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1 FORMAÇÃO EM REDE Secretaria Municipal de Educação de Nova Olímpia-MT Facilitadora: Ma. Angela Cristina Munhoz Maluf 2 ENSINO HÍBRIDO Se antes o movimento foi de pensar como adaptar a educação presencial para o mundo online, agora o desafio é o inverso: criar maneiras de adaptar o online para o presencial novamente. A ideia é desafiadora pois não se trata de voltar exatamente ao modelo de antes da pandemia, mas sim incorporar estratégias bem-sucedidas descobertas e colocadas em prática nesse período. O que é o ensino híbrido Ensino Híbrido é um modelo de educação formal que se caracteriza por mesclar dois modos de ensino: o online, em que o aluno aproveita o poder da tecnologia para aprender no seu tempo, modo e/ou ritmo; e o offline, momento na escola em que o aluno estuda em grupo, com o professor ou colegas, valorizando a interação e o aprendizado coletivo e colaborativo. Os dois momentos devem buscar um objetivo em comum: o aprendizado. Porém, cada um com características próprias, de modo que se conectem e ofereçam diferentes formas de aprender e ensinar algo. Existem vários modelos de ensino híbrido: os sustentados e os disruptivos. Os sustentados são conhecidos como: “rotação por estações”, “laboratório rotacional”, “rotação individual” e “sala de aula invertida”. Já os disruptivos são: “modelo flex”, “modelo à la carte”, “modelo virtual enriquecido”. O Ensino Híbrido combina com espaços, ferramentas e estilos de aprendizagem para potencializar o desenvolvimento de cada educando. Dentre as diversas formas de aplicar o ensino Híbrido, citadas acima, uma , que vem mostrando resultados positivos, é a Rotação por Estações de Aprendizagem. A Rotação por Estações de Aprendizagem consiste em criar uma espécie de circuito dentro da sala de aula. Cada uma das estações deve propor uma atividade diferente sobre o mesmo tema central - ao menos uma das paradas deve incluir tecnologia digital. Planejamento da quantidade de estações . A quantidade de estações deve levar em conta alguns aspectos: *Deve ser o suficiente para que os educandos tenham contato com o conteúdo de diferentes maneiras, visando atingir a todos os estilos de aprendizagem. *Deve levar em conta o tempo necessário para a conclusão das atividades em cada estação, tendo em mente que até o final da aula os deverão ter percorrido todas. 3 *Deve levar em consideração a quantidade de estudantes da turma, priorizando a formação de grupos pequenos, de preferência de até cinco alunos. Sugestão- 20 educandos- 4 estações com 5 educandos em cada. estação 30 educandos- 5 estações com 6 educandos em cada. estação A ideia é que os educandos, divididos em pequenos grupos de 4, 5 ou 6 educandos façam um rodízio pelas estações. É importante ressaltar que o trabalho em cada estação deve ser independente das outras. Ou seja, precisa ter começo, meio e fim, sem exigir um exercício prévio para sua compreensão. Por quê? Como cada grupo vai começar em uma estação diferente e circular a partir dela, é preciso que os grupos sejam capazes de resolver cada desafio isoladamente. Planejamento de espaços Em geral, a metodologia ativa: rotação por estações costuma acontecer em sala de aula, com a divisão das estações ao longo do espaço disponível. No entanto, é possível adaptá-lo para outros espaços, conforme a necessidade e disponibilidade. Um ginásio, por exemplo, pode ser usado para a aplicação do modelo, bem como uma quadra de esportes ou até o pátio da escola. Outra possibilidade, caso a instituição possua salas vagas, é colocar cada estação em uma sala diferente. Essas estratégias são bem interessantes, especialmente, para o cenário de distanciamento social. Uma possibilidade seria aplicar o modelo rotação por estações com os educandos presentes e enviar outras atividades aos estudantes remotos. No dia seguinte, eles se revezariam, então todos teriam acesso a essa forma de aprendizado. É necessária uma aula de, no mínimo 50 minutos Exemplo de aula, 60 minutos. Ex: Sala com 30 educandos- Serão 12 minutos para cada estação, sendo ela 5 estações com 6 educandos em cada. Sala com 20 educandos-Serão 15 minutos para cada estação, sendo ela 4 estrações com 5 educandos em cada. 4 O educador tendo disponibilidade, poderá aumentar o tempo em cada estação como também adaptar a metodologia, levando a turma inteira a cada uma das estações. ( dependendo do nr de educandos e do espaço físico ). Deve levar em consideração a quantidade de estudantes da turma, priorizando a formação de grupos pequenos, de preferência de até cinco alunos. Todas as estações trabalham com o mesmo tema central da aula, mas de formas diferentes e buscando contemplar todos os estilos de aprendizagem: visual, auditivo, cinestésico, onde a leitura e a expressão escrita devem estar presentes. Planejamento das atividades Agora chegamos no “recheio do bolo”. Vamos falar das atividades para cada estação? Aqui, mais uma vez, há alguns aspectos a considerar: *Todas as atividades das estações devem seguir um tema central. *As atividades de cada estação devem ter começo, meio e fim, não dependendo que o educando tenha passado por outra estação para entendê- las. * As atividades devem estar em formatos variados, utilizando vídeo, áudio, leitura, escrita, materiais táteis e tarefas práticas, para que o assunto possa ser assimilado de várias formas e por todos os perfis de aprendizagem. Mais de um desses elementos pode fazer parte da mesma estação. É necessário também ter atividades que possam ser feitas de forma virtual. Todo o conteúdo deve ser planejado em tempo hábil para contato/execução das atividades dentro da estação. Deixe sempre alguma margem de folga, pois nem todos os educandos concluem as tarefas no mesmo ritmo. Essa metodologia conta com três momentos essenciais: De interação entre educandos e educador (em que ele pode sanar dúvidas, orientar projetos, explicar conteúdos, fazer perguntas e provocar reflexões), De trabalho colaborativo (em que os educandos trabalham em um projeto comum, propõem questões uns para os outros, organizam debates ou desenvolvem um produto que demonstre seu aprendizado) De tecnologia (que pode incluir estudos individuais, exercícios online, pesquisas, entre outros). 5 A variedade de recursos utilizados, como: vídeos, textos, trabalho individual ou colaborativo, entre outros, também favorecem a personalização do ensino, pois, como sabemos, nem todos os educandos aprendem da mesma forma. Podem ser realizadas atividades escritas, leituras, entre outras. Um ou vários dos grupos podem estar envolvidos com propostas on-line que, de certa forma, independem do acompanhamento direto do educador. Após o tempo previamente combinado com os educandos, eles trocam de grupo, e esse revezamento continua até todos terem passado por todos os grupos. Na aprendizagem ativa Rotação por Estações os educandos serão oportunizados a tentarem resolver problemas em diversas situações em cada estação que ele passar. Essa metodologia ativa: Rotação por Estações, do Ensino Híbrido, irá contemplar os diferentes estilos de aprendizagem de seus educandos e ajudá- los a melhorar o seu desempenho escolar, além disso, essa metodologia estimula educandos a discutirem, pesquisarem e se envolverem com determinado conteúdo, melhorando o engajamento dos mesmos. Como aplicar? *Planeje as atividades que serão dadas; * Separe os educandos por estações;. * Coloque em cada estação uma comanda com o que dever ser realizado; * Cada rodada, deverá ter um tempo combinado; * Faça um fechamento para concretizar a aprendizagem. Em um dos grupos, o educador pode estar presente de forma mais próxima, garantindo o acompanhamento de educandos que precisam de mais atenção.Qual resultado pode esperar da rotação por estações? *Mudança no papel do educador *Aprendizagem eficiente respeitando os estilos de aprendizagem *Um feedback mais assertivo da aprendizagem do educador e educandos. *Desenvolvimento da autonomia do educando. 6 Diferentes pontos devem ser observados nesta metodologia ativa quando alguns estudantes não estiverem nas aulas presenciais. * O grupo de educandos que está presencialmente na escola deve aproveitar o momento da melhor forma, como realizando experimentos. Ao mesmo tempo, é possível usar a tecnologia para conectá-los aos estudantes do outro grupo, que estão assistindo a aula remotamente. *Os educandos que estão online devem participar, do experimento, sugerindo como os educandos que estão na aula presencialmente poderão realizar aquele experimento, dando ideias de como fazer isto. Todas as sugestões podem ser acatadas ou não, e serão experimentais. Bastará que os educandos sigam os direcionamentos e comprovem algo, executando experiências e não precisam estar em laboratórios, caso a escola tenha um. Serão necessárias instruções para cuidados em cada atividade prática. Sugiro a Rotação Individual, para educandos com dificuldades na aprendizagem. O modelo de Rotação Individual permite que os educandos com dificuldades estejam nas estações, mas com o seu roteiro programado pelo educador e fazem rotações seguindo roteiros personalizados. Nesse caso os educandos não precisam necessariamente passar por todas as estações, mas devem passar por aquelas que fazem sentido para sua aprendizagem, considerando o nível de conteúdo em que se encontram suas dificuldades e a forma como aprendem melhor. Nesse caso, a agenda de atividade do educando deverá ser individual e organizada de acordo com as suas necessidades. As atividades devem ser diversificadas: pesquisas, jogos, exercícios, etc. Tanto para o ensino presencial ou com formato on-line, para melhor atender as necessidades de aprendizagem dos educandos; 7 Listo algumas atividades que podem ser aplicadas tanto na retomada das aulas presenciais como no ensino online. Confira a seguir. 1-Prática de recuperação Consiste em qualquer prática ou exercício que ajude os estudantes a resgatar um conhecimento da memória de longo prazo e trazê-lo para a chamada memória de trabalho. “À medida que essa prática se repete, reforça o conhecimento que o educando tem, justamente por esse esforço de recordar. E assim, o conhecimento fica cada vez mais retido na memória de longo prazo do educando” As atividades podem envolver desde uma lista em que os a educandos escrevem em uma folha de papel tudo o que lembram sobre determinado tema ou conteúdo, O educador faz uma pergunta, estimula que os educandos pensem individualmente durante um pequeno intervalo de tempo e depois discutam com os colegas. 2-Levantamento de conhecimentos prévios Como o nome adianta, essa estratégia nada mais é do que a conversa no início de cada aula ou atividade para que o professor possa compreender o que o aluno já conhece sobre o tema, tópico ou exploração que será realizada. “Essa prática está relacionada à prática de recuperação, porque é uma forma de trazer e resgatar um conhecimento que talvez esteja dormente no educando e, a partir dessa retomada, trabalhar com aquele tema novamente. Geralmente é usada no começo de uma exploração, e tem essa função informativa para o educador, para que, entendendo o que o educando já sabe, possa entender de que formas pode ajuda-los.” 3-- SQA Sigla para o que já Sei (S), Quero saber (Q) e o que já Aprendi (A), a estratégia é outra forma de docentes e tutores entenderem em que ponto seus educandos se encontram antes de iniciar uma atividade ou percurso temático. Trata-se de uma tabela dividida em três colunas. Antes de começar os trabalhos, o educando ou a sala toda em conjunto preenchem a primeira coluna com aquilo que já sabem sobre o tema. Na segunda coluna, colocam o que têm interesse de aprender sobre aquele assunto. Depois, no fim da exploração, que pode durar uma aula, uma sequência ou até o ano todo, devem retomar a tabela para preencher a última coluna, com o que realmente aprender. Essa é uma forma de o educando não só avaliar previamente o que sabe sobre os conteúdos, mas também dispor seus interesses e observar o caminho de aprendizagem percorrido. 8 4- Memorização prolongada É uma forma de estimular a memória e facilitar que os educandos guardem novas aprendizagens. A técnica é criar imagens que o educandos associe com algo que tenha que memorizar. Por exemplo: se ele tem uma lista de palavras que deve aprender, ele pode associar a uma imagem engraçada, que não precisa estar diretamente relacionada ao conteúdo, mas ao lembrar dela, ele lembrará das palavras e de seus significados. Isso pode ajudar a extrair esse conhecimento e resgatá-lo na memória. 5-OQFQNSOQF A sigla, que causa certo estranhamento, é a abreviação da frase: O Que Fazer Quando Não Sei O Que Fazer?, uma técnica ensinada por um educador da Columbia University (EUA). Essa é uma estratégia muito relacionada à meta-aprendizagem, ou seja, refletir sobre a forma como aprendemos. Essa prática pode ser usada pelos educandos para que encontrem caminhos quando estão presos em algum problema, incentivando que pensem em formas de solucionar determinado desafio ou situação. 6- Bilhete de saída Geralmente adotada no encerramento de uma aula ou atividade, a estratégia do bilhete de saída é usada para verificar como os educandos receberam a proposta e o que conseguiram aprender com aquela prática. Nas aulas presenciais, pode-se utilizar um bilhetinho mesmo, onde educandos podem usar até criar símbolos, para falar o que acharam da aula, como se sentiram com essa prática. Ou podem fazer algo mais reflexivo, mas sempre respondendo a uma pergunta simples. A ideia é que o bilhete ajude o educador a ver o que deu certo ou não, quais tipos de aulas estão funcionando e o que pode ser feito na sequência. O objetivo geral dessa prática é fazer com que os educandos experimentem diversas formas de aprender um mesmo conteúdo. O papel dos educadores na readaptação Mesmo que a tecnologia tenha tido um papel durante a quarentena, é impossível afirmar que ela se constituiu como uma solução totalmente eficaz, uma vez que muitas redes e escolas não contam com a infraestrutura adequada para disponibilizar atividades online para os estudantes. Nesse sentido, o ensino híbrido não está necessariamente focado na tecnologia. 9 “É possível fazer a integração entre remoto e presencial sem ter a tecnologia, com, por exemplo, atividades impressas”. Então a lógica do ensino híbrido depende muito mais de pessoas, ou seja, de quem planeja, do que da tecnologia em si. Por isso, considero importante que no momento de planejar é de avaliar, de acordo com as expectativas, quais habilidades os educandos deverão trabalhar online e presencialmente. Isso poderá facilitará a antecipação de alguns conteúdos para serem trabalhados online e protelar outros que podem ser vistos presencialmente. O momento presencial deve ser aproveitado para realizar um atendimento mais próximo, tirar dúvidas, para fazer trocas, discussões mais aprofundadas e aquelas atividades que o professor realmente precisa estar junto ou que ficaram limitadas de ser realizada a distância. Além disso, nessa retomada teremos o cuidado de pensar atividades presenciais que realmente façam sentido. O momento presencial precisa ser rico, valioso, especial e único, caso contrário o educando pode questionar o motivo de ir para a escola. Virtual enriquecido: Nesse modelo, o educando tem todas as disciplinas ofertadas on-line e vai para a escola uma ou duas vezes por semana para realizar projetos e discutir o que foi aprendido ou estudado on-line.Referências BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. de M. (Orgs.) Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação. Porto Alegre: Penso 2015. 270p DIESEL, Aline. BALDEZ, Alda Leila Santos. MARTINS, Silvana Neumann. Os princípiosdas metodologias ativas de ensino: uma abordagem teórica. Revista Thema: v. 14, nr 1., PENSE NISTO
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