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Mecânica dos Solos I ECV 5104 Prof. Dr. Naloan Coutinho Sampa UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Aula 03 – Propriedades das Partículas Sólidas do Solo Solo é constituído por grãos minerais, podendo conter matéria orgânica. As frações grossas do solo são predominantemente de grãos silicosos, enquanto os minerais das frações mais finas (argilas) pertencem aos grupos de caulinita, ilita e montmorilonita. Material mineral É aquele formado predominantemente por compostos inorgânicos, em vários estágios de intemperismo. Material orgânico É aquele constituído por materiais originários de resíduos vegetais em diferentes estágios de decomposição. Natureza dos Solos Natureza dos Solos Solo com predominância de material mineral Solo com mistura de materiais mineral e orgânico. A forma das partículas dos solos (equidimensional, lamelar e fibrilar) tem grande influência sobre suas propriedades e varia de acordo com o tamanho das partículas. Forma das Partículas Forma lamelar (laminar) forma fibrilar Forma equidimensional As partículas dos solos granulares (mais grossas - pedregulhos, areias e siltes) são originadas a partir dos agentes físicos, apresentando assim forma equidimensional ou volumosa (três dimensões com magnitudes semelhantes). Dependendo da intensidade e do tempo de atuação dos agentes físicos, a forma equidimensional das partículas pode ser arredondada, sub-arredondada, sub-angular, ou angular, em escala decrescente dos efeitos do ataque dos agentes físicos. A forma arredondada é praticamente esférica, enquanto que a forma angular apresenta arestas e vértices pontiagudos (por exemplo, pedra britada). Forma das Partículas – Solos Granulares Forma das Partículas – Solos Granulares Partículas não transportadas, ou seja localizadas próximas de sua origem Partículas transportadas pelo vento e pela água, por longas distâncias. Quanto mais distante e tempo de transporte, mais esférico é o formato da partícula devido a quebra de arestas. Representação de diferentes formatos de partículas equidimensionais ou volumosas dos solos granulares. Nos solos finos a forma das partículas tende a ser achatada porque a maioria dos minerais de argilas apresentam a forma laminar, semelhantes às lamelas ou escamas. Esta forma das partículas das argilas responde por algumas de suas propriedades, como, por exemplo, a compressibilidade e a plasticidade. Forma das Partículas – Solos Finos Exemplo de uma Partícula laminar Solos turfosos, alguns depósitos de corais e argilas atapulgitas apresentam partículas com formas fibrilares. Forma das Partículas – Solos Turfosos Exemplo de uma Partícula com forma fibrilar Representação de diferentes formas de partículas dos solos A primeira característica que diferencia os solos é o tamanho das partículas que os compõem. Existe muita variabilidade no tamanho das partículas que compõe o solo. Por causa de mistura de diferentes tamanhos de partículas, não é fácil identificar o tamanho de partículas pelo simples manuseio do solo. Os grãos de areia podem estar envoltos por uma grande quantidade de partículas argilosas, finíssimas, ficando com o mesmo aspecto de uma aglomeração formada exclusivamente por uma grande quantidade destas partículas. Dependendo da predominância das partículas presente num solo, o mesmo pode receber a denominação de pedregulho, areia, silte ou argila. Geralmente, o conjunto de silte e argila é denominado fração de finos do solo, enquanto o conjunto areia e pedregulho é denominado fração de grossos do solo. Tamanho das Partículas Tamanho das Partículas Areia Pedregulho argila Tamanho das Partículas Visão geral da variação do tamanho das partículas 4,8mm – 7,7mm 0,075mm - 4, 8m 0,002mm – 0,075mm < 0,002mm Devido aos seus tamanhos, as partículas de pedregulho e areia podem ser identificadas e os seus grãos perceptíveis a olho nu. • Pedregulhos são pedaços de rochas com algumas partículas de quartzo, feldspato e outros minerais; • Areia é constituída principalmente por quartzo e feldspato. Siltes são solos de granulação fina com pouca ou nenhuma plasticidade. As argilas apresentam partículas de tamanhos muito pequenos (finos) e quando molhadas, transformam-se numa pasta de grande plasticidade, de modo que as suas partículas não podem ser visualizadas de forma individual. As argilas são constituídas essencialmente por partículas lamelares, microscópicas e submicroscópicas de mica, argilominerais e outros minerais. Tamanho das Partículas Os limites das faixas de variação de tamanho dependem do sistema de classificação. Tamanho das Partículas Fração NBR 6502 AASHTO SUCS Matacão de 25 cm a 1m Pedra de 7,6 cm a 25 cm Pedregulho de 4,8 mm a 7,6 cm de 2 mm a 7,62 cm de 4,75 mm a 7,62 cm Areia Grossa de 2,0 mm a 4,8 mm de 0,42 mm a 2 mm de 0,42 mm a 4,75 mm Areia Média de 0,42 mm a 2,0 mm Areia Fina de 0,05 mm a 0,42 mm de 0,075 mm a 0,42 mm de 0,075 mm a 0,42 mm Silte de 0,005 mm a 0,05 mm de 0,002 mm a 0,075 mm Inferior a 0,0075 mm Argila Inferior a 0,005 mm Inferior a 0,002 mm Classificação dos solos pelo tamanho das partículas 0,075mm (#200) é tomada como separação entre as frações de silte e areia. O tamanho das partículas das argilas é geralmente considerado menor que 2µm. Cuidado! Partículas classificadas como argila com base em seu tamanho podem não conter argilominerais. Por isso, Grim (1953) definiu as argilas como partículas que “desenvolvem plasticidade ao serem misturadas a uma quantidade limitada de água”. Solos não argilosos podem conter pequenas partículas de quartzo, feldspato ou mica que se encaixam nesta classificação (<0,005mm – NBR6502). O correto é denominar de partículas com tamanho de argila e não de argila para partículas de solo menores que 0,005mm ou 0,002mm. As partículas de argilas possuem principalmente tamanho coloidal (< 0,001mm), sendo que 0,002mm parece ser o limite superior. Tamanho das Partículas As argilas são silicatos de alumínio complexos, com seus átomos dispostos em forma laminar, a partir de duas unidades cristalográficas básicas: • Tetraedros de íons de oxigênio • Octaedros de hidroxilas Argilas e Argilominerais Tetraedros de ions de oxigênio é formado por cátions de silício (Si4+) ou Alumínio (Al3+) equidistante de quatro átomos de oxigênio (O2-). Octaedros de Hidroxilas possui um átomo de alumínio (Al3+), magnésio (Mg2+) ou ferro (Fe2+) no centro envolvido por seis átomos de oxigênio (O2-) ou grupos de hidroxilas (OH-). Dependendo da associação que essas unidades venham a ter, podem formar vários tipos de argilominerais, dos quais são citados três grupos principais: • caulinitas • ilitas • montmorilonitas As caulinitas (Al2O3 ∙ 2SiO2 ∙ 2H2O ou H4Al2Si2O9) • são formadas pela combinação alternada de uma lâmina de silício e uma de alumínio; • essas lâminas se superpõem indefinidamente através de um vínculo forte (ponte de hidrogênio); entre as partículas, conferindo uma relativa estabilidade em presença de água; • possuem tamanhos maiores em comparação às ilitas e montmorilonitas. Configuração de caulinitas Argilas e Argilominerais As ilitas [(OH)4Ky(Si8-y ∙ Aly)(Al4Fe4Mg4Mg6)O20] • apresentam o mesmo arranjo estrutural das montmorilonitas; • a presença de íons não permutáveis entre as camadas proporciona maior estabilidade entre as camadas (ligações por íons de potássio); • elas são mais grossas e menos expansíveis que as montmorilonitas. As montmorilonitas [(OH)4Si8Al4O20nH2O] • são formadas pela superposição de uma unidade de alumínio entre duas unidades de silício; • a ligação entre essas unidades é frágil e não suficiente para impedir a passagem de moléculas de água; • as argilas montmoriloníticas são muito expansíveis e, portanto, instáveis em presença de água; • produzem argilas bentoníticas usadas para vedação em barragens e escavações; • as bentonitas exibem propriedades tixotrópicas. Configuração de ilitas Configuração de montmorilonitas Argilas eArgilominerais Argilas e Argilominerais Caulim Bentonita Mistura – caulim e bentonita A superfície específica de um solo corresponde a soma das superfícies de todas as partículas na unidade de volume (ou de peso) do solo. ↑↑ mais fino for o solo → ↑ superfície específica → diferença entre solos arenosos e argilosos. Para os argilominerais, a superfície específica de montmorilonita > ilita > caulinita. Argilas e Argilominerais – Superfície Específica Exemplo da variação da superfície específica com o tamanho das partículas A atividade das argilas dá uma indicação da maior ou menor influência das propriedades químicas da fração argila nas propriedades geotécnicas. Permite identificar o potencial de expansão dos argilominerais. Dos três grupos de argilominerais, tem-se montmorilonitas como as mais ativas, seguida de ilitas e caulinitas. Skempton (1953): 𝐴 = 𝐼𝑃 %<0,002𝑚𝑚 As argilas inativas são predominantemente formadas nos depósitos de água doce. Atividade das Argilas - Argilominerais As argilas classificam-se em: • inativas se A < 0,75 → caulinita [0,3-0,5] • normais se 0,75 < A < 1,25 → ilita [0,5-1,2] • ativas se A > 1,25 → montmorilonita [1,5-7,0] A análise granulométrica é a determinação das dimensões das partículas do solo e das proporções relativas em que elas se encontram. Essa análise é representada graficamente pela curva granulométrica. A curva granulométrica é traçada por pontos em um diagrama semi-logarítmico, no qual, sobre o eixo das abscissas, são marcados os logaritmos das dimensões das partículas e sobre o eixo das ordenadas as porcentagens, em peso, de material que tem dimensão média menor que a dimensão considerada. Análise Granulométrica Curva granulométrica Com base na forma das curvas e na presença ou não de um predomínio das frações grossas e suficiente porcentagem das frações finas, pode ser distinguidos diferentes tipos de granulometria. • contínua; • descontínua (aberta); • uniforme; • bem graduada; • mal graduada. Diferentes tipos de granulometria de um solo Análise Granulométrica Os parâmetros diâmetro efetivo (𝐷𝑒𝑓), coeficiente de não uniformidade (𝐶𝑢 ou CNU) e coeficiente de curvatura (CC) são importantes para análise de curvas granulométricas. • Diâmetro efetivo 𝑫𝒆𝒇 é o diâmetro correspondente a 10% em peso total, de todas as partículas menores que ele. Esse parâmetro fornece uma indicação sobre a permeabilidade das areias usadas para filtros. • Coeficiente de não uniformidade 𝑪𝒖 é a razão entre os diâmetros correspondentes a 60% e 10% em peso total, tomados na curva granulométrica : 𝐂𝐮 = 𝑫𝟔𝟎 𝑫𝟏𝟎 . Realmente, a relação de Cu indica a “falta de uniformidade”, pois seu valor diminui ao ser mais uniforme o material. ✓ 𝑪𝒖 = 1 – todas as partículas são do mesmo tamanho; ✓ 𝑪𝒖 < 5 - granulometria muito uniforme (4 para pedregulhos e 6 para areias) → solo usualmente fofo e flutua quando a água o atravessa ou quando é submetido à vibração; ✓ 5 < 𝑪𝒖 < 15 - granulometria de uniformidade média (4 para pedregulhos e 6 para areias) ; ✓ 𝑪𝒖 > 15 - granulometria não uniforme – as partículas menores preenchem os vazios entre as partículas maiores (bem graduado) Análise Granulométrica • Coeficiente de curvatura (CC) é um outro parâmetro que detecta o formato da curva granulométrica e permite identificar eventuais descontinuidades ou concentração muito elevada de grãos mais grossos no conjunto. 𝐶𝑐 = 𝐷30 2 𝐷60 × 𝐷10 ✓CC entre 1 e 3 - solos bem graduados (observa-se suavidade na curva granulométrica); ✓CC menor que 1 - solo tende a ser descontínuo (aberto); ✓CC maior que 3 - tendência de uniformidade no centro da curva. D30 = diâmetro abaixo do qual se situam 30% das partículas em peso. Observação: Areias bem graduadas - 𝐶𝑢 > 6 e CC entre 1 e 3 Pedregulhos bem graduados - 𝐶𝑢 > 4 e CC entre 1 e 3 Análise Granulométrica Representação dos parâmetros da análise nas curvas granulométricas Análise Granulométrica Análise Granulométrica Areia mal graduada Areia mal graduada Areia bem graduada Solos “bem graduados” significa que os solos possuem grãos ao longo de toda a faixa de diâmetros, o que melhora o comportamento sob ponto de vista de engenharia. Nos solos bem graduados, as partículas menores ocupam os vazios correspondentes às maiores, criando um entrosamento, do qual resulta menor compressibilidade e maior resistência. Solos “mal graduados” significa que há predominância ou falta de um determinado diâmetro de partícula. Análise Granulométrica A – solo mal graduado (uniforme); B – solo bem graduado; C – solo mal graduado (vazio ou graduação aberta); Classifique os solos arenosos A e B com base no CC e CU, sabendo que a curva do solo A apresenta 𝐷60 = 0,48𝑚𝑚, 𝐷30 = 0,25𝑚𝑚 e 𝐷10 = 0,11𝑚𝑚, enquanto que a curva do solo B apresenta 𝐷60 = 0,49𝑚𝑚, 𝐷30 = 0,22𝑚𝑚 e 𝐷10 = 0,08𝑚𝑚. Solução Solo A 𝐶𝑈 = 𝐷60 𝐷10 = 0,48 0,11 = 𝟒, 𝟑𝟕 < 𝟔 ∴ 𝐶𝑐 = 𝐷30 2 𝐷60×𝐷10 = 0,25 2 0,48×0,11 = 𝟏, 𝟏𝟖 está entre 1 e 3 → solo mal graduado Solo B 𝐶𝑈 = 𝐷60 𝐷10 = 0,49 0,08 = 𝟔, 𝟏𝟑 > 𝟔 ∴ 𝐶𝑐 = 𝐷30 2 𝐷60×𝐷10 = 0,22 2 0,49×0,08 = 𝟏,23 está entre 1 e 3→ solo bem graduado Exemplo Considerando as duas curvas granulométricas mostradas na figura ao lado, a) determine 𝐷10 , 𝐷30 e 𝐷60 da curva de distribuição granulométrica; b) calcule o coeficiente de uniforme, 𝐶𝑈; c) calcule o coeficiente de curvatura, 𝐶𝐶 Exemplo 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0.0010.010.11 % p as sa n te Diâmetro da partícula (mm) Curva granulométrica Sola A Solo B Solução Solo A Curva A - 𝐷10 = 0,09𝑚𝑚, 𝐷30 = 0,12𝑚𝑚 e 𝐷60 = 0,13𝑚𝑚 Curva A - 𝐶𝑈 = 𝐷60 𝐷10 = 0,13 0,09 = 1,44→ solo uniforme Curva A - 𝐶𝑐 = 𝐷30 2 𝐷60×𝐷10 = 0,122 0,13×0,09 = 1,23 – solo bem graduado Conclusão – solo mal graduado (não satisfaz as duas condições) Solo B Curva B - 𝐷10 = 0,02𝑚𝑚, 𝐷30 = 0,042𝑚𝑚 e 𝐷60 = 0,075𝑚𝑚 Curva B - 𝐶𝑈 = 𝐷60 𝐷10 = 0,075 0,02 = 3,75→ solo uniforme Curva B - 𝐶𝑐 = 𝐷30 2 𝐷60×𝐷10 = 0,0422 0,075×0,02 = 1,18 – solo bem graduado Conclusão – solo mal graduado (não satisfaz as duas condições) Exemplo 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0.0010.010.11 % p as sa n te Diâmetro da partícula (mm) Curva granulométrica Sola A Solo B A análise granulométrica de um solo cujas partículas têm dimensões maiores que 0,075mm (peneira nº 200 da A.S.T.M.) é feita pelo processo de peneiramento. Para os solos finos (dimensões menores que 0,075mm) utiliza-se o método de sedimentação contínua em meio líquido. Análise Granulométrica Ensaio de granulometria por peneiramento - Solos granulares (> 0,075mm) O processo de peneiramento consiste em passar o material granular em um conjunto de peneiras normatizadas. Procedimentos do ensaio encontram-se nas normas NBR 7181/2016, NM 248/2003. Análise Granulométrica - Peneiramento Para os ensaios de peneiramento, são utilizadas peneiras de malhas quadradas, de fios ondulados de latão ou de bronze, em caixilhos metálico de 203,2 mm (8”) de diâmetro e 50,8 mm (2’’) de altura. A indicação da peneira refere-se à abertura da malha ou ao número de malhas quadradas, por polegada linear. Conjunto de peneiras - ASTM 1” 3/16” 3 /1 6 ” # 3/16” ou # nº 7 Dados de uma peneira - ASTMIndicação da peneira - ASTM Análise Granulométrica - Peneiramento Aparalhagem - ensaio de granulometria por peneiramento Análise Granulométrica - Peneiramento Balança com resolução de 0,1% da massa da amostra de ensaio. Estufa capaz de manter a temperatura no intervalo de (105 ± 5)°C. Conjunto de peneiras e bandeja Escova de cerda macia Análise Granulométrica - Peneiramento Tamanho de peneiras das séries normal e intermediária – NBR NM 248/2003. 1. Coletar a amostra de solo no campo e levá-la para laboratório; 2. A massa mínima por amostra do ensaio é indicada na tabela abaixo (pode-se formar duas amostras para o ensaio → maior precisão). Análise Granulométrica- Procedimentos AMOSTRAS NBR 7181/2016 Coleta de amostra. 3. Passar o material na peneira de 2,0 mm (#10), desmanchando todos os torrões, de modo a assegurar a retenção na peneira somente dos grãos maiores que a abertura da malha. 4. Lavar a parte retida na peneira de 2,0 mm a fim de eliminar o material fino aderente e secar em estufa a 105°C ou 110°C, até constância de massa. O material assim obtido é usado no peneiramento grosso. Análise Granulométrica - Procedimentos Peneiramento Procedimentos ENSAIO 1. Pesar o material retido na peneira de 2,0 mm (m1). 2. Encaixar as peneiras, previamente limpas, de modo a formar um único conjunto de peneiras, com abertura de malha em ordem decrescente do topo para base (50 mm, 38 mm, 25 mm, 19 mm, 9,5 mm, 4,8 mm e 2mm. Prover um fundo de peneiras adequado para o conjunto. Análise Granulométrica – Peneiramento GROSSO 3. Colocar a amostra (m1) ou porções da mesma sobre a peneira superior do conjunto. 4. Promover a agitação mecânica do conjunto, por um tempo razoável para permitir a separação e classificação prévia dos diferentes tamanhos de grão da amostra. Agitador eletromagnético e conjunto de peneiras Análise Granulométrica – Peneiramento GROSSO 5. Destacar e agitar manualmente a peneira superior do conjunto (com tampa e fundo falso encaixados) até que, após 1 min de agitação contínuo, a massa de material passante pela peneira seja inferior a 1% da massa do material retido. A agitação da peneira deve ser feita em movimentos laterais e circulares alternados, tanto no plano horizontal quanto inclinado. Análise Granulométrica – Peneiramento GROSSO 6. Remover o material retido na peneira para uma bandeja identificada. Escovar a tela em ambos os lados para limpar a peneira. O material removido pelo lado interno é considerado como retido e o desprendido na parte inferior como passante. 7. Repetir os procedimentos 5 e 6 nas demais peneiras. Caso a amostra m1 tenha sido dividida, tomar nova porção e proceder, como descrito a partir do procedimento 3. Análise Granulométrica – Peneiramento GROSSO 8. Determinar a massa total de material retido em cada uma das peneiras e no fundo do conjunto (MRP1, MRP2, MRP3, MRP4, ... mPn). O somatório de todas as massas não deve diferir mais de 0,3% de m1 → (σ𝑀𝑅𝑃𝑖 < 0,003𝑚1). 9. Não obrigatório: Proceder ao peneiramento da 2ª amostra, de massa m2, conforme descrito nos procedimentos 2 a 8. Análise Granulométrica – Peneiramento GROSSO Resultados 1. Calcular para cada peneira a) as massas retidas: MR𝑃1, MR𝑃2, MR𝑃3… MR𝑃𝑛 b) as massas retidas acumulada: [MAR𝑃𝑖 = σ1 𝑖 MR𝑃𝑖] c) as porcentagens retidas acumulada: %MAR𝑃𝑖 = 𝑀𝐴𝑅𝑃𝑖 𝑚𝑆 × 100%] d) as porcentagens passantes acumulada: %MAP𝑃𝑖 = 100 −%MAR𝑃𝑖 𝑚𝑠 = 100 × 𝑀𝑇 −𝑀𝑔 100 + 𝑤 +𝑀𝑔 = 100𝑀𝑇 +𝑀𝑔𝑤 100 + 𝑤 Ms é a massa total da amostra seca | MT é a massa da amostra seca em temperatura ambiente | Mg é a massa do material seco retido na peneira de 2,0 mm | w é a umidade do material passado na peneira de 2,0 mm. Análise Granulométrica – Peneiramento GROSSO Procedimentos ENSAIO 1. Do material passado na peneira de 2,0 mm, tomar cerca de 120 g. Pesar esse material e anotar como mw. Tomar ainda cerca de 100 g para 3 determinações da umidade (w). 2. lavar na peneira de 0,075 mm o material assim obtido, vertendo-se água potável à baixa pressão. 3. Secar o material retido na peneira de 0,075 mm em estufa, à temperatura de 105°C a 110°C, até constância de massa. Análise Granulométrica – Peneiramento FINO 1. Encaixar as peneiras, previamente limpas, de modo a formar um único conjunto de peneiras, com abertura de malha em ordem decrescente do topo para base (1,2 mm, 0,6 mm, 0,42 mm, 0,25 mm, 0,15 mm, 0,075 mm). Prover um fundo de peneiras adequado para o conjunto. 2. Repetir os procedimentos 3 – 9 apresentados no peneiramento grosso. Análise Granulométrica – Peneiramento FINO OBSERVAÇÃO: Se não for possível a agitação mecânica do conjunto, classificar manualmente toda a amostra em uma peneira para depois passar à seguinte. Agitar cada peneira, com a amostra ou porção desta, por tempo não inferior a 2 min. Análise Granulométrica – Peneiramento Resultados 1. Calcular para cada peneira a) as massas retidas: MR𝑃1, MR𝑃2, MR𝑃3… MR𝑃𝑛 b) as massas retidas acumulada: MAR𝑃𝑖 = σ1 𝑖 MR𝑃𝑖 (ex.: MAR𝑃2 = MR𝑃1 +MR𝑃2) c) as porcentagens retidas acumulada: %MAR𝑃𝑖 = MAR𝑃𝑖 100+𝑤 100×𝑚𝑤 × 𝑁 d) as porcentagens passantes acumulada: %MAP𝑃𝑖 = 𝑁 −%MAR𝑃𝑖 mw é a massa do material úmido submetido ao peneiramento fino | w é a umidade do material passado na peneira de 2,0 mm | N é a porcentagem de material que passa na peneira de 2,0 mm Análise Granulométrica – Peneiramento FINO 2. Constrói-se o gráfico. As porcentagens acumuladas que passam são indicadas na ordenada do gráfico (escala aritmética) e o tamanho da abertura da peneira, na abcissa do gráfico (escala logarítmica). Análise Granulométrica - Peneiramento 3. Determinar o módulo de finura e diâmetro máximo • Módulo de Finura é a soma dos percentuais acumulados em todas as peneiras da série normal, dividida por 100. Quanto maior o módulo de finura, mais grosso será o solo. • Diâmetro Máximo corresponde ao número da peneira da série normal na qual a porcentagem acumulada é inferior ou igual a 5%, desde que essa porcentagem seja superior a 5% na peneira imediatamente abaixo; Análise Granulométrica - Peneiramento Exemplo Um bolsista do Laboratório de Mecânica dos Solos considerou 2500g (𝒎𝒔) de um solo seco para efetuar o ensaio de peneiramento e obteve as informações apresentadas abaixo. Sabe-se que mw é igual a 150g e a umidade do material passado na peneira de 2,0 mm é igual a 0,1%. Com base nessas informações, faça uma análise granulométrica, traçando a curva e apresentando a porcentagem de cada fração dos materiais. Dados: 𝑚𝑠 = 2500𝑔 𝑚𝑤 = 150𝑔 w = 0,1% Massa de materiais retidas nas peneiras # Peneira (mm) Massa retida " mm g P en ei ra m en to – m at er ia l g ro ss o 2" 38,1 1" 25 29 3/4" 19 189 3/8” 9,5 678 nº 4 4,78 1254 nº 10 2 112 P en ei ra m en to – m at er ia l fi n o nº 16 1,19 59 nº 30 0,6 38 nº 40 0,42 18 nº 50 0,3 14 nº 80 0,18 9 nº 200 0,075 8 Exemplo Material GROSSO 1) calcular massa retida acumulada - 𝑀𝐴𝑅𝑃𝑖 = σ1 𝑖 MR𝑃𝑖 2) calcular porcentagens retidas acumulada - % 𝑀𝐴𝑅𝑃𝑖 = 𝑀𝐴𝑅𝑃𝑖 𝑚𝑠 × 100) 3) calcular porcentagem acumulada que passa (% 𝑀𝐴𝑃𝑃𝑖 = 100 - % 𝑀𝐴𝑅𝑃𝑖) 4) Determinar a % de cada fração. Massa de materiais retidas nas peneiras # Peneira (mm) Massa retida - MR Massa retida acumulada MAR Porcentagem acumulada retida - %MAR Porcentagem acumulada que passa - %MAP Porcentagem de cada fração " mm g g % % P en ei ra m en to – m at er ia l g ro ss o 2" 38,1 100 Pedra e pedregulho 86,48% 1" 25 29 29 1.16 98,84 3/4" 19 189 218 8.72 91,28 3/8” 9,5 678 896 35.84 64,16 nº 4 4,78 1254 2150 86.00 14,00 Areia grossa 4,00% nº 10 2 112 2262 90.48 N = 9,52 P en ei ra m en to – m at er ia l fi n o nº 16 1,19 59 nº 30 0,6 38 nº 40 0,42 18 nº 50 0,3 14 nº 80 0,18 9 nº 200 0,075 8 Silte e argila – Exemplo Material FINO 1) calcular massa retida acumulada - 𝑀𝐴𝑅𝑃𝑖 = σ1 𝑖 MR𝑃𝑖 2) calcular porcentagens retidas acumulada - % 𝑀𝐴𝑅𝑃𝑖 = MAR𝑃𝑖 100+𝑤 100×𝑚𝑤 × 𝑁 3) calcular porcentagem acumulada que passa - %MAP𝑃𝑖 = 𝑁 −%MAR𝑃𝑖 4) Determinar a % de cada fração. Massa de materiais retidas nas peneiras # Peneira (mm) Massa retida - MR Massa retida acumulada MAR Porcentagem acumulada retida - %MAR Porcentagem acumulada que passa - %MAP Porcentagem de cada fração " mm g g % % P en ei ra m en to – m at er ia l g ro ss o 2" 38,1 100 Pedra e pedregulho 86,48% 1" 25 29 29 1.16 98,84 3/4" 19 189 218 8.72 91,28 3/8” 9,5 678 896 35.84 64,16 nº 4 4,78 1254 2150 86.00 13,52 Areia grossa 4,00% nº 10 2 112 2262 90.48 N = 9,52P en ei ra m en to – m at er ia l fi n o nº 16 1,19 59 59 3.75 5.77 Areia média 7,31% nº 30 0,6 38 97 6.16 3.36 nº 40 0,42 18 115 7.31 2.21 nº 50 0,3 14 129 8.20 1.32 Areia fina 1,97% nº 80 0,18 9 138 8.77 0.75 nº 200 0,075 8 146 9.28 0.24 Silte e argila – 0,24% Exemplo 0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 70.00 80.00 90.00 100.00 0.01 0.1 1 10 100 P e rc e n ta g em p a ss a n te ( % ) Diâmetro das Partículas (mm) DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA Pe d ra e p e d re gu lh o A re ia g ro ss a A re ia m éd ia A re ia f in a A rg ila e s ilt e Ensaio de sedimentação - Solos finos (< 0,075mm) O ensaio de sedimentação é baseado na Lei de Stokes (1850) que estabelece uma relação entre o diâmetro da partícula e a sua velocidade de sedimentação em um meio líquido de viscosidade e peso específicos conhecidos. Análise Granulométrica - Sedimentação v P = mg E 𝐹𝑣 𝐸 = 4 3 𝜋𝑅3𝜌𝑤𝑔 – Empuxo peso do liquido deslocado pelo volume da esfera (Principio de Arquimedes). 𝐹𝑣 = 6𝜋𝜂𝑅𝑣 – força viscosa (força de arraste) 𝑃 = 𝑚𝑔 = 𝜌𝑠 4 3 𝜋𝑅3𝑔 – força peso 𝐹𝑣 + E − P = 0 → 𝑣 = 2𝑅2 𝜌𝑠−𝜌𝑤 𝑔 9𝜂 = 𝜌𝑠−𝜌𝑤 𝑔 18𝜂 𝐷2 A expressão da Lei de Stokes 𝑣 = 𝐿 𝑡 = 𝛾𝑠−𝛾𝑤 18η 𝐷2 | 𝐷 (mm) = 𝐾 L (cm) 𝑡 (𝑚𝑖𝑛) | 𝐾 = 30η 𝐺𝑠−1 Conclusão: colocada uma dada amostra de material em um frasco cheio de fluido, as partículas sedimentarão com velocidades proporcionais ao quadrado dos seus diâmetros. v – velocidade; D – diâmetro das partículas; η – viscosidade da água; t – tempo medido a partir início da sedimentação; L – é a profundidade medida a partir da superfície da água até o centro da gravidade do bulbo do densímetro, 𝐺𝑠 - densidade dos grãos. Análise Granulométrica - Sedimentação O ensaio de sedimentação é conduzido em um cilindro de sedimentação, geralmente com 70 g (ou 100 g – solo arenoso) de amostra seca em estufa < 2mm. O cilindro de sedimentação tem 457mm de altura, 63,5mm de diâmetro e é preparado para um volume de 1000ml. O densímetro utilizado serve para determinar a quantidade de solo, em gramas, que ainda está em suspensão e mede também o peso específico ao redor do seu bulbo a uma profundidade L. O hexametafosfato de sódio é normalmente usado como agente defloculante para dispersar as estruturas floculares . Análise Granulométrica - Sedimentação Distinção de partículas em função do tamanho Esquema de ensaio de sedimentação Em termos gerais, a Lei de Stoke é válida para tamanho de partículas entre 0,2mm e 0,0002mm. Análise Granulométrica - Sedimentação Densímetro Ensaio em andamento Análise Granulométrica - Sedimentação Procedimento – ensaio de sedimentação 1. pesa-se cerca de 70g do material passante na peneira 2,0mm. 2. dispersa-se o material em água dentro de um béquer, adicionando defloculante. 3. levar a solução a um dispersor elétrico ou manual por 30s. Depois, o material é deixado em repouso por no mínimo 12h. 4. após 12h, verter toda a solução no copo de dispersão, completando-se o volume com água destilada. O material é agitado durante 15min. Análise Granulométrica - Sedimentação 5. depois, verte-se toda a solução no copo de dispersão em uma proveta tarada de 1000ml, completando-se o volume com água destilada. 6. colocar a proveta no tanque para banho ou em local com temperatura constante. Agitar frequentemente com bagueta de vidro para manter, tanto quanto possível, as partículas em suspensão. 7. assim que a dispersão atingir a temperatura de equilíbrio, tomar a proveta e, tampando-lhe a boca com uma das mãos, executar com auxílio da outra, movimentos enérgicos de rotação, durante 1 min. Análise Granulométrica - Sedimentação 9. imediatamente após a agitação, colocar a proveta sobre uma mesa, anotar a hora exata do início da sedimentação e mergulhar cuidadosamente o densímetro na dispersão. 10. cerca de 15s a 20s antes de cada leitura, mergulhar lenta e cuidadosamente o densímetro na dispersão. 11. efetuar as leituras do densímetro correspondentes aos tempos de sedimentação (t) de 0,5 min, 1 min e 2 min. Retirar lenta e cuidadosamente o densímetro da dispersão. Fazer as leituras subsequentes à 4 min, 8 min, 15 min e 30 min e 1 h, 2 h, 4 h, 8 h, e 24 h, a contar do início da sedimentação. Obs.: Todas as leituras devem ser feitas na parte superior do menisco, com interpolação de 0,0005, após o densímetro ter ficado em equilíbrio. Análise Granulométrica - Sedimentação 12. assim que uma dada leitura for efetuada, retirar o densímetro da dispersão e colocá-lo em uma proveta com água limpa, à mesma temperatura da dispersão. 13. após cada leitura, excetuadas as duas primeiras, medir a temperatura da dispersão, com resolução de 0,1 °C. 14. realizada a última leitura, verter o material da proveta na peneira de 0,075 mm, proceder à remoção com água de todo o material que tenha aderido às suas paredes e efetuar a lavagem do material na peneira. 15. as curvas granulométricas do ensaio de sedimentação são plotadas nos gráficos com mesmos eixos das curvas do ensaio de peneiramento. 𝐷 (mm) = 30ηL 𝑡 (𝐺𝑠 − 1) Análise Granulométrica - Sedimentação Influência do uso de defloculante na curva granulométrica Análise Granulométrica - Sedimentação Triângulo de Feret – Classificação dos solos com base na curva granulométrica. Análise Granulométrica – Classificação Trilinear do Solo Particularidades: • Totalmente baseada na distribuição granulométrica; • Considera fração de solo passante na #10; • Faz-se correção se porcentagem de partículas do solo >2mm; • Não considera plasticidade. Denominação de mistura de solos • Nome: maior % • Sobrenome: segunda maior % com sufixo (oso, osa) Ex.:Argila arenosa Exemplo Classifique os seguintes solos com base na classificação trilinear, sabendo que: a) % areia = 5, % silte = 10 e % argila = 85 b) % areia = 55, % silte = 20 e % argila = 25 c) % areia = 10, % silte =60 e % argila = 30 Solução a) Argila b) Areia argilosa c) Argila siltosa ou silte argilosa Ensaio de granulometria por peneiramento e sedimentação • https://www.youtube.com/watch?v=kjZSs9jSloc • https://www.youtube.com/watch?v=1gsbNmzkDQw&t=1s • https://www.youtube.com/watch?v=vpCy0pEU_yk Assistir Vídeos no Moodle https://www.youtube.com/watch?v=kjZSs9jSloc https://www.youtube.com/watch?v=1gsbNmzkDQw&t=1s https://www.youtube.com/watch?v=vpCy0pEU_yk
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