Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Jevons – teoria da utilidade O problema da economia é maximizar o prazer; satisfazer ao máximo nossas necessidades com o mínimo de esforço. Grande parte do trabalho de qualquer comunidade é empregada na produção dos gêneros de 1º necessidade e das conveniências comuns da vida: comida, vestuário, prédios, utensílios, mobílias, etc. Bem: Qualquer objeto, substância, ação ou serviço que é capaz de proporcionar prazer ou afastar sofrimento. Utilidade: Tudo aquilo que um indivíduo deseja e trabalha para obter, tem utilidade para ele; significa a qualidade abstrata que torna um objeto apropriado para nossos fins, caracterizando-o como um bem; a faculdade que tem as coisas de servir ao homem, qualquer que seja a maneira; Para Bentham, por utilidade se entende aquela propriedade de qualquer objeto pela qual ele tende a produzir benefício/ prazer e evitar danos/ sofrimento. As leis das necessidades humanas ➢ Teoria do consumo da riqueza J. S. Mill discorda desta teoria. Para ele, a economia política não tem relação com o consumo da riqueza, apenas com sua produção e distribuição. Para ele consumo é prazer humano. Mas Jevons diz que é obvio que a economia se baseia de fato nas leis do prazer humano, pois, só trabalhamos para produzir com o objetivo de consumir, e, as espécies e quantidades dos artigos produzidos devem ser determinadas em relação ao que queremos consumir; ele fala que o sucesso do fabricante depende dessa antecipação (de antecipar os gostos e as necessidades de seus clientes). Senior fala da lei da variedade das exigências humanas: as necessidades da vida são poucas e simples, mas o homem estende o âmbito do seu prazer; cada vez seus gostos se tornam mais insaciáveis e aumentam com cada progresso da civilização. Muitos outros economistas também observaram que as necessidades humanas são o objeto supremo da economia. “A necessidade econômica é um desejo que tem por objetivo a posse e a função de um objeto material” (Courcelle Seneuil) -> problema da economia: satisfazer as nossas necessidades com a menor soma de trabalho possível. Jevons cita T.E. Banfield, que concorda que a base científica da economia está em uma teoria do valor do consumo. Banfield diz que o homem perece das necessidades mais baixas juntamente com os irracionais; ele sente fome e frio, mas essa privação é pior para o home do que para os irracionais, por que o homem têm a consciência de que não precisa passar por essas coisas – se sujeitar a essas imposições. A experiência mostra que tipos diversos de privação afetam os homens em graus diferentes, de acordo com as circunstâncias em que se encontram; é sobre uma base complexa de baixas necessidades e altas aspirações que um economista político tem de construir a teoria da produção e do consumo. A primeira proposição da teoria do consumo é a de que a satisfação de toda a necessidade inferior na escala cria um desejo de caráter mais elevado. A eliminação de uma necessidade primária desperta geralmente a percepção de mais de uma privação secundária. A utilidade não é uma qualidade intrínseca A utilidade apesar de ser uma qualidade das coisas, não é uma qualidade inerente; é uma circunstância das coisas que surge da relação destas com as exigências do homem. Senior -> a utilidade não denota nenhuma qualidade intrínseca às coisas que chamamos de úteis, apenas expressa a relação delas com os sofrimentos e os prazeres da humanidade. Jevons diz que jamais podemos dizer de forma absoluta que determinados objetos têm utilidade e outros não. Por exemplo, o trigo não ceifado não possui nenhuma utilidade; as variedades de alimento mais completas e necessárias são inúteis se não houver mão que as coletes e bocas que a comam. Também não podemos dizer que todas as porções do mesmo bem possuem igual utilidade; o autor dá o exemplo da água: com 20 litros de água por dia eu consigo beber água, tomar banho e cozinhar, então é útil; com 60 litros eu consigo fazer tudo isso e ainda lavar roupa, então é útil. Assim, depois que eu garanti um suprimento adequado para esses usos, qualquer quantidade adicional é vista com relativa indiferença. A água é indispensável até certa quantidade e quantidades adicionais terão diversos graus de utilidade, mas, além de certa quantidade, a utilidade diminui gradativamente até zero, podendo mesmo tornar-se negativa, ou seja, quantidades adicionais da mesma substância podem tornar-se inconvenientes e danosas. A utilidade não é proporcional a massa de bens: os mesmos artigos variam em utilidade dependendo de já possuirmos mais ou menos desse artigo. Lei da variação da utilidade A utilidade é medida pelo acréscimo feito ao contentamento de uma pessoa. Utilidade total # utilidade vinculada; A utilidade pode ser tratada como uma quantidade de duas dimensões, sendo que uma dimensão consiste na quantidade do bem, e a outra, é a intensidade do efeito produzido sobre o consumidor. Gráfico da comida dividido em 10 partes iguais: Cada pequena porção, cada acréscimo, é menos útil e necessário que o anterior. Faltam os capítulos: Utilidade total e grau de utilidade e Variações do grau final de utilidade. Fichamento Até a publicação de “A Teoria da Economia Política”, a ciência econômica seguia com muito afinco as palavras de David Ricardo e J. Stuart Mill. Somente Karl Marx havia feito uma crítica contundente à Economia Política antes de Stanley Jevons escrever sua principal obra. Nosso autor foi um dos pioneiros do que hoje é chamada de Escola Marginalista, contribuindo para sedimentar a teoria econômica neoclássica. Como os neoclássicos enxergam o funcionamento da Economia? Antes de mais nada, deve-se ressaltar a preocupação que tinham com a alocação de recursos escassos num sistema. O economista só existe e é funcional porque há escassez, caso contrário, seu trabalho seria supérfluo. Outra mudança fundamental de visão ocorre no tocante ao tecido social. Não existem classes para esses autores, mas sim indivíduos, os quais, em muitos casos, possuem como objetivo principal a maximização do consumo, levando em conta as restrições orçamentárias, que é o ganho de prazer com o menor sofrimento possível para adquirir um dado bem. Os neoclássicos também foram os primeiros a aproximar o Cálculo Diferencial e Integral da Economia, que passou, desde então, a ser uma ciência social com forte ferramental matemático. A mais importante “tensão” que se estabeleceu entre os seguidores de Mill e Ricardo e os neoclássicos, porém, está na polêmica teoria do valor. Se para aqueles, um objeto adquire valor a partir da quantidade de trabalho nele aplicada direta e indiretamente, segundo Jevons e outros marginalistas (como Walras e Menger), o valor de um bem é função de sua utilidade. Percebe-se já de início que é uma concepção muito mais subjetiva em comparação com a primeira. Mas, o que seria a utilidade? É justamente o prazer e o grau de satisfação que é gerado pelo consumo de uma dada mercadoria. Quando estou com sede, um copo d’água possui elevada utilidade, uma vez que é capaz de me satisfazer em larga medida. Por outro lado, quando já me saciei, mas, por puro impulso, como mais uma barra de chocolate, sua utilidade é pequena, pois não me trouxe considerável prazer. Tendo isso em vista, pode-se dizer que, para os neoclássicos, a Economia deve ser norteada por uma teoria do consumo, que acaba sendo fundamental para discutir a alocação de recursos escassos, podendo maximizar o prazer e minimizar o sofrimento. A base dessa concepção está na correta noção de utilidade. Ela não é, ao contrário do que muitos podem pensar, inerente a um dado bem. Um diamante no fundo do solo de nada serve para os anseios humanos. O mesmo para uma fruta cuja altura é tamanha numa árvore que não podemos alcançarquando estamos com fome. A utilidade, assim, segundo Jevons e outros marginalistas, é estabelecida de acordo com a relação social estabelecida entre o bem e o homem que o consome. A parte mais importante, também a mais delicada, é a diferenciação entre grau final de utilidade e utilidade total. Para melhor explicar essa árida diferenciação, apelarei para um exemplo. Imaginemos um cidadão que está há quatro dias sem se alimentar. Certamente está próximo do desmaio, sem considerar que já deve ter consumido suas reservas. Diante dele está uma mesa com 7 pratos cheios de comida. O primeiro lhe é indispensável, já que sacia sua fome brutal, impedindo-o de desmaiar no instante seguinte. Possui, portanto, utilidade incalculável. Assim também é o segundo. O terceiro prato consumido também gera considerável prazer, mas bem menos que os dois iniciais. Assim, quando consome o sétimo, a utilidade do acréscimo já é baixíssima, próxima de zero. Se quiséssemos representar o que se passou num gráfico de barras, teríamos na abscissa 7 intervalos, cada um deles com a utilidade representada nas ordenadas. Veríamos que os retângulos seriam cada vez menores, indicando que a área está diminuindo, ou seja, a intensidade do prazer adquirido é cada vez menor. Medir a utilidade total implica encontrar um resultado incomensurável, já que a superfície total do gráfico tem valor infinito. O grau final de utilidade, por sua vez, sempre diminui a cada acréscimo de um dado bem. Esse fator também é chamado de utilidade marginal, pelo fato de estar relacionado ao último acréscimo, ao acréscimo na margem, ao acréscimo marginal. Essa ruptura da Escola Marginalista com a teoria clássica culminou numa divisão da própria Ciência Econômica, que se ramificou em História Econômica, Economia Aplicada e Teoria Econômica (Microeconomia e Macroeconomia). 1 Economistas sempre trabalharam com quantidades e, portanto, com números e matemática. Mas somente a partir da teoria neoclássica é que instrumentos como derivadas, integrais, limites, equações diferenciais, etc., começam a fazer parte da análise econômica. 1 A discussão aqui se dá no campo burguês. É incoerente, colocar Jevons como “rival” de Marx, já que os pressupostos filosóficos e sociológicos são, na sua base, distintos. 1 Poderíamos tender o número de intervalos ao infinito. Assim, a utilidade como função das quantidades passa a ter a figura geométrica de uma curva contínua. Os resultados para utilidades marginal e total, no entanto, são os mesmos.
Compartilhar