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Direito Penal

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DIREITO PENAL
AULA 08 (pós) – Aula 1 direito Penal
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO DIREITO PENAL
Princípio da legalidade • Art. 5.º, XXXIX, da CF e art. 1.º do CP. • nullum crimen, nulla poena sine lege: ninguém pode ser punido se não existir uma lei que considere o fato praticado como crime.
Origem histórica: Charta Magna Libertarum – documento que os nobres ingleses impuseram ao Rei João Sem Terra (João I da Inglaterra – filho de Henrique II), em 1215. No Brasil: Constituição de 1824 (art. 179, II); Código Criminal do Império de 1830; Código Penal da República de 1890; Código Penal de 1940 (Parte Geral de 1984) e Constituição Federal de 1988. 
DESDOBRAMENTO EM 4 SUBPRINCÍPIOS: 
1)Lege praevia – Anterioridade.
 2)Lege scripta – Reserva legal. 
3)Lege stricta – Proibição de analogia. 
4)Lege certa – Taxatividade (ou mandato de certeza). 
Reserva Legal: 
• Art. 22, I, da CF – União. 
• Art. 59 da CF – espécies normativas. 
• Somente lei ordinária e lei complementar.
 • Lei delegada não pode dispor sobre direito penal – vedação do art. 68, § 1º, 3ª figura, CF – direitos individuais. 
•Medida provisória sobre matéria penal – vedação - art. 62, § 1º, I, “b”, CF. • Med. Prov. Benéficas em matéria penal: STF - RE 254818/PR – DJ 19.12.2002 – RTJ 184/
 O Princípio da Legalidade também se aplica às contravenções penais e às medidas de segurança. Segundo o STF e parte da doutrina pátria, ao referir-se a “crime”, a CF quis dizer “infração penal – crime e contravenção” e, ao referir-se a “pena”, a CF quis dizer “sanção penal”. 
Princípio da aplicação da lei mais favorável
 Esse princípio tem como essência outros dois princípios penais que o compõem: o princípio da irretroatividade da lei mais severa e o princípio da retroatividade da lei mais benéfica. 
 Princípio da taxatividade (lege stricta) 
Decorre do princípio da legalidade, exigindo que a lei seja certa, acessível a todos, devendo o legislador, quando redige a norma, esclarecer de maneira precisa, taxativamente, o que é penalmente admitido. 
•Devem ser evitados, portanto, os tipos penais abertos, que são aqueles cujas condutas proibidas somente são identificadas em função de elementos exteriores ao tipo penal. Ex.de tipos abertos: art. 150 do Código Penal (“contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito”); art. 164 do Código Penal (“sem o consentimento de quem de direito”). Obs.: os tipos culposos são tipos penais abertos 
Princípio da ofensividade (princípio do fato ou princípio da exclusiva proteção do bem jurídico) 
Segundo esse princípio, não há crime quando a conduta não tiver oferecido, ao menos, um perigo concreto, efetivo, comprovado, ao bem jurídico. Nulum crimen sine injuria 
Princípio da alteridade (princípio da transcendentalidade) 
De acordo com esse princípio, não devem ser criminalizadas atitudes meramente internas do agente, incapazes de atingir o direito de outro (altero), faltando, nesse caso, a lesividade que pode legitimar a intervenção penal. Posse de drogas para consumo pessoal 
Com base nesse princípio, não se deve punir a autolesão ou o suicídio frustrado, uma vez que não se justifica a intervenção penal repressiva a quem está fazendo mal a si mesmo. 
Princípio da adequação social
 Desconsidera crime o comportamento que não afronta o sentimento social de justiça, de modo que condutas aceitas socialmente não podem ser consideradas crime, não obstante sua eventual tipificação. Ex.: jogo do bicho, “pirataria”, lenocínio, escrito ou objeto obsceno (art. 234, CP) etc 
 Princípio da intervenção mínima (Direito Penal mínimo)
 •Prega que não se justifica a intervenção penal quando o ilícito puder ser eficazmente combatido por outros ramos do Direito (Civil, Administrativo, Trabalhista etc.). •Sustenta esse princípio a necessidade de ser o Direito Penal subsidiário, somente atuando quando os demais ramos do Direito falharem (ultima ratio). 
Princípio da fragmentariedade 
•Do princípio da intervenção mínima deriva o princípio da fragmentariedade, segundo o qual deve o Direito Penal proteger apenas os bens jurídicos de maior relevância para a sociedade, não devendo ele servir para a tutela de todos os bens jurídicos.
 •Daí o seu caráter fragmentário, ocupando-se somente de parte dos bens jurídicos protegidos pela ordem jurídica. 
Princípio da insignificância (bagatela)
 Esse princípio deita suas raízes no Direito Romano, onde se aplicava a máxima civilista de minimis non curat praetor, sustentando a desnecessidade de se tutelar lesões insignificantes aos bens jurídicos (integridade corporal, patrimônio, honra, administração pública, meio ambiente etc). 
Acolhido o princípio da insignificância, está excluída a própria tipicidade, desde que satisfeitos quatro requisitos sustentados pelo STF:
 a)mínima ofensividade da conduta do agente; 
b)ausência de total periculosidade social da ação; 
c)ínfimo grau de reprovabilidade do comportamento;
 d)inexpressividade da lesão jurídica ocasionada. Requisitos do STF 
O princípio da insignificância vem tendo larga aplicação nas cortes superiores (STJ e STF), sendo tomado como instrumento de interpretação restritiva do Direito Penal, que não deve ser considerado apenas em seu aspecto formal (tipicidade formal – subsunção da conduta à norma penal), mas também e fundamentalmente em seu aspecto material (tipicidade material – adequação da conduta à lesividade causada ao bem jurídico protegido). 
Princípio da proporcionalidade da pena 
De cunho eminentemente constitucional, o princípio em análise preconiza a observância, no sistema penal, de proporcionalidade entre o crime e a sanção. 
Princípio da individualização da pena
 De raízes constitucionais (art. 5.º, XLVI), se assenta na premissa de que o ilícito penal é fruto da conduta humana, individualmente considerada, devendo a sanção penal recair apenas sobre quem seja o autor do crime, na medida de suas características particulares, físicas e psíquicas
Princípio da humanidade 
O princípio da humanidade é decorrência lógica dos princípios da proporcionalidade e da individualização da pena. Segundo ele, a pena e seu cumprimento devem se revestir de caráter humanitário, em respeito e proteção à pessoa do preso. J
 No Brasil, este princípio vem consagrado na Constituição Federal (art. 5.º, III), que veda a tortura e o tratamento desumano ou degradante a qualquer pessoa, e também na vedação de determinadas penas, como a de morte, de prisão perpétua, de trabalhos forçados, de banimento e outras penas cruéis (art. 5.º, XLVII). 
LEI PENAL NO TEMPO 
Conflito de leis penais no tempo – solução — princípio da irretroatividade da lei mais severa: a lei penal mais severa nunca retroage para prejudicar o réu; — princípio da retroatividade da lei mais benigna: a lei penal mais benigna sempre retroage para beneficiar o réu. 
a) abolitio criminis, que ocorre quando a nova lei suprime normas incriminadoras anteriormente existentes, ou seja, o fato deixa de ser considerado crime; ex:adultério e sedução
b) novatio legis incriminadora, que ocorre quando a nova lei incrimina fatos antes considerados lícitos, ou seja, o fato passa a ser considerado crime; HIPÓTESES DE CONFLITO 
c) novatio legis in pejus(crime já existia), que ocorre quando a lei nova modifica o regime penal anterior, agravando a situação do sujeito – lei nova trata com mais rigor; 
d) novatio legis in mellius, que ocorre quando a lei nova modifica o regime anterior, beneficiando o sujeito. ATENÇÃO: •Súmula 611 do STF e art. 66, I, da LEP •Súmula 711 do STF 
Ultra-atividade 
É a aplicação de uma lei mais benéfica que tem eficácia mesmo depois de revogada, cessada a sua vigência. Ocorre quando a lei nova, que revoga a anterior, passa a reger o fato de forma mais severa. 
A ultra-atividade e a retroatividade são qualidades que a lei mais benigna possui, qualidades estas que são denominadas extra-atividade. 
Eficácia das leis penais temporárias e excepcionais 
Art. 3.º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticadodurante sua vigência. 
 •Leis penais temporárias são aquelas que possuem vigência previamente fixada pelo legislador. Este determina que a lei terá vigência até certa data. Elas têm data para começar a vigência e terminar.
 •Leis penais excepcionais são aquelas promulgadas em casos de calamidade pública, guerras, revoluções, cataclismos, epidemias etc. Vigem enquanto durar a situação de anormalidade. Não tem data, vai viger enquanto durar a situação de excepcionalidade.
Obs: Tudo o que for praticado durante a vigência de uma lei temporária ou excepcional, será julgado de acordo com ela
 EXEMPLO DE LEI PENAL EXCEPCIONAL LEI Nº 13.979, DE 6 DE FEVEREIRO DE 2020: Dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019. “Art. 8º Esta Lei vigorará enquanto perdurar o estado de emergência de saúde internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019...” 
 Tempo do crime 
Qual a lei a ser aplicada ao criminoso: a do tempo da atividade ou aquela em vigor por ocasião da produção do resultado? O nosso Código Penal adotou a teoria da atividade no art. 4.º, que diz: Art. 4.º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
LEI PENAL NO ESPAÇO (para saber se o crime foi praticado no Brasil ou no estrangeiro)
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO (onde o crime foi praticado?)
Art. 5.º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. – Princípio da territorialidade
 Atenção: Não se deve confundir eficácia da lei penal no espaço com competência territorial. Esta última, considerando o crime praticado no território nacional, tem seu regramento estabelecido por normas processuais, nos termos dos arts. 69 e seguintes do CPP. 
Princípios relativos à lei penal no espaço 
 a) princípio da territorialidade, segundo o qual se aplica a lei nacional ao fato praticado no território do próprio país; 
 b) princípio da nacionalidade, também chamado de princípio da personalidade, segundo o qual a lei penal de um país é aplicável ao seu cidadão, independentemente de onde se encontre; Brasil não adota, mas há uma exceção! 
c) princípio da defesa, também chamado de princípio real ou princípio da proteção, segundo o qual a lei do país é aplicada em razão do bem jurídico lesado, independentemente do local ou da nacionalidade do agente, segue a vítima;
d) princípio da justiça universal, segundo o qual o agente deve ser punido onde se encontre, segundo a lei do país onde esteja, independentemente de sua nacionalidade, do local ou da nacionalidade do bem jurídico lesado
e) princípio da representação, segundo o qual o crime praticado no estrangeiro deve ser punido por determinado país, quando cometido em embarcações e aeronaves privadas de sua nacionalidade, desde que não tenha sido punido no país onde se encontrava. Art.5º,§§1º e 2º
Princípios adotados pelo Brasil O Brasil adotou o princípio da territorialidade como regra e os demais princípios como exceção. Vide art. 7º do CP - Extraterritorialidade 
 Assim sendo, o princípio adotado pelo Brasil denomina-se princípio da territorialidade temperada, uma vez que a regra da territorialidade prevista no art. 5.º do Código Penal não é absoluta, comportando exceções nos casos previstos em lei e em convenções, tratados e regras de direito internacional. 
TERRITORIALIDADE E CONTRAVENÇÃO PENAL: Art. 2º da LCP: “A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional.” 
Lugar do crime O Brasil adotou a teoria mista ou da ubiquidade, conforme o disposto no art. 6.º do Código Penal: 
Art. 6.º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
AULA 09 (pós) – Aula 2 direito Penal
TEORIA DO CRIME
O crime pode ser conceituado sob o aspecto material (considerando o conteúdo do fato punível), sob o aspecto formal e sob o aspecto analítico. 
CONCEITO DE CRIME 
Conceito material de crime: violação de um bem penalmente protegido.
 Conceito formal de crime: conduta proibida por lei, com ameaça de pena criminal. 
Conceito analítico de crime: fato típico, antijurídico e culpável. 
ELEMENTO SUBJETIVO (mente do criminoso) DO TIPO CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO 
CRIME DOLOSO Segundo o disposto no art.18, I, do CP, o crime é doloso “quando o agente quis o resultado (dolo direto) ou assumiu o risco de produzi-lo(dolo eventual)”. 
CONCEITO DE DOLO Dolo, segundo a teoria finalista da ação, é o elemento subjetivo do tipo; é a vontade consciente de concretizar as características objetivas do tipo. 
TEORIAS SOBRE O DOLO
 Existem três teorias a respeito do conteúdo do dolo: 
a) Teoria da vontade = dolo é a vontade de praticar uma ação consciente, um fato que se sabe contrário à lei. 
b) Teoria da representação = dolo é a vontade de praticar a conduta, prevendo o agente a possibilidade de o resultado ocorrer. 
c) Teoria do assentimento (ou do consentimento) = basta para o dolo a previsão ou consciência do resultado, não exigindo que o sujeito queira produzi-lo. É suficiente o assentimento do agente ao resultado. 
TEORIAS ADOTADAS PELO BRASIL O Brasil adotou, no art.18, I, do Código Penal, a teoria da vontade (dolo direto) e a teoria do assentimento/consentimento (dolo eventual). 
ESPÉCIES DE DOLO 
Dolo direto ou determinado:é a vontade de praticar a conduta e produzir o resultado. 
O dolo direto pode ser de primeiro grau e de segundo grau. 
Dolo direto de primeiro grau (comum) relaciona-se com o fim proposto e com os meios escolhidos para alcançá-lo. 
Dolo direto de segundo grau (também chamado de dolo mediato ou dolo de consequências necessárias) relaciona-se com os efeitos colaterais da conduta, tidos como necessários. 
Ex.: terrorista que, pretendendo matar determinada pessoa, coloca uma bomba no avião em que esta viajará, a qual vem a explodir, matando-a juntamente com os demais passageiros. Houve dolo direto de primeiro grau em relação à vítima pretendida, e dolo direto de segundo grau em relação aos demais passageiros do avião, que acabaram sendo atingidos como efeito colateral da conduta almejada
 Ex: Outro exemplo interessante é o do agente que, pretendendo matar um gêmeo xifópago, nele desfere disparo de arma de fogo, matando-o (dolo direto de primeiro grau), mas matando também o outro irmão como consequência necessária dessa conduta (dolo direto de segundo grau). 
Dolo indireto ou indeterminado: ocorre quando a vontade do sujeito não se dirige a certo e determinado resultado. O dolo indireto possui duas formas: 
Dolo alternativo, quando a vontade do sujeito se dirige a um ou outro resultado, indiferentemente. Exemplo: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção alternativa: matar ou ferir; 
Dolo eventual, quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, ou seja, o agente prevê o resultado e nada faz para evitá-lo, agindo com indiferença em relação a ele. 
CRIME CULPOSO 
Segundo o disposto no art. 18, II, do Código Penal, o crime é culposo “quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”. 
CUIDADO OBJETIVO: é a obrigação determinada a todos, na comunidade social, de realizar condutas de forma a não produzir danos a terceiros. Cuidados que são determinados a todos na vida em sociedade.
 Surge, então, a previsibilidade objetiva, que é a possibilidade de antever o resultado produzido, previsível ao homem comum, nas circunstâncias em que o sujeito realizou a conduta. 
MODALIDADES DE CULPA
Culpa comum em regra falta a previsibilidade
 A inobservância do cuidado objetivo necessário manifesta-se pelas três modalidades de culpa: imprudência, negligência e imperícia. 
IMPRUDÊNCIA É a prática de um fato perigoso, atuando o agente com precipitação, sem cautelas. Exemplo: desobedecer sinal semafórico vermelho, indicativo de parada obrigatória. 
NEGLIGÊNCIA É a ausência de precaução,de cuidados. Exemplo: deixar substância tóxica ao alcance de criança.Geralmente é um NÃO FAZER. 
IMPERÍCIA É a falta de aptidão, de conhecimentos técnicos, para o exercício de arte ou profissão. Exemplo: médico que se dispõe a realizar cirurgia sem ter conhecimentos adequados sobre a especialidade da moléstia. 
ESPÉCIES DE CULPA 
a) Culpa inconsciente, na qual o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível. É a culpa comum, normal, manifestada pela imprudência, negligência ou imperícia. 
 b) Culpa consciente (ou culpa com previsão), na qual o resultado é previsto pelo agente, que espera inconsideradamente que não ocorra ou que possa evitá-lo. 
DIFERENÇA ENTRE CULPA CONSCIENTE E DOLO EVENTUAL:
 No dolo eventual, o agente prevê o resultado, mas nada faz para evitá-lo, agindo com total indiferença em relação a ele e assumindo o risco de sua produção. 
Na culpa consciente, o agente prevê o resultado, mas aguarda, espera e confia (inconsideradamente) na sua não produção. EX: A pessoa bebeu, alguém diz que é perigoso ela dirigir e a resposta da pessoa é a seguinte: -Vou devagar, moro aqui perto.
CRIME PRETERDOLOSO (além de) 
O crime preterdoloso ou preterintencional é aquele no qual coexistem os dois elementos subjetivos: dolo na conduta antecedente e culpa na conduta consequente. ex: lesão corporal seguida de morte.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
CRIME CONSUMADO Art. 14. Diz-se o crime: I — consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
Consuma-se o delito quando existe a realização integral do tipo. 
CRIME TENTADO O crime é tentado quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Costuma-se utilizar o termo latino conatus como sinônimo de tentativa. 
TEORIAS SOBRE A TENTATIVA
a) Teoria objetiva,segundo a qual existe tentativa com o início dos atos de execução. 
b) Teoria subjetiva, segundo a qual basta, para configurar a tentativa, a revelação da intenção delituosa, ainda que em atos preparatórios. 
TEORIA ADOTADA PELO BRASIL O nosso Código Penal adotou a teoria objetiva, exigindo, para a ocorrência de tentativa, início de atos de execução (art. 14, II, do CP). 
ITER CRIMINIS (caminho do crime)
 O fato delituoso apresenta uma trajetória, denominada iter criminis (termo latino que significa caminho do crime), que se compõe de quatro etapas: 
ETAPAS DO ITER CRIMINIS
 a)cogitação (cogitatio);
 b)atos preparatórios;
c)atos de execução;
d)consumação.
COGITAÇÃO A cogitação não é punida no Direito Penal, pois o que se passa no foro íntimo da pessoa não tem relevância criminal. Apenas na exteriorização das intenções do agente, em atos que denotem início da execução, é que agirá o Direito Penal. 
ATOS PREPARATÓRIOS Em regra, os atos preparatórios não são puníveis, a não ser que, por si sós, já configurem atos de execução de infrações penais autônomas. 
 ELEMENTOS DA TENTATIVA 
 a) a ação, que se caracteriza por início da execução — atos executórios; 
 b) a interrupção da execução por circunstâncias alheias à vontade do agente, que pode dar-se em qualquer momento antes da consumação. 
 c) o dolo, que é o elemento subjetivo do crime. Quem consuma o crime age com o mesmo dolo da tentativa, pois a vontade era no sentido de consumar o delito. 
ESPÉCIES DE TENTATIVA
 a) Tentativa perfeita, ou tentativa acabada, também chamada de “crime falho” — é aquela que se verifica quando o agente fez tudo o quanto lhe era possível para alcançar o resultado. 
b) Tentativa imperfeita ou tentativa inacabada — é aquela que ocorre quando a ação não chega a exaurir-se, ou seja, quando o sujeito ativo não esgotou em atos de execução sua intenção delituosa. 
TENTATIVA BRANCA OU INCRUENTA
 Tentativa branca, ou incruenta, é a que ocorre quando o agente, embora tendo empregado os meios ao seu alcance, não consegue atingir a coisa ou a pessoa.
 TENTATIVA CRUENTA/VERMELHA Na tentativa cruenta, ao contrário, o agente consegue atingir a pessoa ou a coisa que visava. 
PENA DA TENTATIVA 
A pena da tentativa é a do crime consumado, diminuída de um a dois terços, dependendo do iter criminis percorrido. Art. 14, parágrafo único, do CP.
 TENTATIVA DE CONTRAVENÇÃO 
Dispõe o art. 4.º do Decreto-Lei n. 3.688/41 — Lei das Contravenções Penais — que não se pune a tentativa de contravenção. 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA Não havendo percorrido, ainda, toda a trajetória do delito, iniciados os atos de execução, o agente pode deter-se, voluntariamente. Ex: agente ministra veneno à bebida da vítima, arrependendo-se depois e impedindo-a de ingeri-la. 
ARREPENDIMENTO EFICAZ No arrependimento eficaz, o agente esgota todos os meios, ao seu alcance, para a prática do crime. Ele pratica todos os atos de execução. Arrepende-se, porém, e evita, com sucesso, a consumação. 
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz excluem a tipicidade do fato (o agente não responde pelo crime do qual iniciou a execução, mas apenas pelos atos praticados, que podem configurar uma outra figura típica
Art. 15
AULA 10 (pós) – Aula 3 direito Penal
TEORIA DO CRIME 
ANTIJURIDICIDADE/ILICITUDE 
 É a relação de contrariedade entre o fato e o ordenamento jurídico. Não basta, para a ocorrência de um crime, que o fato seja típico (previsto em lei). É necessário também que seja antijurídico, ou seja, contrário à lei penal, que viole bens jurídicos protegidos pelo ordenamento jurídico. 
CAUSAS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE Estado de necessidade; Legítima defesa; Estrito cumprimento do dever legal; Exercício regular de direito. 
ESTADO DE NECESSIDADE (temos situação de perigo) Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
Estado de necessidade é uma situação de perigo atual de interesses legítimos e protegidos pelo Direito, em que o agente, para afastá-la e salvar um bem próprio ou de terceiro, não tem outro meio senão o de lesar o interesse de outrem, igualmente legítimo. 
NATUREZA JURÍDICA Trata-se de causa excludente da antijuridicidade. Embora o fato seja considerado típico, não há crime em face da ausência de ilicitude. 
REQUISITOS DO ESTADO DE NECESSIDADE Art. 24 CP
a) Existência de perigo atual (ou iminente);
b) Ameaça a direito próprio ou alheio; 
c) Inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado: a lei não exige do agente que sacrifique o seu bem jurídico para preservar o bem jurídico de terceiro. Art.24
d) Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo; 
e) Conhecimento da situação de fato justificante: significa que o estado de necessidade requer do agente o conhecimento de que está agindo para salvaguardar um interesse próprio ou de terceiro. 
FORMAS DE ESTADO DE NECESSIDADE
 a) quanto à titularidade do interesse protegido: dividido em estado de necessidade próprio (quando o agente salva direito próprio) ou estado de necessidade de terceiro (quando o agente salva direito de outrem); 
b) quanto ao aspecto subjetivo do agente: dividindo-se em estado de necessidade real (em que a situação de perigo efetivamente está ocorrendo) e estado de necessidade putativo/imaginário (em que o agente incide em erro — descriminante putativa- estado de necessidade imagináio); 
c) quanto ao terceiro que sofre a ofensa: dividindo-se em estado de necessidade agressivo - CC dispõe que tem que indenizar (caso em que a conduta do agente atinge direito de terceiro inocente) e estado de necessidade defensivo (caso em que o agente atinge direito de terceiro que causou ou contribuiu para a situação de perigo). 
LEGÍTIMA DEFESA 
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
CONCEITO Legítima defesa é a repulsa a injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou de outrem, usando moderadamente os meios necessários. 
NATUREZA JURÍDICA Trata-se de causa excludenteda antijuridicidade. Assim, embora seja típico o fato, não há crime em face da ausência de ilicitude. 
REQUISITOS 
a) Agressão injusta, atual ou iminente. A agressão é injusta quando viola a lei, sem justificação (sine jure). Agressão atual é aquela que está ocorrendo. Agressão iminente é aquela que está prestes a ocorrer. 
b) Direito próprio ou de terceiro. Qualquer direito? Sim
c)Utilização dos meios necessários. Meios necessários = meios à disposição do agente. 
d) Utilização moderada de tais meios.Significa que o agente deve agir sem excesso. 
e) Conhecimento da situação de fato justificante: significa que a legítima defesa requer do agente o conhecimento da situação de agressão injusta e da necessidade de repulsa (animus defendendi). 
FORMAS DE LEGÍTIMA DEFESA 
a) quanto à titularidade do interesse protegido: dividindo-se em legítima defesa própria (quando a agressão injusta se voltar contra direito do agente) e legítima defesa de terceiro (quando a agressão injusta ocorrer contra direito de terceiro);
 b) quanto ao aspecto subjetivo do agente: dividindo-se em legítima defesa real (quando a agressão injusta efetivamente estiver presente) ou legítima defesa putativa (que ocorre por erro — descriminante putativa – Agressão imaginária); 
c) quanto à reação do sujeito agredido: dividindo-se em legítima defesa defensiva (quando o agente se limita a defender-se) e legítima defesa ofensiva (quando o agente, além de defender-se, também ataca o bem jurídico de terceiro). 
 OFENDÍCULAS 
São barreiras ou obstáculos para a defesa de bens jurídicos. Geralmente constituem aparatos destinados a impedir a agressão a algum bem jurídico, seja pela utilização de animais (cães ferozes, por exemplo), seja pela utilização de aparelhos ou artefatos feitos pelo homem (arame farpado, cacos de vidro sobre o muro, cerca eletrificada, por exemplo). 
Parcela da doutrina distingue ofendícula de defesa mecânica predisposta. As ofendículas são percebidas com facilidade pelas pessoas e não necessitam de aviso quanto à sua existência. Ex.: cacos de vidro sobre o muro, pontas de lança em uma grade, fosso etc. Já as defesas mecânicas predispostas estão ocultas, ignoradas pelo suposto agressor, sendo necessário o aviso quanto à sua existência. Ex.: cerca eletrificada, armadilhas em geral, arma oculta, cão feroz etc. 
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL 
Ocorre quando a lei, em determinados casos, impõe ao agente um comportamento. Nessas hipóteses, amparadas pelo art. 23, III, do Código Penal, embora típica a conduta, não é ilícita. 
Exemplos: policial que viola domicílio onde está sendo praticado um delito, ou emprega força indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga do preso (art. 284 do CPP); soldado que mata o inimigo no campo de batalha; oficial de justiça que viola domicílio para cumprir ordem de despejo. 
Somente ocorre a excludente quando existe um dever imposto pelo Direito, seja em regulamento, decreto ou qualquer ato emanado do Poder Público, desde que tenha caráter geral, seja em lei, penal ou extrapenal. 
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO 
Essa excludente da antijuridicidade vem amparada pelo art. 23, III, do Código Penal, que emprega a expressão direito em sentido amplo. A conduta, nesses casos, embora típica, não será antijurídica, ilícita. 
Exemplos: desforço imediato no esbulho possessório (art. 1210, § 1º, do CC); direito de retenção por benfeitorias; intervenções médico-cirúrgicas; a correção dos filhos pelos pais etc. 
CULPABILIDADE (juízo de reprovação social)
Culpabilidade é juízo de reprovação social. Para a Teoria Finalista Bipartida, funciona como pressuposto de aplicação da pena. Para a Teoria Finalista Tripartida constitui elemento do crime. 
Na culpabilidade, existe reprovação pessoal contra o autor devido à realização de um fato contrário ao direito, embora, nas circunstâncias, tivesse podido atuar de maneira diferente de como o fez. 
ELEMENTOS 
a)imputabilidade; 
b) potencial consciência da ilicitude; 
c) exigibilidade de conduta conforme o Direito. 
IMPUTABILIDADE 
Chama-se imputabilidade a capacidade do agente de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
INIMPUTABILIDADE 
Inimputabilidade é a incapacidade do agente de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
CAUSAS EXCLUDENTES DE IMPUTABILIDADE arts. 26/28 CP
 Doença mental;
 Desenvolvimento mental incompleto; 
Desenvolvimento mental retardado; 
Embriaguez completa (caso fortuito ou força maior). 
DOENÇA MENTAL O art. 26, caput, do Código Penal tratou da doença mental como um pressuposto biológico da inimputabilidade. Deve ela ser entendida como toda moléstia que cause alteração na saúde mental do agente. 
DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO Como desenvolvimento mental incompleto deve ser entendido aquele que ocorre nos inimputáveis em razão da idade e também aquele que ocorre nos silvícolas inadaptados(índios) . 
MENORES DE 18 ANOS Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
 CRITÉRIO BIOLÓGICO Nesse dispositivo, o Código Penal adotou o critério biológico para aferição da imputabilidade do menor. Presunção absoluta de inimputabilidade do menor de 18 anos.
 DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO Caracteriza-se por déficit de inteligência, que pode ocorrer sem qualquer outro transtorno psíquico, embora indivíduos mentalmente retardados possam apresentar certos transtornos psíquicos, de modo associado. Ex: homem com 30 anos com capacidade mental de 10 anos
EMBRIAGUEZ COMPLETA – CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR Art. 28. (...) § 1.º É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
ACTIO LIBERA IN CAUSA Ocorre quando o agente se coloca, propositadamente, em situação de inconsciência para a prática de conduta punível. São casos de conduta livremente desejada, mas cometida no instante em que o sujeito se encontra em estado de inconsciência. Ex: a pessoa se drogou para cometer o crime.
SEMI-IMPUTABILIDADE Art. 26. (...) .Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Nesse caso, o agente tem parcialmente diminuída sua capacidade de entendimento e de determinação, o que enseja a redução da pena de um a dois terços. 
Não há exclusão da imputabilidade, persistindo a culpabilidade do agente e a consequente aplicação de pena, ainda que reduzida. Excepcionalmente, pode o juiz optar pela imposição ao semiimputável de medida de segurança.
AULA 11 (pós) – Aula 4 direito Penal
CRIMES CONTRA A VIDA 
HOMICÍDIO SIMPLES 
Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (emocional:causa de diminuição de pena)
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social (valor que interessa a toda a sociedade – pratica achando que está fazendo um bem para a sociedade)ou moral (diz respeito aos valores da própria pessoa), ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
 II - por motivo futil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; 
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão,de doze a trinta anos. 
FEMINICÍDIO 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 § 2 o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
 I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
AUMENTO DE PENA 
 § 7 o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
 I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
 II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 
 III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; 
 IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
HOMICÍDIO FUNCIONAL (EM RAZÃO DA FUNÇÃO)
 VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
 HOMICÍDIO CULPOSO (PRATICADO POR IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA E IMPERÍCIA)
 § 3º Se o homicídio é culposo:
 Pena - detenção, de um a três anos
OBS: Homicídio culposo na condução de veículo automotor será enquadrado no art. 302 CTB
Obs: único crime contra a vida que não vai a júri ou que não é doloso = HOMICÍDIO CULPOSO
 HOMICÍDIO CIRCUNSTANCIADO 
 § 4 o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
PERDÃO JUDICIAL 
 § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
 MILÍCIA PRIVADA 
§ 6 o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO OU AUTOMUTILAÇÃO 
Art. 122. Induzir (criar um propósito inexistente) ou instigar (reforço de um propósito já existente) alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
§ 3º A pena é duplicada: 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; 
II - se a vítima é menor (entre 14 e 18 anos) ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (menor de 14 anos seria homicídio)
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. 
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. 
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. 
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. 
INFANTICÍDIO 
 Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal (fenômeno parto gera na mãe conjunto de alterações físicas e psíquicas) , o próprio filho, durante o parto ou logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
Obs: somente a mãe pode ser sujeito ativo no infanticídio (crime próprio) qualquer pessoa que auxiliar responderá Tb por infanticídio conforme dispõe o art. 30 CP.
ABORTO (Arts. 124-128 CP)
AUTO-ABORTO E ABORTO CONSENTIDO 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
 Pena - detenção, de um a três anos. 
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE (ABORTO MAIS GRAVE DE TODOS)
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
 Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência 
ABORTO QUALIFICADO PELO RESULTADO 
 Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores (ABORTO COM CONSENTIMENTO E SEM CONSENTIMENTO) são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
ABORTO LEGAL 
 Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
 Aborto necessário 
 I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
 II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
OBS: STF autorizou o aborto do feto anencéfalo.
LESÃO CORPORAL SIMPLES 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
LESÃO CORPORAL GRAVE
 § 1º Se resulta: 
 I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
 II - perigo de vida; 
 III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA 
§ 2° Se resulta: 
 I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
 II - enfermidade incurável; 
 III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
 IV - deformidade permanente; 
 V - aborto: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE (resultado preterdoloso)
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzílo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa: 
 I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
 II - se as lesões são recíprocas. 
LESÃO CORPORAL CULPOSA 
§ 6° Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Obs: lesão culposa praticada na condução de veículo automotor será aplicado o art. 303 CTB
LESÃO CORPORAL CULPOSA CIRCUNSTANCIADA 
§ 7 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4 o e 6o do art. 121 deste Código. 
PERDÃO JUDICIAL 
§ 8º - Aplica-seà lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (obs: lei Maria da Penha traz medidas protetivas, o tipo penal consta aqui)
§ 9 o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: obs: se for mulher tem direito às medidas protetivas da lei Maria da Penha
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1 o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9 o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
§ 11. Na hipótese do § 9 o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
LESÃO CORPORAL FUNCIONAL 
 § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 
AULA 12 (pós) – Aula 5 direito Penal
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
FURTO SIMPLES 
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, menos o proprietário da coisa.
Sujeito Passivo: Pessoa natural ou jurídica
Art. 155 – Subtrair (tomar a coisa para si sem o consentimento da vítima), para si ou para outrem, coisa alheia móvel (aquela coisa que pode ser movimentada): 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Obs: furto de uso polêmico, usado para teses de defesa!
O furto se consuma com a retirada da coisa, ainda que por um breve período de tempo.
Cabe tentativa quando o agente inicia, mas não consegue por circunstancias alheias a sua vontade.
FURTO NOTURNO
 § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. 
Jurisprudência é dividida no que tange ao local estar habitado ou não.
FURTO PRIVILEGIADO 
§ 2º - Se o criminoso é primário (é aquele que não é reincidente art.63), e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
Ínfimo valor (princípio da bagatela # de pequeno valor.
A Jurisprudência tem entendido que coisa de pequeno valor será até um salário mínimo, verificar o caso concreto ex: 1,00 será aplicado o princípio da bagatela/insignificância 
FURTO DE ENERGIA 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
Ex: sinal de TV a cabo, internet, gás encanado.
FURTO QUALIFICADO 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
 I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
 III - com emprego de chave falsa;
 IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas 
FURTO COM EMPREGO DE EXPLOSIVO 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Lei 13.654/18 
FURTO DE VEÍCULO AUTOMOTOR 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
FURTO DE SEMOVENTE DOMESTICÁVEL DE PRODUÇÃO 
§ 6 o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável (gado) de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. Lei 13.330/16 
FURTO DE SUBSTÂNCIA EXPLOSIVA 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Lei 13.654/18 
ROUBO SIMPLES 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça (nem sempre será com arma, pode ser força física por ex ou apenas ameaçar de agredir) ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência (ex: boa noite cinderela/ violência imprópria): 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
Roubo crime complexo = crime que ofende mais de um bem jurídico
ROUBO IMPRÓPRIO
 § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa (violência ou grave ameaça é empregada após a subtração), emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
ROUBO CIRCUNSTANCIADO 
 § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
 I – (revogado);
 II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
 III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; 
 V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Lei 13.654/18 
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019
ROUBO CIRCUNSTANCIADO 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
 I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
 II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Lei 13.654/18
ROUBO CIRCUNSTANCIADO 
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019 – Pacote Anticrime 
Uso restrito: só algumas categorias podem usar
Uso proibido: ninguém pode usar ex: arma com numeração raspada
ROUBO COM LESÃO GRAVE OU MORTE 
 § 3º Se da violência resulta:
 I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; 
 II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. Lei 13.654/18 (latrocínio)
LATROCÍNIO: Roubo com resultado morte. É um crime contra o patrimônio
EXTORSÃO SIMPLES 
 Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
EXTORSÃO CIRCUNSTANCIADA
 § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. 
EXTORSÃO COM RESULTADO LESÃO GRAVE OU MORTE 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. 
SEQUESTRO RELÂMPAGO - espécie de extorsão/ o resgate é pago pela própria vítima
§ 3 o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam se as penas previstas no art. 159, §§ 2 o e 3 o, respectivamente. 
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
 Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
É necessária a efetiva obtenção da vantagem para configurar a extorsão mediante seqüestro? Não! Basta seqüestrar com o fim de obter. Crime formal é quando embora tendo o resultado naturalístico previsto em lei, esse resultado não é necessário para a configuração.
Nos: crime permanente consumação se prolonga no tempo. Em qualquer momento caberá a prisão em flagrante.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA 
§ 1 o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido porbando ou quadrilha. 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
Obs: bando ou quadrilha estão ultrapassados na atualidade o nome hoje é associação criminosa (mínimo 3 pessoas).
RESULTADO LESÃO GRAVE OU MORTE 
 § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
 § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (crime mais grave do CP)
Obs: extorsão mediante seqüestro é crime hediondo em qualquer de suas modalidades
DELAÇÃO PREMIADA 
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA 
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção (mas não o faz proprietário da coisa):
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: 
 I - em depósito necessário;
 II - na qualidade de tutor, curador, síndico (administrador judicial), liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; 
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA 
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
FIGURAS EQUIPARADAS 
 § 1 o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: 
 I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; 
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenha integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; 
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. 
EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE 
 § 2 É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 
PERDÃO JUDICIAL 
 § 3 É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: 
 I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou 
 II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
INAPLICABILIDADE DO PERDÃO JUDICIAL
 § 4 o A faculdade prevista no § 3 o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
ESTELIONATO a vítima é enganada
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. 
 ESTELIONATO PRIVILEGIADO 
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. 
FIGURAS EQUIPARADAS 
§2º. 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA 
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência 
ESTELIONATO CONTRA IDOSO 
§ 4 o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. 
ESTELIONATO – AÇÃO PENAL 
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: 
 I - a Administração Pública, direta ou indireta; 
II - criança ou adolescente; 
III - pessoa com deficiência mental; ou 
 IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019 – Pacote Anticrime 
RECEPTAÇÃO 
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
RECEPTAÇÃO NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COMERCIAL OU INDUSTRIAL 
 § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: 
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
 RECEPTAÇÃO NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COMERCIAL OU INDUSTRIAL
 § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. 
RECEPTAÇÃO CULPOSA 
 § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. 
AUTONOMIA DA RECEPTAÇÃO 
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. 
PERDÃO JUDICIAL E DIMINUIÇÃO DE PENA 
 § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. 
RECEPTAÇÃO CIRCUNSTANCIADA 
§ 6 o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. 
RECEPTAÇÃO DE ANIMAL 
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016
 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
IMUNIDADES PENAIS ABSOLUTAS 
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: 
 I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
 II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. 
IMUNIDADES PENAIS RELATIVAS 
 Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
 II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
 III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
EXCEÇÕES ÀS IMUNIDADES PENAIS 
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
AULA 13 (pós) – Aula 6 direito Penal
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO arts. 312/327
FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública(jurado, mesário). 
Obs: caso um particular cometa um crime junto com um funcionário público, aquele também cometerá crime funcional art. 30 CP
FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO
 § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalhapara empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. 
 CAUSA DE AUMENTO DE PENA 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. 
 PECULATO PRÓPRIO: PECULATO APROPRIAÇÃO E PECULATO DESVIO 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
EX: Funcionário público que usa caso para uso particular.
PECULATO IMPRÓPRIO OU PECULATO FURTO 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 
 PECULATO CULPOSO
 § 2º - Se o funcionário concorre culposamente(imprudência, negligencia, imperícia) para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 REPARAÇÃO DO DANO NO PECULATO CULPOSO 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
 PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Obs: nesse caso o erro não é induzido pelo funcionário, a vítima já vai em erro, ao contrário do que ocorre no estelionato.
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa 
 MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 CAUSA DE AUMENTO DE PENA 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. 
 EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 CONCUSSÃO 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
Obs: esse crime se consuma a partir da sua exigência o funcionário público não precisa receber o que exigiu para ser consumado. EXIGIU CONSUMOU!
 EXCESSO DE EXAÇÃO (é a cobrança rigorosa de um tributo ou contribuição social)
 § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
EXCESSO DE EXAÇÃO QUALIFICADO
 § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
CORRUPÇÃO PASSIVA 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Corrupção Ativa Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 8 (oito) anos, e multa
CAUSA DE AUMENTO DE PENA 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA
 § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO (entrada ou saída do território nacional de mercadoria proibida) OU DESCAMINHO (falta de pagamento dos tributos devidos) 
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
Obs: Aqui não é o funcionário que é o contrabandista! Ele apenas facilita.
 PREVARICAÇÃO 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (por mais nobre que seja): Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 OMISSÃO DE DEVER FUNCIONAL 
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência(tolerância/clemência), de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
 Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
Obs: Funcionário público deve patrocinar interesse público, privado NÃO.
FORMA QUALIFICADA
 Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. 
VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA
 Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. 
ABANDONO DE FUNÇÃO 
 Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO
 Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL 
 Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. 
 FIGURAS EQUIPARADAS 
§ 1 o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemasde informações ou banco de dados da Administração Pública; 
 II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
FIGURA QUALIFICADA
§ 2 o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

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