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Ovulação

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Josué Mallmann Centenaro 
Atresia folicular 
A maioria dos folículos ovarianos sofre um processo de 
involução denominado atresia, por meio do qual as 
células foliculares e ovócitos morrem e são eliminados 
por células fagocíticas. Folículos em qualquer fase de 
desenvolvimento (primordial, primário, pré-antral e 
antral) podem sofrer atresia. 
Este processo é reconhecido por algumas ou todas 
seguintes características, dependendo do estágio de 
atresia: sinais de morte celular de células da granulosa 
(principalmente aparecimento de núcleos picnóticos, 
hipercorados e sem visualização de seus detalhes); 
separação de células da camada granulosa de modo 
que elas ficam soltas no líquido folicular; morte do 
ovócito vista pela alteração do núcleo e citoplasma; 
pregueamento da zona pelúcida. 
Após a morte das células, macrófagos invadem o 
folículo e fagocitam os seus restos. Em um estágio 
posterior, fibroblastos ocupam a área do folículo e 
produzem uma cicatriz de colágeno que pode persistir 
por muito tempo. 
Embora a atresia folicular aconteça desde antes do 
nascimento até alguns anos depois da menopausa, há 
momentos em que é particularmente intensa. Ela é 
grandemente acentuada logo após o nascimento, 
quando o efeito de hormônios maternos cessa, e 
durante a puberdade e a gravidez, quando acontecem 
marcadas modificações hormonais qualitativas e 
quantitativas. 
Ovulação 
A ovulação consiste na ruptura de parte da parede do 
folículo maduro e a consequente liberação do ovócito, 
que será capturado pela extremidade dilatada da tuba 
uterina. 
Acontece frequentemente na época próxima à metade 
do ciclo menstrual, isto é, ao redor do décimo quarto 
dia de um ciclo de 28 dias. 
O estímulo para a ovulação é um pico de secreção de 
hormônio luteinizante (LH) liberado pela hipófise em 
resposta aos altos níveis de estrógeno circulante 
produzido pelos folículos em crescimento. 
As células da granulosa produzem mais ácido 
hialurônico e se soltam de sua camada. Uma pequena 
área da parede do folículo enfraquece por causa da 
degradação de colágeno da túnica albugínea, por causa 
de isquemia e pela morte de algumas células. Essa 
fraqueza localizada e possivelmente a contração de 
células musculares lisas que circundam o folículo 
conduzem à ruptura de parte da parede exterior do 
folículo e à ovulação. Devido à ruptura da parede 
folicular, o ovócito e o primeiro corpúsculo polar, 
envoltos pela zona pelúcida, pela corona radiata e 
juntamente com um pouco de fluido folicular, deixam 
o ovário e entram na extremidade aberta da tuba 
uterina, onde o ovócito pode ser fertilizado. Se isso não 
acontece nas primeiras 24 h após a ovulação, ele 
degenera e é fagocitado. 
A primeira divisão meiótica é completada um pouco 
antes da ovulação. Os cromossomos são divididos 
igualmente entre as células-filhas, mas um dos 
ovócitos secundários retém quase todo o citoplasma. 
O outro se toma o primeiro corpúsculo polar, uma 
célula muito pequena que contém um pequeno núcleo 
e uma quantidade mínima de citoplasma. 
Imediatamente após a expulsão do primeiro corpo 
polar o núcleo do ovócito inicia a segunda divisão da 
meiose, que estaciona em metáfase até que haja 
fertilização. 
 
Corpo lúteo 
Após a ovulação, as células da granulosa e as células da 
teca interna do folículo que ovalou se reorganizam e 
formam uma glândula endócrina temporária chamada 
corpo lúteo. 
A perda do fluido folicular após a ovulação resulta em 
colapso da parede do folículo, que se torna pregueada. 
Esse tecido conjuntivo constitui a parte mais central do 
corpo lúteo, acompanhado de restos de coágulos de 
sangue que são gradualmente removidos. 
Embora as células da granulosa não se dividam depois 
da ovulação, elas aumentam muito de tamanho. Elas 
compõem aproximadamente 80% do parênquima do 
corpo lúteo e passam a ser chamadas células 
granulosa-luteínicas, com características de células 
secretoras de esteroides. Isso contrasta com a sua 
estrutura no folículo pré-ovulatório, no qual tinham 
aspecto de células secretoras de proteínas. 
Embora em menor número, as células da teca interna 
também contribuem para a formação do corpo lúteo, 
originando as células teca-luteínicas, as quais são 
semelhantes às granulosa-luteínicas, mas são 
menores. Elas tendem a se acumular nas pregas da 
parede do corpo lúteo. 
Os vasos sanguíneos e linfáticos, que eram restritos à 
teca interna, agora crescem, dirigem-se para o interior 
do corpo lúteo e formam uma abundante rede 
vascular. 
A reorganização do folículo ovulado e o 
desenvolvimento do corpo lúteo resultam de estímulo 
pelo hormônio luteinizante liberado antes da ovulação. 
Ainda sob efeito do LH, as células modificam seus 
componentes enzimáticos e começam a secretar 
progesterona e estrógenos. 
Destino do corpo lúteo 
O destino do corpo lúteo depende de como ele é 
estimulado após a sua formação. Pelo estímulo inicial 
de LH (que ocasionou a ovulação) o corpo lúteo é 
programado para secretar durante 10 a 12 dias. Se não 
houver nenhum estímulo adicional, suas células 
degeneram por apoptose. Isso é o que acontece 
quando uma gravidez não se estabelece. 
Uma das consequências da secreção decrescente de 
progesterona (por falta de estímulo de LH) é a 
menstruação, que é a descamação de parte da mucosa 
uterina. Altas taxas de estrógeno circulante inibem a 
liberação de FSH pela hipófise. Em contrapartida, 
depois da degeneração do corpo lúteo, a concentração 
de esteroides do sangue diminui e FSH é liberado em 
quantidades maiores, estimulando o crescimento 
rápido de alguns folículos e iniciando o ciclo menstrual 
seguinte. 
O corpo lúteo que dura só parte de um ciclo menstrual 
é chamado corpo lúteo de menstruação. Seus restos 
são fagocitados por macrófagos. Fibroblastos 
adjacentes invadem a área e produzem uma cicatriz de 
tecido conjuntivo denso chamada corpo albicans 
(corpo branco, por causa da sua grande quantidade de 
colágeno). 
A progesterona, além de manter a mucosa uterina, 
também estimula a secreção das glândulas uterinas, o 
que provavelmente é importante para a nutrição do 
embrião antes de a placenta se tomar funcional. 
Este é o corpo lúteo de gravidez, que persiste durante 
4 a 5 meses e em seguida degenera e é substituído por 
um corpo albicans, que é muito maior que o de 
menstruação. 
Células intersticiais 
Embora as células da granulosa e os ovócitos 
degenerem durante a atresia folicular, algumas células 
de teca interna frequentemente persistem isoladas ou 
em pequenos grupos no estroma cortical e são 
chamadas células intersticiais. As células intersticiais, 
que existem desde a infância até a menopausa, são 
ativas secretoras de esteroides, estimuladas por LH.

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