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Objetos são ou não são portadores de agência? Arte é ou não forma de comunicação?
Bruna Chiesse Bastos
Graduando em Engenharia Civil – UFGD/Dourados – MS
Para podermos debater essas questões acho válido recordarmos algumas definições: objeto é toda coisa material e inanimada que pode ser percebida pelos sentidos; arte é uma atividade humana ligada a manifestações de ordem estética a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse em um ou mais espectadores; ação de transmitir uma mensagem ou partilhar diferentes informações entre duas ou mais pessoas é a comunicação; e por fim, agência, essa definição é mais complicada, ela pode ser interpretada de várias formar dependendo à que se refere. 
Por exemplo, quando o objeto de estudo é o homem, agência é a capacidade dos indivíduos de agirem independentemente e fazerem suas próprias escolhas livremente, entretanto, quando trocamos o objeto de estudo para a arte, vemos uma adaptação desse conceito, formulada por Alfred Gell, em que agência passa a ser considerada como a capacidade de uma obra de transformar o meio a sua volta e interferir nas relações sociais.
Ao considerarmos todos esses conceitos é possível conectá-los, veja, um objeto quando revestido de estética e de significado pode ser classificado como uma obra de arte, já essa, por ter a função de estimular espectadores e por conter os pensamentos e ideias do artista pode ser apontada como uma forma de comunicação, já que, de certa forma, é transmitida uma mensagem, mesmo que muitas vezes ela possa ser interpretada pelo admirador da obra de forma divergente do que o autor gostaria de transmitir. Ademais, se um objeto, considerado uma obra de arte ou não, conter significados e emoções e agir sobre as pessoas, sobre como ela se relacionam e veem o mundo, esse objeto, de acordo com Gell, e enfatizado pela professora Els Lagrou, é dotado de agência.
Pelas minhas leituras, há dois casos de agência para objetos e artes, uma em que um grupo de pessoas atribuem agência a eles, acreditando que são capazes de ações intencionais, e outro em que tais objetos já são criados para terem agência. Um exemplo do primeiro caso é quando uma pessoa possui uma obra de arte que foi singularizada e sacralizada devido ao tempo ou a fatores individuais, essa, para colecionadores e membros da família da pessoa pode deter agência, já que possui sentimentos e pode interferir nas relações sociais dessas pessoas. 
Já o outro caso, que é explicado por Gell, e analisado criteriosamente por Howard Morphy, é quando o objeto é criado para isso, dessa maneira, considerando o contexto sociocultural em que se está a arte ou/e objeto, todas as etapas, desde o processo de criação até a forma de exposição, são pensadas para evocar algum sentimento no observador. Entretanto, é válido lembrar que ao analisar um objeto de outra cultura não se pode usar a sua base cultural de base, pois isso invalida a análise. 
Nesse sentido, podemos entender alguns exemplos citados por eles em suas obras, como os escudos asmat de Nova Guiné citados por Gell, esses foram esteticamente moldados para causa sentimento de medo nos adversários, e para os seus usuários, eles são capazes de fazer isso. Outro, mais explorada por Morphy, são as produções artísticas dos Yolngu, em que as pinturas corporais feitas na cerimônia de circuncisão são extremamente dotadas de agência, já que são elas que codificam relações entre grupo social, seres ancestrais e território do jovem que é pintado, ela é uma poderosa declaração a respeito da identidade do grupo, das relações pessoais e intergrupais. 
Em suma, mesmo eu não sendo uma especialista, após várias leituras acredito que um objeto pode ser uma arte, arte é uma forma de comunicação e tanto um objeto como uma arte podem ser dotadas de agência. 
Referências Bibliográficas
AGUIAR, R. L. S. Cultura Material e Antropologia da Arte. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=msu52qVFJGI&feature=youtu.be. Acesso em 19 Sep 2020.
LAGROUS, E. (2010). Arte ou artefato? Agência e significado nas artes indígenas. Revista Proa, N. 02, vol.01, pp.
1-26.
MORPHY, H. (2016). Arte como um modo de ação: alguns problemas com Art and Agency de Gell. PROA-Revista de
Antropologia e Arte, 1(3).
Conceito de Objeto. Disponível em: https://queconceito.com.br/objeto. Acesso em 28 Sep 2020.
Conceito de Objeto. Disponível em: https://www.dicio.com.br/objeto/. Acesso em 28 Sep 2020.
Conceito de Arte. Disponível em: https://www.significados.com.br/arte/. Acesso em 28 Sep 2020.
Conceito de Comunicação. Disponível em: https://www.significados.com.br/comunicacao/. Acesso em 28 Sep 2020.
Agência na Sociologia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ag%C3%AAncia_(sociologia)#:~:text=Na%20sociologia%2C%20ag%C3%AAncia%20refere%2Dse,fazerem%20suas%20pr%C3%B3prias%20escolhas%20livremente.&text=Discord%C3%A2ncias%20sobre%20a%20extens%C3%A3o%20da,entre%20respons%C3%A1veis%20e%20suas%20crian%C3%A7as/. Acesso em 28 Sep 2020
Agência na Arte. Disponível em: http://ea.fflch.usp.br/content/arte-alfred-gell. Acesso em 28 Sep 2020

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