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1 Débora Oléa Braga - TXXII APOSTILA INFECTO – 4º ANO 2 Débora Oléa Braga - TXXII 1. LEISHMANIOSE LEISHIMANIOSE VISCERAL • Sinonímia. o Calazar. o Esplenomegalia tropical. o Febre dundun. o Doença do cachorro. • Agente etiológico → Protozoário Leishmania chagasi, parasita intracelular obrigatório. RESERVATÓRIOS ➢ Na área urbana → O cão (Canis familiaris) é a principal fonte de infecção. o Sinais e sintomas no cão → Emagrecimento, queda de pelos, crescimento e deformação das unhas, paralisia de membros posteriores, desnutrição, entre outros. ➢ No ambiente silvestre → As raposas (Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous) e os marsupiais (Didelphis albiventris). ➢ Questiona-se a possibilidade de o homem também ser fonte de infecção. MODO DE TRANSMISSÃO • No Brasil, a forma de transmissão é através da picada da fêmea dos insetos Lutzomyia longipalpis e L. cruzi, infectados (mosquito-palha). • Parece ocorrer transmissão entre a população canina através da ingestão de carrapatos infectados e, mesmo, através de mordeduras, cópula e ingestão de vísceras contaminadas, porém não existem evidências sobre a importância epidemiológica desses mecanismos de transmissão para humanos ou na manutenção da enzootia. • Não ocorre transmissão direta da LV de pessoa para pessoa. PERÍODO DE INCUBAÇÃO • No homem varia de 10 dias a 24 meses (em média, 2 a 6 meses). • No cão, varia de 3 meses a vários anos (em média, 3 a 7 meses). PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE • O vetor poderá se infectar enquanto persistir o parasitismo na pele ou no sangue circulante dos animais reservatórios. CICLO EVOLUTIVO • Apresenta duas formas → Amastigota, que é obrigatoriamente parasita intracelular em mamíferos e promastigota, presente no tubo digestivo do inseto transmissor QUADRO CLÍNICO PERÍODO INICIAL: ➢ Fase aguda. • Febre com duração inferior a 4 semanas. • Palidez cutâneo-mucosa. • Hepatoesplenomegalia. • Oligossintomática em alguns casos, especialmente em crianças. • Exames sorológicos são invariavelmente reativos. • O aspirado de medula óssea mostra presença de forma amastigota do parasito. o Pode ou não mostrar a presença de Leishmania. 3 Débora Oléa Braga - TXXII PERÍODO DE ESTADO: • Quadro clínico arrastado, geralmente com mais de 2 meses de evolução e, muitas vezes, com comprometimento do estado geral. • Febre irregular. • Emagrecimento progressivo. • Palidez cutâneo-mucosa. • Hepatoesplenomegalia. • Apresenta no exame sorológico títulos de anticorpos específicos anti-Leishmania elevados. PERÍODO FINAL: • Caso não seja feito o diagnóstico e tratamento, a doença evolui progressivamente para o período final. • Febre contínua, comprometimento intenso do estado geral. • Desnutrição, (cabelos quebradiços, cílios alongados e pele seca), edema dos membros inferiores e anasarca, em alguns casos. • Epistaxe, gengivorragia, petéquias, icterícia e ascite. • Nessa fase, geralmente, o óbito ocorre por infecções bacterianas e/ou sangramentos. • No exame sorológico, os títulos de anticorpos específicos anti-Leishmania estão elevados. DIAGNÓSTICO EXAMES INESPECÍFICOS. • Hemograma → Pancitopenia, linfocitose relativa, eosinofilia. • Dosagem de proteínas → Intensa inversão da relação albumina/globulina, com padrões tão acentuados quanto no mieloma múltiplo. EXAME SOROLÓGICO (DETECÇÃO DE ANTICORPOS) • Imunofluorescência indireta (são considerados positivos títulos acima de 1:80). • Elisa. BIOLOGIA MOLECULAR • PCR. EXAME PARASITOLÓGICO • Diagnóstico de certeza feito pelo encontro de formas amastigotas do parasito, em material biológico obtido da medula óssea, linfonodo ou baço. o Pesquisa direta, cultura, inoculação em animais. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Malária. • Brucelose. • Febre tifoide. • Esquistossomose hepatoesplênica. • Doença de Chagas aguda. • Linfoma. • Mieloma múltiplo. • Anemia falciforme. TRATAMENTO • Antimonial Pentavalente (antimoniato de N-metil Glucamina). • Anfotericina B lipossomal. o Droga de escolha. • Anfotericina B desoxicolato. 4 Débora Oléa Braga - TXXII LEISHMANIANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA • A suscetibilidade é universal. • A doença não confere imunidade ao paciente (pode ter a doença várias vezes durante a vida). • Infecção que afeta outros animais e, ocasionalmente, o homem. • Agente etiológico → Protozoário do gênero Leishmania. • No Brasil, as espécies mais importantes são Leishmania (Viannia) braziliensis, L. (L.) amazonensis e L. (V.) guyanensis. o Saber qual espécie está acometendo seu paciente não altera o tratamento, nem a conduta clínica (é importante a nível de epidemiologia). Forma flagelada ou promastigota → Tubo digestivo do inseto do vetor. Forma aflagelada ou amastigota → Tecido do hospedeiro vertebrado. HOSPEDEIROS E RESERVATÓRIOS • Marsupiais, roedores, preguiça, taman. TRANSMISSÃO • Pela picada da fêmea de insetos flebotomíneos do gênero Lutzomyia (popularmente conhecido como mosquito palha, tatuquira, birigui). • Não há transmissão inter-humana. • Período de transmissibilidade é desconhecido. Ciclo de transmissão • O mosquito pica o animal infectado e posteriormente pica o homem QUADRO CLÍNICO EM OUTROS ANIMAIS • Cão/Gato com lesões em lábios e fucinho. • O quadro clínico nos animais é bastante sugestivo (úlceras características, bem delimitadas). HUMANOS • Lesão inicial. o Infiltrado inflamatório cheio de parasitas. • Período de incubação. o 2 semanas a 3 meses, tempo entre a picada e o aparecimento da lesão inicial. Em alguns casos, a incubação pode levar até 2 anos. • Evolução. o Lesão inicial → Nódulo dérmico (histiocitoma) → Lesão úlcero-crostosa → Úlcera leishmaniótica. - A úlcera é característica da doença, mas NÃO é patognomônica. LESÕES CUTÂNEAS • Pápulas, que evoluem para úlceras com fundo granuloso e bordas infiltradas em moldura, que podem ser únicas ou múltiplas, mas indolores; placas verrucosas, papulosas, nodulares, localizadas ou difusas. LESÕES DE MUCOSA • Pode ser secundária ou não à lesão cutânea. • Ocorre infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe. • Quando a destruição dos tecidos é importante, podem ocorrer perfurações do septo nasal e/ou palato. 5 Débora Oléa Braga - TXXII COMPLICAÇÕES Na forma mucosa grave: - Disfagia - Disfonia - Insuficiência respiratória por edema de glote. - Pneumonia por aspiração – Morte. DIAGNÓSTICO • Intradermorreação de Montenegro (IDRM) positiva. • Demonstração do parasito no exame parasitológico direto em esfregaço de raspado da borda da lesão, ou no imprint feito com o fragmento da biópsia (mais usado, se disponível). • Anatomo-patológico. • Cultura. • PCR. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Forma cutânea: o Úlceras traumáticas, úlceras vasculares, paracoccidioidomicose, esporotricose, cromomicose, neoplasias cutâneas, sífilis e tuberculose cutânea. • Forma mucosa: o Hanseníase virchowiana, paracoccidioidomicose, sífilis terciária, neoplasias. TRATAMENTO • Antimoniato de N-metil glucamina (Glucantime). • Pentoxifilina. • Anfotericina lipossomal. 6 Débora Oléa Braga - TXXII 2 – HIV INTRODUÇÃO Ficou conhecida em 1982 pelo clube dos 5 ‘’Hs’’: - Homossexuais masculinos. - Haitianos. - Hemofílicos. - Heroinômanos (usuários de drogas IV). - Hookers (prostitutas). A epidemia cresce em jovens. A epidemia cresce em pacientes acima de 50 anos. Reservatórios do HIV: Encéfalo, gânglios. CARACTERÍSTICAS O vírus possui glicoproteínas nasuperfície. Para o vírus entrar nas células as glicoproteínas do vírus devem se acoplar nos correceptores (CCR5 e CXCR4: receptor de CD4). ‘’Paciente de Berlim’’: Não se infectou pelo HIV pois não possuía o correceptor para o vírus. *Recebeu um transplante sem o correceptor. SOBREVIDA: Habitualmente é um pouco menor devido ao estado inflamatório, complicações do HIV e efeitos colaterais dos medicamentos. ESTRUTURA DO HIV Genoma: RNA. Família: Retroviridae. Gênero: Retrovirus. Glicoproteínas de superfície: GP41 e GP120 Precisam de acoplar nos correceptores de CD4 para entrar nas células. 1. Vírus se acopla nos linfócitos. 2. Fusão do vírus com a membrana celular = Vírus libera seu material genético dentro da célula humana. 3. Liberação da enzima transcriptase reversa: Transforma o RNA em DNA Em DNA o vírus se integra no núcleo/material genético. *Enzima integrase: Integra o DNA viral no DNA humano. 4. Fita de DNA viral é clivada pela enzima protease no citoplasma para formar novos vírus. Quanto mais a carga viral menor o sistema imunológico O vírus ao sair da célula destrói a célula humana. ORIGEM DO VÍRUS HIV-1 Evoluiu do SIVcpz (simian immunodificiency vírus) encontrado em uma subespécie de chimpanzé Pan troglodyte troglodyte. *No macaco não causa problema. Mais patogênico e virulento 7 Débora Oléa Braga - TXXII HIV-2 . Menos virulento, evoluiu do SIVsm encontrado nos Sooty mangabeys. . Chimpanzé Mylin. Mais restrito ao continente africano. Menos patogênico e virulento. CLASSIFICAÇÃO DO HIV Tipo 1 → Amplamente distribuído no globo. Tipo 2 → Mais restrito ao continente africano, causa doença mais branda. • A importância dos subtipos tem sido estudada, mas, até o momento não se indica modificação de qualquer conduta relacionada ao tratamento devido ao subtipo do HIV. FORMAS DE TRANSMISSÃO Sexual (vaginal, anal, oral – não muito efetivo). Sanguínea. Vertical. Exposição a material com risco biológico. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Em torno de 5 a 7 anos: Do dia que eu me infecto ao dia que a contagem de CD4 < 200 células. - Pacientes progressores lentos: A queda de CD4 é muito lenta. - Pacientes controladores de elite: CD4 desses pacientes nunca caem. O organismo desses indivíduos consegue fazer com que o vírus fique indetectável. - Pacientes muito patogênicos: Rapidamente se infectam e se tornam virulentos. A – SÍNDROME RETROVIRAL AGUDA (SÍNDROME MONONUCLEOSE) Após o contato desprotegido com uma pessoa com HIV a pessoa se infecta. *OBS: Não são todas as pessoas que se infectam com o vírus, há vários fatores envolvidos. *CONTATO COM OUTRAS ISTs = Deixa a mucosa friável e mais propensa a INFECÇÃO pelo HIV. 60% dos pacientes vão ter um sintoma mais genérico: Confunde a equipe médica com outras doenças = Grande chance de erro diagnóstico. 8 Débora Oléa Braga - TXXII • 50 a 70% dos pacientes. • 1 a 6 semanas de infecção. • Febre, sudorese, rash cutâneo, dor de carganta, mialgia, cefaleia, diarreia, faringite, exantema maculopapular centrípeto, linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, sintomas neurológicos. *Alguns podem ter quadros graves como encefalite. Depois de 10-15 dias ocorre uma melhora do paciente = Resolução. Soroconversão em 2 a 6 semanas • Sorologia pode estar negativa, situação denominada JANELA SOROLÓGICA. • Há queda de CD4 e carga viral muito elevada (alta viremia). B - LATÊNCIA CLÍNICA ASSINTOMÁTICO. Há um equilíbrio Indivíduo não desenvolve doença e continua transmitindo. • Pode ter sintomas inespecíficos: Linfadenopatia generalizada persistente. Febre, fadiga, anorexia, perda de peso, diarreia. • Fenômenos imunológicos. C - AIDS CD4 < 200 células OU INFECÇÕES OPORTUNISTAS independente do CD4. *Normal é em torno de 1000 células • Imunodeficiência avançada. • Neoplasias. OBS: Ter a infecção pelo HIV: Tem o vírus, porém não desenvolveu doenças oportunistas. Em vermelho = Paciente com AIDS. Branco = Infecção por HIV. Os pacientes em vermelho não voltam para os quadrados brancos. - ‘’Uma vez C3 vai ser C3 para sempre’’. OPORTUNIDADE PARA PREVENÇÃO Tentar fazer o diagnóstico o mais precoce (fase retroviral aguda ou latência clínica) possível para começar o tratamento. PREVENÇÃO COMBINADA - Rastreamento precoce. - Checagem de IST. - PREP: Profilaxia pré-exposição. 9 Débora Oléa Braga - TXXII - PEP: Profilaxia pós-exposição. - Uso de preservativos. - Redução de parceiros. CAMINHOS PARA CURA ELIMINAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS: - Problema: Indetectável na corrente sanguínea, porém o vírus está ativo nos reservatórios. - Nos reservatórios o antirretroviral atua menos e o indivíduo fica em um estado de INFLAMAÇÃO BASAL. - O vírus sai do reservatório e vai para corrente sanguínea. *Transplante de medula: Não adianta para cura, pois, tem os vírus no reservatório. SINTOMAS NÃO DEFINIDORES • Candidíase orofaríngea. • Candidíase vulvovaginal persistente, frequente ou refratária. • Diarréia com >1 mês de duração. • Febre (³ 38,5oC) com >1 mês de duração. • Displasia cervical (moderada ou severa) /Carcinoma cervical in situ. • Angiomatose bacilar. • Herpes zoster (2 episódios ou 2 dermátomos simultâneos). • Leucoplasia pilosa oral. • Púrpura trombocitopênica idiopática. • Listeriose. • Doença inflamatória pélvica (principalmente com abscesso tubo-ovariano). • Neuropatia periférica. DIAGNÓSTICO Diagnóstico sigiloso. Não damos diagnóstico com um exame só: Devem ser feitos 2 exames de sangue colhidos em momentos e testes diferentes. Um exame negativo não afasta a suspeita de infecção pelo HIV o Nessa situação deve ser repetido o exame em 30 dias. Há vários algoritmos aceitos para a realização do diagnóstico: EXAMES SOROLÓGICOS 1. TRIAGEM Elisa, Teste rápido. ➢ Tem janela sorológica de 15 dias, aproximadamente - Período que um organismo leva, a partir de uma infecção, para produzir anticorpos que possam ser detectados por exames de sangue. ➢ Testes rápidos (Imunoensaios simples) → Feitos com amostra de soro, fluido oral, plasma ou sangue total. o Utilizados em situações especiais definidas pelo Ministério da Saúde, por exemplo, acidentes ocupacionais. 2. TESTE CONFIRMATÓRIO Western blot e Imunofluorescência. 3. TESTE RÁPIDO Dot blot 10 Débora Oléa Braga - TXXII EXAME VIROLÓGICO • Antígeno p24. • PCR. TRATAMENTO Quando tratar? Terapêutica → Adultos e crianças. Profilática → - Gestantes soropositivas. - Exposição ocupacional. - Violência sexual. - Parceiros sorodiscordantes. No caso de exposição ocupacional e violência sexual devemos iniciar o tratamento antirretroviral até 72 horas. *Idealmente é melhor nas primeiras 2 horas. QUANDO INICIAR TARV? • TODO PACIENTE INFECTADO PELO HIV TEM QUE INICIAR O TRATAMENTO INDEPENDENTE DA CONTAGEM DE CD4+. *HIV +. TRATAMENTO INICIAL Tenoflovir / Lamivunida + Dolutegravir Tenoflovir/ Lamivudina Formulados em 1 cp, 1X ao dia. Doluregravir 1x ao dia. Caso o paciente não possa usar devido a algum efeito colateral passamos para outro esquema. Devemos olhar bem as interações medicamentosas com os antirretrovirais. Antirretroviral: Objetivo Matar o vírus para que ele fique INDETECTÁVEL no sangue. *Não significa que o vírus não exista. *Alguns pacientes aumentam CD4 devido ao menor ataque nos vírus nos linfócitos com o início da medicação – Depende do dano da medula óssea. Aguardamos 24 semanas após o início da terapia para ver se o paciente se tornou indetectável ou não: - Se o paciente nãoindetectou, investigamos a causa: Pode ter ocorrido uma falha do medicamento ou falha na adesão. Desvantagens Efeitos colaterais. Custos. Interações medicamentosas. Falha terapêutica. 11 Débora Oléa Braga - TXXII EFEITOS COLATERAIS PRECOCES: • Mal-estar, adinamia, cefaleia, náuseas, vômitos, diarréia. • Tonturas. • Reações alérgicas. • Insônia/sonolência. TARDIOS: Depende da droga: - Hiperglicemia. - Dislipidemia. - Lipodistrofia (perda de gordura nos braços e pernas; acúmulo na giba e abdome). - Acidose láctica. - Osteopenia. FALHA TERAPÊUTICA • Em geral por uso inadequado (principal) OU por uso de drogas que têm interação. • Imunidade baixa pode fazer com que o antirretroviral não tenha efeito. • Fazer o teste de sensibilidade para ver a qual remédio ele se tornou resistente. RESISTÊNCIA VIRAL Teste de sensibilidade: - Mostra para qual antirretroviral o indivíduo é sensível. o Genotipagem. o Fenotipagem. SEGMENTO • O tratamento visa obter carga viral indetectável (< 40 cópias /mL) no período de 24 semanas. • O aumento do CD4 pode ser mais lento naqueles pacientes com valores iniciais muito baixos. • Devem ser solicitados de forma periódica exames de carga viral do HIV, contagem de linfócitos CD4 e exames para rastrear eventos adversos relacionados diretamente com o vírus ou com as drogas antirretrovirais em uso. INFECÇÕES OPORTUNISTAS NO HIV+ INTRODUÇÃO Infecções que ocorrem mais frequentemente e de forma mais severa em pacientes com sistema imune debilitado, incluindo pacientes com HIV. o Não é exclusiva dos pacientes com HIV, engloba outras imunossupressões. Maior risco quando CD4 < 200, mas pode ocorrer com contagem mais elevada. A presença de infecção oportunista no HIV+ fecha diagnóstico de AIDS, INDEPENDENTEMENTE DO VALOR DO CD4. PROFILAXIA Profilaxia primária → Medicamentos que usamos antes da infecção ocorrer. Profilaxia secundária → Após a infecção ter ocorrido. 12 Débora Oléa Braga - TXXII Manter a profilaxia primária ou secundária até recuperação imunológica e controle de viremia. Varia de acordo com a infecção. INFECÇÕES DEFINIDORAS DE AIDS TUBERCULOSE • Infecção oportunista mais comum no HIV positivo ( 16 a 27 vezes maior que hiv negativo). • Etiologia: Mycobacterium tuberculosis Formas pulmonares localizadas: Qualquer CD4. Formas disseminadas: < 200 céls/mm3. PROFILAXIA PRIMÁRIA: Tratamento ILTB (infecção latente por tuberculose): o Se CD4 < 350 céls/mm3 já iniciar IZONIAZIDA, sem necessidade de PPD. o PPD ≥ 5mm: Isoniazida 6-9 meses (ou com qualquer contagem de CD4). TOXOPLASMOSE Etiologia → Toxoplasma gondii. Transmissão: Principal é a alimentar. No HIV + trata-se de uma doença de REATIVAÇÃO Sorologia IGg +. Reativação geralmente no SNC. PROFILAXIA PRIMÁRIA → - Geralmente ocorre quando CD4 < 150. - Paciente já teve toxoplasmose em algum momento da sua vida, vemos através da SOROLOGIA. - Fazemos para evitar que o paciente tenha uma toxoplasmose cerebral. Sulfametoxazol/Trimetoprim 800 mg/dia por 3-6 meses, se CD4 > 200 e CV < 20. PROFILAXIA SECUNDÁRIA: - Paciente já chegou com toxoplasmose cerebral. NEUROCRIPTOCOCOSE Etiologia → Cryptococcus neoformans. Transmissão: Via inalatória. Reativação: Geralmente no SNC – Meningite ou lesão intracerebral. Geralmente quando CD4 < 50-100. Profilaxia primária → Não realizada. Profilaxia secundária: 13 Débora Oléa Braga - TXXII Lesões gelatinosas CITOMEGALOVÍRUS OCULAR Etiologia → Citomegalovírus. Transmissão: Fluídos corporais. Reativação. Geralmente quando CD4 < 50 células. Órgãos acometidos no HIV +: - Olho. - TGI. - Medula óssea. - SNC. Quadros graves. Profilaxia primária → Não indicada. É orientado fundoscopia de rotina quando CD4 < 50. PROFILAXIA SECUNDÁRIA: Para forma ocular. Até CD4 > 150 e CV < 40, por 3-6 meses. Outros órgãos: Tratamento por 21 dias ou até cicatrização da lesão. PNEUMOCISTOSE Etiologia → Pneumocystis jirovecci (fungo). Vive no pulmão de 20% dos adultos saudáveis sem causar problemas. Transmissão: Vias aéreas. Ocorre quando CD4 < 200 células/ mm3. Quadro pulmonar grave, insidioso ou não. Infiltrado intersticial, poupa bases MICOBACTERIOSE ATÍPICA Contagem de LCD4 < 50. Transmissão: H20, solo e via respiratória. Geralmente quando CD4 < 50. 14 Débora Oléa Braga - TXXII Complexo micobacterium avium. Quadros disseminados: - Pancitopenia, hepatoesplenomegalia. - Linfoadenomegalia, febre, perda de peso e diarreia. Profilaxia primária: Para o paciente não desenvolver. Chegou com a doença, tratamos e mantemos a profilaxia secundária. CANDIDÍASE ESOFÁGICA Etiologia → Candida albicans. Transmissão: Saliva. Disfagia, odinofagia. Profilaxia primária e secundária → Não é necessário. - Tratamos a lesão. SARCOMA DE KAPOSI Etiologia: herpes vírus tipo 8. Tumor vascular. Transmissão: Contato sexual, transfusão, saliva. Tratamento: Quimioterapia. Profilaxia primária e secundária: Não fazemos. - Tratamos a lesão e com o tratamento do HIV diminui as lesões. Lesões arroxeadas 15 Débora Oléa Braga - TXXII 3. MICOSES SISTÊMICAS CRIPTOCOCOSE • Micose de natureza sistêmica de porta de entrada inalatória causada por fungos do gênero Cryptococcus. • Micose rara, cosmopolita, oportunista. ETIOLOGIA • Cryptococcus neoformans (causador de doença em imunossuprimidos, sendo então considerada doença oportunista) e Cryptococcus gattii (associado a doença de imunocompetentes). • A forma leveduriforme é a forma infectante no homem. CRIPTOCOCCUS NEOFORMANS • Forma urbana. • Cápsula de mucopolissacarídeo é responsável pela capacidade invasiva e patogênica do fungo. • Cresce em ágar-Sabouraud, 37°C, formando colônias de cor creme, brilhantes, viscosas e úmidas. • Frequentemente associa-se a habitat de aves, excretas secas, ricas em fontes de nitrogênio, como ureia e creatinina e poeira doméstica. • Micose oportunista. • Mais comuns são os sorotipos A e D. • Imunossuprimidos. CRIPTOCOCCUS GATTII • Região tropical e subtropical na Austrália, sudeste da Ásia, África central e sul da Califórnia. • Imunocompetentes. • Características clínicas e sensibilidade à anfotericina B são semelhantes. • Sorotipos mais comuns são o B e o C. • Micose endêmica. EPIDEMIOLOGIA • Acomete homens (70%). • 30-60 anos. • Distribuição universal. • Diversos tipos de solo, tecidos, secreções e excreções de homens e animais. • Fezes velhas de pombos. • Não há contágio inter-humano. • Associa-se fortemente com imunossupressão (leucemia, linfomas, corticóides, transplante de órgãos). SIDA ➢ 3-4° causa de infecção oportunista. ➢ ↑ morbimortalidade (17-37%). ➢ Alta recidiva (manutenção). ➢ 5-13% pacientes terão criptococose. ➢ Meningite oportunista mais comum em PHIV. *Fatores indicativos de imunossupressão → Candidíase oral em adultos, uso de crônico corticoide inalatório sem cuidados higiênicos. 16 Débora Oléa Braga - TXXII TRANSMISSÃO E PATOGÊNESE • Transmissão → Inalação de formas leveduriformes não encapsuladas ou com cápsula fina (espessa fica retida nas vias aéreas), com posterior disseminação hematogênica ou linfática. • Pode causar doença pulmonar ou, durante disseminação sanguínea, meningoencefalite ou outras lesões viscerais. • Também é possível reativação da doença tempos depois da infecção primária, causando doença focal ou disseminada.• Transmissão direta pela pele ou TGI é rara. • Neurotropismo importante pelo SNC (órgão mais acometido). • Humanos → Resistência natural (1º sinal de imunodeficiência). FATORES PARA PATOGÊNESE • Virulência do fungo. o Cápsula de mucopolissacarídeo. o Propriedades anti-fagocíticas. o Produção de enzimas em grande quantidade que protege o fungo de agressões do hospedeiro. • Resposta imunológica do hospedeiro. o Normal, elimina ou sequestra fungo e deixa-o latente. o Se queda, permite amplitude da infecção primária ou reativação do fungo. Disseminação hematogênica → SNC, pulmão, coração, próstata (santuário). SNC → Criptococomas ou granulomas, substância cinzenta periventricular, NB, meninges. QUADRO CLÍNICO • As principais formas clínicas são o acometimento de sistema nervoso central, já que é um fungo neurotrópico e a pulmonar. • Sintoma mais comum → Cefaleia, de caráter progressivo (1-2 semanas). Infecção primária → Assintomática (Sintomática se alta exposição). Forma pulmonar → Assintomática até grande disseminação local. *Tosse, febre, dor pleurítica, perda de peso. *RX: nódulo solitário, consolidação, pneumonia intersticial intensa, derrame pleural. SISTEMA NERVOSO CENTRAL (NEUROCRIPTOCOCOSE) • Forma mais comum da doença, sobretudo em imunossuprimidos (portadores de Aids). • Geralmente aparece como uma meningite aguda, subaguda ou crônica, caracterizada por cefaleia, febre, rigidez de nuca, vômitos, confusão mental. o Vômitos são indicativos de hipertensão intracraniana. Sinal de hipertensão intracraniana → Tríade de Cushing (Hipertensão arterial + Bradicardia + Alteração de ritmo respiratório). - Não é exclusivo da criptococose. • Acometido em 70% dos casos. • Início brusco → cefaleia, febre, sinais meníngeos, alteração visual. 17 Débora Oléa Braga - TXXII • Insidioso → Semanas a meses, cefaleia, alteração comportamental (confusão, transtorno personalidade). *Ambas formas podem evoluir para o coma. • Raramente causam convulsão. • Pode haver sinais meníngeos positivos. DIAGNÓSTICO TC de crânio (geralmente normal) e coleta de LCR. o A TC serve para avaliar se pode fazer punção liquórica ou não. o Achados possíveis → Atrofia cerebral, dilatação ventricular, alteração de densidade, realce leptomeníngeo, hidrocefalia, lesão do efeito de massa (criptococoma), pseudocisto gelatinoso, edema cerebral. o LCR: Pressão de abertura > 25 cmH2O (mede a Pintracranina); Tinta da China (S: 80%), Pesquisa do antígeno criptocóccico, Citologia (normal ou elevada – mononucleares), Proteína elevada, Cultura. CUTÂNEA • Rara somente na pele. o Pápulas, pústulas, abscessos, úlceras de pele e mucosas. - Biópsia para AP e culturas. ÓSSEA • Dor, edema, fistulização e artrite. PULMONAR • Febre, tosse com expectoração, dor pleurítica, dispneia, perda ponderal, hemoptise (raro). DIAGNÓSTICO • Baseia-se inicialmente em suspeita clínica e epidemiológica. • É possível realizar exame micológico direto do material suspeito (escarro, fragmentos teciduais), à procura das leveduras. • Cultura é o padrão ouro! • Pesquisa a fresco com corantes → Cápsula (negativa não exclui). • Coloração habitual → Halo claro. • PAS, mucicarmim → Ressaltam cápsula. • Sorologias → Imunofluorescência, Elisa, PCR, HIV (Se suspeita). o Reação cruzada. o Negativa se doença localizada. • Na suspeita de meningite, é fundamental a coleta de líquor. • TC de crânio. • Um exame de rápida execução que contribui para o diagnóstico é a coloração do líquor por nanquim, também conhecida como “tinta da china’’. CRIPTOCOCOSE PULMONAR • TRM (porque vai suspeitar de TB). • RX de tórax. • Cultura para fungos (no escarro). 18 Débora Oléa Braga - TXXII TRATAMENTO • A escolha da droga vai depender da forma clínica. • Quando há acometimento de sistema nervoso central e/ou doença disseminada a Anfotericina B é a primeira escolha, seguida por uso prolongado de Fluconazol. • Pulmão → Assintomático, sem tratamento (imunocompetente). • Recaída em até 60% na Sida. HIPERTENSÃO INTRACRANIANA • Punção liquorica de alívio, todos os dias em pacientes com neurocriptococose (até que em 2 dias seguidos a pressão esteja normal). • Retirar 20-30ml. • Medir pressão de abertura e pressão de fechamento. COINFECTADOS COM HIV 1. Fase de indução: 2 semanas. • Anfotericina B+ Fluconazol. o Anfotericina → Alta toxicidade (Lesão renal aguda). 2. Fase de consolidação: 8 semanas. • Fluconazol. 3. Fase de manutenção: ≥ 1 ano. • Fluconazol. o Manter até 2 contagens de CD4 > 200 cél/mm³. - Enquanto ele for imunossuprimido, mantem. ANTIRRETROVIRAL • Não iniciar TARV se diagnóstico de neurocriptococose. • Aguardar de 4 a 6 semanas. • Risco de síndrome de reconstituição imune. PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL NA SIDA • Sem uso de ARV. • Alterações visuais. • Alterações mentais. • Baixo n° leucócitos no LCR. • Tinta da china positiva (gemulação). • Títulos de antígenos criptocóccico no LCR > 1:1024. • Outras doenças graves manifestas. HISTOPLASMOSE • Micose sistêmica causada pelo fungo Histoplasma capsulatum. • Dimórfico. • Habita o solo (geofílico) em fase de micélio, mas se converte em fase leveduriforme na temperatura corporal (37ºC). • Fase filamentosa → Espalha-se pelo ar. 19 Débora Oléa Braga - TXXII RESERVATÓRIO DE FONTE DE INFECÇÃO • Cresce bem em solo rico em substâncias orgânicas, PH ácido, dejeções de aves de criação, morcego ou pássaro. • Pontos epidêmicos → Galinheiros, tetos de cúpulas, grutas, cavernas, fezes de morcegos e aves. • Não há contágio direto animal-homem. • Transmissão inter-humana não é clara. PATOGÊNESE • Fase filamentosa → O homem inala microconídeas, que são fagocitadas no alvéolo e se transformam em leveduras. Elas se reproduzem no parênquima, atingem linfonodos hilares e então provocam fungemia. • Período de infecção → 1 a 3 semanas. CICLO DE INFECÇÃO FORMAS INFECTANTES A – Filamentosa. B – Levedura. INFECÇÃO • Histoplasmose-infecção → Assintomáticas ou benignas, alta frequência rural e urbana. • Histoplasmose-doença → Formas progressivas, menos frequentes. Crônica → Homens, ↑50 anos, DPOC por fumo. Disseminada → Imunodeprimidos (HIV), extremos de idade, homens. A – PRIMO-INFECÇÃO ASSINTOMÁTICA • Maioria das infecções. • Cura espontânea. • Raros focos pulmonares. • Calcificação baço, pulmão, linfonodos (achados acidentais). • Não determina alterações clínicas no hospedeiro. B – INFECÇÃO PULMONAR AGUDA Primo-infecção • Geralmente assintomática. o Inalação maciça de conídeos. • Sinais e sintomas inespecíficos → febre, calafrios, mialgia, hiporexia, tosse não produtiva. • Varia desde quadros leves (semelhantes a uma gripe) até pneumopatias agudas graves. • Alguns pacientes apresentam eritema nodoso, conjuntivite, pleurisia, derrame pericárdico e artrite associados ao quadro pulmonar. • RX → Infiltrado intersticial difuso, uni ou bilateral, nódulos únicos ou múltiplos, infiltrado micronodular. • Forma clínica é autolimitada. • Involui em 1-3 meses, deixando sequelas (calcificações nos órgãos acometidos). • Em geral, apresenta regressão espontânea. • Nos imunocomprometidos graves essa forma não involui, dando origem a formas disseminadas agudas. • CIE altos títulos 2°- 3° mês. 20 Débora Oléa Braga - TXXII C – HISTOPLASMOSE PULMONAR CRÔNICA CAVITÁRIA • Em geral acomete homens acima de 50 anos, com antecedentes de DPOC. • Quadro progressivo, mais comum em idosos. • Febre vespertina baixa, astenia, anorexia, tosse, hemoptise, dor torácica, dispneia, perda de peso, sudorese noturna. • RX → Infiltrado apical bilateral, espessamento pleural,cavitações, nódulos pulmonares calcificados. • Fatal em 80 % dos casos quando progressiva. D – HISTOPLASMOSE NO IMUNOCOMPROMETIDO HISTOPLASMOSE DISSEMINADA AGUDA. • Pode ocorrer em áreas endêmicas, crianças ou imunodeprimidos graves (HIV ou em uso de imunossupressores). • Infecção exógena ou reativação de infecção latente. • Febre alta prolongada, astenia, anorexia, diarréia, adenomegalia, hepatoesplenomegalia. • Medula óssea → Pancitopenia. • Pele → Violáceas, ulceradas, com crosta sero- hemática, pápulas, vesículas. • SNC → 20% meningoencefalite, síndrome meníngea, cefaleia, confusão mental, paralisia pares cranianos, convulsão. • Tecido ósseo → Dor, impotência, tumefação, lesões osteolíticas, metáfise ossos longos. • Pulmão → Infiltrado difuso micronodular. HISTOPLASMOSE DISSEMINADA SUBAGUDA • Semelhante à histoplasmose disseminada aguda, porém com evolução mais prolongada e deterioração mais lenta do estado geral. Histoplasmose disseminada crônica. • Ocorre em pacientes com imunodeficiência leve (alcoolismo, diabetes, tumores sólidos, corticoterapia e linfomas), sendo mais frequente em homens maiores de 40 anos. • Astenia e perda ponderal. • Lesões mucosas são observadas em cerca de 90% dos casos: polimorfas, ulceradas ou úlcero- vegetantes e se situam na língua, mucosa oral, faringe, septo/nasal e laringe. - Dor, macroglossia, sialorreia. - ½ lesões laríngeas, disfonia, disfagia, dispnéia obstrutiva. • Lesões infraglóticas podem estenosar → Traqueostomia. • Septo nasal → destruição em 15% casos. • Pulmão → Tosse produtiva. • Cutânea → ~10 %. o Úlceras bordas nítidas, fundo granuloso. o Úlceras fissuradas, com secreção purulenta. o Pápulas ulceradas, crostosas. o Úlceras genitais. • SNC → Infrequente, meningoencefalite de evolução lenta. • Endocardite e aortite. 21 Débora Oléa Braga - TXXII HISTOPLASMOSE MEDIADA IMUNOLÓGICAMENTE • Representa uma resposta de hipersensibilidade do indivíduo à infecção, ligada a resposta imunológica do hospedeiro. • Pode se manifestar como histoplasmoma, fibrose mediastinal ou síndrome ocular vinculada à Histoplasmose. Histoplasmoma → Lesões cavitárias no pulmão, assintomáticas, achado radiológico. Fibrose mediastinal → Pacientes com hipersensibilidade acentuada aos antígenos do fungo. Fibrose dos linfonodos. Coriorretinite → Ocorre em áreas endêmicas. Hemorragia e DR. Se não tratados 50% evoluem para cegueira. DIAGNÓSTICO • Padrão-ouro → Cultura (cultura de escarro se pulmonar) e exame direto. • Isolamento fácil do fungo nas lesões (cultura ou exame direto). • Hemocultura (+ em 70% nos pacientes HIV +). • Sorologia (contra-imunoetetroforese, imunodifusão) pode ser negativa em grave imunodepressão. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Primoinfeccção sintomática → PNMs agudas. • Pulmonar crônica → TB, PB, aspergilose. • Disseminada aguda → TB miliar, leucose, linfoma. • Cutânea-mucosa → Leishmaniose, sífilis terciária, leucoplasia, líquen plano. • Nódulos calcificados → TB. • Histoplasmomas → Neoplasia. TRATAMENTO Anfotericina B. - Se infecção grave → Anfotericina + itraconazol. - Paciente com Histoplasmose disseminada → É grave. Anfotericina + Itraconazol. Fluconazol, Itraconazol (se pulmonar). Sida → Profilaxia secundária, para evitar recidiva. PROFILAXIA • Não há vacina até o momento. • Máscaras protetoras. • Imunossuprimido evitar contato com áreas de risco. PARACOCCIDIOIDOMICOSE (PB MICOSE) • Micose sistêmica de maior prevalência na América do Sul, sendo considerada importante problema de saúde pública nas áreas endêmicas. • Blastomicose sul-americana. • Extremamente relacionada à agricultura (principalmente plantações de café e laranja). ETIOLOGIA • Paracoccidioides brasiliensis. o Fungo termo-dimórfico. o A forma filamentosa é encontrada no solo e na superfície de vegetais (25°C). 22 Débora Oléa Braga - TXXII o A forma leveduriforme é encontrada no ser humano e em outros animais infectados (37°C). EPIDEMIOLOGIA • É mais comum em homens (22:1). o Efeito protetor do estrógeno – inibe o ciclo de vida do paracoco. • Pode ser encontrada em qualquer faixa etária, sendo mais comum dos 30 aos 50 anos. • Está associada ao ambiente rural, especialmente nas formas de trabalho que envolvem a inalação de poeira, mas não exclusivamente. • Exibe associação com o etilismo, tabagismo e desnutrição. FISIOLOGIA • Inalação de conídeos (forma filamentosa) → Acometimento alvéolo-pulmonar (forma levedura – multiplicação por brotamento). • Pode haver disseminação linfática e hematogênica. o Pode acometer qualquer órgão, sendo mais frequente o envolvimento do pulmão, laringe, pele, mucosas, linfonodos, baço, fígado e adrenais. FORMAS CLÍNICAS • Acredita-se que em torno de 50% dos habitantes de zonas endêmicas tenham sido expostos ao agente desta micose, no entanto, apenas uma proporção muito pequena de indivíduos expostos desenvolve alguma manifestação clínica. • O intervalo entre a infecção e o desenvolvimento da doença, caso ocorra, pode ser variado (até décadas). 1. Infecção: o Maior prevalência. 2. Forma aguda/ subaguda (juvenil): o Tendência à disseminação. o Minoria dos casos clínicos. 3. Forma crônica: o Localizada. o Maioria dos casos clínicos. FORMA AGUDA • Acomete, em geral, crianças, adolescentes, adultos jovens com menos de 25 anos e imunossuprimidos. • Evolui em 1 a 2 meses. • Envolvimento predominante do sistema fagocítico mononulear. • Febre, adenomegalia, hepatoesplenomegalia, lesões cutâneas disseminadas, febre, icterícia, ascite, edema periférico. • Disseminação linfática e sistema reticuloendotelial. • Nos casos mais graves, pode ocorrer acometimento ósseo e/ou do trato digestivo. 23 Débora Oléa Braga - TXXII FORMA CRÔNICA • Acomete, em geral, adultos com mais de 30 anos de idade. • É a mais comum. • Evolui de forma lenta, em geral, com mais de 6 meses de sintomas. • Envolvimento predominante dos pulmões (90% dos casos), laringe, pele, mucosas oral e nasal. • Febre e adenomegalia podem ser encontradas, com menor intensidade que na forma aguda. • Em casos graves, pode ocorrer acometimento adrenal, ósseo, do SNC e do trato digestivo. • Quadro clínico → Tosse, expectoração, dispneia, hemoptise, perda de peso, febre, lesão ulcerada em mucosa orofaríngea. o Diagnósticos diferenciais → TB e neoplasias. • Pode ocorrer acometimento adrenal. RAIO-X • Infiltrado reticulonodular, predominante nos dois terços superiores de ambos os pulmões. A disseminação fúngica via linfática, através de um fluxo retrógrado de linfa dos hilos pulmonares até a periferia dos pulmões, pode justificar as imagens deste padrão “em asa de borboleta” em pacientes com a forma crônica pulmonar TC Sequelas: • Usualmente, as sequelas são de localização pulmonar (fibrose pulmonar com redução da capacidade funcional pulmonar), laríngea, adrenal (insuficiência adrenal), cutâneo-mucosas (microstomia), sequelas neurológicas em casos com envolvimento de sistema nervoso central (déficit motor, crises convulsivas). FORMA MISTA • Imunodeprimido. • Aguda + crônica. DIAGNÓSTICO • Padrão-ouro → Isolamento do fungo. • Exame direto. • Histopatológico. • Radiológico → US abdominal, Rx de tórax, CT crânio, conforme a clínica do paciente. • Sorológico → Alta sensibilidade (80 a 100%). o Contraimunoeletroforese (CIE), ELISA, imunodifusão, imunobiot. o Entretanto, pode cruzar com outras micoses profundas (imunodifusão, contra- imunoeletroforese etc.). • Micológico → Demonstração direta do fungo ou crescimento em cultura específica. • Materiais biológicos → Escarro, raspado de lesão cutânea ou mucosa, biópsiade linfonodo, pulmão, SNC, laringe. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Forma aguda o Histoplasmose, mononucleose, toxoplasmose, citomegalovirose, infecção aguda pelo HIV, TB ganglionar, colagenoses, linfomas e leucemias. 24 Débora Oléa Braga - TXXII • Forma crônica: o TB pulmonar e laríngea, histoplasmose, neurotoxoplasmose, leishmaniose cutâneo- mucosa, neoplasia de pele, pulmão ou laringe. TRATAMENTO • Na escolha do tratamento, avaliar eficácia, duração, toxicidade e custo. • Os esquemas mais usados são: o Sulfametoxazol/trimetoprim → Por 2 anos. o Itraconazol → Por 9 a 18 meses. - Droga de escolha, menor resposta e menos recidivas. o Fluconazol → Por 6 a 12 meses. o Anfotericina B → Resguardada para os casos de maior gravidade, resistência ou intolerância a outros tratamentos. - Usa-se por 2 a 4 semanas e depois substitui por intraconazol ou bactrim após melhora. SEGUIMENTO • A cura clínica nem sempre está acompanhada de cura microbiológica. • Recidivas ocorrem com frequência. • Na alta do tratamento, o paciente deve ter: o Tempo mínimo de uso do esquema escolhido o Regressão dos sinais e sintomas clínicos o Estabilização do padrão radiológico pulmonar o Negativação ou estabilização em títulos baixos dos exames sorológicos 25 Débora Oléa Braga - TXXII 4. ARBOVIROSES DENGUE INTRODUÇÃO • São vírus transmitidos por artrópodes. Principais: Dengue, Zika, Chikungunya, e Febre Amarela. DENGUE • Vírus DENV, do gênero Flavivírus. o RNA de fita simples. o Envelopado. • Vetores → Aedes aegypti e Aedes albopictus (menos importante, hábitos rurais). • 4 sorotipos existentes: Suscetibilidade universal. Imunidade cruzada temporária para os demais Após pegarmos dengue ficamos imune a todos os sorotipos temporariamente. Vírus é introduzido pela saliva do Aedes. Replicação em monócitos- macrófagos (dengue grave) e em hepatócitos (causa hepatite). FISIOPATOGENIA Hemoconcentração Perda de volume de solvente (plasma) sem perder soluto (parte sólida – hemácias). Dengue causa uma produção de citocinas Aumenta a permeabilidade dos capilares = Aumento da permeabilidade vascular com extravasamento do líquido para o extracelular. Ocorre a mesma quantidade de hemácias para menos plasma. Plaquetopenia - Ação direta na medula óssea: Diminui a produção. - Aumento do consumo periférico de plaquetas com os sangramentos. - Destruição plaquetária por deposição de imunocomplexos. DENGUE GRAVE - É a dengue hemorrágica. - ‘’Quem já teve dengue uma vez é mais fácil ter dengue grave depois’’ = VERDADE Reação cruzada com um novo sorotipo. Não ocorre a neutralização do novo vírus com os anticorpos já presentes. - Se eu pegar o mesmo sorotipo o anticorpo será neutralizante. Porém um novo sorotipo faz com que os anticorpos sejam diferentes e a ligação não é tão forte devido as diferenças estruturais. 26 Débora Oléa Braga - TXXII - O vírus se multiplica em macrófagos Multiplica com mais facilidade devido à ligação dos AC sem neutralização viral. - Manifestações mais graves: Maior hemoconcentração, hipovolemia e perda de proteínas de coagulação (passa proteínas pequenas devido ao aumento da permeabilidade vascular). - Aumenta o risco de sangramentos. TRANSMISSÃO E PATOGÊNESE • O artrópode fica infectante durante toda sua vida. • A transmissão ocorre apenas através das fêmeas (ciclo de vida entre 6 e 8 semanas). o Seus ovos sobrevivem fora da água por até 1 ano. • O mosquito adquire o vírus quando pica (suga o sangue) de doentes em fase de viremia. o Fase de viremia → Começa 1 dia antes da febre e vai até o 6º dia da doença. • O vírus se localiza na saliva do mosquito. • A fêmea também faz transmissão transovariana, ou seja, se infectada, transmite a toda sua prole. • A replicação no organismo humano ocorre em monócitos/macrófagos e hepatócitos 27 Débora Oléa Braga - TXXII o Principalmente nos órgãos linfoides, pulmões e fígado • A disseminação é sanguínea. • Os anticorpos IgM anti-dengue começam a ser produzidos a partir do 5º e 6º dia da doença. o Neutralizam o vírus. o Seu aparecimento marca o declínio da viremia. • Os anticorpos IgG surgem após um período de 7 a 10 dias de evolução (persistindo em títulos baixos por toda vida) o Imunidade sorotípica específica (se o paciente for infectado por outro sorotipo, ele terá um quadro mais grave, pois esses anticorpos ajudarão o vírus a penetrar no sistema fagocítico – ele se replica em monócito/macrófago, então quando entrar e for marcado para ser fagocitado, vai estar facilitando a replicação) - Haverá produção exagerada de citocinas, aumentando a permeabilidade capilar (consequência: hemoconcentração, hipovolemia – choque – e perda de proteínas de coagulação) FISIOPATOGENIA • Hemoconcentração. o Aumento da permeabilidade vascular. o Extravasamento de líquido para extracelular. • Plaquetopenia. o Ação direta na medula óssea, levando a diminuição da produção. o Aumento do consumo periférico de plaquetas. o Destruição plaquetária por formação de imunocomplexo. QUADRO CLÍNICO • A infecção pela dengue pode ser sintomática ou assintomática. • Dividida em 3 fases clínicas. 1 – FASE FEBRIL • Dura de 2-7 dias. • A primeira manifestação é a febre, geralmente alta (39ºC a 40ºC), de início abrupto. • Cefaleia, adinamia, mialgia, artralgias e dor retro-orbitária podem estar associados. • Exantema máculo-papular (rash cutâneo) → Presente em 50% dos casos. *Não esperamos o rash para dar o diagnóstico de dengue. *Geralmente aparece na desfervecencia (quando diminui a febre – 4º dia). o Face, troncos e membros (não poupa palma da mão e planta dos pés). o Pode ou não apresentar prurido. • Pode haver também anorexia, náuseas e vômitos, bem como diarreia pastosa. 28 Débora Oléa Braga - TXXII A maioria dos pacientes se recuperam após a fase febril. 2 – FASE CRÍTICA • Está presente em apenas alguns pacientes. • Pode evoluir para formas graves. • Tem início com o desaparecimento da febre (entre o 3º e 7º dia da doença), com surgimento dos sinais de alarme. *Efeito exagerado das citocinas levam extravasamento de plasma. Sinais de alarme → São decorrentes do aumento da permeabilidade vascular e extravasamento de plasma. *Pode haver evolução para → Dengue com sinais de alarme, dengue grave ou choque. a. Dengue com sinais de alarme A maioria dos sinais são consequência do aumento da permeabilidade vascular. Edema em vários lugares. - Dor abdominal intensa e contínua (referida ou à palpação), vômitos e náuseas persistentes (edema de mucosa intestinal). - Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico). - Hipotensão postural e/ou lipotimia (levanta e tem hipotensão) Extravasamento de líquido para o extravascular. - Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal. - Sangramento de mucosa. - Letargia e/ou irritabilidade – sintoma importante em criança e idoso. - Aumento progressivo do hematócrito. b. Dengue grave As formas graves podem manifestar-se com extravasamento de plasma, levando ao choque ou acúmulo de líquidos. - Desconforto respiratório Edema pulmonar diminui trocas gasosas. - Sangramento grave. - Sinais de disfunção orgânica – LRA ou aumento de bilirrubina. *Pode acontecer derrame pleural e ascite. o Extravasamento plasmático → ↑Hematócrito, ↓Albumina e exames de imagem. c. Choque Ocorre quando um volume crítico de plasma extravasa (geralmente ocorre entre os dias 4 ou 5), geralmente precedido dos sinais de alarme. 4º ou 5º dia de doença. - Rápida instalação e curta duração. - Pode levar à óbito. 29 Débora Oléa Braga - TXXII 3 – FASE DE RECUPERAÇÃO Nos pacientes que passaram pela fase crítica haverá reabsorção gradual do conteúdo extravasado com progressiva melhora clínica. Alguns pacientes podem apresentar um rash cutâneo acompanhado ou não de prurido generalizado. PROVA DO LAÇO Prova do laço: Exame que NÃO DÁ o diagnóstico de dengue. É um dos itens que leva a caso suspeito. - Contamos as petéquias em um quadradinho. - > 20 petéquias = Prova de laço positiva = MOSTRA FRAGILIDADE CAPILAR. - Pode vir negativa em casos de dengue – principalmente em casos mais graves. Prova do laço → Manguito insuflado na PAM (pressão arterial média) por 5 min. Observar a área 2,5x2,5 cm² em fossa anticubital. Se houver mais de 20 petéquias = prova positiva. AVALIAÇÃO CLÍNICA É caso suspeito de dengue? . Epidemiologia compatível. . Febre e 2 ou + dos seguintes: Como saber qual fase o paciente se encontra? - Avaliar estado hemodinâmico e hidratação. - Ver comorbidades. - Avaliar se requere hospitalização. - Ver qual grupo da classificação está (A, B, C ou D) Ajuda a tomar condutas. 1. FASE FEBRIL: Precisa ter febre. 2. FASE CRÍTICA: Começa quando a febre desparece. Devemos prestar atenção aos sinais de alerta. 3. FASE DE RECUPERAÇÃO. Fundamental pesquisar o tempo da febre, sinais de alarme, antecedentes de episódios anteriores de dengue e presença de outras pessoas com dengue no local de moradia e/ou trabalho do paciente. 30 Débora Oléa Braga - TXXII Em qual grupo de estadiamento o paciente se encontra (A, B, C ou D)? A – Dengue sem sinais de alarme (Paciente previamente hígido e adquiriu o vírus. É um paciente ambulatorial). B – Dengue SEM sinais de alarme, mas com condição especial: prova do laço positiva, criança pequena, comorbidades (HAS, DM, doença hematológica etc.), idosos. C – Dengue COM sinais de alarme, mas sem sinais de gravidade. D – Dengue grave: Choque, extremidades frias, desconforto respiratório, taquipneia, comprometimento grave de órgãos, sangramentos importantes (hematêmese, melena). Grupo D deve ficar em UTI e emergência. Grupo C internarmos para observar sinais de alarme. Grupo A ou B – Hidratação via oral. Grupo C ou D – hidratação endovenosa. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL/ EXAMES COMPLEMENTARES Hemograma é essencial (mas NÃO confirma diagnóstico). - Traz informação de hematócritoe plaqueta. o É esperado leucopenia e plaquetopenia. o Dengue grave → ↑Ht e plaquetopenia intensa. *Grupo A – fazemos só o hematócrito. Enzimas hepáticas → TGO e TGP. o Elevação discreta (2-3x). Antígeno viral NS1. o Deve ser solicitada apenas até o 5º dia do início dos sintomas, quando há viremia. o Se positivo → confirma diagnóstico! - NS1 → Proteína não-estrutural 1. Método sorológico: o Detecção de IgM – feito a partir do 6º dia do início dos sintomas. - No 8º-10º dia a chance do IgM vir positivo é maior. TRATAMENTO Hidratação → 60 ml/Kg/dia. - VO (A, B) ou EV (B, C, D). *H2O, soro de reidratação oral, gatorade e água de coco. Sintomáticos: o Antitérmicos/analgésicos. - Dipirona, paracetamol. - EVITAR AINEs (é hepatotóxico) e salicilatos (potencial hemorrágico) – interfere na ação plaquetária. o Antipruriginosos. 31 Débora Oléa Braga - TXXII - Dexclorfeniramina, cetirizina, loratadina, hidroxizine o Antieméticos – em caso de náusea. - Metoclopramida. CHIKUNGUNYA • Doença febril causada pelo vírus CHIKV. • Vetor → Aedes spp. • Principal característica → Dor! QUADRO CLÍNICO 1 – FASE AGUDA (FEBRIL) • Febre de início súbito. • Poliartralgia intensa (>90%). • Dor lombar. • Rash cutâneo (>50%). • Cefaleia. • Fadiga. 2 – FASE SUBAGUDA • Desaparecimento da febre. • Não é acompanhada por sintomas graves como na dengue. • Persistência ou agravamento da artralgia. • Síndrome do túnel do carpo. 3 – FASE CRÔNICA • Duração de poliartralgia > 3 meses. - Leva a uma incapacidade cronicamente. • Atinge mais da metade dos pacientes. FATORES DE RISCO • Sexo feminino. • Artropatia prévia. • Maior intensidade na fase aguda. DIAGNÓSTICO a. Caso suspeito • Febre >38,5 de início súbito e artralgia ou artrite intensa de início agudo, não explicado por outras condições. • Residente ou ter visitado áreas endêmicas/epidêmicas até 2 semanas antes do início dos sintomas. EXAMES ESPECÍFICOS • Pesquisa direta/PCR (Só é positivo se viremia – Fase aguda). • ELISA (IgM). • Soroconversão de IgG Paciente na fase crônica. Tinha um IgG negativo e ficou positivo. *Se IgM positivo, quadro recente. - Não tem um tratamento específico. - Pode usar AINES. 32 Débora Oléa Braga - TXXII ZIKA • Doença causada pelo vírus Zika (ZIKV). • Vetor → Aedes spp. • Além da picada, temos transmissão → Sexual, vertical e por transfusão. o Transmissão vertical → Malformações fetais: Microcefalia, aborto espontâneo e anomalias congênitas. • Geralmente são casos brandos e autolimitados. • Relatos de Guillain-Barré. QUADRO CLÍNICO Maioria das pessoas possui quadro brando e autolimitado. • Exantema maculopapular pruriginoso (90- 100%). • Febre. • Artralgia. • Conjuntivite não purulenta. • Cefaleia. • Mialgia. • Prurido. DIAGNÓSTICO a. Caso suspeito: Pacientes que apresentem exantema maculopapular pruriginosos acompanhados de dois ou mais → Febre baixa, hiperemia conjuntival sem secreção ou prurido, poliartralgia, edema periarticular. Rash é o 1º sintoma. Confirmação → PCR ou ELISA (Sorologia). 33 Débora Oléa Braga - TXXII FEBRE AMARELA Vírus do gene Flavivírus (família Flaviviridae). *Existe exame NS1 para febre amarela. Aedes aegypti (doença urbana). Haemagogus e Sabethes (doença rural). o Primatas não humanos – macacos. Fases subagudas ou crônicas (sem patógeno). QUADRO CLÍNICO - Doença febril aguda + Icterícia. • Incubação → 3-6 dias (até 15 dias). • Pode se manifestar desde infecções assintomáticas até quadros graves e fatais. SINTOMAS • Febre alta de início súbito, contínua. • Cefaleia intensa. • Inapetência, náuseas e mialgia. *Diagnóstico difícil – parece com o de dengue. 34 Débora Oléa Braga - TXXII *Sinal da anamnese que é muito importante na diferenciação HISTÓRICO VACINAL Se não tomou vacina para febre amarela pode ser dengue. *Se vacina para febre amarela for recente – pode ser febre amarela vacinal ou não deu tempo de ter a imunidade. Sinal de Faget (bradicardia com febre alta). Formas leves e moderadas (20-30%) • Sintomas duram de 2-4 dias. • Alívio com sintomáticos. Formas graves e malignas (15-60%) • Mortalidade 20-50%. • Sintomas com maior intensidade (cefaleia, mialgia). • Icterícia. • Oligúria e/ou manifestações hemorrágicas. • Pode haver um período de remissão de 6- 48h entre o 3º e 5º dias de doença. DIAGNÓSTICO a. Caso suspeito • Exposição em área de risco. • Sem vacinação ou primeira dose há menos de 30 dias. • Até 7 dias de quadro febril agudo com dois ou mais: - Cefaléia (principalmente supraorbital). - Calafrios. - Mialgia. - Náuseas. - Mal-estar. - Icterícia. - Lombalgia. - Manifestações hemorrágicas. Diagnóstico específico • PCR = Detecção do vírus em amostras clínicas. • Detecção de anticorpos em amostras. o Exames devem ser realizados em laboratórios de referência da cidade para conseguirmos notificar. ➔ Notificação compulsória e imediata para todo caso suspeito. PREVENÇÃO Vacinação • Vírus vivo atenuado.• Anticorpos protetores → Entre o 7º e o 10º dia após vacina. • 2 doses: A partir dos 9 meses de idade e com 4 anos. • Contraindicações → Menores de 6 meses, alergia a ovo de galinha, alergia a gelatina bovina e imunossupressão grave. 35 Débora Oléa Braga - TXXII Paciente com HIV pode tomar a vacina da febre amarela? Pode tomar desde que não esteja imunossuprimidos (Dosagem de CD4). o Contagem < 200 cél/ml → NÃO vacinar pois o paciente pode adquirir febre amarela vacinal. o Contagem de CD4+ → > 350 cel/ml Damos a vacina. *Se estiver no intervalo avaliamos o risco benefício. Viagem: - Há países que exigem certificado internacional de vacina. - Pacientes com contraindicações podem possuir um certificado com dispensa de vacinação – mostra que ele não pode se vacinar. Gestantes: Não podem se vacinar – vacina de vírus vivo atenuado. MALÁRIA INTRODUÇÃO Não é uma arbovirose (doença viral). Doença infecciosa parasitária. Não contagiosa. Predomina em zonas tropicais e subtropicais. - Limita desenvolvimento das áreas atingidas – causa um impacto clínico importante, mesmo nas formas não graves. Agente etiológico → Protozoários (Gênero Plasmodium). - P. falciparum (casos mais graves), P. vivax (Brasil – principalmente na Amazônia) e P. malariae. *Difícil diagnóstico nas regiões endêmicas. Vetor → Mosquito Anopheles / Hospedeiro → Homem. CICLO DE VIDA: . Desenvolvimento Fígado (ciclo sanguíneo assexuado) Acessos maláricos (febre de 48-72h). . Vivax Faz uma forma latente/dormente = HIPNOZOITO Se não tratarmos o hipnozoito o paciente faz uma recidiva tardia da malária. *Quando o tratamento não foi totalmente eficaz. TRANSMISSÃO Picada dos mosquitos fêmeas: - Transfusão de sangue ou congênita. - Criadouros → Coleções de água limpa, quente, sombreada e de baixo fluxo. APRESENTAÇÃO CLÍNICA Incubação → 8 a 25 dias. *Paciente retornou de viagem a menos de 1 mês podemos pensar em malária. 36 Débora Oléa Braga - TXXII Sintomas: - Calafrios → Febre alta → Sudorese profusa → Fraqueza e cefaleia. - Artralgia e mialgia. - Sintomas correspondem com a ruptura de hemácias e liberação de esquizontes. *Parece com as outras doenças. O que diferencia o quadro febril agudo VIAGENS RECENTE (malária) e VACINA (febre amarela). *Febre de temperatura igual ou superior à 40ºC. PADRÃO CÍCLICO DA FEBRE ➢ Diário. ➢ Febre terçã (48h – P. vivax, P. falciparum). ➢ Febre quartã – no 4º dia (72h – P. malariae). *Sintomas correspondem com a ruptura de hemácias e liberação de merozoitos. A febre com calafrios intensos (acesso malárico) é o principal sintoma. Prestar muita atenção com viagens recentes (se não pode diagnosticar como dengue). A – PLASMODIUM FALCIPARUM: • Quadros mais agudos e mais graves. • Maioria das mortes são por P. falciparum: Malária cerebral Cefaleia, confusão, torpor e coma. - 20-50% de mortalidade. Anemia grave. Insuficiência respiratória. - Edema pulmonar – mortalidade > 80%. Insuficiência renal. - Hipovolemia, vasoconstrição, hemoglobinúria e imunocomplexo. Malária grave da gravidez (pode ter óbito fetal). Porque o falciparum é mais grave? o Capaz de ficar “sequestrado” na microvasculatura – hemácias ficam presas em um vaso de pequeno calibre. o Evitam filtração e destruição pelo baço. o Multiplicação → Alta concentração de parasitas. o Malária cerebral (Sangramento, obstrução/isquemia, produção de citocinas inflamatórias). o Edema pulmonar não cardiogênico (citocinas) – prejudica trocas gasosas. o Capaz de infectar eritrócitos de todas as idades. *P. vivax apenas infecta reticulócitos. B – PLASMODIUM VIVAX • Relativamente benigna. • P. vivax infecta apenas reticulócitos, levando a baixa parasitemia. • Inicialmente febre diária, posteriormente a cada 48h. 37 Débora Oléa Braga - TXXII • Hipnozoítos → Formas latentes nos hepatócitos. *O P. OVALE também tem essa forma. - Risco de recaídas (geralmente dentro de 6 meses – porém pode prolongar até 1 ano). DIAGNÓSTICO Diagnóstico diferencial Dengue, febre amarela, lepstopirose, febre tifoide, influenza, covid, sepse, febre entérica Doenças febris agudas. • Diagnóstico clínico não é específico. • SEMPRE suspeitar se paciente viajou para área endêmica. • Hemograma → Pode apresentar anemia, leucopenia, plaquetopenia. EXAME DE GOTA ESPESSA (PADRÃO-OURO) = DÁ O DIAGNÓSTICO • Pesquisa direta de parasitas no sangue coletado por punção digital. • Possibilita a identificação da espécie e quantificação de parasitemia (quantos parasitas possuem na lâmina) - Também indica gravidade. • Depende de examinador bem treinado. • Pode ser negativo no primeiro teste (P. falciparum) → Se suspeita forte (encaminhamos em um centro de referência), repetir em 12 horas. TESTES RÁPIDOS • Usados quando não é possível a realização de gota espessa. • Sensibilidade 95%. • Diferencia as espécies Diferenciam P. falciparum. • Não avaliam parasitemia (critério de gravidade em P. falciparum) e não pode ser usados para controle de cura. TRATAMENTO • Visa atingir o parasita em pontos-chave do seu ciclo evolutivo. • Interromper o ciclo das formas sanguíneas Responsável pela patogenia e manifestações clínicas • Destruir os hipnozoítos (P.vivax e P. ovale) Impedir recaídas tardias. • Impedir transmissão de gametócitos. - Depende da espécie: P. vivax / P. ovale: - Cloroquina → Trata formas sanguíneas de malária (3 dias). - Primaquina → Trata hipnozoíto, com efeito sinérgico contra formas assexuadas (7-14 dias). 38 Débora Oléa Braga - TXXII Contraindicações da Primaquina: Gestação. Deficiência de G6PD (glicose 6 fosfato desidrogenase) → Doença genética ligada ao X (prevalente em homens). - Tendência a hemólise após exposição a alguns medicamentos. - Potencialmente fatal. - Sintomas surgem até o 5º dia. - Suspender Primaquina e encaminhar paciente. Primaquina e Tefenoquina: Hemólise. - Anemia grave. - Icterícia e colúria. - Insuficiência renal. P. malariae: • Apenas cloroquina por 3 dias. P. falciparum: • Resistência a cloroquina. • Derivado de artemisinina por 3 dias: - Arteméter + lumefantrina ou artesunato + mefloquina. - Associar dose única de primaquina 0,5 mg/Kg = Ação contra gametócitos. • Malária grave: Artesunato EV/IM por no mínimo 24 horas, depois trocar par VO. Alternativa para malária grave: . Clindamicina 20 mg/Kg/dia EV, 8/8h. . Possui efeito contra P. falciparum. INDICAÇÕES DE HOSPITALIZAÇÃO • Crianças < 5 anos. • Idosos > 60 anos. • Gestantes. • Imunodeprimidos. • Sinais de malária grave. MALÁRIA GRAVE - CRITÉRIOS CLÍNICOS • Hiperpirexia (febre alta – acima dos 40º) contínua. • Alteração de consciência, prostração Suspeita de malária cerebral. • Convulsões. • Hipotensão arterial ou choque. • Hemorragias. • Dispneia ou hiperventilação (edema pulmonar). • Icterícia e Hemoglobinúria Hemólise importante. 39 Débora Oléa Braga - TXXII MALÁRIA GRAVE – CRITÉRIOS LABORATORIAIS • Hiperparasitemia (>100.000 trofozoítos/mm3). • Anemia grave. • Insuficiência renal. • Hipoglicemia – consumo de glicose devido a carga parasitária e também há um estímulo direto da liberação de insulina. • Hiperlactemia. • Distúrbios hidroeletrolíticos (acidose metabólica). Malária grave Tendemos a internar. LÂMINA DE VERIFICAÇÃO DE CURA (EXAME DA GOTA ESPESSA) = Fazemos o acompanhamento/seguimento • Indicado para todos os casos de malária, especialmente nos casos de P. falciparum. • Verifica a redução da parasitemia, eficácia do tratamento e recaídas.PROFILAXIA Viajantes para áreas de transmissão malárica – site do CDC. Proteção contra picadas. o Uso de roupas claras e com mangas longas. o Medidas de barreira (telas, mosquiteiros). o Repelente à base de DEET. o Evitar horários de maior risco: A noite (pôr do sol ao amanhecer). *Dengue – principal durante o dia. Orientar viajantes a procurar atendimento especializado se febre até 1 mês após viagem. Quimioprofilaxia (antimalárico) Indicado em áreas com pouco acesso aos serviços de saúde. o Viagens pelo Brasil, não se recomenda. - Opções → Doxiciclina, Mefloquina, Atovaquona + Proguanil. 40 Débora Oléa Braga - TXXII 5. LEPTOSPIROSE AGENTE ETIOLÓGICO • Bactéria helicoidal (espiroqueta) aeróbica obrigatória do gênero Leptospira. - Entra na nossa pele, sem necessidade de pele lesionada. • 14 espécies patogênicas, sendo a mais importante a L. interrogans. • Mais de 200 sorotipos (sorovares) já foram identificados, e cada um tem o seu hospedeiro preferencial, ainda que uma espécie animal possa albergar um ou mais sorotipos. • Sorotipos mais comuns na L. humana. o Ponoma (bovinos). o Canicola (caninos). o Icterohaemorrhagiae (roedores) → Brasil. • Pode sobreviver meses meio úmido e quente (saunas por exemplo). • Os animais infectados podem eliminar a leptospira através da urina durante meses, anos ou por toda a vida, segundo a espécie animal e o sorovar envolvido. *Animal elimina pela urina e não fica doente. TRANSMISSÃO • A penetração ocorre de forma ativa pela pele íntegra ou lesionada, ou por mucosas. • A infecção humana resulta da exposição direta ou indireta a urina de animais infectados. • Raramente, pode ocorrer pelo contato direto com sangue e tecidos de animais infectados. • Transmissão acidental em laboratórios. • Ingestão de água ou alimentos contaminados. • Transplacentária. • Inalação de aerossóis. • Transmissão entre humanos é muito rara e de pouca relevância epidemiológica, podendo ocorrer pelo contato com urina, sangue, secreções e tecidos de pessoas infectadas. • Mordida de animais. RESERVATÓRIOS • Repteis, anfíbios, peixes, pássaros e invertebrados, roedores (principalmente de esgoto), caninos, suínos, bovinos, equinos e caprinos. o Portadores crônicos assintomáticos. o Túbulos renais. • Homem → Hospedeiro terminal e acidental. FORMAS CLÍNICAS A – FORMA ANICTÉRICA (FORMA PREDOMINANTE). . Quadro autolimitado – paciente melhora. . 85% a 90% dos casos. B – FORMA GRAVE. . Disfunção hepática, renal, pulmonar e da hemostasia. . 10-15% dos casos. 41 Débora Oléa Braga - TXXII FORMA ANICTÉRICA Autolimitado. Período de Incubação → 5-14 dias (2-30 dias). Manifestações de intensidade variável. o Cefaleia holocraniana. o Prostração. o Dor reto-ocular. o Mialgia. o Dor nas panturrilhas intensa. o Dor lombar. o Febre alta. o Calafrios. o Náusea/vômitos. o Dor abdominal. o Rash cutâneo (fugaz). o Sufusão conjuntival (sem secreção) – olho vermelho. Confunde com Dengue ou Zika. Lepstopira no sangue e LCR. Na resolução: Anticorpos – a partir de 7 dias. Após ficarem assintomáticos por 1-3 dias, alguns pacientes apresentam uma “fase imunológica”: - Retorno dos sintomas. - Não vemos a bactéria no sangue e LCR. - Meningite asséptica (25-80%) - Cultura negativa e LCR +. - Pode durar 4-30 dias. FORMA ICTÉRICA SÍNDROME DE WEILL • Manifestação grave. • 5-10% casos e 5-20% mortalidade. • Sintomas iniciais mais intensos (febre mais alta e mialgia intensa) e prolongados, podendo não apresentar o período assintomático. • Icterícia rubínica a partir 3-7 dias. • Insuficiência renal aguda. • Manifestações hemorrágicas importantes. • Disfunção hepática, neurológica, hemodinâmica e cardíaca. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Na primeira semana a Leptospira é encontrada no sangue e LCR. . Após, desaparece do sangue e LCR. o Aparece leptospiúria. o Surgem anticorpos IgM. 1. Cultura → Padrão-ouro (limitada pelo crescimento lento) – nem sempre é positiva. 2. PCR, histologia. 3. Métodos sorológicos (mais utilizados). O exame mais utilizado é a sorologia (busca anticorpos). Na fase aguda da doença, ela pode vir negativa. Quando isso acontece, repetir o exame em 7 dias. Microaglutinação e Elisa IgM (mais usado). 42 Débora Oléa Braga - TXXII EXAMES COMPLEMENTARES • Hemograma → Anemia, leucocitose, plaquetopenia. • Transaminases elevadas (~200). • Aumento bilirrubinas. • CPK elevada. • Ureia e creatinina elevadas. • Distúrbio de coagulação. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Fase precoce (até 7 dias): • Dengue, influenza (síndrome gripal), malária, riquetsioses. • Doença de Chagas aguda, toxoplasmose, febre tifoide. • Mialgia, febre e mal-estar. • HIV. B) Fase tardia (após 7 dias, formas graves) • Hepatites virais agudas, hantavirose, febre amarela. • Malária grave, dengue hemorrágico, febre tifóide, endocardite, riquetsioses. • Doença de Chagas aguda, pneumonias, pielonefrite aguda, apendicite aguda, sepse, meningites, colangite, colecistite aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da gravidez, síndrome hepatorrenal. • Síndrome hemolitico-uremica e LES. TRATAMENTO A. Casos muito leves (gripais) → Sintomáticos. • Doxiciclina. • Ampicilina. • Amoxaciclina • Eritromicina B. Cefaleia persistente → LCR (alívio) C. Casos graves → Antibiótico (iniciar até o 4º dia do início dos sintomas). • Penincilina G. • Ampicilina. PROFILAXIA • Doxiciclina, 1 vez por semana. *Pensando em exposição futura (tenta prevenir a infecção) ou prévia (quem teve a exposição). Vacinas • Animais. • Humanos – usado para grupos de maior vulnerabilidade. Raramente aplicada (apenas países desenvolvidos para grupos ocupacionais de risco). Não confere imunidade permanente. 43 Débora Oléa Braga - TXXII 6. INFLUENZA INTRODUÇÃO • Também conhecida como GRIPE. • Doença viral, febril, aguda. • Geralmente benigna e autolimitada (depois de uns dias passa). • Circulam causando doença em humanos anualmente, de forma sazonal. • A pessoa pode se infectar várias vezes durante a vida. o Por isso a vacina é anual, pois a imunidade não é tão duradoura. *Dado principalmente para as pessoas de maior vulnerabilidade. EPIDEMIOLOGIA Influenza sazonal: - Ocorre anualmente, nos meses de inverno Influenza pandêmica: o Quando um vírus influenza que não circulava anteriormente em humanos, emerge e causa grandes epidemias, contra as quais as pessoas não possuem imunidade. Influenza zoonótica: - Vírus Influenza que circulam em animais, esporadicamente podem ser transmitidos aos homens. GRIPE ESPANHOLA: - H1N1 (1918); H2N2 (1957); H3N2 (1968). - Morte maior nos meses de inverno. TIPOS DE INFLUENZA Influenza A → Responsável por várias pandemias. Influenza B (também responsável por algumas pandemias). Influenza C → Causador de doença mais branda, não possuindo impacto na saúde pública. Imunizações são focadas na Influenza A e B. VÍRUS EMERGENTE • H7N9 → Subtipo de Influenza A de origem aviária. • H5N1 → Subtipo de influenza A de origem aviária. • Enterovírus D68. • MERS – CoV → Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Novo Coronavírus). • Coronavírus – COVID 19. GRIPE PANDÊMICA 2009 O H1N1 é um vírus composto pela recombinação de vários outros tipos virais Influenza. - ‘’Gripe suína’’. 44 Débora Oléa Braga - TXXII - Originário de animais – Homem foi infectado e ocorreu adaptação. QUADRO CLÍNICO Início abrupto dos sintomas que, geralmente, são sistêmicos. Febre, calafrios, cefaleia, mialgia, anorexia,tosse seca, dor de garganta, coriza e manifestação gastrointestinal. - Geralmente dura 1 semana. - Autolimitada. Os sintomas sistêmicos podem persistir um pouco mais. Principalmente em pacientes mais vulneráveis. COMPLICAÇÕES A evolução da gripe (Influenza) geralmente tem resolução espontânea em sete dias, embora a tosse, o mal-estar e a fadiga possam permanecer por algumas semanas. Alguns casos podem evoluir com complicações. A complicações muitas vezes são devido a imunidade fragilizada. Complicações mais comuns: o Pneumonia bacteriana e por outros vírus. o Sinusite. o Otite. o Desidratação. o Piora de doenças crônicas como IC, asma ou diabetes. o Pneumonia primária por influenza, que ocorre predominantemente em pessoas com doenças cardiovasculares (especialmente doença reumática com estenose mitral) ou em mulheres grávidas. GRUPOS DE MAIOR RISCO • Grávidas (em qualquer idade gestacional); puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal). *6 meses de idade: 1ª dose de Influenza. • Adultos ≥ 60 anos. • Crianças < 2 anos. • População indígena. • Pneumopatias (incluindo asma). • Cardiopatias (excluindo HAS). • Nefropatias. • Hepatopatias. • Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme). • Distúrbios metabólicos (incluindo DM descompensado). • Transtornos neurológicos que possam comprometer a função respiratória ou aumentar risco de aspiração. • Imunossupressão. • Obesidade (IMC ≥ 40 em adultos). • Indivíduos menores de 19 anos em uso prolongado de AAS (risco de Síndrome de Reye). 45 Débora Oléa Braga - TXXII SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE (SRAG) Insuficiência respiratória. Febre, tosse e dispneia (tríade clássica). - A febre pode ou não estar presente. Pode evoluir para ventilação mecânica ou óbito. ADULTO • FR > 30 irpm (taquipneia e hipóxia). • PA diastólica < 60 mmHg ou PA sistólica < 90 mmHg. • Confusão mental. • Idade > 60 anos. CRIANÇA • Cianose. • Batimento de asa de nariz. • Taquipnéia → 2 meses a menor de 1 ano (>50 IRPM); 1 a 5 anos (>40 IRPM). • Toxemia. • Tiragem intercostal. • Desidratação/Vômitos/Inapetência. • Dificuldade para ingestão de líquidos ou amamentar. • Estado geral comprometido. • Dificuldades familiares em medicar e observar cuidadosamente. TRANSMISSÃO • Gotículas, a partir de espirros e tosse. • Eventualmente por aerossóis. • O vírus pode permanecer nas superfícies, como mesa, corrimão, maçaneta, computador. • A pessoa pode eliminar o vírus cerca de 1 dia antes do início dos sintomas. o Assintomáticos são transmissores! DIAGNÓSTICO • Clínico. • Laboratorial: - Swab nasofaringe OU coleta de ‘’bronquinho’’ em pacientes entubados. TRATAMENTO • Fosfato de oseltamivir (Tamiflu®). - 5 dias, 12 em 12 horas. • Zanamivir (Relenza®). VACINAS Rede pública → Trivalente (2 vírus Influenza A e 1 vírus influenza B) Rede privada → Tetravalente (2 vírus Influenza A e 2 vírus influenza B) PÚBLICO ALVO Crianças de 6 meses a menores de 6 anos (5 anos, 11 meses e 29 dias). Gestantes → Em qualquer idade gestacional. 46 Débora Oléa Braga - TXXII Puérperas. Trabalhador de Saúde → Todos os trabalhadores de saúde dos serviços públicos e privados, nos diferentes níveis de complexidade. Professores → Todos os professores das escolas públicas e privadas. Povos indígenas. Indivíduos com 50 anos ou mais de idade. Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas. População privada de liberdade e funcionários do sistema prisional. Pessoas portadoras de doenças crônicas: Pneumopata, cardiopata, nefropata, obesos, transplantados, trissomias imunossupressão, DM e doença neurológica. OUTRAS FORMAS DE PREVENÇÃO . Lavar as mãos. . Álcool-gel. . Tossir e espirrar em toalhas de papel. . Evitar sair de casa enquanto doente. . Limpar superfícies. ATESTADO O paciente deve ficar em isolamento, evitando o contato social para que não transmita a doença. 47 Débora Oléa Braga - TXXII 7. COVID-19 - Vírus com formato de coroa. - Vírus que atinge animais: Morcego, camelo, macaco, cavalo, etc. - SARS-COV 2 não se sabe ao certo a origem. *SARS: Síndrome da Angústia Respiratória Aguda. TRANSMISSÃO . Via respiratória – maior relevância: Secreção respiratória (espirro, tosse). . Contato. . Fezes. PERÍODO DE INCUBAÇÃO Pelo o que se sabe até o momento, o período de incubação varia de 2 a 14 dias. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO . Avental descartável. . Luva. . Máscara N95. . Face shield. SINTOMAS MAIS FREQUENTES - São modificáveis. - Antes de ter sintomas a pessoa já transmite. . Febre. . Tosse. . Dispneia. . Dor no corpo e mialgia. . Perda do olfato e paladar. . Cefaleia. . Alteração renal. . Confusão mental. . Miocardite. Afeta múltiplos órgãos. 48 Débora Oléa Braga - TXXII EXAMES LABORATORIAIS Swab nasal. Sorologia – evitamos pedir para diagnóstico de fase aguda. Começam a ficar positivas a partir do 14º dia. Pedimos plara pacientes com quadro típico de COVID e swab nasal negativo. *Pode ocorrer reação cruzada por dengue e falso negativo. . Após o 10º dia de sintomas. . Será realizado o teste imunocromatográfico. . Ficar atento para resultados falsos positivos, falsos negativos e reações cruzada. . O IgM pode ficar positivo até 8 semanas e não significa que a pessoa está transmitindo a doença. . Não há orientação para coleta de sorologia pós- covid ou pós-vacina. PCR. IMPORTANTE . Manter as vacinas em dia, conforme faixa etária e comorbidades. 49 Débora Oléa Braga - TXXII 8. TUBERCULOSE INTRODUÇÃO • Doença infecciosa de transmissão aérea. . Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis. Bacilo aeróbio estrito (predileção por ápices) e intracelular facultativo (sobrevive dentro de célula fagocitada) – auxilia o bacilo entrar em LATÊNCIA. *TB LATENTE: Possui a infecção e não manifesta a doença. Parede rica em lipídeos: Duplica a população a cada 18-48h Bactéria de crescimento lento. *Período longo de incubação Trata-se de uma doença subaguda crônica. *Antibióticos agem no momento de • Possui forte associação com abuso de álcool, tabaco e outras drogas, carência alimentar e falta de saneamento básico. • Principal causa de morte em pacientes com HIV. o Observa-se também nestes pacientes manifestações menos comuns da doença, como quadros pulmonares paucibacilares, formas extrapulmonares e disseminadas. • Pacientes moradores de rua tem mais chance de adoecer. Em segundo lugar, os pacientes com HIV. o Baixa susceptibilidade e permeabilidade a antibióticos (imunidade inata). o Possui curso lento de duplicação (18-48 hr). - Demorando mais para manifestar a doença (quadro clínico insidioso – crônico). - Isso também prolonga o tempo de tratamento o Destruído por calor, raios UV e radiação ionizante o Predileção pelo ápice pulmonar TRANSMISSÃO Aerossóis (partículas de pequenos tamanhos) – Bacilo fica em suspensão no ambiente. o Tosse, espirro, falar em voz alta. Quando os bacilos são inalados por pessoas sadias, as pessoas adquirem a infecção tuberculosa, e correm o risco de desenvolver a doença.. Formas de um doente gerar transmissão → TB pulmonar e laríngea. . TB latente não transmite TB. . TB extrapulmonar sem essas formas associadas não transmite. . Presença de caverna na TB pulmonar: Maior risco de transmissão Cavernas são ricas em
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