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Tiradentes um Heroi para Republica

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Tiradentes: Um Heroi para a República 
Grupo: Bárbara Colodette, Milena Fardin, Patrícia Farias e Talyta Prett
Capítulo III
(Carvalho, 1990, p.55)
Heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideais e aspirações, pontos de referência, fulcros de identificação coletiva. São, por isso, instrumentos eficazes para atingir a cabeça e o coração dos cidadãos a serviço da legitimação de regimes políticos
“Não há regime que não promova o culto de seus heróis e não possua seu panteão cívico.” (Carvalho, 1990, p.55) 
“Herói que se preze tem de ter, de algum modo, a cara da nação. Tem de responder a alguma necessidade ou aspiração coletiva, refletir algum tipo de personalidade ou de comportamento que corresponda a um modelo coletivamente valorizado.” (Carvalho, 1990, p.55) 
“Era pequeno o número de republicanos convictos, foi quase nula a participação popular […]. Os candidatos a heróis não tinham, eles também, profundidade histórica, não tinham a estrutura exigida para o papel. Não pertenciam ao movimento da propaganda republicana, ativa desde 1870, nem mesmo eram reconhecidos como heróis militares.”(Carvalho, 1990, p.57) 
“A busca de um herói para a república teve êxito onde não o imaginavam muitos dos participantes da promoção. […], quem aos poucos se revela capaz de atender às exigências da mitificação foi Tiradentes.” (Carvalho, 1990, p.57) 
“Em torno da personagem histórica de Tiradentes houve e continuava a haver intensa batalha historiográfica. Até hoje se disputa sobre seu verdadeiro papel na Inconfidência, sobre sua personalidade, sobre suas convicções, sobre sua aparência física.” (Carvalho, 1990, p.57) 
(Carvalho, 1990, p.59)
Embora fosse viva na memória popular, a Inconfidência era tema delicado para a elite culta do Segundo Reinado
“Ao que parece, o primeiro conflito político em torno da figura de Tiradentes ocorreu em 1862, por ocasião da inauguração da estátua de D. Pedro I no então largo do Rocio, ou praça da Constituição, hoje praça Tiradentes.” (Carvalho, 1990, p.60) 
“(...) Tiradentes já aparece em seu texto com as cores próprias de um heroi cívico. É o mártir que soube morre sem traço de temor, pois se sacrificava por uma ideia.” (Carvalho, 1990, p.60) 
“(...) Tiradentes não precisa de estatua, pois o vemos de pé no pelourinho, cercado de uma auréola de liberdade e fé.” (Carvalho, 1990, p.61) 
“Nos dias da cobardia
Festeja-se a tirania
Fazem-se estátuas aos reis.
 ...
Hoje o Brasil se ajoelha
E se ajoelha contrito
Ante a massa de granito
Do Primeiro Imperador!
Poema republicado em Ouro Preto em 1888
““(...) Sua expressão mais forte talvez esteja em artigo do abolicionista e republicano Luis Gama, publicado no primeiro número do jornal comemorativo do 21 de abril editado pelo Clube Tiradentes (1882). O titulo do artigo, A forca o Cristo da Multidão.” (Carvalho, 1990, p.61-62) 
(Carvalho, 1990, p.61) 
“A Transformação da forca em altar, acrescenta a transmutação do monumento a Pedro I em patíbulo imperial. Em vez da forca, tornada altar da pátria, construíram um monumento. Em vez da tragédia do martírio, exibiram a comédia da estátua.” (Carvalho, 1990, p.62) 
(Carvalho, 1990, p.64)
Após a proclamação da República, intensificou-se o culto cívico a Tiradentes. O 21 de abril foi declarado feriado nacional já em 1890 juntamente com o 15 de novembro. As alusões a Cristo também continuaram
“O esquartejamento posterior, o sangue derramado, a distribuição das partes pelos caminhos que antes percorrera também serviram ao simbolismo de semeadura do sangue do mártir, que, como dissera Tertuliano, era semente dos cristãos.” (Carvalho, 1990, p.68) 
“Era a celebração da paixão (Cadeia Velha), morte (Praça Tiradentes) e ressurreição (Itamaraty) do novo Cristo. Em celebrações posteriores acrescentou-se ao final do desfile uma carreata para lembrar a que, em 1792, servira para transportar o corpo da santa vítima após o enforcamento. Era o enterro da nova via sacra.”(Carvalho, 1990, p.65) 
(Carvalho, 1990, p.68)
Talvez seja aí um dos principais segredos do êxito de Tiradentes. O fato de não ter a conjuração passada à ação concreta poupou-lhe ter derramado sangue, ter exercido violência contra outras pessoas, ter criado inimigos.
“Na figura de Tiradentes todos podiam identificar-se, ele operava a unidade mística dos cidadãos, o sentimento de participação, de união em torno de um ideal, fosse ele a liberdade, a independência ou a República.” (Carvalho, 1990, p.68) 
“Vítima de traição de Joaquim Silvério, amigo pessoal, o novo Judas. E vítima também dos outros companheiros da conspiração, que, como novos Pedros, se acovardaram, procuraram lançar sobre ele toda culpa. Culpa que ele assumiu de boa vontade.”(Carvalho, 1990, p.68) 
“O conflito de 1893 foi o divisor de águas. Significou ao mesmo tempo uma guinada na República e uma mudança na imagem do heroi.”(Carvalho, 1990, p.69) 
“Durante a Revolta amada do final de 1893, formou-se o Batalhão Tiradentes, de caráter florianista e jacobino.
Porém o batalhão foi dissolvido em 1897, em meio a reação governamental contra as agitações jacobinas que tinham culminado na tentativa de assassinato do presidente da República.” (Carvalho, 1990, p.69) 
Poema escrito por um operário em 1884
Que o dever dos brasileiros. 
Sem de opinião saber,
É neste dia se unirem 
Para preito te render.
Portanto, vós monarquistas, 
E vós outros anarquistas,
Juntai aos positivistas
Os corações a bater.
 (Carvalho, 1990, p.70) 
“(...) para consolidar-se como governo, a República precisava eliminar as arestas, conciliar-se com o passado monarquista, incorporar distintas vertentes do republicanismo.”(Carvalho, 1990, p.70-71)
“A interpretação da inconfidência como movimento abolicionista, além de libertador e republicano, ligava Tiradentes as três principais transformações por que passara o pais: Independência, Abolição, República.” (Carvalho, 1990, p.70) 
“Foi uma felicidade que esse Cristo, não deixasse na terra um sudário. Cada artista lhe tem dado diferença leição (...) Nenhum teve razão, todos tiverem razão, porque é assim que as lendas se fazem." (Carvalho, 1990, p.71) 
“Ao final do Império, início da República, até mesmo os monarquistas começaram a reivindicar para si a herança de Tiradentes.”(Carvalho, 1990, p.70) 
Leitura da Sentença, foi feita por Eduardo de Sá.
Estátua de Tiradentes em Ouro preto
(Carvalho, 1990, p.73)
O segredo da vitalidade do herói talvez esteja, afinal nessa ambiguidade, em sua resistência aos continuados esforços de esquartejamento de sua memória
 CARVALHO, José Murilo - São Paulo: companhia das letras, 1990
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