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Finanças Internacionais e Câmbio 1ª edição 2017 Finanças Internacionais e Câmbio Presidente do Grupo Splice Reitor Diretor Administrativo Financeiro Diretora da Educação a Distância Gestor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Gestora do Instituto da Área da Saúde Gestora do Instituto de Ciências Exatas Autoria Parecerista Validador Antônio Roberto Beldi João Paulo Barros Beldi Claudio Geraldo Amorim de Souza Jucimara Roesler Henry Julio Kupty Marcela Unes Pereira Renno Regiane Burger Ana Flavia Pigozzo Fedato Rachel da Silva Xavier Elias Rafael Rodrigues de Souza Cleyton Izidoro *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. 44 Sumário Unidade 1 Sistema de Comércio Internacional ............................5 Unidade 2 Sistema Financeiro Internacional ..............................20 Unidade 3 Comércio Exterior e Desenvolvimento ......................35 Unidade 4 Economia Internacional Contemporânea .................51 Unidade 5 Câmbio .........................................................................68 Unidade 6 Mercado Cambial Brasileiro ......................................80 Unidade 7 Formas de Proteção ....................................................96 Unidade 8 Adiantamentos sobre contrato de câmbio e adiantamentos sobre cambiais entregues ............112 1 5 Unidade 1 Sistema de Comércio Internacional Para iniciar seus estudos Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade de Estudos Sistema de Comércio Internacional. Nessa unidade, você terá a oportunidade de conhecer como funciona a troca de bens e serviços entre os países, sobretudo a respeito dos aspectos legais. Aprenderátambém um pouco de história, passando pela evolução do comércio internacional até os dias de hoje, mostrando o seu conceito, aimportância histórica e os aspectos relacionados ao desenvolvimento das nações. Objetivos de Aprendizagem • Estabelecer a relação de troca de bens e serviços entre os países e seus territórios; • Mostraro histórico do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT); • Apresentar a Organização Mundial do Comércio (OMC); • Conceituar blocos econômicos. 6 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 1 – Sistema de Comércio Internacional Tópicos de estudo: 1.1 O Sistema de Comércio Internacional 1.2 Regulação do Comércio Internacional 1.2.1 Acordo Geral de Tarifas e Comércio 1.2.2 Organização Mundial do Comércio 1.3 Blocos Econômicos 1.3.1 Mercosul 1.3.2 União Europeia 1.1 O Sistema de Comércio Internacional O sistema de comércio internacional é um conjunto que estabelece a troca de bens e serviços entre os países e seus territórios. Em muitos países, esse sistema representa uma porcentagem significativa do Produto Interno Bruto (PIB), que, nesses casos, é uma importante ferramenta de estímulo às atividades econômicas e, conse- quentemente, de geração de riqueza de uma região. Embora seja possível verificar, através da história, que esse tipo de comércio já se desenvolvia no período a.C., foram nos últimos séculos que ocorreu o seu avanço, através da expansão da economia industrial e da moder- nização dos meios de transportes. Figura 1: Modernização dos meios de transporte. Legenda: A modernização dos meios de transportes ocorreu através da expansão da economia industrial. Fonte: 123rf (id da imagem: 40606239) 7 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 1 – Sistema de Comércio Internacional Além de ser um dos principais responsáveis pelo termo “globalização”, o comércio internacional possui,além darelevância econômica, grandeimportância política e social para os países. A respeito da importância econô- mica, de acordo com Ratti (2010), existem cinco diferentes fases de integração: a. Zona de Livre Comércio – Os países parceiros aceitam eliminar de forma progressiva e recíproca os obstáculos existentes entre os produtos negociados entre eles. Nessa modalidade, cada país-membro possui autonomia e liberdade no que tange à sua política interna, bem como em suas formas de políticas comerciais com países não associados. Pense em um exemplo em queBrasil, Argentina e Uruguai instituam entre si uma zona de livre comércio. Nesse caso, um produto proveniente da Nova Zelândia poderá estar sujeito a três tratamentos aduaneiros distintos, de acordo com as especificidades de cada um dos três países. b. União Aduaneira– Além da eliminação recíproca de obstáculos, os países-membros concordam em adotar uma política comercial uniforme com os países não membros. Nessa categoria prevalece uma pauta aduaneira comum idêntica em todos os países pertencentes, para as importações oriundas de outros países. Seguindo o mesmo exemplo utilizado na zona de livre de comércio, se Brasil, Argentina e Uruguai instituírem uma união aduaneira, um produto advindo da Nova Zelândia estará sujeito ao mesmo tratamento aduaneiro, não importando para qual dos três países for destinada sua mercadoria. c. Mercado Comum– Passada a fase de união aduaneira, o mercado comum alcança uma forma mais elevada de integração econômica, em quesão extintas as restrições sobre os produtos negociados e, também, as restrições aos fatores produtivos. Tal prática é válida para todos os países–membros. d. União Econômica– Nessa fase, busca-se a eliminação de restrições sobre os movimentos de mercadorias ao mesmo tempo em que se tenta criar uma harmonia em relação às políticas econômicas nacionais. O principal objetivo da união econômica é acabar com as discriminações resultantes das disparidades existentes entre essas políticas, tornando-as o mais convergente possível. e. Integração Econômica total– Nessa modalidade, os países-membros passam a adotar a mesma política monetária, fiscal, social e anticíclica, além de delegar a uma autoridade poderes para elaborar e executar essas políticas. As decisões tomadas por essa autoridade devem ser acatadas por todos os países- membros. globalização: processo de integração cultural, econômica, política e social entre diferentes países. Glossário Um estudo da FIESP (2015) revela as principais características das recentes negociações comerciais, sendo elas: 8 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 1 – Sistema de Comércio Internacional • Aumento dos temas em negociação, sobretudo no que tange a investimentos, concorrência e regras de tributação; • Ascensão do escopo das negociações; • Novos modelos de regulação; • Equidade das medidas de precaução; • Exigências técnicas e de certificação; • Diminuição do enfoque em tarifas; • Transformação do ambiente regulatório e da estrutura institucional do sistema de comércio; • Maior força das barreiras nãotarifárias e da regulação doméstica; • Maior prevalência de padrões definidos pelos países desenvolvidos. Em meio à tamanha importância advinda da gama de assuntos debatidos dentro do escopo do comércio inter- nacional, faz-se necessária uma regulação que se torne a plataforma de comunicação entre os países. Para mais informações a respeito de comércio internacional, consulte o site do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC):<http://www.mdic.gov.br>. 1.2 Regulação do Comércio Internacional De uma forma geral, o comércio sempre foi regulado através de acordos bilaterais entre os países, onde, por séculos, perdurou uma grande resistência ao amplo comércio internacional. Foi a partir do século XIX que as primeiras ideias de apoio ao livre comércio passaram a ter visibilidade, sobretudo no Reino Unido. Nos anos que sucederam à Segunda Guerra Mundial (1939-1945) os primeiros acordos cujo objetivo era criar estruturas de regulação com alcance global, foramcriados, estando entre os principais, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT–General Agreementon Tariffs and Trade) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), sendo esta con- siderada uma extensão do GATT. Figura 2: Símbolo da OMC http://www.mdic.gov.br 9 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 1 – Sistema de Comércio Internacional Legenda: A OMC constitui uma organização que tem como objetivo supervisionar os acordos comerciais entre os países. Fonte: 123rf (id da imagem: 61496972) Vejamos a seguir um pouco mais sobre esses dois acordos. 1.2.1 Acordo Geral de Tarifas e Comércio Após tentativas frustradas de se criar um órgão de regulação do comércio internacional, durante as conferên- cias de Bretton Woods (1944), foi criado,em 30 de outubro de 1947, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT –General Agreementon Tariffs and Trade),que constituiu uma série de acordos de comércio internacional cujo objetivo era diminuir as barreiras de troca entre os países membros, sobretudo no âmbito de taxas e tarifas adu- aneiras. Acordos de Bretton Woods:objetivaram o estabelecimento de regras para o comércio inter- nacional e financeiro entre países industrializados, com o intuito de reestabelecer uma ordem econômica mundial no período após a Segunda Guerra. Embora não constituísse uma personalidade jurídica, o acordo possuía uma estrutura permanente que atribuía base legal para as negociações relacionadas ao comércio entre os países. Segundo Jakobsen (2005), o acordo incluiu três princípios: 10 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 1 – Sistema de Comércio Internacional • A não discriminação, que estabelece igualdade de tratamento entre produtos nacionais e importados. • Redução geral e progressiva das tarifas, que deve ocorrer em bases recíprocas, seja por intermédio de negociações produto a produto, por redução linear ou, ainda, pela harmonização dos direitos aplicados nos diferentes países. A essa redução também deu-se o nome de direitos de aduana. • Proibição de restrições quantitativas às importações, dumping e subsídios às importações. dumping: prática que promove a venda de produtos a preço inferior ao estabelecido pelo mercado, seja para se desfazer de um possível estoque de recursos excedentes ou para pre- judicar a concorrência. Glossário Durante a existência do GATT, foram realizadas oito rodadas de negociações comerciais: Tabela 1: Rodadas do GATT ANO RODADA Número de países 1947 Rodada Genebra 23 1949 Rodada Annecy 13 1951 RodadaTorquay 38 • 1956 Rodada Genebra II 26 • 1960 – 1961 Rodada Dillon 26 • 1964 – 1967 Rodada Kennedy 62 • 1973 – 1979 Rodada Tóquio 102 • 1986 – 1994 Rodada Uruguai 123 Legenda: Acordos de comércio internacional cujo objetivo era diminuir as barreiras de troca entre os países-membros, sobretudo no âmbito de taxas e tarifas aduaneiras. Fonte: Adaptado de Jakobsen (2005). Ainda de acordo com Jakobsen (2005), desde suas primeiras rodadas de negociações, foram sendo ajustadas sucessivas reduções tarifárias, sobretudo no que tange aos bens industriais. A modalidade que se utilizava na época da Rodada Torquay, e durou até a Rodada Dillon, era a da negociação bilateral, em que cada país negociava primeiro com o seu principal fornecedor e, na sequência, aplicava o acordado a seus outros parceiros comerciais. 11 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 1 – Sistema de Comércio Internacional Nas negociações seguintes, o método utilizado foi o da redução linear de tarifas, excluindo poucos produtos. Na Rodada Kennedy, asnegociações envolveram cerca de 60 mil concessões tarifárias, resultando em uma nova redução linear de 35%. Na Rodada Tóquio, o número de concessões ampliou-se para 98 mil, o que resultou em uma nova redução linear de, aproximadamente, 33% para os países industrializados. O resultado alcançado pelas sete primeiras rodadas de negociação, ao longo dos seus 32 anos, foia reduçãoda tarifa média, sobre os produtos manufaturados, de 40% (referente à época da criação do GATT) para 4,7% (em 1979). A mais importante delas foi a Rodada Uruguai, que levou a uma ampliação ainda maior das negociações comer- ciais. Figura 3: Rodada Uruguai Legenda: Esta foi a mais importante rodada do GATT, levando a uma ampliação ainda maior das negociações comerciais. Fonte: 123rf (ID da imagem: 8625327) Contando com 123 países,a Rodada Uruguai regulou questões importantes, como os subsídios agrícolas, a indús- tria têxtil nos países em desenvolvimento e, também, questões ligadas à propriedade intelectual. Foi a Rodada do Uruguai que levou à criação da Organização Mundial do Comércio. Para compreender melhor os aspectos históricos e os princípios do GATT, procure a obra “O Sistema GATT/OMC – Introdução Histórica e Princípios Fundamentais”, doautor Pedro Infante Mota. 1.2.2 Organização Mundial do Comércio 12 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 1 – Sistema de Comércio Internacional A Organização Mundial do Comércio (OMC) foi criada em 1995 e tem como objetivo supervisionar os acordos comerciais entre os países. Com sede em Genebra, na Suíça, seu funcionamento foi iniciado em substituição ao GATT, tornando-se palco ideal para a resolução de conflitos enfrentados pelos países em seus diversos tipos de relações. Qualquer país que se sinta prejudicado com medidas tomadas por outro país pode recorrer à OMC para realizar uma denúncia. Jakobsen (2005) explica que a estrutura dessa organização é composta por membros que se reúnem a cada dois anos para compor um Conselho Geral, assumindo a obrigação de acatar e adequar suas legislações nacionais aos acordos multilaterais adotados na região. A OMC fez com que se tornasse permanente a principal mudança introduzida no GATT a partir da Rodada Tóquio e solidificada na Rodada Uruguai: a ampliação da agenda de assuntos de interesse, em vez de apenas a redução de tarifas. Entre as funções da Organização Mundial do Comércio, destacam-se: • Gerir os tratados que integram o sistema multilateral do comércio; • Servir como uma convenção para o comércio internacional; • Administrar os acordos e suas implementações pelos membros da organização. A OMC também é guiada por cincoprincípios, que devem ser respeitados por todos os seus membros. São eles: • Princípio da não discriminação: o principal intuito é evitar que produtos internacionais sejam desfavorecidos frente a uma competição com produtos nacionais, ou seja, a todos deve ser concedida uma circunstância igualitária. Há uma condição, denominada “nação menos favorecida”, que estabelece que qualquer benefício oferecido a um país deve ser proporcionado aos demais. • Princípio da previsibilidade: tem o objetivo de evitar restrições ao comércio internacional, garantindo previsibilidade a respeito de normas e acesso aos mercados. Governos, empresas e investidores estrangeiros devem ter a confiança de que os países não vão estabelecer, de forma arbitrária, qualquer obstáculo comercial. • Princípio da concorrência leal: tem como propósito garantir justiça ao comércio internacional apartir da proibiçãode práticas consideradas desleais, tendo como mauexemplo a prática de dumping e subsídios. Tal princípio já era discutido no GATT,nos artigos XI e XVI, porém a implementação só ocorreu após terem sido firmados acordos antidumping e de subsídios, junto a medidas cabíveis para oprimir os danos causados. • Princípio de restrições quantitativas: advindo do artigo XI do GATT,em 1994, esse princípio visa a impedir a prática de restrições quantitativas como maneira de proteger as indústrias nacionais. As tarifas podem ser utilizadas como forma de proteção desde que sua utilização esteja expressa nas listas de compromissos das nações-membro. • Princípio do tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento: objetiva criar condições de vantagens tarifárias a países em desenvolvimento. Nesse princípio, os países desenvolvidos renunciam o direito de reciprocidade nas negociações das tarifas.Outro assunto considerado um pilar na história da OMC é a Rodada Doha. Iniciada em 2001, promoveu as pri- meiras negociações da Organização Mundial do Comércio e, até hoje, não há um consenso estabelecido entre os países. Figura 4: Doha, Qatar 13 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 1 – Sistema de Comércio Internacional Legenda: Local do início das discussões sobre a abertura do comércio mundial. Fonte: 123rf (ID da imagem:49902019) Embora seja uma continuação das rodadas do GATT, que sempre objetivou diminuir as barreiras comerciais ao redor do mundo, a Rodada Doha concentra esforços em discussões para separar países desenvolvidos e países em desenvolvimento, e um dos temas mais controversos é a questão dos subsídios agrícolas. Os países desenvolvidos tendem a estimular a sua indústria fornecendo fortes subsídios aos seus produtores, fazendo com que os países em desenvolvimento se sintam prejudicados pela falta de competitividade advinda dessa prática. De um lado, países mais ricos buscam maior abertura de seus produtos industrializados para novos mercados, enquanto, do outro, países menos ricos esperam que os impostos cobrados sobre produtos agrícolas internacionais sejam diminuídos. Para outras informações a respeito da Organização Mundial do Comércio, acesse o site do Itamaraty:http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-economica- -comercial-e-financeira/132-organizacao-mundial-do-comercio-omc. 1.3 Blocos Econômicos No sentido de facilitar ainda mais a relação de troca entre países ao reduzir as barreiras comerciais, blocos eco- nômicos são criados como uma alternativa para acordos multilaterais. Em um bloco econômico, um conjunto de países se une em prol de uma relação econômica privilegiada e solu- ções em comum para seus problemas comerciais. De forma geral, esses blocos são formados por países que possuem localização geográfica aproximada ou outras afinidades. Para o Brasil, o Mercosul é o bloco econômico mais importante, enquanto, mundialmente, a União Europeia representa a maior potência. Vejamos abaixo um pouco mais sobre cada um desses blocos. http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-economica-comercial-e-financeira/132-organizacao-mundial-do-comercio-omc http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-economica-comercial-e-financeira/132-organizacao-mundial-do-comercio-omc 14 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 1 – Sistema de Comércio Internacional 1.3.1 Mercosul O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi criado em 1991 e é originalmente composto por Brasil, Argentina, Para- guai e Uruguai. Em 1995, instalou-se uma zona de livre comércio no bloco e, em 2006, a Venezuela (atualmente suspensa) ingressou como um membro efetivo. Embora outros países da América Latina (Bolívia, Chile, Colôm- bia, Equador e Peru) participem como membros associados do grupo, apenas os efetivos possuem poder de voto em reuniões.Nova Zelândia e México participam como membros observadores do grupo. Entre os principais acordos firmados entre os países-membrosem sua fundação estão: • Livre circulação de bens e serviços, advindos da restrição aos direitos alfandegários e restrições não tarifárias quanto à circulação de mercadorias. • Acordo de tarifa externa comum e política comercial comum relacionadas a países nãomembros do bloco. • Todos os produtos originados de um país-membro receberão o mesmo tratamento concedido aos produtos nacionais. • Os diversos tipos de política que envolvem as relações comerciais, como política agrícola, cambial, fiscal, entre outras, devem possuir um acordo comum, com o objetivo de garantir uma concorrência apropriada entre os membros. • Nas relações com demais países não pertencentes ao bloco, os países-membros vão garantir condições equitativas de comércio, a fim de impedir importações consideradas prejudiciais ao grupo, principalmente quando relacionadas a subsídios desleais. • Os países-membros vão alinhar suas políticas nacionais, a fim de elaborar práticas comuns a respeito da concorrência entre si. Tabela 2: O Bloco em Números País População (milhões) PIB (USD) 15 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 1 – Sistema de Comércio Internacional Argentina 41,4 609,9 (bilhões) Brasil 200,4 2,246 (trilhões) Paraguai 6,8 29,01 (bilhões) Uruguai 3,4 55,71 (bilhões) Venezuela 30,4 438,3 (bilhões) Legenda: Os blocos econômicos são criados como uma alternativa para acordos multilaterais. Fonte: Banco Mundial. Para saber notícias atuais sobre o Mercosul, acesse a reportagem “Mercosul, novos caminhos a serem percorridos?”, publicada em 24 de fevereiro de 2017:<http://g1.globo.com/econo- mia/blog/samy-dana/post/mercosul-novos-caminhos-serem-percorridos.html>. 1.3.2 União Europeia http://g1.globo.com/economia/blog/samy-dana/post/mercosul-novos-caminhos-serem-percorridos.html http://g1.globo.com/economia/blog/samy-dana/post/mercosul-novos-caminhos-serem-percorridos.html 16 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 1 – Sistema de Comércio Internacional A União Europeia surgiu em 1992, com a finalidade de criar uma cooperação política e econômica entre os países participantes do bloco. Possui hoje um total de 28 membros, entre eles: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chi- pre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia e Suécia. Em junho de 2016, um plebiscitorealizado entre a população do Reino Unido decidiu que o país iria se retirar do bloco, entretanto, tal saída ainda não foi oficializada. Foi dado o nome de Brexit ao plebiscito criado para decidir sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia. Para saber mais sobre o Brexit, acesse:<http://www.bbc.com/por- tuguese/internacional-36555376>. Na criação da União Europeia, estava entre os principais objetivos um mercado único que visava à livre circulação de bens, capitais, pessoas e serviços. Além disso, uma de suas principais realizações foi a criação do euro, moeda comum à maioria dos países-membros. Em 2014, o bloco foi considerado o mais importante existente, detentor de 20% do PIB mundial e 7% de toda a população da Terra. http://www.bbc.com/portuguese/internacional-36555376 http://www.bbc.com/portuguese/internacional-36555376 17 Considerações finais Nessaunidade, você teve a oportunidade de obter uma contextualização sobre o comércio internacional e, também, aprender sobre o funciona- mento dos acordos GATT e OMC. Além disso, você pôde ver a importância dos blocos econômicos e teve informações a respeito do Mercosul e da União Europeia. • Estabelecemos a relação de troca de bens e serviços entre países e seus territórios; • Apresentamos o histórico do Acordo Geral de Tarifas e Comércio eda Organização Mundial do Comércio. • Aprendemos sobre os conceitos de blocos econômicos. Até a próxima unidade!. Referências bibliográficas 18 FIESP. Tendências do Comércio Internacional. Disponível em: <www.fiesp. com.br/arquivo-download/?id=202903>. Acesso em: 27 fev. 2017. JAKOBSEN, K. Comércio internacional e desenvolvimento – Do Gatt à OMC: discurso e prática. 1. ed. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005. RATTI, B.Comércio Internacional e Câmbio. 11.ed. São Paulo: Aduaneiras, 2010. p.496. www.fiesp.com.br/arquivo-download/?id=202903 www.fiesp.com.br/arquivo-download/?id=202903 2 20 Unidade 2 Sistema Financeiro Internacional Para iniciar seus estudos Nesta unidade, você será apresentado aos sistemas monetários da eco- nomia mundial no pós-guerra, com destaque para os principais órgãos envolvidos com o comércio internacional, uma vez que suas decisões influenciam diretamente as políticas de comércio exterior dos países e, consequentemente, a política cambial. Inicialmente, será feito um relato sobre o que foi o Sistema Bretton Woods. A seguir, serão enfatizadas as organizaçõescriadas, como: o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização Internacional do Comércio (OIC), que se tornou a atual Organização Mundial do Comércio (OMC), na qual são dis- cutidas as políticas de comercio exterior de todos os países-membros. Objetivos de Aprendizagem • Apresentação do sistema financeiro internacional, dos mercados financeiros globais e, também, dos aspectos históricos relacionados ao padrão-ouro; • Apresentação do Sistema de Bretton Woods e posteriores. 2 21 Tópicos de Estudos 2.1 Apresentação do Sistema Financeiro Internacional 2.2 FMI – Fundo Monetário Internacional (FMI) 2.3 BIRD - Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) 2.3.1 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – (BNDES) 2.3.2 Perspectivas para a América Latina 2.4 OIC – Organização Internacional do Comércio (OIC) 2.5 GATT - General Agreement on Tariffs and Trade and Tariffs (GATT) 2.6 OMC – Organização Mundial do Comércio (OMC) 2.6.1 Os Princípios da OMC 2.6.2 A Rodada de Doha 22 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 2 – Sistema Financeiro Internacional 2.1 Apresentação do Sistema Financeiro Internacional Com o objetivo de reorganizar a economia mundial, destruídas em função das guerras, realizou-se uma Con- ferência Internacional, em 1944, nos Estados Unidos, com a presença de vários países. A esse evento, deu-se a titularidade de Sistema Bretton Woods, nome da cidade-sede do encontro. Entre os diversos tópicos discutidos, vale ressaltar os que tangem o comércio internacional: a criação de entida- des reguladoras do comércio e de promoção de investimentos. Em relação ao primeiro, destaca-se a criação do Fundo Monetário Internacional e, ao segundo, o Banco Mundial. Figura 1: Conferência Monetária de Bretton Woods. Legenda: Reunião dos delegados em Bretton Woods. Fonte: Acervo “O Globo”. A partir dessa significativa reunião, foi acordado um novo sistema de paridade, o padrão dólar-ouro, que foi muito eficiente durante duas décadas. A metodologia para esse padrão era aplicada da seguinte forma: cada país associado tinha como dever declarar o valor monetário da sua moeda oficial em relação ao ouro, pela motivação da paridade fixa. O termo “padrão dólar-ouro” se dava pelo fato de as moedas dos países serem definidas por um determinado peso em ouro. Figura 2: Conferência Monetária de Bretton Woods. Legenda: Foto da cidade de Bretton Woods. Fonte: Acervo “O Globo”. 23 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 2 – Sistema Financeiro Internacional O fim da paridade ouro-dólar teve diversos motivos. Um dos principais foi devido aos Estados Unidos virem acu- mulando déficits no seu balanço de pagamentos. Diante desse e de outros fatos, no começo da década de 1970 foi noticiado oficialmente que não haveria mais lastro em ouro, não podendo assim mais ser feita a conversão de dólar para ouro. Consequentemente, originou-se uma crise estimulando outros países a valorizarem ou desva- lorizarem suas moedas. Atualmente, o sistema financeiro internacional está muito mais aguçado, no sentido de grandes proporções monetárias convergirem em uma velocidade muito grande, sendo sua maioria on-line. Isso porque a globalização também trouxe um momento de grandes riscos e novos problemas de proporções gigantescas: as instituições estão tão conectadas que, em questão de minutos, o câmbio de um país, por exemplo, reflete imediatamente em outro continente. Por isso, o controle e a celeridade da tomada de decisões são fundamentais. O sistema financeiro internacional não se limita apenas ao comércio externo, mas de todas as nuances que com- põem esse ciclo, como: capital interno, ações, poupança, PIB, IDH, investidores, dívidas públicas, fundos, saúde financeira dos bancos, títulos, além de fatores como geografia e etnias. Por esse motivo, deve haver uma harmo- nia com todos esses fatores. Fatores políticos detêm uma influência muito maior nos dias atuais, pois suas consequências vão percorrendo uma grande cadeia, na qual seu fluxo aumenta a cada passo, refletindo direta ou indiretamente no estado socio- econômico de cada indivíduo. Embora cada país tenha sua economia soberana, o mercado internacional é um só. Por isso, as grandes orga- nizações internacionais (OMC, FMI, BIRD, entre outras) sempre estão regulando e estabelecendo novas e rígi- das regras através de tratados e convenções. Objetiva-se sempre fomentar o equilíbrio. Mesmo que haja um grande e promissor mercado de determinado produto, toma-se todo cuidado para que não haja consequên- cias muito negativas para outro setor ou país. Essas grandes instituições, que sempre pautam pela credibilidade, preocupam-se demasiadamente com a garantia do equilíbrio, tentando organizar da melhor forma possível um mercado tênue, protegendo, também, alguns países do reflexo negativo da ferocidade de outros extremamente capitalistas. Embora o mercado preze a liberdade econômica que estimula o comércio, devem ser aceitas as diretrizes impos- tas pelos grandes órgãos reguladores (que desempenham um papel crucial no mercado internacional), pois san- ções também são severamente aplicadas, como embargo ou sobretaxas. 2.2 Fundo Monetário Internacional (FMI) O Fundo Monetário Internacional foi criado em junho de 1944, com três funções originárias: • Estabelecer normas do sistema monetário internacional; • Prestar assistência financeira aos países-membros; • Atuar como órgão consultivo dos governos. Na sua criação, as quotas do fundo eram assim distribuídas: 25% da quota total em ouro, caucionados em quatro bancos (FRB de Nova York, Banco da Inglaterra, Banco da França e Banco da Índia), e o restante da quota (75%) constituído de depósito, por cada país-membro, em moeda nacional na conta número um de seu Banco Central. O voto (através do qual são tomadas as decisões) era proporcional ao número de pontos de cada país. Cada sócio tinha por sua quota 250 pontos; e cada 100 mil dólares além dessa quota daria direito a um voto. 24 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 2 – Sistema Financeiro Internacional Havia três modalidades de empréstimo: stand by (dentro do limite de 125% da quota); swap (acima desse limite); Direitos Especiais de Saque (DES), fora o ouro e o dólar, em excedente de divisas. A criação do FMI teve entre seus objetivos a necessidade de auxiliar aos países destruídos pela guerra e que pre- cisavam de financiamentos para sua reconstrução. Figura 2: Criação do FMI Legenda: Criação do FMI Fonte: O autor (2017) Mantendo a sede em Washington, nos Estados Unidos da América, desde a sua fundação, permite-se, conforme acordado, o ingresso de novos membros, desde que não se oponham às normativas estabelecidas. Exige-se obe- diência e consonância aos acordos proferidos. Figura 3: O Fundo Monetário Internacional (FMI). Legenda: Logo do FMI. Fonte: <www.imf.org>. O FMI possui alguns condicionantes, aos quais os países que recebem os seus recursos se comprometem a cum- prir. O Brasil, durante muitos anos, solicitou aporte financeiro dessa instituição, principalmente na década de 1980, período em que estava com inúmeras dificuldades devido à crise do petróleo (1973-1979). Além disso, www.imf.org 25 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 2 – Sistema Financeiro Internacional estava passando pelo grande aumento da taxa internacional de juros de 1978. Diante desse cenário, o país foi obrigado a cumprir determinações impostas pelo FMI para adotar ajustes econômicos. Anos mais tarde, em 2005, com uma situação econômica mais favorável (déficit público controlado, superávit comercial, inflação em níveis toleráveis etc.), o Brasil optou por não renovar mais os acordos firmados, ou seja, afastou os pedidos de aporte financeiro, embora permanecendo membro/filiado. Para saber mais informações sobre o Fundo Monetário Internacional, consulte o site oficial: <www.imf.org>. Para consultar os documentos referentes aos acordos assinadosentre o Brasil e o FMI desde 1998, consulte o site: <http://161.148.1.43/portugues/fmi/acordofmi.asp> . 2.3 Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) O BIRD, também chamado de Banco Mundial ou Banco Internacional, foi criado com vários objetivos, mas o principal deles foi a função de financiar projetos de infraestrutura dos países-membros, especialmente os rela- cionados a saneamento básico, saúde, educação e transporte. No período pós-guerra, era de fundamental a importância da criação de um organismo que fornecesse créditos a médio e longo prazo, para auxiliar os países na reconstrução e restauração das suas economias destruídas ou deslocadas pela guerra. Na sua criação, o poder de voto era proporcional às quotas de capital: 2% em ouro ou dólares; até 20%, em moeda nacional; os restantes 80% em um fundo de garantia para apoiar os títulos de crédito emitidos pelo banco nos mercados de capitais. O BIRD, sediado em Washington, nos Estados Unidos da América, detém atualmente 188 países-membros e mantém o objetivo de auxiliar países que passaram por guerras. Então, tem como foco a reconstrução socio- econômica de uma nação pós-guerra, de forma a financiar atos que prospectem diretamente o bem-estar da população. www.imf.org http://161.148.1.43/portugues/fmi/acordofmi.asp 26 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 2 – Sistema Financeiro Internacional Figura 4: O Banco Mundial. Legenda: Logo do Banco Mundial. Fonte: <www.worldbank.org>. O Banco Mundial possui vários organismos filiados. Entre eles, destacam-se: a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), que tem a função de promover o desenvolvimento econômico de regiões menos desen- volvidas; e a Corporação Financeira Internacional (IFC), que tem entre seus objetivos estimular o desenvolvimento de atividades privadas nos países-membros, principalmente nos menos desenvolvidos. Para mais informações, consultar o site: <www.bancomundial.org>. 2.3.1 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Banco oficial do governo que desenvolve suas atividades como banco de fomento nacional, ao amparar finan- ceiramente a execução de projetos industriais, comerciais ou de infraestrutura no território brasileiro. Também tem participação no comércio exterior, ao financiar a importação de bens de capital, prioritariamente que não possuam similar nacional. Também concede financiamentos às exportações de produtos manufaturados através de programas, como: • BNDES Exim Pré-embarque – financia a produção de bens a serem exportados em embarques específicos; • Pós-embarque – financia a comercialização de bens e serviços no exterior, através do refinanciamento ao exportador ou por meio da modalidade buyer’s credit; • Pré-embarque especial – financia o incremento do volume de exportação, sem vinculação com embarques específicos, mas com período predeterminado para a sua efetivação. www.worldbank.org www.bancomundial.org>. 27 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 2 – Sistema Financeiro Internacional Informações sobre outras linhas de crédito do BNDES estão disponíveis no site: <http://www. bndes.gov.br>. 2.3.2 Perspectivas para a América Latina Segundo o Banco Mundial, uma vez que os preços das matérias-primas estão em baixa e em meio a um cenário global incerto, investir em infraestrutura é essencial para preparar o terreno para a recuperação econômica, em especial para a América Latina, que busca alternativas para impulsionar o crescimento econômico e continuar com a redução da pobreza e desigualdade. A Ásia do Leste e Pacífico aplica quase 7,7% de seu PIB em infraestrutura, enquanto a América Latina investe menos de 3%. A questão não é apenas destinar mais recursos, mas sim investir melhor, especialmente em trans- porte e saneamento. 2.4 Organização Internacional do Comércio (OIC) A Organização Internacional do Comércio tinha como objetivo a coordenação e a supervisão de ingresso de um novo regime, que buscava o comércio mundial, com regência dos princípios do multilateralismo e do liberalismo. Ocorre que a OIC não se concretizou, entre outros motivos, devido à Carta de Havana de 1948, estabelecida por mais de 50 países (inclusive o Brasil), não ter sido ratificada pelos Estados Unidos em função da recusa do seu congresso. Diante dessa situação, foi acordada temporariamente uma negociação referente ao cálculo das tarifas, denomi- nada General Agreement on Tariffs and Trade (GATT). 2.5 General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio foi celebrado em 30 de outubro 1947 e, inicialmente, na prática, for- neceu instrumentos para uma base institucional para inúmeros tratados comercias, mesmo não detendo uma personalidade jurídica. Seu objetivo era diminuir as barreiras comerciais e garantir um acesso mais equitativo aos mercados, por parte dos seus signatários, e não promover o livre-comércio. “Seus idealizadores acreditavam que a cooperação comer- cial aumentaria a interdependência entre os países e ajudaria a reduzir os riscos de uma nova guerra mundial.” (REGO, 2004, p. 4) http://www.bndes.gov.br http://www.bndes.gov.br 28 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 2 – Sistema Financeiro Internacional Segundo Keedi (2004), esse acordo não é de preferências tarifárias, ou seja, uma redução percentual do imposto de importação. Ele se refere à aplicação de uma alíquota de imposto de importação preestabelecida entre os países participantes. Nas chamadas rodadas, ocorrem negociações multilaterais. Na Rodada do Uruguai (1986-1993), que contou com a participação de mais de cem países, foi criada a Organização Mundial do Comércio, que, em 1º de janeiro de 1995, entrou em funcionamento. Para informações sobre as rodadas anteriores e sobre a nova rodada de negociação, iniciada em Doha, em 2001, consulte o site do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC): <www.mdic.gov.br/sitio/secex/negInternacionais/omc>. 2.6 Organização Mundial do Comércio (OMC) Sediada na Suíça, na cidade de Genebra, essa organização com personalidade jurídica tem status oficial perma- nente. Essa entidade configura-se uma dupla ampliação do GATT, levando em consideração a sua quantidade de membros (ratione personae, em razão da pessoa) e, também, os assuntos (ratione materiae, em razão da matéria). O propósito dessa organização é auxiliar exportadores e importadores a efetivarem seus negócios no comércio mundial, orientando-os com diretrizes oficiais para que se estabeleça uma ordem unificada entre as nações inte- ressadas. O intuito é alcançar a facilitação comercial com o apoio de unificação e transparência nas leis comer- ciais de cada país. Figura 5: A Organização Mundial do Comércio (OMC). Legenda: Logo da OMC. Fonte: <www.wto.org>. Em 2016, com a entrada do Afeganistão e da Libéria, a OMC passou a contar com 164 membros e, por essa razão, essa organização é um fórum ideal de negociação. A OMC opera com rigor para o bem-estar socioeconômico das transações dos países comerciantes e, se necessário, sempre buscando soluções pacíficas para as barreiras alfandegárias. Também atua como um órgão mediador de conflitos comerciais entre países, dispondo da possi- bilidade de reclamações ou denúncias, desde que tenha como foco o comércio internacional. www.mdic.gov.br/sitio/secex/negInternacionais/omc www.wto.org 29 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 2 – Sistema Financeiro Internacional Figura 6: Membros da OMC em 2017. Legenda: Membros da OMC. Fonte: <www.wto.org>. Quando existe algum litígio entre empresas de distintos países, a solução da controvérsia dentro da OMC dá-se por um sistema sui generis: por painéis precedidos de consultas. Esses painéis não funcionam propriamente como arbitragem, pois seus integrantes são designados pela organização, e não pelas partes, como ocorre na arbitragem. 2.6.1 Os Princípios da OMC A OMC foi criada com vários objetivos, entre eles: fomentar,regular e criar padrões para a realização do comér- cio internacional. Suas regras foram absorvidas dos artigos do GATT, e estes se baseavam em princípios de um comércio leal entre os países. Entre eles destacam-se: • Princípio de não discriminação – um país não deve discriminar os seus interlocutores comerciais; ele deve conceder a todos, de forma igualitária, a condição de “nação mais favorecida”, ou seja, qualquer benefício dado a um país deve ser estendido aos demais. • Princípio de tratamento nacional – um país não deve fazer diferenciação entre os produtos, serviços e cidadãos do seu país e os estrangeiros. A todos deve ser concedido o mesmo tratamento, como se os produtos, serviços e cidadãos fossem nacionais. • Princípio de liberalismo ou liberdade comercial – os países devem reduzir o protecionismo comercial de forma a fomentar as políticas comerciais liberais, que permitem a circulação sem restrição de bens e serviços, multiplicando os benefícios. Isso se traduz em produzir os melhores produtos, com o melhor design e o melhor preço. • Princípio de previsibilidade, confiança e segurança – o comércio internacional tem que ser previsível. As empresas, os investidores e os governos estrangeiros devem acreditar que os países não estabelecerão www.wto.org 30 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 2 – Sistema Financeiro Internacional arbitrariamente obstáculos comerciais, como impostos ou outras medidas. Os países devem dar segurança e confiança aos investidores e demais estados. • Princípio de competência – os países devem buscar um mercado de livre concorrência, desprovido das práticas “desleais”, como os subsídios à exportação e o dumping para ganhar mercado. • Princípio de vantagem, equidade e flexibilidade – os países mais avançados devem dar vantagens aos países menos avançados, além de proporcionar a eles mais tempo para se adaptarem às regras da livre concorrência, através de privilégios especiais. 2.6.2 A Rodada de Doha A Rodada de Doha iniciou em novembro de 2001 e tinha previsão de término para 2005, no entanto, ainda não foi concluída. Ela marca a divergência dos interesses entre os países industrializados, representados pelo G7 (França, Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, Itália, Japão e Reino Unido), que continuam em con- fronto, interessados nas economias emergentes, tais como: o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul. Um dos grandes embates na área do comércio internacional diz respeito aos subsídios agrícolas, praticados, em especial, pelos Estados Unidos e pela União Europeia, bem como à necessidade, constatada pelas economias emergentes, de uma maior regulamentação na área, para a eliminação da concorrência desleal. Por outro lado, as economias desenvolvidas têm interesse na abertura dos mercados das economias emergentes, isto é, exportar produtos com valor agregado, sem exportar a tecnologia (conhecimento). Além disso, há interes- ses na área dos serviços e investimentos. Em função disso, o comércio internacional vive um impasse, tendo em vista a divergência dos interesses dos países que representam as economias mais ricas e, por outro lado, os que representam as economias em desen- volvimento. O fato de existir potências, como os Estados Unidos, faz com que as práticas comerciais sejam uni- laterais, ou seja, sempre visem a atender aos interesses dos países desenvolvidos. Por outro lado, a sociedade internacional já não é mais a mesma de quando a OMC foi criada, porque despontou outros países, os chamados de emergentes. Estes, progressivamente, ocupam espaço no cenário econômico e comercial e, cada vez mais, passam a reivindicar os seus interesses. MAIS Para mais informações sobre a Organização Mundial do Comércio (World Trade Orga- nization), consulte o site oficial: <www.wto.org>. www.wto.org 31 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 2 – Sistema Financeiro Internacional • Subsídios – são benefícios econômicos governamentais diretos ou indiretos. • Dumping – é a prática injusta de comércio, em que se vendem produtos a preços inferiores aos vendidos dentro do país exportador, o que pode prejudicar a indústria do país importador. Glossário O que você acredita que seria diferente nas trocas entre os países hoje, caso, desde Bretton Woods, tivesse entrado em funcionamento a Organização Mundial do Comércio? 32 Considerações finais Nessa unidade, você aprendeu sobre os sistemas monetários das prin- cipais economias do mundo. Foi apresentada uma breve história do Sis- tema Bretton Woods e, também, as organizações criadas em decorrência das conferências: • Fundo Monetário Internacional (FMI); • Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD); • General Agreement on Tariffs and Trade (GATT); • Organização Mundial do Comércio (OMC). Embora esses órgãos internacionais visem a proteger pequenos países, torna-se também necessário que cada nação conte com bons especia- listas, pois as grandes nações ainda têm forte influência no mercado. Por isso, a regulamentação macroeconômica e seus mecanismos são a base de sustentação da estabilidade do comércio internacional. E, mesmo havendo sucessos e fracassos diários nesta seara, sempre se deve haver um plano de reestruturação. Referências bibliográficas 33 KEEDI, S. ABC do Comércio Exterior. 2 ed. São Paulo: Aduaneiras, 2004. RATTI, Bruno. Comércio internacional e câmbio. 11. ed. São Paulo: Adu- aneiras, 2010. 496 p. RÊGO, Elba Cristina Lima. Do Gatt à OMC: o que mudou, como funciona e para onde caminha o sistema multilateral de comércio. Disponível em: Acesso em: 10/01/2004. ROBERTS, Richard. Por dentro das finanças internacionais: guia prático dos mercados e instituições financeiras. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. 256 p. 3 35 Unidade 3 Comércio Exterior e Desenvolvimento Para iniciar seus estudos Durante a Unidade Comércio Exterior e Desenvolvimento, você vai estudar sobre os conceitos do comércio exterior e como ele promove o desenvolvimento dos países por meio das relações de trocas comerciais. É possível, por exemplo, alavancar a economia de um país através de importação e/ou exportação. E, nesta unidade, estudaremos os acordos e tratados que promovem esse avanço. Objetivos de Aprendizagem • Relacionar a importância do comércio exterior com o desenvolvimento econômico dos países; • Apresentar o histórico da globalização. 36 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento 3.1 Breve História do Comércio Exterior Aprendemos em outras disciplinas que um produto ou serviço nasce para atender às necessidades de determi- nado público-alvo. Toda sociedade precisa de alimentação, roupas etc., e a evolução da humanidade ampliou ainda mais essas necessidades, aumentando a variedade de produtos e serviços no mercado. E quanto mais gente, maior a quantidade precisa de bens de consumo. A partir disso, Sousa (2009) afirma que: Nenhum país do mundo consegue gerar todos os bens e serviços de que sua população neces- sita. Como alternativa, os países têm procurado especializar-se em certas atividades, objetivando produzir mais eficazmente determinados tipos de produtos; os excedentes dessas produções são então trocados por outros produtos necessários às suas populações. Dessa forma, as empresas tornam-se mercados mais competitivos, surgindo novos produtos para atender novas demandas. Podemos dizer brevemente que o comércio exterior, ou comércio internacional, faz referência com a troca de bens, serviços e capital entre países. Entretanto, comércio exterior diz respeito às importações e exportações de um determinado país. Já comércio internacional diz respeito às transações de todos os países. Por isso podemos dizer que o “Comércio Exterior Brasileiro” está inserido no Comércio Internacional. Hoje, a expressão “globalização” é muito utilizada e, por isso, você pode sentir os impactos do comércio inter- nacional de forma mais presente do que seus pais sentiram, por exemplo.Mas não é de hoje que o intercâmbio entre os países acontece. Antigamente, a Rota da Seda interligava o Sul da Ásia e era utilizada para comercializar seda entre o Oriente e a Europa, utilizando caravanas e embarcações. Então, o comércio internacional sempre esteve presente no desenvolvimento da humanidade. 3.1.1 Globalização Não se sabe ao certo quando o fenômeno da globalização começou ou o que provocou seu início. Etimologica- mente, a palavra “globalização” significa “ação de globalizar”. O dicionário a define como: “Integração entre os mercados produtores e consumidores de diversos países graças ao desenvolvi- mento e barateamento dos custos de transporte, aos importantes avanços tecnológicos dos meios de comunicação, que reduziram significantemente o tempo e a distância (rede de computadores, satélites etc.), e ao surgimento e à ação de empresas multinacionais, integrando as economias e tornando o mundo um mercado único imenso.” Dicionário Michaelis E, quando falamos em globalizar, não estamos nos referindo apenas aos bens e serviços, mas também à troca, entre países, de conhecimentos, pessoas, leis, cultura, tecnologia etc. 37 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento Figura 1: As dimensões da globalização. ECONÔMICA POLÍTICA JURÍDICA CULTURAL RELIGIOSA DEMOGRÁFICA SOCIAL AS DIMENSÕES DA GLOBALI- ZAÇÃO Legenda: As sete dimensões alcançadas pelo processo da globalização. Fonte: <https://pt.slideshare.net/paulo_castro_mendes7/a-influncia-da-globalizao-na-paisagem-final>. O jornalista Thomas Friedman, em seu livro “O Mundo é Plano: uma breve história do século XXI”, fala sobre a globalização e o futuro do mundo. O autor apresenta três fases da ação de globalizar. Tabela 1: As fases da globalização. Fase Período Resumo Globalização 1.0 1492 Quando Colombo inaugurou o comércio entre o Velho e o Novo Mundo, reduzindo o tamanho do mundo de grande para médio, até o final do século XIX. Neste período, o principal agente da integração mundial eram as metrópoles europeias. Globalização 2.0 1800 a 2000 Quando a busca por novos mercados e pelo acesso a fatores de produção – sobretudo matéria-prima e mão de obra – lançou as empresas ao processo de internacionalização, fazendo surgir as multinacionais e transformando o mundo de médio para pequeno. Enquanto as caravelas e a dominação colonial foram as forças da primeira fase, esta segunda etapa foi alavancada pela redução nos custos de transporte – dos primeiros motores a vapor aos grandes aviões de carga – e pelos avanços das tecnologias de comunicação. Globalização 3.0 A partir de 2000 Quando as empresas deixaram de ser o principal agente do fortalecimento da conexão do mundo, dando lugar às pessoas, que passaram a cooperar, concorrer e se relacionar em tempo real, com a força de um clique, de onde quer que estejam. Assim, o mundo passou de pequeno para minúsculo. Legenda: As fases da globalização identificadas por Thomas Friedman. Fonte: BUZZO (2014). https://pt.slideshare.net/paulo_castro_mendes7/a-influncia-da-globalizao-na-paisagem-final 38 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento Thomas Friedman é colunista do New York Times e escreveu o livro “O Mundo é Plano: uma breve história do século XXI”. A metáfora do “mundo plano” é usada por Friedman para des- crever a próxima fase da globalização. Vale a leitura! 3.2 Conceitos Básicos – Exportação Exportar significa enviar bens nacionais ou nacionalizados para outro território aduaneiro. É uma atividade que possibilita a abertura das fronteiras de um território ao mundo, impactando uma nova forma de se relacionar com parceiros, localidades, técnicas e conceitos. O país que se torna exportador passa a ter contato com novos mercados e novas tecnologias, ensejando um cres- cimento interno maior do que se permanecesse estagnado e fechado na autossuficiência. Convenhamos que estabelecer uma relação qualquer que seja entre países distintos aumenta riscos e incertezas na negociação. Além das diferenças de idiomas e culturais, o ordenamento jurídico é a maior dificuldade, pois, se houver conflito entre as partes, o caso seria julgado em doutrinas e jurisprudências distintas. Soares (2006) listou os problemas e as soluções básicas para um contrato internacional. Veja a seguir: Figura 2: Problemas e soluções em contratos internacionais. Problemas Soluções Diferenças de idioma. Utilização de uma língua comum na redação dos documentos. Diferenças culturais. Definição clara dos objetivos comuns. Procedimentos administrativos e aduaneiros dos países. Adequação dos documentos às normas do país de cada parte. Ausência de um direito único para todos os contratos. Utilização da lex mercatória, quando possível. Falta de uma jurisdição única para solução de litígios. Escolha da arbitragem ou da lei de um país. Legenda: Listagem dos problemas versus as soluções básicas em contrato de ordem internacional. Fonte: SANTOS (2004). 39 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento Território Aduaneiro: segundo a Enciclopédia Aduaneira, é a área onde a autoridade adua- neira pode exercer a jurisdição e compreende todo território nacional, inclusive águas terri- toriais e espaço aéreo correspondente. Glossário Data do século XVII, na Europa, a primeira lei de mercado com o objetivo de estabelecer regras ao comércio internacional. A expressão Lex Mercatoria nasceu dos usos e costumes da época, pelos próprios comerciantes, ins- tituindo princípios e regras nas transações, principalmente as desenvolvidas no Mar Mediterrâneo. A Lex Merca- toria não representa um sistema jurídico, mas é reconhecida total ou parcialmente nas convenções, nos acordos internacionais ou na legislação de direito internacional de cada país. 3.2.1 Tipos de Exportação • Exportação Direta Segundo Brasil (2004), Nesta modalidade, o produto exportado é isento do IPI, e não ocorre a incidência do ICMS. Bene- ficia-se também dos créditos fiscais incidentes sobre os insumos utilizados no processo produ- tivo. No caso do ICMS, é recomendável consultar as autoridades fazendárias estaduais, sobretudo quando houver créditos a receber e insumos adquiridos em outros estados. (BRASIL, 2004). • Exportação Indireta É realizada por meio de empresas intermediárias sediadas no Brasil que adquirem os produtos e os exporta. São elas: 1. Trading company (empresa comercial que atua como intermediária entre empresas fabricantes e compradoras, em uma operação de exportação ou de importação); 2. Empresas exclusivamente exportadoras; 3. Empresas que operam nos mercados interno e externo, simultaneamente; 4. Consórcios de exportadores. Ao conhecer os tipos de exportação, ainda existem muitos assuntos a serem tratados antes de uma empresa optar por exportar mercadorias. Nesta unidade, não abordaremos todos os termos, nomenclaturas, impostos, cálculos e personagens envolvidos no tema. Para uma elucidação breve, a figura seguinte resume os 15 passos adotados no processo de exportar. https://pt.wikipedia.org/wiki/Empresas 40 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento Figura 3: Os passos para exportar. 1 6 11 12 13 14 15 2 7 3 8 4 9 5 10 Negociar com o importador Elaborar o romaneio Retirar o B/L na transporta- dora Elaborar e enviar a fatura proforma ao importador Emitir nota fiscal Acompanhar o desembaraço e averbação na SRF Analisar a carta de crédito enviada pelo importador Providenciar o transporte até o porto Emitir o com- provante de exportação Elaborar a fatura comercial Solicitar o despacho aduaneiro Contratar o fechamento de câmbio Preparar a mercadoria para embarque Pagar o frete e o seguro Entregar documenta- ção ao banco Legenda: Os 15 passos para exportar uma mercadoria. Fonte: <http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex/default/index/conteudo/id/235>. Para complementar seus estudos,acesse o site do governo <http://www.mdic.gov.br/siste- mas_web/aprendex/> e fique por dentro de todo o conteúdo do “Aprendendo a Exportar”. 3.3 Conceitos Básicos – Importação Importar representa a operação de entrada de uma mercadoria em nosso território nacional. Quando a aqui- sição da mercadoria é por tempo determinado, chama-se admissão temporária. Imagine uma máquina que precisa de reparo, e só há assistência no Brasil: o bem entra no país, sofre o reparo, mas retorna. Quando a aquisição é para consumo, logo, por tempo indeterminado, chamamos de admissão definitiva. A importação possui regras que estudaremos mais adiante. A alfândega é o órgão da Receita Federal responsável por fiscalizar e controlar a entrada e a saída de bens no território nacional. Além da OMC, que estudamos na Unidade 1, existem outras figuras (entidades e organiza- ções) importantes no cenário internacional. Conheceremos a UNCTAD, o SGPC e, principalmente, o SGP, que trata de importação. http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex/default/index/conteudo/id/235 http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex/ http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex/ 41 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento • UNCTAD A sigla se refere à Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. Passa a vigorar em 1964 e tem por objetivo estimular o crescimento e a integração dos países em desenvolvimento. Trata-se de um fórum privilegiado da Organização das Nações Unidas (ONU) para tratamento do comércio, do desenvolvimento sus- tentável, do investimento, das finanças e da tecnologia. Segundo o site do Sebrae: A UNCTAD trabalha em conjunto com os governos de seus Estados-membros e interage com outras organizações internacionais e comissões regionais, bem como com instituições governa- mentais, organizações não governamentais e do setor privado, incluindo associações comerciais, institutos de pesquisa e universidades em todo o mundo. Figura 4: Símbolo da UNCTAD. Legenda: Símbolo utilizado no fórum da ONU. Fonte: <http://unctad.org/es/paginas/PublicationArchive.aspx?>. • Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC) Os membros do SGPC participam de concessões comerciais entre si, com o objetivo de promover e dar amplitude aos laços comerciais entre os países em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina. Os participantes do sistema se complementam em suas economias abrindo um enorme potencial para a coope- ração comercial. O acordo começou a vigorar no Brasil a partir de maio de 1991. • Sistema Geral de Preferências (SGP) O sistema foi criado em 1970, em uma conferência da UNCTAD, com o objetivo de conceder aos países em desen- volvimento, incluindo o Brasil, a redução ou isenção de imposto de importação para determinados produtos. A concessão é unilateral, ou seja, os países desenvolvidos oferecem o benefício tarifário sem esperar nada em troca. Aqueles que participam do sistema preenchem um formulário aprovado pela UNCTAD. Em nosso país, o Formulário [A] é emitido pelas agências do Banco do Brasil. http://unctad.org/es/paginas/PublicationArchive.aspx 42 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento 3.3.1 Passos da Importação Quando uma empresa decide importar, precisa pesquisar se o produto a ser importado necessita de uma libera- ção prévia do órgão regulador. Caso seja necessário, a empresa segue para o Licenciamento no SISCOMEX. O licenciamento é um documento eletrônico para liberar a importação de produtos cuja natureza ou tipo de operação esteja sujeito a controles de órgãos governamentais. O Siscomex é um portal eletrônico acessado por meio do site da receita. A empresa precisa pesquisar sobre as legislações pertinentes aos produtos que se pretende importar, para provisionar a incidência dos impostos. Com todas as informações, o importador solicita que a empresa ou o fornecedor exportador envie uma Fatura Pro Farma, que compreende à seguinte estrutura: a. Nome e endereço do exportador; b. Descrição completa do produto; c. Condição de venda; d. Forma de pagamento; e. Prazo de entrega; f. Tipo de embalagem; g. Peso líquido e peso total; h. Local de embarque; i. Meio de transporte a ser utilizado; j. Local de desembarque; k. NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul; l. Incoterms. As letras k e l merecem uma atenção especial em nossos estudos. Vamos estudá-las? • Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) Trata-se da classificação fiscal de mercadorias. Um processo com o objetivo de facilitar as trocas comerciais, independentemente de idioma ou cultura. O principal é o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (NESH), formulado pela Organização Mundial das Alfândegas. Porém, os países do Mercosul utili- zam o NCM, que é um método compatível com o NESH. Neste, a nomenclatura é composta por seis dígitos. Já no NCM, o código é formado por oito dígitos, nos quais os seis primeiros correspondem ao NESH e os dois últimos correspondem a particularidades adotadas pelo Mercosul. Todos os dígitos, em ambas as nomenclaturas, pos- suem descrições que especificam as mercadorias. 43 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento Figura 5: Estrutura da NCM. 00 00 00 0 0 Subitem (8º dígito NCM) Item (7º dígito NCM) Subposição (6 primeiros dígitos do SH) Posição (4 primeiros dígitos do SH) Capítulo (2 primeiros dígitos do SH) Legenda: Sequência dos dígitos utilizados na NCM. Fonte: Associação Brasileira de Consultoria e Assessoria em Comércio Exterior (ABRACOMEX). • Incoterms Essa é a sigla para International Commercial Terms, que, traduzido, significa Termos do Comércio Internacional. O objetivo do documento é padronizar o comércio internacional, elucidando as responsabilidades das partes no transporte e na entrega da mercadoria. As definições padronizadas dos Incoterms tornam mais fácil e ágil a elaboração das cláusulas contratuais de compra e venda no cenário internacional. Figura 6: Termos dos Incoterms. Legenda: Tabela com as responsabilidades das partes (vendedor e comprador). Fonte: <http://www.atlantaaduaneira.com.br/incoterms.html>. http://www.atlantaaduaneira.com.br/incoterms.html 44 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento 3.3.2 Impostos Envolvidos a. Imposto de Importação (II) É o imposto federal que incide sobre mercadorias estrangeiras quando da entrada em território nacional. b. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Também é um imposto federal que incide sobre produtos industrializados quando do momento do desemba- raço aduaneiro da mercadoria de origem estrangeira. c. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) Este é de âmbito estadual, sendo regulado por cada Estado, e incide sobre mercadorias importadas quando do momento do desembaraço aduaneiro. d. Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) Incide sobre o transporte de carga, quando da entrada em porto nacional, e é destinado à recuperação e amplia- ção de frotas mercantes. Como não temos a intensão de esgotar os assuntos sobre importação e exportação em nossa unidade, acesse o site da Enciclopédia Aduaneira, leia o e-book “Importação e Exportação sem Complicação” e amplie os seus conhecimentos sobre o tema: <http:// enciclopediaaduaneira.com.br/wp-content/uploads/2015/01/Livro-IMPORTACAO-e- -EXPORTACAO-SEM-COMPLICACAO.pdf>. 3.4 Conceitos Básicos – Reexportação É o regime utilizado para dar retorno ao exterior de mercadorias que entram em território nacional em admissão temporária. Segunda a Receita Federal, reexportação é o procedimento administrativo pelo qual a mercadoria que ingressou a título não definitivo, vale dizer, não nacionalizada, retorna ao exterior, já submetida a despacho ou não. 3.5 Conceitos Básicos – Reimportação Quando a mercadoria retorna ao exterior em duas formas: a. Retorno de mercadoria exportada temporariamente; b. Retorno de mercadoria exportadadefinitivamente, nos casos: http://enciclopediaaduaneira.com.br/wp-content/uploads/2015/01/Livro-IMPORTACAO-e-EXPORTACAO-SEM-COMPLICACAO.pdf http://enciclopediaaduaneira.com.br/wp-content/uploads/2015/01/Livro-IMPORTACAO-e-EXPORTACAO-SEM-COMPLICACAO.pdf http://enciclopediaaduaneira.com.br/wp-content/uploads/2015/01/Livro-IMPORTACAO-e-EXPORTACAO-SEM-COMPLICACAO.pdf 45 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento • Mercadoria enviada sem consignação e não vendida no prazo autorizado; • Devolvida por defeito técnico, para reparo ou substituição; • Devido a modificações na sistemática de importação do país importador; • Por motivos de guerra ou calamidade pública; • Por fatores alheios à vontade do exportador. 3.6 Tratados e Acordos Comerciais a. O Protecionismo É uma teoria que objetiva medidas ao favorecimento de atividades econômicas internas, assim, dificultando a entrada de produtos importados no território nacional e a concorrência estrangeira. Para o professor especialista Otávio Luis Xavier, são algumas as razões para a adoção de medidas protecionistas: • O comércio internacional não beneficia igualmente todos os países (comportamento da demanda e valorização diferenciada dos produtos); • Diferentes graus de industrialização e desenvolvimento tecnológico dos países; • O crescimento do comércio internacional, principalmente quanto aos serviços, tem feito surgir novos problemas; • Necessidade de proteger a economia nacional de ações especulativas ou predatórias; • Resposta ao comércio não equitativo e ao dumping; • Defesa contra o dumping social. Segundo dados divulgados pela OMC, entidade já estudada por nós e que promove, justamente, o comércio exterior, o Brasil cria, em média, uma medida protecionista a cada 17 dias. O protecionismo não é de todo inimigo do desenvolvimento, pois é um mecanismo que visa a favorecer o produtor nacional. Em matéria para a revista EXAME, uma pesquisa mostra que cerca de 85% dos países do G20 adotaram medidas protecionistas durante períodos de crise, por exemplo. O mais novo economista que teoriza o assunto, o sul- -coreano Ha-Joon Chang, defende que o protecionismo em países em desenvolvimento é a forma mais eficaz para que estes ganhem mercado e equilibrem suas forças. Dumping social: é uma expressão utilizada para representar a adoção de práticas desumanas de trabalho pelas empresas, visando à redução de custos de produção e, consequente, o aumento do lucro. Glossário 46 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento b. O Livre-comércio Dois pensadores são destaques quanto ao liberalismo econômico, conforme quadro abaixo: Quadro 1: Principais pensadores do livre-comércio. Adam Smith Filósofo e economista publica, em 1776, o livro “A Riqueza das Nações”. Em sua obra, o autor analisa o funcionamento da sociedade comercial, a distribuição da renda e o acúmulo de capital em uma nação. É, também, do filósofo, a teoria das vantagens absolutas, que se baseia em: • Especialização produtiva: um país deve se especializar em produzir os bens com o menor custo; • Produtividade dos fatores de produção; • Utilização da mão de obra como fator competitivo. David Ricardo Economista, é um dos fundadores da escola clássica inglesa da economia política. Dentre as principais teorias do autor, estão: a teoria do valor-trabalho, a teoria do comércio internacional, a teoria dos temas monetários e a teoria da distribuição. Esta última estabelece a relação entre o lucro dos empresários e os salários de seus funcionários. Legenda: Relação dos principais pensadores do liberalismo econômico. Fonte: Elaborado pela autora. Em geral, a diferença entre o livre-comércio, ou livre-cambismo, e o protecionismo, é a intervenção ou não do Estado na economia. Enquanto o livre-cambismo determina que a própria interação entre sociedade e empresas regula o mercado por si só, o protecionismo estabelece diversas medidas de intervenção. Segundo Maia e Wichmann (2007), as principais características do liberalismo são: • Mercado livre, em que o Estado não intervém de nenhuma forma, inclusive tabelando os preços ou criando barreiras alfandegárias; • Livre concorrência, em que os preços se formam em função do próprio mercado; consequentemente, subsistem somente as empresas eficientes; • Iniciativa individual, em que qualquer indivíduo pode exercer a função que desejar, o que não ocorre no regime corporativista; • Desregulamentação, em que o Estado deve remover todos os obstáculos legais que cerceiam a atividade econômica; • Divisão internacional da produção, isto é, os países devem produzir somente o que for economicamente mais conveniente e, por meio do comércio internacional, trocarão seus excedentes. Com isso, haverá diminuição dos custos e maior bem-estar social. 47 Nome da Disciplina | Unidade 3 - Comércio Exterior e Desenvolvimento Provavelmente, você já estudou alguns dos conceitos apresentados nesta unidade em sua disciplina de Economia, porém, como sempre relembramos, os temas são multidisciplinares e Economia e Finanças se complementam. As políticas comerciais são importantes, pois são elas que facilitam ou dificultam a entrada e saída de mercadorias entre as fronteiras. Caso queira ler um pouco mais sobre o liberalismo, que defende a livre concorrência, inclusive estrangeira, acesse: <http://aleconomico.org.br/licoes-de-adam-smith/>. 3.7 Políticas Comerciais Pesquisando sobre o tema, é possível notar que muitos economistas são a favor do livre-comércio, mas, na prá- tica, muitos praticam a proteção comercial. Seja por meio de tarifação ou cotas, os governos estão sempre pen- sando em alguma forma de restringir o avanço de produtos importados em seu território. E, naturalmente, os países se preocupam com as políticas comerciais uns dos outros. Uma maneira de “conter” os excessos do protecionismo é por meio de um acordo internacional. E é a Organiza- ção Mundial do Comércio (OMC), já estudada, quem supervisiona esses acordos. Um famoso acordo foi aprovado em 1993, pelo congresso americano, e envolve os Estados Unidos, o Canadá, o México e o Chile (este como associado). O Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio (NAFTA) tem o intuito de remover as barreiras comerciais, abolindo taxações sobre a circulação de mercadorias entre os três países. Vale ressaltar que o acordo estabelecido deve sempre respeitar as leis de cada país, ou seja, a legislação nacional sempre prevalece em casos não previstos no acordo. O NAFTA é visto como um bloco econômico, com mercado e potencial para crescer e concorrer de forma iguali- tária com os outros blocos econômicos, como a União Europeia (UE). Bloco econômico corresponde a um acordo entre países com interesses mútuos de crescimento econômico, porém, em contraponto aos acordos ou tratados, quando um bloco se forma, é possível haver a integração social entre os territórios, com moeda única, por exemplo. Os blocos econômicos mais conhecidos são o Mercosul, já estudado, no qual o Brasil está inserido, e a União Europeia. http://aleconomico.org.br/licoes-de-adam-smith/ 48 Considerações finais Durante essa unidade, pudemos conhecer os conceitos do comércio exterior. Para muitos teóricos é graças à globalização que alguns países aceleram o seu crescimento, enquanto, para outros, o mesmo fenômeno é responsável pelo aumento da desigualdade e atraso de alguns países. Conhecemos conceitos importantes, conjecturas da política comercial e os principais acordos internacionais, para entendermos melhor a dinâmica do comércio internacional. Souza (1999) explica que não há uma definição universalmente aceita para crescimento e desenvolvimento econômico, portanto, tivemos como foco apenas conhecer o tema, mas não defini- -lo como certo ou errado. Nas próximas unidades, você conhecerá novos temas e agregará conhecimentos. Vamos adiante à próxima etapa! Referências bibliográficas 49 BUZZO, E. Fundamentos do Comércio Exterior.UniSEB, 2014. SANTOS, R. Noções Gerais da Arbitragem. Rio de Janeiro: Boiteux, 2004. SOUSA, J. M. Fundamentos do Comércio Internacional. São Paulo: Saraiva, 2009. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. 11. ed. São Paulo: Adu- aneiras, 2010. BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Divisão de Programas de Pro- moção Comercial. Exportação Passo a Passo. Brasília: MRE, 2004. MAIA, S.; WICHMANN, R. A Dinâmica da Taxa de Câmbio no Brasil: um Estudo Empírico no Período Pós-Plano Real. Economia e Desenvolvi- mento, Recife (PE), v. 6, 2007. SOUZA, N. Fatores de crescimento, mudança estrutural e indicado- res de desenvolvimento da Região Sul, 1980/1995. Santa Cruz do Sul: 1999. http://lattes.cnpq.br/3294212520805128 51 4Unidade 4 Economia Internacional Contemporânea Para iniciar seus estudos Nesta unidade, você será apresentado às formas de integração econômica e à construção dos blocos econômicos, em especial, da América Latina. Além disso, serão abordados temas relevantes para entender como fun- cionam os investimentos no exterior e as balanças de pagamentos. Objetivos de Aprendizagem • Apresentar as formas de integração econômica, a construção dos blocos econômicos, os investimentos no exterior e as balanças de pagamento. 52 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 4 - Economia Internacional Contemporânea 4.1 A Integração Econômica A integração econômica regional é um conjunto de políticas e instrumentos destinado à eliminação ou dimi- nuição de discriminação, de barreiras para o comércio exterior e de privilégios entre os estados-membros de um bloco econômico. O objetivo é ampliar o seu volume de comércio e viabilizar o desenvolvimento econômico harmonioso de seus membros. O economista húngaro Béla Balassa, em seu livro “Teoria da Integração Econômica”, de 1962, preconizou o que seria o modelo de integração utilizado até hoje. Ele dividiu o processo de integração em cinco partes: • Zona de livre-comércio; • União aduaneira; • Mercado comum; • União econômica; • Integração econômica total. Um país não consegue bons desempenhos financeiros se não avançar para o comércio internacional. É quase impossível um fortalecimento socioeconômico de uma nação se não forem abertas as suas fronteiras, ou seja, necessita-se que haja exportação e/ou importação. Inclusive pode-se afirmar que a sua estabilidade estará com- prometida se não houver esses avanços; basta verificar a situação de países que ainda estão fechados, seja qual for a motivação, muitas vezes política ou por ideais defasados com um protecionismo arcaico. A globalização nas últimas décadas favoreceu em muito a economia de diversos países. Foi um crescimento significativo que ainda se mantém constante. Houve um grande avanço nesse contexto, alavancando grandes acordos comercias, diminuindo a burocracia e eliminando algumas barreiras tarifárias. O alargamento desse mercado internacional fomenta diretamente um aumento de produção (capital x trabalho) dos parceiros, mas é importante destacar que, além da parceria entre países, também é necessária uma estreita coordenação do Estado com a iniciativa privada. Esta junção é um elo relevante que impulsiona e favorece uma boa integração dos participantes para o mútuo crescimento. As vantagens sempre são bilaterais das partes envolvidas, pois a livre troca de esforços cria quase um sentimento de estar negociando com sócio, e este sentimento auxilia um esforço em conjunto de eliminar as dificuldades durante todo o processo de compra e/ou venda. As políticas governamentais, sejam internas ou externas, estão continuamente estudando e buscando novos acordos comercias, pois um novo elo comercial rapidamente já traz vantagens financeiras e, consequentemente, uma melhoria para a sociedade. Por isso, o bom relacionamento entre nações no que tange à parte comercial está cada vez mais branda. Há uma unificação e cooperação de um bom relacionamento, que possivelmente atrairá acordos comercias. Esse pacifismo aproxima imediatamente um terreno favorável para criar ou fortalecer as rodadas de negócio. O instrumento de rodadas sempre foi o início de grandes transações comercias, já que elas foram aprovadas e estimuladas pelos países interessados. Criar um corredor de exportação e/ou importação de longo prazo gera uma economia forte de grande escala para os interessados. Por isso, verifica-se o grande interesse dos órgãos governamentais em fomentar essa apro- ximação. Um exemplo disso são as iniciativas propostas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comér- cio Exterior (MDIC), que sempre está com ações objetivando e incentivando os empresários a venderem seus produtos para outros países. 53 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 4 - Economia Internacional Contemporânea O importante dessa parceira comercial com outro país é estabelecer uma estratégia, focando o ponto forte de cada um, identificando a virtude comercial, criando um bem comum para a livre transação de produtos/bens de capital e estimulando o bom trânsito de pessoas e seus respectivos serviços. Ultrapassar legalmente a fronteira nacional, que é fruto de uma boa e eficiente integração política econômica de ambas as partes, fomenta o progresso e o desenvolvimento. Por isso, sempre busca-se facilitar o parceiro com uma união aduaneira livre de determinados produtos e serviços estabelecidos em um acordo de cooperação. A união comercial de dois países não fomenta apenas o crescimento financeiro, mas também o cultural, com a troca de aprendizado, idiomas, intercâmbios estudantis e profissionais. Essa integração não se limita apenas entre dois parceiros, mas também com seus grandes blocos criados para tal objetivo, como o Mercosul e a União Europeia. A União Europeia é o bloco econômico mais integrado atualmente, segundo o modelo de integração de Béla Balassa. No entanto, em 2016, a Grã-Bretanha realizou uma votação interna para decidir se deveria ou não per- manecer no bloco; e a decisão popular foi pela saída, o chamado Brexit. Brexit é a nomenclatura que corresponde à saída do Reino Unido da União Europeia. Entende- -se “Br” de “Britain” (Grã-Bretanha) e “exit” de “saída”, em inglês. Glossário A saída da Grã-Bretanha não foi vista com bons olhos pelo mundo, muito menos pelos países que compunham a União Europeia. Embora houvesse fortes correntes políticas na Grã-Bretanha contrárias à sua saída, em 23 de junho de 2016 foi aprovado o Brexit, mediante um referendo do eleitorado britânico. Prevalecendo a vontade democrática daquela nação, com 51% de aprovação, foi o maior evento com grandes consequências políticas para os britânicos desde a década de 1970. Figura 1: Brexit. Legenda: Brexit, a Grã-Bretanha se separa da União Europeia. Fonte: < https://br.123rf.com/photo_54182715_pieces-brexit-de-puzzle.html?ter m=european%2Bunion%2Bpuzzle&vti=mwf73g109j302q93qu>. https://br.123rf.com/photo_54182715_pieces-brexit-de-puzzle.html?term=european%2Bunion%2Bpuzzle&vti https://br.123rf.com/photo_54182715_pieces-brexit-de-puzzle.html?term=european%2Bunion%2Bpuzzle&vti 54 Finanças Internacionais e Câmbio | Unidade 4 - Economia Internacional Contemporânea Ainda é muito cedo para se colher algum resultado concreto, mas os britânicos esperam que a economia interna se fortaleça, resgatando todo poderio da supremacia que a Grã-Bretanha tinha há décadas atrás. Eles almejam também que, com as fronteiras fechadas, diminua consideravelmente o número de imigrantes. Apesar de serem autônomos nas decisões comercias com o resto do mundo, alguns especialistas não concordam que esses feitos se concretizem. Quais podem ser as consequências, tanto positivas quanto negativas, para o Brasil com a saída da Grã-Bretanha da União Europeia? 4.1.1 O Processo de Integração Econômica da América Latina A integração se inicia com negociações bilaterais e, depois, negociações multilaterais em pequenos grupos, que, com o passar do tempo, formam um bloco e, finalmente, negociações
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