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Arte Pré-Histórica em Mato Grosso do Sul

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Arte Pré-Histórica em Mato Grosso do Sul
Bruna Chiesse Bastos
Graduando em Engenharia Civil – UFGD/Dourados – MS
Durante o período conhecido como Pré-História, antes do desenvolvimento da escrita, a espécie humana já habitava o planeta. Entretanto, como não havia documentação escrita, a sua evolução foi registrada por meio de seus instrumentos, fósseis e utensílios, já sua cultura e seu cotidiano, por meio de pinturas e gravuras distribuída nos ambientes em que habitavam. 
Diante uma análise mais antropológica do assunto, o doutor em Antropologia, Rodrigo Aguilar, aponta que a arte rupestre é uma grande auxiliadora para entender a cosmologia dos grupos pré-históricos, já a possibilidade uma análise etnográfica é inexistente. Nesse contexto, é valido lembrar que a arte sempre existiu enquanto fenômeno humano em todas as sociedades, geralmente tendo como funções: conectar o plano material e o universo cosmológico, esse formado por entidades e fenômenos gerados culturalmente para explicar eventos naturais e a própria existência da humanidade, tentando buscar um sentido a ela; registrar o cotidiano e o ambiente a sua volta, em sua maioria ligadas a conceitos simbólicos; e compartilhar conhecimentos ou/e pensamentos que atendam a audiência, como uma forma de produto. 
Todavia, o conceito e o grau de importância dada a arte variam em cada sociedade, enquanto algumas sociedades criavam arte apenas voltada a estética, outras, especialmente as de pequena escala, associavam ela a etnicidade, dessa forma, passando a ser parte integrante da vida social e atribuindo-lhe agência, tendência criada e explicada por Gell em meados de 1990.
Quando voltamos nos à região de Mato Grosso do Sul, no Brasil, é possível verificar uma variedade populações pré-históricas pequenas, de caçadores e coletores, datadas de 12 mil anos, que convertiam o Cerrado, ambiente tão diversificado em fauna, flora e estruturas geológicas, em recursos de subsistência e habitação. A ponto de curiosidade, seus instrumentos eram produzidos a partir do lascamento de materiais como ossos e madeiras. 
Nesse contexto, a arte era expressa por meio da decoração de cavernas e abrigos com pinturas e gravuras, o que conferia a tais espaços um novo significado simbólico, que poderiam ser uma marcação de clã ou uma prática ritualística. Ademais, havia grandes núcleos de concentração ritual e de propagação de ideias, como o abrigo de Santa Elina em Alcinópolis, e também núcleos menores, que representavam a ocorrência de dispersão de tais ideias, como em sítios localizados em Corguinho, Rio Negro, Rio Verde, Aquidauana, dentre outras localidades estratégicas em áreas Cerrado-Pantanal. É válido lembrar que a distinção dessas áreas se dá apenas pela quantidade de conteúdo, não sendo baseada em escalas de tempo de origem ou de propagação, já que é muito difícil estabelecer uma cronologia dessas artes.
As pinturas geralmente seguiam ou o estilo animalista (tradição Planalto) ou o estilo geométrico (tradição Geométrica), com gravuras de elementos geométricos associados a vulvas e pegadas de animais. Geralmente eram produzidas em abrigos, cavernas, paredões, lajedos e em blocos verticais às margens dos rios.
Em Mato Grosso do Sul verificasse uma maior concentração de gravuras no município de Antônio João, na Fazenda Cedro, com mais de 200 metros de paredão gravados, que seguiam principalmente a tradição geométrica. Há também outras incidências desse modelo artístico para o norte do estado, contudo se diferenciam uma das outras em questão de temática e de forma de representação. Já as pinturas rupestres, possivelmente mais antigas que as gravuras, foram mais verificadas na porção mais a leste do estado. 
Em relação à temática, é possível observar um domínio da de temas circulares e algumas figuras zoomórficas na região da planície pantaneira, não ocorrendo tais manifestações nas áreas serranas nem nos campos de Cerrado. Ademais, no resto do estado a interação com o ambiente é uma temática amplamente explorada, com uma maior incidência de representações zoomorfas, o entorno passa a ser uma extensão física do universo cosmológico, como a associação dos recursos hídricos como berçário das espécies, vista no painel da Fazenda Bosque Belo, em Aquidauana. Entretanto, no Pantanal vemos que a arte também assumiu o papel de escala de medida referente a flutuação anual do nível das águas, integrando-se a paisagem natural. 
Em suma, a arte para essas sociedades, em especial as localizadas na região do Mato Grosso do Sul, além de transformar o ambiente a sua volta, afetava as relações sociais. Pois como eram dotadas de agência e unia o espaço cosmológico ao físico, elas conectavam e adensavam os grupos de serem humanos em torno de uma força cronológica “maior” que eles, que até mesmo conferia sentido as suas vidas.
Referências Bibliográficas
AGUIAR, R. L. S. (2015). Pessoas, objetos tempo e espaço: reflexões acerca das relações entre arte rupestre e
ocupação do espaço ambiental na pré-história. Artigo de pós-doutorado, Faculdade de Letras, Universidade de
Coimbra.
AGUIAR, R. L. S. Cultura Material e Antropologia da Arte. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=msu52qVFJGI&feature=youtu.be. Acesso em 13 Sep 2020.
IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Arte Pré-Histórica. História das Artes, 2020. Disponível em: <https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-na-antiguidade/pre-historia/>. Acesso em 13 Sep 2020.

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