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centralizaçao e descentralizaçao no brasil

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As revoltas do período regencial tiveram um quadro diverso de
questões que as motivaram. Entretanto, o debate acerca da
centralização e da descentralização perpassou variadas revoltas
como um importante elemento. A partir da leitura do material da
disciplina, disserte sobre o que consistia este processo de
centralização e descentralização no Brasil Imperial, faça um texto de
10-15 linhas respeitando as normas da ABNT vigente.
A elite que tomou o poder no Brasil, a partir dos anos 20 da primeira metade do século XIX,
enfrentou vários desafios para a construção do Estado. O território era formado por um
conjunto de províncias sem vínculos entre si, cujos habitantes não se identificavam como
membros de uma mesma comunidade. À ausência de laços, juntavam-se as desigualdades
regionais e econômicas, as dificuldades de comunicação e de transporte, a diversidade étnica,
o analfabetismo e a dispersão das populações pelo território. Sobre uma sociedade escravista
dominada por grandes proprietários, comerciantes e burocratas desejava-se erigir um Estado
centralizado nos moldes europeus, fruto de uma retórica liberal, que preconizava a igualdade
de todos perante a lei e a garantia dos direitos individuais. Mesmo depois da instalação da
burocracia portuguesa no Rio de Janeiro, em 1808, quando D. João atraiu para a capital a
Justiça e a administração da colônia e da monarquia — incluindo os domínios africano e
asiático — , a região Norte da possessão americana permaneceu fracionada em três partes
distintas: a região baiana (de Sergipe ao Espírito Santo), que ainda não se conformara com a
perda do status da capital, em 1763; a pernambucana, que centralizava o Nordeste, e a
paraense-maranhense, que abrangia a Amazónia, influenciando parte do Mato Grosso e de
Goiás. Até os anos vinte do século XIX, as regiões de colonização mais antiga como
Pernambuco e Bahia, onde se enraizou fortemente a lavoura da cana-de-açúcar, e o
Maranhão, cujo algodão havia sido um negócio bastante rentável no século anterior,
respondiam, respectivamente, pelas duas maiores rendas do país depois do Rio de Janeiro,
embora seus produtos já apresentassem sinais de declínio no mercado internacional. Mas o
peso econômico das províncias do Norte, especialmente a Bahia a mais rica de todas —não
correspondia à sua participação política no poder central, fator que refletia o fenômeno da
interiorização da metrópole', a reprodução dos interesses agro-mercantis portugueses no
Brasil, a partir de 1808, com a exploração das capitanias do Norte pelo centro sul, através da
cobrança de pesados impostos. Isso motivou ressentimentos que estiveram na base dos
conflitos internos, ocorridos na região no período, desde a Revolução Pernambucana de
18178, robustecendo as idéias de federação e de república dos grupos liberais exaltados. A
falta de unidade política e administrativa entre as províncias foi estimulada pelas Cortes de
Lisboa, em 1821, que desejavam manter as relações de dominação do território colonial.
Revivia-se, assim, uma antiga idéia dos reformistas ilustrados para subordinar todas as
possessões do Império português a um centro único, localizado em Lisboa. Nas Cortes, os
deputados brasileiros identificavam-se como portugueses do Brasil e associavam à idéia de
pátria, suas províncias de origem. Liberais como o deputado baiano Lino Coutinho, indicado
secretário da Junta Provisional de Governo, dizia ser o Brasil “um agregado de províncias que
são outros tantos reinos que não têm ligação uns com os outros, não conhecem necessidades
gerais, cada uma [governando-se] por leis particulares de municipalidade”.

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