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Regionalismo e Multilateralismo

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Regionalismo e Multilateralismo
O cenário internacional contemporâneo, caracterizado pela globalização, apresenta
duas tendências no que tange às negociações comerciais: por um lado, a
regionalista, que tende à formação de blocos econômicos, e por outro, a
multilateralista, que prefere levar a cabos essas negociações em âmbito mais
amplo e se expressa no foro da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ambas
como resultado de certas condições que vieram a prevalecer no mundo a partir
da metade do século XX, algumas delas são condições de natureza política, outras
referem-se a recentes avanços tecnológicos.
Entre as primeiras, o fim da Guerra Fria e a queda da chamada "Cortina de
Ferro" constituem as principais. O mundo, antes dividido em blocos antagônicos,
passa a ser percebido e a funcionar como um todo. Com o consenso prevalecendo
entre as superpotências, as relações internacionais fazem das trocas e dos
investimentos o seu grande objetivo. Consequentemente, intensificam-se de
forma exponencial os fluxos do comércio no mundo.
Os recentes avanços no campo da tecnologia, com a descoberta de novos
produtos e de novas técnicas de produção, a partir das vertiginosas
transformações verificadas nos meios de comunicação, implicaram uma
verdadeira 'reestruturação da economia mundial', com base nas duas
tendências a que já nos referimos acima: a multilateralização das relações de
comércio, que convive com a sua regionalização.
Esses fenômenos vêm ocorrendo em um cenário da crescente globalização, a
qual, vista de um prisma puramente econômico, consiste na internacionalização
da produção, sendo que tanto a regionalização quanto a multilateralização são
respostas encontradas pelos países para fazerem face à nova realidade
internacional.
A regionalização, além de viabilizar investimentos cada vez maiores em pesquisa e
desenvolvimento, para a obtenção de produtos mais baratos e de melhor qualidade,
permite ganhos em escala, o que também barateia a produção, favorecendo a
colocação dos produtos no mercado.
A integração econômica, portanto, não é um fim em si mesma, constituindo-se
em instrumentos para uma melhor inserção dos países do bloco no mercado
internacional.
Precursor da Integração: Abade de Saint-Pierre
Os Blocos Econômicos
É a tendência representativa de um modelo de integração regional próprio do
mundo globalizado, apresentando-se sob a forma de agrupamento de vários
países de uma região com vinculação econômica e entendimento-base
orientados para o desenvolvimento, a integração econômica e a liberalização
econômica.
Uma das principais características de um bloco econômico é a busca incessante
de fórmulas ágeis de discussão e acordo entre seus parceiros, que lhes
permitam negociar, entre si e com outros países, através de mecanismos
multilaterais, a defesa de seus interesses econômicos, bem como a obtenção de
vantagens comerciais que facilitem e fortaleçam a promoção integrada de seus
desenvolvimento.
União Europeia - bloco em estágio mais avançado de integração
Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA)
Instrumento de integração das economias dos EUA, do Canadá e do México.
Consolidou o intenso comércio regional no hemisfério norte do continente
americano, beneficiando a economia mexicana, ao mesmo tempo em que
aparece como concorrente ao bloco econômico europeu, à ascendente
economia chinesa e à fortíssima economia japonesa.
Este bloco não constitui uma organização internacional de cooperação
econômica nos moldes clássicos. A meta é construir uma zona de livre
comércio com ampla abrangência, se possível, atraindo outros países das
Américas, regulando os investimentos, a propriedade intelectual e o comércio de
bens e serviços entre os países membros do bloco.
Comunidade Andina (CAN)
1969 - Acordo de Cartagena - Pacto Andino (Comunidade Andina), formado por:
Colômbia, Peru, Venezuela (saiu), Equador, Bolívia e Chile (saiu).
Criando uma União Aduaneira e Econômica para fazer restrições à entrada de
capital estrangeiro, com base em estudos da Comissão Econômica para a
América latina (CEPAL), órgão da ONU.
Atualmente, o grupo objetiva criar um mercado comum em função do
processo de globalização econômica, que exige sua formação em bloco para
melhor defesa de seus interesses e promoção integrada do seu desenvolvimento.
Com a Aliança do Pacífico, a Comunidade, abrangendo também o Chile e o
México, e abrindo-se à adesão da Costa Rica e do Panamá, vem sendo
concebida como instrumento voltado a promover uma maior inserção comercial
de seus participantes em regiões consideradas estratégicas comercialmente,
principalmente a Ásia.
União Europeia (UE)
Representa o estágio mais avançado do processo de formação de blocos
econômicos no contexto da globalização.
1957 - Tratado de Roma - conhecida como Comunidade Econômica Europeia (CEE)
2003 - formada por 15 países da Europa Ocidental
Atual - + 13 países do Leste Europeu = 28 Países Membros.
O órgão máximo é o Conselho Europeu, agrupa os Chefes de Estados ou de
Governo, além do Presidente da Comissão Europeia, sendo responsável pela
definição das grandes orientações políticas e cabendo-lhe a responsabilidade de
abordar os problemas da atualidade no âmbito internacional. O Conselho
Europeu reúne-se 4 vezes por ano, ou seja, 2 vezes por semestre, em
circunstâncias excepcionais, pode reunir-se em sessão extraordinária.
Outras instituições existem para que a União Europeia possa cumprir seus objetivos
de integração.
O Conselho de Ministros é o órgão que dispõe de poder de decisão,
assumindo a coordenação geral das atividades da União. O Conselho, junto
com o Parlamento Europeu, fixa a legislação da União Europeia, inicialmente
proposta pela Comissão Europeia.
O Parlamento Europeu, composto por delegados eleitos, atendidos por um
secretariado formado por mais de quatro mil funcionários, possui três tipos de
poder: o orçamentário, o de controle da Comissão Europeia, e o legislativo
(indo de instância de consulta à co-decisão, quando divide o poder decisório com o
Conselho). Uma das mais importantes funções do Parlamento Europeu consiste em
aprovar e autorizar a indicação de projetos que consomem cerca de 45% do
orçamento oficial da União Europeia.
O Parlamento Europeu, com sede na França, para sessões plenárias, é formado
por parlamentares eleitos pelas populações dos países membros da União
Europeia. Em Luxemburgo, funciona a Secretaria Administrativa, e em Bruxelas,
na Bélgica, realizam-se reuniões das Comissões Temáticas. Lá se reúnem o
Conselho de Ministros da União Europeia e seu braço executivo, a Comissão
Europeia.
A Comissão Europeia é o órgão executivo que tem como função a iniciativa na
elaboração da legislação em comum, controlando sua aplicação e
coordenando a administração das políticas comuns. Além disso, conduz as
negociações da União Europeia no plano das relações exteriores.
Complementam as instituições da União Europeia:
1. Tribunal de Justiça;
2. Tribunal de Contas;
3. Comitê Econômico e Social;
4. Comitê das Regiões;
5. Provedor de Justiça Europeu;
6. Banco Central Europeu (BCE); e
7. Banco Europeu de Investimento (BEI).
1992 - consolida Mercado Comum Europeu, com a eliminação das últimas
barreiras alfandegárias entre os países membros. Pelo Tratado de Maastricht,
entrou em funcionamento em novembro de 1993. Mais 3 tratados complementam:
Amsterdam (1996), Nice (2001) e Lisboa (2007).
O Euro é a moeda única criada pela União Europeia (2002), em substituição às
demais moedas da maioria dos Países Membros, circulando em cédulas e
moedas na comunidade financeira internacional. Consolidada e se afirma como
alternativa ao dólar norte-americano nas transações comerciais.
Por temer as consequências da perda da sua soberania, 3 países ainda
resistem ao fim da emissão de sua própria moeda: Reino Unido (saiu), Suécia e
Dinamarca.
Mesmo com a crise econômica mundial (2009) causado sérios impactos à
estabilidade da Zona do Euro, não podemos negar a força desta moeda, lastreada
em economias poderosas, que passa a competircom o dólar norte-americano
em condições de igual aceitação no mercado internacional.
Para admissão à União Econômica e Monetária, o país membro da União Europeia
deve atender aos seguintes pré-requisitos:
a. déficit público máximo de 3% do PIB;
b. inflação baixa e controlada;
c. dívida pública de no máximo 60% do PIB;
d. moeda estável, dentro da banda de flutuação do Mecanismo Europeu de
Câmbio; e, por último,
e. taxa de juros de longo prazo controlada.
Acontecimentos marcantes
2001 - União Europeia deu início as negociações sobre livre comércio com o
Mercosul, previstos inúmeros acordos de intercâmbio comercial entre ambos,
porém com dificuldades no setor agrícola, pois a UE não admite abrir mão dos
muitos instrumentos criados para proteger o agricultor europeu.
A Comissão Europeia adotou o RIP, programa que conta com significativos
recursos provenientes da União e que se destina a ajudar na conclusão do
Mercado Interno do Mercosul, a seu fortalecimento institucional e à efetiva
participação da sociedade civil no processo de integração interna do Mercosul e bi
regional com a União Europeia.
Organização Mundial do Comércio (OMC): a participação do Brasil no contencioso
comercial da OMC
1995 - objetivo geral formular as regras de comércio no mundo globalizado.
Metas:
● Contribuir para a liberalização gradual do comércio multilateral, mediante
rodadas de negociações;
● Desencorajar a discriminação no comércio, evitando cláusulas como a da
"nação mais favorecida";
● Estabelecer um órgão para a solução de conflitos comerciais.
OMC é sucessora do GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) criado em
1948. No período entre 1948 e 1994, foram as regras do comércio multilateral
estabelecidas no âmbito do Acordo, uma vez que a Carta de Havana, que criava
uma Organização Internacional do Comércio, jamais logrou ser ratificada pelos
Estados Partes.
GATT - negociações voltadas para redução de tarifas comerciais. A Rodada
Kennedy (1964 a 1967) produziu um Acordo Anti-Dumping e a Rodada Tóquio
(1973 a 1979), constituiu-se na tentativa para lograr a eliminação das barreiras
não-tarifárias. Da Rodada Uruguai (1986 a 1994), nasceria a Organização
Mundial do Comércio.
Enquanto o GATT debruçava-se apenas sobre o comércio de bens, a OMC inclui
em sua agenda, entre outros temas, serviços, compras governamentais,
propriedade intelectual e meio ambiente.
Diferencial relevante - OMC conta com um mecanismo de solução de
controvérsias sensivelmente mais efetivo que aquele com que contava o antigo
GATT.
2 grandes reuniões ministeriais: Cingapura (1996) e Genebra (1998). A 3ª nos
Estados Unidos (1999). Em 2001, foi lançada a "Agenda de Doha para o
Desenvolvimento" (Rodada de Doha) ainda em curso.
Para os 159 países membros da OMC, as tarifas que aplicarão às suas
importações, registradas no âmbito da Organização, revestem-se de efeito
vinculante e não podem ser desrespeitadas. Caso um dos membros se sinta
prejudicado em virtude de iniciativa tomada por outro Estado Parte no Acordo, a
ele caberá acionar o sistema de solução de controvérsias da OMC.
A consolidação da OMC representa importante momento de sobreposição do
poder jurídico sobre o poder político. O organismo internacional aplica um
modelo racional de solução de controvérsias, mediante sugestão de sanções -
ou seja, sem ser impositivo - sob medida para as peculiaridades de conflitos entre
Estados soberanos.
Fomenta um pluralismo jurídico ordenado, com os Estados
comprometendo-se a abster-se de medidas unilaterais de retaliações e
medidas abruptas indesejáveis ao equilíbrio e harmonia internacionais.
Experiência obtida no Direito do comércio internacional. O painel propõe uma
original forma de decisão vinculante, em que inexistindo a pacificação do conflito
pelos meios político-diplomáticos, profere-se, ao fim de um sumário processo de
conhecimento, relatório com prescrições elaboradas por juristas a serviço da OMC.
O relatório final do painel comina sanções compensatórias a quem violou as
regras do comércio internacional, causando prejuízo a outrem, expressas em
valores monetários. De natureza impositiva sob condição, já que podem ser
negociadas interpartes, em busca da construção do consenso.
Os relatórios finais dos painéis não serão implementados se vetados pelo
querer de todos os Estados Partes. Na prática, contudo, o consenso invertido é
extremamente difícil de ser alcançado, o que facilita a aprovação dos relatórios
finais.
Legislação específica "Dispute Settlement Understanding", o Encontro de Marrakech
(1994), a OMC tende-se a transformar-se no grande fórum mundial, onde se
estima serem pacificados os macro conflitos comerciais internacionais, agravados
pelas duras contendas de manutenção e acesso a mercados.
O Órgão de Solução de Controvérsias passará a buscar solução consensual (sem
unilateralismo). Fase de conhecimento e do contraditório, em que os Estados
expressam livremente suas razões, formando a prova na forma ordinária do due
process of law, chega-se ao relatório final, que indica condutas e comina sanções
comerciais na forma de direitos a serem ou não exercidos pela parte vencedora.
De toda sorte, e em que pese seu breve período de vigência, não há mais como
duvidar da eficácia e efetividade do sistema de solução de controvérsias da
OMC, como se infere do grande respaldo internacional que vem recebendo.

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