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Religiões de Matriz Africana

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL 
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE HISTÓRIA – LICENCIATURA
GABRIELA GARCIA DE SOUZA
TRABALHO FINAL DA DISCIPLINA DE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANAS EM MATO GROSSO DO SUL:
“UM OLHAR ÍNTER-REGIONAL PARA O CANDOMBLÉ E A UMBANDA”
CAMPO GRANDE
2020.2
1. RESUMO 
Este trabalho tem como principal objetivo destacar, discutir e apontar aspectos gerais das religiões de matriz africanas na região de Campo Grande - Mato Grosso do Sul, traçando um comparativo com a região de Santo André - São Paulo, conforme os tópicos abordados na disciplina optativa do curso de História-Licenciatura da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, cursada pela acadêmica Gabriela Garcia de Souza, graduanda do 6° período do curso de Medicina Veterinária da UFMS, identificada pelo Registro do Aluno: 2018.1201.036-2.
Sendo natural de Santo André, município do estado de São Paulo, a acadêmica se mudou para Campo Grande, Mato Grosso do Sul para ingressar na Universidade Federal, e sua motivação para cursar a disciplina surgiu devido à presença e ligações com as religiões há vinte e dois anos.
Os objetivos que a levaram a optar por cursar a disciplina não pertencente à sua grade curricular foram diretamente ligados a conhecer, comparar e compreender como as doutrinas das Religiões de Matriz Africanas se davam nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, especificamente nas cidades de Santo André e Campo Grande, na qual é residente, e assim poder desenvolver um olhar sobre as diferentes formas dos cultos em ambas as regiões em que estão presentes. 
Ainda sobre a disciplina, vale destacar que a mesma foi ministrada através de estudo remoto tendo em vista o cenário em que todos nos encontramos em meio à pandemia do novo coronavírus, que cada vez mais vem atingindo o estado de Mato Grosso do Sul e o município de Campo Grande e impossibilitando aulas presenciais nos campus da Universidade Federal, tornando o ensino remoto o método mais seguro e eficiente para a realização das aulas. O mesmo foi aplicado através de reuniões semanais via plataforma de comunicação Google Meet, mensagens de texto, áudio, links e documentos enviados através do grupo criado especificamente para a disciplina na plataforma WhatsApp, métodos estes que foram elogiados pelos alunos, que demonstraram facilidade em se adaptar ao decorrer da mesma. 
2. INTRODUÇÃO 
“A Umbanda é paz e amor
É um mundo cheio de Luz
É a força que nos dá vida
E a grandeza nos conduz”.
Cantado em uma só voz em todos os terreiros do Brasil, o Hino da Umbanda é capaz de transmitir de maneira simples e precisa o significado da religião para todos os filhos de fé. 
Considerada como genuinamente brasileira, a Umbanda surgiu através do médium Zélio Fernandino de Moraes (1891-1975) e sua entidade espiritual, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, em 15 de novembro de 1908.
Recebendo influências do Catolicismo Romano, do Kardecismo Francês, do Candomblé Africano e das crenças Indígenas Brasileiras, tornou-se uma religião plural, que abrange diferentes cultos e segmentos dentro de suas tradições por todos os estados brasileiros, porém sem nunca desligar-se de sua essência, a caridade. 
Quando falamos sobre Umbanda, em especial, não podemos deixar de falar sobre caridade, o principal pilar que a sustenta e que a faz tão procurada e acolhedora àqueles que necessitam de um acalento, seja este em forma de terra, ar, fogo ou água, ou apenas em forma da sabedoria ancestral transmitida pelas poderosas palavras ditas por uma entidade através de um médium.
Também não podemos deixar de olhar para fé, ligada ao culto da natureza em todas as suas formas através dos Orixás Africanos, e para as entidades espirituais que compõem as falanges das Sete Linhas Sagradas de Umbanda, que estão presentes em todos os terreiros do Brasil independente de seu segmento. 
Por ser uma religião plural, a Umbanda acaba-se dividindo em vertentes que podem ser encontradas de acordo com a região onde os terreiros estão localizados, seja por fatores culturais, políticos e sociais. 
Traçando um paralelo entre as regiões já citadas no presente trabalho, as contribuições trazidas pela Umbanda para a sociedade, de maneira geral, são extremamente semelhantes e sem dúvidas de suma relevância, já que a Umbanda possui aspectos culturais presentes diariamente na vida de seus adeptos, que passam a toma-la não apenas como religião, no sentido literal, mas como uma forma de vida, destaca as desigualdades étnico-raciais e culturais e defende que, independente de quaisquer características, todos os indivíduos têm o direito de professarem sua fé. 
3. DESENVOLVIMENTO 
Campo Grande – Mato Grosso do Sul 
Como dito anteriormente, a Umbanda é uma religião plural e suas inúmeras vertentes podem ser encontradas regionalmente. 
Levando em consideração as temáticas abordadas nas aulas da disciplina de Religiões de Matriz Africanas no Mato Grosso do Sul, tendo como base as palavras de algumas lideranças religiosas do estado que se propuseram a dividir seus conhecimentos com alunos, acerca da religião em Mato Grosso do Sul, houve uma constatação que a cidade de Campo Grande é majoritariamente ligada ao culto da chamada Umbanda Tradicional. 
A Umbanda Tradicional, sendo originalmente criada por Zélio de Moraes, possui seus pilares solidificados na caridade através das consultas mediúnicas, realizadas inicialmente por três das sete linhas de Umbanda, que são:
· Pretos Velhos: 
· Caboclos 
· Crianças 
Esta vertente, originalmente não é adepta à muitas das práticas africanas, sendo ligada ao sincretismo católico romano na representação dos Orixás, e tendo presente em sua liturgia os evangelhos de Alan Kardec utilizados no Kardecismo francês. Também mantém os ritos reservados, onde as práticas são transmitidas muitas vezes de forma hereditária como um legado, que é mantido por muitas gerações. 
Muitas vezes a Umbanda Tradicional não conta com a presença dos atabaques, instrumentos estes que servem como uma ligação sonora entre o plano espiritual e o plano terreno, preferindo manter os ritos acompanhados pelo sons de palmas e pontos cantados, e tal fato pôde ser observado nas aulas e nas pesquisas realizadas em terreiros tradicionais da região de Campo Grande. 
Quanto aos ritos, há a realização semanal de giras, sejam estas com acesso ao público ou somente para os membros do terreiro, e as mesmas são dedicadas às falanges específicas de entidades conforme estipulado pelo líder religioso, baseado nas orientações do plano astral ou conforme a necessidade energética da casa e de seus membros. 
Há festas tradicionais para falanges de entidades, que são realizadas anualmente como forma de homenageá-las, mas o número de participantes vem diminuindo conforme o relato dos próprios organizadores. Estas festas são organizadas muitas vezes de forma independente, dentro dos próprios terreiros, tendo em vista que a Cidade de Campo grande é uma cidade majoritariamente tomada por crenças Cristãs, o que acaba por desmotivar e até mesmo, em algumas situações, inviabilizar manifestações religiosas/culturais de maneira pública. 
Vale ressaltar também, a certa escassez acerca de grupos de estudo, projetos de ensino voltados às práticas religiosas Umbandistas, cursos livres e debates, percebendo-se uma centralização de informações que pode ser um fator limitante para a disseminação do conhecimento, o combate contra o preconceito e o acesso ao aprendizado, pois apesar de alguns ritos serem restritos a níveis hierárquicos específicos dentro da religião, notou-se que há uma retenção de informações primordiais acerca da religião que poderiam ser extremamente benéficas para a mesma enquanto sua posição na sociedade Sul-Mato-Grossense. 
Santo André – São Paulo 
Levando em consideração o cenário religioso no qual a acadêmica se situa desde seu nascimento, tendo como base suas vivências e suas formações dentro da religião, que abrangem também formação sacerdotal e teológica dentro da Umbanda, além da ligação e participaçãoativa em movimentos culturais ligados à religião, houve uma constatação que a cidade de Santo André, em São Paulo, possui cultos Umbandistas extremamente difundidos, que vão desde a Umbanda Tradicional até a Umabanda Omolokô. 
As várias vertentes da Umbanda podem ser caracterizadas pelas diferenças nos ritos, nos métodos de iniciação e na hierarquia, e as principais ramificações da religião encontradas na região de Santo André são: 
· Umbanda tradicional: Já citada anteriormente, fundada por Zélio de Moraes.
· Umbanda de Almas e Angola: Vertente da Umbanda que, apesar de possuir muitas semelhanças com os elementos da Umbanda Tradicional, utiliza mais dos rituais africanos, como os de reclusão, iniciação e imolação animal, práticas anteriormente exclusivas do Candomblé. Informações acerca desta vertente podem ser encontradas no livro Candomblé Almas e Angola, escrito por Giovani Martins, 2011.
· Umbanda branca ou Umbanda Mesa Branca: Vertente que é voltada ao Kardecismo Francês. Não possui a influência de determinadas falanges de entidades de Umbanda, como as chamadas falanges de esquerda, e não faz o uso de atabaques, pontos cantados, riscados, imagens, entre outros elementos encontrados tanto na Umbanda Tradicional quanto na Umbanda Almas em Angola. 
· Umbanda de caboclo; Catimbó: Vertente que é diretamente influenciada pela cultura indígena brasileira, trabalhando somente com Caboclos, Boiadeiros e os tidos Catimbozeiros. Não trabalha com orixás e possui forte ligação com a cura através de ervas e banhos. 
· Umbanda Omolokô: Vertente que possui fortes ligações com os cultos africanos, sendo popularmente conhecida como uma das que mais se aproximam do candomblé devido a semelhança das ritualísticas Informações acerca desta vertente podem ser encontradas no livro Omolokô. Uma Nação, escrito por Gilberto Antonio, 2011.
· Umbanda Esotérica: Vertente que foi difundida por W.W. da Matta e Silva através do guia espiritual Mestre Yapacany, que possui um conjunto de leis divinas baseadas em fundamentos do esoterismo. Informações acerca desta vertente podem ser encontradas no livro Umbanda, uma visão esotérica, Camos 2011. 
· Umbanda Iniciática: Vertente que é derivada da Umbanda esotérica, fundada por Pai Rivas através da entidade espiritual Mestre Umbanda Yamunisiddha Arhapiagha, com influência oriental, como uso de mantras indianos e do Sânscrito. Informações acerca desta vertente podem ser encontradas no livro O que reza minha tradição, de Mãe Maria Elise Rivas, 2020.
· Umbanda Sagrada: Vertente que foi difundida a partir dos ensinamentos de Rubens Saraceni, e que se popularizou em todo o Brasil graças à obra chamada “O Código da Umbanda”, onde o mesmo aborda a pluralidade da religião e todas as formas de seu culto. Informações acerca desta vertente podem ser encontradas no livro Doutrina e teologia de Umbanda sagrada: A religião dos mistérios : um hino de amor à vida, 2007, ou em todas as obras do autor Rubens Saraceni. 
Tendo em vista a grande gama de vertentes Umbandistas presentes na região de Santo André – São Paulo, pode-se afirmar que os cultos e as tradições variam de acordo com as mesmas, mas sempre mantendo a essência fundamental da religião como já citado anteriormente, a caridade. 
Vale ressaltar que por ser uma região metropolitana com influências de diversos povos, não há em Santo André o que foi relatado em Campo Grande, tendo em vista que a cidade possui uma gama de eventos anuais subsidiados pela prefeitura, que são exclusivamente dedicados às religiões de Matriz Africanas, além dos incontáveis movimentos sociais e étnico-raciais que tomam cada vez mais força em busca de um lugar de fala para todos os irmãos de fé.
Além disso, muitas casas de Umbanda passaram por um recente processo de desconstrução onde seus líderes perceberam que, para combater a intolerância e o preconceito, é necessário disseminar informações sobre a religião de um ponto de vista acadêmico, que deverá trazer acima de tudo conhecimento a quem o buscar, sem usar como meio de reter informações a questão da religiosidade dentro da Umbanda, pois isso apenas limita o conhecimento dos demais e torna a religião reclusa dentro dela mesma. 
4. CONCLUSÃO
A disciplina de Religiões de Matriz Africana em Mato Groso do Sul, trouxe um olhar que foi responsável por ajudar a traçar um paralelo entre as diferenças regionais da religião, discorrido em todos os tópicos de seu plano de ensino, sendo baseado em anos de estudo e vivência de todos os participantes que estiverem presentes durante as aulas compartilhando diferentes pontos de vista e opiniões, que certamente foram engrandecedoras para a formação não apenas profissional, mas pessoal. Certamente, a disciplina pôde abrir os olhos de todos os estudantes diante de questões pertinentes em nossa sociedade, seja para os que estão inseridos na temática ou aos que fazem parte de qualquer outra crença, sendo assim responsável por instigar pesquisas, olhares e comparações que antes poderiam nunca ter vindo a tona.