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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS TATIANA TASSIA CAVANA AS DIFICULDADES PARA ALFABETIZAÇÃO DE SURDOS NAS ESCOLAS REGULARES Dourados – MS 2018 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS TATIANA TASSIA CAVANA AS DIFICULDADES PARA ALFABETIZAÇÃO DE SURDOS NAS ESCOLAS REGULARES Projeto de Pesquisa elaborado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, como requisito parcial para obtenção do Grau de __________ no Curso de Pedagogia, orientado pelo (a) professor(a) __________________________________. Dourados – MS 2018 3 SUMÁRIO 1 A EDUCAÇÃO DO SURDO NO BRASIL........................................................................05 1.1 ABORDAGEM EDUCACIONAL ORALISTA...............................................................05 1.2 ABORDAGEM COMUNICAÇÃO TOTAL......................................................................06 1.3 ABORDAGEM EDUCACIONAL DO BILINGÜISMO...................................................06 2. PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA INCLUSÃO DOS ALUNOS COM SURDEZ..................................................................................................................................07 2.1 PAPEL DA FAMÍLIA.......................................................................................................09 3 ASPECTOS DA LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO PARA O SURDO......................13 3.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA...............................................................................................16 3.2 PROCESSOS EDUCACIONAIS E DE INCLUSÃO.......................................................18 3.3 ENSINO DE LIBRAS........................................................................................................19 3.4 A QUESTÃO DO INTÉRPRETE......................................................................................19 3.5 INSTRUTOR SURDO........................................................................................................20 3.6 O QUE É A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS...........................................................20 3.7 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: A LIBRAS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE ALUNOS SURDES..................................................................................................................23 3.8 DEFICIÊNCIA AUDITIVA...............................................................................................23 3.8.1 TIPOS DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA.........................................................................24 3.9 AS IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS DA INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS EM ESCOLA REGULAR E AS CONTRIBUIÇÕESDO USO DA LIBRAS REGIONALIZADA................................................................................................................26 REFERENCIAS.....................................................................................................................29 4 INTRODUÇÃO A história da educação de surdos é cercada de discussões e controvérsias, desde a antiguidade seus direitos eram vedados impedindo-os de exercer seu papel de cidadãos. A inclusão de pessoas com anomalias, deficiências e diferenças no contexto social do século XII, em especial nas escolas não se ouvia falar. Os escritos deixados nesta época sobre como alfabetizar os surdos mostram o preconceito e separação de sociedade. A inclusão de crianças surdas na sala regular de ensino é uma presente realidade no atual contexto escolar, com isso os educadores, gestão, coordenadores e demais funcionários desta instituição devem estar aptos profissionalmente para receber esses alunos. Assim a pesquisa foi realizada em uma escola de ensino fundamental da rede municipal de Parnaíba. Na realidade contemporânea e nos contextos escolares inclusivos, percebe-se o aumente de pessoas com surdez, necessitando de todos em especial do professor dispor de metodologias, recursos e formação continuada para atender e acolher esses novos alunos, preparando-os para seu desenvolvimento educacional, principalmente quanto ao processo de alfabetização de educando com surdez. A inclusão constitui um processo “dinâmico e gradual” por ser adaptável ás diferenças de cada aluno, priorizando a construção linguística adequada e a aquisição de conteúdos regulares, além da escrita e leitura, todos esses aspectos mediados pelo professor. Dentro desse sentido, pudesse afirmar que, não há uma concretização desse conceito, uma vez que partilhar a experiência de troca com o professor, é inviável ao surdo, quando este não possui o domínio da Libra. Diante da atual situação da inclusão no Brasil, algumas inquietações surgiram; como ocorre o processo de alfabetização das crianças com surdez na sala regular de ensino? O professor faz formação continuada envolvendo conhecimento de LIBRAS? Quais metodologias são usadas para alfabetizar uma criança Surda? O interesse pelo tema surgiu da necessidade de conhecer como são alfabetizadas as crianças surdas na sala de aula regular. 5 1 A EDUCAÇÃO DO SURDO NO BRASIL A história da educação de surdos no Brasil tem início em 1855 com a chegada de um Professor surdo, o francês Hernest Huert que veio ao país, a trabalho, convidado pelo Imperador Dom Pedro II. E também com a criação do Instituto de Surdos-Mudos, hoje Instituto Nacional de Educação de surdos (I.N.E.S.), fundado em 26 de setembro de 1857, por Huet. No início, os surdos eram educados por linguagem escrita, articulada e falada, datilologia e sinais. A disciplina "Leitura sobre os Lábios" estaria voltada apenas para os que apresentassem aptidões e a desenvolver a linguagem oral. Assim se deu o primeiro contato com a Língua de Sinais Francesa trazida por Huet e a língua dos sinais utilizada pelos alunos. É importante ressaltar que o trabalho de oralização era feito pelos professores comuns, pois não havia especialistas. Essa abordagem metodológica prevaleceu até 1911, quando seguindo a tendência mundial foi estabelecido o oralismo. A educação de surdos, durante todo o transcurso de sua história, tem como marca significativa a disputa entre os defensores de sua oralização e os que defendem o uso de um sistema de representação próprio, qual seja, a língua de sinais (LS). Esta sobreviveu em sala de aula até 1957, quando a então Diretora Ana Rímola de Faria Doria proibiu o uso da mesma. A seguir, em 1970, a comunicação total chega ao país. Trazida pela Professora Ivete Vasconcelos, educadora de surdos da Universidade de Gallaudet. Na sequencia, em 1980, o bilingüismo surge com as pesquisas feitas pela Professora Lucinda Ferreira Brito. E, em 1994, a Língua Brasileira de Sinais passa a utilizar a abreviação LIBRAS, que foi criada pela comunidade surda. Atualmente as três abordagens são utilizadas e todas têm a sua representatividade no trabalho com o surdo. 1.1 ABORDAGEM EDUCACIONAL ORALISTA Visa capacitar a pessoa surda a utilizar a língua da comunidade ouvinte na modalidade oral como única possibilidade linguística, de modo que seja possível o uso da voz e da leitura labial. Acredita que para que a criança se comunique bem é necessário que ela possa oralizar e perceber a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada pela estimulação auditiva (GOLDELD, 2002). As metodologias baseadas no oralismo dão ênfase à estimulação precoce e ao trabalho com o resíduo auditivo. Os estudantes são trabalhados sistematicamente com técnicas fono articulatórias a partir de tenra idade, auxiliados pela amplificação sonora de seus 6 resíduos auditivos, através de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI) ou implantes cocleares. Ressalta-se que o oralismo teve seu auge em 1880 com o Congresso Internacional deEducadores de Surdos realizado em Milão. Sua queda teve início em 1960 com os trabalhos de Stokoe evidenciando a estrutura da língua de sinais. Houve a reação dos oralistas, com investimentos na estimulação precoce e no uso de próteses auditivas. Porém os resultados obtidos com leitura e escrita foram irrisórios. 1.2 ABORDAGEM COMUNICAÇÃO TOTAL Defende o uso de recursos espaço-viso-manuais como facilitadores da comunicação. Preocupa-se com o processo comunicativo entre surdos e surdos e entre surdos e ouvintes, e com a mesma aprendizagem da língua oral pela criança surda. Os profissionais que atuam na comunicação total veem a surdez como uma marca que repercute nas relações sociais e no desenvolvimento afetivo e cognitivo do surdo (CICCONE, 1990). 1.3 ABORDAGEM EDUCACIONAL DO BILINGÜISMO Seu pressuposto básico é de que o surdo deve ser bilíngue. Ou seja, deve adquirir como língua materna a LIBRAS, que é considerada a língua natural do surdo, e como segunda língua, o oficial de seu país. Constituem-se em uma proposta de ensino usada por escolas que se propõem a tornar acessível à criança duas línguas no contexto escolar. (QUADROS, 1997, p.27). A partir de então, com o avanço da tecnologia, surgiram as próteses auditivas e os aparelhos de ampliação cada vez mais potentes, possibilitando ao surdo à aprendizagem da fala através de treinamento auditivo. Atualmente, a educação de surdos tem fundamentação legal. A declaração de Salamanca, por exemplo, em seu item propõe a escola para todos, respeitando as diferenças. Ressalta a questão da LIBRA na educação do surdo e sugere a existência de classes especiais para surdos e surdo-cegos. O artigo 6º da Carta Magna inclui a educação entre “Direitos sociais” do indivíduo; o Decreto número 5626/05 regulamenta a lei número 10.436, que dispõe sobre a inclusão da LIBRA como disciplina curricular nos cursos de formação docente. Sendo assim, é possível observar que se têm demonstrado preocupação com a inclusão das pessoas com deficiência. 7 2. PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA INCLUSÃO DOS ALUNOS COM SURDEZ Durante muito tempo, e mesmo nos dias de hoje, a deficiência auditiva tem sido confundida com deficiência mental e até com possessões demoníacas e seus portadores são chamados de doidinhos ou mudos. Na antiguidade acreditava-se que as pessoas deficientes não podiam ser educadas, pois eram consideradas como aberração da natureza, portanto foram vários os períodos em que estas pessoas foram rotuladas de incapazes, não podendo participar de qualquer tipo de vida “normal” a que regularmente passam as outras pessoas da comunidade. (GOLDFELD, 1997, p.24). Sabe-se que nesta mesma época, era comum o extermínio de crianças que nascessem deficientes. Existem relatos a respeito do tratamento que era dado a essas pessoas. Não havia nenhuma preocupação com a educação ou qualquer outra forma de socializar as pessoas deficientes. Segundo Lacerda (1998 p.68) “é no início do século XVI que se começa a admitir que os surdos possam aprender através de procedimentos pedagógicos sem que haja interferências sobrenaturais.”. O propósito da educação dos surdos, então, era que estes pudessem desenvolver seu pensamento, adquirir conhecimentos e se comunicar com o “mundo ouvinte”. Para tal, procurava-se ensiná-los a falar e a compreender a língua falada, a fala era considerada uma estratégia, em meio a outras, de se alcançar tais objetivos. Nas tentativas iniciais de educar o surdo, além da atenção dada à fala, a língua escrita também desempenhava papel fundamental. Os alfabetos digitais eram amplamente utilizados. Eles eram inventados pelos próprios professores, porque se argumentava que se o surdo não podia ouvir a língua falada, então ele podia lê-la com os olhos. Falava-se da capacidade do surdo em correlacionar as palavras escritas com os conceitos diretamente, sem necessitar da fala. Muitos professores de surdos iniciavam o ensinamento de 15 seus alunos através da leitura e escrita, essa forma de ensinar instrumentalizava-se diferentes técnicas para desenvolver outras habilidades, tais como leitura labial e articulação das palavras. Os surdos que podiam se beneficiar do trabalho desses professores eram poucos, somente aqueles pertencentes às famílias ricas. É justo pensar que houvesse um grande número de surdos sem qualquer atenção especial e que, provavelmente, se vivessem agrupados, poderiam ter desenvolvido algum tipo de linguagem de sinais através da qual interagissem. A partir desse período podem ser distinguidas, nas propostas educacionais 8 vigentes, iniciativas antecedentes que hoje se chama de oralismo e gestualismo. Percebe-se que havia certa exigência que os surdos se reabilitassem que superassem sua surdez, que falassem e, de certo modo, que se comportasse como se não fossem surdos. Os proponentes menos tolerantes pretendiam reprimir tudo o que fizesse recordar que os surdos não poderiam falar como os ouvintes. Impuseram a oralização para que os surdos fossem aceitos socialmente e, nesse processo, deixava-se a imensa maioria dos surdos de fora de toda a possibilidade educativa, de toda a possibilidade de desenvolvimento pessoal e de integração na sociedade, obrigando-os a se organizar de forma quase clandestina. Os gestualistas eram mais tolerantes diante das dificuldades do surdo com a língua falada e foram capazes de ver que os surdos desenvolviam uma linguagem que, ainda que diferente da oral fosse eficaz para a comunicação e lhes abria as portas para o conhecimento da cultura, incluindo aquele dirigido para a língua oral. Foi realizado, em 1878, em Paris, o I Congresso Internacional sobre a Instrução de Surdos, no qual se fizeram acalorados debates a respeito das experiências e impressões sobre o trabalho realizado até então. Os surdos tiveram conquistas importantes, como o direito a assinar documentos, tirandoos da “marginalidade” social, mas ainda estava distante a possibilidade de uma verdadeira integração social. Lacerda (1998 p.04) afirma que: 16 Em 1880 foi realizado o II Congresso Internacional, em Milão, que trouxe uma completa mudança nos rumos da educação de surdos e, justamente por isso, ele é considerado um marco histórico. O congresso foi preparado sem a participação e opinião da maioria interessada que eram os surdos, havia 164 participantes ouvintes que decidiram pela proibição da língua de sinais decretando o método oral como a única possibilidade para a reabilitação da criança surda, constituindo-se no único objetivo do ensino. Com o congresso de Milão termina uma época de convivência tolerada na educação dos surdos entre a linguagem falada e a gestual e, em particular, desaparece a figura do professor surdo que, até então, era frequente. Era o professor surdo que, na escola, intervinha na educação, de modo a ensinar certo tipo de cultura e de informação através do canal visogestual e que, após o congresso, foi excluído das escolas em função de que neste congresso ficou acordado que deveria ser trabalhado a oralidade em todas as propostas educacionais para surdos. Começam a surgir estudos das línguas de sinais utilizadas pelas comunidades surdas. Apesar da proibição dos oralistas no uso de gestos e sinais, raramente se encontrava uma escola ou instituição para surdos que não tivesse desenvolvido, às margens do sistema, um modo próprio de comunicação através dos sinais. Surgem defensores da língua de sinais no 9 Brasil e são fundadas as associações de surdos e a Federação Nacional de Educação e Integração de surdos – FENEIS (1987) dirigida apenas por surdos, para desarticular a antiga FENEIDA que era composta apenas por pessoas ouvintes. Começam a ser implantadas as primeiras escolas para surdos e a surgir às discussões sobre metodologias para ensinar ao surdo. A FENEIS foi fundamentalno processo de crescimento da política surda. Muitas mudanças foram alcançadas, novos conceitos surgiram e, a partir de um novo contexto, iniciam-se pesquisas e estudos sobre desenvolvimento do deficiente auditivo. A Declaração de Salamanca de 1994 foi uma conferência que defendeu na Área das Necessidades Especiais, enfatiza a necessidade dos surdos terem acesso á educação através da língua de sinais de seu país. 2.1 PAPEL DA FAMÍLIA O papel da família é fundamental no processo de inclusão, pois é de suma importância que ela prepare o seu filho para conviver fora do seio familiar e faça o acompanhamento no desempenho do ensino/aprendizagem. A família constitui o primeiro universo de relações sociais da criança. Porquanto, é no seio familiar que a criança pode encontrar um ambiente favorável de crescimento e desenvolvimento ou um ambiente desfavorável, que na verdade gera dificuldades. Assim a criança Surda pode ser melhor se ela encontrar na sua família apoio e um ambiente favorável. A família desempenha um papel preponderante no processo de inclusão de alunos surdo, porque consideram que a família deve preparar os filhos para a inclusão. A família tem um papel importante e fundamental no trabalho fonoaudiólogo. Ela oferece á criança surda situação do dia a dia para a estimulação, seja por meio oral ou de sinais, além do mais é necessário que se trabalhe com o envolvimento de toda a família no processo de estimulação para que todos possam sentir-se capazes de ajudar e se responsabilizarem pela educação da criança surda, que por sua vez deve ser vista em sua totalidade dentro do contexto familiar. O aluno da Educação Especial é tão especial quanto qualquer pessoa. A família é a principal responsável pelas ações do seu filho com necessidades especiais. É ela que lhe oferece a primeira formação. A participação da família é de suma importância no movimento da inclusão, seja de forma individualizada ou por meio de suas organizações, é fundamental a sua participação, para que a continuidade histórica da luta por sociedades mais justas para seus filhos seja garantida. 10 É imprescindíveis que, busquem conhecer para participar, dando o exemplo de cidadania, e servir, como um veículo por meio do qual seus filhos possam aprender para a ser. Conforme Voivodic (2008), o papel da família é de extrema importância nos primeiros anos de vida da criança que constitui um período critico cheio de novas informações que interferem no seu desenvolvimento social, afetivo e cognitivo. Neste sentido, a conscientização da família é essencial para que a criança deficiente mental possa adquirir melhores condições de vida. Segundo Bowlby (1997), a ajuda especializada aos pais nos primeiros anos de vida de uma criança pode ser extremamente importante para auxiliá-los a desenvolver as relações afetivas e compreensivas que quase todos desejam com o bebê. Santos (1999 p. 78/79): A participação da família é de suma importância no movimento da inclusão. Seja de forma individualizada ou por meio de organizações, é imprescindível a sua participação para que a continuidade histórica da luta por sociedades mais justas, para seus filhos seja garantida. É imprescindível que elas, as famílias, busquem conhecer, participar, dando o exemplo de cidadania, e servir, assim, como mais um veículo por meio do qual seus filhos possam aprender para ser. A ajuda aos pais, quando qualificada e oportuna, poderá ter efeito significativo se for realizada nos primeiros anos de vida da criança, período crítico de seu desenvolvimento. Segundo Ackerman (1986, p 38) [“...] família é a unidade de desenvolvimento e experiência, realização e fracasso, saúde e enfermidade”, portanto a família deve ser uma presença constante, não para superproteger, mas para servir de apoio moral, afetivo, enfim, é a estrutura do ser humano, em seu desenvolvimento. Educar é transmitir aos filhos os costumes, valores e normas, como forma de um ambiente saudável e acolhedor. Não é preciso que os pais sejam perfeitos, mas devem estar atentos sensíveis e humanos no amor, confiança e estímulos para com o filho especial. De acordo com Giddens (2000), a família é o grupo de indivíduos ligados por laços de sangue de casamento ou adoções que formam uma unidade econômica, em que os membros são responsáveis pela educação das crianças. Para ele, todas as sociedades conhecidas têm de alguma forma um sistema familiar, embora a natureza das relações familiares seja muito razoável. O autor reforça que a família, é o primeiro e talvez o principal grupo social em que vivemos. É nela que aprendemos a construir a nossa individualidade e independência. A família é definida como unidade básica de desenvolvimento e experiência, realização e fracasso, saúde e enfermidade. É na família que o indivíduo constrói seus primeiros laços afetivos, suas primeiras relações sociais, sendo de grande importância para o desenvolvimento de sua personalidade. 11 Neste sentido, Diogo (1998) afirma que a família, é sem dúvida, um espaço educativo por excelência, é vulgarmente considerado o núcleo central do desenvolvimento moral, cognitivo e afetivo, no qual se “criam” e “educam” as crianças, ao proporcionar os contextos educativos indispensáveis para cimentar a tarefa de construção de uma experiência própria. 12 3 ASPECTOS DA LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO PARA O SURDO Uma instituição escolar inclusiva é o ambiente mais eficaz para estimular a afetividade entre crianças surdas e seus pares. Elas representam um avanço para a conquista da igualdade de oportunidades e a completa participação de todos os alunos sem preconceito. Os desafios que essas escolas têm para com a prática de educação inclusiva é aumentar um maior número de escolas com dinâmica de ensino e aprendizagem diferentes, tendo como principal propósito facilitar e possibilitar a aprendizagem de todos os aprendestes respeitando as suas diferenças. Franco (1999, apud MRECH, 1999, p.2) afirma que o processo educativo na escola inclusiva normativa é entendido como: “Processo social, onde todas as crianças com necessidades especiais e de distúrbios da aprendizagem têm o direito á colonização o mais próximo possível do normal”. As desigualdades sócias se manifestam de maneira exageradas inclusive dentro dos espaços escolares. Ressaltamos que as escolas são iguais para todos, e todos são especiais, necessitando de estratégias, metodologias e valorização de suas capacidades de acordo com suas particularidades. A escola enquanto espaço de desenvolvimento e organização de conhecimentos educacionais e humanos, deve disponibilizar dinamismo em seus trabalhos em prol de atender todos segundo suas competências, sem discriminação. Partindo desses direitos, incluir os alunos surdos nas salas de aula com outros alunos ditos normais requer repensar em um projeto político pedagógico adaptado e apropriado a suas necessidades, a sua situação linguística, social e cultural. Nesse sentido a educação bilíngue prever a garantia da presença da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no contexto educacional. [...] é apenas por meio da língua que entramos plenamente em nosso estado e cultural humanos [...] e sem ela os indivíduos não são desprovidos de mente, masos alcances dos seus pensamentos estão restritos, permanecendo num mundo imediato e pequeno. (Sacks: 2002, p.56). A língua é fundamental, o aluno surdo é usuário de uma língua que nenhum outro aluno ou professor conhece, e assim as relações mais aprofundadas são impossíveis. Devido ás dificuldades que esses alunos surdos encontram em questões de linguagem, percebe-se que os mesmos encontram-se defasados no que diz respeito á escolarização.Com base no artigo 22, as instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: 13 I – escolas e classes de educação bilíngüe, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais de ensino fundamental; II – escolas bilíngües ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio,ou educação profissional,com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade lingüística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e interpretes de Libras-Língua Portuguesa. Portanto escolas ou classes de educação bilíngüe são “aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo”. (art. 22, § 1º). A inclusão conceitua-se como o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais, pessoas consideradas diferentes da comunidade a que pertença. Ela ocorre em um processo bilateral no qual as pessoas, buscam equacionar problemas, discutir soluções e equiparar oportunidades para todos. Reconhecendo a diversidade e promovendo a igualdade de chances para que todos possam desenvolver seus potenciais. No caso dos alunos com necessidades especiais, deve-se começar garantindo-lhes o direito de acesso aos bens da sociedade – educação, saúde, trabalho, remuneração digna etc. Ou seja, propiciar, por meio da educação, o desenvolvimento das atividades de vida autônoma diária. De acordo com o Plano Nacional de Educação e da Resolução CNE no. 02/2001, que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Nas diretrizes para o ensino fundamental, foi definido o prazo de cinco anos para sua universalização, considerando a indissociabilidade entre acesso, permanência e qualidade da educação escolar. Entre os objetivos e metas consta a observância das metas estabelecidas pela educação especial, nos termos em que aparecem no capítulo a ela destinado. Estabelece o prazo de um ano para “elaborar padrões mínimos nacionais de infra-estrutura, incluindo adaptação dos edifícios escolares para o atendimento dos alunos ´portadores de necessidades especiais`” (MONTE; SIQUEIRA; MIRANDA, 2001, p.88). Com relação à Educação Especial reitera que: a diretriz atual é a da plena integração das pessoas com necessidades especiais em todas as áreas da sociedade. Trata-se, portanto, de duas questões: o direito à educação comum a todas as pessoas e o direito de receber essa educação sempre que possível junto com as demais pessoas nas escolas „regulares (Ibid., p.119). Assim, refere-se à integração e não à inclusão, bem como à educação comum e escolas regulares e não à educação especial e escolas inclusivas. Referindo-se às pessoas com necessidades especiais, esclarece que tais necessidades “podem ser de várias ordens: visuais, 14 auditivas, físicas, mentais, múltiplas, distúrbios de conduta e também superdotação ou altas habilidades”. (PNE e da Resolução CNE no. 02/2001) Nas diretrizes menciona uma escola integradora, inclusiva, que implica a participação da comunidade. Destaca que: “a política de inclusão reorienta as escolas especiais para prestarem apoio aos programas de integração e registra como medida importante a garantia de vagas no ensino regular para os diversos graus e tipos de deficiências”. (MONTE; SIQUEIRA; MIRANDA, 2001, p.122). Portanto, identifica escola integradora com escola inclusiva e a política de inclusão objetiva, também, a integração de alunos com quaisquer deficiências. Pode-se inferir, a partir da leitura do item 1 da resolução CNE nº 2, de 11 de setembro de 2001, que a mesma estabelece que a identificação das necessidades educacionais especiais dos alunos deve ser realizada pela escola, com assessoramento técnico, mediante sua avaliação no processo de ensino e aprendizagem. Outro aspecto interessante na Resolução, item 2, referem-se às modalidades do atendimento. O mesmo pode ser ofertado, extraordinariamente, em escolas especiais públicas e privadas, em classes hospitalares e no domicílio. Refere-se à responsabilidade dos sistemas públicos de ensino pela “garantia do atendimento às necessidades educacionais especiais de seus alunos, observados os princípios da educação inclusiva”. É fundamental entender que as necessidades especiais não decorrem linearmente das condições individuais, mas apresentam-se concreta e objetivamente na relação entre as pessoas e as situações da vida. Portanto, evidencia um grande equívoco a expressão “Portador de Necessidades Especiais”. E, ainda a esse respeito, nota-se que: alunos e escolas são assim identificados por seus papéis sociais e não, propriamente, por sua configuração individual separada ou isolada de uma contextualização social e cultural. Enquanto papéis sociais e atores culturais, em suas relações recíprocas surgem necessidades e respostas condicionadas pelo contorno dinâmico e atuante de seu meio ambiente. Esta faceta, que parece óbvia, tem sido reiteradamente ignorada nas discussões e encaminhamentos desse tema, particularmente no que se refere à educandos portadores de deficiências e que apresentem necessidades especiais. (MAZZOTTA, 2002, p.31) Segundo Mantoan (1997, p.120), a inclusão é um motivo para que a escola se modernize e os professores aperfeiçoem suas práticas e, assim sendo, a inclusão escolar de 15 pessoas deficientes torna-se uma consequência natural de todo um esforço de atualização e de reestruturação das condições atuais do ensino básico. Na Constituição Brasileira, em seu artigo 208, fica garantido "O atendimento especializado à pessoa com necessidades especiais educativas, preferencialmente na rede regular de ensino". A lei nº 9394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional garante o "atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino". No qual, segundo o texto, a educação especial é definida no artigo 58, como "a modalidade de educação escolar na rede regular de ensino, para educando com necessidades especiais." Nesse caso, há um detalhamento de como o processo, em teoria, deveria ocorrer. A lei fala preferencialmente e não exclusivamente, facultando um pouco o acesso dos surdos à educação. Pois muitas vezes os profissionais da área não sabem, e/ou tem medo de enfrentar o desafio. Para Sassaki (1997, p. 150), "É preciso rever toda a legislação pertinente à deficiência, levando em conta a constante transformação social e a evolução dos conhecimentos sobre a pessoa deficiente." 3.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA Na antiguidade as pessoas que possuíam necessidades educacionais especiais eram consideradas “diferentes” e não seres humanos. Eram excluídos da sociedade e muitos tinham que viver em campos ou dentro de casa sem poder sair nas ruas. Silva afirma: Preconceito e medidas discriminatórias existem concretamente contra quase todos os tipos de “anormalidades” ou “anomalias”, muito embora essas atitudes apresentem tonalidades de ênfase diferente, pois a maioria das pessoas não tem contra os deficientes a mesma espécie de preconceitos, que alimentam contra certos grupos religiosos, raciais ou desfavorecidos. (SILVA, 1996, pg.363). Diversas mudanças aconteceram até chegar aos dias atuais, principalmente porque a medicina avançou e mostrou para muitas pessoas que necessidades educacionais especiais são problemas devido à natureza orgânica, isto é, são problemas causados devido a erro nos cromossomos ou de formação fetal, que podem ser caudados por diversos motivos, como a sífilis, o alcoolismodurante a gestação, o fumo, o casamento de parentes próximos, diabetes, pressão alta, epilepsia ou uma gravidez precoce ou muito tardia, e não mutações ou até mesmo problemas sobrenaturais como eram considerados na antiguidade. Depois que a medicina passou a entender que a natureza orgânica havia passado por mudanças por algum motivo, começo de toda criança com o convívio em sociedade. A família 16 também é muito importante nesse caso, pois é ela que dará a primeira estrutura para essa criança, o amor, a atenção será necessária para que o portador de necessidades especiais possam se desenvolver com mais rapidez. Mas não se tratou de um procedimento fácil, pois, no começo as pessoas que possuíam necessidades educacionais especiais eram tratadas em asilos ou em instituições especiais, especializadas em tratar e ajudar. Esses lugares acabaram se tornando confinamentos, pois eles acabavam isolando as pessoas com necessidades educacionais especiais do convívio social, a ideia era muito bom em ajudar a que essas pessoas se tornassem “normal” perante a sociedade, mas de certa forma acabou sendo um fracasso, pois o isolamento continuou e a distancia do mundo também. No século XX as práticas de convívio social começaram a ser estudadas por varias pessoas que já trabalhavam e tinham como meta conseguir incluir uma pessoa com necessidades especiais no convívio social, como no trabalho, na escola e em casa. Então começaram a tirar essas pessoas dos asilos e do exílio, criando uma concepção de interação com a necessidade de mudar e modificar para que essas pessoas pudessem a vir se assemelhar aos demais cidadãos. Hoje pessoas com necessidades educacionais especiais podem frequentar normalmente escolas tanto da rede municipal, como estadual e até mesmo particular sem problemas, a inclusão existe nas escolas e em muitos lugares, como em fábricas, lojas, escritórios e até mesmo nas secretárias das próprias escolas onde eles estudam ou estudaram. Os professores tiveram que passar por muitas mudanças e até hoje estão se adaptando, a paciência sempre será a maior riqueza entre professor e aluno, porque irão encontrar muitas dificuldades durante o estudo de seus alunos, e por isso sempre deveram manter-se atualizados para que possam ter também muitas alegrias e satisfações durante o percorrer do desenvolvimento de seus alunos. O problema maior que os portadores de necessidades educacionais especiais enfrentam e enfrentaram, é o preconceito, muitas pessoas acham que um portador de necessidades especiais não pode fazer o que uma pessoa sem necessidades pode, mas, eles não só podem como fazem bem melhor que muitas pessoas que encontramos em vários tipos de serviços. O aluno com necessidade se estimulado de pequeno aprenderá e com certeza será muito dedicado ao estudo e ao trabalho apesar de suas necessidades, ele é uma pessoa como outra qualquer e deve ser respeitado por todos. 17 3.2 PROCESSOS EDUCACIONAIS E DE INCLUSÃO Segundo o Artigo 58 da LDB/96: Entende-se por Educação Especial, para efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos com necessidades especiais(pg.35). No parágrafo 1º a LDB dispõe que “haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela da Educação Especial Quando falamos em educação especial, abrangemos não só a um tipo de síndrome, mais sim a varias”. As pessoas que sofrem ou possuem algum tipo de deficiência precisam de apoio e obviamente uma atenção especial. Essas atenções especiais incluem um bom acompanhamento médico e principalmente a serem respeitados por todos. O indivíduo com necessidade especial deve como qualquer pessoa ter acesso a uma educação de qualidade e a todos os mecanismos necessários para que seu aprendizado seja possível. No Brasil existem varias associações que trabalham para que seja garantido o bem- estar de pessoas com necessidades especiais, mais hoje as crianças que possuem qualquer tipo de necessidade podem frequentar escolas comuns sem problemas, devido à inclusão as crianças podem frequentar tanto escolas comuns quanto escolas especiais. As disciplinas são adaptadas para cada tipo de necessidade, como exemplo temos, a educação artística que é aplicada como terapia, e também faz com que seja despertado nos alunos habilidades que eles ainda não conheciam fazendo assim como um estimulo para que eles possam se equilibrar emocionalmente. Os softwares devem possibilitar a esses alunos com qualquer deficiência além de uma aprendizagem por meio de construções de situações eles ajudam a construção de seriações, classificações, conservação, espaço e tempo. A informática também esta sendo muito utilizada com alunos com necessidades especiais principalmente com alunos que tem deficiência auditiva e visual, porque hoje encontramos vários tipos de softwares educacionais para se trabalhar com eles, e assim eles também passam pela inclusão digital. A preparação dos profissionais, os recursos e a infraestrutura ainda são polêmicas no meio da inclusão social e escolar, o que podemos dizer é que a inclusão escolar só ira acontecer quando todos estiverem preparados e capacitados para receber alunos com necessidades especiais em salas de aulas. 18 A responsabilidade de ter um aluno com necessidade especial em sala de aula ou na escola, não só é do professor e dos funcionários da escola, mas também dos alunos que acabam tendo um cuidado maior com seu colega de sala. As crianças diferentes dos adultos não possuem preconceitos e por isso a aproximação se torna muito mais fácil. Os alunos com necessidades especiais aprendem com o convívio com as crianças a falar, a viver suas frustrações e a conhecer a suas limitações. 3.3 ENSINO DE LIBRAS Através da Língua de Sinais podem-se expressar pensamentos mais complexos, ideias mais abstrata e emoções mais profundas, adequadas para transmitir informações e ensinar. A língua de sinais é uma língua com estruturas internas, podendo ser utilizada em todo processo educacional. Vem se expandindo em todo o mundo e sua utilização ajuda na construção da aprendizagem do sujeito surdo, se assemelhando a aquisição da linguagem oral dos ouvintes. Todo Projeto Pedagógico de uma escola inclusiva, para ter qualidade, deve ter a língua de sinais, como ponto importante e surdos adultos como interlocutores do processo de aquisição da linguagem. Toda aprendizagem é mediada pela linguagem e será muito melhor sucedida se a língua usada for compartilhada inteiramente em seus usos e funções sociais. A língua de Sinais é vista e não ouvida, mas possibilita a comunicação com ouvintes quando falarmos em língua de sinais está a referir-nos a língua materna/natural de uma comunidade de surdos, isto é, uma língua de produção manu-motora e de recepção visual, com vocabulário e gramática próprios, não dependente da língua oral, usada pela comunidade surda e alguns ouvintes, tais como parentes de surdos, intérpretes, professores e outros. Brito (1993) afirma que: A língua dos sinais é imprescindível ao surdo, mesmo que este, no inicio esteja limitado à comunicação apenas com aqueles que manipulam bem esta língua ou que se iniciem no seu aprendizado (BRITO 1993, P.23). Kyle (2001) aponta algumas propriedades exclusivas das línguas de sinais, tais como o uso de gestos simultâneos, o uso do espaço e a organização e ordem que daí resulta. Assim, as línguas de sinais possuem uma modalidade de produção motora (mãos, face e corpo) e uma modalidade de percepção visual. Embora existam aspectos universais, pelos quais se regem todas as línguas de sinais, a comunicação gestual dos Surdos não é universal. As línguas de sinais, assim como as orais, pertencem às comunidades onde são usadas,tendo apresentando diferenças consideráveis entre as determinadas línguas. A língua de sinais é como meio de comunicação entre surdos, e deveria ser reconhecido. O fato é que os órgãos 19 governamentais legitimam o compromisso com a inclusão social, mas não provém de recursos para atendimento educacional das escolas públicas. O caso do uso da língua de sinais pelo surdo é um exemplo significativo, pois hes afirma o direito de uso, mas há apenas uma recomendação para que pais e professores aprendam essa língua. (HARRISON, 2000) As línguas de sinais não seguem a ordem e estrutura básicas das línguas orais, assim o importante não é colocar um sinal atrás do outro, como se faz nas línguas orais (uma palavra após a outra). O importante em sinais é representar a informação, reconstruir o conteúdo visual da informação, pois os surdos lidam com memória visual. As línguas de sinais possuem sua gramática própria, assim como as línguas orais possuem as suas, sendo elas totalmente independentes. Apesar dos prós e contras ao uso da língua de sinais, foi através do congresso internacional de Milão que o oralismo atingiu sua valorização como forma única, e imposta de forma não necessariamente natural, e que causou certo mal estar em vários profissionais e sujeitos surdos, pro causa da proibição quanto ao uso da língua de sinais, esses fatos trouxeram para a comunidade surda uma perda muito grande. 3.4 A QUESTÃO DO INTÉRPRETE As questões acerca do papel do intérprete educacional apontadas nas entrevistas mostram que é preciso intensificar os estudos nessa área, pois em vários recortes foi possível observar o quanto essa atuação é pouco refletida e compreendida, o que determina dificuldades para esse trabalho. Uma questão central é definir melhor a função do intérprete educacional; figura desconhecida, nova, que, com um delineamento mais adequado (direitos e deveres do intérprete, limites da interpretação, divisão do papel de intérprete e de professor, relação do intérprete com surdos e ouvintes em sala de aula, entre outros), poderia favorecer um melhor aproveitamento deste profissional no espaço escolar. A literatura aponta que no contexto escolar, especialmente aquele que envolve crianças mais novas, é impossível desempenhar um papel estritamente de O intérprete participa das atividades, procurando dar acesso aos conhecimentos e isso se faz com tradução, mas também com sugestões, exemplos e muitas outras formas de interação inerentes ao contato cotidiano com o aluno surdo em sala de aula. Todavia, se este papel não estiver claro para os próprios professores, e alunos surdos, o trabalho torna-se Pouco produtivo, pois se desenvolvem de forma insegura, com desconfiança, desconforto e superposições. É preciso reconhecer que a presença do intérprete 20 em sala de aula tem como objetivo tornar os conteúdos acadêmicos acessíveis ao aluno surdo. (STEWART, 1996). Entretanto, o objetivo último do trabalho escolar é a aprendizagem do aluno surdo e seu desenvolvimento em conteúdos acadêmicos, de linguagem, sociais, entre outros. A presença de um intérprete de língua de sinais em sala de aula pode minimizar alguns aspectos deste problema, em geral, favorecendo uma melhor aprendizagem de conteúdos acadêmicos pelo aluno, que teria ao menos acesso (se conhecesse a língua de sinais, ou pudesse adquiri-la) aos conteúdos trabalhados. Todavia, este aluno continua inserido em um ambiente pensado e organizado para alunos ouvintes. Porém o interprete não substitui a figura do professor em relação à função central má mediação do processo de aprendizagem, pois sua atuação será a de mais um elemento na cadeia de interação verbal, constituída em sala de aula e nas outras esferas sociais (FENANDES, 2003). Para que este ambiente se torne minimamente adequado às necessidades de alunos surdos, são necessárias mudanças. 3.5 INSTRUTOR SURDO O instrutor é protagonista no desenvolvimento das crianças, pois precisa ir além de reconhecer os conhecimentos prévios dos alunos, necessita criar um ambiente de sala de aula no qual aluno e instrutor aprendam, troquem experiências, sugiram, testem e, juntos, encontrem caminhos para a aprendizagem. Entendemos da mesma forma como destacam Lodi e Harrison (1998), que o instrutor surdo, fluente nas LIBRAS, não é apenas instrutor de surdos, mas um modelo positivo, que representa uma identificação na diferença do aluno. O instrutor surdo pode servir de modelo de como o surdo precisa ser em termos linguísticos e culturais, por ter um conhecimento profundo da cultura e da comunidade surda, evidenciando as habilidades e possibilidades de inserir o surdo na sociedade. O instrutor surdo tem domínio das interlocuções e legitima sua fala, reforçando a importância da língua de sinais na construção da identidade do sujeito surdo, pois, com seu grupo, compartilha a mesma prática linguística, manifestando o papel e a função da sua língua materna. A partir do momento em que o aluno vivencia sua língua, reconhece sua condição surda e constrói sua identidade surda, tendo como participante desse processo, o instrutor (LODI; HARRISON, 1998). Diante da importante participação do instrutor surdo para o desenvolvimento cognitivo e social de alunos surdos, cabe destacar a relevância de investimento na. Formação desse profissional que está diretamente ligada à qualidade de 21 ensino. Entre os inúmeros desafios do profissional da educação, ressaltando aqui o instrutor está o de manter-se atualizado e em processo permanente de formação. 3.6 O QUE É A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS A Língua Brasileira de Sinais ou Libras como é mais conhecida é a linguagem natural das comunidades surdas, foi desenvolvida a partir da língua de sinais francesa e foi reconhecida pela Lei nº. 10.436/02(Brasil, 2002) como a língua oficial das pessoas surdas no Brasil, e essa mesma lei foi regulamentada em 2005 pelo Decreto 5.626/05, que dispõe: "O sistema educacional federal e sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua 15 Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente"(BRASIL, 2005). A comunidade surda lutou muito para que a lei fosse aprovada e para que eles pudessem ter os mesmos direitos de pessoas ouvintes, esses mesmos que marcaram com muita luta, opressão e imposição. O que se percebeu e se percebe é que o preconceito ainda é muito grande, e que há muita dificuldade em se aprender a língua brasileira de sinais, porque muitos tentam decorar os sinais e esquecem a verdadeira importância dele, não só na vida de surdos mais dos ouvintes, que por sua vez devem evoluir com o mundo, pois vivemos em sociedade e devemos sim nos socializar com pessoas que possuem necessidades auditivas, para que possamos viver em harmonia e sem preconceitos. Ao contrário do que se pensa a língua de sinais não é universal, pois acabam sofrendo influências de suas regiões, isso se dá de acordo com cada país ou estado, e também não são apenas mímicas, ou gestos limitados expressando apenas informações concretas. A Língua de Sinais é uma língua de modalidade gestual-visual porque utiliza, como meio de comunicação movimentos gestual e expressões faciais que são percebidos pela visão. Portanto, ela é diferenciada da Língua Portuguesa de ouvintes que é uma língua oral- auditiva, porque na Língua sons que são emitidos pela voz, que para um surdo é impossível de se perceber Nas Orientações Curriculares: A Língua Brasileira de Sinais tem, para as pessoas surdas, a mesma função que a Língua Portuguesa na modalidade oral tem para as ouvintes e é ela, portanto, que vaipossibilitar às crianças surdas atingirem os objetivos propostos pela escola, incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa na modalidade escrita.(PEREIRA, 2008, pg.22) Os sinais são formados a partir de combinações das formas e movimentos das mãos e expressões faciais. As mãos têm importância fundamental, pois elas são utilizadas para a 22 datitologia que é quando se utiliza o alfabeto com as mãos, como é no caso da Linguagem de Libras. Os movimentos podem ser utilizados ou não, isso irá depender de cada palavra, como nos utilizamos o som da voz eles utilizam os movimentos e expressões corporais para que se possam entender. As expressões faciais são as mais importantes para o entendimento real dos sinais, porque são elas que irão tomar o lugar dos sons, assim o tom da voz será com expressões faciais ou corporais, que dizem melhor quando há dor, quando há saudade e outras expressões que podemos utilizar para nos comunicar com outras pessoas sem que utilizemos palavras. Há algumas particularidades simples, que facilitam o entendimento da língua, como o fato de os verbos aparecerem todos no infinitivo e os pronomes pessoais não serem representados, sendo necessário apontar a pessoa de quem se fala para ser entendido. Há ainda algumas palavras que não tem sinal correspondente, como é o caso dos nomes próprios. Nessa situação, as letras são sinalizadas uma a uma para expressar tal palavra, utilizando assim o alfabeto. O alfabeto é representado pelos seguintes sinais: Figura 1: Alfabeto em Língua de sinais Fonte: http://conversandosobrealibras.blogspot.com.br. Acessado em 29 de Abr. 2018. http://conversandosobrealibras.blogspot.com.br/ 23 Figura 2: Numeração em língua de sinais Fonte: http://conversandosobrealibras.blogspot.com.br. Acessado em 29 de Abr. 2018. 3.7 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: A LIBRAS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE ALUNOS SURDES. O processo de alfabetização dos alunos surdos é algo que vem sendo discutido em inúmeras reuniões, encontros, congressos e escolas; para que a mesma possa ter uma funcionalidade de inclusão para os estudantes com surdez. O processo de alfabetizar uma criança com surdez necessita primeiramente alfabetiza- lo em sua língua para depois adquirir outro idioma, desta forma uma aprendizagem significativa de ingressar indivíduos com impedimento auditivo em um contexto social, necessita de todos os aspectos; educacional, social, familiar e profissional, na qual se tornam um dos maiores desafios abordados na educação inclusiva. Um aluno com surdez pode interagir e participar juntamente com os demais educandos nas atividades da sala de aula regular, fazendo uso dos dois idiomas principais do Brasil, a LIBRAS para os surdos e o português aos ouvintes. Desde que o educador possa incluir esse discente em todas as atividades propostas por ele no desenvolvimento do ensino aprendizado, sem haver separação de ouvintes e surdos, possibilitando aos alunos a percepção em distinguir a relação da língua falada e escrita como fonte de interação e comunicação entre as pessoas. Pereira (2006, pg. 62): Em se tratando de crianças surdas a interação deverá realizar-se por meio da língua de sinais. É ela que vai possibilitar aos surdos vivenciar práticas em que a escrita esteja envolvida, como contar histórias, relatar eventos vivenciados, entre outros, e http://conversandosobrealibras.blogspot.com.br/ 24 vão construir, assim, seu conhecimento de escrita, em um processo muito semelhante ao observado em crianças ouvintes. Portanto o educador como profissional mediador de conhecimentos e transmissor de saberes, valores morais e ideais deve dispor de uma forma de ensino que possa transmitir confiança para os alunos, fazendo com que estes participem do processo educacional independente de qualquer limitação que sem nenhuma forma de preconceito ou descriminação no meio educacional que está inserido. Sendo esta uma tarefa primordial do professor, promover uma sensibilização entre os educando da turma a respeito dos colegas deficientes para que os estudantes ditos normais possam se relacionar com os colegas de forma respeitosa e acolhedora, sendo o ensino produzido de maneira democrática em sala de aula. 3.8 DEFICIÊNCIA AUDITIVA Segundo o Decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999, a deficiência auditiva é uma "perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando em graus e níveis". Conhecida como hipoacusia ou surdez, é a incapacidade parcial ou total de audição. Pode ser de origem congênita, causada por viroses maternas doenças tóxicas desenvolvidas durante a gravidez ou adquirida, causada por ingestão de remédios que lesam o nervo auditivo, exposição a sons impactantes, viroses, predisposição genética, meningite. 3.8.1 TIPOS DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA Condutiva Quando ocorre qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico. Esta deficiência pode ter várias causas e entre elas pode-se citar: Corpos estranhos no conduto auditivo externo, tampões de cera, otite externa e média, malmá formação congênita do conduto auditivo, inflamação da membrana timpânica, perfuração do tímpano, obstrução da tuba auditiva, etc. Sensório-Neural Quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da orelha interna ou do nervo auditivo. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível. A deficiência auditiva sensório-neural pode ser de origem hereditária como problemas da mãe 25 no pré-natal tais como a rubéola, sífilis, herpes, toxoplasmose, alcoolismo, toxemia, diabetes etc. Também podem ser causada por traumas físicos, prematuridade, baixo peso ao nascimento, trauma de parto, meningite, encefalite, caxumba, sarampo etc. Mista Quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea. Central, Surdez Central ou Distúrbio no Processamento Auditivo Central Este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhado de diminuição da sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central). Com base no trabalho de Roeser & Downs, Martinez (2000), é possível classificar a pessoa com deficiência de acordo com seu grau de perda auditiva, avaliada em decibéis. O decibel é uma unidade de medida da intensidade do som. Essa grandeza pode ser definida como uma relação logarítmica entre duas potências (elétricas ou sonoras). É válida a seguinte fórmula matemática: dB =10 log 10 (I 1 /I 2). Segundo o estudo, a audição está normal quando há uma diminuição de até 15dB; nos casos de perda entre 16 e 25 dB, há uma deficiência auditiva suave. A surdez manifesta-se como leve quando a perda varia de 26 a 40 dB, moderada entre 41 e 55 dB, moderadamente severa entre 56 e 70 dB e severa entre 70 e 90 dB. Quando a perda é maior, existe uma deficiência auditiva profunda que impede o indivíduo de ouvir a voz humana e adquirir, espontaneamente, o código da modalidade oral da língua, mesmo com o uso de prótese auditiva. Porém, em 1966, Davis e Silverman (BRASIL, 1997), definiram os níveis de limiares, utilizados para caracterizar os graus de severidade da deficiência auditiva da seguinte forma: Audição Normal – Limiares entre 0 a 24 dB nível de audição. DeficiênciaAuditiva Leve – Limiares entre 25 a 40 dB nível de audição. Deficiência Auditiva Moderada– Limiares entre 41 e 70 dB nível de audição. Deficiência Auditiva Severa – Limiares entre 71 e 90 dB nível de audição. 26 Indivíduos com níveis de perda auditiva leve, moderada e severa são chamados de deficientes auditivos, enquanto os indivíduos com níveis de perda auditiva profunda são chamados surdos. Considerando Deficiência Auditiva Profunda – Limiares acima de 90 dB. 3.9 AS IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS DA INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS EM ESCOLA REGULAR E AS CONTRIBUIÇÕESDO USO DA LIBRAS REGIONALIZADA No contexto da educação, que é o cerne deste estudo, a Língua de Sinais surgiu com a função, entre outras, de facilitar a integração desse grupo ao mundo envolvente. Entretanto, durante muitos anos, o mito de que a língua de sinais impediria a aquisição da língua oral pelas crianças surdas, sua utilização no processo educacional, sempre acaba prejudicado são os alunos com surdez, como em outros momentos já foi citado pelo despreparo dos profissionais que acolhem esses alunos. Para muitos professores isso não é nada fácil, pois encarar a diversidade dentro de sala de aula e conseguir dar conta é um pouco árduo. Nos últimos anos já estão sendo incluídas disciplinas específicas na grade curricular das licenciaturas. Dessa forma, os profissionais que antes não tinham acesso a esse tipo de assunto ou não conheciam sobre pessoas com deficiência, agora já estão podendo se formar com um conhecimento básico, e parte do seu entusiasmo e vontade de seguir aprendendo, para assim poder interagir e socializar momentos importantes como o ensino-aprendizagem. Temos vários relatos de pessoas com surdez e também de seus familiares, que o acesso na escola, a participação em atividades são restritas, na maioria das vezes acontece a comunicação truncada (língua usada pela comunidade surda), na qual não a um entendimento entre ambas as partes, ou de certa forma se comunicar através de gestos, mímicas. Sabemos que a LIBRAS é trabalho diferenciadas para que as oportunidades, segundo Omote (1999), sejam equivalentes para as mais diversas pessoas. A prática da inclusão se baseia em princípios diferentes do que é tradicionalmente consagrado nas sociedades contemporâneas competitivas: aceitação das diferenças individuais, valorização de cada pessoa e aprendizagem por meio de cooperação. Para Quadros (2006, p. 35), a língua de sinais “é uma língua espacial visual, pois utiliza a visão para captar as mensagens e os movimentos, principalmente das mãos, para transmiti-la”. Distinguem-se das línguas orais pela utilização do canal comunicativo, enquanto as línguas 27 orais utilizam canal oral auditivo, as línguas de sinais utilizam canal gestual visual. Esta forma de linguagem é rica, completa, coexiste com as línguas orais, mas é independente e possui estrutura gramatical própria e complexa, com regras fonológicas, morfológicas, semânticas, sintáticas e pragmáticas. É lógica e serve para atingir todos os objetivos de forma rápida e eficiente na exposição de necessidades, sentimentos, desejos, servindo plenamente para alimentar os processos mentais. (QUADROS, 2006). Quadros (2006, p. 57), salienta que "(...) a identidade surda se constrói dentro de uma cultura visual, essa diferença precisa ser entendida não como uma construção isolada, mas como construção multicultural". Desta forma, entende-se que a identidade dos surdos é o conjunto de traços que o distingue dos ouvintes, representada por uma cultura específica, resultante das interações entre surdos. A identidade cultural surda é formada através do pertencimento a uma cultura, por isso, o surdo está sempre em situação de necessidade com o outro igual, sendo a cultura surda o local onde o surdo constrói sua subjetividade de forma a assegurar a sua sobrevivência e a ter seu status dentro das múltiplas culturas. (QUADROS, 2006). Segundo Quadros (2005, p. 59), “a cultura surda tem características peculiares, específicas diante das demais culturas”. O autor, ainda, acrescenta que “a cultura surda é multifacetada, é própria do surdo, se apresenta de forma visual onde o pensamento e a linguagem é de ordem visual e por isso é tão difícil de ser compreendida pela cultura ouvinte” (p.60). Esse contexto abordado pelo autoresclarece que cultura é a forma global de vida ou a experiência vivida de um grupo social, é definida como um campo de forças subjetivas que se expressam através da linguagem, dos juízos de valor, da arte, das motivações, etc., gerando a ordem de um grupo, com seus códigos próprios, sua forma de organização e de solidariedade. (QUADROS, 2006) O surdo percebe o mundo de forma diferenciada dos ouvintes, através de uma experiência visual e faz uso de uma linguagem específica para isso, a língua de sinais. Esta língua é, antes de tudo, a imagem do pensamento dos surdos e faz parte da experiência vivida da comunidade surda. Como artefato cultural, a língua de sinais também é submetida à significação social a partir de critérios valorizados, sendo aprovada como sistema de linguagem rica e independente. (QUADROS, 2006). Sabe-se que as dificuldades encontradas vão desde a educação infantil até as últimas séries, em vários temas do currículo. Como ensinar uma língua que não é a língua materna? Quais as estratégias, metodologias, abordagens usadas para o ensino de segunda língua? 28 Quais os requisitos necessários para debruçar-se nesse ensino e nessa aprendizagem? Que habilidades o professor deve ter, e quais os requisitos para alunos surdos compreenderem e virem a dominar a língua portuguesa, na modalidade escrita, considerando que, a aprendizagem de uma segunda língua não se dá de forma “natural”. Requer um espaço formal de educação, com professores habilitados para essa função, conscientes de sua ação, no mínimo conhecedores de Libras, e de preferência acompanhado de educadores surdos, dominantes da Libra. Além disso, há uma gama de aspectos que envolvem um processo de ensino e aprendizagem de qualidade para esse fim. A Língua Brasileira de Sinais é a melhor forma de aprendizado entre aluno e professor, e é através de cursos de formação, dentro de grade curricular, de extensão que se inicia a inclusão, facilitando e ajudando alunos e também seus familiares a ter um melhor entendimento. 29 REFERÊNCIAS GOLDFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sóciointeracionista2 ed. São Paulo: Plexus, 2002. QUADROS, R. M. de. Educação de Surdos: a aquisição da linguagem. Artes Médicas. Porto Alegre, 1997. SANTOS, M. P. dos. Educação especial: A família e o movimento pela inclusão. Brasília: 1999 SASSAKI, R. K. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. MAZZOTTA, M.J.S. Ainclusão e integração ou chaves da vida humana. In: III Congresso Ibero- Americano de Educação Especial. Paraná: 1998 BRITO L.F. Integração social & Educação de surdos. Rio de Janeiro: Babel; 1993. DIOGO, José M.L. Parceria escola-família: A comunidade de uma educação. FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos). Kit LIBRAS é Legal! 2002. LACERDA, Cristina. Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos. Cad. CEDES vol.19 n.46 Campinas Set.1998 SACKS, Oliver. Vendo vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio Janeiro:Imago, 1989. FERNANDES, E. Linguagem e surdez. Porto Alegre: Artmed, 2003. PEREIRA, Maria Cristina da C. (org). Orientações curriculares e proposição de expectativas de aprendizagem para a Educação Infantil e Ensino Fundamental. São Paulo: secretaria deEducação do Estado de São Paulo,2008. HARRISON, K.M.P.O momento do diagnóstico de surdez e as possibilidades.
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