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MALÁRIA Agentes causadores: Plasmodium vivax (89% dos casos notificados no BR)/ P. falciparum / P. malariae / P. ovale. Vetores: Anopheles gambiae / Anopheles darlingii EPIDEMIOLOGIA o 90% dos casos acontecem na África. o Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins. o Maior parte dos casos em regiões periurbanas e rurais – Garimpos, assentamentos, áreas indígenas o Casos autóctones nas regiões sul/sudeste – Surto de P. simium no RJ *A notificação deve ser feita em 24h!. POLIMORFISMOS QUE DIMINUEM A PROBABILIDADE DA DOENÇA Anemia falciforme (hemoglobina S) Hemoglobina C (HBC) Deficiências enzimáticas dos eritrócitos Deficiência de glucose-6-fosfato desidrogenase Deficiência de piruvato quinase Antígeno DUFFY/receptor de quemoquinas (DARC) Grupos sanguíneo O Desordens da hemoglobina – hemoglobinopatias e α/β talassemias FORMAS CLÍNICAS o Vivax – Febre terçã benigna: Incubação de 13-17 dias; baixa parasitemia, febre a cada 48h. complicação: rotura esplênica – Intensificações e recaídas são frequentes. o Falciparum – Febre terçã maligna: Incubação de 8-12 dias, grave, alta parasitemia, produz fenômenos trombóticos e isquemia tecidual o Malariae – Febre quartã: Rara no BR, incubação de 18-30 dias, febre a cada 72h, parasitemia moderada. Complicação: Síndrome Nefrótica A infecção em humanos começa a partir da picada da fêmea do mosquito Anopheles infectada (esporozítos saem da sua glândula salivar e entram na corrente sanguínea). Dentro dos hepatócitos, os esporozoítos amadurecem para esquizontes teciduais, que darão origem aos merozoítos que vão parasitar as hemácias – causando os sintomas. Alguns esquizontes ficam latentes como HIPNOZOÍTOS por meses e podem, depois, transformarem-se em esquizontes teciduais, produzindo então recaídas da doença, meses após a infecção da malária vivax QUADRO CLÍNICO o Calafrios violentos o Febre alta com duração de 6 a 12 horas, com temperatura ≥ 40°C o Sudorese profusa o Mialgia o Hipotensão o Palidez o Icterícia leve o Hepatoesplenomegalia *Nem sempre observa-se o padrão de febre – O padrão é mais comum na primoinfecção – Costuma ser mais grave FORMAS GRAVES o Malária cerebral o Anemia grave – Hb<5 e HT<15 criança / Hb<7 e Ht < 20 adultos o IRA – Creatinina > 3mg/dL o Edema Agudo de Pulmão – Crepitações e Sat. < 92% o Hipoglicemia – Glicemia ≤ 40 mg/dL o Choque circulatório o Dor abdominal intensa – Rotura de baço o Vômitos persistentes o Convulsões o Acidose metabólica (Bic<15) ou Lact. ≥ 5 mmo/L o Rebaixamento do nível de consciência o Icterícia (BT > 3 mg/dL) o Hiperparasitemia > 10% *Quem costuma desenvolver a forma grave são gestantes, crianças, jovens, viajantes em áreas de risco com primoinfecção. *O agente etiológico mais comum na forma grave é o Plasmodium Falciparum *Internação imediata com drogas de ação rápida *Tratamento Formas Graves – Artesunto EV ou Artemeter IM + Manutenção: Clindamicina ou Doxiciclina ou Mefloquina por 5 dias *O atraso no diagnóstico aumenta a morbimortalidade *1 dos seguintes sintomas já é critério para internação Parasitemia alta, dispneia (edema pulmonar), Oligúria (IRA), Hemorragias (CIVD), Alteração nível de consciência (malária cerebral), convulsões, icterícia e hipoglicemia. TÉCNICA LABORATORIAL PARA DIAGNÓSTICO: o Técnica da GOTA ESPESSA – Procura por hemácias deformadas, com o azul de metileno, é possível ver o protozoário, assim como identificar sua espécie, densidade parasitaria e definir se há alta ou baixa parasitemia. Vantagem de baixo custo, armazenamento da lamina pode ser feito em qualquer local e é de fácil capacitação – Importante para monitorar o nível de parasitemia, controle de tratamento e espécie o Esfregaço de sangue periférico – GOTA DISTENDIDA – É o esfregaço normal em que se procura por hemácia com trofozoítos jovens TRATAMENTO Definir Urgência (clínica complicada/não complicada) + Protocolo de tratamento Objetivos: o Interrupção da Esquizogonia sanguínea, responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção o Destruição de formas latentes do parasita no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécie P. vivax e P. ovale, evitando assim as recaídas o Interrupção da transmissão do parasito, pelo uso de drogas que impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos parasitas (gametócitos) Pontos Chave para o TTO: o Espécie de Plasmodium o Idade do paciente – Maior toxicidade para crianças e idosos o História de exposição anterior – Primoinfecções são mais graves o Condições associadas – Gravidez e outros problemas de saúde o Gravidade da doença *Objetivo é a cura radical – Sanguínea + hepática A Administração deve ser feita após as refeições, repetir se houver vômitos até 30 min após a tomada; não administrar Primaquina e tafenoquina em puérperas e gestantes (cloroquina até o fim da gestação), se aparecer icterícia, tontura ou urina escura (deficiência de G6PD) – Procurar atendimento médico o Malária não complicada P. vivax – Cloroquina (Esquizonticida eritrocitária) por 3 dias (4, 3, 3) + Primaquina (Esquizonticida tecidual/gametocitocida) por 7 a 14 dias (1 ou 2 cp.) o Malária não grave por P. falciparum – Artemeter + Lumefantrina ou Artesunato + Mefloquina SITUAÇÕES DE RISCO ELEVADO DE TRANSMISSÃO DA MALÁRIA: o Itinerário de viagem – Local com níveis elevados de transmissão de malária e/ou transmissão em perímetro urbano o Objetivo da viagem – Atividades do pôr-do-sol ao amanhecer o Condições de acomodação – Dormir ao ar livre, em acampamentos, barcos, ou habilitações precárias sem proteção contra mosquitos o Duração da viagem – Período da viagem maior que o período de incubação da doença (sete dias) o Época do ano – Estações chuvosas o Altitude do destino – Destino até 1000 m de altitude o Acesso ao sistema de saúde no destino distante em mais de 24 horas MEDIDAS PROFILÁTICAS: o Evitar atividades ao amanhecer e ao por do sol o Uso de roupas claras de mangas longas o Telas em portas e janelas e ar condicionado o Mosquiteiro impregnado o Repelente o Profilaxia – Doxiciclina, Mefloquina, Atovaquona/Proguanil, Cloroquina ( 1 semana antes da vaigem + 4 semanas depois) DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: Dengue, Chikungunya, Zika, Febre amarela, Leptospirose, Febre tifoide, Infecção urinária, gripe e ebola LEISHMANIOSE VISCERAL o Principal parasita (protozoário): Leishmania chagasi. o Vetores: mosquito palha (flebotomíneos) – Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. o Reservatórios: cachorro, raposa e os marsupiais. o Período de incubação: Tanto para o homem quanto para o cachorro é bastante variável – Homem: 10 a 24 meses com média de 2 a 6 meses / Cão: 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 meses o Áreas de maior transmissão no Brasil Bauru, Araçatuba, Marília, Vale do Jequitinhonha, Três lagoas / MG, MS, TO, MA, CE, SP, BA, PI e PA. É uma doença de notificação compulsória CICLO REPRODUTIVO A leishmaniose é transmitida pela picada de flebotomíneas infectadas. Ao se alimentarem de sangue, as flebotomíneas injetam promastigotas metacíclicos (o estágio infeccioso) de sua probóscide. Os promastigotas são fagocitados pelos macrófagos e outras células mononucleares fagocíticas. Nessas células, os promastigotas se transformam em amastigotas (o estágio tecidual). Os amastigotas se multiplicam por divisão simples e infectam outras células fagocíticas mononucleares.Ao se alimentarem do sangue de um hospedeiro infectado, as flebotomíneas são infectadas pela ingestão de macrófagos infectados por amastigotas. No intestino médio das flebotomíneas, os amastigotas se transformam em promastigotas. Aí, se multiplicam, se desenvolvem e migram para a probóscide. Na Leishmania visceral há disseminação hematogênicado protozoário para outros tecidos – Linfonodos, medula óssea, fígado e baço Suspeitar em paciente com febre + pancitopenia + hipoalbuminemia e Hipergamaglobulinemia CLINICA 1. FORMA AGUDA: Febre < 4 semanas, palidez cutâneo mucosa e hepatoesplenomegalia. Estado geral preservado. Pode apresentar tosse e diarreia. Alguns pacientes apresentam a forma oligossintomatica, em que os sintomas (febre baixa, palidez leve, diarreia, tosse não produtiva e pequena hepatoespleno) duram aproximadamente 15 dias e desaparecem espontaneamente. o Exames laboratoriais: anemia NN, velocidade de hemossedimentação elevada (VSH). o Exames sorológicos: imunofluorescencia indireta (IFI) e ELISA são reativos. O aspirado de medula óssea apresenta a forma amastigota (pode não aparecer). 2. PERÍODO DE ESTADO: Febre irregular, emagrecimento progressivo, palidez cutâneo mucosa e aumento da hepatoesplenomegalia. Quadro clinico mais arrastado, mais de 2 meses de evolução. Apresenta comprometimento do estado geral. o Exames laboratoriais: anemia, trombocitopenia, leucopenia (pancitopenia - infiltração na medula óssea), elevação das aminotransferases, das bilirrubinas e aumento discreto dos níveis de ureia e creatinina. o Exames sorológicos: os títulos de anticorpos específicos encontram-se aumentados e a intradermorreação de Montenegro é negativa. A forma amastigota é encontrada em baço, medula óssea, fígado, linfonodos. 3. FASE TERMINAL: Caquexia, icterícia, ascite, hemorragias, infecções, febre contínua, edema/anasarca, desnutrição. Nesses pacientes o óbito é devido infecções bacterianas e/ou sangramentos. COMPLICAÇÕES MAIS FREQUENTES: Otite media aguda, piodermites, infecções do trato urinário e respiratório, hemorragias secundarias a plaquetopenia. DIAGNOSTICO 1. RIFI (imunofluorescencia indireta), ELISA: o resultado é expresso em diluições. Considerado positivo a partir 1:80. Se > 1:40 é recomendado repetir o exame em 30 dias. 2. Punção de medula (padrão-ouro): exame direto-esfregaço OU isolamento em animais. 3. PCR 4. Intradermo Montenegro negativo (torna-se positivo após cura clínica = marcador de cura clínica) – semelhante ao PPD. 5. Testes para diagnóstico rápido rK39 6. Teste rápido OBS: Padrão ouro é isolar o agente – Cultura em meio NNN O ideal é realizar uma biópsia hepática ou esplênica e aspiração de linfonodo + cultura, porém biopsiar medula óssea é mais seguro por menor risco de sangramento TRATAMENTO: Antimonial pentavalente: 20mg Sb+5 kg/dia de 20-40 dias Ampola de 5ml, contendo 405mg de Sb+5 (1ml = 81mg de Sb+5) É cardiotóxico – Inversão de T e aumento do intervalo QT. Ausculta e ECG para detectar arritmias CI: pacientes em uso de BB e antiarrítimicos, portadores de insuficiência renal/hepática, grávidas (1º e 2º trimestre). Em caso de tratamento hospitalar, devem ser observados criteriosamente os seguintes sinais e sintomas: anemia acentuada (hemoglobina inferior a 5g%); diarréia grave ou prolongada; edema generalizado; desnutrição grave; presença de sangramento; infecções concomitantes; doenças associadas (cardiopatia, nefropatia, hepatopatia, hipertensão arterial); ausência de resposta ao tratamento (refratariedade primária); casos de recidiva; presença de icterícia; pacientes com menos de 6 meses de vida ou mais de 65 anos. Efeitos colaterais: distúrbios de repolarização da onda T (ECG), adinamia, anorexia, dor no local, aumento da diurese, perda transitória da capacidade de concentração urinaria. Deve ser interrompido se aumentar em 4 vezes a amilase e 15 vezes a lipase em relação aos níveis normais. Critério de cura: desaparecimento dos sintomas, normalização dos exames laboratoriais, ganho laboratorial, melhora do estado geral. Anfotericina B 1mg/kg de peso até máximo de 3 g – em dias alternados. Diagnósticos diferenciais Leucemia mieloide crônica, Esquistossomose septicêmica prolongada (esquistossomose + bactéria gram – associada) e TB disseminada LEISHMANIOSE TEGUMENTAR Parasitas causadores Leishmania braziliensis, Leishmania amazonensis e Leishmania guyanensis Vetor Mosquito palha (Flebotomíneos) Reservatórios Cães, gatos (domésticos) e marsupiais (silvestre) Áreas de transmissão Brasil inteiro, poupando apenas a região sul CLINICA LEISHMANIOSE CUTÂNEA o Incubação de 2 semanas a 2 meses o Doença benigna – Pode evoluir com cura espontânea ou perdurar por anos o Mácula que evolui para pápula e lesão ulcerada o São lesões indolores em áreas expostas, com formato ovalado, base eritematosa e bordas delimitadas o Lesões únicas ou em pequeno número o Montenegro + 1. Forma cutânea localizada – Acometimento primário da pele. A lesão é do tipo úlcera com tendência a cura espontânea e boa resposta ao tratamento. Pode ser única ou múltiplas. 2. Forma cutânea difusa – Causada pela L. amazonensis. É uma forma clínica rara e grave, que acomete pacientes com anergia e deficiência da resposta imune celular. Inicia de maneira insidiosa, com lesão única e má resposta ao tto, evolui de forma lenta, com formação de placas e múltiplas nodulações não ulceradas recobrindo grandes extensões. Apresenta baixa ou nenhuma resposta terapêutica 3. Forma recidiva cutis 4. Forma disseminada - incomum, sendo observada em até 2% dos casos. Aparecimento de múltiplas lesões papulares e de aparência acneiforme, que acomete vários segmentos corporais (frequentemente face e tronco). Podem apresentar até 100 lesões. Apresenta acometimento mucoso e manifestações sistêmicas (febre, mal estar, dor muscular, emagrecimento, anorexia). LEISHMANIOSE MUCOSA o Lesões destrutivas em mucosa de VAS o Pode ser secundária à lesão cutânea, por disseminação hematogênica (> 10 anos) o Acomete palato, lábio, língua, laringe, mucosa nasal, orofaringe, traquéia, genitais e ânus o Clínica de obstrução nasal, crostas, epistaxe, dispneia, odinofagia, ulceração e perfuração de septo o É de difícil resposta terapêutica – exige doses maiores de medicação o IDNM forte positiva Formas clínicas – Forma mucosa tardia, FM sem lesão cutânea prévia, FM concomitante, FM contígua, FM primária DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: o Forma cutânea localizada: tuberculose, micobacterioses atípicas, paracoccidioidomicose cutânea, úlceras de estase venosa, úlceras decorrentes da anemia falciforme, picadas de insetos, granuloma por corpo estranho, ceratoacantoma, carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular, histiocitoma, linfoma cutâneo, esporotricose, cromoblastomicose , piodermites, trauma local o Forma cutânea disseminada: histoplasmose, criptococose cutânea, micobacteriose disseminada o Forma cutânea difusa: hanseníase virchowiana o Forma mucosa:paracoccidioidomicose, carcinoma epidermóide, carcinoma basocelular, linfomas, rinofi ma, rinosporidiose, entomoftoromicose, hanseníase Virchowiana, sífilis terciária, perfuração septal traumática ou por uso de drogas, rinite alérgica, sinusite, sarcoidose, granulomatose de Wegner DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: o Imunológico – Teste intradérmico (Montenegro) – Pode ser negativo até as 6 primeiras semanas o Parasitológico – Demonstração direta do parasita – Escarificação do bordo da lesão, com biópsia com impressão do fragmento cutâneo e punção aspirativa / Isolamento em cultivo in vitro – os fragmentos cutâneos ou de mucosa são inoculados e então os parasitas crescem e depois de 5 dias são encontradas as formas promastigotas. o Histopatológico – Escarificação – Biopsia com impressão (padrão-ouro) TRATAMENTO
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