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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO. O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA: CRIAÇÃO DE CONCEITOS, EROS, PHILIA E ÁGAPE

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43
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
CASSIO BACHMANN
O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA: CRIAÇÃO DE CONCEITOS, EROS, PHILIA E ÁGAPE
UNIÃO DA VITÓRIA – PR
2013
CÁSSIO BACHMANN
O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA: CRIAÇÃO DE CONCEITOS, EROS, PHILIA E ÁGAPE
Monografia apresentada ao curso de Filosofia da Faculdade Estadual de Filosofia Ciências Letras de União da Vitória, como requisito para a obtenção do título de Licenciado em Filosofia sob orientação do Professor Ms Samom Noyama.
UNIÃO DA VITÓRIA – PR
2013
AGRADECIMENTOS
A todas minha ex-namoradas sem exceção que me abandonaram, foi na tentativa de encontrar os motivos que surgiu a idéia de pensar o amor pela filosofia.
Aos amores platônicos que tive e não pude viver, graças a eles mergulhei na filosofia e entendi uma migalha sobre o Banquete de Platão.
Ao amor philia de meu pai José e minha mãe Teresinha que se alegram na minha presença.
Aos meus colegas de sala que me afetam positivamente como queria Espinosa, Raquel, Camile pela amizade e formatação de trabalhos , Iara, Silvia e de um modo muito afetivo Cristiane e Jorge pela parceria nas noites de lua, leituras e vinhos.
Aos professores Samon e Renata pelas orientações e pela liberdade que me deram em escrever o tema, também a professora Gisele pelas orientações de estágio e por me mostrar a importância em ser um defensor da escola publica com qualidade. 
Agradeço com amor ágape aos alunos das escolas, Cid Gonzaga, Antonio Gonzaga e Germano Wagenfuhr, que tiveram paciência em me ouvir falar sobre amor.
Aos poetas, e compositores, afinal o amor sem poesia e canção não teria graça
“ O Amor é uma flor delicada, mas é preciso ter a coragem de ir colhê-la à beira de um precipício” - STHENDAL 	
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................06
1 - A CRIAÇÃO DE CONCEITOS.............................................................................09
2 - EROS...................................................................................................................17
3 - O BANQUETE......................................................................................................19
4 - PHILIA..................................................................................................................23
5 - O AMOR ÁGAPE.................................................................................................26
6 – OS AFETOS.........................................................................................................36
7 – CONCLUSÃO.......................................................................................................39
8 – REFERÊNCIAS....................................................................................................22
INTRODUÇÃO
	Nas paginas a seguir propomos um tema que é inerente a vida do ser humano, que fez ou fará parte de existência de cada um, trata-se do amor, o amor que temos ou o que queremos, amplo na tentativa de denominações, objeto de trabalho de compositores e poetas, enquadramento perfeito para cineastas, motivo do elo entre duas pessoas, o amor é sem dúvida vitalidade, ele está presente desde os papeis de bala até as declarações mais desesperadoras no desejo de um amor compreensível pelas palavras, está nas cartas de amor, nos refrãos de todos os estilos de música, nos personagens das novelas, está na família , no animal de estimação, no time do coração, aliás por séculos associado ao amor por se acreditar ser a órgão vital.
Não podemos esquecer que as pessoas morrem, matam e se suicidam por esse sentimento, tamanha é então a complexidade do que nos propomos nesse trabalho. É necessário deixar evidente que não buscamos uma determinação para o amor, seria egoísmo demais da nossa parte entender que um sentimento tão amplo e ao mesmo tempo tão pessoal seja definido num trabalho monográfico, o que pretendemos então, é trazer para o plano da discussão filosófica um tema clássico da filosofia, compreendemos também que trata-se apenas de um recorte, são fragmentos de alguns pensadores que tal qual em algum momento de suas vidas pensaram o amor.
Outro fator relevante é quer o amor difere segundo o espaço geográfico ou temporal, portanto qualquer que fosse a tentativa de uma resposta universal sobre o tema seria equivocada, o que sobra então é do ponto de vista da filosofia uma reflexão entre tantas outras possíveis. O amor ao longo da historia foi moldado ou forjado segundo as instituições, ou pelas imposições de valores associados ao amor, como a honra, a etiqueta, entre outras, a razão tenta se sobrepor ao desejo, ao prazer, a paixão foi condenada, uma patologia,a ser negada em nome de uma felicidade suprema. Entendemos que o amor oferece inúmeras facetas a serem abordadas, propomos o amor como um conceito inventado pelo homem, os motivos para isso são exatamente os descritos anteriormente, levam em conta o contexto, a cultura, a religião, a política, enfim, seja pelo individuo ou pelas instituições.
A palavra invenção como conhecemos hoje, no sentido de não existente é do séc XVI, porém sua etimologia deriva do latim, inventio, de invenire (descobrir, achar) formado por in, mais venire (vir). O titulo é uma intencional homenagem ao cantor Cazuza, compositor e interprete da música “o nosso amor a gente inventa” Portanto o conceito que propomos é no sentido de uma descoberta, ou então vir a descobrir, dessa forma para que haja uma invenção deve haver necessariamente uma predisposição , entendemos então que para amar é necessária uma invenção que segue padrões por nós mesmos definidos.
Uma coisa é certa o amor está inserido nas ações humanas e por isso estará sempre inconcluso, alias essa já era a conclusão que Platão encontrara no Fedro, as relações se modificam segundo os anseios de cada época. No contexto atual vemos novas formas de relações amorosas, e mais uma vez, moldadas ou forjadas pelas redes sociais ou pelas instituições que legitima ou não os afetos, o casamento entre homossexuais por exemplo. O amor e homem seguem sua historia segundo suas expectativas, sua cultura, mesmo com todas as nuances o amor é tema de pesquisa em diferentes campos do conhecimento, e também fonte de perguntas contraditórias, afinal, o ser humano que ama, também constrói armas, ou seja, o homem tem a capacidade amar, mas também a de não amar, os motivos para isso também seguem de acordo com os interesses de uma cultura, pode ser motivos econômicos, políticos, ideológicos, portanto, o amor está no plano individual, mas também nas esferas que controlam o meio social, tanto isso é verdade que a historia está repleta de revoluções no sentido de liberdade afetiva.
O primeiro capitulo de nosso trabalho aborda como os conceitos filosóficos são criados, Deleuze e Guatarri são referencias e nos servem de apoio no entendimento de como esses conceitos são criados, se entendemos que o nosso amor a gene inventa, é então um conceito criado, segundo uma lógica histórica. No segundo capítulo buscamos como fonte uma obra clássica, O Banquete de Platão é sem duvida imprescindível ao abordar o tema, porque indica o quanto é antiga a tentativa de entendimento sobre amor, bem como a importância dos discursos colocados na obra e que sugerem inúmeras possibilidades de reflexão, optamos por alguns discursos ao qual julgamos de forma livre relevantes ao nosso propósito , ainda no segundo capitulo procuramos de forma sintética buscar o amor philia , as referencias são os livros VIII e IX da Ética a Nicômaco de Aristóteles, essas duas abordagens julgamos necessária para entender diferentes conceitos sobre ao tema, seja o amor pela falta , ou então pelo encontro.
O terceiro capitulo se refere ao amor cristão, o amor ágape , o amor que Jesus propôs em sua passagem, procuramos mostrar a dificuldade de se viveresse amor, justamente porque propõe doação, as referências levam em consideração a Bíblia e algumas passagens no que tange ao tema. O quarto capítulo foi pensado no sentido se abrir uma discussão para a conclusão de nosso trabalho, por isso um capitulo menor , é tratado especificamente a questão dos afetos a partir da perspectiva de Espinosa na obra Ética, e como os afetos determinam nossas possibilidades
Por fim concluímos nosso trabalho com uma análise que leva em consideração as idéias propostas nos capítulos anteriores e a justificação de nossa proposta. ""O nosso amor a gente inventa"" é uma proposta de trabalho e não uma resposta ao tema, por isso acreditamos dessa forma apenas contribuir com mais uma pergunta filosófica sobre um tema inerente a vida. 
 
.
1 – A CRIAÇÃO DE CONCEITOS
Somente do ponto de vista filosófico, de forma intencionalmente redundante poderia se dizer que passou-se a conceituar o conceito, O dicionário de língua portuguesa trata a palavra conceito, do latim, conceptu como “ aquilo que o espírito concebe ou entende, ideia , síntese, opinião, juízo, formar bom ou mau conceito de uma pessoa, máxima, sentença. Se a intenção fosse A palavra conceito é muita cara a história da filosofia, mas é sobretudo na contemporaneidade que ela ganha caráter de debates em varias áreas do conhecimento, das artes , portanto não formular uma tese a partir do significado da palavra conceito pelo que ela representa no senso comum bastaria conceituar esse trabalho como bom ou ruim. Como não se trata de uma tarefa tão simples, ao observar que soma à definição de conceito palavras como juízo, síntese, espírito, idéia, temos uma problemática maior ainda visto que essas palavras tanto quanto conceito são de um significado ou se preferir de um conceito também de extrema relevância para a filosofia, o que demonstra a necessidade de se ater ao conceito.
Ao tentar problematizar o amor esbarramos justamente no conceito porque acredita-se pelo menos longe dos olhos da filosofia que cada ser pode conceituar algo a maneira que lhe convém, dessa forma não sendo o amor uma exclusividade da filosofia (e na verdade nada é) cada um a sua maneira, a seu critério que via de regra é fruto de experiências culturais e vividas vai entender o amor segundo seu próprio conceito. Engendrado a essas experiências culturais é notável a religião que é determinante no pensamento e no discurso sobre o amor e não somente no plano da filosofia , mas principalmente ao moldar as relações que envolvem as questões que se entrelaçam ao tema , como o casamento, traição, sexo. Há outras inúmeras possibilidades, algumas tratadas pela sociologia, outros pela psicologia, e cada dia mais a ciência fala de amor, conceitua amor, o que pretendemos afirmar até aqui é que o tema é de interesse de todos, mas isso é uma justificativa que não precisaria de um trabalho monográfico. Mas o que estamos levantando nesse primeiro momento é como o amor enquanto um conceito é formulado por diversas instituições e esferas do saber, não cabe fazer uma genealogia do amor enquanto conceito , não é essa a proposta, porem pensar como conceitos ganham legitimidade, ou como determinados conceitos como o amor são pensados de diferentes maneiras, sendo que ainda assim há uma universalização do que seja o amor, em resumo todos sabem o que o amor , mas ao mesmo tempo cada individuo conceitua diferente , as instituições da mesma forma tentam universalizar o tema com indivíduos diferentes.
Portanto ao propor a idéia de que o nosso amor a gente inventa estamos criando mais um conceito, mais uma possibilidade no complexo campo do entendimento do que seja o amor e do que seja um conceito,sendo assim a proposta inicialmente é entender como esses conceitos são criados, para o auxilio do entendimento dessa relação complexa entre filosofia e conceito vamos nos apoiar no filosofo Deleuze a quem contribuiu e muito no entendimento do que possa ser essa relação entre filosofia e conceito.
Para Deleuze, a filosofia cria conceitos e não somente reflete sobre eles, ou seja, a tarefa de criar conceitos é na visão do autor mais importante do que necessariamente apenas extrair conceitos prontos e refletir sobre eles, essa colocação é valida porque no senso comum e talvez em até algumas áreas do saber acredita-se que o papel da filosofia é pensar uma vida pratica sem que ela de fato aconteça na pratica, talvez por isso a ciência seja considerada mais nobre, em outras palavras a filosofia enquanto reflexão não oferece absolutamente nada na vida prática e como é essa vida que interessa aos moldes capitalistas, logo, a função reflexiva da filosofia, ainda que não seja essa a função já não valeria a pena. Só a titulo de comparação as religiões também utilizam a reflexão sem atender sempre a vida pratica, mas a elas coube a salvação, a filosofia o pseudônimo de loucos, de alguém que reflete, que pensa muito mas que não contribui em nada para o melhoramento da vida.
O que estamos colocando com o auxilio de Deleuze é que a filosofia não exerce função meramente reflexiva. Não se espera dela esse papel ainda que isso possa decepcionar algumas conceituações da disciplina , mais que isso ao entender que a filosofia propõe algo além da reflexão não significa dizer que ela faz algo que somente ela possa exercer, ou seja, ela também não se institui como algo exclusivo que seja somente inerente a ela, discussão essa que se faz presente entre ciência e filosofia. Sem entrar aqui no mérito da questão o fato é que qualquer área pode produzir conceitos,sendo assim a arte produz conceitos, a filosofia a religião e assim se estende de forma sucessiva e ininterrupta o que torna a conceito cada vez mais complexo. Deleuze é um filosofo que faz diversos trabalhos monográficos sobre diversos nomes da filosofia como Kant, Espinosa, Hume,Nietzsche,Bérgson entre outros, os dois últimos apresentam-se de forma mais presente em seu trabalhos, entre suas obras destaca-se O que é a Filosofia obra essa em parceria com Guattari, e que vai contribuir em nossa tentativa de entender a problemática sobre a criação de conceitos.
Segundo MACHADO, p11, Deleuze entende que o filosofo é criador e não reflexivo, com isso aponta contra uma caracterização da filosofia apenas como metadiscurso, metalinguagem, que segundo ele sugere uma tentativa de legitimidade de algo sem criar necessariamente algo novo, nesse sentido questiona a epistemologia que teria criado aparelhos repressores do próprio pensamento, crítica essa que nos parece totalmente provida de sentido visto que em outras áreas do conhecimento há sim a produção de pensamento e não somente de reflexão acerca do que quer que seja, ainda que essa criticas sejam pontuais e aparecem esporadicamente em entrevistas, não se pode desconsiderar a importância da tentativa de colocar a filosofia num campo de criação , de elaboração de idéias , de conhecimento.
A diferença de outras áreas em relação à filosofia é que a função da ciência é criar funções, a arte também cria funções mas ligadas ao sensível, e o objeto da filosofia criar conceitos. Tomemos a arte como exemplo uma musica é um conceito, mas não ficamos refletindo sobre uma mesma música uma vida toda isso porque vai ter uma música nova pra se pensar, no entanto essa canção foi criada a partir de elementos já constituídos em outras músicas anteriores, sendo assim uma música é criada a partir de outra música, Deleuze acredita que isso acontece da mesma forma nas áreas do conhecimento, uma idéia surge a partir de outra idéia e se a função da filosofia é criar conceitos, um conceito vai sempre surgir a partir de um conceito já existente, portanto ao pensar que o nosso amor a gente inventa é porque estamos tentando criar um conceito novo a partir de conceitos já existentes. Deleuze enfatiza que a filosofia é a arte de formar, criar, inventar, fabricar novos conceitos .MACHADO.p.15.
 Para Deleuze a criação de conceitos é própria da filosofia sem que isso seja um privilégio,muito menos usurpado por outras áreas do saber, toda criação da filosofia é singular ou seja todo conceito tem sua singularidade e cita como exemplo conceitos assinados como o cogito de Descartes,a idéia de Platão , a mônada de Leibniz, a substância de Aristóteles entre tantos outros, portanto mesmo que dentro de complexos sistemas, os conceitos são singulares e poderíamos dizer até reconhecíveis dentro do plano de sua criação, vale lembrar que justamente por ser singular leva a carga das potencialidades , os afetos, as intensidades de cada autor, nas palavras de Duns Scot uma [footnoteRef:1]“hecceidade”. [1: Haecceitas, aquilo que faz de um individuo aquilo que ele é, como individuo. Dicionário de Filosofia ] 
Deleuze e Guattari afirmam que cada conceito tem uma história, portanto parte de um determinado filósofo, de uma idéia e perpassa o tempo, que vai criando desdobramentos agregando e retirando fragmento. Ora seria pretensão demais que ao tratar do amor estaríamos criando algo totalmente novo, o que podemos fazer é criar um conceito novo mas que leva em sua bagagem retalhos de conceitos de outras épocas , de outros espaços, de outras culturas e quantas curvas mais esse conceito chamado amor possa ter ao longo de sua historia.
Num conceito, há , no mais das vezes, pedaços ou componentes vindos de outros conceitos,que respondiam a outros problemas e supunham outros planos. Não pode ser diferente, já que cada conceito opera um novo corte, assume novos contornos, deve ser reativado ou recortado.DELEUZE, GUATTARI,p. 30							
 Isto significa pensar que a apropriação de um conceito sem uma leitura temporal insurge no risco de adaptar um conceito fora do tempo e do espaço em que ele foi criado meramente como a possibilidade de adequação de um novo conceito. A dificuldade em falar de amor então é , que mesmo se apropriando de conceitos chavões como de Platão por exemplo é necessário ir alem ou então o filosofo será um poeta de palavras repetidas, reflexivas, entender os contornos que os conceitos tomam pelo viés da história é perceber que mesmo longe do tempo , mesmo sem fazer um anacronismo ainda assim o conceito tem algo de singular, tem a capacidade de sugerir novos problemas, que pode até não ser o de sua época , mas que dentro da singularidade , dentro do tempo consegue fazer criar uma nova singularidade, um novo contorno, um novo conceito.
Dessa forma Deleuze justifica a premissa da função da filosofia enquanto criadora de conceitos, porém um novo conceito é diferente de outros, pela singularidade de cada autor, como então pensar o amor de uma forma singular? Para Deleuze todo conceito tem seu devir, é a conexão tanto dos elementos de um conceito quanto dos diferentes conceitos em um mesmo sistema conceitual;é o fato de que conceitos se coordenam,se conectam, se compõe, se aliam numa determinada filosofia, mesmo que tenham historias diferentes. MACHADO.p17
Portanto cada conceito parte de outros conceitos, não somente pela historia mas, pelo devir, pelos retalhos, permanências , eles nunca são criados do nada , é próprio do conceito também criar componentes inseparáveis , só a titulo de exemplo o cogito de Descartes, uma outra particularidade do conceito é sua infinitude, significa dizer que a partir de um conceito surgem milhares de possibilidades , ao mesmo tempo há o que Deleuze chama de ponto de coincidência, ainda que similares há sempre a singularidade, um traço intensivo , a relação dos conceitos não são nem de compreensão, nem de extensão, mas sim de ordenação, em outras palavras os conceitos se assemelham, são processuais, são singulares e se moldam de acordo com outros conceitos , porém ainda assim vai haver nele algo de novo, mais uma vez aqui cabe a palavra hecceidade, um acontecimento puro.
Outra afirmação em relação ao conceito é que ele é absoluto e ao mesmo tempo relativo:
Relativo a seus próprios componentes, aos outros conceitos ao plano a partir do qual se delimita, aos problemas que	se supõe deva resolver, mas absoluto pela condensação que opera, pelo lugar que ocupa sobre o plano, pelas condições que impõe ao problema. É absoluto como todo, mas relativo enquanto fragmentário. DELEUZE, GUATTARI, 2007.34
 Nosso trabalho trata do amor, um conceito, dessa forma entende que nosso tema é um conceito relativo na medida em que parte de outros conceitos e ciente de estar numa perspectiva alheia ao que sugere Platão sobre o amor, por exemplo, alheio no sentido de entender que o conceito platônico por sua evidente singularidade esta no lugar que devia estar, na Grécia clássica, estamos apenas situando a singularidade do pensamento platônico. Longe de desvirtuar a contribuição de sua obra, apenas entendendo que do ponto de vista de Deleuze ao abordar o tema amor tendo como pano de fundo outros conceitos, nosso conceito é relativo, pelo menos num primeiro momento, e pretende ser absoluto , portanto singular no sentido de invenção. Ainda assim , pensamos o amor ágape , philia e Eros enquanto possibilidade , e em apenas essas, ou seja, o termo absoluto se coloca apenas no sentido de singularidade do trabalho em si. Segundo o autor o conceito não é uma proposição, mas sim centro de vibrações ,que ressoam em diferentes aspectos de entendimento, não são como peças de um quebra cabeça, porque podem ser divergentes, irregulares, didaticamente significa dizer que as tentativas de fazer pontes entre conceitos podem ser falhas, porque mesmo as ligações mais atentas entre um conceito e outro vão esbarrar em divergências, é então a filosofia a arte de criar conceitos relativos buscando o absoluto criando novas e novas singularidades , no pensamento de Deleuze isso não é uma dádiva da filosofia , é apenas como ela deve proceder.
	 Uma vez que os conceitos são centro de vibrações significa dizer que ele vai ressoar em diferentes momentos, de variáveis formas para diversos públicos, sendo assim conceito vai ser pensado de acordo com a leitura que se faz dele, Deleuze sugere que essa observação do conceito aconteça num plano de aproveitamento e não da crítica.					
Que alguém tenha tal opinião, e pense antes isto que aquilo, o que isso pode importar para a filosofia, na medida em que os problemas em jogo são enunciados? E quando são enunciados, não se trata mais de discutir, mas de criar indiscutíveis conceitos para os problemas que nos atribuímos. A comunicação vem sempre cedo demais ou tarde demais, e a conversação esta sempre em excesso, com relação ao criar. Fazemos, as vezes, da filosofia a idéia de uma perpetua discussão como “racionalidade comunicativa” ou como conversação democrática universal. MACHADO.p.18
 Parece claro que Deleuze critica a posição que um filosofo toma ao tentar criar um conceito tentando desvirtuar outro, até porque como o próprio afirma, um conceito é criado para o seu momento, para as expectativas singulares de um autor, o conceito pode sim surgir a partir do desaparecimento de outro, mas isso deve ou pode acontecer pela criação, afinal um conceito é múltiplo enquanto conceito, e mesmo que se sugira uma desqualificação de um determinado conceito, é possível que se atinja apenas alguns aspectos dele, se a crítica for em sua totalidade, em um sistema filosófico, mais complicado se torna, visto que ao atacar um conceito não se está criando outro é acabar com algo sem sugerir nada em seu lugar.
	Tomando mais uma vez nosso tema como exemplo, tendo em vista a amplitude do conceito o que podemos fazer é não se ater ascriticas as possibilidades existentes, mas sim encontrar as conexões para uma possibilidade de algo singular, logo, não se trata de uma discussão sobre a amor, que pelas palavras de Deleuze em nada contribuiria, se pretende dentro das vastas possibilidades apenas sugerir mais uma.
	O conceito é algo próprio da filosofia, esta é uma afirmação enfática de Deleuze, porque é ela que os cria e não para de criar e não só isso, ele só pertence a filosofia, e neste ponto então se percebe a diferença do pensamentodeleuzeano. Começamos esse trabalho com o conceito do conceito tendo como fonte o dicionário, Deleuze traz como novidade a exclusividade da filosofia na elaboração de conceitos, segundo ele o conceito é contorno, a configuração, a constelação de um acontecimento por vir, o conceito não é um mero conhecimento, mas sim conhecimento de si.
	A ciência ainda que utilize o mesmo objeto não cria conceitos porque se utiliza de proposições, a ciência não precisa do conceito , para Deleuze há uma inversão de intenção, visto que normalmente se atribui o poder de conceituar a ciência, que logo após “criar um conceito” recorre a filosofia , novamente não entraremos no mérito de qualificar ou desqualificar a condição da ciência ou da filosofia , o que nos interessa aqui é o fato de Deleuze colocar o conceito como algo próprio e inerente a filosofia.
A grandeza de uma filosofia avalia-se pela natureza dos acontecimentos aos quais seus conceitos nos convocam, ou que ela nos torna capazes de depurarem conceitos. Portanto, é necessário experimentar em seus mínimos detalhes o vinculo único, exclusivo, dos conceitos coma filosofia como disciplina criadora. O conceito pertence a filosofia e só a ela pertence. DELEUZE, GUATTARI, 2007.47 
A citação acima é síntese do pensamento de Deleuze sobre a criação de conceitos, é a partir dessa perspectiva que nos propomos nosso trabalho, o amor enquanto um conceito criado ao longo do tempo.
2- EROS
É praticamente impossível falar de amor sem passar por Eros afinal ele aparece antes mesmo da filosofia clássica, isso denota que o amor é um tema que sempre causou anseios no homem, no sentido de entender esse sentimento seja pelo viés divino ou filosófico, razões pra isso não faltam porque o amor é uma preocupação humana e interfere diretamente na vida do individuo em qualquer cultura em qualquer época, obviamente que não estamos pensando estritamente num amor romantizado pelas instituições culturais que moldaram o jeito de amar, se trata do Eros como uma função pra vida. Na teogonia de Hesíodo que é o tratado mais antigo da mitologia grega que chegou até nós e isso o que já denota como essa preocupação é antiga Eros aparece como principio da vida. Se pensarmos de maneira histórica Eros então se antecipa a razão, ao logos, ou seja, podemos sugerir que é a partir desse pressuposto que os gregos entendiam Eros, pelo menos o divino, uma entidade que pode ser racional, não é uma escolha e sim um atributo divino, pela sua própria essência divina, logo escolher um amor é nesse momento da historia lutar contra uma decisão divina.
A explicação pra divinização de Eros é no nosso entender fundamental porque revela um caráter que transpassou milênios, afinal em nossa cultura ainda há um certa ostentação ao divino, aos amores que ao acaso (flechados por Eros) são arrebatadores, outra constatação a fazer é que mesmo com toda a racionalização buscada pela filosofia, o mito, o divino continua no imaginário do ser humano, que convive com a expectativa do divino, do Eros, do acaso, mas também com a possibilidade da escolha, obviamente não vão faltar pessoas pra dizer que a escolha de um amor foi movida por Eros e sendo assim há uma certa condensação entre o Eros divino com o Eros filosófico. Nossa proposta nesse capitulo, no entanto não tem propósito de julgamento de valor seja ao Eros divino, seja como entendemos pela filosofia, mas sim trazer a discussão a partir do tratado de Platão, portanto já inserida no período chamado filosofia clássica, razões para a escolha dessa obra são inúmeras, a importância do tratado, e a herança que carrega no pensamento contemporâneo.
A obra de Platão intitulada O banquete é sem duvida um dos textos mais importantes e mais conhecidos pela historia da filosofia e que sugere diferentes interpretações ao longo da historia, porem sem nunca perder sua importância filosófica no que se refere ao amor. Platão é o interlocutor de Sócrates, no entanto nunca saberemos sem o aporte histórico até onde de fato as idéias tratadas no banquete são de Sócrates ou Platão, porém a maior parte dos historiadores da filosofia considera uma obra com ideais de Platão, outro fator inusitado se refere ao titulo da obra, já que os outros diálogos de Platão levam nomes próprios e que em sua maioria são desafetos de Platão na sociedade grega, já O banquete, ainda que não leve nome próprio cita personagens que de fato existiram no mundo grego, no entanto é provável que a intenção de Platão não fosse necessariamente um elogio a essas personagens exceto é claro a Sócrates que era seu mestre intelectual. O banquete vai alem das páginas e teses filosóficas, já foi peça de teatro, filmes, ou seja, é obra fundamental no pensamento filosófico sobre o amor. O amor proposto por Platão vai ter respingos na filosofia da Idade Média e no mundo contemporâneo, tamanho é então sua influencia no pensamento filosófico.
3 - O BANQUETE
A obra foi escrita por volta do ano 380 a.C, se trata de uma festa em homenagem a Agaton, o banquete ou simpósio se trata então de uma comemoração, onde porem o personagem principal será Sócrates, se tratada de um debate sobre o amor, em determinado momento da festa foi sugerido que o tema fosse discutido e Platão coloca então sete discursos sobre o que é o amor, valem ressaltar que em tese esses personagens são desafetos de Platão e aparecem na obra justamente com o intuito de que Sócrates pudesse argumentar de maneira melhor que os demais. Em nosso trabalho comentaremos apenas alguns desses discursos que no nosso modo de entender corroboram com nosso problema[footnoteRef:2]. [2: O Banquete" é um livro de diálogos de Platão atribuído a ele mesmo e não a Sócrates, seu mestre. O pano de fundo são os sete discursos acerca do deus Eros, discursam, Fedro,Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Agaton, Sócrates e Alcebíades . ] 
O primeiro a expor sua idéia sobre o amor foi Fedro, para ele Eros era o mais antigo dos deuses, logo, mais antigo que o homem, dessa forma não pode haver nada sem Eros, é assim essência e potência, portanto não somente para os seres humanos, para Fedro o amante é superior a quem não ama, há uma relação moral, porém há que se ter cuidado, a idéia de valor moral afim de não se cometer anacronismos, nesse sentido a admiração pelo amado poderia influenciar determinantemente e de forma moral, ou seja, a conquista do amor deveria levar em consideração valores morais como por exemplo a coragem, entendia Fedro que num espaço onde houvesse o amor, isso só bastaria porque criaria um espaço com pessoas virtuosas. Para Fedro é o amor então um sentimento nobre, portanto tem algo de moral.
Num segundo momento Pausânias fala sobre o que pensa sobre o amor, para ele Eros não tem valor moral, porque segundo ele o amor é uma manifestação natural, logo sem poder ter julgamento de valor, para ele é no espaço da polis que os afetos são definidos, é nesses espaços que o amor é autorizado ou não, portanto amor em si é natural, mas quando colocado em sociedade os afetos são atingidos moralmente e que pode variar geograficamente e historicamente. Pausânias sugere a partir de um mito que no amor tem que haver uma troca intelectual, portanto é o amor uma troca de conhecimento, logo, não se trata somente da erotização no plano físico nem tampouco somente no plano mental, é necessário que ambos possam aprender algo com a relação, Pausânias pensava numa relação afetiva ¹homossexual, entendia essa forma de amor acima citada por homens, a mulher fica num plano secundário por razões culturais da época em questão, bem como o conceito de homossexualidade que não se aplica ao mundo grego visto que esse conceito só aparece no século XIX, e ainda passim passando por diversas formas de entendimento.
A outra opção que escolhemos para mostrar em nosso trabalho não é o discurso que Platão considerasse o correto, porem é o mais conhecido e o motivo disso ainda vamos citar no desenvolver desse capitulo, trata-se de Aristófanes e esse era certamenteum desafeto de Platão, o motivo era porque esse zombava de Sócrates. Para dar sua versão sobre o amor ou Eros Aristófanes recorre a um mito, sobre os andróginos , mito esse que conta como o ser humano era fisicamente em dobro e que por sua curiosidade em conhecer a morada dos deuses sofreu a ira dos mesmos, estes corpos não tinha a forma física como o homem de hoje:
Três sexos havia, como disse, e isto porque o masculino era descendente de Hélios (Sol), o feminino de Géia (Terra), e o que participa dos dois, de Selene (Lua), a qual, como se sabe, participa tanto de um como de outra. Esses homens eram assim esféricos, em sua forma e em sua movimentação, porque se assemelhavam com os seus progenitores. PLATÃO.p.122
Sendo assim um ser que possuía características físicas que eram auto suficientes em termos de amor, (macho, fêmea, macho e fêmea) estavam num mesmo corpo, diante da audácia desses seres em conhecer a morada dos deuses, receberam como castigo serem divididos, portanto para Aristófanes o amor é uma busca pela parte que falta.
 O ultimo discurso que vamos abordar é o de Sócrates, o que Platão considerava como o verdadeiro, essa era a proposta idealizada por Platão. Sócrates começa dizendo que suas idéias sobre o amor ouviu de uma sacerdotisa, uma mulher chamada Diotima. Para Sócrates o amor não é necessariamente um deus, Eros é filho de Poros e Penia:
quando nasceu Afrodite, banqueteavam-se os deuses, e entre os demais se encontrava também o filho de Prudência, Póros (Riqueza, esperto). Depois que acabaram de jantar, veio para esmolar do festim a Pênia (Pobreza), e ficou pela porta. Ora, Póros, embriagado com o néctar – pois o vinho ainda não havia – penetrou o jardim de Zeus e, pesado, adormeceu. Pênia então, tramando em sua falta de recurso engendrar um filho de Póros, deita-se ao seu lado e concebe o Eros (Amor) PLATÃO.p.144
Por ser filho de Penia , Eros na realidade é sujo, rude, sem conforto, por herança do pai Poros ama o que é belo, oscila, é esperto, está sempre planejando. O amor para Platão é então um junção dessas ambigüidades é o que sobra, mas que também falta, é uma busca incessante por quilo que não se tem, é desejo. Passado por uma breve exposição daquilo que consideramos como mais relevantes ao nosso trabalho podemos observar como o amor platônico foi constituído, ao mesmo tempo mostra varias facetas que continuam a incomodar a filósofos e relações, uma obra clássica escrita para seu tempo, mas como o amor nunca sai das nossas mentes, o pensamento platônico continua sugerindo interpretações, nosso trabalho é mais uma dentre tantas, de forma intencional mencionamos apenas quatro dos discursos do banquete que no total eram sete.
Ao entender que o amor enquanto conceito criado, acreditamos que esses sete conceitos expostos no Banquete podem sugerir outros tantos novos conceitos, concordando com Deleuze que um conceito não nasce no vazio e portanto é partindo desses conceitos que sugerimos a invenção do próprio conceito de amor, tomemos a exposição de Fedro como exemplo. Se buscamos a admiração do amado, portanto nos comportamos de acordo com aquilo que agrade o amado, logo invento uma perspectiva de criar em si próprio algo que fuja dos próprios anseios, não somente isso, se por acaso amar alguém de caráter duvidoso, logo, pra agradar esse amante a pessoa também deveria se propor a viver de forma a agradar seu amante colocando em questão seu próprio caráter, seja como for, mesmo se o discurso de Fedro estivesse em consonância com o que acreditava Platão ainda assim o Eros que Fedro denominou como essência, energia vital quando posto em prática traduz numa escolha moral, segundo Sponville.p.189, Kant chamaria esse falso amor, de amor prático. No discurso de Pausânias ao entender que o estado legitima os afetos e de fato concordamos pelo menos no que tange a uma tentativa dessa imposição de afetos, cabe lembrar dos casamentos arranjados em diferentes épocas que nunca levaram em consideração o amor e sim fatores econômicos, portanto há dentro das instituições seja no âmbito publico ou privado um amor que não é essência, como sugere Fedro, o que Pausânias sugere parece se atrelar ao mundo contemporâneo onde as relações levam em consideração diversas expectativas que por conseqüência podem levar a frustração.
O discurso de Aristófanes é o mais conhecido por razão obvia, é o que queremos ouvir, passamos a vida buscando a cara metade, a tampa da panela, alma gêmea, enfim cada cultura reservou uma palavra para nossa busca incansável, dessa forma passamos parte de nossa vida acreditando que em algum lugar por algum motivo o amor se fará notar e a rigor a conseqüência é a felicidade. Aristófanes em seu tempo revela um problema do nosso tempo, a metade que falta pode estar distante e por isso se idealiza um ser perfeito, pelo menos na expectativa, inventamos a cara metade ao nosso gosto , sem conhece-la tiramos dela todos os seus possíveis defeitos, caricatura-se ou como propomos inventamos um conceito, um modelo de amor que só serve pra si mesmo.
Chegamos por fim ao amor platônico , a busca, o inatingível, porque ama-se o que não tem e quando se tem não se quer mais, isso porque o amor platônico é desejo, e o desejo se encerra na realização, precisará então de um novo desejo, se preferirmos precisará inventar novamente a busca a idealização, por isso Platão via Sócrates entende que o amor é também sofrer, é um amor da falta. 
4 – PHILIA
	O amor platônico pode causar uma certa angustia, gera uma incerteza da possibilidade de amar, afinal é o amor na falta, na busca e mesmo que fujamos do discurso de Sócrates e tomemos o de Aristófanes como exemplo ainda assim será incerto, afinal nunca teremos certeza se a pessoa que esta ao nosso lado é a outra metade, mas de será que amamos só aquilo que não temos?
Sponville em “O Pequeno tratado das grandes virtudes” cita alguns exemplos a respeito dessa pergunta, e um pai ama seu filho antes de nascer? E a resposta evidente é sim, e depois que nasce não ama mais?
Portanto deve haver uma forma de amor que não seja só pela busca, só pelo desejo do que não tem, um amor que faça sentido no encontro, na presença, essa forma de amor Aristóteles chamou de philia.
 	Tratamos aqui dessa forma de amor baseado nos livros VIII E IX da Ètica a Nicômaco de Aristóteles, o termo philia tem dois significados, aparecendo como amor, outras vezes como amizade, outras vezes ainda a amizade como forma de amor. De forma diferente de Platão, Aristóteles vai propor uma forma de amor que se alegra no encontro, nesse sentido não se trata apenas de um amor conjugal, mas sim a política, a sociedade, portanto é um amor que foge do sentido erótico (Eros) e que se concretiza nas ações, sendo assim há uma notável diferença entre Platão e Aristóteles, enquanto o amor do primeiro é contemplativo, o amor philia depende da vontade, da ação e da virtude , porem se o Eros se mostra muito mais no desejo, ou seja na incerteza, o amor philia se mantem na possibilidade.
	Aristóteles vê na amizade o maior exemplo dessa possibilidade de amor, a razão pra isso é que pelos fortes laços de intimidade há sempre um desejo de fazer o bem ao amigo sem esperar necessariamente algo em troca, na presença do amigo há oportunidade de momentos agradáveis , há na família , na política ,a sociedade de modo geral o desejo do encontro, nesse sentido explica Aristóteles , o desejo não significa amizade, mas sim a convivência, a experiência de estar junto.
Mas é natural que tais amizades não sejam muito frequentes, pois que tais homens são raros. Acresce que uma amizade dessa espécie exige tempo e familiaridade. Como diz o proverbio, os homens não podem conhecer-se mutuamente enquanto não houverem “provado sal junto”, e tampouco podem aceitar um ao outro e este não depositar confiança nele. Os que não tardam a mostrar mutuamente sinais de amizade desejam ser amigos, mas não o são a menos que ambos sejam estimáveis e o saibam; porque o desejo da amizade pode surgir depressa, mas a amizadenão.
A philia consiste em antes amar do que ser amado, não é uma paixão, é uma virtude que depende então exclusivamente da ação,que da amizade pode se chegar a felicidade, alias é condição .
Temos então duas formas de amor distintas , um amor que se pauta no desejo, mas não na conquista, o outro depende inteiramente de uma ação proposital. Qual dos dois é verdadeiro?
Acreditamos que os dois, porque o amor depende sim do desejo, e também pode se concretizar no encontro, no entanto seja por um viés ou por outro precisamos de nossa força vital, se pelo desejo, é necessário desejar, se pela amizade, pelas relações que possivelmente possam nos fazer felizes como sugere Aristóteles precisamos estar dispostos, para isso podemos escolher A ou B eventualmente C, D. È por isso que ao longo desse trabalho propomos o amor como um conceito criado ou pelas instituições ou pela filosofia, pela ciência ou por cada ser vivente dotado de racionalidade com possibilidade de escolher, talvez por isso, amores duram uma vida, outros que acabam em uma semana, é porque inventamos no outro aquilo que julgamos ser bom pra nós e também por isso acreditamos que os outros nos decepcionam , na verdade inventamos o amor que queremos , mas isso não significa que o outro compactue com nossas invenções.
Portanto nossas escolhas amorosas estão muito mais condicionadas aquilo que por algum motivo inventamos como forma de amor, é por isso que pra cada ser haverá um conceito diferente do que seja o amor, mas todos entendem, todos direcionam e quantificam esse amor de maneira distinta, amor de mãe,de amigo , amor a deus, amor ao cachorro, no fundo todos são frutos do mesmo sentimento que denominamos amor. Por isso amor a primeira vista, amor sem sexo, ou sexo sem amor, inventamos nosso amor pela liberdade de pensamento que temos, a forma que inventamos depende de como o mundo se apresenta pra nós e como nós entendemos o que está a nossa volta, nossas escolhas não desconsideram o mundo ao redor. E estando vivos e se podemos escolher o amor, uma da formas de amar é se doando, é entendendo que o outro precisa de nosso amor, o amor ágape que vai ser tratado no capitulo seguinte. 
 
	
	
	 
5- O AMOR ÁGAPE
	
Chegamos então a outro conceito sobre o amor, esse determinante na historia da humanidade por sua influencia por seu discurso disseminado e por sua representação ao que o ser humano atribui no entendimento do que seja o amor, não se trata de um conceito de maior ou menor importância, mas sim de reconhecer a forte influencia que esse conceito tem seja do ponto de vista moral, religioso ou propriamente conceitual. 
Uma das principais questões do cristianismo, senão a maior se refere ao amor, como nossa cultura judaica cristã é marcada definitivamente por essa herança, o amor está inserido no plano cultural em cada sujeito independente do grau de intensidade, o que facilita a assimilação do discurso dogmático. Não é objetivo aqui porem questionar os critérios usados pelas instituições religiosas ou o efeito que isso possa ter causado na humanidade ao longo da história, pois o filósofo Nietzsche já fez isso com muita propriedade através das quais podemos destacar o Anticristo e Genealogia da moral ,também não se trata de uma genealogia do amor entendido pela igreja cristã, porque necessitar-se-ia mais de um trabalho monográfico, porque passaria por inúmeros pensadores, a intenção neste momento é aferir o conceito de amor ágape visto de um ponto de suas possibilidades frente ao ser humano. Há uma relação intrínseca entre o amor de deus com o amor do homem sendo que deus é totalidade desse amor, ou seja, deus é o criador e o conhecedor desse amor, enquanto o homem é parte do todo, a deus coube os amores máximos, completos, a nós meros humanos, a contemplação do máximo e a tentativa de amar de forma minúscula.
A razão para que haja uma diferença da possibilidade de amor entre o humano e deus é simples, segundo entendimento dos dogmas cristãos, deus é desprovido de imperfeições sendo assim deus não amaria pela metade, já nós humanos frutos do pecado que remonta a Adão e Eva jamais teremos a capacidade de conhecer o amor em sua plenitude, o que resta então aos mortais é a partir das partes que sobram desse amor de deus contemplar, e sobretudo, com o pouco que sobra amar intensamente o mundo dos mortais, está claro assim que, deus é amor, ou segundo o evangelho de São João “theos ágape estin”. O homem é filho deus, logo, deus o ama, mas o amor de deus só deus o possui, aos humanos é uma tentativa, diria até um compromisso para com deus, algo que devemos tentar em nossa passagem aqui na terra, ainda que de forma parcial.
Esse amor humano em retalhos não significa que o homem não possa amar, pode amar e deve amar, só não vai amar como deus,na sua plenitude, convenhamos é um amor um tanto complicado, é como se deus tivesse dado a capacidade de amor pela metade, mas ainda assim temos que nos esforçar, amar o máximo, mesmo sabendo que nunca vamos conhecer o amor em sua magnitude, esse amor pelo esforço é o que aproxima o humano de deus, permita-se aqui o esforço lógico , deus é o amor máximo, o humano é fruto desse amor de deus, mas não carrega essa capacidade de amar como deus, o que resta ao humano para se aproximar de deus é usar a migalha de amor que tem, fazendo isso se aproxima de deus porque amor com amor igual amor, matemática simples, lógica questionável para dizer que o humano deve amar por toda uma vida, mas nunca vai conhecer de fato o amor, o máximo de sua experiência mundana em termos de amor vai ser se aproximar do amor de deus.
Se a lógica do amor cristão é um tanto questionável por motivos que aparecerão ao longo desse capitulo, mais problemática ainda é a situação do homem frente a essa possibilidade de amar. Ora, como amar sem conhecer o amor em sua totalidade? Como amar se o amor verdadeiro pertence a deus?
É nessa encruzilhada que o homem se encontra a dois milênios uma tentativa humana de amor, aliás a única possível, mas como citado anteriormente na lógica cristã o homem é fruto do pecado, do erro, o que já coloca então a possibilidade desse homem não saber amar, afinal a parte que lhe cabe do amor é pequena perto daquela de deus , não só isso, o homem tem o livre arbítrio sobre sua vida é o que garante ¹Santo Agostinho , logo a liberdade desse ser humano cria a possibilidade ou não de amar, um bem concedido por Deus.[footnoteRef:3] [3: A obra O livre-arbítrio é escrito em forma de diálogo, entre Agostinho e seu amigo Evódio, e trata sobre a vontade livre do homem e a origem do mal[7]. A principal afirmação de Agostinho é que o livre-arbítrio[8] é um bem concedido por Deus] 
Tendo em vista que amar o próximo nem sempre é uma tarefa fácil o amor ágape é um amor de doação, de generosidade, puro, “incondicional” e livre, alias só pode ser livre uma vez que precisa da nossa vontade de amar, por isso podemos dizer que o homem tenha que se capacitar para conseguir essa forma de amor, a escola é a vida, o amor vem de deus, agora resta ao homem cada um pegar sua pequena, mas não menos importante parte e usa- la de forma livre, por sua conta, por sua capacidade de amar, por sua doação consciente disso, ainda assim pode se perguntar se o outro amaria a gente reciprocamente dessa forma, mas essa é uma pergunta que não cabe ao amor ágape , porque se deve amar como a si mesmo, logo a função de cada um é amar e entender que se por ventura o outro não me amar ainda assim eu posso ama-lo, essa é a doação, abro mão dos meus rancores para amar afinal é esse amor que aproxima do amor de deus, do amor sublime longe do sentido Kantiano. [footnoteRef:4]Nessa tentativa de que o homem desenvolva o amor é que nasce o conceito de amor ágape, não se trata de um amor simples, é um tipo de amor que precisa de uma capacidade múltipla de amar, se trata de amar o próximo, a receita desse amor vamos encontrar na bíblia, é onde deus pode se mostrar em pleno amor e indicar ao homem para que use de sua capacidade ainda que limitadao seu amor. [4: ] 
Segundo SPONVILLE, 2009.p,290 em sua obra O pequeno tratado das grandes virtudes, a palavra ágape é de origem grega, deriva do verbo agapan que significa acolher com amizade, amar, querer bem, usada em momentos por Platão e Homero, por momentos da história confundida com charité (caridade) palavra essa muito difundida pelo cristianismo, e que por vezes se associa e se confunde ao amor com caridade ou por caridade, o fato é que ao longo do tempo o cristianismo vai usar dessa possibilidade ampla de significados para constituir sua teologia, vale ressaltar que o conceito ágape é extenso, posto que associa amizade, amor, caridade, doação, uma junção de conceitos, sábio Deleuze, criar conceitos não pertence a filosofia somente, mas cabe a ela algo de muito peculiar.
A junção do amor TODO de deus e o amor PARTE do homem por vezes é confusa, pelo menos no entendimento do humano, a expectativa de um amor duplo sendo um, aos olhos ateus não é tão fácil aceitar, no entanto para os adeptos da fé é clara, “amar a deus sobre todas as coisas” e creio não ser preciso referenciar a fonte, é o primeiro mandamento da fé, da igreja cristã, não é o primeiro por acaso, e sim por se julgar o mais importante, de nada valerá os outros mandamentos se não há amor a deus, porque aceitando que deus é criador de todas as coisas inclusive do amor é o mínimo que se espera de um cristão é usar de sua parte de amar para amar a deus, não obstante, amar é contemplar o amor de deus que se revela em nós, pelo menos em parte, mas ainda assim amor, portanto fica claro que antes de qualquer forma de amor mundano é necessário um amor transcendental, que rompe qualquer possibilidade de um amor carnal, de desejo, de romance, de afeto, do ponto de vista cristão o amor primeiro é a deus, e sendo assim me arrisco a dizer inclusive que o ágape, viria depois, é secundário, já que a primeira possibilidade está esgotada na contemplação e não na vivência prática, o primeiro mandamento diferente dos demais não se trata de uma norma moral, pelo menos se entendermos que podemos não amar a deus sobre todas as coisas, afinal é uma possibilidade que Santo Agostinho nos deixou de herança, ainda assim é notável no primeiro mandamento a tentativa de ligação do amor humano ao amor de deus. Sendo deus amor completo, somos nós sua criação parte dele, portanto parte do amor divino, ou seja, nossa pequena parte de amor ainda assim não pertence necessariamente a nós, nas palavras do filósofo Clovis de Barros Filho em sua obra, A vida que vale a pena ser vivida , é como se deus emprestasse ao nosso corpo a possibilidade de amar, cabe a nós usarmos da melhor maneira possível para que ao encontro com deus devolvêssemos em boas condições aquilo que pertencia de fato a deus, exemplo simples para dizer que o amor de deus se revela em deus e em nós , é o mesmo amor, mas com possibilidades, para evitar a palavra potência diferenciadas .
Uma outra associação trazida pela Bíblia é a questão da luz, a idéia que a luz vence as trevas, aparece em diversas passagens, mas o que nos chama atenção é idéia de ágape enquanto luz do mundo, é o amor, portanto que ilumina o mundo, é o amor então que vence as trevas, a escuridão, as mazelas do mundo, é pelo amor dos homens para os homens que se vence as trevas, se amar a deus sobre todas as coisas é o item primeiro, amar ao próximo é iluminar a vida, lembrando que há algo de similar no pensamento de Platão na conhecida passagem do livro VII da Republica, a Alegoria da caverna , onde o filosofo é o que vence as trevas, passa pela escuridão pra chegar a luz, ao conhecimento verdadeiro. O amor ágape é a possibilidade de um mundo iluminado, ou se preferirmos feliz, mesmo assim a idéia é inicialmente de um amor divino que se espalha pela terra, ou então do amor de Cristo que morreu por amor aos homens, cabe aos mortais pecadores irradiar essa luz divina, o caminho para isso é o amor ágape .
Certo é que essa junção de um amor terreno com um amor que transcende é complexo, é um amor total com um amor parcial, mas que ainda assim tem a capacidade e o dever de espalhar de forma intencional, num sentido de se doar ao próximo, só isso já não é fácil, a complexidade se amplia na tentativa de estabelecer uma relação amor, homem, deus e o próximo, tendo em vista que esse próximo pode não agir como esperamos, alias podemos sequer conhecê-lo, é possível que esse outrem tenha nos feito algum mau, não bastando isso, é necessário amar a deus sobre todas as coisas , isso implica abrir mão de muitos desejos, sobretudo dos carnais que são um convite ao profano, e ao encontrar uma possibilidade de amor na prática das relações pessoais ainda assim tenho que amar o próximo mas numa dimensão diferente, o amor ao próximo ainda pode torna lo objeto de uma caridade que pode muito mais atrapalhar sua vida do que propriamente ajudar, ² Nietzsche por exemplo condena esse amor piedoso que inverte os valores naturais da humanidade, o amor cristão não é competitivo, não se questiona o melhor ou pior, busca uma igualdade em indivíduos naturalmente diferentes, desiguais por suas escolhas, por seus desejos, ainda se espera que os indivíduos busquem isso por uma intenção própria, mas que está vinculada a algo superior e se assim o for já não será uma livre escolha.
Nesse sentido a bíblia pontua no evangelho de João, algo que pode ser esclarecedor na tentativa de entender a relação dúbia do amor terreno e transcendental, selecionamos aqui algumas passagens da Bíblia:
“Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a deus, porque deus é amor... Se nos amarmos mutuamente, Deus permanece em nos e seu amor em nos é perfeito.... Deus é amor e quem permanece no amor permanece em deus e Deus nele” (4 : 7 a 20)
 A citação extraída da bíblia deixa claro que o amor vem de deus, porque deus só pode ser o amor, e deus sendo bom manifestou o seu amor no homem, a prova maior desse amor de deus para conosco foi enviar seu filho que também deu uma prova de amor salvando a humanidade do pecado, e fica mais claro, a forma mais fácil de contemplar o amor de deus é amar o próximo, assim como cristo amou, como deus nos ama, o amor ao o próximo deixa humano mais perto de deus , portanto a forma mais fácil de entender os desígnios de deus é o amor, mas não sozinho, se encontrará o amor de deus na ação intencional de amar, o amor ágape, e aqui reafirma-se o começo desse capitulo, o amor é o que entrelaça todo o discurso da teologia cristã, é o campo perfeito para unir o mundo terreno e o céu, é para o amor e pelo amor.
	Sendo o amor ágape o motor de toda uma teologia, o trecho da primeira epistola de Paulo aos corinthios revela a importância desse amor no homem e na fé, levanta a possibilidade infeliz sem o amor, mais do que isso, amar o próximo é então a grandeza do amor, a negação de minhas vontades ou do meu desejo para satisfazer o outro, é doação no mais amplo sentido da palavra, porque o amor nunca falha, tudo suporta, o amor cristão é sem duvida convincente, afinal é um amor milenar e que continua nos dogmas e valores morais de uma parcela significativa da humanidade, é amor da solidariedade e que com o desenvolvimento do capitalismo e a conseqüente desigualdade parece se encaixar perfeitamente nos discursos políticos e dogmáticos, é a doação ao próximo , a percepção da necessidade de amar o outro, abrir mão de si pelo outro,segue abaixo a citação bíblica mais conhecida em torno desse amor, esta contida na carta de Paulo aos coríntios.		
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos , e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.(13: 1 e 2)
É sem dúvida uma das passagens bíblicas mais conhecidas e das mais belas sobre o amor, independe do sentido que se queira dar ao amor, mas hánessa epistola algo diferente, há uma conotação para uma forma de amor conjugal, o amor é sofredor, mas pode ser benigno, não é indecente tudo crê, tudo suporta, são palavras que cabem a qualquer forma de amor, não se desvincula do amor de deus, um amor face a face mas que conhecemos em parte, mas então conhecerei como sou conhecido, trecho importante para entender que não conseguimos conhecer a amor total , apenas parte, mas que devemos buscá-lo.
Posto alguns pontos que consideramos fundamentais relativos ao amor ágape, das relações estabelecidas entre deus e o homem pelo amor, chega-se ao lócus da questão, se trata de uma visão do amor milenar de complexo entendimento, ainda que se entenda que o amor pode ser transcendente, o que a igreja espera é o amor ao próximo, é o discurso do casamento, mas também político, quando se quer acabar um conflito por exemplo, o fato é que, o amor proposto pelo cristianismo nunca aconteceu na prática, pelo menos não na sua totalidade, não de forma universal. As razões para o fracasso do amor ágape é que o ser humano não consegue amar muitos próximos, com muito esforço mental cinco dedos da mão, elas são as pessoas que de fato amamos, ainda assim temos boas razoes para amá-los, ou seja, todo amor é ato intencional, amamos porque queremos amar, e se colocamos deus acima de todas as coisas também fazemos por opção, poderíamos amar outras coisas, outros deuses, não se pode negar a pseudo intencionalidade do amor ao próximo como algo que possa ser bom para a humanidade, mas na pratica revela-se a natureza, o instinto, o desejo.
	A verdade é que é muito difícil amar alguém por quem não nutrimos nenhum afeto, nossa doação acaba no nosso instinto mais selvagem ou então nas limitações, nas condições em aceitar aquilo que não faz bem, não amamos muitos, se conseguíssemos o propósito do amor ágape, palavras como moral e ética seriam desnecessárias, mas como não há amor sempre, o homem criou a moral, finge que ama, para uma passível convivência, a regra é simples onde há moral não há amor, mesmo que se queira entender do ponto de vista de Paulo , o amor não pode ser interessado e se criamos normas( moral) para o amor então não é amor, e se quisermos chamar de amor pode até ser , mas é um amor inventado, mas ainda assim sobram aquelas cinco pessoas das quais podemos considerar como amor ágape, mas essas também foram escolhidas segundo critérios pessoais , porque do contrario todos amariam elas também, e se esses critérios são únicos, são intencionais, são uma invenção daquilo que se julga como razões para amar, como se percebe é difícil amar o próximo do mundo terreno, mais complexo é o amor ao transcendente.
	De forma equivoca a tendência é afirmar que pessoas ligadas a fé tem sim um elo de amor ágape com o mundo e com deus, se isso fosse verdade é como se deus tivesse privilegiado alguns e não é de bom tom afirmar que deus excluiria alguém uma vez que ama a todos, portanto essas pessoas escolheram o amor que queriam e a quem destinam, os motivos para isso cada um inventará o seu, há infinitas possibilidades de inventar o amor, uma delas é amar o próximo como a si mesmo, pode ser amor, mas é inventado.
	É o amor ágape então uma possibilidade que no discurso cristão tem a força do convencimento, numa associação de amores, o de deus e o que se destina aos demais, no entanto não se efetiva na prática pela nossa incapacidade der amar, por mais que nosso amor seja inventado não conseguimos inventar por muitas pessoas, razões não faltam pra isso, o nosso amor inventado vale para muitas coisas, vale pro cachorro, pros bens materiais, pela profissão, há uma tendência rápida em se pensar que esse tipo de amor é diferente e realmente é, não amamos nada na mesma proporção, no entanto a dimensão desse amor pra cada coisa que amamos somos nós que damos, por isso amamos o cachorro de uma tal forma, porque acreditamos que o amor que destinamos ao cachorro seja o suficiente para o cachorro e assim fazemos com todos os outros amores, cada um tem uma intensidade, um afeto, uma realidade diferente e ainda assim somando todas as coisas que acreditamos amar não serão muitas, ou seja, temos uma tendência amar o que de alguma forma esta ligada a nós, ainda que distantes, nossa mente consegue inventar um amor a distancia, basta ver um fã frente a um ídolo , um ótimo exemplo de amor inventado, deus esta no mesmo plano é um amor distante, que transcende, que não corresponde, mas é passível de ser inventado.
	Amar o próximo como a si mesmo, se o amor ao outro é difícil, amar a si mesmo é uma condição um tanto questionável, precisar de uma afirmação de si para a própria existência, de um amor que entendemos ser inventado para dar razão a vida, para a partir de si amar o outro, as perguntas sobre esse amor a si mesmo podem ser varias, como, por que precisa se amar a si próprio? Se o homem viveria da mesma forma , já que não age por amor a si , mas sim por tentar enganar a morte e permanecer vivo, se há algum tipo de amor é um amor a vida, que se inventa por vários caminhos, mas não um amor a sim próprio , afinal que beneficio o amor a si traria, para si? E não se trata de um narcisismo, não é nessa perspectiva que estamos pensando, mas sim no fato que um amor a si mesmo não faria diferença nenhuma pro sujeito exceto que seja para sua vontade de vida, então temos três problemas no amor ágape, não conseguimos amar o próximo de forma desinteressada, não conseguimos amar a deus sobre todas as coisas e se quisermos que assim o seja deixaremos de amar outras possibilidades, logo, o amor a deus também passa pela invenção, e por fim o amor a si próprio só faz sentido pelo amor ao desejo de viver, mas ainda assim seria desnecessário.
	O sociólogo Bauman entende que o amor próprio é uma questão de sobrevivência e a sobrevivência não precisa de mandamentos, ela é instintiva, é uma forma de se agarrar a vida, e isso só acontece com o humano.
A sobrevivência (animal, física, corpórea) pode viver sem o amor-próprio. Para dizer a verdade, poderia acontecer melhor sem ele do que em sua companhia! Os caminhos dos instintos de sobrevivência e do amor-próprio podem correr paralelamente, mas também em direções opostas... O amor-próprio pode rebelar-se contra a continuação da vida. Ele nos estimula a convidar o perigo e dar boas-vindas à ameaça. Pode nos levar a rejeitar uma vida que não se ajusta a nossos padrões e que, portanto, não vale a pena ser vivida. BAUMAN, 2004,p. 47 
	
É assim então o amor ágape como toda forma de amor é uma criação nossa,um conceito, não se trata de tornar menor essa forma de amor, apenas colocar no plano que pode estar, uma invenção humana, aliás só pode ser humano, visto nossa capacidade dita racional, uma preocupação estritamente humana, só o homem inventa, adora, vive e sofre por um amor, fruto de sua própria invenção, o amor ágape propõe algo bom, não se pode negar isso, mas foge dos nossos limites, dos nossos desejos humanos, racionais, instintivos.
Não basta o amor, talvez nem mesmo a moral, exemplos não faltam para um mundo de caos,de irracionalidade, de violência, não menosprezamos o amor ágape, apenas entendemos que essa forma de amor nunca atendeu seu próprio discurso, não é o julgamento de um amor bom ou ruim , até porque em tese só deveria valer para o bem, enquanto isso vamos tentando conviver com o próximo ora amando ora fazendo de conta que amo e por vezes tendo certeza de que não amo, inventando para o que e para quem destinamos nossa parte de amor. Mas esse amor seja pela falta contido no Banquete, seja o do encontro proposto por Aristóteles , ou o ágape que sugeriu Jesus depende da nossa relação com o espaço que nos cerca, porque somos afetados por alegrias e tristezas. Os afetos serão tratados a seguir segundo o pensamento de Spinoza.
6 – AFETOS 
Nosso último capítulo leva em consideração aquilo que defendemos ao longo desse trabalho, o amor como um conceito inventado, mas se Eros é busca, philia é na presença, e se o ágape é inviável conseguimosamar a todos porem é nossa escolha que define aqueles que queremos ao nosso lado, mas que medida inventamos esse amor ou porque inventamos esse amor?
Para nos ajudar não necessariamente numa resposta pronta e acabada , mas sim como uma possibilidade filosófica vamos recorrer a um filósofo moderno do séc XVII, se trata de Spinoza, mais precisamente no livro III da Ética de Spinoza intitulado “Da Origem e Natureza dos Afetos” 
 	 Para Spinoza o amor é sim desejo como sugere Platão, porém entende que o desejo não é falta e sim potencia, o amor é alegria. É necessário entender que diferente do dualismo platônico Spinoza entende corpo e alma como complemento, ou seja nosso corpo sofre interferência diretamente do que pensamos, mas o que pensamos e como traduzimos isso que chega ate nosso corpo se deve ao fato de que estamos interagindo com o mundo logo o mundo pode nos afetar de diversas formas. Spinoza entende que é o corpo e não a razão que determina os afetos, porque o corpo sofre do mundo uma influencia direta. Um assassino por exemplo ao apertar o gatilho de uma arma utilizou o corpo, a razão pode depois questionar se isso era o correto ou não, mais que isso, são os afetos que determinam aquilo que a gente julga racional , logo, a razão não comanda o corpo e sim, o corpo age, de acordo com aquilo que sente, e a razão depois justifica. Nota se aqui uma diferença crucial do pensamento cartesiano que entende a razão como fonte vital, enquanto Spinoza entende que a gente não controla o corpo, portanto o corpo é decisivo para as decisões da vida, mesmo assim também não desconsidera a razão, ou seja, razão e corpo agem interagindo segundo os acontecimentos que interferem na nossa vida.
O amor está na alegria e não na falta sugere Spinoza, Sponville .p.270 entende na visão de Spinoza não é o que falta que se ama e sim, e sim o que se ama que as vezes falta, como por diferentes motivos o que se ama pode não estar presente, gera sofrimento, mas a alegria era primeira.
Spinoza oferece o conceito de potencia , que interfere diretamente na vida, é o que move existência, a alegria de viver, essa potencia está em nós e os afetos interem diretamente então nas nossas ações. Fuchs.p os afetos em Spinoza como:
Os afetos seriam tipos de afecções que aumentam (alegres) ou diminuem (tristes) o nosso conatus. Se subdividem em ativos e passivos (paixões). Os ativos são sempre alegres, enquanto os passivos podem ser alegres ou tristes. Os afetos ativos ocorrem quando somos causa adequada de um efeito. E os passivos, quando há um efeito em nós de que somos apenas causa parcial, ou inadequada. Para Espinosa, o simples ato de contemplar, ou conhecer um afeto, já nos dá prazer (mesmo os tristes).
O que se pode supor que quando pensamos em amor, automaticamente somos afetados de diferentes formas, vai depender das características que julgamos ser esse amor, como o relacionamos com a vida, ou seja como valoramos, e isso leva em conta uma série de perspectivas já citadas em nosso trabalho, como as culturais, ideológicas, dentre outras , o fato é que no caso do amor, criamos então a partir de como o mundo nos afeta uma idéia, ou quem sabe uma invenção conceitual sobre o amor.
A nossa potência de agir é aumentada ou diminuída segundo nossa relação com o mundo, e somos afetados ininterruptamente , mas também afetamos o mundo da mesma forma, significa dizer, que as, coisas ou os outros nos afetam, nosso corpo sente, nossa razão codifica e agimos novamente, no caso do amor somos afetados pelas qualidades que julgamos serem boas, portanto uma valoração pessoal que afeta, e a partir desse afeto a razão oferece uma possível reação, que nos caso do amor pode ser a rejeição ou a decisão de viver esse amor, se for rejeição, a potencia do outro (conatus) certamente será diminuída.
Para inventar o amor é preciso ter um conceito de amor, deriva dele a nossa expectativa do outro e passamos a lutar por aquilo que deseja, portanto no sentido de descobrir o outro, porque de alguma forma fomos afetados.
Não é por julgarmos uma coisa boa que nos esforçamos por ela, que a queremos, que a apetecemos, que a desejamos, mas, ao contrário, é por nos esforçarmos por ela, por querê-la, por apetecê-la, por desejá-la, que a julgamos boa .SPINOZA Ética, parte 3 prop. 9 esc.
O amor é uma idéia que uma causa externa o acompanha, em Spinoza o amor é alegria, porque depende da nossa intervenção, o mundo pode nos afetar de distintas maneiras, mas também podemos reagir segundo nosso desejo, sobra a alegria e o desejo de viver.
6 – CONCLUSÃO
	
Lembro bem de minha primeira experiência amorosa , eu estava na pré escola , o nome dela era Catia, a mulher mais linda do mundo, pernas magras, muito magras, cabelo curto , e uma boca suja de doce , afinal ela tinha sete anos e a boca suja de doce não me desencantava até porque é bem provável que a minha também estivesse suja, nos anos que se seguiram foi uma sucessão de aprendizados, pelo menos era assim que minha mãe dizia sempre que eu tomava um “fora” de alguma namorada, e olha que nem foram tantos , mas o suficiente para deixar marcas, mas até aqui nada de novo, o que aconteceu comigo acontece com todos.
 A maioria de nós já sofreu por alguém, já chorou, e de leve até pensou na própria morte, já acreditamos ter encontrado nossa alma gêmea, a sua cara metade, o príncipe encantado, a mulher da vida, a que é bela ou que sabe cozinhar, lavar e passar , a Amélia perfeita da nossa sociedade machista, ou então aquela parceira de cama que te deixa louco, aquela que até bebe com você , e acredite tem aquelas que até vão no futebol com você e então seu mundo ficou perfeito e você pensa, não tenho um bom emprego nem um bom salário , mas e quem precisa dessas coisas com uma garota dessas do lado, acho que você leitor se encaixou em alguns dos exemplos , tudo bem não se sinta culpado normalmente associamos essas nuances ao amor, sendo assim, ora jogando para experiências práticas que citamos acima ou então colocando num plano subjetivo, do tipo, ela não sai da minha cabeça, está no meu coração,e dessa forma acreditamos que o que denominamos amor é uma junção da pratica com o subjetivo e então nossa vida esta perfeita, vale ressaltar também que as novelas e filmes acabam por legitimar esse pensamento , aquele que no final tudo da certo, e então nossa vida ganha caráter de filme e mesmo quem não é romântico aprende a ser , quem não sabe cantar, tenta ainda que desafinado, e junto vem as flores, as cartas de amor, os presentes ,os filmes as risadas , os apelidos com diminutivos bobos mas que nos divertem tanto,e colocamos anel, aliança e fazemos juras de amor, abrimos mão de nossos amigos, afinal quem precisa deles agora, a vida ta leve, e viajamos e fotografamos tudo com poses de beijos pra redes sociais, afina, queremos que vejam que estamos felizes, e fazemos jantares românticos, e nosso sexo agora já tem mais fantasias , algumas bem estranhas é verdade, até que você fala a frase cabal , ‘’essa é pessoa da minha vida’’ e penso que todos esses exemplos podem ser vividos em trinta anos ou em alguns meses, somos nós que damos o valor da intensidade , e quando você esta no auge da sua pseuda felicidade chega o amor de sua vida e diz que tem duvidas do que sente por você , e que já não sabe mais se o ama, ou então no pico máximo da sinceridade diz que encontrou outra pessoa , mas que a traição não foi intencional , mas sim por acaso ( como se isso diminuísse a dor ) e então nós passamos por novos processos , o primeiro é de não acreditar, depois a pergunta porque você fez isso comigo, e num momento súbito você volta pro mundo real, aquele que tem dores e que a vida não é uma novela , e por isso a maioria do tempo de nossa existência são frustrações e não alegrias, e essa realidade cruel te coloca na soma daquilo que você fez pela pessoa e o que você deixou de fazer por estar com ela.
 Vale lembrar que foi você quem decidiu abrir mão de seus amigos, de seus pais e até de sua grana e agora você se daconta que ao escolher uma forma de viver deixamos de viver inúmeras outras e acredite, vamos ser escravos desse ter que decidir pra sempre, e ao constatar que a pessoa não era exatamente o que pensávamos ser, caímos numa desilusão com a vida e com o amor, mas pelo menos assim chegamos ao começo de nossa conclusão.
 O amor é atemporal , foge as regras, institui afetos, move a guerra ou a paz, gera o ciúme, pode promover a vingança e tem uma linha tênue com o ódio, esse sentimento de complexo entendimento e talvez nossa falha seja justamente tentar entender, é em cada recorte histórico, antes do romantismo o amor era algo ousado, com farras dionisíacas , isso era na Grécia mas também em Camões, o amor cortês e uma nova forma de entender o amor culminaram no romantismo, o mundo vivia uma nova ordem social , e o amor se adaptou ao contexto, seja como for por isso sugerimos como algo atemporal, transpassa o tempo e as mudanças conjeturais. 
Entendemos que Deleuze é muito relevante ao entender que os conceitos são criados a partir de outros conceitos, mas que carrega em si algo de novo, entendemos que o amor é justamente um conceito criado e que ao logo da história, segundo seu contexto se aplica a diferentes interesses, que acabaram moldando o amor. Quando Platão sugere o amor pela falta ou até, se preferirmos o discurso se Aristófanes, a metade que nos falta ainda assim são conceitos criados e determinados pelo contexto, tanto é , que o amor que se buscava na Grécia clássica, e os adjetivos que normalmente definem pela linguagem esse amor são diferentes de qualquer outra época o que não significa que as pessoas em opostos lugares não amem. Se preferirmos o amor philia, e isso é uma tendência natural, afinal nos alegramos no encontro com a família, com os amigos, ainda assim,cada amigo, cada familiar, ama diferente, ou seja, seguimos um padrão que julgamos ser o que nos faz feliz, quando se pensa no amor ágape não é diferente, é um amor por doação, mas não nos doamos pra muitas pessoas, portanto vamos escolher as pessoas as quais julgamos merecer nossa doação.
 Nosso trabalho entende que ao eleger a pessoa que nos faz falta, ou então a que nos alegra no encontro, ou a que nos doamos e amamos como a si próprios depende de como elas nos afetam, por isso Spinoza é relevante ao nosso entender. Afinal se uma pessoa nos afeta a nos fazer feliz, logo, nossa alegria aumenta,do contrário nossa potencia de vida diminui, mas entendemos que somos nós por qualidades que julgamos serem boas ou não e que estão em nós pelo contexto ao qual nascemos e fomos criados é que determinamos quem queremos ao nosso lado.
Nossas escolhas levam em consideração o corpo, as palavras, o cheiro entre tantas outras possibilidades, portanto como sugere Spinoza somos afetados pelo outro e quando esses afetos compactuam nossa alegria está inventado o nosso amor, mas como se trata de dois corpos sendo afetados o tempo todo por eles próprios e por outros corpos, há uma possibilidade de que em algum momento esse afeto não cause mais tanta alegria, então podemos pensar que o amor não existe?
Segundo o que propomos em nosso trabalho, sim, afinal se inventamos ele passou a existir, porém entendemos que são os afetos que vão determinar a intensidade ou a durabilidade desse amor, entendemos também que que não se mede o amor pelo tempo que se vive, poderíamos aqui sugerir inúmeras definições de amor, os poetas já fizeram , as ideologias já moldaram e nosso trabalho também o fez, apenas mais um conceito. Cada ser continuará inventando seu amor sem se preocupar em se é Eros, philia, ágape, todos vão amar, a filosofia coube o papel que é dela, questionar, e no caso d o amor Platão tinha razão em algo, o amor estará sempre inconcluso.
O nosso amor a gente inventa, e se o inventamos porque não fazer dele nossa maior invenção, nossa razão ou experiência mais nobre, o amor está em cada gesto de carinho, em cada sorriso que faça sonhar, não façamos do amor algo desonesto, as pessoas entram e saem todos os dias de nossa vida, elas vão ter o amor que merecem, pode ser por um dia ou por uma vida, o amor machuca mas não faria sentido viver sem ele.
6.0 - REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria L. de Arruda. Filosofia da educação. 3. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2006.
DELEUZE, G. & GUATTARI, F. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: 34, 1992 (col. Trans).
FURTADO, J.L. AMOR, São Paulo,ed, globo, 2008
ILLOUZ, E. O AMOR NOS TEMPOS DO CAPITALISMO.ed. Zahar, rj , 2011
JAPIASSÚ,H.MARCONDES,D. Dicionário básico de filosofia. 5ºed.Rio de Janeiro,2008
KELLNER,D. A cultura da mídia- estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós moderno , Sp: EDUSC, 2001 
MARX, Karl. O dezoito brumário de Luiz Bonaparte. In: Os Pensadores. São Paulo. Abril, 1974 erno. Sp: EDUSC, 2001 
PLATÃO, Apologia de Sócrates,ed. Martin Claret, sp, 1999
SPONVILLE, A.D. Pequeno tratado das grandes virtudes ed. Martins fontes, sp, 1999
REVISTA SUPER INTERESSANTE.ed 278, 2010

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