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RADIOBIOLOGIA 03 PROF. ROSILANE MARQUES Conceitos Fundamentais Conceito - Morte Celular Células não-proliferativas Células proliferativas (nervos e músculos) (epitélio intestinal) Perda de uma função específica Perda da capacidade de proliferação sustentada (integridade reprodutiva) Conceitos Fundamentais Para Rxt da célula tumoral: Rxt Célula tumoral Perda da integridade Capacidade reprodutiva reprodutiva mantida Morte celular Clones sobreviventes (células clonogênicas) Conceitos Fundamentais Doses usuais de Rxt para morte celular: Morte Morte Funcional Reprodutiva ± 100 Gy < 2 Gy Conceitos Fundamentais Conclusão Inicial: Radiobiologicamente: Morte celular significa Perda da capacidade proliferativa ou Perda da integridade reprodutiva (perda da capacidade de se dividir continuamente) Ciclo Celular • Intérfase - 90 % vida celular •G 1 (gap1) •S •G 2 • Mitose - duplicação celular •Prófase •Metáfase •Anáfase •Telófase Ciclo Celular Ciclo Celular • Células mais sensíveis na mitose ou próximo a ela • G2 é uma fase usualmente sensível • Resistência celular é maior na parte final de S • G1 é uma fase de duração variada onde seu início é mais resistente que seu término Ciclo Celular • Fase M os cromossomos estão condensados • Fase mais sensível e- • Fase S os cromossomos estão dispersos • Fase mais resistente • DNA duplicado, genoma replicado • Mais fácil o reparo dos danos sub-letais e- Redistribuição no ciclo celular • Radioterapia apresenta efeito diferente de acordo com a fase do ciclo celular • Sincronização numa fase mais resistente • Entre uma fração e outra, as células caminham para fases mais sensíveis • Ganho terapêutico, pois esse efeito de redistribuição ocorre para células com rápida proliferação Eficácia do fracionamento e os 4 R´s Redistribuição no ciclo celular Reoxigenação das células hipóxicas Reparo ao dano subletal Repopulação R A importância do Oxigênio • Vários agentes químicos e farmacológicos possuem a capacidade de modificar os efeitos biológicos da radiação. • Oxigênio: - mais simples - efeito mais significativo - implicações práticas óbvias A importância do Oxigênio • 1912, Swartz, Alemanha: Reação cutânea mais discreta produzida por aplicador de Rádio quando pressionado contra a pele. • 1921, Holthusen: Áscaris resistentes à radiação na ausência de O2. • 1930, Mothram, Inglaterra: Curvas de sobrevida em “fatias” tumorais irradiadas na ausência ou presença de O2. Momentos da Ação do O2 e seus Efeitos • Para o efeito do O2 ser observado, este deve estar presente durante ou microssegundos após a exposição à radiação (5ms). • Ação associada aos níveis de Radicais Livres • Produzem alterações nas moléculas de DNA, que resultam na expressão final do dano biológico. Momentos da Ação do O2 e seus Efeitos • O2 reage com o radical livre - formação de um peróxido orgânico. • Alteração da composição química do material exposto: Impede auto- reparação, fixação do dano. Natureza do efeito do O2 • OER para vários tipos de radiação ionizantes. Hipóxia Crônica e Aguda • Crônica: • Descrita em 1955: Thomlison e Gray • Resulta da difusão dificultada de O2 pela distância das células a partir do capilar. • Estudos em células do epitélio brônquico - células em contato entre si, nutridas entre a partir do estroma. Hipóxia Crônica • Secção histológica de carcinoma brônquico humano. • Variação com o raio do tumor. Hipóxia Crônica • Difusão do O2 através do tumor a partir do capilar. • Medir a distância que o O2 é capaz de percorrer 70 a 150µm • Células intermediárias: Concentração de O2 suficiente para mantê-las viáveis, mas não o suficiente para torná-las radiossensíveis. Hipóxia Aguda • Parada temporária da vascularização. • Ocorre na maioria das vezes em pontos do tumor. • Hipóxia intermitente. Hipóxia Crônica e Aguda • Diferença entre hipóxia crônica (difusão limitada) e aguda (oclusão capilar temporária). Reoxigenação • Tumor com população mista: RxT mata as células mais oxigenadas. • Reoxigenação Mecanismos de Reoxigenação • Rápido x Lento • Relação com os diferentes tipos de hipóxia que as células se encontravam. • Hipóxia crônica: Reoxigenação lenta. • Ocorre em dias. • Tumor reduz o tamanho, e células ficam mais próximas do vaso. Mecanismos de Reoxigenação • Reoxigenação rápida: Completada em horas. • Recuperação das células que estavam agudamente em hipóxia. • Células próximas aos vasos fechados. Importância da Reoxigenação em RXT • Regimes multifracionados: Importantes para lidar com tumores com grandes quantidades de células hipóxicas. • Melhor definição do padrão do fracionamento para cada tumor, conhecimento do tempo de reoxigenação individual. • Hipóxia confere proteção significativa à radiação, e a alguns agentes quimioterápicos. Eficácia do fracionamento e os 4 R´s Redistribuição no ciclo celular Reoxigenação das células hipóxicas Reparo ao dano subletal Repopulação R Classificação dos danos • Dano letal → Irreversível e irreparável → Morte celular • Dano sub-letal → Pode ser reparado em horas se não for adicionado um novo dano sub-letal. • Dano potencialmente letal → Pode ser modificado pelas condições do meio após a irradiação. Dano sub-letal • Pode ser reparado em horas se não for adicionado um novo dano sub-letal. • É observado pelo aumento da sobrevida se uma determinada dose for dividida em 2 frações separadas por um intervalo de tempo • É de fundamental importância para o reparo de tecidos sadios Mecanismo de reparo do dano sub-letal • A morte celular decorre de aberrações resultantes da interação entre duas quebras separadas no DNA • No intervalo entre as frações a célula pode reparar um dos danos do cromossomo, evitando a interação. Eficácia do fracionamento e os 4 R´s Redistribuição no ciclo celular Reoxigenação das células hipóxicas Reparo ao dano subletal Repopulação R Efeitos Biológicos da Radiação Parte 3 Conceitos radiobiológicos e sua importância na radioproteção Efeitos Determinístico e Estocástico • Efeito determinístico: efeito onde há limiar de dose e a severidade do efeito é dose-dependente (ex: catarata) • Efeito estocástico: não há limiar de dose. A cél. permanece viável com mutação (carcinogênese ou efeitos hereditários). A probabilidade de câncer aumenta com a dose, mas não a severidade do câncer. Efeito Determinístico • Limiar de Dose: dose de Rx onde há probabilidade de dano (threshold) celular em n° suficiente p/ gerar perda da função de certo tecido; • Acima do limiar de dose a severidade do dano aumenta com a dose. • Conceito de TD (Dose de Tolerância) TD5/5 (Gy) Volume Orgão 1/3 2/3 3/3 Objetivo Clínico Calc. Clínico Calc. Clínico Calc. Rim 50 49.64 30 31.38 23 21.06 Nefrite Clínica Cérebro 60 59.90 50 50.27 45 44.82 Necrose/ infarto Tronco 60 59.86 53 53.39 50 49.73 Necrose/ Cerebral infarto Esôfago 60 60 58 57.23 55 55.66 Estenose/perfur ação TD5/5 (Gy) Volume Orgão 1/3 2/3 3/3 Objetivo Clínico Calc. Clínico Calc. Clínico Calc. Coração 60 59.26 45 46.23 40 38.86Pericardite Pulmão 45 47.88 30 26.36 17.5 14.19 Pneumonite Pele 10cm2 10cm2 30cm2 30cm 100cm2 100c Necrose/Ulcera 70 69.07 2 60 55 m2 ção 61.79 53.81 Delgado 50 48.50 -- 43.71 40 41.00 Obstrução/Perf uração Medula 5cm 5cm 10cm 10cm 20cm 20cm Mielite/Necrose Espinhal 50* 50.14* 50 48.96 47 47.78 Efeito Estocástico Carcinogênese: experiência humana • Indução do câncer é o mais importante efeito de baixas doses de Rx • Há muito tempo sabe-se de uma ligação entre exposição ao Rx e Ca • Marie Curie e sua filha faleceram por leucemia relacionada à Rx • Informações sobre Ca induzido por Rx vêm de populações expostas à Rx com finalidade médicas Carcinogênese: experiência humana • Sumário de exposições humanas: • 1. Ca de pele em quem trabalhava com Rx antes das normas de segurança • 2. Ca de pulmão em mineiros que extraíam rádio e urânio • 3. Tumores ósseos em pintores de relógio com tinta radioativa • 4. Tumores hepáticos em pacientes que receberam o contraste Thorotrast • 5. Sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki. 120.000 foram acompanhadas e ocorreram 6.000 mortes por Ca até 1990, 400 consideradas por Rx • 6. Leve ↑ do risco de leucemia em pacientes submetidos à Rxt para tto de espondilite anquilosante na Inglaterra de 1935 a 1944 • 7. ↑ de leucemia em radiologistas antes das normas de segurança • 8. Ca de tireóide e de mama em crianças submetidas à Rxt p/ timo aumentado • 9. Ca de tireóide em crianças submetidas ao Rx p/ tto de tinea capitis • 10. Ca de mama em pacientes c/ TB submetidos à fluoroscopia Ca na infância após exposição in utero • Irradiação in utero por Rx diagnóstico parece aumentar a incidência de leucemia e cânceres na infância principalmente no 3º trimestre de gestação; • Um exame de Rx (10mGy), aumenta o risco de Ca em 40%; • O risco absoluto é de cerca de 6% por gray, que não é muito diferente do risco nos sobreviventes da bomba atômica. Efeitos da radiação no embrião e no feto • Efeitos letais: antes ou imediatamente após a implantação do embrião na parede uterina ou após doses altas de radiação durante todo o desenvolvimento uterino • Malformações: período de organogênese, onde as principais estruturas estão sendo formadas • Distúrbios de crescimento: principalmente no final da gravidez Preimplantação • Estágio mais sensível para os efeitos letais • Alta incidência de morte pré-natal • Não é observado retardo no crescimento • Em ratos, 0.05-0.15 Gy pode matar ovos fertilizados • Efeito “tudo ou nada” da radiação Organogênese • Anormalidades congênitas da estrutura do feto • 2Gy durante o período de sensibilidade máxima resulta em 100% de malformação • A maioria das células estão na fase de blástula • Nos humanos, esta é a fase onde a talidomida produz efeitos desastrosos e na qual o vírus da rubéola têm sua maior ação • Embriões que recebem irradiação na fase inicial da organogênese possuem a maior taxa de retardo no crescimento Período Fetal • Corresponde a partir do 14° dia no rato e ana 6° semana no humano • Efeitos: hematopoese, fígado, rim e gônadas • É necessária uma dose alta para produzir um efeito letal nesta fase Experiências em Humanos • Informações sobre radiação em humanos provém de 2 fontes: medicamentos e sobreviventes da bomba-atômica no Japão • A malformação mais comum é a microcefalia (associada ou não com retardo mental), retardo no crescimento e outros defeitos no SNC Sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki • Poucas pessoas eram menores que 4 semanas de gestação • Crianças que estavam a 1500m da explosão são menores, mais magras e seu diâmetro cefálico é bem menor daquelas que estavam a 3000m • Portanto, o principal efeito foi microcefalia e retardo mental Sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki • Estudo: 1600 crianças expostas em útero • 30 apresentaram retardo mental • 5 apresentavam outra causa para o retardo • O período mais sensível é entre 8 e 15 semanas. Entre 16 e 25 o risco cai 4 vezes • Antes de 8 semanas pode haver microcefalia sem retardo mental Exposição a Raio X • Murphy & Goldstein em 1929 • Microcefalia, retardo mental, espinha bífida, pé torto congênito, defeitos de ossificação do crânio, hidrocefalia, alopécia e outros • Considerações: 1. 2.5Gy em embriões menores que 2-3 semanas não produzem malformações 2. Entre 4-11 semanas, malformações 3. Entre 11-16 semanas: malformações oculares, esqueleto e órgãos genitais 4. Entre 16-20 semanas: queda nas taxas de microcefalia e retardo 5. Após 30 semanas: não causa graves alterações A paciente grávida • 0.1 Gy (entre 10dias e 26 semanas) é a dose limite pra desenvolver uma malformação congênita • Abortar? Resumo • O efeito biológico da radiação de cobalto e aceleradores lineares é causado por elétrons acelerados, que geram radicais livres e lesam o DNA • O dano biológico mais expressivo é a dupla quebra da molécula de DNA Resumo • Os quatro R´s da radioterapia são: • Redistribuição no ciclo celular (Mitose é a fase mais sensível) • Repopulação dos tecidos sadios • Reparo ao dano sub-letal • Reoxigenação das células hipóxicas (o oxigênio ¨fixa¨ o efeito dos radicais livres) Resumo • Efeito determinístico: há limiar de dose e a severidade do efeito é dose-dependente (ex: catarata) • Efeito estocástico: não há limiar de dose (carcinogênese ou efeitos hereditários). A probabilidade de câncer aumenta com a dose, mas não a severidade do câncer. OBRIGADO!!! Röentgen Becqerel Pierre Curie Marie Curie Max Planck Einstein Compton Niels Bohr
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