 
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) 
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) 
Marinha do Brasil/Diretoria de Portos e Costas - Capitania Fluvial de Juazeiro 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) 
Agência Nacional de Águas (ANA) 
Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia (BA) 
Secretaria do Desenvolvimento Econômico de Pernambuco - Porto Fluvial de Petrolina (PE) 
Secretaria de Transportes - RS - SEINFRA 
Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia (SOPH) 
Superintendência de Portos e Hidrovias do Rio Grande do Sul (SPH) 
Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo (DH) 
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e suas Federações 
Confederação Nacional do Transporte (CNT) e suas Federações 
Petrobras Transporte S/A (TRANSPETRO) 
Vale S.A. 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
iv ANTAQ/UFSC/LabTrans 
Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (APROSOJA) 
Empresas Brasileiras de Navegação Interior 
TECON/Rio Grande 
Porto de Rio Grande (RS) 
Movimento Pró-Logística 
Sindicatos das Empresas Brasileiras de Navegação - SINDARMA 
 
 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans v 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
 
Roselane Neckel - Reitora 
Lúcia Helena Martins Pacheco- Vice-Reitora 
Sebastião Roberto Soares- Diretor do Centro Tecnológico 
Jucilei Cordini - Chefe do Departamento de Engenharia Civil 
 
Laboratório de Transportes e Logística 
Amir Mattar Valente - Coordenador Geral do Laboratório 
 
Equipe Técnica - Transporte e Logística 
Fabiano Giacobo - Coordenador 
 
Estudos 
André Ricardo Hadlich - Responsável Técnico 
Daniele Sehn - Economista 
André Felipe Kretzer Carlo Vaz Sampaio 
Felipe Souza dos Santos Gabriella Sommer Vaz 
Guilherme Tomiyoshi Nakao Humberto Assis de Oliveira Sobrinho 
Jonatas J. de Albuquerque Larissa Steinhorst Berlanda 
Luiz Gustavo Schmitt Marjorie Panceri Pires 
Natália Tiemi Gomes Komoto Priscila Lammel 
 
Fernando Seabra - Consultor 
Pedro Alberto Barbetta - Consultor 
 
Equipe Técnica - Tecnologia da Informação 
Antônio Venícius dos Santos - Coordenador 
 
Base de dados Georreferenciada 
Edésio Elias Lopes - Responsável Técnico 
Caroline Helena Rosa Guilherme Butter 
Demis Marques Paulo Roberto Vela Junior 
 
Sistema 
Luiz Claudio Duarte Dalmolin - Responsável Técnico 
Emanuel Espíndola Rodrigo Silva de Melo 
José Ronaldo Pereira Junior Sérgio Zarth Junior 
Leonardo Tristão Tiago Lima Trinidad 
Robson Junqueira da Rosa 
 
Design Gráfico 
Guilherme Fernandes 
Heloisa Munaretto 
 
Revisão de Textos 
Lívia Carolina das Neves Segadilha 
Paula Carolina Ribeiro 
Pedro Gustavo Rieger 
Renan Abdalla Leimontas 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
vi ANTAQ/UFSC/LabTrans 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
AHITAR Administração das Hidrovias do Tocantins e Araguaia 
ALPA Aços Laminados do Pará 
ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários 
BIT Banco de Informações e Mapas de Transporte 
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes 
EFC Estrada de Ferro Carajás 
FICO Ferrovia de Integração Centro-Oeste 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IMESC Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Geoprocessamento 
LabTrans Laboratório de Transportes e Logística 
MDIC Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior 
PAC Programa de Aceleração do Crescimento 
PIB Produto Interno Bruto 
PNIH Plano Nacional de Integração Hidroviária 
PNLT Plano Nacional de Logística de Transportes 
SIGTAQ Sistema de Informações Geográficas do Transporte Aquaviário 
TIR Taxa Interna de Retorno 
TMA Taxa Mínima de Atratividade 
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina 
VPL Valor Presente Líquido 
 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans vii 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 - Principais rios que compõem a Hidrovia Tocantins-Araguaia ....................................... 4 
Figura 2 - Microrregiões em estudo .............................................................................................. 5 
Figura 3 - Área de influência dos portos - cenário sem hidrovias ................................................. 6 
Figura 4 - Área de influência dos portos - cenário com a hidrovia em estudo ............................. 7 
Figura 5 - Microrregiões que sofreram alteração com inserção da hidrovia em estudo .............. 8 
Figura 6 - Microrregiões que já tinham como destino os portos de Vila do Conde e Itaqui ........ 8 
Figura 7 - Área de Influência Final ................................................................................................. 9 
Figura 8 - Área de atuação dos portos de Vila do Conde e Itaqui ............................................... 10 
Figura 9 - Comparação área de atuação versus área de estudo ................................................. 10 
Figura 10 - Representação das viagens excluídas da matriz ....................................................... 14 
Figura 11 - Área contígua e área total de influência ................................................................... 17 
Figura 12 - Principais produtos movimentados em comércio exterior pelas regiões da área 
contígua à Hidrovia Tocantins-Araguaia em 2010 - 2030 ........................................................... 18 
Figura 13 - Observação (1997 - 2010) e Projeção (2011 - 2030) de soja e do PIB da China ....... 19 
Figura 14 - Movimentaçãode carga de minério de ferro no período de 2011 - 2030 ............... 20 
Figura 15 - Movimentação de carga de ferro-gusa nos anos de 2010 - 2030 ............................. 21 
Figura 16 - Movimentação de carga projetada de produtos siderúrgicos período de 2011 - 2030 ...23 
Figura 17 - Movimentação de carga de manganês no período 2010 - 2030 .............................. 24 
Figura 18 - Movimentação de carga de fertilizantes no período de 2009 - 2030 ....................... 25 
Figura 19 - Movimentação de carga de carvão mineral no período 2011 - 2030 ....................... 26 
Figura 20 - Esquema do complexo de eclusagem de Tucuruí ..................................................... 32 
Figura 21 - Eclusa 1 vista aérea (em construção) ........................................................................ 32 
Figura 22 - Eclusa 1: vista lateral ................................................................................................. 33 
Figura 23 - Eclusa 1: vista aérea frontal ...................................................................................... 33 
Figura 24 - Modal rodoviário em 2015 ........................................................................................ 38 
Figura 25 - Modal rodoviário em 2020, 2025 e 2030 .................................................................. 38 
Figura 26 - Modal ferroviário em 2015 ....................................................................................... 40 
Figura 27 - Modal ferroviário em 2020 ....................................................................................... 40 
Figura 28 - Modal ferroviário em 2025 ....................................................................................... 41 
Figura 29 - Modal ferroviário em 2030 ....................................................................................... 41 
Figura 30 - Modal hidroviário em 2015 ....................................................................................... 42 
Figura 31 - Modal hidroviário em 2020 ....................................................................................... 43 
Figura 32 - Modal hidroviário em 2025 ....................................................................................... 43 
Figura 33 - Modal hidroviário em 2030 ....................................................................................... 44 
Figura 34 - Terminais já existentes e áreas propícias de novos terminais hidroviários 
com ano ótimo de abertura ........................................................................................................ 51 
Figura 35 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2015 (t) ............................................................... 54 
Figura 36 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2020 (t) ............................................................... 54 
Figura 37 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2025 (t) ............................................................... 55 
Figura 38 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2030 (t) ............................................................... 55 
Figura 39 - Área propícia de Miracema do Tocantins ................................................................. 60 
Figura 40 - Área propícia de Barra do Ouro ................................................................................ 61 
Figura 41 - Área propícia de Aguiarnópolis ................................................................................. 63 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
viii ANTAQ/UFSC/LabTrans 
Figura 42 - Área propícia de Peixe ............................................................................................... 64 
Figura 43 - Área propícia de Itaúba ............................................................................................. 66 
Figura 44 - Área propícia de Nova Xavantina .............................................................................. 67 
 
 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans ix 
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1 - Origens e destinos excluídos da consulta ................................................................. 13 
Quadro 2 - Cenário modal rodoviário ......................................................................................... 37 
Quadro 3 - Cenário modal ferroviário ......................................................................................... 39 
Quadro 4 - Cenário modal hidroviário ........................................................................................ 42 
Quadro 5 - Áreas propícias para instalação de novos terminais hidroviários............................. 45 
 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
x ANTAQ/UFSC/LabTrans 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 - Movimentação nos principais portos em estudo ......................................................... 5 
Tabela 2 - Transporte de cargas por tipo de navegação e por natureza da carga ...................... 11 
Tabela 3 - Transporte de cargas .................................................................................................. 11 
Tabela 4 - Representatividade de produtos com base no PNLT ano-base 2004 ........................ 12 
Tabela 5 - Volume exportado e importado (t) por produto nos anos 2010 e 2030 .................... 17 
Tabela 6 - Projeção quinquenal da demanda de cargas, por grupo de produtos na Área de 
Influência total da Hidrovia Tocantins-Araguaia - 2010-2030 (t) ................................................ 27 
Tabela 7 - Projeção quinquenal da carga alocada, por produtos, para a Hidrovia 
Tocantins- Araguaia - 2015-2030 (t) ............................................................................................ 29 
Tabela 8 - Parâmetros rodoviários .............................................................................................. 46 
Tabela 9 - Estimativas do valor do frete ferroviário, em R$/(t.km) ............................................ 47 
Tabela 10 - Parâmetros dos terminais ferroviários ..................................................................... 47 
Tabela 11 - Parâmetros de frete hidroviário, em R$/(t.km), por tipo de carga 
transportada ................................................................................................................................ 48 
Tabela 12 - Custo de Transbordo (R$/t) ...................................................................................... 48 
Tabela 13 - Carregamento nos terminais - Fluxo 2015 (t)........................................................... 49 
Tabela 14 - Carregamentos nos terminais - Fluxo 2020 (t) ......................................................... 49 
Tabela 15 - Carregamentos nos terminais - Fluxo 2025 (t) ......................................................... 50 
Tabela 16 - Carregamentos nos terminais - Fluxo 2030 (t) ......................................................... 50 
Tabela 17 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2015 (t) .............................................................. 52 
Tabela 18 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2020 (t) .............................................................. 52 
Tabela 19 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2025 (t) .............................................................. 53 
Tabela 20 - Carregamento na hidrovia - Fluxo 2030 (t) .............................................................. 53 
Tabela 21 - Custos totais de transporte - 2015 ........................................................................... 57 
Tabela 22 - Custos totais de transporte - 2020 ........................................................................... 57 
Tabela 23 - Custos totais de transporte - 2025 ........................................................................... 58 
Tabela 24 - Custos totais de transporte - 2030 ........................................................................... 58 
Tabela 25 - Demanda simuladapara a área propícia de Miracema do Tocantins (t) ................. 59 
Tabela 26 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de 
Miracema do Tocantins ............................................................................................................... 59 
Tabela 27 - Demanda simulada para a área propícia de Barra do Ouro (t) ................................ 60 
Tabela 28 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de 
Barra do Ouro .............................................................................................................................. 61 
Tabela 29 - Demanda simulada para a área propícia de Aguiarnópolis (t) ................................. 62 
Tabela 30 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de 
Aguiarnópolis .............................................................................................................................. 62 
Tabela 31 - Demanda simulada para a área propícia de Peixe (t) ............................................... 63 
Tabela 32 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de 
Peixe ............................................................................................................................................ 64 
Tabela 33 - Demanda simulada para a área propícia de Itaúba (t) ............................................. 65 
Tabela 34 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de 
Itaúba .......................................................................................................................................... 65 
Tabela 35 - Demanda simulada para a área propícia de Nova Xavantina (t) .............................. 66 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans xi 
Tabela 36 - Resultados da análise econômica do terminal planejado para a área propícia de 
Nova Xavantina ........................................................................................................................... 67 
Tabela 37 - Comparativo entre as áreas propícias para instalação de terminais. ...................... 68 
 
 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
xii ANTAQ/UFSC/LabTrans 
SUMÁRIO 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ...................................................................................... vi 
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. vii 
LISTA DE QUADROS ............................................................................................................ ix 
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................ x 
PREFÁCIO ......................................................................................................................... xiv 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 
2 DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA ....................................................................... 3 
2.1 Localização ............................................................................................................................. 3 
2.2 Determinação da Área de Influência ..................................................................................... 4 
2.2.1 Área Inicial de Estudo ......................................................................................................... 4 
2.2.2 Área de Influência Final ...................................................................................................... 7 
3 IDENTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS RELEVANTES PARA ANÁLISE ........................................ 11 
3.1 Quantificação dos fluxos atuais de transporte .................................................................... 11 
3.2 Definição dos produtos relevantes para a Bacia do Tocantins-Araguaia ............................ 12 
4 DEFINIÇÃO DOS FLUXOS RELEVANTES PARA ANÁLISE .................................................... 13 
4.1 Recorte da Matriz do PNLT .................................................................................................. 13 
5 PROJEÇÃO DOS FLUXOS DE COMERCIALIZAÇÃO E TRANSPORTE ..................................... 15 
5.1 Caracterização socioeconômica .......................................................................................... 15 
5.2 Resultados da projeção de demanda da área contígua à Hidrovia 
Tocantins-Araguaia .............................................................................................................. 16 
5.3 Resultados da projeção de demanda da Área de Influência total da Hidrovia 
Tocantins-Araguaia .............................................................................................................. 26 
5.4 Resultados da alocação da carga total para a Hidrovia Tocantins-Araguaia ....................... 28 
6 DIAGNÓSTICO DA REDE DE TRANSPORTE ATUAL ........................................................... 31 
6.1 Bacia do Tocantins-Araguaia ............................................................................................... 31 
6.1.1 Rio Tocantins ..................................................................................................................... 34 
6.1.2 Rio Araguaia ...................................................................................................................... 35 
6.1.3 Rio das Mortes .................................................................................................................. 36 
7 DEFINIÇÃO DA REDE FUTURA A SER ANALISADA - NOVAS OUTORGAS E TERMINAIS 
HIDROVIÁRIOS .............................................................................................................. 37 
7.1 Montagem dos cenários de infraestrutura ......................................................................... 37 
7.1.1 Modal Rodoviário .............................................................................................................. 37 
7.1.2 Modal Ferroviário ............................................................................................................. 39 
7.1.3 Modal Hidroviário ............................................................................................................. 41 
7.1.4 Novas outorgas de terminais hidroviários ........................................................................ 44 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans xiii 
8 ESTIMATIVA DE INVESTIMENTOS E CUSTOS OPERACIONAIS DE CADA PROJETO .............. 46 
8.1 Levantamento de custos operacionais ................................................................................ 46 
8.1.1 Frete Rodoviário................................................................................................................ 46 
8.1.2 Frete Ferroviário ............................................................................................................... 46 
8.1.3 Frete Hidroviário ............................................................................................................... 47 
9 SIMULAÇÃO DOS PROJETOS .......................................................................................... 49 
9.1 Carregamento nos terminais ............................................................................................... 49 
9.2 Carregamento na hidrovia ................................................................................................... 51 
9.2.1 Custos totais de transporte............................................................................................... 56 
10 AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETOS ......................................................................... 59 
10.1 Área propícia de Miracema do Tocantins........................................................................... 59 
10.2 Área propícia de Barra do Ouro........................................................................................... 60 
10.3 Área propícia de Aguiarnópolis ........................................................................................... 61 
10.4 Área propícia de Peixe ......................................................................................................... 63 
10.5 Área propícia de Itaúba ....................................................................................................... 64 
10.6 Área propícia de Nova Xavantina ........................................................................................ 66 
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 69 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 71 
 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
xiv ANTAQ/UFSC/LabTrans 
PREFÁCIO 
Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ – tem a honra de apresentar à 
sociedade, ao setor produtivo e aos diversos órgãos governamentais o presente relatório 
técnico da Bacia do Tocantins-Araguaia, parte do Plano Nacional de Integração Hidroviária – 
PNIH. 
Conhecer as características físico-geográficas, as demandas e ofertas de cada 
segmento representativo de produção de cargas é ação primária para a geração de 
alternativas ao mercado sobre onde e como investir. Dessa forma, o trabalho ora apresentado 
significa uma maior compreensão dos espaços produtivos brasileiros em relação aos 
movimentos de cargas, em especial, ao setor da navegação interior. 
O foco foi gerar resultados sustentados em metodologia sólida, utilizando a 
experiência acadêmica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a grande vivência 
dos técnicos da ANTAQ, bem como com as evidências e expectativas do mercado que hoje lida 
com cargas produtivas. Dessa integração surge o PNIH, instrumento abrangente com 
fundamentação, base metodológica e coerência com a realidade dos agentes produtores e 
transportadores de carga. 
O PNIH é, portanto, fruto da integração do conhecimento acadêmico e científico, do 
planejamento, representado pela utilização dos dados disponíveis no Plano Nacional de 
Logística de Transportes – PNLT, e das bases de dados evidenciadas na realidade do transporte 
de cargas na navegação interior. Some-se a isso, sua característica dinâmica, representada pela 
ferramenta de informações geográficas denominada SIGTAQ, capaz de atualizar rapidamente 
novas projeções, e de responder adequadamente às variações naturais de mercados em 
evolução. 
Contribuir com a readequação da matriz de transporte de carga e redução da emissão 
de poluentes atmosféricos, indicando possíveis áreas para a instalação terminais hidroviários, 
são apenas algumas das características que podem ser observadas da leitura do PNIH. Assim, a 
ANTAQ disponibiliza uma ferramenta moderna, atualizada e aberta aos desafios a serem 
enfrentados por aqueles que trabalham pela redução dos custos logísticos brasileiros de forma 
sustentável, objetivo para o qual as hidrovias tem papel importante. Esperamos com isso, 
tornar mais fácil a análise de novos investimentos, a seleção de caminhos alternativos para o 
transporte de cargas, bem como colaborar com os planejadores de políticas públicas, na 
medida em que poderão dispor de instrumento ágil e bem sustentado, na formulação dos 
instrumentos legais a eles incumbidos. 
No presente volume são apresentados os resultados específicos da Bacia do Tocantins-
Araguaia, no qual seus principais rios cortam o país do centro para o norte, no sentido 
longitudinal, cruzando regiões que foram alvo, nas últimas décadas, de expansão da fronteira 
agrícola e urbana. 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 1 
1 INTRODUÇÃO 
Nos primórdios da ocupação portuguesa, os rios Araguaia e Tocantins foram de grande 
importância para o processo de interiorização do Brasil. Foi através da navegação por esses 
rios que os primeiros colonizadores chegaram ao interior da então colônia de Portugal. 
Naquela época, os bandeirantes saíam de São Paulo e de Belém e, servindo-se do fluxo dos 
rios, capturavam índios. Os missionários rompiam fronteiras para catequizar os povos 
indígenas e muitos migrantes ocupavam a região em busca de ouro. 
No entanto, foi com o declínio da mineração e com a crise econômica que se abateu na 
Província de Goiás, no final do século XVIII, que a navegação comercial nos rios Araguaia e 
Tocantins começou a ser explorada, uma vez que o comércio fluvial entre essa província e o 
Pará estava proibido desde 1733 devido ao contrabando de ouro. 
Nesse mesmo período, os dois grandes rios passaram a ser considerados os escoadores 
naturais do sertão goiano e os caminhos mais indicados para o desenvolvimento do comércio e 
integração com as vastas regiões do Brasil. Foi um período em que o governo Imperial 
incentivou a conquista de novos espaços territoriais em vários rios das bacias hidrográficas 
brasileiras. 
Os governantes optaram pela via fluvial por esta ser o meio mais viável de 
comunicação devido à falta de estradas, fator que dificultava o acesso dos comerciantes aos 
centros consumidores. A ligação com os portos marítimos promoveria o escoamento da 
produção destinada à metrópole portuguesa. 
Por possuir longos trechos navegáveis e por ter um grande potencial devido à sua 
extensão e posição geográfica, a Hidrovia Tocantins-Araguaia poderá ser utilizada atualmente 
para o escoamento da produção de grãos e minérios. Porém, alguns obstáculos naturais, a 
dificuldade na conclusão de eclusas e impedimentos ambientais comprometem o total 
aproveitamento dessa capacidade. A proposta de construção da Hidrovia Tocantins-Araguaia 
visa estabelecer um canal de ligação hidroviário entre o Norte e o Sul do país, buscando o 
desenvolvimento econômico da primeira região. É necessário, para isso, o investimento na 
construção de eclusas, drenagem e derrocamento, previstos no Programa de Aceleração do 
Crescimento 2 (PAC 2) (BRASIL, 2012a). 
Como parte do incentivo ao transporte hidroviário no país, foi concebido o projeto 
“Desenvolvimento de Estudos e Análises das Hidrovias Brasileiras e suas Instalações Portuárias 
com Implantação de Base de Dados Georreferenciada e Sistema de Informação Geográfica”, 
parte integrante do Plano Nacional de Integração Hidroviária (PNIH). O projeto visou o estudo 
das seis Bacias Hidrográficas com maior potencial para aproveitamento do transporte 
hidroviário, a saber: Bacia do Tocantins-Araguaia; Amazônica; do São Francisco; do Paraguai; 
Paraná-Tietê; e do Sul. 
Este relatório diz respeito ao estudo da Bacia do Tocantins-Araguaia, tendo este sido 
elaborado de acordo com os procedimentos descritos no Relatório de Metodologia. Segue a 
mesma estrutura de capítulos utilizada neste, mas direciona o foco aos resultados obtidos. Ao 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
2 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
todo, o presente relatório constitui-se de onze capítulos, sendo o primeiro composto por esta 
introdução. Os demais são: 
 Capítulo 2: Determinação da Área de Influência; 
 Capítulo 3: Identificação dos Produtos Relevantes para Análise; 
 Capítulo 4: Definição dos Fluxos Relevantes para Análise; 
 Capítulo 5: Projeção dos Fluxos de Transporte; 
 Capítulo 6: Diagnóstico da Rede de Transporte Atual; 
 Capítulo 7: Definição da Rede Futura a Ser Analisada - Novas Outorgas de Terminais 
Hidroviários; 
 Capítulo 8: Estimativa de Investimentos e Custos Operacionais de Cada Projeto; 
 Capítulo 9: Simulação dos Projetos; 
 Capítulo 10: Avaliação Econômica de Projetos; e 
 Capítulo 11: Considerações Finais. 
Além do conteúdo dos capítulos elencados, outrasinformações (como tabelas 
detalhadas) poderão ser obtidas no endereço eletrônico da ANTAQ (www.antaq.gov.br). 
 
 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 3 
2 DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA 
Este capítulo traz, inicialmente, a caracterização da Bacia do Tocantins-Araguaia no 
que diz respeito a suas principais informações geográficas, como localização, principais rios e 
afluentes. Em seguida, apresenta os resultados da determinação da Área de Influência da 
Bacia, conforme os procedimentos detalhados no Relatório de Metodologia. 
2.1 Localização 
A bacia hidrográfica dos rios Tocantins e Araguaia possui uma área de mais de 960.000 
quilômetros quadrados e abrange os territórios dos estados de Goiás, Tocantins, Pará, 
Maranhão, Mato Grosso e Distrito Federal. É formada por diversos rios. Os principais são 
abordados neste estudo, quais sejam: Rio Tocantins, Araguaia e o Rio das Mortes. 
A hidrovia é gerida pela Administração das Hidrovias do Tocantins e Araguaia 
(AHITAR). Se realizadas as obras de melhoria e viabilidade necessárias, a extensão futura dessa 
hidrovia pode alcançar aproximadamente 3.000 quilômetros, atravessando as regiões Centro-
Oeste e Norte do país, ligando o Brasil Central aos portos de Belém (PA) e Vila do Conde (PA), 
bem como aos de Itaqui (MA) e Ponta da Madeira (MA) através da Estrada de Ferro Carajás 
(EFC), conforme aponta a Agência Nacional de Águas (ANA, 2005). 
Segundo Eiten (1994 apud MACHADO et al, 2008) e Pedroso (2004), a área de 
abrangência da Bacia do Tocantins-Araguaia é caracterizada, em quase sua totalidade, pelo 
bioma do Cerrado, que apresenta clima tropical com precipitação variando de 750 a 2.000 
milímetros por ano, em média. O Cerrado é uma das áreas mais propícias à produção de 
alimentos em todo o mundo devido à intensidade da luz solar e a outros fatores favoráveis, 
como solo, topografia e água. Aproximadamente 18 milhões de habitantes vivem nessa área. 
Considerando esses fatores, a região consiste em uma zona de frente de expansão em 
desenvolvimento, com vasta potencialidade para o crescimento econômico. 
Com uma extensão total de 2.250 quilômetros, a Hidrovia Tocantins-Araguaia é 
navegável em três trechos: no Rio das Mortes (afluente da margem esquerda do Rio Araguaia), 
no Rio Araguaia e no Rio Tocantins. O trecho do Rio das Mortes tem início na cidade de Nova 
Xavantina (MT) e vai até a confluência desse rio com o Araguaia, numa extensão de 580 
quilômetros (BRASIL, 2010a). Há, segundo Oliva (2009), 1.300 quilômetros de potencial 
navegável nessa hidrovia. 
No Rio Araguaia, o trecho navegável vai desde a cidade de Aruanã (GO) até a cidade de 
Xambioá (TO), numa extensão de 1.230 quilômetros. Por fim, no trecho do Rio Tocantins, a 
porção navegável se inicia na cidade de Miracema do Tocantins e vai até a foz do rio, no Pará, 
numa extensão aproximada de 440 quilômetros (BRASIL, 2010b). 
A Figura 1 identifica os três principais rios que compõem a hidrovia discutida. 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
4 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
 
Figura 1 - Principais rios que compõem a Hidrovia Tocantins-Araguaia 
Fonte: LabTrans/UFSC 
2.2 Determinação da Área de Influência 
Nesse item são apresentados os resultados da determinação da Área de Influência da 
Bacia do Tocantins-Araguaia, obtidos de acordo com os procedimentos detalhados no 
Relatório de Metodologia. Ressalta-se que esse foi o procedimento originalmente utilizado 
para encontrar a Área de Influência e posteriormente modificado por não se adequar às 
demais bacias. 
2.2.1 Área Inicial de Estudo 
A Área Inicial de Estudo abrangia 22 estados brasileiros, cujas microrregiões eram 
zonas de tráfego. Devido à localização central da bacia, muitos estados foram incluídos e uma 
grande área inicial foi selecionada. A Figura 2 mostra a distribuição dessas microrregiões. 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 5 
 
Figura 2 - Microrregiões em estudo 
Fonte: LabTrans/UFSC 
Às microrregiões foram acrescidos os principais portos nacionais, de acordo com a 
movimentação nestes. A Tabela 1 mostra a relação desses portos com seus respectivos 
volumes movimentados considerando os valores fornecidos pela Secretaria de Comércio 
Exterior (SECEX)referentes ao ano de 2010. 
Tabela 1 - Movimentação nos principais portos em estudo 
 
Fonte: BRASIL (2011a) 
 
RO
AC
AM
RR
PA
AP
TO
MA
PI
CE
RN
PB
PE
AL
SE
BA
MG
ES
RJ
SP
PR
SC
RS
MS
MT
GO DF
UF Portos Quantidade (milhões de t)
ES Porto de Vitória 125,8
RJ Porto de Sepetiba 106,35
MA Porto do Itaqui 95,46
SP Porto de Santos - Margem direita 69,98
PR Porto de Paranaguá 28,22
RS Porto de Rio Grande 16,31
PA Porto de Vila do Conde 9,78
AL Porto de São Sebastião 8,66
SC Porto de São Francisco 8,43
RJ Porto do Rio de Janeiro 8,35
RS Porto de Porto Alegre 8,21
BA Porto de Aratu 6,48
PA Porto de Santarém 4,09
BA Porto de Salvador 4,08
SC Porto de Itajaí 3,86
AM Porto de Manaus 3,55
PE Porto de Suape 2,83
MS Terminal Hidroviário Interior de Corumbá 2,68
513,13Total
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
6 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
Através da ferramenta “Área de Influência” existente no SIGTAQ e conforme os 
procedimentos detalhados no Relatório de Metodologia, o sistema definiu o melhor porto de 
entrada ou saída dos fluxos para cada microrregião, tendo como variável de impedância o 
custo de transporte. Foram criadas duas malhas para as simulações: uma que não 
contemplava hidrovias e outra em que a hidrovia em estudo estava inserida no sistema. Isso 
permitiu comparar as simulações e identificar as alterações causadas por essa inserção da 
hidrovia. 
O resultado pode ser observado nas figuras que seguem. Cada zona está ilustrada com 
uma cor referente ao porto menos oneroso para ser utilizado. Algumas microrregiões se 
encontram em branco por dois motivos: falta de acesso aos centroides, ou porque o porto de 
destino estava situado no centroide em estudo. 
 
Figura 3 - Área de influência dos portos - cenário sem hidrovias 
Fonte: LabTrans/UFSC 
 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 7 
 
Figura 4 - Área de influência dos portos - cenário com a hidrovia em estudo 
Fonte: LabTrans/UFSC 
2.2.2 Área de Influência Final 
Nas Figuras 3 e 4 foram apresentados os resultados das simulações sem e com a 
presença da Hidrovia Tocantins-Araguaia na malha de transporte. Através da comparação 
entre elas, pode-se verificar que as microrregiões que apresentam mudanças em seus portos 
preferenciais - e, portanto, que sofrem influência da hidrovia - são aquelas relativas ao Porto 
de Vila do Conde (PA) e ao Porto de Itaqui (MA). 
As Figuras 5 e 6 demonstram as microrregiões que sofreram modificação no porto de 
destino final com a inserção da hidrovia e as microrregiões que anteriormente já tinham como 
destino final esses portos. 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
8 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
 
Figura 5 - Microrregiões que sofreram alteração com inserção da hidrovia em estudo 
Fonte: LabTrans/UFSC 
 
 
Figura 6 - Microrregiões que já tinham como destino os portos de Vila do Conde e Itaqui 
Fonte: LabTrans/UFSC 
 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 9 
As microrregiões constantes nas duas imagens anteriores constituíam a área potencial 
para ser adotada como área de estudo da hidrovia. A união das microrregiões que sofrem 
influência dos portos de Vila do Conde e Itaqui com aquelas que sofrem alteração com a 
inserção da hidrovia formam a Área de Influência Final da Hidrovia Tocantins-Araguaia (Figura 
7). 
 
Figura 7 - Área de Influência Final 
Fonte: LabTrans/UFSC 
 
Antes de adotar oficialmente a área da Figura 7 como a Área de Influência da Hidrovia 
Tocantins-Araguaia, foi feita uma comparação dessa área com a área de atuação dos portos de 
Itaqui e Vila do Conde. Nesteestudo, entende-se que dessa “área de atuação” faz parte o 
conjunto de cidades que utilizam tais portos para exportar ou importar suas mercadorias. A 
área de atuação foi construída com auxílio de dados do Ministério do Desenvolvimento, da 
Indústria e do Comércio Exterior (MDIC) concernentes ao ano de 2009 (BRASIL, 2011a). As 
Figuras 8 e 9 mostram a área de atuação obtida e sua sobreposição à Área de Influência Final, 
anteriormente determinada. 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
10 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
 
Figura 8 - Área de atuação dos portos de Vila do Conde e Itaqui 
Fonte: LabTrans/UFSC 
 
 
Figura 9 - Comparação área de atuação versus área de estudo 
Fonte: LabTrans/UFSC 
 
De acordo com a Figura 9, a Área de Influência da Bacia do Tocantins-Araguaia 
mostrou-se coerente para o estudo. 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 11 
3 IDENTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS RELEVANTES PARA ANÁLISE 
Neste capítulo identificam-se quais produtos serão selecionados para a análise de 
fluxos da hidrovia. Inicialmente realizou-se uma quantificação dos fluxos atuais e potenciais de 
transporte que teve como base reuniões com importantes setores atuantes na hidrovia. Em 
seguida, a partir da análise da matriz de dados do Plano Nacional de Logística e Transportes 
(PNLT) e considerando a Área de Influência Final encontrada na etapa anterior, foram 
selecionados os produtos com movimentação mais significativa, ou seja, considerados 
relevantes para este estudo. 
3.1 Quantificação dos fluxos atuais de transporte 
A Tabela 2 mostra a divisão entre os tipos de navegação e a natureza da carga 
transportada na Bacia do Tocantins-Araguaia. Os dados foram retirados do “Anuário Estatístico 
Aquaviário 2011”, de autoria da ANTAQ (2012), o qual considera a movimentação registrada 
nos terminais autorizados pela Agência. Nota-se que para a navegação interior, o segmento de 
carga geral apresenta maior representatividade, enquanto que para a navegação de longo 
curso e cabotagem o tipo de carga mais movimentada vem a ser granel sólido. 
Tabela 2 - Transporte de cargas por tipo de navegação e por natureza da carga 
 
Fonte: ANTAQ (2012) 
A Tabela 3 mostra a quantidade de carga movimentada na Bacia do Tocantins-Araguaia 
em 2011. Nota-se a predominância do transporte de semirreboques baú e de combustíveis - 
que respondem por mais de 86% da movimentação. 
Tabela 3 - Transporte de cargas 
 
Fonte: ANTAQ (2012) 
 
 
Mercadoria Total de cargas (t) % % Acumulado 
Semirreboque baú 2.234.268 69,65% 69,65% 
Combustíveis e óleos minerais e produtos 549.833 17,14% 86,79% 
Veic. Terrestres partes acessor 140.653 4,38% 91,17% 
Gordura, óleos animais/vegetais 126.363 3,94% 95,11% 
Cimento 68.779 2,14% 97,25% 
Caminhão 47.885 1,49% 98,74% 
Produtos químicos orgânicos 11 0,00% 98,74% 
Outros grupos de mercadoria 40.088 1,25% 99,99% 
Total 3.207.878 100,00% 100,00% 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
12 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
3.2 Definição dos produtos relevantes para a Bacia do Tocantins-Araguaia 
Seguindo os procedimentos detalhados no Relatório de Metodologia, foram 
encontrados os totais por produto da matriz do PNLT e a representatividade destes. Para a 
Bacia do Tocantins-Araguaia, foi adotada, como base, a movimentação total no comércio 
nacional e internacional brasileiros. Na Tabela 4 são representados os produtos considerados 
relevantes, que somam 90% do total da movimentação. Esses são os produtos que terão seus 
fluxos analisados, projetados e simulados nos capítulos seguintes. 
Tabela 4 - Representatividade de produtos com base no PNLT ano-base 2004 
 
Fonte: Dados do PNLT (documento reservado) 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 13 
4 DEFINIÇÃO DOS FLUXOS RELEVANTES PARA ANÁLISE 
Depois de identificar os produtos mais relevantes para análise de acordo com as 
etapas descritas no capítulo 3, o próximo passo foi determinar quais fluxos dessas mercadorias 
seriam considerados no estudo. A etapa aqui descrita visou identificar as zonas de origem e 
destino de cada fluxo, além de selecionar as viagens de maior importância para a Bacia do 
Tocantins-Araguaia. 
4.1 Recorte da Matriz do PNLT 
Conforme os procedimentos detalhados no Relatório de Metodologia, a base de dados 
do PNLT foi analisada para que os fluxos da Área de Influência que são de interesse para 
análise fossem determinados, ainda com base nos produtos relevantes definidos no capítulo 
anterior. Esses fluxos podem ser excluídos da matriz por não terem possibilidade lógica de 
utilizar a hidrovia. 
A exclusão de viagens reduz o tamanho das matrizes e diminui os tempos de 
simulação. Dos fluxos de importação, exportação e internos inicialmente selecionados, foram 
retirados aqueles com origens e destinos nos estados presentes no próximo quadro, os quais 
estão listados com suas siglas correspondentes. Também foram excluídos os fluxos inversos 
(TO-PI e PI-TO, por exemplo). O Quadro 1 ilustra esses fluxos excluídos da matriz. 
 
Quadro 1 - Origens e destinos excluídos 
da consulta 
Fonte: LabTrans/UFSC 
 
A Figura 10 é uma representação simplificada dessas viagens excluídas. Considerando 
a Área de Influência da Bacia do Tocantins-Araguaia, verifica-se que foram excluídas as viagens 
dos estados situados a nordeste da hidrovia. 
PI
CE
MT
AP
PI
PI
CE
MT
AP
PI
CE
CE
PI
CE
Estado Origem Estado Destino
TO
TO
MA
MA
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
14 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
 
Figura 10 - Representação das viagens excluídas da matriz 
Fonte: LabTrans/UFSC 
 
Devido à importância desse fluxo, foram incluídos na consulta os pares com origem na 
microrregião de Manaus e qualquer destino no estado de São Paulo, sendo que o inverso 
também foi adicionado (origens no estado de São Paulo, destino em Manaus). 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 15 
5 PROJEÇÃO DOS FLUXOS DE COMERCIALIZAÇÃO E TRANSPORTE 
Este capítulo trata da caracterização socioeconômica da Área de Influência, dos 
resultados das projeções de demanda da Área de Influência e da alocação da carga total da 
Hidrovia Tocantins-Araguaia. As projeções de demanda - cujos resultados estão descritos nas 
seções 5.2 e 5.3 - se referem a todas as cargas movimentadas, em qualquer modal de 
transporte, na Área de Influência da hidrovia. Uma vez obtida a estimativa do total da carga, a 
malha de transporte é carregada e obtém-se, por minimização de custos logísticos, a carga 
alocada à Hidrovia Tocantins-Araguaia (seção 5.4). 
5.1 Caracterização socioeconômica 
Os rios Tocantins e Araguaia atravessam as regiões Centro-Oeste e Norte, além de 
margearem a região Nordeste, banhando terras dotadas de riquezas minerais e com 
característica natural para a agropecuária. Esses são fatores determinantes para o transporte 
com baixo custo da produção, pois há possibilidade de direcioná-la do Centro-Oeste até os 
portos do Pará, localizados de forma privilegiada em relação aos mercados internacionais 
(ANTAQ, 2011). 
A movimentação de cargas na Hidrovia Tocantins-Araguaia é ainda incipiente, já que as 
condições de navegabilidade se estendem apenas por um período do ano. Entretanto, devido 
à sua extensão e possibilidade de aproximação com os portos de Belém e São Luís - portas 
para a ligação com os países do norte -, é a hidrovia com maior perspectiva de evolução 
econômica no país (CREPALDI, 2010). 
A década de 1960 marcou o início da expansão da fronteira agrícola na região, com 
grande produção de soja, arroz e milho. Atualmente, mostram-se importantes a produção de 
frutas (abacaxi, melancia e mamão) e madeira. O investimento do governo em irrigação 
favorecerá o desenvolvimento da agricultura. 
Outros destaques são a produção de ouro proveniente de Carajás (PA), representando 
50% da produção nacional, e as reservas de cobre, níquel, bauxita, amianto, ferro,prata, 
cassiterita e manganês (BRASIL, 2010). 
Em fevereiro de 2007, foram movimentadas 24 mil toneladas de produtos 
por essa bacia. Dentre as cargas movimentadas pode-se destacar produtos 
agrícolas, derivados de petróleo, fertilizantes, produtos siderúrgicos e álcool. 
A estimativa de movimentação para o ano de 2020 é de 10 milhões de 
toneladas por ano (ANTAQ, 2008). 
 
Para atender a essa demanda, o corredor dispõe de um sistema intermodal de 
transporte, com predominância do sistema rodoviário. O aproveitamento hidroviário da região 
se dá pela Hidrovia Tocantins-Araguaia. No entanto, para a exportação dos graneis sólidos do 
agronegócio, a hidrovia só representará uma alternativa concreta após a extensão de seus 
trechos navegáveis. 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
16 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
Os dados correspondentes ao ano de 2009 indicam que, em Goiás, o setor de serviços 
representou 59% do PIB do estado (IBGE, 2012). A agropecuária também é uma atividade 
muito importante para a região, uma vez que a produção de carnes e grãos impulsiona a 
exportação estadual. A pecuária se encontra em constante expansão, de modo que o estado 
goiano possui o quarto maior rebanho bovino do país (FERREIRA, 2009). 
O Mato Grosso teve 54,5% de participação do setor de serviços no PIB estadual, 
seguido da agropecuária, com 28,6%. O estado do Centro-Oeste é o maior produtor de soja do 
país (IBGE, 2012). Em 2008, passou a ser o primeiro em maior rebanho do país, ainda com 64% 
do território preservado (VARGAS, 2009). 
Os dados referentes ao Distrito Federal são bastante expressivos, já que este possui 
93% de seu PIB constituído pelo setor de serviços, sendo praticamente nula a participação do 
setor primário (IBGE, 2012). 
No Maranhão, 68,1% do PIB do estado correspondem ao setor de serviços, tendo 
como maior peso o comércio, de acordo com o Instituto Maranhense de Estudos 
Socioeconômicos e Geoprocessamento (IMESC, 2011). Da mesma forma, no Tocantins, no 
mesmo período, o setor de serviços também foi o de maior participação no PIB estadual, com 
56,6%. 
Por fim, o Pará se diferencia um pouco dos demais estados analisados, pois os quase 
30% de participação do setor industrial no PIB do estado indicam que há um forte viés nesse 
sentido. O quadro se acentua quando considerado que em 2012 esse setor paraense foi o que 
mais cresceu no país no início do ano, segundo pesquisa do IBGE (INDÚSTRIA..., 10/04/2012). 
As áreas de influência contígua e ampla apresentam forte potencial de produção, 
sendo a hidrovia uma opção vantajosa para o seu escoamento. Isto indica perspectivas de 
aumento da movimentação caso os investimentos em infraestrutura sejam realizados. As 
projeções são elaboradas com base nesse potencial. 
5.2 Resultados da projeção de demanda da área contígua à Hidrovia 
Tocantins-Araguaia 
Neste item descrevem-se os resultados obtidos a partir do modelo de expansão de 
demanda para a área das microrregiões contíguas à Hidrovia Tocantins-Araguaia. A Figura 11 
ilustra as regiões da chamada área contígua à hidrovia, bem como a Área de Influência total da 
Hidrovia Tocantins-Araguaia. 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 17 
 
Figura 11 - Área contígua e área total de influência 
Fonte: LabTrans/UFSC 
 
A Tabela 5 expõe os principais produtos exportados e importados na Área de Influência 
contígua da hidrovia em 2010 e suas projeções para os anos de 2015, 2020, 2025 e 2030. 
Tabela 5 - Volume exportado e importado (t) por produto nos anos 2010 e 2030 
 
Fonte: BRASIL (2011a) 
Na Tabela 5, é possível identificar as cargas que já são movimentadas na área contígua 
à hidrovia, assim como as cargas que possuem potencial de movimentação futura, como o 
minério de ferro, animais vivos, produtos siderúrgicos e carvão mineral. 
Produtos 2010 2015 2020 2025 2030
Produtos siderúrgicos 3.437.500 6.768.598 10.937.500 15.109.950
Gusa e ferro-ligas 1.208.875 1.326.884 1.591.793 1.822.752 2.040.211
Soja 2.707.632 4.323.378 6.432.484 8.250.502 10.080.135
Minério de ferro 15.000.000 1.620.697 1.750.000 1.879.031
Animais vivos 73.521 87.385 105.747 122.723
Produtos de Exploração vegetal 244.382 240.791 258.430 436.379 613.763
Milho 674.769 751.682 1.119.004 1.549.328 1.970.918
Manganês 1.619.937 1.980.729 2.421.212 2.960.226 3.518.800
Fertilizantes 689.594 1.131.009 1.790.615 2.439.321 3.123.065
Carvão mineral 1.998.547 3.935.231 6.359.012 8.784.855
Exportações
Importações
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
18 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
Os resultados descritos na tabela anterior indicam que até 2015 há um predomínio das 
exportações de soja nas microrregiões próximas à hidrovia. Porém, a partir desse ano, as 
exportações de produtos siderúrgicos ultrapassam esses valores. Destacam-se, ainda, os 
aumentos de exportação de manganês e ferro-ligas, mesmo que em menor quantidade. Entre 
os produtos de importação, pode-se notar maior significância dos fertilizantes e carvão 
mineral, sendo este último o de maior crescimento ao longo do período analisado. A Figura 12 
relaciona os principais produtos movimentados na Hidrovia Tocantins-Araguaia em 2010 e 
previstos para 2030. 
 
Figura 12 - Principais produtos movimentados em comércio exterior pelas regiões da área contígua 
à Hidrovia Tocantins-Araguaia em 2010 e 2030 
Fonte: BRASIL (2011a) 
 
É possível observar que as participações relativas no total da movimentação das 
regiões contíguas à hidrovia se alteram significativamente. O marketshare da movimentação 
de produtos siderúrgicos é o que mais aumenta, enquanto os da soja, do manganês e do ferro-
gusa reduzem suas participações relativas - apesar de a soja continuar tendo grande 
importância nas movimentações. A participação de carvão mineral e de minério de ferro 
também aumenta, com o primeiro apresentando significativa relevância em relação ao total. 
Os produtos referentes à projeção de demanda da área fortemente influenciada pela 
hidrovia serão descritos a seguir. 
Soja 
Os potenciais tipos de soja a serem transportados pela Hidrovia Tocantins-Araguaia 
são soja para semeadura, grãos de soja, farinha de soja, sêmola, farelos e outros resíduos. 
Entre as microrregiões avaliadas, o grande destaque fica para as do estado do Mato Grosso, 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 19 
principalmente para Canarana e Primavera do Leste, que produzem acima de um milhão de 
toneladas de soja cada (1.635,536 toneladas e 1.121,100 toneladas, respectivamente) (IBGE, 
2012). 
A soja, por ser uma commodity, pode ser classificada como um bem normal. Isto 
significa que em relação à elasticidade-renda da demanda, um aumento na renda estimula um 
aumento da demanda pelo produto. Sendo assim, pelo fato de a tendência futura ser de um 
aumento na renda dos países devido aos avanços tecnológicos e à globalização, haverá uma 
maior demanda por alimentos, vestuário, aparelhos domésticos, entre outros bens normais, 
grupo no qual se encaixa a soja. A Figura 13 indica a projeção de soja para o período 2011 a 
2030. 
 
Figura 13 - Observação (1997 - 2010) e Projeção (2011 - 2030) de soja e do PIB da China 
Fonte: BRASIL (2011a); The Economist Intelligence Unit (2012) 
 
Pode-se inferir da Figura 13 que há um grande crescimento da demanda de soja que, 
dentre outros motivos, deve-se ao aumento dos PIBs das regiões, dos países importadores do 
produto e ao câmbio. Observa-se que a elevação do PIB chinês confirma a tendência de 
crescimento desse produto em todo o período projetado, uma vez que a China é um dos 
principais destinos desse grão. A Oil World, uma consultoria especializada em oleaginosas, com 
sede em Hamburgo, afirmou em 2011 que “A dependência da China por importação de soja já 
chegou a proporções alarmantes e deverá aumentar ainda mais em 2011/12, devido ao 
declínio da produção doméstica e ao aumento da demanda” (CHINA...,2011). 
Minério de ferro 
O minério de ferro tem seu principal uso na fabricação de aço e ferro fundido, mas 
também é utilizado nas indústrias de ferros-liga e cimentos. Suas maiores reservas se 
encontram em Minas Gerais, mas também são representativas as de Mato Grosso do Sul e do 
Pará. Entre as variedades transportadas nas proximidades da Hidrovia Tocantins-Araguaia, 
estão o minério de ferro não aglomerado e seus concentrados e o minério de ferro 
aglomerado e seus concentrados. 
0
10
20
30
40
50
60
0
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ilh
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PIB China Observado Projetado
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
20 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
Na área de atuação da Hidrovia Tocantins-Araguaia, a participação da empresa Vale é 
de fundamental importância, já que a maior parte da produção da região do Pará é originada 
de sua mina na Serra de Carajás. Tal produção dificilmente utilizará a hidrovia, pois a Vale faz 
uso da Estrada de Ferro Carajás (EFC) para escoar os itens produzidos exclusivamente no Pará 
até o Porto da Ponta da Madeira, localizado em São Luís, capital do Maranhão. Atualmente a 
EFC está em obras de expansão que visam a duplicação de 625 quilômetros dos 892 
quilômetros. 
Para estimativa da possível movimentação de minério de ferro na hidrovia, 
consideraram-se tanto as informações disponibilizadas por empresas de menor porte que não 
possuem logística privilegiada como a Vale quanto a taxa de crescimento anual projetada para 
a demanda de exportação de minério de ferro (Figura 14). 
 
Figura 14 - Movimentação de carga de minério de ferro no período de 2011 - 2030 
Fonte: BRASIL (2011a) 
 
Percebe-se, a partir da projeção, que a tendência é o aumento das exportações de 
minério de ferro nas próximas décadas, o que pode ser justificado por uma maior demanda 
causada pelo avanço tecnológico e crescimento populacional. Um maior desenvolvimento 
tecnológico implica em uma maior utilização de insumos básicos para a produção industrial, 
assim como na sua utilização na construção civil. Espera-se que a demanda atinja cerca de 1,9 
milhões de toneladas ao fim do período projetado. 
Ferro-gusa 
O ferro-gusa é um insumo fundamental para a fabricação do aço. Trata-se de um 
composto formado por ligas de ferro e carbono, contendo silício, manganês, fósforo e enxofre. 
Ele é transformado em aço líquido através da utilização de fornos, em um processo que retira 
suas impurezas. 
O ferro-gusa a ser transportado na Hidrovia Tocantins-Araguaia é subdividido em ferro 
fundido bruto não ligado, ligas de ferro fundido bruto e ferro spiegel. A microrregião que mais 
se destaca na sua produção é Belém (PA). 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 21 
 
Figura 15 - Movimentação de carga de ferro-gusa nos anos de 2010 - 2030 
Fonte: BRASIL (2011a) 
 
A exportação de ferro-gusa possui tendência de aumento a partir de 2014. Isso pode 
ser explicado pela demanda das indústrias automobilísticas, aeronáuticas, navais, bélicas e de 
construção civil, as principais responsáveis pelo consumo de aço em grande escala. São 
também representativos os setores de eletrônica e comunicações, cujo consumo de metal, 
apesar de quantitativamente inferior, tem alta importância para a economia contemporânea. 
Produtos siderúrgicos 
Os produtos siderúrgicos são de grande representatividade na Hidrovia Tocantins-
Araguaia. Fazem parte desse setor: ferro-ligas, desperdícios e resíduos de ferro fundido, aços 
inoxidáveis, pós de ligas de aço e ferro, ferro e aço em lingotes, outros produtos 
semimanufaturados de ferro e aço, lâminas de ferro e aço, perfis de ferro e aço, lâminas de 
aço inox, trilhos de aço, acessórios para tubos, torres e pórticos, portas e janelas, latas de ferro 
e aço, telas metálicas, correntes, tachas de ferro, ganchos, porcas, rebites, agulhas, molas e 
artefatos domésticos. 
Devido à sua maior durabilidade e resistência em relação ao ferro, o aço é utilizado de 
forma crescente na construção civil, na produção de eletrodomésticos e automóveis. A 
produção do aço acontece em três etapas e utiliza como matérias-primas, principalmente, o 
minério de ferro e o carbono. 
A primeira etapa da produção do aço consiste em sua redução, quando o carvão e o 
oxigênio se associam em altas temperaturas (provocadas pelo carvão mineral em forma de 
combustível), deixando o ferro livre de impurezas. Após essa etapa, o minério é transformado 
em pelotas e o carvão em coque. O ferro, por sua vez, se liquefaz, transformando-se em ferro-
gusa. As impurezas do processo são chamadas de escória, matéria-prima para a produção do 
cimento CPII E 32. As quantidades necessárias de minério de ferro e de carvão para a produção 
de uma tonelada de aço são, respectivamente, 1,6 e 0,62 toneladas. No processo de redução, 
o manganês também é utilizado como agente dessulfurante e deoxidante, como o carvão 
mineral. São necessários 12 quilogramas de manganês para a produção de uma tonelada de 
aço. 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
22 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
A segunda etapa é a refinação: ocorre quando o ferro-gusa, em estado líquido, é 
transformado em aço através da queima de impurezas e adições. A terceira etapa, por fim, é a 
laminação: ocorre quando o aço é solidificado e transformado em diferentes produtos 
siderúrgicos, como bobinas, arames, barras, chapas grossas ou finas, vergalhões. 
A alta variedade de produtos que utilizam o aço acarreta uma grande demanda por 
diferenciadas composições e formas. De acordo com sua aplicação, são empregados aços 
carbono - que possuem baixos teores de elementos como Ni, Mo, Sn, W, Ti, entre outros - ou 
aços ligados, com altos teores de tais elementos. 
A crescente busca brasileira pela agregação de valor aos produtos exportados torna 
maior a expectativa de aumentos na produção do aço visando à exportação, em detrimento da 
exportação do minério de ferro. Essas expectativas são confirmadas pela atual presidenta 
Dilma Roussef, que acredita na necessidade do país de aumentar sua capacidade produtora de 
aço para os fins expostos acima. Para atingir esse objetivo, o governo aumentará os impostos e 
financiará altos investimentos no setor siderúrgico brasileiro (GOVERNO..., 2011). Além de 
outros quatro grandes projetos está a construção da Aços Laminados do Pará (ALPA), por 
intermédio da Vale, uma iniciativa de mais de três bilhões de dólares (ORSOLINI, 2011). 
A ALPA está sendo construída na cidade de Marabá, no Pará, e deve iniciar suas 
atividades em 2014. Acredita-se que a empresa terá potencial para a produção de 2,5 milhões 
de toneladas de placas de aço, dos quais 1,85 milhões serão exportados. Há expectativa, ainda, 
de que 18,5 milhões de toneladas de aço bruto sejam produzidas nos próximos quatro anos 
(DEPOIS..., 2010). O projeto acontece juntamente com investimentos em infraestrutura para o 
escoamento da produção, incluindo rodovias, a Estrada de Ferro Carajás e um terminal fluvial 
no Rio Tocantins. Esse terminal auxiliará no recebimento das importações de carvão e no 
escoamento de produtos siderúrgicos produzidos na região (VALE..., 2010). 
É importante frisar que as expectativas de aumento da capacidade produtiva brasileira 
de aço têm impactos diretos, também, na importação do carvão mineral e na extração e 
utilização do minério de ferro e manganês. Sendo assim, a Figura 16 permite inferir que há 
uma tendência de crescimento das exportações de produtos siderúrgicos nas próximas 
décadas. 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 23 
 
Figura 16 - Movimentação de carga projetada de produtos siderúrgicos 
para o período de 2011 - 2030 
Fonte: BRASIL (2011a)Manganês 
O transporte do manganês na Hidrovia Tocantins-Araguaia engloba os seguintes 
segmentos desse produto: minérios de manganês aglomerados e concentrados; manganês 
bruto; chapas; folhas; fios e hastes; desperdícios e resíduos de manganês; e outros minérios de 
manganês. 
Conforme mencionado anteriormente, uma característica importante do minério de 
manganês é seu uso para a produção de aço. Desse modo, há uma relação direta entre a 
demanda de aço e de manganês. Tendo isso em vista, como a tendência das exportações de 
ferro-gusa para os próximos anos é aumentar (insumo importante para a fabricação do aço, 
como foi visto anteriormente), percebe-se movimento similar no caso das exportações de 
manganês no mesmo período - como pode ser visto na Figura 17. No Pará, importante estado 
na área da hidrovia, há grandes reservas de manganês, sendo destaques as mineradoras 
Buritirama e Vale na cidade de Marabá (PA). 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
24 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
 
Figura 17 - Movimentação de carga de manganês no período 2010 - 2030 
Fonte: BRASIL (2011a) 
Milho 
Um dos produtos transportados pela Hidrovia Tocantins-Araguaia é o milho, cujas 
nomenclaturas comuns do Mercosul englobam milho para semeadura, milho em grão, milho 
que não em grão, sêmolas, farelos e outros resíduos. 
As microrregiões dos estados do Mato Grosso, Pará, Goiás, Maranhão e Tocantins que 
mais produziram esse produto agrícola (em toneladas) no ano de 2009 foram Alto Teles Pires e 
Parecis, ambas no Mato Grosso, e a microrregião do Sudoeste de Goiás. 
Produtos da exploração florestal 
Os produtos da exploração florestal e da silvicultura que podem ser futuramente 
transportados na hidrovia são classificados em variedades: madeiras de coníferas e não 
coníferas, serragem, carvão vegetal, madeiras tropicais, folhas e painéis de madeira, madeira 
compensada, paletes, barris, ferramentas, formas, portas e janelas de madeira, artefatos para 
mesa e cozinha, estatuetas, cabides e colmeias artificiais. 
Segundo o IBGE (2012), o Pará é o principal estado produtor de madeira e também o 
que concentra o maior número de empresas madeireiras, seguido do Mato Grosso. Já o 
Maranhão está entre os estados de grande relevância na produção de carvão vegetal, e a 
cidade de Açailândia (MA) é de grande destaque. Os três estados fazem parte da Área de 
Influência da Hidrovia Tocantins-Araguaia, conforme mostrado no capítulo 2 deste relatório. 
Animais vivos 
A Hidrovia Tocantins-Araguaia apresenta potencial para a movimentação de animais 
vivos. Os rebanhos destacados nessa categoria são de equinos, bovinos, suínos, ovinos e 
caprinos. Além disso, também são incluídas aves (galos, galinhas, patos, avestruzes, aves de 
rapina e psitaciformes, entre outros), mamíferos vivos, répteis e sêmen animal. 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 25 
Ao contrário da oferta de pastagens, por exemplo, a demanda é bastante instável e 
influenciada principalmente pelas crises econômicas, como a de 2008, quando se registrou 
uma grande queda das exportações brasileiras - sendo fatores de destaque as condições 
fitossanitárias encontradas e a procura por parte de países árabes, que preferem ter os 
animais abatidos de acordo com os preceitos religiosos do abate “halal”. O Norte do país se 
destaca nesse segmento devido à redução da distância e do frete, que passa de 22 dias saindo 
de Rio Grande para 17 dias saindo de Belém. 
Fertilizantes 
Os principais fertilizantes que possuem potencial para serem transportados na 
Hidrovia Tocantins-Araguaia são adubos e fertilizantes de origem animal e vegetal, mineral e 
química, que englobam fosfatos de cálcio, monocloretos e dicloretos de enxofe, sulfitos de 
sódio, tiossulfatos, nitratos de potássio, cálcio e bismuto, fosfatos, carbonatos, ureias, 
superfosfatos, lixos municipais, entre outros. 
 
Figura 18 - Movimentação de carga de fertilizantes no período de 2009 - 2030 
Fonte: BRASIL (2011a) 
 
Como pode ser visto na Figura 18, a movimentação de fertilizantes na área contígua à 
hidrovia deve seguir uma trajetória de crescimento, passando de 690.000 toneladas, em 2010, 
para 3,1 milhões de toneladas em 2030. Isso significa um aumento de 353% nas importações 
de fertilizantes na região. 
Os avanços tecnológicos obtidos nas diversas esferas da produção influenciam o 
aumento das importações de insumos industriais, sendo um deles os fertilizantes. Estes são 
empregados tendo em vista maior produtividade agrícola. O Ministério da Agricultura propôs o 
Plano Nacional de Fertilizantes com o objetivo de diminuir a dependência externa brasileira de 
matérias-primas, estimulando a produção interna. Esse Plano foi colocado em prática na 
década de 2000 e tinha como estratégia buscar novas jazidas de fósforo e potássio. Apesar 
disso, os fertilizantes ainda são, e permanecerão, segundo a projeção acima, importantes 
produtos da pauta de importação brasileira. 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
26 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
Carvão Mineral 
O carvão mineral também se apresenta como um produto relevante para a 
movimentação da Hidrovia Tocantins-Araguaia. É um combustível fóssil que se origina a partir 
da matéria orgânica de vegetais depositados em bacias sedimentares. Quanto mais alta a 
pressão e temperatura às quais tal matéria é submetida, maior o grau de carbonificação. Os 
diferentes graus de carbonificação implicam na classificação do carvão mineral em quatro 
variedades: turfa, linhito, hulha e antracito, em ordem decrescente de carbonificação. 
Sua utilização se dá principalmente na siderurgia como matéria-prima para o aço, que 
requer carvão de alta qualidade, e na produção de energia, na qual a utilização do linhito já é 
possível. Em razão da região de influência da hidrovia ser produtora de aço, o carvão utilizado 
na área é importado principalmente da Austrália, Rússia, Estados Unidos, Colômbia e África do 
Sul. 
As altas expectativas com relação à produção de aço na região influenciam fortemente 
as importações do produto e também a futura demanda por este na área contígua à Hidrovia 
Tocantins-Araguaia. A relação entre a produção de aço e carvão, de acordo com a Vale do Rio 
Doce, é de 0,62 toneladas de carvão para a produção de uma tonelada de aço. Em função 
dessa relação entre os insumos, nota-se uma tendência de aumento da demanda de 
importações de carvão mineral nas próximas décadas. A projeção indica que em 2030 serão 
importadas 8,8 milhões de toneladas (Figura 19). 
 
Figura 19 - Movimentação de carga de carvão mineral no período 2011 - 2030 
Fonte: BRASIL (2011a) 
5.3 Resultados da projeção de demanda da Área de Influência total da 
Hidrovia Tocantins-Araguaia 
Após detalhar os resultados da projeção da área contígua à Hidrovia Tocantins-
Araguaia, estes podem ser agregados à projeção inicial do PNLT. Isto evidencia que as 
projeções para as microrregiões do PNLT da região contígua são substituídas pela projeção da 
mesma área calculada pela metodologia alternativa, enquanto a projeção do restante das 
microrregiões da Área de Influência continua inalterada. Como descrito na metodologia, a 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 27 
mescla dessas duas projeções resulta na projeção modificada da demanda total das 
microrregiões consideradas como potencial de carga. 
Em termos quinquenais, os resultados dessa projeção total estão apresentados na 
Tabela 6, a seguir. Por razões de processamento (diferentes classificações de produtos entre 
ANTAQ e PNLT), a tabela não apresenta grupos de produtos iguais aos da área contígua, 
dispostos na Tabela 5. 
Tabela 6 - Projeção quinquenal da demanda de cargas, por grupo de produtos na Área de Influência 
total da Hidrovia Tocantins-Araguaia - 2010-2030 (t) 
 
Fonte: BRASIL (2011a); dados do PNLT (documento reservado) 
 
Através da análise dos resultadostotais da projeção, nota-se que o principal produto 
movimentado na área total de influência da Hidrovia Tocantins-Araguaia é o minério de ferro, 
com participação de 71,2% em 2010. A demanda de minério é decorrente da empresa Vale do 
Rio Doce, mais especificamente de sua mina na Serra de Carajás. Apesar de apresentar 
aumento da demanda, sua participação deve cair de 71% a 62,2% ao final do período 
compreendido entre 2010 e 2030. 
São cargas importantes os produtos do complexo da soja (grão, óleo e farelo); as 
cargas gerais diversas movimentadas em contêineres, milho e ferro-gusa. A soja em grão, que 
representava 5,9% em 2010, teve sua participação aumentada para 10,5% em 2030, 
apresentando um crescimento total de 248%. 
Destaca-se, ainda, o crescimento da demanda projetada de carvão mineral, a maior 
dentre todas as cargas. Em 2010, essa carga representou 0,3% da movimentação total da área 
de influência da hidrovia. Foi projetada uma demanda vinte vezes maior em 2030, ano em que 
o carvão mineral deve representar 3,5%. Esse crescimento está relacionado à produção de aço 
pela Vale, como já exposto anteriormente. 
Produtos 2010 2015 2020 2025 2030
Minério de ferro 90.295.924 116.490.820 155.332.729 153.963.605 154.092.636 
Soja em grão 7.450.561 11.226.050 12.350.222 14.473.368 25.941.932 
Carga Geral 7.168.255 8.322.635 10.340.206 12.529.673 14.661.184 
Óleo de soja em bruto e tortas, bagaços e farelo de soja 5.008.092 8.602.850 16.039.305 19.242.243 13.976.273 
Milho em grão 3.850.898 4.759.270 4.397.964 3.833.878 5.036.349 
Gusa e ferro ligas 3.077.410 1.326.884 4.343.533 5.292.708 6.187.884 
Manganês 1.686.590 1.980.729 2.421.212 2.960.226 3.518.000 
Óleos de milho, amidos e féculas vegetais e rações 1.540.723 1.193.738 1.396.855 1.549.424 1.591.540 
Minerais não-metálicos 1.252.269 1.406.230 1.708.664 2.104.525 2.575.009 
Bovinos e outros animais vivos 1.241.206 1.479.363 1.751.169 2.028.334 2.234.904 
Fertilizantes 738.461 1.131.009 1.790.615 2.439.321 3.123.065 
Produtos da exploração florestal e da silvicultura 670.675 768.659 974.208 1.121.304 1.126.658 
Produtos químicos inorgânicos 595.652 525.768 641.799 783.213 945.390 
Semi acabacados, laminados planos, longos e tubos de aço 463.664 866.274 705.636 599.448 601.434 
Carvão mineral 436.047 1.998.547 6.359.012 6.359.012 8.784.855 
Outros produtos e serviços da lavoura 414.619 380.231 485.808 587.675 817.990 
Cimento 351.644 336.210 423.466 419.538 255.508 
Leite de vaca e de outros animais 307.061 422.666 572.286 725.439 850.053 
Minerais metálicos não-ferrosos 130.862 307.570 554.317 848.325 1.175.798 
Animais Vivos 64.909 73.521 87.385 105.747 122.723 
Outros produtos do refino de petróleo e coque 41.029 71.525 102.260 141.993 190.203 
Total 126.786.550 163.670.547 222.778.650 232.108.996 247.809.389 
Relatório Técnico Bacia do Tocantins-Araguaia 
28 ANTAQ/UFSC/LabTrans 
Percebe-se que há uma tendência de acréscimo na movimentação da área de 
influência da hidrovia ao longo do período analisado. Apenas o cimento chega ao final do 
período, 2030, com demanda inferior a 2010. 
5.4 Resultados da alocação da carga total para a Hidrovia Tocantins-Araguaia 
Os itens anteriores apresentaram a estimativa da projeção de demanda de carga para 
a Área de Influência da Hidrovia Tocantins-Araguaia - a qual é resultado da projeção do PNLT 
(interpolada e ajustada para os novos horizontes de planejamento) e de uma nova estimativa 
para a movimentação de cargas na denominada área contígua à hidrovia (obtida a partir de 
fluxos de comércio exterior). 
A partir dessa movimentação total de carga na área de influência, o passo seguinte, em 
termos de perspectivas da hidrovia, é proceder à alocação da carga no modal mais eficiente, 
considerando a origem e o destino da carga. O capítulo 9 (Simulação dos Projetos) do Relatório 
de Metodologia relata o procedimento de carregamento da malha de transporte, que segue o 
princípio de minimização do custo logístico. Nesse sentido, todas as cargas projetadas na área 
total de influência da Hidrovia Tocantins-Araguaia são alocadas ao modal mais eficiente do 
ponto de vista do custo logístico. 
A Tabela 7 apresenta os resultados da comparação da projeção de demanda com a 
carga alocada na hidrovia durante a etapa de simulação. Tais resultados referem-se à 
movimentação total da Hidrovia Tocantins-Araguaia considerando os diferentes horizontes de 
planejamento. É importante notar que esta é a carga total transportada pela hidrovia em cada 
ano, independentemente da distância percorrida. Isto é, a carga alocada refere-se ao volume 
total transportado, em toneladas, indistintamente da origem e destino1. No capítulo 7 deste 
relatório serão apresentados os resultados de carregamento organizados por terminais, por 
grupo de produto e por trecho de hidrovia. 
 
1
Uma alternativa é ponderar o volume transportado pela distância percorrida e referir o resultado em tku 
(tonelada-quilômetro útil). Esse procedimento está além do escopo deste estudo e dificultaria a comparação da 
carga alocada com a demanda projetada. 
Bacia do Tocantins-Araguaia Relatório Técnico 
ANTAQ/UFSC/LabTrans 29 
Tabela 7 - Projeção quinquenal da carga alocada, por produtos, para a Hidrovia Tocantins- 
Araguaia - 2015-2030 (t) 
 
Fonte: BRASIL (2011a); dados do PNLT (documento reservado) 
Como pode ser visto na Tabela 4, em 2015 foram alocadas 9,6 milhões de toneladas de 
cargas na Hidrovia Tocantins-Araguaia. Ao final do período de projeção, 2030, espera-se que a 
hidrovia transporte 33,8 milhões de toneladas, o que representa um crescimento total de 
252%. 
As cargas mais importantes para a Hidrovia Tocantins-Araguaia, em 2015, deverão ser 
os produtos do complexo da soja e o carvão mineral, com participação de 36,1%. Juntos 
devem representar 76% da movimentação da hidrovia. 
A partir de 2020, é possível notar o desaparecimento do óleo e do farelo de soja na 
movimentação da hidrovia. Apenas o grão de soja será movimentado, passando de 2,8 milhões 
em 2015 para 12,2 milhões em 2030. Esse crescimento da demanda faz elevar a participação 
do grão de soja na movimentação total da hidrovia. Se em 2015 a participação deve ser de 
29,0%, em 2030 deverá ser de 36,1%. Exceto pelo óleo e o farelo de soja, nenhuma outra carga 
deve apresentar redução na movimentação entre 2015 e 2030. 
As cargas gerais diversas movimentadas em contêineres (carga geral, nas tabelas 3 e 4) 
ganham bastante participação na movimentação total da rodovia entre 2015 e 2030. Sua 
participação passa de 7,1%, em 2015, para 16,4% em 2030. 
É importante ressaltar a existência de cargas novas na hidrovia, que não são 
atualmente transportadas por esta, como as classificadas como “animais vivos”, carvão 
mineral, cimento e outros produtos do refino de petróleo e coque. Aqui, destaca-se o carvão 
mineral, cuja participação sai de zero em 2010, alcança 20,8% em 2015 e 26,0% em 2030,

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