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1 ATLS - TORTO ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE GRAVE _____________________________________________________________________________ PREPARAÇÃO e triagem A preparação ocorre entre o trâmite entre dois cenários clínicos diferentes: Fase pré-hospilatar: • Avisar o hospital sobre o envio do politraumatizado para que haja a devida preparação; • Abordagem inicial: manutenção de vias aéreas, controle da hemorragia externa e do choque, imobilização do paciente e transporte do paciente. • Esquema de Decisão de Triagem de Campo: Traumas de maior gravidade (transporte para centro de maior complexidade para trauma): - Sinais vitais e nível de consciência: Glasgow < 14 OU PAS < 90 mmHg OU FR < 10 ou > 29. - Anatomia da lesão: lesão penetrante em cabeça, pescoço, tronco e segmento proximal das extremidades acima do cotovelo e do joelho; 2 ou > fraturas de ossos longos; lesão em extremidade sem pulso; amputação proximal ao punho/tornozelo; fratura pélvica; fratura de crânio; déficit motor. Transporte para centro de trauma mais próximo não necessariamente com alto nível de complexidade: - Mecanismo de trauma por queda: adultos > 1 andar ou 3 metros; crianças > 3m ou 2 a 3 vezes a altura da criança. - Mecanismo de trauma automobilístico: intrusão > 30 cm do lado do ocupante ou 45 cm em qualquer lugar; ejeção parcial ou completa do veículo; morte de um ocupante do mesmo compartimento; dados de traumas de alto risco; pedestre/bicicleta lançado a distância, atropelados, com impacto significativo > 32 km/h; colisão com motocicleta > 32 km/h. Transportar para hospital mais próximo capaz de avaliação adequada: - Idade: adultos > 55 anos e crianças. - Queimados; - Outras condições: distúrbios de coagulação; paciente com DRC terminal em diálise; grávidas > 20 semanas; sintomas neurológicos; - Critério do socorrista. 2 ATLS - TORTO Distribuição trimodal 1. Segundos a minutos do evento (50% dos óbitos: lacerações de aorta, otraumatismos cardíacos, lesões de medula e tronco cerebral → medidas preventivas de acidentes. 2. Minutos a horas do evento: hemorragia, hemopneumotórax e hematomas epi e subdurais → atendimento adequado, com rápida avaliação e medidas de ressuscitação (Golden hour). 3. Horas a semanas do acidente: sepse e disfunção multissistêmica. Classificação pelos recursos • Múltiplas vítimas: capaz de oferecer atendimento adequado a todas; prioridade para pacientes com risco de vida iminente e aqueles com lesões multissistêmicas. • Desastres: número de vítimas e a gravidade das lesões ultrapassam a capacidade de atendimento; prioridade para vítimas com maior probabilidade de sobreviver. Avaliação primária Consiste em identificar de forma rápida as condições que implicam risco imediato à vida do paciente: 3 ATLS - TORTO A via aérea com proteção da coluna cervical B ventilação e respiração C circulação e hemodinâmica D disfunção (estado neurológico) E exposição/controle do ambiente OBS: populações que exigem atendimento especial são crianças, idosos, grávidas, atletas e obesos. A manutenção da via aérea com proteção da coluna cervical As vias aéreas devem ser avaliadas para assegurar sua permeabilidade, com foca na inspeção para presença de corpos estranhos e fraturas faciais, mandibulares ou traqueolaríngeas que possam gerar obstrução. OBS: De forma geral, pacientes que se comunicam verbalmente dificilmente apresentam obstrução de vias aéreas. As principais manobras iniciais para permeabilizar as vias aéreas são: - chin lift (quando não há trauma); - jaw thrust (quando há trauma). ELEVAÇÃO DO MENTO (CHIN LIFT): TRAÇÃO DA MANDÍBULA (JAW THRUST): É necessário considerar a existência de uma lesão de coluna cervical em TODO paciente politraumatizado, sobretudo naqueles com redução do nível de consciência e traumatismo fechado acima da clavícula. Dessa forma, é necessária a utilização de dispositivos de imobilização da coluna cervical até que seja descartado esse tipo de lesão no paciente. 4 ATLS - TORTO OBS2: alguns pacientes são eletivos para o estabelecimento de uma via aérea definitiva (intubação), como pacientes com TCE grave, rebaixamento de nível de consciência com Glasgow < ou = 8. B ventilação e respiração Deve ser feita a avaliação do pescoço e tórax: • Distensão de veias jugulares; • Posição da traqueia; • Movimentação da parede torácica (expansibilidade); • Ausculta pulmonar (avaliação de presença de fluxo de ar); • Inspeção, palpação e percussão de tórax para identificação de lesões. As principais lesões que comprometem a ventilação e que devem ser identificadas logo na avaliação primária são: pneumotórax hipertensivo ou aberto, tórax instável com contusão pulmonar e hemotórax maciço. C Circulação e hemodinâmica A avaliação do volume sanguíneo e do débito cardíaco na primeira avaliação é fundamental considerando a hemorragia como principal causa de morte pós- traumática evitável. Nesse cenário de trauma, toda hipotensão deve ser considerada de causa hipovolêmica até que se prove o contrário. Elementos que devem ser avaliados nesse contexto são: - Nível de consciência: perda de volume sanguíneo pode gerar alteração do nível de consciência por redução da perfusão cerebral. - Cor da pele: coloração acinzentada da face e a pele esbranquiçada das extremidades são sinais evidentes de hipovolemia. - Pulso: avaliar qualidade, frequência e regularidade de pulsos centrais (carotídeos ou femorais), de forma bilateral. Nos pulsos periféricos, quando muito rápidos, irregulares e filiformes há suspeita de disfunção cardíaca. Além disso, quando pulso central está ausente, deve-se iniciar reanimação (se paciente inconsciente e sem respiração). - Perfusão: medido por meio tempo de enchimento capilar, o qual é considerado normal quando < 3 segundos. A identificação de uma hemorragia também é fundamental, sobretudo a externa, que deve ser controlada logo na avaliação primária. Para isso, lança-se mão de compressão manual direta sobre o foco (torniquete e pinças hemostáticas são utilizadas apenas quando a compressão não é efetiva). Hemorragias internas geralmente são nas áreas do tórax, abdome, retroperitônio, bacia e ossos longos e demandam de avaliação secundária. 5 ATLS - TORTO D disfunção neurológica A avaliação neurológica deve incluir a avaliação do nível de consciência, tamanho e reatividade das pupilas, lateralização do cérebro (sinais de um lado dominante ou negligente) e presença de lesão da medula espinal e o seu nível. AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA – ESCALA DE COMA DE GLASGOW 6 ATLS - TORTO O principal diagnóstico a ser considerado em um caso de rebaixamento no níveil de consciência é o trauma do sistema nervoso central. Outras hipóteses a serem consideradas são: • Alterações metabólicas: hipo/hiperglicemia; hipo/hipernatremia; hipercalcemia; insuficiência adrenal; hipotireoidismo; hipercapnia; uremia; sepse; encefalopatia hepática. • Alterações neurológicas: álcool, overdose de drogas, intoxicação, hipotermia, síndrome neuroléptica maligna, infecções do SNC; síndrome seratoninérgica; convulsões. • Alterações neurológicas: AVC; hemorragia cerebral; neoplasia; abscesso; edema cerebral; hidrocefalia. • Causas psiquiátricas. E Exposição e controle do ambiente O paciente é despido para avaliação completa. Após isso, o mais importante é garantir a temperatura corporal do doente: cobertores ou dispositivos aquecidos, manter a sala de trauma aquecida e aquecer os fluidos intravenosos antes de serem administrados. Reanimação e tratamento de lesões de riscoVia aérea Quando a via aérea está comprometida ou corre esse risco, ela deve ser protegida. O chin lift e o jaw thrust são manobras iniciais. No entanto, o controle definitivo em doentes com comprometimento das vias aéreas devido a fatores mecânicos, problemas de ventilação ou que estejam inconscientes é a intubação orotraqueal com proteção contínua da coluna cervical. Ventilação, respiração e oxigênio Todo paciente traumatizado deve receber oxigeno terapia, seja ela intubação orotraqueal (quando indicado) ou máscara de oxigenação. O oxímetro de pulso deve ser usado para monitorização da StO2. Circulação e controla da hemorragia Devem ser feitos a reposição volêmica e o controle definitivo da hemorragia. • Reposição volêmica: acesso venoso por punção venosa ou cateter (um mínimo de dois cateteres endovenosos calibrosos). 7 ATLS - TORTO Administração de fluidos com soluções cristaloides (entre 37 a 40 graus). Se não responder à terapia inicial com cristaloides, pode ser necessária a transfusão sanguínea. • Coleta de sangue para tipagem sanguínea, prova cruzado e exames laboratoriais de rotina, inclusive teste de gravidez. • Controle definitivo da hemorragia: cirurgia, angioembolização e estabilização pélvica. Medidas auxiliares Monitorização eletrocardiográfica • Trauma cardíaco contuso: taquicardias inexplicáveis, FA, alterações de ST; • Atividade elétrica sem pulso: tamponamento cardíaca, pneumotórax hipertensivo, hipovolemia profunda. • Hipóxia ou hipoperfusão: bradicardia, condução aberrante ou extrassístoles. Sondas • Sonda vesical: importante para monitorização do débito urinário, o qual é sensível para indicar hipovolemia e hipoperfusão renal. Previamente deve-se avaliar a integridade da uretra por análise da genitália e toque retal. O ideal é manter o débito urinário 0,5 ml/kg/h. • Sonda gástrica: reduzir a distensão gástrica, diminuir riscos de aspiração e avaliar a presença de hemorragia do trato gastrointestinal alto. A presença de sangue no aspirado pode representar sangue orofaríngeo deglutido, trauma na colocação da sonda ou lesões no trato digestivo alto. Outras monitorizações • Frequência respiratória e de pulso; • Gasometria arterial; • Oximetria de pulso; • Pressão arterial; • Temperatura corporal. • Radiografia e procedimentos diagnósticos • Radiografia: RX anteroposteriores (AP) do tórax e da pelve são importantes, mas não devem interromper o processo de reanimação. • LDP e FAST: detecção rápida de sangramento oculto intra- abdominal. 8 ATLS - TORTO Avaliação secundária Iniciada após a completa avaliação primária (ABCDE) e após a reanimação, com completa normalização/estabilização das funções vitais. Portanto, a avaliação secundária não deve interferir na primária. História É importante constar a história do mecanismo do trauma. Para isso, pode-se usar a fórmula mnemônica “AMPLA”: Alergias Medicamentos de uso habitual Passado médico/Prenhez Líquidos e alimentos ingeridos recentemente Ambiente e eventos relacionados ao trauma Classificação do trauma A história ajuda a classificar o tipo de trauma: • Trauma fechado: geralmente resultante de colisões automobilísticas, quedas e outras lesões relacionadas a transporte, recreação ou trabalho. • Trauma penetrante: causadas por armas de fogo, armas brancas e empalamentos e o grau da lesão depende muito da biomecânica do trauma (distância, trajetória, velocidade etc.) • Lesões térmicas: pode vir isolado ou acompanhado de trauma penetrante/fechado (incêndios em automóveis, explosões, queda de fragmentos incandescentes, fuga do fogo etc.) Algumas informações importantes são o local em que ocorreu, substâncias que 9 ATLS - TORTO alimentaram o fogo (plásticas e químicas) e lesões associadas. • Ambientes de risco: saber da associação a exposição a elementos químicos, tóxicos e radioativos é importante tanto para a proteção do paciente (múltiplo acometimento orgânico), quanto da equipe médica. Exame físico CABEÇA: cabeça e couro cabeludo devem ser examinados para lacerações, contusões ou evidências de fraturas, além da avaliação de possíveis lesões neurológicas. OLHOS: acuidade visual, tamanho da pupila, hemorragias do fundo da conjuntiva, lesões penetrantes, lentes de contato (devem ser retiradas), deslocamento do cristalino, encarceramento ocular. ESTRUTURAS MAXILOFACIAIS: palpação de estruturas ósseas, avaliação da oclusão dentária, exame intraoral e avaliação de partes moles. COLUNA CERVICAL E PESCOÇO: o pescoço deve permanecer imobilizado até que lesões de coluna cervical sejam descartadas por completo. O exame de pescoço inclui inspeção, palpação e ausculta. As carótidas devem ser palpadas e auscultadas para verificar frêmitos e sopros. A maioria das lesões vasculares cervicais são produzidas por lesões perfurantes. No entanto, trauma fechado, lesão por tração do cinto de segurança podem produzir ruptura da íntima, dissecção e trombose. TÓRAX: lesões torácicas significativas se manifestam por dor, dispneia e hipóxia. • Pneumotórax hipertensivo: diminuição de murmúrio vesicular anterossuperior, timpanismo à percussão e choque. • Hemotórax: diminuição de MV em face posterior das bases. • Tamponamento cardíaco: bulhas abafadas, distensão jugular e hipotensão. ABDOME: lesões abdominais devem ser tratadas de forma agressiva; um exame físico inicial normal não exclui lesões. Os achados podem mudar com o tempo, exigindo avaliações frequentes. PERÍNEO: busca por contusões, hematomas, lacerações e sangramento uretral. RETO: busca por sangue na luz intestinal, a existência de próstata alta e flutuante, a presença de fraturas pélvicas, integridade da parede do reto e tonicidade do esfíncter. VAGINA: em pacientes com risco de lesão vaginal, o exame deve ser feito em busca de sangue e lacerações. Além disso, o teste de gravidez deve ser realizado. 10 ATLS - TORTO SIST. MUSCULOESQUELÉTICO: • Membros: busca por contusões e deformidades. Fraturas podem ser identificadas por dor e movimentos anormais. Rupturas ligamentares provocam instabilidade articular. Lesão em tendões limitam a movimentação. • Pelve: equimoses sobre as asas do ilíaco, púbis, grandes lábios e escroto podem indicar fraturas pélvicas. SIST. NERVOSO: avaliação completa, incluindo sensibilidade e função motora das extremidades, nível de consciência, resposta pupilar e nervos cranianos. Reavaliação O doente politraumatizado deve ser monitorizado constantemente. Monitorização dos sinais vitais e débito urinário são fundamentais (este deve permanecer em 0,5 mL/kg/h em pacientes adultos e 1 ml/kg/h em crianças). A sedação e analgesia também podem ser necessários. 1 ATLS - TORTO Vias aéreas e ventilação _____________________________________________________________________________ Vias aéreas A oferta inadequada de sangue oxigenado ao cérebro é uma das principais causas de morte nos politraumatizados. A prevenção da hipoxemia depende de uma via aérea protegida e pérvia para que a ventilação seja eficaz. Por isso, a avaliação da integridade das vias aéreas é prioridade máxima na avaliação primária e todos os doentes traumatizados devem receber oxigênio suplementar. Conceitos importantes • VIA AÉREA DEFINITIVA: tubo colocado na traqueia com o balão insuflado abaixo das cordas vocais, conectado a uma fonte de oxigênio, sob ventilação assistida. A intubação orotraqueal é a mais indicada! • CRICOTIREOEOSTOMIA POR PUNÇÃO: não é uma via aérea definitiva pois há ventilaçãopor pressão positiva. No entanto, é um procedimento de emergência valido em algumas situações. Pode permanecer por 30 a 45 minutos. • CRICOTIREODEOSTOMIA CIRÚRGICA: Gera uma via aérea definitiva. Sempre é recomendada quando a intubação orotraqueal é falha. Não deve ser feita em crianças com < 12 anos. • TRAQUEOSTOMIA: procedimento cirúrgico que aplica uma via aérea definitiva, mas não é feito na emergência, exceto em pacientes pediátricos. • ASPIRAÇÃO: vômitos e a presença de conteúdo gástrico na orofaringe são eventos de alto risco para a aspiração (que pode ocorrer na própria inspiração do paciente). Dessa forma, é importante manter um material de aspiração externa desse conteúdo. Identificação do problema O primeiro passo é avaliar se o doente conversa por meio da estimulação da resposta verbal: • Pacientes com resposta verbal clara e apropriada muito provavelmente apresentam via aérea permeável, ventilação intacta e perfusão cerebral adequada. 2 ATLS - TORTO • Respostas verbais inapropriadas, ruídos ou a ausência deles sugerem alteração do nível de consciência, comprometimento da via aérea e ventilatório, ou ambos. Traumas sugestivos de comprometimento de vias aéreas • Trauma maxilofacial: comprometimento da nasofaringe e orofaringe, associadas a hemorragias, aumento de secreções, avulsões dentárias e fraturas de mandíbula – tudo isso podendo cursar com obstrução de vias aérea. Classificação de Le Fort para fraturas da face média: I – somente maxila inferior; II – rima infraorbital; III – deslocamento total da face média do crânio. • Trauma cervical: Pensar em ruptura da laringe e traqueia e lesões vasculares que cursam com obstrução. • Trauma de laringe: tríade clínica de rouquidão, enfisema subcutâneo e fratura palpável. Sinais objetivos de obstrução da via aérea • Inspeção: - agitação, agressividade e cianose podem indicar hipoxemia. A cianose, no entanto, é um sinal mais tardio. A oximetria de pulso é importante para avaliar hipoxemia antes da instalação da cianose - torpor pode indicar hipercapnia. - tiragem intercostal e uso de musculatura acessória indicam 3 ATLS - TORTO comprometimento da via aérea/ ventilação. • Ausculta: - Respiração ruidosa indica obstrução; - roncos, gorgorejos e estridores podem ser manifestação de obstrução parcial da faringe ou da laringe; • Palpação: palpar a traqueia e determinar se está na posição central do pescoço. Zonas do pescoço A zona 2 é a mais acometida (70%), possuindo ainda as lesões mais fatais. As indicações para cervicotomia exploradora: • Sangramento ativo; • Instabilidade hemodinâmica; • Hematoma comprimindo a traqueia em expansão; • Lesões evidentes em trato aerodigestivo (enfisema subcutêno, estridor, perda de ar pelo orifício, perda de saliva etc.) Ventilação Uma via aérea permeável não garante que o paciente esteja devidamente oxigenado caso a ventilação não esteja adequada. Esta pode estar comprometida por: • Obstrução de via aérea; • Alteração da mecânica ventilatória; • Depressão do sistema nervoso central. Sinais de ventilação • Inspeção: observar se os movimentos respiratórios são simétricos e adequados. Assimetria sugere fraturas de arcos costais ou tórax instável. • Ausculta: diminuição ou ausência de murmúrio vesicular em um ou em ambos os lados do tórax deve alertar para lesão torácica. • Taquipneia pode indicar insuficiência respiratória. • Oxímetro de pulso: verifica saturação de oxigênio no sangue e perfusão periférica, mas não garante que a ventilação está adequada. 4 ATLS - TORTO Intubação orotraqueal Avaliação da necessidade de intubação O PACIENTE CONSEGUE PROTEGER A VIA AÉREA? • Paciente não tem manutenção e reflexo das vias aéreas; • Fonação clara e desimpedida é evidência de controle adequado da musculatura das vias aéreas. • Se tem habilidade de deglutição preservada. HÁ FALHA DE VENTILAÇÃO OU DE OXIGENAÇÃO • Doenças obstrutivas de vias aéreas; doenças neuromusculares; doenças que afetam a troca gasosa no parênquima pulmonar. • Taquipneia, estridor e respiração superficial. QUAL A EVOLUÇÃO CLÍNICA ESPERADA? • Possibilidade de deterioração de vias aéreas e da proteção delas indicam intubação precoce. QUAIS PRÓXIMOS PASSOS NO MANEJO DO PACIENTE? – INTUBAÇÃO INDICADA EM: • Pacientes que serão encaminhados para cirurgia. • Sedação profunda ou grandes doses de analgésicos para controle de doença base etc. DE FORMA GERAL, ENTUBAREMOS SE: • Apneia (paciente não é capaz de manter drive respiratório) • Proteção das vias aéreas inferiores contra aspiração de sangue ou conteúdo gástrico • Comprometimento iminente das vias aéreas (por exemplo, lesão por inalação, fraturas faciais, lesão de traqueia ou laringe ou convulsões reentrantes). • TCE grave (ECG < ou = 8) • Incapacidade de manter oxigenação adequada com ventilação sob máscara. Preditores de via aérea difícil Avaliação pelo LEMON: L (look externally): avaliação subjetiva de potenciais dificuldades, como alterações anatômicas, sangramentos, obesidade etc. E (evaluate): avaliação 3-3-2 - 3 dedos de abertura oral; - 3 dedos de distância mento-hióide; - 2 dedos de distância hio-tireóideo. 5 ATLS - TORTO M (Mallampati): avaliação da abertura oral em relação ao tamanho da língua. O (obstruction): os indicadores de obstrução são voz abafada, estridor, dispneia, salivação excessiva. N (neck mobility): possibilidade de mover o pescoço. Comprometido quando há colar cervical, por exemplo. Avaliação Cormarck Lehane: Intubação por sequência rápida 1. PREPARAÇÃO • Monitorização: cardioscopia, oximetria, pressão arterial e capnografia em forma de onda. • Separar medicamentos. • Acesso venoso duplo. • Separar o laringoscópio: - reto (miller) geralmente pediátrico; - curvo (Macintosh) adulto. - geralmente lâminas de tamanho 3 ou 4. 6 ATLS - TORTO • Escolha do tubo orotraqueal: - homens: 7,5 a 8 - mulheres: 7 a 7,5 • Testar balonete. 2. PRÉ-OXIGENAÇÃO Ventilação manual antes da intubação; • Reservado para pacientes com SatO2 < 91% • Manter FR baixa (8/min); • Baixo Volume (8 mL/Kg); • Usar Ambu com fluxo de oxigênio 15 litros por minuto. Ideal é que não ambuze! 3. PRÉ-TRATAMENTO • Atropina (1 mg); ela atenua a estimulação vagal. Está indicada para menores de 1 ano de idade e na bradicardia. • Lidocaína (1,5 mg/kg EV); redução do broncoespasmo (asma) e atenuação do aumento da PIC. Está indicado para asma em primeiro atendimento, hemorragia intracraniana e TCE. Contraindicado em alergia conhecida e BAV de alto grau. • Fentanil (3mcg/kg EV em 30 a 60 seg.): diminuição da estimulação simpática e, portanto, do aumento da PIC por perda de autorregulação. Indicado em doenças cardiovasculares, hipertensão intracraniana, dissecção de aorta etc. 4. PARALISIA COM INDUÇÃO Hipnose: • Midazolam (0,2 a 0,3 mg/kg EV): recomendado em Status epilepticus. Ruim no choque. • Etomidato (0,3 mg/Kg EV). Mais recomendado e utilizado. Bom no choque e na patologia intracraniana. • Quetamina (1 a 2 mg/kg): Recomendado na asma grave e choque; especialmente quando paciente normotenso ou hipotenso. • Propofol (1,5 a 3 mg/kg EV): utilizado quando o paciente apresenta hipertensão; ruim na instabilidade hemodinâmica e choque. Paralisia neuromuscular: • Succinilcolina (1,5 mg/kg EV): não recomendado quando se desconfia de hipercalemia! • Rocurônio (1 mg/kg EV): alternativa quando a succinilcolina está contraindicada. 7 ATLS - TORTO 5. PROTEÇÃOE POSICIONAMENTO Essa fase refere-se à proteção das vias aéreas contra aspiração por meio de evitar ventilação BVM; pressão cricoide (manobra de Sellick). Além disso, posicionar o paciente no coxin. 6. PLACEMENT WITH PROOF • Passar tubo ET entre as cordas vocais (geralmente, posicionar em 3x o diâmetro do tubo - se o tubo é de 8, deve-se passar até 24 atingir a arcada dentária superior); • Retirar o guia; • Insuflar o cuff; • Confirmar o posicionamento: - ausculta: epigástrio; bases esquerda e direita; ápices direito e esquerdo. - Detector de CO2 (capnógrafo) -- > ideal PCO2 de 30 a 45 mmHg. 7. POSTINTUBATION MANAGEMENT • Fixação do tubo após confirmação da posição; • Radiografia de tórax confirmatória - confirmação da altura do tubo (2 a 4 cm acima da carina); - avaliação de possíveis complicações. Intubou e não melhorou, e agora? Mnemônico “DOPE”: • D (deslocamento do tubo): refere- se tanto a extubação quanto a intubação seletiva acidental; • O (obstrução do tubo/cânula): pode ocorrer tanto por sangue coagulado quanto por secreções. • P (pneumotórax): agravamento de um pneumotórax hipertensivo não identificado por ventilação positiva ou barotrauma. • E (equipamento): entende-se como falha de equipamento as dobras do tubo, tubo de calibre inapropriadamente pequeno e tanque de oxigênio utilizado para o transporte vazio. 1 ATLS - TORTO Trauma torácico _____________________________________________________________________________ Tórax instável Definição Quando um segmento da parede torácica perde continuidade com o restante da caixa torácica. Isso ocorre quando há 2 ou mais fraturas em arcos costais consecutivos, sendo que cada um deles deve ter pelo menos 2 pontos lesionados OU a separação costocondral. Clínica • Respiração paradoxal: a área acometida “encolhe” durante a inspiração e sofre abaulamento durante e a expiração. • Dor intensa; • Insuficiência respiratória (secundária a contusão pulmonar e não ao tórax instável em si). OBS: a contusão pulmonar é a principal condição associada ao tórax instável. Conduta • Analgesia + oxigenação. • A imobilização está formalmente contraindicada! • FC > 40 irpm, hipoxemia, nível de consciência rebaixado, DPOC/asma ou lesões abdominais concomitantes → IOT + VM. Contusão pulmonar Definição Mais frequente em traumas fechados (40%) dos casos. É decorrente de fortes impactos, estando associada com fraturas de arcos costais e tórax instável. O líquido e sangue do interior dos vasos rotos tomam os alvéolos, o interstício e os brônquios, produzindo hipoxemia e um quadro radiológico de consolidações localizadas em regiões do parênquima. Clínica • Insuficiência respiratória (pode evoluir para síndrome do desconforto respiratório agudo – SRDA); • Achados no RX: 2 ATLS - TORTO Conduta • Oxigênio 15L/min + analgesia. • Pacientes hipoxêmicos podem requerer IOT. • Cautela com reposição volêmica. Pneumotórax simples Definição Pode ser decorrente de trauma fechado ou penetrante. Pode ser dividido em: • Pequeno: perda de parênquima <1/3 do volume pulmonar. • Grande: colapso de todo ou quase todo pulmão, porém sem desvio de mediastino e sem repercussão hemodinâmica. Clínica • Sem instabilidade hemodinâmica; • Timpanismo a percussão; • MV reduzidos/abolidos ipsilateralmente. Conduta • Pequeno: se assintomático, observar durante 24h. • Grande, sintomático (taquipneico ou hipoxêmico), submetido à transporte aéreo ou à ventilação mecânica: drenagem torácica em selo d’água. Pneumotórax hipertensivo Definição Entrada maciça de ar no espaço pleural devido a lesão que causou uma lesão funcionante como uma válvula de direção única. As consequências são: ➔ Colapso do pulmão ipsilateral ao pneumotórax; ➔ Desvio do mediastino para lado contralateral ao pneumotórax, causando angulação de vasos da base e, assim repercussão hemodinâmica. 3 ATLS - TORTO Clínica • Tríade clássica: desvio da traqueia contralarel; turgência jugular e hipotensão (sinal de alarme!) • Redução da expansibilidade em hemitórax ipsilateral; • Timpanismo à percussão; • Redução/abolição de MV. Diagnóstico • O diagnóstico é CLÍNICO! • A conduta imediata não deve ser atrasada para realização de exames de imagem! RX de PH: NÃO DEVE SER REALIZADO! CONDUTA • IMEDIATA: toracocentese de alívio. • DEFINITIVA: toracostomia com drenagem em selo d’água. Toracocentese de alívio Localização da punção com jelco 18: - Crianças: 2º espaço intercostal na linha hemiclavicular; - Adultos: 4º/5º espaço intercostal entre as linhas axilares anterior e média, Tocacostomia com drenagem em selo d’água • Preparação do campo cirúrgico, antissepsia e anestesia local; • Com o bisturi, fazer incisão no 5º/6º espaço intercostal entre as linhas axilares anterior e média (sempre rente a borda superior a costela). • Divulsionar o tecido com pinça de Kelly. • Introduzir o dedo indicador para checar o trajeto até atingir o pulmão. • Introduzir o dreno em posição póstero-superior. • Conectar dreno ao selo d’água. 4 ATLS - TORTO • Avaliar: o quanto drenou, o que foi drenado e sempre verificar se ainda está drenando. DRENEI E NÃO MELHOROU, E AGORA? • Verificar se a técnica de drenagem está correta; • Verificar o equipamento: o dreno está clampeado? (é comum, no momento do transporte, clampear o dreno e depois esquecer de retirar) • Lesão em brônquio fonte: - conduta inicial: 2º dreno ou IOT seletiva. - diagnóstico: broncoscopia; - conduta definitiva: toracotomia com reparação. Pneumotórax aberto Definição Lesão torácica, geralmente perfurante, com criação de solução de continuidade entre o ar atmosférico e cavidade pleural. Se a lesão possuir diâmetro > ou = a 2/3 do diâmetro da traqueia, o ar começará a passar pela ferida e não mais pelas vias aéreas. Clínica • Redução da expansibilidade em hemitórax; • Timpanismo à percussão; • MV reduzidos ou abolidos. Conduta • Conduta imediata: oclusão da ferida com curativo em 3 pontas (ar sai na expiração, mas não entra na inspiração). • Conduta definitiva: drenagem em selo d’água com posterior fechamento da lesão. OBS: suturar antes de drenar e/ou fazer um curativo com oclusão completa (4 pontas) pode transformar um pneumotórax aberto aspirativo em um pneumotórax hipertensivo! Hemotórax Definição Acumulo de sangue na cavidade pleural secundária a choque. Lembrar que todo derrame pleural identificado em um cenário de trauma deve ser associado a sangue! Clínica • MV abolidos; • Macicez à percussão; • Jugulares podem estar colabadas devido a hipovolemia e traqueia pode estar desviada contralateralmente (não é comum). 5 ATLS - TORTO • Hipotensão secundária a hipovolemia. • RX de tórax AP apresentando grande área branca que impede o contorno de outras estruturas. Obs: diferenciar da atelectasia. Nesta, o mediastino é puxado para o pulmão lesado; no hemotórax, o mediastino é empurrado contralateralmente. Conduta • Definitiva: toracostomia com drenagem em selo d’água. • A toracotomia está indicada se: - drenagem imediata de > 1500 mL; - saída de 200-300 mL/h nas primeiras 2-4 horas. - instabilidade não responsivas a múltiplas transfusões. Contusão cardíaca Definição Lesão cardíaca secundária a lesões por trauma fechado do tórax, principalmente quando há fraturas de esterno ou de arcos costais superiores. Devido a sua localização, o ventrículo direito é mais acometido, seguido pelo VE e depois átrios. Clínica • Hipotensão com elevação da pressão venosa central → insuficiênciacardíaca de ventrículo direito. • Alterações da função ventricular direita; • Alterações eletrocardiográficas. ATENÇÃO: sempre suspeitar de contusão cardíaca em pacientes estáveis hemodinamicamente e sem dor, mas com uma taquicardia inexplicável! Diagnóstico • ECG: bloqueio de ramo direito (mais comum), extrassístoles ventriculares mpultiplas, taquicardia sinusal inexplicada, fibrilação atrial. • ECO: disfunção de VD. OBS: dosagem de troponinas é desnecessária! 6 ATLS - TORTO Conduta • Medicamentos antiarrítmicos para tratamento das arritmias. • Monitorização 24h → o comprometimento cardíaco costuma ser transitório. Tamponamento cardíaco Definição Causado predominantemente com lesões penetrantes (com armas de fogo e armas brancas). Ocorre o acúmulo progressivo e agudo de sangue (proveniente das câmaras cardíacas lesadas) entre os folhetos pericárdicos. Isso gera uma compressão sobre as câmaras, dificultando o enchimento diastólico. Isso gera importante repercussão e instabilidade hemodinâmica. Clínica TRÍADE DE BECK: hipotensão, turgência jugular e hipofonese de bulhas cardíacas. PULSO PARADOXAL: queda superior a 10 mmHg na PAS ao término da inspiração. Diagnóstico • Sinais clínicos + FAST (janela pericárdica subxifoidiana). Conduta • Imediata: pericardiocentese de alívio (basta retirar 15-20 mL p/ estabilizar). • Conduta definitiva: toracotomia com reparo. Traumatismo da aorta Definição Laceração comumente secundária a lesões de tórax por traumas fechados. A aorta descendente no nível do ligamento arterioso 7 ATLS - TORTO e distal à artéria subclávia esquerda é o local comumente afetado. Clínica A maioria das vítimas morre de imediato. Os que não morrem possui uma contenção da laceração causada pelo hematoma do sangramento. • Pulso dos MMSS: mantidos; • Pulso dos MMII: diminuídos. Diagnóstico • RX de tórax AP: - mediastino alargado > 8cm; - perda do contorno aórtico; - desvio do tubo orotraqueal e traqueia para direita. • Diagnóstico definitivo: TC helicoidal de tórax contrastada (mais usado) e depois arteriografia (padrão ouro). Conduta O hematoma se mantém estável por 24h. Dessa forma, se houverem lesões mais ameaçadoras, a laceração pode permanecer para segundo plano. Trauma do diafragma Definição O trauma do diafragma sempre deve ser suspeitado em lesões penetrantes em transição toracoabdominal. Onde é a transição toracoabdominal? • Anteriormente: linha intermamilar e rebordo costal; • Posterior: linha entre as pontas das escápulas e o rebordo costal. A laceração do diafragma pode gerar herniação viceral para dentro da cavidade torácica. Conduta • Em um trauma toracoabdominal, é mandatória a videolaparoscopia (diagnóstica e terapêutica) para 8 ATLS - TORTO avaliação de possível lesão diafragmática (a lesão diafragmática não é bem vista pela TC) • Se identificada, a herniação deve ser corrigida e deve ser feita a rafia do diafragma. OBS: NUNCA SE DEVE FAZER EXPLORAÇÃO DIGITAL EM UMA LESÃO PENETRANTE NO TÓRAX. TORACOTOMIA TORACOTOMIA NA SALA DE CIRURGIA Está indicada em: 1. Hemotórax maciço → drenagem imediata de 1500 mL OU saída de 200-300 mL nas primeiras 2-4 horas. 2. Lesões penetrantes na parede torácica anterior com tamponamento cardíaco. 3. Feridas da caixa torácica de grandes dimensões. 4. Lesões de vasos nobres no tórax na presença de instabilidade hemodinâmica. 5. Lesões traqueobrônquicas extensas; 6. Evidência de perfuração esofagiana. Toracotomia de reanimação • Realizada na própria sala de emergência; • Indicada em vítimas de trauma penetrante e que se apresentam em AESP. • Feita no nível no 4º a 5º espaço intercostal; • Clampeia-se a aorta torácica descente; • Realiza-se massagem cardíaca aberta direta no coração. Raio-x de tórax LEMBRAR DA SEQUÊNCIA (sempre feita em PA no trauma): A – Vias aéreas (traqueia, carina e brônquios); B – Pulmões (iniciar a partir do hilo e seguir as tramas pulmonares); C – Coração, mediastino e vasos da base. D – Diafragma (continuidade? Herniação? Seios costo e cardiofrênicos); E – Esqueleto (escápula, clavícula e arcos costais); F (fat) – gordura → enfisema subcutâneo; G (ghost) – tubos e demais objetos. 9 ATLS - TORTO 1 ATLS - TORTO Choque hipovolêmico hemorrágico _____________________________________________________________________________ CHOQUE HIPOVOLÊMICO Definição É causado por um débito cardíaco inadequado devido à redução do volume sanguíneo, secundário, por exemplo, a extenso trauma e hemorragia. Dessa forma, até que se prove o contrário, o paciente chocado no trauma tem Choque Hipovolêmico hemorrágico! Fisiopatologia A hemorragia leva à hipovolemia e vasoconstrição, com má perfusão sistêmica. Há liberação de mediadores inflamatórios e de lactato, além de dano endotelial. A cascata da coagulação é ativada, e pode haver disfunção, tanto para mais (hipercoagulabilidade) como para menos (coagulopatia). Além disso, a hipotermia pode agravar a hipotensão, a acidose e a coagulopatia. Esse quadro mantido pode levar à clássica tríade letal do trauma: acidose, hipotermia e coagulopatia Classificação do choque Manejo do sangramento Controle do sangramento No momento da avaliação circulatória (“C”) no trauma, é importante se atentar a identificação do sítio de sangramento. As áreas em que espera encontrar focos hemorrágicos são: tórax, abdome, retroperitônio, pelve e ossos longos. • Hemorragias visíveis (externas): logo no atendimento pré-hospitalar deve-se estancar o sangramento. Pode-se lançar mão de compressão local (mais indicado) ou torniquete em membros. • Hemorragias não visíveis (internas): a suspeita de hemorragia, sobretudo abdominais, pode ser investigada na emergência com o FAST. Pacientes estáveis geralmente aguentam a realização 2 ATLS - TORTO de uma TC para melhor delimitação da lesão. Pacientes instáveis, no entanto, devem ser mandados para laparotomia exploratória imediata. Ressuscitação volêmica Acesso venoso Deve-se fazer DOIS acessos venosos periféricos (preferencialmente em região anticubital). Se não for possível pegar acesso periférico, deve-se optar pelo acesso venoso central ou por safena. OBS: em pacientes pediátricos <6 anos, é preferível o acesso intra-ósseo! Soluções parenterais Dentre as soluções parenterais, a mais indica para ressuscitação volêmica é o Ringer Lactato. Isso porque sua composição é a mais semelhante ao líquido extracelular humano. • 20 ml/kg OU 1L (pode-se iniciar com 500 mL direto). • Não é indicado a reposição de mais de 1L de soro!!! OBS: a principal complicação do ringer lactato é a acidose clorêmica, que pode ocorre com o uso de > 3L/6h! Meta de PA • PAS: 90-100 mmHg • PAM: 65 mmHg Transfusão sanguínea Pacientes que não responderam à infusão de 1L de ringer lactato são candidatos a transfusão sanguínea. Caso os resultados do ABO Rh e prova cruzada não estiverem prontos ainda, deve-se fazer transfusão empírica com concentrado de hemácias O-. Sempre necessária em choques do tipo III e IV. Ácido tranexâmico (transamin) Fármaco que inibe o processo de fibrinólise por meio do bloqueio da formação de plasmina. No trauma importante com hemorragia significativa, juntamente com a transfusão sanguínea, ele pode ser utilizado para evitar ainda mais perda volêmica. 3 ATLS - TORTO • Só pode ser feito nas primeiras 3 horas do trauma! • Pode ser feito em qualquer paciente desde que haja evidência de sangramentoativo. • Dose: - INICIAL: 1g IV em 10 minutos. - SEQUENCIAL: 1g IV + 500 mL de SF0,9% durante 8h Protocolo de transfusão maciça Definições de transfusão maciça • Todo paciente que precisar de > 10 bolsas de transfusão em até 24 horas. • Uso de 4 bolsas na primeira hora. • Reposição de 50% de volemia em 3 horas. • Transfusão de > 20 concentrados de hemácia O protocolo deve ser aberto se: • Pontuar pelo menos 2 pontos no critério de inclusão: • Pacientes classificados em choque grau IV. • Score > 1,5 no shock index. Cálculo SI → FC/PAS Deve ser feita infusão na proporção 1:1:1 • 1 concentrado de hemácias; • 1 plasma congelado; • 1 criopreciptado. OBS: NÃO se pode fazer a reposição de cálcio empírica!!!!! O cálcio só pode ser resposto após a dosagem de cálcio sérico e evidência de hipocalcemia! 1 ATLS - TORTO Trauma abdominal _____________________________________________________________________________ Conceitos importantes Tipo de trauma • Trauma fechado (contusão abdominal). • Trauma penetrante: - Por arma de fogo (PAF); - Por arma branca. Orgão mais acometido • Trauma fechado – BAÇO (40 a 55%); • Trauma penetrante PAF – INTESTINO DELGADO (50%); chance de violação de cavidade peritoneal > 90%. • Trauma penetrante arma branca – FÍGADO • Lesão por desaceleração (sinal do cinto de segurança): LESÃO DE INTESTINO E MESENTÉRIO Equimose em região do cinto. O QUE É UM ABDOME CIRÚRGICO NO TRAUMA FECHADO Presença de peritonite, retro/pneumoperitônio, lesão de víscera oca. NO TRAUMA PENENTRANTE Choque, peritonite, evisceração, lesão de víscera oca. Indicações absolutas de laparotomia • TAF com hipotensão e FAST + OU evidência clínica de hemorragia intraperitoneal; • Trauma abdominal fechado ou penetrante com LPD + • Hipotensão associada a ferimento penetrante. • PAF que atravessam a cavidade peritoneal, compromete víscera ou retroperitônio. • Evisceração e/ou peritonite • Hemorragia do estomago, reto ou trato genitourinário 2ºdário a ferimento penetrante. • Retropneumoperitônio ou lesão de diafragma. • TC revelando lesão interna. 2 ATLS - TORTO Algoritmo para trauma abdominal fechado Algoritmo para trauma abdominal penetrante OBS: nos casos pouco sintomático em que o hemograma (colido na observação de 24h de 8/8h) revelar aumento de > 3g/dl de hemoglobina ou leucocitose → enviar para TC ou fazer FAST/LPD. 3 ATLS - TORTO Exames complementares no trauma abdominal Quando estão indicados? O LPD e o FAST estão indicados quando há: • Vítimas de contusão abdominal, para as quais o exame físico não é confiável devido a rebaixamento do nível de consciência. • Circunstâncias em que o abdome pode ser uma das possíveis fontes de hemorragia (pacientes politraumatizados com contusão abdominal e fratura pélvica). • Hipotensão ou choque no politrauma sem causa aparente. Lavado peritoneal diagnóstico (LPD) Introduzido cateter de diálise peritoneal na cavidade do peritônio, através de pequena incisão infraumbilical, sob visão direta. É considerado positivo se: • Retorno de > 10 mL de sangue imediatamente; • Após infundir 1L de Ringer Lactato aquecido e, após mistura, colido 200 mL de líquido de retorno: - Presença de 100.000 hemácias/mm3 ou mais; - Presença de 500 leucócitos/mm3 ou mais; - Amilase acima de 175 U/dL; - Pesquisa positiva para bile, bactérias ou fibras alimentares. Fast É capaz de identificar líquido livre na cavidade abdominal, que pode ser tanto sangue quanto conteúdo extravasado de víscera oca. A - ESPAÇO HEPATORRENAL (DE MORRISON); localizado entre a linha imaginária xifoide e a linha axilar média. B – ESPAÇO ESPLENORRENAL; localizado entre a linha imaginária do xifoide e a linha axilar posterior. C – PÉLVE; sobre o púbis. D – PERICÁRDIO; posição subxifoideana com inclinação de 45 graus. Além disso, pode ser realizado o E-FAST, capaz de identificar pneumotórax por meio da análise da pleura (posicionada sobre o tórax nos EIC). 4 ATLS - TORTO FAST normal Fluxograma dos ec PA baixa + Politrauma Rebaixamento do nível de consciência com/sem PA baixa FAST ou LPD PA baixa mesmo após PA normal* Infusão de volume LAPAROTOMIA TC de abdome Tomografia computadorizada • É o melhor exame para avaliar o trauma abdominal; sempre feito com contraste duplo ou triplo para evidenciar extravasamento. • No entanto, só está indicada em pacientes HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEIS (SEMPRE). • Bom para avaliar lesão retroperitoneal e lesões de vísceras sólidas (fígado, baço e rim). • Não é bom para avaliar lacerações de diafragma e lesões de vísceras ocas. Conduta conservadora O que é Em algumas situações em que não está indicada a intervenção cirúrgica. Ou seja, o paciente possui estabilidade hemodinâmica, não apresenta um abdome cirúrgico e nenhum outro critério visto acima. Como é feito • Foco em manter paciente hemodinamicamente estável; • Manter em jejum e repouso absoluto; • Internação em UTI para monitorização de PA, pulso, oximetria. 5 ATLS - TORTO • Exames físicos seriados para avaliar evolução do abdome; • Dosagem de Hb e Ht constantemente. Pré-requisitos • Disponibilidade de cirurgião 24h; • Disponibilidade de hemotransfusão; • Disponibilidade de TC; • Disponibilidade de arteriografia e angioembolização (não obrigatório como os demais). Trauma esplênico Definição O baço é o órgão mais acometido em traumas fechados. Sempre deve ser suspeitado em condições em que há lesão em abdome esquerdo. A preservação do baço é sempre o objetivo, dada a sua função de opsonização de patógenos encapsulados. Classificação da lesão esplênica I. Hematoma subcapsular <10% de superfície acometida OU laceração capsular, <1cm de profundidade no parênquima. II. Hematoma subcapsular (10-50% superfície) OU hematoma intraparenquimatoso <5cm em diâmetro OU Laceração capsular, 1- 3 cm de profundidade e que não acomete vasos trabeculares. III. Hematoma subcapsular (> 50% de superfície ou em expansão) OU ruptura subcapsular/hematoma parenquimatoso > = 5 cm OU laceração > 3 cm de profundidade ou envolvendo vasos trabeculares. 6 ATLS - TORTO IV. Laceração com comprometimento de vasos segmentares ou hilares produzindo desvascularização > 25% do baço. V. Baço pulverizado por laceração OU lesão vascular hilar com desvascularização esplênica. Conduta LESÕES DE I A III GRAU HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEIS: Conduta conservadora se: • TC sem extravassamento de contraste no hilo esplênico; • Ausência de outras indicações de laparotomia; • Ausência de distúrbios da hemostasia. PACIENTE COM EXTRAVASAMENTO DE CONTRASTE À TC, MAS HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEL: Realizar angioembolização esplênica. 7 ATLS - TORTO INSTABILIDADE HEMODINÂMICA (EM QUALQUER GRAU) OU TER LESÕES GRAU IV E V: Cirurgia: • Esplenectomia parcial: sempre deve ser tentada para preservar a maior parte possível do parênquima. • Esplenectomia total: reservada se lesão hilar, pulverização do parênquima esplênico ou lesão grau II ou maior em pacientes discrpasicos ou com múltiplas lesões intra-abdominais. Trauma hepático Classificação da lesão hepática I. Hematoma subcapsular, não expansivo <10% de superfície OU avulsão capsular (laceração) não sangrante, < 1cm de profundidade. II. Hematoma subcapsular (10-50%) e intraparenquimatoma com <10cm de diâmetro OU avulsão capsular (laceração) 1-3 cm de profundidadee com < 10cm de extensão. III. Hematoma subcapsular (> 50% ou expansivo); hematoma subcapsular com sangramento ativo; hematoma intraparenquimatoso > 10cm ou expansivo OU laceração > 3cm de profundidade no parênquima. IV. Hematoma intraparenquimatoso com sangramento ativo OU laceração com rotura parenquimatosa de 25-75% de um lobo ou de 1-3 segmentos de Couinaud dentro de um único lobo. V. Laceração com rotura parenquimatosa > 75% de um lobo ou de > 3 segmentos de Couinaud dentro de um lobo OU lesões venosas justa-hepáticas (veia cava inferior retro-hepátic e veias hepáticas). VI. Avulsão hepática 8 ATLS - TORTO Conduta PACIENTE HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEL GRAUS I A V: Conduta conservadora. Embolização hepática pode ser considerada. Necessidade transfusional e instabilidade hemodinâmica indicam a necessidade da embolização ou de cirurgia. PACIENTE HEMODINAMICAMENTE INSTÁVEL (QUALQUER GRAU) OU ESTÁVEL GRAU VI: Tratamento inicial: • Manobra de Pringle: clampeamento com pinça vascular das estruturas do ligamento hepatoduodenal para cessar o sangramento e identificar a fonte. • Tamponamento: se hemorragia não controlada, deve-se colocar compressas na área, fechar e mandar para UTI sob monitorização; novo procedimento é feito a posteriori, • Cateter de Foley ou balão: oclusão do trajeto em lesões penetrantes. Tratamento definitivo: • Eletrofulguração, cauterização, aplicação de agentes hemostáticos, sutura com chuleio em “U” ou pontos em “X”, tam´~ao com omento maior; • Se avulsão → hepatectomia e transplante hepático urgente. Lesões biliares e de vias biliares LESÕES DE VIAS BILIARES EXTRA-HEPÁTICAS: • Pequenas (<50% do ducto): reparo primário com colocação de dreno em T (tipo Kehr); • Perdas importantes: coledocojejunostomia em Y de Roux. LESÕES DA VISÍCULA BILIAR: • Colecistectomia Trauma vascular abdominal Definição Lesão de grandes vasos localizados no retroperitônio e nos mesentérios. Geralmente está associada a lesões PAF e a maioria demanda cirurgia imediata. Classificação 9 ATLS - TORTO ZONA 1: aorta e suas ramificações, veia cava inferior, parte proximal das veias e artérias renais, duodeno e pâncreas; ZONA 2: rins, adrenais, vasos renais distais; ureter e cólons (ascendente e descendente); ZONA 3: artérias ilíacas; ureter distal, sigmoide e reto. Conduta – quando operar? TRAUMA FECHADO: ZONA 1: ➔ Todos ZONA 2: ➔ Se hematoma em expansão; ➔ Se falha em métodos alternativos; ZONA 3: ➔ Não explorar (empacotamento ou embolização). TRAUMA PENETRANTE: ZONA 1 E 3: ➔ Todos ZONA 2: ➔ Se hematoma peri-renal em expansão ou hemorragia ativa; ➔ Se suspeita de lesão colônica ou ureteral. Trauma renal Definição O rim é um órgão retroperitoneal e seu trauma é mais presente em lesões fechadas. A clínica presente é de hematúria, contusão e equimoses em áreas de flanco e lombar, além de fraturas em arcos costais. Classificação da lesão renal. • Lesões menores (grau I. II e III): hematomas subcapsulares e lacerações OU contusões corticais que não atingem as vias excretoras • Lesões maiores (IV e V): dano à via excretora, com extravasamento de urina para o retroperitônio, explosão renal, trombose vascular (contraste não preenche) e avulsão do pedículo. 10 ATLS - TORTO Conduta TRATAMENTO CONSERVADOR: Traumas fechados grau I a III; TRATAMENTO CIRÚRGICO (DESBRIDAMENTO COM REPARO PRIMÁRIO E NEFRECTOMIA PARCIAL A NEFRECTOMIA TOTAL): • Traumas penetrantes; • Lesões graus IV e V; • Instabilidade hemodinâmica; • Hematoma retroperitoneal expansivo e pulsátil; • Avulsão do pedículo renal. 1 ATLS - TORTO Trauma pélvico e de vias urinárias _____________________________________________________________________________ Trauma pélvico Classificação A compressão anteroposterior, também chamada de fratura em “livro aberto”, apesar de não ser a mais frequente, é a mais grave. Isso porque há a abertura do anel pélvico, esgarçamento dos ligamentos e vasos próximos e, com isso, hemorragia. O choque desse tipo de fratura é do tipo venoso em 90% dos casos! Clínica • A estabilidade pélvica sempre deve ser avaliada no “C” da avaliação primária, sobretudo em pacientes em choque. • Sinais físicos: equimoses em região pélvica; discrepância de tamanho de membros inferiores; um membro em rotação lateral. • Sinais clínicos de lesões de víscera pélvicas: uretrorragia, metrorragia e sangramento retal. • Radiografia de pelve. 2 ATLS - TORTO Conduta PACIENTE HEMODINAMICAMENTE INSTÁVEL: Estabilizar: • Transfusão; • Consulta do ortopedista; • Estabilização da pelve (com cinta ou um lençol): FAST → existe sangue intraperitoneal? SIM NÃO LAPAROTOMIA ARTERIOGRAFIA E ANGIOEMBOLIZAÇÃO FIXAÇÃO PÉLVICA OBS: caso a arteriografia não esteja disponível, pode-se lançar mão do tamponamento pré-peritoneal. FIXADOR EXTERNO: o papel dele é reduzir a fratura, realinhar o anel pélvico e principalmente controlar a hemorragia, Por isso, ele é indicado em pacientes em choque não responsivos a transfusão. PACIENTE HEMODINAMICAMENTE ESTÁVEL: Realizar TC de abdome e pelve para avaliar sangramento ativo. • Se sangramento identificado: consulta cirúrgica OU arteriografia pélvica com embolização. • Se sangramento não identificado: observação em UTI com exame físico seriado e avaliação ortopédica. Trauma uretral clínica Esse tipo de trauma é mais comum em homens devido ao maior comprimento do órgão. Possui uma clínica típica e facilmente identificável: • Sangue no meato uretral (uretrorragia); • Hematoma escrotal ou perineal; • Deslocamento cranial da próstata ao toque retal (próstata flutuante); • Retenção urinária com possível bexigoma. 3 ATLS - TORTO Conduta • Na suspeita de lesão uretral, é mandatória a realização de uretrocistografia retrógrada, em que será evidenciado extravasamento de contraste se positivo. • NÃO pode ser passada sonda vesical pela uretra. Deve-se fazer uma cistostomia suprapúbica para drenar a urina e avaliar o débito urinário. Trauma vesical classificação Lesão mais comumente encontrada em traumas fechados, estando associada a fraturas pélvicas em 70% dos casos. A ruptura do órgão pode ser: • Extraperitoneal: relacionadas a perfurações por ossos oriundos de fraturas pélvicas; • Intraperitoneal: relacionado a traumatismos fechados em andar inferior do abdome, principalmente quando a bexiga está repleta. Clínica • Hematúria franca macroscópica; • Dificuldade/incapacidade de urinar; • Hematoma escrotal ou perineal; • Distensão abdominal; • Dor pélvica ou em abdome inferior. Conduta • O diagnóstico pode ser feito pela cistografia. • Lesões intraperitoneais: exploração cirúrgica e cistorrafia (sutura); • Lesões extraperitoneais: conduta conservadora, com colocação de cateter vesical de Foley. Costuma ser autorresolutiva em 10-14 dias. 4 ATLS - TORTO 1 ATLS - TORTO Trauma cranioencefálico _____________________________________________________________________________ Definição O que é O trauma cranioencefálico (TCE) consiste em lesão física ao tecido cerebral que, temporariamente ou permanentemente, incapacita a função cerebral. Avaliação primária O atendimento do paciente com suspeita de TCE segue a proposta do ATLS: manutenção e proteção das vias aéreas, avaliação da ventilação,avaliação circulatória (PA, pulso, FC, perfusão e sangramentos), disfunções neurológicas (Glasgow e reflexo pupilar) e exposição. O diagnóstico de TCE é suspeitado clinicamente e só é confirmado por meio de exames de imagem, principalmente a TC. Além disso, a cirurgia é frequentemente necessária em alguns casos (monitorização da PIC, descompressão e remoção de hematomas intracranianos, por exemplo). Classificação da tce A classificação é feita por meio da Escala de Coma de Glasgow: TCE LEVE → 13 a 15 pontos TCE MODERADO → 9 a 12 pontos TCE GRAVE → < OU = a 8 pontos Sintomas comuns da tce • Confusão mental; • Amnésia: - retrógrada: paciente não lembra eventos antes do trauma; - anterógrada: não lembra coisas após o trauma (confuso durante a anamnese). • Cefaleia; • Tontura. Outros sinais que podem ser observados: • Olhar vago; • Expressão verbal lentificada; • Incapacidade de focar a atenção; • Discurso arrastado ou incoerente; • Incoordenação grosseira observável; • Emocionalidade desproporcional às circunstâncias; 2 ATLS - TORTO • Qualquer período de perda de consciência. Tce leve Apesar de ser um quadro de trauma, o paciente não apresenta risco imediato. No entanto, deve-se avaliar a necessidade de se fazer ou não uma TC para avaliação do quadro do paciente (pode não ser uma TCE, pois não há comprometimento neurológico). Indicação de tomografia CANADIAN CT HEAD RULE: Indicar TC de crânio em pacientes que tenham TCE leve e qualquer um dos seguintes: • Glasgow < 15 persistindo por 2 horas pós-trauma; • Suspeita de fratura de crânio aberta ou deprimida (avaliar por meio do exame físico); • > ou = 2 episódios de vômito; • Déficit neurológico focal; • Qualquer sinal de fratura de base de crânio: - hemotímpano; - olhos de guaxinim (equimose periocular); - sinal de battle (equimose retroauricular); - vazamento de LCR (oto ou rinorreia); • > ou = 65 anos de idade; • Amnésia antes do impacto de > ou = 30 minutos; • Presença de diátese hemorrágica ou uso de anticoagulante oral; • Convulsão; • Mecanismo perigoso: pedestre atropelado por veículo motorizado, ocupante ejetado do veículo, queda > ou = 3 pés (91 cm) ou > ou = 5 lances de escada. OUTROS CRITÉRIOS Aplica-se somente a pacientes com Glasgow de 15. Realizar TC se qualquer um dos seguintes: • Cefaleia ou vômitos; • Idade > 60 anos; • Intoxicação por drogas ou álcool; • Amnésia anterógrada persistente; • Trauma visível acima da clavícula. Tc de crânio Se o paciente estiver com Glasgow de 15 e não preencher nenhum dos critérios descritos acima, ele pode ser liberado e ficar apenas sob monitorização. 3 ATLS - TORTO Se o paciente for classificado como TCE moderado/grave ou TCE leve preenchendo qualquer um dos critérios acima, deve-se realizar a TC. ➔ Se a TC vier alterada: internação e avaliação do neurocirurgião. ➔ Se a TC vier normal, o paciente deve permanecer internado em observação por pelo menos 24h se: - Glasgow permanecer < 15; - Possuir diátese hemorrágica ou fazer uso de anticoagulantes; - Apresentou convulsão em qualquer momento da evolução clínica; - Não possui um responsável para observar em casa. Caso não preencha nenhum desses, pode ser liberado também. Orientações Se o paciente for liberado para casa, o acompanhante responsável deve ser orientado em notar alguns sinais de alerta que possuem indicação para avaliação médica: • Incapacidade de acordar o paciente; • Cefaleias graves ou em piora; • Sonolência ou confusão; • Inquietação ou convulsões; • Dificuldades com a visão; • Vômitos, febre ou rigidez de nuca; • Incontinência urinária ou fecal; • Fraqueza ou dormência envolvendo qualquer parte do corpo. Essa observação é recomendada por pelo menos 24 horas após a TCE. OBS: o hematoma subdural crônico é uma condição comum em idosos, cursando com deterioração do nível de consciência de forma gradual após o TCE. Tce grave Lesões primárias Lesões que ocorrem no momento do trauma (decorrente do mecanismo de trauma) e têm manifestações clínicas imediatas: • Hematoma epidural: adquirem forma biconvexa ou lenticular à medida em que empurram a dura aderente em direção oposta à tabua interna do crânio. Sangramento arterial. 4 ATLS - TORTO Possuem a clínica de “intervalo lúcido” (apaga pela concussão, acorda e apaga de novo pelo sangramento). • Hematoma Subdural: assumem a forma do contorno do cérebro. Sangramento venoso. Tanto a sub quanto a epidural tem indicação de cirurgia quando há desvio de 5mm > ou = da linha média. • Contusões e hematomas intracerebrais: são mais comuns no lobo frontal; devem ser avaliadas continuamente devido ao risco de evolução para um efeito de massa. • Lesão axonal difusa: apresenta hemorragias pontilhadas por todos os hemisférios cerebrais, concentrando-se entre os limites das substâncias cinzenta e branca. São geralmente causadas por lesões de cisalhamento”, como nas lesões por desaceleração. O quadro, diferentemente da concussão cerebral, é de estado comatoso por > 6h. Lesões secundárias Cascata de mecanismos de lesão molecular iniciados no momento do trauma e continuam por horas ou dias, podendo piorar significativamente o prognóstico do paciente. A prevenção desse tipo de lesão é focada em um bom atendimento de emergência, solucionando todos os eventos agravantes que o paciente apresenta. Manutenção da perfusão cerebral. A pressão de perfusão cerebral (PPC) é mantida por meio da relação entre a pressão arterial média (PAM) e a pressão 5 ATLS - TORTO intracerebral (PIC). Alterações em qualquer uma dessas variáveis são supridas por um componente regulatório que visa manter o fluxo sanguíneo cerebral constante, o que ocorre na faixa de PAM de 50 a 150 mmHg. ➔ Se a PAM está abaixo de 50 mmHg (como em uma bradicardia ou taquisupra desreguladas), o paciente apresentará torpor, diminuição do nível de consciência e até evoluir para uma complexa hipóxia cerebral devido a reduzida perfusão. ➔ Se a PAM está acima de 150 mmHg (como numa crise hipertensiva), haverá um aumento excessivo da perfusão, o que pode favorecer a quebra da BHE e, assim, o edema cerebral ou encefalopatia hipertensiva. PPC = PAM -PIC CONDIÇÕES QUE ALTERAM PAM: Manejo intensivo 1. É necessário manter a PAS > 90 mmHg e PaO2 > 60 mmHg! • Monitoramento contínuo; • Ressuscitação volêmica com salina 0,9% 2. Manejo de outras condições associadas ao trauma: • Manejar traumas extracranianos; • Monitorar e corrigir distúrbios eletrolíticos (tolerando hipernatremia discreta devido ao risco de edema no tratamento); • Profilaxia de TVP (por meio da compressão pneumática intermitente); • Suporte nutricional adequado. 3. Manejo da PPC. • Inicialmente o ideal é manejar a PIC. • A PPC deve ficar em 60 mmHg ou dentro da faixa de 50-70 mmHg (40 a 65 e, crianças). 6 ATLS - TORTO • Se mesmo manejando a PIC ainda há PPC elevada, deve- se manejar a PAM. 4. Manejo da PIC: O valor normal da PIC é entorno de 15 mmHg e o tratamento deve ser iniciado quando ela está > 20 mmHg. Deve-se elevar a cabeceira da cama em 30 graus, verificar se o colar cervical não está muito apertado e evitar hipervolemia pela reposição volêmica. Medidas específicas são: • Drenagem ventricular (melhor abordagem): um cateter ventricular é conectado a um transdutor; ele irá monitorizar e drenar o ventrículo. • Terapia osmótica: introdução de agentes hiperosmolares. O mais indicado é o manitol, mas se o paciente estiver hipotenso, o ideal é utilizar a salina hipertônica.• Hiperventilação: apesar de reduzir a PIC (vasocontrição), ela também tende a piorar a perfusão. Por isso, ela é evitada nas primeiras 24- 48h do trauma e pode ser considerada em estágios mais tardios (mas com PaCO2 > 30 mmHg). • Sedação: reduz demanda metabólica, assincronia ventilatória e diminui hipertensão e taquicardia. Deve-se evitar hipotensão e vasodilatação cerebral. A melhor opção é o propofol. • Coma barbitúrico: pode ser utilizada em casos de hipertensão intracraniana refratária aos outros procedimentos. Utilizar Pentobarbital. • Hipotermia induzida; 7 ATLS - TORTO • Craniectomia descompressiva. O alvo da PIC é de < ou = 20 mmHg. 5. Drogas antiepilépticas • Uso profilático de fenitoína ou ácido valpróico por 7 dias para proteção. • Ideal usar EEG para monitorizar crises. 6. Controle de temperatura: manutenção da normotermia com uso de antipiréticos, dispositivos de resfriamento ou até cateteres endovasculares de manejo de temperatura. 7. Manejo da glicemia: • Se o paciente apresentar hiperglicemia, deve-se tratá-la usando insulina EV em bomba de infusão contínua. • O alvo é 140 a 180 mmHg. • Se hipoglicemia, infundir glicose. OBS: NÃO É RECOMENDADO o uso de glicocorticoides no TCE com edema cerebral! Manejo fratura de base de crânio • Até 7 dias: conduta expectante, sem cirurgia, sem administração de antibiótico; tendência da fístula liquórica se fechar até 7 dias. • Depois de sete dias: caso fístula ainda aberta e paciente sintomático, realizar cirurgia e antibioticoterapia para prevenir meningite. 1 ATLS - TORTO Morte encefálica _____________________________________________________________________________ Como suspeitar Perfil do paciente • Coma não reflexivo (Glasgow <3); • Ausência de reflexo supra-espinhal; • Apneia persistente. Causa da lesão cerebral • Lesão cerebral conhecida e irreversível; • Ausência de fatores tratáveis que possam confundir o diagnóstico; • Observação hospitalar por, pelo menos, 6h (se encefalopatia hipóxico-isquêmica no mínimo 24h). Sinais vitais • Temp > 35 graus; • Saturação > 94%; • PAS > 100 mmHg; • PAM > 65 mmHg. Causas • Trauma cranioencefálico; • Causa vascular (AVCi e AVCh); • Tumores intracranianos; • Encefalopatia anóxica. Causas reversíveis – descartar Avaliar níveis séricos das drogas e aguardar 4 a 5 meias-vidas para ter certeza que não são influências delas. Passos para confirmação Médico • Médico que atende pacientes em coma > 1 ano; • Realizado ou acompanhado 10 casos de diagnóstico de ME ou realizou curso; • Um dos médicos deve ser: intensivista, emergencista, neurocirurgião, neurologia; 2 ATLS - TORTO • Cada exame deve ser um médico diferente. • Não pode fazer parte de equipe de transplante ou de retirada de órgãos OBS: poderão ser observados reflexos tendinosos profundos, movimentos de membros, atitude em opistótono (hiperextensão da coluna) ou flexão do tronco, adução/elevação de ombros, sudorese, rubor ou taquicardia, ocorrendo espontaneamente durante a avaliação. → isso não descarta o diagnóstico! Exame neurológico – reflexos bilateralmente testados • Reflexo fotomotor: ausente; pupilar fixas independente do tamanho, simetria ou deformação. • Reflexo córneo-palpebral: ausente; não piscamento com estímulo do canto lateral inferior com salina, algodão ou água. • Reflexo óculocefálico: ausente; movimento dos olhos com a movimentação rápida da cabeça (olhos de boneca). • Reflexo vestíbulo-calórico: ausência de desvio do olho por 1 min após estímulo com 50-100 mL de AD gelada no conduto auditivo. Aguardar 3 minutos para fazer do lado oposto. • Reflexo da tosse: ausência de tosse ou bradicardia com estímulo de aspiração na traqueia. Esses mesmos exames devem ser repetidos após 1 hora por um outro médico. Teste de apneia Pode ser feito dentro da 1 hora entre os exames neurológicos de reflexos ou após o 2º exame neurológico de reflexos. COMO É FEITO (paciente em ventilação mecânica): • Ventilação com FiO2 100% por no mínimo 10 minutos para chegar a PaO2 maior que 200 mmHg e PaCO2 entre 35-45 mmHg. • Manter paciente com monitorização da saturação de oxigênio e colher gasometria inicial. • Desconectar do ventilador. • Ofertar oxigênio por cateter, tubo T ou CPAP. • Elevação de 3 mmHg de PaCO2 por minuto sem o respirador • Observar se há movimento respiratório por 8-10 min. A prova é interrompida se: • PaCO2 > 55 mmHg sem movimento respiratório → PROVA POSITIVA 3 ATLS - TORTO • Movimento respiratório mesmo que débil: PROVA NEGATIVA. • Instabilidade hemodinâmica, arritmia e hipoxemia: PROVA INCONCLUSIVA (repetir). Exame complementar confirmatório • Ausência de perfusão sanguínea encefálica; Angiografia positivo para ME a esqueda • Ausência de atividade metabólica encefálica; • Ausência de atividade elétrica encefálica. Notificação da família • Informar a família que hpuve suspeita de ME e o resultado de cada etapa; • Anotar tudo no prontuário do paciente; • A família não precisa aprovar o protocolo; • Família pode convocar um outro médico, desde que não atrase os procedimentos. • Atestado de óbito → data e hora da conclusão do último procedimento que definiu morte encefálica; • Definir com família a possibilidade de doação de órgãos. 1 ATLS - TORTO queimados _____________________________________________________________________________ Mecanismo da lesão A queimadura leva a uma resposta inflamatória mais intensa do que o trauma comum, mediada por intensa reação por algumas substâncias como a bradicinina. O paciente pode até apresentar um padrão de “sepse” devido a febre. Hipovolemia Decorre da depressão miocárdica. • Aumento da permeabilidade capilar; • Edema; • Perda cutânea. A piora da função renal é uma consequência comum e está associada a hipovolemia (necrose tubular aguda) e também a própria resposta inflamatória. Imunocomprometimento A predisposição à infecção também é comum dias após a queimadura extensa. Isso decorre devido a perda de mecanismos de defesa: • Perda da barreira cutânea; • Atrofia da mucosa gastrointestinal; • Imunossupressão. Zonas da queimadura • Zona de coagulação: necrose; tecido perdido; • Zona de estase: zona com capacidade de ser salva; • Zona de hiperemia: ainda não há lesão comprometedora. Definição de grande queimado • > 25% de SCQ; • > 20% de SCQ em crianças <10 anos e adultos 40> anos; • > 10% SCQ queimadura de 3º grau • Queimadura em genitália, períneo, face, mãos, pés e grandes articulações; • Queimadura elétrica; • Politrauma e/ou lesão por inalação; • Pacientes com comorbidades 2 ATLS - TORTO Atendimento pré-hospitalar • Identificar e tratar traumas mecânicos: respeitar ABCDE! • Atenção a lesão de vias aéreas: inalação de fumaças e edema após queimadura. Principalmente vias aéreas superiores. • Manter paciente hemodinamicamente normal (sem recursos para se manter). • Remover paciente em segurança para o centro de atendimento. Interromper a queimadura • STOP, DROP and ROLL; jogar uma coberta por cima para cessar o fogo. • Retire as roupas e acessórios do paciente (cuidado com as que estão aderidas aos tecidos); • Cuidado com resíduos químicos! • Lavar o local com água corrente por até 15 minutos após a queimada (pode favorecer hipotermia). EM queimaduras químicas → pode ser até 30 minutos! Lesão por inalação É a principal causa de óbito dos grandes queimados por complicações pulmonares. Pacientes com queimaduras e edemas deface e/ou que estavam confinados em local em chamas devem receber: • oxigênio com reservatório a 100% 15L/min; • Colher gasometria (geralmente vem normal) • Radiografia de tórax. Garantir permeabilidade da via aérea As situações de risco para comprometimento de vias aéreas são: queimaduras no segmento cefálico; queimaduras na boca ou narinas; queimaduras por inalação; queimaduras extensas e profundas; crianças e história de confinamento. INDICAÇÃO PRECOCE DE INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL EM PACIENTES VÍTIMAS DE QUEIMADURAS • Queimadura com extensão superior a 40-50% da superfície corpórea; • Queimadura extensa e profunda na face; • Sinais de obstrução de vias aéreas: rouquidão; estridor; uso de musculatura acessória; sinais de esforço respiratório e escarros carbonáceos; • Queimadura em cavidade oral; • Edema de vias aéreas ou risco; • Difícil deglutição; 3 ATLS - TORTO • Insuficiência respiratória (dessaturação ou retenção de oxigênio); • Necessidade de transferência com profissional inexperiente; • Rebaixamento do nível de consciência; • Queimadura circunferencial em pescoço (constrição da via aérea). Sedação com etomidato; Bloq. Neuromusc. com rocurônio (succinilcolina é contra indicada em hipercalemia, que pode ocorrer em pacientes queimados) Ventilação A preocupação com a ventilação está relacionada com queimaduras circunferenciais no tórax, principalmente de 3º grau, que, por serem “duras” (escaras), cursam com restrição do movimento respiratório. Nesses casos, o tratamento é a escarotomia. Intoxicação pelo monóxido de carbono Deve ser suspeitada quando há uma história de exposição a fumaça em ambiente fechado. O diagnóstico deve ser feito pela quantificação da carboxihemoglobina e o tratamento é a suplementação de oxigênio 100%. Quadro clínico pela saturação de CO: • < 20% assintomático; • 20 – 30% cefaleia e náusea; • 30 – 40% confusão; • 40 – 60% coma; • > 60% morte. Profundidade das queimaduras • 1º grau (superficial) – apenas a epiderme; • 2º grau (espessura parcial) – derme superficial e derme profunda; • 3º grau (espessura total): pega toda a pele, chegando até o subcutâneo e pode pegar até outros órgãos, como músculos, ossos e fáscia. Primeiro grau Geralmente causada por queimadura solar. A clínica é de eritema, ausência de bolhas e dor local. A resolução é espontânea em 7 dias, mas pode ser tratado com analgesia e hidratação. 4 ATLS - TORTO Segundo grau – derme superficial A clínica é presença de bolhas (flictenas), dor intensa e eritema com retorno capilar. Segundo grau – derme profunda A clínica é de bolhas já rompidas, eritema sem retorno capilar (ou seja, é esbranquiçado), menos dolorosa que a derme superficial e tem superfície úmida. Costuma deixar cicatriz. Pode causar diminuição da sensibilidade tátil com preservação da sensibilidade à pressão. Terceiro grau Causada geralmente pelo contato com altas temperaturas, como chamas. Além disso, é comum em queimaduras químicas e elétricas. É uma lesão mais seca, com carapaça preta- marrom ou branca. Possui vasos trombosado. Não apresenta bolhas, é menos dolorosa e não reepiteliza! Quarto grau (atls encaixa no 3º) Comum em queimaduras elétricas. Tem o mesmo esquema de acometimento do terceiro grau, no entanto, a lesão atinge fáscia, músculo, osso e órgãos internos. Queimadura elétrica A lesão externa pode ser mais branda do que o acometimento interno. Ela lesa a musculatura interna da região, levando a edema e até parada circulatória por compressão dos vasos. O tratamento é, portanto, fasciotomia. Além disso, a rabdomiólise pode ser uma complicação! Além disso, traçar ECG é mandatório em casos de queimadura por choque elétrico. Cálculo de superfície Lembrar que essa regra só pode ser considerada em queimaduras de 2º e 3º grau! REGRA DOS 9 5 ATLS - TORTO REGRA DA PALMA DA MÃO A palma da mão do paciente corresponde a 1% da superfície corpórea. Dessa forma, quando uma queimadura não pega um segmento inteiro para usar a regra dos 9, deve-se medir a área usando a mão do paciente. EM BEBÊS REPOSIÇÃO VOLÊMICA Adultos e crianças > 4 anos Ringer Lactato de 2 mL x kg x % superfície Débito urinário de 0,5 mL/kg/h Crianças < 4 anos Ringer Lactato de 3 mL x kg x % superfície Débito urinário de 1 mL/kg/h REGRA DE HOLLIDAY SEGAR: manutenção da volemia em crianças usando soro glicosado 5%. <10 kg→ 100 mL/Kg; 11-20→ 1000 mL + 50xKg (a mais que 10kg); >20kg→ 1500mL + 20xKg (a mais que 20kg). Queimadura elétrica Independentemente da idade: Ringer lactato de 4 mL x kg x % superfície • Preferir ringer lactato a salina 0,9% para evitar acidose metabólica hiperclorêmica. • Metade do volume calculado em 8 horas e a outra metade nas 16 horas seguintes. • O soro deve ser sempre aquecido. Exame neurológico • Escala de coma de Glasgow. • Exame pupilar Hipotermia A ausência de pele aumenta o risco de hipotermia. Dessa forma, é fundamental manter o paciente aquecido! 6 ATLS - TORTO Avaliação secundária • Avaliação mais detalhada das lesões; • Avaliar perfusão dos membros afetados (o edema pode piorar e prejudicar a perfusão). • Sonda nasogástrica em drenagem; • Sonda vesical de demora para monitorizar a diurese (> 0,5 mL/Kg/h). • Risco de infecção: - não fazer antibiótico profilático! - retirar acessos venosos e tubos assim que possível; - fazer profilaxia para tétano. Cuidados com a região queimada • Primeiro grau: apenas hidratação local e analgesia. • Segundo grau: superficial pode cobrir, em geral, sem antibiótico tópico. • Segundo grau profunda e terceiro grau: podem necessitar de desbridação da lesão e curativo com antibiótico tópico (sulfadiazina de prata) até enxertia. Indicações de encaminhamento • Segundo grau acometendo > 10% da superfície corpórea; • Queimaduras na face, mãos, pés, períneo e grandes articulações. * • Queimadura de terceiro grau em qualquer idade; • Queimadura elétrica; * • Queimadura química. • Lesão inalatória; * • Queimadura em pacientes com comorbidades que dificultem o tratamento; * • Queimadura em pacientes com trauma; * • Queimadura em crianças que se encontram em hospital sem estrutura pediátrica; • Queimadura em pacientes com necessidades sociais, emocionais ou reabilitação. *
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