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Indústria brasileira - Governo Vargas e Indústria de Base

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Indústria 
brasileira: Governo 
Vargas e a 
indústria de base 
Em 1930, o Brasil já possuía um número expressivo de 
indústrias, principalmente no setor de bens de consumo 
não duráveis. No entanto, o país ainda era rural e com base 
econômica sendo a agropecuária. A Crise de 1929, que 
impactou a economia dos países capitalistas, afetou o 
principal produto brasileiro da época, o café. Com a queda 
do seu preço e a dependência econômica brasileira, esse 
produto mostrou os aspectos mais negativos da crise, de 
modo que foi muito marcante para o Brasil. 
A CRISE DE 1929 E SUAS CONSEQUÊNCIAS 
Antes dos efeitos da crise de 1929, o Brasil era responsável 
por 60% das exportações mundiais de café. Após, houve a 
queda do volume e das cotações do produto, o valor obtido 
com as exportações caiu de US$445 milhões, em 1929, 
para US$180 milhões, em 1930. A economia brasileira foi 
muito abalada e toda a cadeia produtiva foi afetada. 
CONSEQUÊNCIAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA A 
EXPANSÃO DA ATIVIDADE INDUSTRI AL NO BRASIL 
• êxodo rural por causa da crise da produção 
brasileira no campo, que deslocou um 
contingente populacional para as áreas urbanas, 
ampliando o mercado consumidor nas cidades. 
• redução na importação de industrializados, 
provocando o aumento da produção nacional. 
Com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas tornou-se 
presidente do país e, acompanhando uma tendência 
internacional, iniciou um processo de maior atuação do 
Estado na economia, decisivo no desenvolvimento 
industrial do país. 
 
 
 
MUDANÇA NO PAPEL DO ESTADO: 
KEYNESIANISMO 
KEYNESIANISMO 
Teoria econômica que defende uma forte intervenção do 
Estado na economia. O nome em homenagem ao 
economista inglês John Maynard Keynes, que defendia 
uma presença do Estado na atividade econômica nacional, 
não só como regulador, mas também como indutor do 
desenvolvimento. Ele estabeleceu uma teoria que rompia 
totalmente com a ideia liberalista do laissez faire (deixe 
fazer), afirmando que o Estado deveria interferir na 
sociedade, na economia e nas áreas em que achasse 
necessário. E a Crise de 1929 representou um marco para 
o avanço do keynesianismo, porque questionou a tese de 
que a economia tinha a capacidade de autorregulação, 
sem intervenções, com base nas leis de mercado, com 
destaque para a lei de oferta e procura. 
Nos Estados Unidos, origem da crise, o modelo keynesiano 
avançou com o New Deal do presidente Roosevelt. No 
Brasil, o crescimento econômico keynesiano ocorreu 
durante a Era Vargas. 
O ESTADO E A INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL 
Getúlio Vargas, presidente do Brasil entre 1930 e 1945 e, 
em um segundo governo, de 1950 a 1954, teve grande 
importância na expansão industrial brasileira. Antes o 
Brasil já possuía uma produção industrial, porém com 
grande dependência da importação de máquinas e 
concentração no setor de bens de consumo não duráveis. 
Os setores de produção pesada ou indústrias de base 
tinham grande carência. Porque o investimento 
necessário para a implantação de uma indústria de base, 
como uma siderúrgica, é muito superior ao necessário às 
indústrias de bens de consumo, especialmente os não 
duráveis. O capital privado historicamente evitou e esses 
investimentos, por incapacidade financeira ou por não ter 
interesse em um investimento tão alto que demorasse 
longo tempo para ser amortizado e gerar lucro. 
Na Era Vargas, o Estado brasileiro assumiu esse papel 
reconhecendo sua importância tanto na criação de 
infraestrutura como na de empresas no setor de base. 
Entre as inúmeras ações então levadas a efeito, destacam-
se: 
❖ a criação do Departamento Nacional de Produção 
Mineral (1934); o Conselho Nacional do Petróleo 
(1938); o Conselho Nacional de Água e Energia 
Elétrica (1939) e o Código de Minas (1940). 
❖ a criação da Companhia Siderúrgica Nacional – 
CSN (1941), instalada em Volta Redonda. Essa 
empresa pode ser considerada um símbolo da 
participação estatal no avanço da indústria no 
Brasil. 
❖ a criação da Companhia Vale do Rio Doce – CVRD 
– e da Fábrica Nacional de Motores – FNM (1942). 
❖ a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social – BNDES (1952). 
❖ a criação da Petrobras (1953) e da Eletrobras 
(1953). 
Além de todas essas ações de impacto na industrialização 
do país, Getúlio Vargas foi responsável pela legislação 
trabalhista brasileira, com a criação da CLT, regulando as 
relações com o trabalhador urbano. Que foi um elemento 
importante nesse processo, porque, foi garantida aos 
trabalhadores uma série de direitos e os empresários 
passaram a poder calcular os custos da mão de obra 
necessários aos seus investimentos, com base em um 
padrão definido pelo governo. 
LOCALIZAÇÃO DA ATIVIDADE INDUSTRIAL NO 
BRASIL 
No início da industrialização ficou evidente um padrão de 
concentração da atividade na Região Sudeste, em São 
Paulo. Por causa da cafeicultura, esse estado possuía os 
principais fatores necessários à instalação das indústrias, 
como capital, mercado consumidor, mão de obra e 
infraestrutura. Com os investimentos do Estado, integra-se 
o mercado nacional, muito desarticulado, ocorrendo uma 
supremacia cada vez maior dos estados do Sudeste. Com o 
território pouco articulado, anterior a 1930, as indústrias 
locais atendiam aos próprios mercados. Quando o modelo 
de arquipélago econômico (áreas desarticuladas entre si) é 
rompido, as indústrias paulistas, mais competitivas, podem 
distribuir seus produtos por todo o território nacional. 
 
 
Visto que a industrialização contribuiu para a articulação 
do espaço nacional, esse espaço organizou-se de forma 
desigual, no modelo centro-periferia, com a atividade 
industrial garantindo primazia ao Sudeste. Outro ponto 
importante é que a maior parte dos investimentos públicos 
ocorreu nas áreas que já detinham maior desenvolvimento, 
seguindo a lógica da economia de aglomeração. Como 
exemplo, tem-se a decisão de implantar a CSN em Volta 
Redonda, localizada entre os dois maiores mercados 
consumidores do país (SP e RJ) e próximo ao minério de 
ferro de Minas Gerais (quadrilátero ferrífero). Uma 
decisão adequada em termos econômicos, mas que 
ampliou as desigualdades e a diferenciação no espaço 
nacional.