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BORGIANNI, Elisabete. Para entender o serviço social na área sociojurídica. Serviço Social & Sociedade. no115. São Paulo. p.407-442. jul/set.2013
Elisabete Borgianni concluiu sua graduação em Serviço Social em 1982, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1996 concluiu seu mestrado em Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social PUC/SP pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e em 2008 concluiu seu doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Seu artigo “Para entender o serviço social na área sociojurídica” esboça os pontos principais do serviço social na área sociojurídica, apontando as determinações do Serviço Social na área sociojurídica, nomenclatura “campo” ou “área”, desafios e possibilidades do profissional desta área.
Na introdução, Elisabete diz que utiliza a perspectiva crítica-ontológica para elencar alguns elementos fundamentais para a produção de conhecimento neste campo, e que sua intenção é de somar esforços na explicitação do significado social do profissional nessa área. Seu primeiro tópico é “O uso da expressão ‘sociojurídico’ no serviço social brasileiro: como tudo começou”, onde aborda que o termo ‘sociojurídico’ foi utilizado pela primeira vez na Revista Serviço Social & Sociedade, no67, publicada no 10o Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, onde também contou a seção temática voltada para os profissionais da penitenciária e do judiciário. A partir de então, foram criadas uma série de agendas voltadas para este tema, alguns Conselhos Regionais passaram a ter Comissões Sociojurídicas, e a partir de uma oficina de assistentes sociais no Paraná, houve a integração de uma disciplina sobre o sociojurídico no curso de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Borgianni ressalta que o sociojurídico é um campo profissional dos assistentes sociais e não uma nova profissão. Em 2004, ocorreu o I Seminário Nacional do Serviço Social no campo Sociojurídico, com demasiada relevância por ser o primeiro e pelas contribuições, os congressos brasileiros também tiveram relevância, devido sua definição de compromissos e politicas desse campo, e Borgianni destaca o evento ocorrido em Natal, devido à presença ilustre de Marilda Iamamoto, que posteriormente produziu um texto voltado para este tema. Essa atenção dada ao sociojurídico pelos assistentes sociais deve-se, segundo Borgianni, ao forte processo social de judicialização dos conflitos sociais e justiciabilidade dos direitos sociais.
O segundo tópico, tratado por Borgianni, foi “Serviço Social no ‘campo’ ou na ‘área’ sociojurídico? A partir de que bases delimitar o que compõe essa área?”, onde Borgianni abre a discussão trazendo um conceito trazido por Eunice Teresinha Fávero, e coloca que sugeriu o apanhamento do conceito de jurídico, que segundo ela, é o lócus da solução dos conflitos gerados pela impositividade do Estado. Elisabete retrata sobre a posição do Dr. Walderlino, no II Seminário nacional do Serviço Social no campo sociojurídico, com uma perspectiva no campo dos direitos humanos. Borgianni constata que não há até o momento, discussões relevantes para a definição e delimitação da prática profissional deste campo ou área. Um sub tópico deste tópico é “’Campo jurídico’ - um conceito pouco elucidativo”, a autora recorda que este conceito foi tratado por Bourdieu como “o espaço social onde os ‘operadores do direito’ concorrem pelo monopólio do direito de dizer o Direito” (BOURDIEU apud BORGIANNI, p.414). e após, Borgianni elenca alguns questionamento sobre que contribuições o Serviço Social pode dar a este espaço? E para responder tais perguntas, faz um levantamento da perspectiva histórica do direito e da esfera jurídica, entendendo-os como fruto de um processo simplicista e mecanicista, onde este caminho natural do homem, para que se conviva em sociedade, gera um “império de leis”, e como mantenedor dessas leis e normas, encontra-se o Estado. Compreendendo que estas perspectivas são insuficientes para clareza desses dois universos.
Outro subtópico de Borgianni é “A perspectiva lukacsiana para pensar o Direito e o universo jurídico”, utilizando a perspectiva crítica-dialética e ontológica de Karl Marx que é trabalhada com profundidade por George Lukács. Em seu trabalho, Lukács trata do processo de constituição do homem como ser social, desenvolvendo “duas formas de pôr teleológico, aquela voltada diretamente para a transformação da natureza e aquela voltada para, digamos, o influenciar de outros homens. É o que ele denomina de teleologias primárias e secundárias” (p.416). Nestas, Lukács classifica o direito e a política como teleologias secundárias, lembrando que secundárias significam o espaço que ocupam em meio a totalidade social. Sartori e Lukács discutem sobre o direito e seu surgimento, e George afirma que mesmo que tenha tido várias formas de resolução de conflitos, o direito só surge quando se tem classes sociais e Estados, sendo entendido como as normas e leis que regem a sociedade para que tenha paz social no convívio. O direito como tal, só passa a ser desenvolvido quando ocorre também o desenvolvimento social, ou seja, o direito como profissão autônoma segue o desenvolvimento da divisão do trabalho. Tendo em vista essa relação, é impossível estudar o direito sem que estude o processo da formação do ser burguês, capital, propriedade privada, classe social, Estado e divisão do trabalho. Assim, fica claro que o direito não pode coordenar e ordenar conflitos de interesses, devido sua gênese imbrincada com o burguês, e atende aos interesses da burguesia e do Estado, deixando sua imparcialidade de lado.
Seu ultimo sub tópico deste tópico, é “Afinal, Serviço Social no ‘campo’ ou na ‘área’ sociojurídica (ou ‘jurídico-social’)?” e Borgianni responde que usará “área sociojurídica”, e justifica que não é “campo” porque não estamos competindo o direito de dizer o direito, o nosso desafio é reverter à dominação vigente, para que a aplicação dessas leis e normas não seja tão tendenciosa. Borgianni ressalta que a prioridade é do social, e não do jurídico, por isso o termo sociojurídico. Vale lembrar que os profissionais dessa área não trabalham somente no interior das instituições, mas também são aqueles que formam o Sistema de Garantia de Direitos. 
Seu terceiro tópico é “Judicialização das expressões da questão social e justiciabilidade dos direitos sociais no Brasil: espaço importante paro o trabalho de assistentes sociais que atuam no sociojurídico” trata da crescente expressão dos casos que deveriam ser resolvidos na esfera política e são levados a esfera judiciária, devido ao panorama atual brasileiro. Em seguida, esboça diversos atores que afirmam que:
ao mesmo tempo em que houve a ampliação dos direitos positivados na Constituição Federal de 1988, ocorreu sua negação em diferentes instâncias administrativas, o que acabou por gerar esse fenômeno na esfera pública, que é o que alguns juristas e cientistas sociais estão chamando de “judicialização dos conflitos sociais” ou, ainda, “judicialização da política”. (p.426)
Ou seja, a resolução das expressões da questão social é transferida para o poder judiciário. Em seguida, Borgianni esboça o cenário da judicialização e aponta o papel do assistente social neste processo, um papel que remete ao código de ética e que visa a ampliação de direitos, vale lembrar também da criticidade que o profissional nesta área (e em todas as áreas) deve ter.
O quarto tópico tratado por Borgianni é “Alguns desafios da intervenção dos assistentes sociais na interface com o Direito e com o universo jurídico”. Borgianni começa abordando o projeto profissional do assistente social, elencando que a partir do conhecimento do significado social da profissão no meio burguês, a profissão avançou. E então, partindo dos conhecimentos de Marx, sobre produção e reprodução das relações sociais, Iamamoto salienta os antagonismos nessa produção e reprodução, e daí a consubstanciação da questão social, objeto de trabalho dosassistentes sociais. Vale lembrar que em sua gênese, o Serviço Social esta relacionado com a burguesia, adquirindo assim um caráter contraditório. Elisabete Borgianni ressalta a importância de se estudar a gênese do serviço social na área sociojurídica para que se entenda o cenário atual da profissão. Os desafios apontados por Borgianni são: “superar a aparência dos fenômenos [...] problemas jurídicos” (p.435); “a tendência de incorporarem, como sendo atribuição de sua profissão, ou de seu fazer profissional, os instrumentos de ‘aferição de verdades jurídicas’” (p.436). “ao assumir para si as demandas e as práticas institucionais sem questioná‑las, [...] passam a não se ver, eles mesmos, como trabalhadores, e não participam dos movimentos próprios da classe trabalhadora” (p.438).
Um fator importante que Borgianni retrata é o instrumento utilizado pelas assistentes sociais, que é o estudo social, que será feito sempre visando ter uma noção maior e mais ampla da situação, ou seja, “criar conhecimentos desalienantes” (p.439) e salienta isso como um ponto fundamental da profissão.
A autora apresenta o serviço social na área sociojurídica de forma simples e organizada, apoiando-se em um arcabouço teórico para levantar questionamentos nesta área do Serviço Social. Quanto ao mérito da obra, vale lembrar que este tema é estudado há poucos anos, tendo em vista a história do Serviço Social, sendo assim o artigo de Elisabete Borgianni, de forma introdutória e panorâmica, auxilia o discente de Serviço Social a compreender esta área. Sua explicitação sobre a perspectiva lukacsiana e a busca, de forma conceitual e histórica, sobre direito e jurídico torna este artigo pleno em sua construção.
Diante do que foi apresentado, a leitura do artigo apresentado torna-se indispensável àqueles que estudam Serviço Social e suas áreas profissionais, assim como os que trabalham nestas, tendo em vista que a área sociojurídica é ampla. Saliento a importância deste artigo para o debate nos Congressos e Seminários da profissão, e -de forma mais profunda- a produção de conhecimento na área sociojurídica.

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