Buscar

direito-do-consumidor

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 113 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 113 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 113 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito do 
CONSUMIDOR 
BEM-VINDOS AO EBOOK 
 
 
 
Programa de Educação 
Continuada a Distância 
CURSO DE DIREITO 
DO CONSUMIDOR 
MÓDULO I 
Aluno: 
EAD - EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
PARCERIA entRe PORTAL EDUCAÇÃO e SITES ASSOCIADOS 
2 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE DIREITO 
DO CONSUMIDOR 
MÓDULO I 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos nas Referências Bibliográficas. 
3 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
MÓDULO I 
1 APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO AO CURSO 
1.2 CONCEITO DE DIREITO DO CONSUMIDOR 
1.3 CONCEITO DE CONSUMIDOR E FORNECEDOR 
1.3.1 Consumidor 
1.3.2 Fornecedor 
1.4 OBJETO 
1.5 POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO E SEUS PRINCÍPIOS 
1.5.1. Política Nacional das Relações de Consumo 
1.5.2 Princípios nas Relações de Consumo 
 
 
MÓDULO II 
2 A LEI 8.078/90 E OS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 
2.1 SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
2.2 FUNÇÃO E GARANTIA DOS DIREITOS BÁSICOS 
2.2.1 Termo de Garantia 
2.2.2 Manual de Instrução 
2.2.3 Garantia Complementar 
 
 
MÓDULO III 
3 A RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC 
3.1 RESPONSABILIDADE 
3.1.1 Da Responsabilidade pelo fato do Produto e do Serviço 
3.1.2 Da Responsabilidade pelo Vício do Produto 
3.2 PRODUTO E SERVIÇO E SUAS RESPONSABILIDADES 
3.2.1 Produto e Serviço 
3.2.2 Serviços Públicos e sua Possibilidade de Paralisação 
4 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
MÓDULO IV 
4 PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR 
4.1 A RESPONSABILIDADE DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS 
4.1.1 Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor 
4.1.2 Os PROCONs Estaduais e Municipais 
4.2 DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA 
4.2.1 Da Decadência 
4.2.2 Da Prescrição 
4.3 DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
 
MÓDULO V 
5 PROPAGANDA E AS PRÁTICAS ABUSIVAS 
5.1 PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA NA FASE CONTRATUAL 
5.2 PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA E O CONTROLE PUBLICITÁRIO 
5.3 DAS PRÁTICAS ABUSIVAS 
5.4 CONTRAPROPAGANDA 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
5 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
1 APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO AO CURSO 
 
 
 
O direito do consumidor apresenta-se como um instrumento indispensável, 
pois o consumo é parte indissociável do cotidiano do ser humano. 
Independentemente da classe social e da faixa de renda, a pessoa consome 
desde o seu nascimento e em todos os períodos de nossa existência. 
Consumidores, por definição, somos todos nós. Os consumidores são as 
maiores partes do grupo econômico na economia. Celebramos, diariamente, 
diversos negócios jurídicos que caracterizam a relação de consumo. Quando 
acordamos e tomamos banho, celebramos contrato de consumo com empresa que 
fornece a água. Quando pegamos um transporte coletivo para irmos ao trabalho, 
celebramos um contrato de transporte. Quando vamos ao mercado e fazemos as 
compras, celebramos um contrato. Enfim, a relação de consumo está presente na 
maior parte de nossas vidas. 
O objetivo do curso é auxiliar, estudantes da graduação, especialização e 
profissionais como aplicar o direito do consumidor. 
 
 
1.2 CONCEITO DE DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
 
Antes de conceituarmos o direito do consumidor, faz-se necessário 
passarmos por uma breve análise histórica, para entendermos o porquê de uma 
legislação que visa proteger o consumidor. 
A origem do código de defesa do consumidor, CDC, veio a partir da segunda 
metade do século XIX, marcado pelo Estado Liberal Clássico, cujo fundamento, 
criado por Rosseau, era o do Princípio da Liberdade de Contratar e a Autonomia da 
6 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
Vontade (pacta sunt servanda), ou seja, todas as relações econômicas deveriam ser 
reduzidas no contrato. O Estado não interviria nessas relações, as pessoas eram 
livres para contratar o que quisessem desde que fossem capazes de manifestar a 
sua vontade. Tudo o que é contratual é justo, desde que as partes sejam livres para 
contratar. Eram essas as máximas da época. O Estado Liberal somente assistia à 
formação dos contratos. A economia fazia suas próprias leis, enquanto que o Estado 
só regia suas normas de direito público. 
Eram os dois principais princípios daquela época: 
 
 
1) Autonomia da vontade: liberdade de contratar. A liberdade das partes 
assegura a segurança e a justiça dos contratos 
2) Força obrigatória dos contratos: pacta sunt servanda. O contrato fazia lei 
entre as partes. 
 
Ressalte-se que nem mesmo o Poder Judiciário poderia analisar os 
contratos, pois, como já dito, se as partes eram capazes, ou seja, tinham o 
discernimento e vontade de celebrar os contratos, presumia-se que eles eram 
sempre justos, não havendo qualquer erro quanto a isso. 
Esses eram os dogmas que inspiraram o Estado Liberal, criado após a 
Revolução Francesa. 
Chegamos a ter um reflexo dessa época em nosso antigo código civil de 
1916, em que prevalecia o individualismo em vez do socialismo. Felizmente, com a 
entrada em vigor da Constituição Federal de 1988, uma constituição existencialista, 
ou seja, contrária ao individualismo e patrimonialismo, fez com que o Estado criasse 
um novo Código Civil, e foi justamente com isso que veio o Código Civil de 2002. 
Com o passar do tempo, esse excesso de liberalismo foi letal ao Estado 
Liberal. Devido à liberdade de contratar muitos abusos eram cometidos e isso foi 
bem observado no direito do trabalho, por exemplo, jornadas de trabalho excessivas, 
condições de trabalho insalubres, salários baixíssimos, etc. Tudo isso era permitido, 
pois, como visto o Estado não intervinha nessas relações, pois as partes eram livres 
7 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
para contratar. O trabalhador acabava se submetendo, pois precisava do trabalho 
para seu sustento. 
Outro fato, mais voltado para o consumo, eram os contratos com cláusulas 
abusivas e sem falar nos preços excessivamente desproporcionais. O consumidor se 
submetia a essas cláusulas, pois, muitas das vezes o produto ou serviço lhe eram 
indispensável para sua vida. 
Com isso, viu-se que, na prática, a liberdade de contratar não garantia a 
igualdade e o equilíbrio perfeito dos contratos. Passou-se a entender que a 
igualdade das partes também é fundamental para o equilíbrio e a justiça dos 
contratos. Concluiu-se que as partes poderiam ser livres, mas suas condições 
econômicas, sócias, culturais, etc., influenciavam negativamente neste equilíbrio. 
Foram a partir destes fatos que o Estado começou a se transformar. Esse 
passou a dirigir, a interferir nesses contratos, deixando o Liberalismo puro de lado, 
para o Estado Intervencionista. O Estado passou a ser mais atuante em vez de mero 
observador das relações contratuais. Agora, sempre com o intuito de proteger a 
parte mais vulnerável, criou normas visando igualar essas pessoas. 
Tais normas podem ser divididas em duas espécies: 
 
 
1) Obrigação de certas cláusulas nos contratos, ainda que as partes não a 
quisessem; 
2) Vedação de certas cláusulas. Ou seja, mesmo que elas estejam no 
contrato,sê-lo-ão consideras nulas de pleno direito; 
Essa intervenção saliente-se, só pode ocorrer quando as partes estejam em 
uma desigualdade substancial. As legislações trabalhistas foram às pioneiras do 
novo Estado Intervencionista, seguida por diversas outras leis, inclusive o Código de 
Defesa do Consumidor. 
No Brasil, o direito do consumidor só foi reconhecido, a partir da Constituição 
da República de 1988, trazido no artigo 5º, com status de direito fundamental. Antes 
disso, o consumidor brasileiro assumia os riscos do consumo, submetendo-se a 
grandes abusos. 
8 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
Art. 5º, XXXII, CRFB/88: “O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor”. 
 
O poder constituinte originário, embora tenha colocado o direito do 
consumidor como direitos fundamentais, sendo com isso uma cláusula pétrea, 
reservou ao legislador ordinário a tarefa de criar uma lei consumerista. Tal obrigação 
está contida no artigo 48 do ADCT. 
 
Art. 48, ADCT: “O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da 
promulgação da Constituição, elaborará o código de defesa do consumidor”. 
 
Com essas duas normas constitucionais, com os objetivos do novo Estado 
Intervencionista, foi criada a lei 8.078 de 1990, conhecida como o Código de Defesa 
do Consumidor. 
Por fim, há quem entenda que tal lei já nascera totalmente inconstitucional, 
por ferir o Princípio da Igualdade, uma vez que tal lei é de exclusiva proteção aos 
consumidores. Ocorre que esse princípio deve ser visto sob dois enfoques: a 
isonomia formal e a material (ou substancial). A primeira decorre da mera igualdade, 
como o nome já diz, forma, ou seja, a lei deve ser igual para todos, aplicada para 
todos. A segunda tem como fundamento a famosa frase de Rui Barbosa “tratar os 
iguais, igualmente; e os desiguais, desigualmente, na medida de suas 
desigualdades”. É com esse último enfoque que o CDC não é inconstitucional. Como 
já vimos, enquanto o consumidor estiver num patamar de vulnerabilidade perante o 
fornecedor, deverá ser tratado legalmente de forma diferente, para se alcançar uma 
relação de igualdade entre esses dois sujeitos da relação de consumo. 
Por tudo trazido até aqui, podemos, finalmente, conceituar o direito do 
consumidor como um conjunto de normas, estabelecidas na lei 8.078/90 (CDC), e 
que regula as relações de consumo, travadas entre os consumidores, parte 
vulnerável e os prestadores de serviços ou os vendedores de produtos. 
9 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
Diz-se que em doutrina o CDC é um microssistema jurídico interdisciplinar 
que é formado por duas normas jurídicas, em um mesmo corpo legislativo, todas 
elas coordenadas entre si, tendo por objeto a defesa do consumidor. 
Portanto, trata-se de uma lei de cunhos inter e multidisciplinar, com caráter 
de um verdadeiro microssistema jurídico. Tem caráter interdisciplinar, porque se 
relaciona com outros ramos do direito e multidisciplinar, porque cuida de questões 
inseridas no direito constitucional, administrativo, penal, civil, etc. 
 
 
1.3 CONCEITO DE CONSUMIDOR E FORNECEDOR 
 
 
 
O Código de Defesa do Consumidor é uma lei especial que se inspirou em 
modelo legislativo estrangeiro já vigente. Contudo, os textos não foram totalmente 
transcritos, pois foi levado em conta o mercado de consumo e características 
específicas do Brasil. Esta lei foi criada exclusivamente para proteger o consumidor, 
parte mais vulnerável na relação jurídica. Somente se aplicará àquelas relações de 
consumo, caso contrário aplicar-se-á, comumente, o Código Civil. Para isso, é de 
suma importância o estudo dos sujeitos da relação de consumo, quais sejam, 
consumidor e fornecedor. 
Vamos a um exemplo para se ter noção da importância do referido tópico. 
Digamos que Carlos querendo comprar um carro novo resolve vender seu automóvel 
a Marcelo. Carlos possui apenas o requisito da onerosidade (vender o carro com um 
determinado valor), mas não possui o requisito da habitualidade (ter a atividade de 
vender carros). Neste caso, aplicar-se-á o Código Civil no que tange aos contratos 
de compra e venda. Agora, outra história seria se Carlos, dono de uma empresa de 
carro, vende como sua atividade econômica um carro a Marcelo, destinatário final do 
produto. Neste caso, estamos diante de uma relação de consumo, aplicando-se o 
CDC, com todos os institutos da lei 8.078/90, como, por exemplo, a possibilidade da 
inversão do ônus da prova e os benefícios processuais. 
 
 
10 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
 
1.3.1 Consumidor 
 
 
 
 
No Brasil, existe um conceito legal de consumidor que foi criado pela lei 
8.078 de 11 de setembro de 1990, previsto no art. abaixo: 
 
 
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se consumidor a coletividade de pessoas, ainda 
que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
 
O artigo define para nós o que é consumidor. Em seu conceito, veem-se três 
elementos: A) subjetivo (pessoa física ou jurídica); B) objetivo (que adquire ou 
utiliza produto ou serviço); C) teleológico (a finalidade pretendida, ou seja, o destino 
final do produto ou serviço). 
A doutrina ainda divide o conceito de consumidor em: consumidor sticto 
sensu, é aquela pessoa que adquire, usufrui do produto ou serviço, é o real 
consumidor propriamente dito; e consumidor por equiparação, que são aqueles que 
não participam da relação de consumo diretamente, mas a lei os equiparou como tal, 
são aqueles dos artigos: 2º, parágrafo único e nos artigos 17 e 29. 
O principal ponto da definição de consumidor vem no conceito de 
destinatário final, que causa controvérsia na doutrina e na jurisprudência, tendo-se 
três correntes que vão definir o que seria destinatário final. 
São elas: 
 
 
1) Teoria Finalista: também chamada de subjetiva, parte do conceito 
econômico de consumidor. Essa teoria restringe o conceito de destinatário final 
àqueles que apenas adquirem o produto ou serviço para seu uso próprio ou de sua 
família. Com isso é necessário ser destinatário final e econômico do bem, não 
11 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
podendo adquirir o bem ou serviço como insumo, para uso profissional, revendê-lo, 
etc. 
Exemplo para esta teoria do que não seria consumidor: Uma empresa “X” 
que venda água mineral. Não há relação de consumo entre a e “X” e uma 
concessionária de serviço público fornecedora de água. Outro exemplo também 
seria uma empresa de telemarketing “Y” não é considerada consumidora de uma 
empresa concessionária de serviço público telefônico. 
Exemplo para esta teoria do que seria consumidor: Uma pessoa que adquire 
uma televisão numa loja de eletrodomésticos para que ele e sua família a usufrua. 
Resumindo, para esta teoria, consumidor é aquele que põe um fim na cadeia 
de produção. 
 
2) Teoria Maximalista: também chamada de objetiva, ela tem uma 
abrangência maior do que seria consumidor. Para esta teoria, o destinatário final 
seria aquele destinatário fático, ou seja, pouco importa a destinação econômica que 
se dará ao bem, se é usado como insumo ou não, se é destinado à pessoa ou à 
família ou não. Assim, consumidor é visto puramente de forma objetiva, ou seja, não 
se vê a finalidade que se dará ao produto ou serviço. 
Essa teoria é criticada, pois o código de defesa do consumidor seria uma 
norma geral, podendo confundir sempreos sujeitos que seriam ora fornecedor, ora 
consumidor. 
Essa teoria se vincula ao medo que assombrava a época do Estado Liberal, 
que, como vimos, teve resquício em nosso antigo código civil de 1916, lei geral da 
relação privada. Como o CDC é anterior ao novo Código Civil, era até razoável essa 
teoria, devido ao individualismo que predominava no antigo Código Civil. Todavia, 
com a entrada em vigor do Novo Código em 2002, com o fundamento na 
Constituição Federal de 1988 e os Princípios da Eticidade, Boa-fé Objetiva e 
Socialidade, não há mais razão para que essa teoria predomine na doutrina. 
Para essa teoria, todos os exemplos colocados na Teoria Finalista acima 
são casos de relação de consumo. 
12 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
3ª) Teoria Finalista Mitigada: analisada por Cláudia Lima Marques, essa 
teoria parte da essência, como o nome já diz, da Teoria Finalista, mas buscando a 
ratio (essência) do direito do consumidor. Vimos, na parte histórica, que o Direito do 
Consumidor veio a partir de um novo Estado Intervencionista, visando proteger 
àqueles considerados vulneráveis. Com isso, para esta teoria, então, destinatário 
final seria aquele que põe fim na cadeia de produção, entretanto, tal definição é 
mitigada, relativizada, com o reconhecimento da vulnerabilidade. Ou seja, se a 
pessoa (física ou jurídica), mesmo que não colocasse fim na cadeia de produção, 
mas fosse-lhe reconhecida à vulnerabilidade, tal pessoa seria considerada 
consumidora. 
A autora partiu também do artigo 4º, I, do CDC: “reconhecimento da 
vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo”. 
Reconhecem-se três tipos de vulnerabilidade: técnica (consumidor não 
conhece as técnicas do produto ou serviço, podendo ser facilmente levado a erro); 
econômica (seria a própria ignorância na seara jurídica, contábil, econômica, etc.); 
fática (essa é a real vulnerabilidade decorrente da essencialidade que a pessoa 
precisa do produto ou do serviço, tendo que submeter-se às exigências do 
fornecedor). 
 
Exemplos específicos para se ver a teoria: Empresário “A” que adquiriu, de 
uma grande sociedade empresária “B”, cadeiras para seu pequeno restaurante. Aqui 
há relação de consumo, pois é caso de vulnerabilidade entre o pequeno empresário 
“A” e a grande sociedade empresária “B”. 
Outro exemplo se extrai de duas de várias jurisprudências do STJ: 
• Resp. 468.148SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes, Terceira Turma, 
unânime, em tal recurso foi considerado consumidora a pessoa jurídica SBC 
Serviços de Terraplanagem Ltda., ao adquirir crédito bancário para a compra de 
tratores a serem utilizados em sua atividade econômica. 
• Resp. 445.854MS, Rel. Min. Castro Filho, Terceira Tuma, unânime, em 
tal recurso considerou ser consumidor o agricultor Francisco João Andrighetto, ao 
13 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
adquirir crédito bancário para a compra de colheitadeira a ser utilizada em sua 
atividade econômica. 
Pela definição legal, portanto, consumidor há de ser: Pessoa física ou 
jurídica, não importando os aspectos de renda e capacidade financeira; como 
destinatário final, ou seja, para uso próprio, individual, familiar ou doméstico, e até 
para terceiros, desde que o repasse não se dê por revenda. Não foi incluído na 
definição legal, o intermediário, que é aquele que compra com objetivo de revender 
após montagem, beneficiamento ou industrialização. 
Por fim, o Superior Tribunal de Justiça possui diversas jurisprudências 
adotando as três teorias aqui expostas. Todavia, recentemente, parece que o 
Tribunal adotou a Finalista Temperada. 
 
 
1.3.2 Fornecedor 
 
 
 
Visto um dos sujeitos da relação de consumo, o consumidor, vamos ao 
estudo de fornecedor, cuja redação legal se encontra no artigo 3º da lei 
consumerista. 
 
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem 
atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
§1º. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
§2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e 
securitária, salvo as decorrentes das relações trabalhistas. 
14 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
Diferentemente do que ocorre com o consumidor, o conceito de fornecedor 
não é debatido com frequência pelos autores, talvez em decorrência do vasto leque 
de atividades econômicas e da amplitude da área de prestação de serviços. 
Para evitar interpretações contraditórias, o legislador preferiu definir produto 
como sendo qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial e serviço como 
qualquer atividade fornecida no mercado de consumo (art. 3º, §1º e §2º), essa 
definição legal praticamente esgotou todas as formas de atuação no mercado de 
consumo. Fornecedor é não apenas quem produz ou fabrica, industrial ou 
artesanalmente, em estabelecimentos industriais centralizados ou não, como 
também quem vende. Nesse ponto podemos verificar que a definição de fornecedor 
se distancia da definição de consumidor, pois enquanto a este há de ser o 
destinatário final, tal exigência não se verifica quanto ao fornecedor, que pode ser o 
fabricante originário, o intermediário ou o comerciante, bastando que faça disso sua 
profissão ou atividade principal. 
O Código de Defesa do Consumidor colocou dois requisitos para se 
caracterizar fornecedor: habitualidade e onerosidade. 
A) Habitualidade – fornecedor é aquele que tem o exercício habitual do 
comércio. Vimos no exemplo acima da venda de um automóvel (vide tópico 1.3). 
Desse modo, exclui-se da tutela consumerista e aplicar-se-á o Código Civil de regra. 
Atente pelo fato de que fornecedor é tanto pessoa jurídica (é normalmente a 
regra) como a pessoa física, bastando ter esses dois requisitos. 
Atente pelo fato de que fornecedor é gênero do qual comporta algumas 
espécies. Com isso, quando a lei quer responsabilizar a todos, ela usará o termo 
“fornecedor”. Todavia, quando quer designar alguns, especificamente fará o uso da 
nomenclatura da espécie. Como exemplo, podemos citar os profissionais liberais, 
previsto no art., 14, §4º, comerciante (art., 13), etc. 
Embora, no ramo do Direito Administrativo, não seja normal que as pessoas 
jurídicas de direito público exerçam uma atividade econômica, estas também podem 
ser consideradas fornecedoras, desde que haja prestação por parte do consumidor e 
contraprestação por parte delas. Mas, atenção, aqueles serviços pagos mediante um 
tributo (como por exemplo, os remunerados por uma tarifa) não se submetem ao 
15 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
código de defesa do consumidor, porquanto aqui não há consumidor propriamente 
dito, mas sim a figura de um contribuinte, que paga aos cofres públicos, de acordo 
com a previsão orçamentária. Neste caso, trata-se de relação eminentemente 
pública, mais especificamente ao ramo do Direito Tributário. 
Podemos ver nos artigos 40 a 44 do Código Civil a definição do que seria 
pessoa jurídica de direito público, privado, nacional ou estrangeira, que neste último 
caso é tratado na lei civil de interno ou externo, respectivamente. 
Por fim, entes despersonalizados são aquelas sociedades que não possuem 
personalidade jurídica (pessoas jurídicasde fato), ou seja, aquelas que não 
possuem seus atos constitutivos registrados no cartório oficial competente. A lei não 
quis também afastar tais entidades, pois em não havendo personalidade jurídica, em 
regra, estas não poderiam ser sujeitos de direitos nem obrigações e, com isso, não 
poderiam ser demandadas em juízo no caso de futuros danos ao consumidor. O 
CDC afastou esse problema incluindo-as no rol de fornecedor. 
 
B) Onerosidade: outro requisito essencial para se enquadrar uma pessoa 
como fornecedora é a onerosidade. Consequentemente, aquelas pessoas que, 
embora atuem com habitualidade, mas que o fazem de forma gratuita, ou seja, 
altruística, não consideradas fornecedoras. É o caso de uma pessoa que leva o filho 
de sua vizinha gratuitamente ao colégio. Tais atos são considerados meros favores. 
Pegando o gancho, a onerosidade também não vive sem a habitualidade; como visto 
com exaustão até aqui, os dois requisitos são cumulativos. 
Por fim, ainda quanto à onerosidade, devemos destacar um ponto 
importante que é acontecimento normal no ramo do consumo. Trata-se dos serviços 
aparentemente gratuitos, ou seja, são aqueles que à primeira vista são gratuitos, 
mas analisando de forma mais detalhada o fornecedor está se beneficiando dela, ou 
seja, se remunerando por esse serviço aparentemente gratuito. E, nestes casos, 
embora sejam gratuitos, estão abrangidos pelo Código de Defesa do Consumidor. 
Podemos citar como exemplo os estacionamentos gratuitos de um shopping 
centers e supermercados. Estes são aparentemente gratuitos, porque o fornecedor 
tem como objetivo principal com isso captar maiores clientelas. O STJ já editou uma 
16 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
súmula a esse respeito: Súmula 130 “a empresa responde, perante o cliente, pela 
reparação de dano ou furto de veículo, ocorridos em seu estacionamento”; 
Cabe uma observação importante. A doutrina e a jurisprudência são 
divergentes quanto à relação entre advogado e cliente; se realmente se trataria de 
uma relação de consumo ou não. 
Temos duas posições que vão disputar esse entendimento: 
1) Não há relação de consumo, pois se aplica a lei 8.906/94 – Estatuto da 
OAB, os serviços advocatícios, suas prerrogativas e obrigações são impostas por 
esta lei. 
Tal norma é totalmente incompatível com a atividade de consumo, já a 2º 
corrente, há relação de consumo por tudo visto até aqui, trata-se de uma atividade 
que é exercida de forma habitual e onerosa. 
Vimos que o conceito de Consumidor está exposto no art. 2°, caput e seu 
parágrafo único e também sendo completado por outros dois artigos (17 e 29) e que 
apesar de algumas dificuldades, a definição de consumidor tem a grande virtude de 
colocar claramente o sentido querido na maior parte dos casos. 
Já o conceito de fornecedor está exposto no caput do art. 3°e a leitura desse 
caput, nos dá um panorama da extensão das pessoas enumeradas como 
fornecedoras. Que na realidade são todas as pessoas capazes, físicas ou jurídicas, 
além dos entes desprovidos. 
 
 
1.4 OBJETO 
 
 
 
Os parágrafos, primeiro e segundo definem o objeto da relação de consumo: 
os produtos e os serviços, respectivamente. 
Produto é qualquer bem móvel ou imóvel. Esses dois institutos podem ser 
vistos nos artigos 79 a 84 do Código Civil. São bens imóveis o solo e tudo quando se 
lhe incorporar natural ou artificialmente. Os bens móveis os bens suscetíveis de 
17 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou 
da destinação econômico-social. 
Já os bens corpóreos são os materiais – aqueles que têm existências 
materiais, perceptíveis pelos sentidos humanos, como por exemplo, um anel, uma 
roda, uma mesa, etc. Por sua vez, os imateriais são os incorpóreos, ou seja, aqueles 
que não têm existência material, sendo abstratos, de visualização ideal. Trata-se de 
uma ficção dada pela lei. 
Já os serviços são quaisquer atividades fornecidas no mercado de consumo. 
A lei faz uma ressalva quanto às relações de caráter trabalhista, para que não 
houvesse nenhuma divergência com a CLT. É de uma clareza solar que o CDC não 
se aplica nas relações de trabalho. Vimos que ambas as leis vieram com advento do 
Estado Intervencionista, devido à desigualdade formada entre consumidor x 
fornecedor, e trabalhador x empregado. Com isso seria uma situação muito que 
esdrúxula deixar o CDC atingir as relações de emprego, pois neste caso inverteriam 
as relações: o trabalhador, vulnerável na relação de emprego, seria considerado 
fornecedor – passando a ser o sujeito mais forte da relação jurídica, pois presta 
serviço de forma remunerada e habitual (art. 2º da CLT). Foi por isso que o 
legislador fez essa ressalva para não haver futuro choque entre a CLT (defendendo 
os trabalhadores) e o CDC (defendendo os consumidores). 
 
 
1.5 POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO E SEUS PRINCÍPIOS 
 
 
 
1.5.1. Política Nacional das Relações de Consumo 
 
 
 
O CDC, antes de tratar da Política Nacional de Proteção e Defesa do 
Consumidor, trata da Política de relações de Consumo, apresentando os objetivos e 
princípios que devem nortear o setor. 
18 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
Tal política deve ter por objetivos, em primeiro plano, o atendimento das 
necessidades dos consumidores que é o objetivo principal das relações de 
consumo, mas deve preocupar-se também com a transparência e harmonia das 
relações de consumo, para pacificar e compatibilizar interesses eventualmente em 
conflito. O objetivo do Estado, ao legislar sobre o tema, não será outro senão 
eliminar ou reduzir tais conflitos, anunciando sua presença como mediador, para 
garantir proteção à parte mais fraca e desprotegida. Pois é visível que o consumidor 
é a parte mais fraca na relação de consumo que para satisfazer suas necessidades 
de consumo é inevitável que ele compareça ao mercado e nessas ocasiões, se 
submeta às condições que lhe são impostas pela outra parte, no caso o fornecedor. 
O objetivo da defesa do consumidor não é, nem deve ser o confronto entre 
classes produtora e consumidora, senão o de garantir o cumprimento de bens e 
serviços pelos produtores e prestadores de serviços e o atendimento das 
necessidades do consumidor, este juridicamente protegido pela lei e pelo Estado. 
A política nacional das relações de consumo tem todo um sistema que se 
baseia na vulnerabilidade do consumidor. Estudaremos esse sistema quando 
analisarmos os princípios do Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 4º “A 
Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das 
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a 
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem 
como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes 
princípios”. 
Importante ressaltar que o legislador não só criou direitos para os 
consumidores, mas também impôs ao Poder Público, a criação de órgãos para a 
execução dessa política nacional das relações de consumo como já analisamos. 
19 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
1.5.2 Princípios nas Relações de Consumo 
 
 
 
Assim como todo ramo do Direito, o Direito do Consumidor possui seus 
princípios próprios. 
Princípios são diretrizes fundamentais, os conceitos básicos, as ideias 
estruturais de uma ciência. Nos dizeres de José Cretella Júnior: “Princípio é umaproposição que se coloca na base de uma ciência, informando-a”. 
Os princípios possuem três finalidades: 
1) Orientar o legislador; 
2) Auxiliar o intérprete; 
3) Integrar a norma. 
 
 
A Política Nacional de relações de Consumo deve estar lastreada nos 
seguintes princípios: 
 
1) Princípio da Vulnerabilidade – primeiro princípio e um dos mais 
importantes. Diz respeito ao reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor 
diante do fornecedor. Vulnerabilidade esta que se manifesta, conforme já estudado 
anteriormente, de forma tríplice: técnica, econômica e fática. 
 
I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de 
consumo. 
2) Princípio do Dever Governamental – não cabe ao Estado, uma vez 
reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor perante o fornecedor, apenas editar 
leis. É dever dele, também, protegê-lo de forma efetiva, fiscalizando os produtos e 
serviços posto no mercado, conforme o inciso II, do artigo 4º, da lei de consumo. 
 
II – Ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: 
a) Por iniciativa direta; 
20 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
b) Por incentivos à criação e desenvolvimento de associações 
representativas; 
c) Pela presença do Estado no mercado de consumo; 
d) Pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de 
qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. 
 
Conhecido do público, Os PROCONs são órgãos públicos de defesa do 
consumidor e surgem como verdadeira atuação governamental. 
 
3) Princípio da Harmonização dos Interesses e da Garantia de 
Adequação – conforme explica Leonardo de Medeiros Garcia “o objetivo da política 
nacional das relações de consumo deve ser a harmonização entre os interesses dos 
consumidores e dos fornecedores, compatibilizando a necessidade de 
desenvolvimento econômico e tecnológico com a defesa do consumidor”. Com isso, 
o Código de Defesa do Consumidor não pode servir como bloqueio ao incentivo de 
novas pesquisas e tecnologias e nem como obstáculo para o desenvolvimento 
econômico, consequentemente. 
Visualizamos, também, o Princípio da Segurança no qual o consumidor 
tem direito básico à proteção de sua vida e saúde. Assim, o fornecedor não pode 
colocar no mercado produtos ou serviços que possam oferecer riscos ao 
consumidor. Os riscos advindos devem ser claramente advertidos ao consumidor, 
inclusive com orientações seguras de como minimizar esses riscos. 
É com base nesse princípio da Segurança que o CDC trouxe a mudança no 
que se refere à responsabilidade civil, que agora é regida pela Teoria do Risco, o 
qual será visto mais adiante quando formos estudar Responsabilidade Civil do 
Fornecedor. 
 
III – Harmonização dos interesses dos participantes das relações de 
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de 
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos 
quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal)... 
21 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
4) Princípio do Equilíbrio nas Relações de Consumo – como visto, o 
fundamento para que se criasse o CDC veio na busca da verdadeira igualdade 
substancial. Percebeu-se que o consumidor é vulnerável perante o consumidor. 
Tendo isso em mente, essa busca por uma igualdade deve sempre nortear o 
legislador na hora de criar leis e o magistrado na hora de interpretá-las e aplicá-las. 
 
III - ... equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores. 
 
 
5) Princípio da Boa-fé Objetiva – o CDC inovou quando trouxe o princípio 
da boa-fé objetiva, o qual, posteriormente foi trazida pela Código Civil de 2002. É 
que, naquela época em que ainda está em vigor a Carta Civil de 1916, predominava 
o individualismo e o um regime puramente patrimonial. Posteriormente, em 1988, foi 
promulgada a Constituição Federal de 1988, trazendo novas características 
existencialistas, pautadas na solidariedade e fraternidade, enterrando de vez o 
individualismo. 
Visualizamos a boa-fé objetiva nos artigos 4º, III, como um princípio que 
orienta as relações de consumo e no art. 51, IV, como fator fundamental que, uma 
vez violando-o, gerará a abusividade da cláusula. 
Em 2002, com a entrada em vigor do novo Código Civil, a boa-fé objetiva 
passou a ser regida em todos os campos obrigacionais privados, não só mais nas 
relações de consumo. Tudo isso, para se compatibilizar com a nova Constituição 
Federal de 1988. No novo código podemos analisar esse princípio sobre dois 
enfoques: 1º) interpretativo (art. 113, CC); 2º) controlador (art. 187, CC); e 3º) 
integrativo (art. 422, CC). 
Este princípio, acerca do enfoque integrativo, estabelece um dever de 
conduta entre ambas às partes, devendo-as agir de forma leal, ética e confiança 
antes (fase pré-contratual), durante (execução) e depois do contrato – protegendo, 
assim, as expectativas tanto do consumidor quanto do fornecedor. 
Na função integrativa, a doutrina aponta, ainda, novos deveres na relação de 
consumo. São chamados os deveres anexos. Estes, por sua vez, são divididos em: 
22 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
a) Dever anexo de informação (Princípio da Informação); b) Dever anexo de 
cooperação; c) Dever anexo de proteção. 
 
a) Dever Anexo de Informação: a relação contratual deve-se mostrar clara 
para as partes. Esse princípio é de suma importância, primordialmente, na fase pré- 
contratual, em que as partes ainda estão estipulando condições para contratação. É 
aqui em que o fornecedor tem o dever de informar ao consumidor todas as 
características sobre o produto ou serviço. Podemos apontar também quanto ao 
abuso das práticas que se faz normalmente, trata-se daquelas cláusulas, cuja letra é 
escrita de forma minúscula e com cores claras, visando o cansaço da leitura. É com 
base nesse dever de informação que tais cláusulas são consideradas nulas. 
 
b) Dever Anexo de Cooperação: é dever de o fornecedor cooperar com o 
consumidor para que este possa adimplir o contrato, fornecendo meios para que 
este possa concluir o contrato. 
A título de exemplo, podemos citar os contratos bancários. A instituição 
financeira não pode ficar inerte, esperando que a dívida aumente astronomicamente 
com as taxas de juros. Esta deve sim, uma vez constatando que o consumidor esteja 
com dificuldade para adimplir sua parte, ajudá-lo, dando-lhe mecanismos como uma 
novação, por exemplo, para que este possa adimplir o contrato, levando à satisfação 
de ambas as partes. 
 
c) Dever Anexo de Proteção: podemos também ligá-lo ao princípio da 
Segurança. Aqui, impõe-se ao fornecedor uma conduta de preservação da 
integridade do consumidor e seu patrimônio, pois, quando violados, acarretará 
danos materiais e/ou morais. 
Quanto ao caráter interpretativo, o juiz deve interpretar as cláusulas de 
forma a retirar sempre aquelas de caráter maliciosas e individualistas. 
Por fim, a função controladora visa coibir qualquer abuso do direito subjetivo, 
limitando condutas e práticas comerciais abusivas. 
23 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
6) Princípio da Educação e Informação dos Consumidores – cabe não 
só ao Estado, mas também às entidades de defesa do consumidor, educar e 
informador o consumidor acerca de seus direitos, com vistas à melhoria do mercado 
de consumo. É que quanto maior for o grau de informação e educação existente, 
menor será o índice de conflitos nas relações de consumo e, com isso, criar-se-ia 
uma sociedade mais justae equilibrada, uma vez que isto se trata de um dos 
objetivos da República federativa do Brasil – artigo. 3º, I, da Constituição Federal. 
 
IV – Educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos 
seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo. 
 
7) Princípio do Incentivo ao Autocontrole (ou Controle de Qualidade e 
Mecanismos de Atendimento pelas Próprias Empresas) – O Estado deve 
incentivar os fornecedores a tomarem medidas para solução de eventuais conflitos, 
visando assim maior proteção ao consumidor. É com base nisso que as empresas 
devem sempre manter um controle qualitativo em seus produtos e serviços 
juntamente com o atendimento aos consumidores. 
 
V – Incentivo à criação, pelos fornecedores, de meios eficientes de controle 
de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos 
alternativos de solução de conflitos de consumo. 
 
8) Princípio da Coibição e Repressão de Abuso no Mercado – O que se 
quer neste princípio, já está fundamentado na Constituição Federal, em seu artigo 
170, tratado no título da ordem econômica e financeira. Tal princípio visa proteger a 
ordem econômica, possibilitando, assim, uma concorrência leal, sempre 
denunciando o monopólio para que a empresa monopolizadora não aja com 
abusividade perante os consumidores, pois ela seria “dona” do mercado. 
Para efetivar esse princípio, as leis 4.137 de 10 de setembro de 1962 e 
8.884/94 criaram o CADE, uma autarquia, entidade de direito público integrante da 
administração pública indireta. Cabe destacar seu artigo 1º: 
24 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
“Art. 1º. Esta lei dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra 
a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de 
iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos 
consumidores e repressão ao abuso do poder econômico”. 
VI – Coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no 
mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e a utilização indevida de 
inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, 
que possam causar prejuízo aos consumidores. 
 
9) Princípio da Racionalização e Melhoria dos Serviços Públicos – 
quando uma entidade, seja público ou privada, atua como fornecedora de serviços 
públicos, não se exime dos deveres do código de defesa do consumidor. Com isso, 
o consumidor, destinatário desses serviços, tem o direito de exigir um serviço público 
efetivo, com qualidade e segurança. 
 
VII – Racionalização e melhoria dos serviços públicos. 
 
 
10) Princípio do Estudo das Modificações do Mercado – a sociedade tem 
como característica a mutabilidade constante. Estamos em constantes evoluções 
sociais. A cada dia é criado novas tecnologias, práticas, tendências, etc. Foi com 
base nisso que o legislador ordinário criou esse princípio. Um estudo dessas 
modificações visa evitar que as normas fiquem ultrapassadas e, consequentemente, 
sem eficácia. 
 
VIII – Estudo constante das modificações do mercado de consumo. 
 
 
11) Princípio do Acesso à Justiça no Código de Defesa do Consumidor 
– este princípio não está positivado em um único inciso ou artigo. Ele é analisado 
como um sistema, por meio de artigos espalhados na lei de proteção ao consumidor. 
O legislador percebeu que em nada adiantaria criar todos esses direitos que o CDC 
25 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
dá ao consumidor, se este não tivesse como reclamar e exercer esses direitos em 
juízo, uma vez violados. 
Não é demais dizer, sempre relembrando, que esses institutos que 
beneficiam o consumidor vieram para restabelecer a igualdade e o equilíbrio entre o 
consumidor e o fornecedor, pois este, geralmente, dispõe de melhores condições 
econômicas e técnicas para a disputa no judiciário. 
Podemos indicar alguns institutos especiais do CDC quanto ao acesso à 
justiça. 
 
 
a) Foro Competente é o do consumidor – conforme o artigo 101, I, do 
CDC, quando se tratar de relação de consumo, a ação pode ser proposta no 
domicílio do autor. 
 
b) Inversão do ônus da prova – diz o artigo 6º, VIII do CDC, que são 
direitos básicos do consumidor a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com 
a inversão do ônus da prova, ao seu favor, no processo civil, quando, a critério do 
juiz for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras 
ordinárias de experiências. 
A regra geral do processo civil é de que a prova cabe a quem alega, ou seja, 
ao autor cabe provar o fato constitutivo de seu direito e ao réu cabe alegar a 
existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 333, I e 
II, do CPC). O Código de processo civil adotou, então, a distribuição estática do ônus 
da prova. 
O CDC, de forma inovadora, adotou a distribuição dinâmica do ônus da 
prova, ou seja, o magistrado tem o poder, agora, de distribuir (inverter) o ônus 
probatório, caso verifique os requisitos do art. 6º, VIII: verossimilhança da alegação 
ou hipossuficiência do consumidor. Sendo assim, quando o magistrado verificar tais 
hipóteses, poderá de ofício ou a requerimento das partes, inverter o ônus da prova, 
presumindo como verdadeiros os fatos alegados pelo consumidor, dispensando-o de 
produzir outras provas, cabendo ao fornecedor a obrigação de produzi-las. 
26 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
Verossímil é aquela alegação que parece verdadeira, que é possível ou 
provável por não contrariar a verdade. Já a hipossuficiência, que não se confunde 
com vulnerabilidade (esta é fenômeno de direito material com presunção absoluta), é 
fenômeno processual que deve ser analisada em cada caso concreto pelo 
magistrado segundo regras ordinárias de experiência. 
 
c) Ações Coletivas – visando dar maior efetividade aos direitos do 
consumidor, o CDC permitiu, além das ações individuais, as coletivas. 
 
Art. 81. A defesa do consumidor dos interesses e direitos dos consumidores 
e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. 
 
As ações coletivas, na verdade, fundamentalmente, visam buscar o pleno 
acesso à ordem jurídica justa. Influenciada pelo jurista italiano Mauro Cappelleti, 
reconheceu-se três grandes ondas de desenvolvimento do acesso à justiça, 
cabendo aqui neste estudo de direito do consumidor, indicar a segunda. 
A primeira onde era dar assistência gratuita aos necessitados. Todavia, 
verificou-se que, mesmo assim, nem todos os direitos seriam tutelados. O CPC teve 
grande influência também do individualismo, assim, só permite que alguém vá a 
juízo, em regra, na defesa de seus próprios interesses como pode ver no art. 6º do 
CPC (“ninguém poderá pleitear em nome próprio direito alheio”). Com base nesse 
culto ao individualismo, os direitos considerados supraindividuais, ou seja, aqueles 
que não são próprios a ninguém, ficavam de fora. Assim, a segunda onda do acesso 
à justiça foi a proteção dos interesses metaindividuais. 
Foi nesse entendimento que o CDC abriu espaço para as ações coletivas, 
porque muitas vezes esses direitos não só visam a um só indivíduo como toda uma 
coletividade. As ações coletivas de consumo estão estipuladas mais nos artigos 81 e 
seguintes do CDC. 
 
d) Proibição de Denunciação da Lide – trata-se de uma das modalidades 
de intervenção de terceiro, cuja fonte é uma ação regressiva. Tal procedimento 
29 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autoresacarreta sempre um retardo na prestação jurisdicional. É com base nessa demora 
que o legislador, em se tratando de relação de consumo, proibiu tal instituto 
processual, pois o consumidor esperaria muito mais para ver sua pretensão 
satisfeita. 
 
Art. 88, CDC: “na hipótese do art. 13, parágrafo único, deste Código, a ação 
de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade 
de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide”. 
 
Podemos ainda indicar alguns mecanismos de efetivação da política 
nacional das relações de consumo: 
• Assistência jurídica integral e gratuita às pessoas hipossuficientes; 
• Órgãos de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor; 
• Delegacias de Polícia especializadas no atendimento de consumidores 
vítimas de infrações penais de consumo; 
• Juizados Especiais e Varas Especializadas para a solução de litígios 
decorrentes da relação de consumo; etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
------------- FIM DO MÓDULO I ------------ 
 
30 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
2 A LEI 8.078/90 E OS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 
 
 
 
A lei 8.078/90 se tivesse limitado a seus primeiros sete artigos, ainda assim o 
consumidor poderia receber uma ampla proteção, eles refletem concretamente os 
princípios constitucionais de proteção ao consumidor e bastaria aos intérpretes 
compreender seus significados, como vimos no módulo I, agora iremos analisar o art. 
6° do CDC onde trata dos direitos básicos do consumidor. 
Todavia, embora à primeira vista pareçam, os direitos do consumidor não se exaurem 
no dispositivo do artigo 6º. Na verdade trata-se de um rol meramente exemplificativo. 
Cada direito do consumidor estará presente em todos os artigos que estudaremos. É 
justamente por isso que neste tópico veremos apenas alguns incisos, pois os demais 
serão vistos em partes específicas. Um exemplo disso é o inciso I que diz respeito à 
vida e à saúde, o veremos mais profundamente quando formos estudar o artigo 8º. 
Mais uma vez, o legislador ordinário, ao elencar os direitos do consumidor no artigo 
6º, fez questão de ressaltar que se trata dos direitos básicos, ou seja, não se trata 
apenas dos arrolados no presente artigo. Para consolidar de vez essa ideia, é 
necessário invocar a leitura do artigo 7º. 
 
Art. 7º. “Os direitos previstos neste Código não excluem outros decorrentes de 
tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação 
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas 
competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, 
costumes e equidade”. 
Tratados e Convenções internacionais são pactos feitos por mais de um país 
soberano. Vale ressaltar que muitos deles podem chegar a ter hierarquia de emenda 
constitucional conforme o artigo 5º, § 3º, Constituição Federal, ou seja, quando tais 
31 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
tratados versarem sobre direitos humanos e passarem pelo ritual do legislativo 
conforme o dispositivo citado. 
Legislação interna ordinária trata-se das leis infraconstitucionais: lei complementar, lei 
ordinária e lei delegada. Exemplo seria a aplicação dos institutos do Código Civil 
quando mais benéficos ao consumidor. É de suma importância saber então que se 
podem aplicar outras leis que não o CDC nas relações de consumo. 
Regulamentos são atos administrativos normativos, advindos do Poder Regulamentar 
que a administração pública possui. Esses atos de caráter público são estudados 
mais no direito Constitucional e mais detalhados no Direito Administrativo. 
Princípios Gerais do Direito são as formulações gerais do ordenamento jurídico, que 
vão servir como base para toda uma regulamentação jurídica. 
Analogia é procedimento lógico de constatação, por comparação, das semelhanças 
entre diferentes casos concretos, chegando o juiz a um valor. É o processo de 
aplicação a uma hipótese não prevista em lei de disposições concernentes a casos 
semelhantes. 
Costumes é conduta reiterada a partir da falsa impressão de existir norma jurídica a 
respeito da matéria. É a prática repetitiva e uniforme de determinado comportamento 
em virtude de se imaginá-lo obrigatório. 
Equidade, por fim, é a aplicação do Direito como justo, benévolo, a partir do 
sentimento de justiça. Pretende-se que na aplicação da lei o juiz a aplique de maneira 
que mais se ajuste ao sentimento de justiça do caso trazido. 
Feito uma observação preliminar acerca dos direitos básicos do consumidor, 
estudaremos agora alguns deles como dito anteriormente. 
 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
I - A proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por 
práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; 
II - A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e 
serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; 
32 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
III - A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, 
com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e 
preço, bem como sobre os riscos que apresentem; 
IV - A proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos 
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas 
ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; 
V - A modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas; 
VI - A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos e difusos; 
VII - O acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à 
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou 
difusos assegurados a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; 
VIII - A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do 
ônus da prova, ao seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for 
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras 
ordinárias de experiências; 
IX – (Vetado) 
X - A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 
 
 
 
Os direitos básicos do consumidor são direitos fundamentais e universais do 
consumidor, reconhecidos pela ONU (Organizações das Nações Unidas). São eles: 
direito à segurança que outorga garantia contra produtos ou serviços que possam ser 
nocivos à vida, à saúde e à segurança; direito à escolha, que visa assegurar ao 
consumidor opção entre vários produtos e serviços com qualidade satisfatória e 
preços competitivos; direito à informação, onde diz que o consumidor deve conhecer 
os dados indispensáveis sobre produtos ou serviços para atuar no mercado de 
consumo e decidir com consciência; direito de ser ouvido, onde o consumidor deve 
ser participante da política de defesa, sendo ouvido e tendo assento nos organismos 
33 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
de planejamento e execução das políticas econômicas e nos órgãos colegiados de 
defesa; direito à indenização, que é indispensável buscar a reparação financeira por 
danos causados por produtos ou serviços; direito à educação para o consumo, onde 
o consumidor deve ser educado formal e informalmente para exercitar 
conscientemente sua função no mercado, restabelecendo-se por esse meio, namedida do possível, o equilíbrio que deve haver nas relações de consumo; e 
finalmente, o direito a um meio ambiente saudável, à medida que o equilíbrio 
ecológico reflete na melhoria da qualidade de vida do consumidor. 
Assim, os direitos básicos do consumidor, universalmente reconhecidos, verificando-
se que o legislador brasileiro cuidou de adotá-los e transplantá-los para o CDC, com 
algumas modificações ou ampliações. 
Com relação aos direitos básicos do consumidor, podemos enfatizar o inciso “V”, em 
sua primeira parte, diz respeito à Lesão. (a modificação das cláusulas contratuais que 
estabeleçam prestações desproporcionais), ocorre quando há uma quebra do 
sinalagma, ou seja, uma das partes sofre com a desigualdade entre a prestação e a 
contraprestação. É um fato que ocorre na formação do contrato (diferentemente com 
a teoria da imprevisão, segunda parte do inciso “V”). 
Este instituto também é trazido pelo Código Civil em seu artigo 157 – “ocorre à lesão 
quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga 
a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação aposta”. 
Atente com a diferença entre esses dois institutos. O CDC é mais benevolente, pois 
não se exige a demonstração da necessidade ou inexperiência. Ou seja, em se 
tratando de relação de consumo, basta alegar a desproporção das prestações. É que, 
como já estudamos, o consumidor é sempre considerado vulnerável na relação de 
consumo. 
Sendo assim, não se faz necessário demonstrar o elemento subjetivo, uma vez que 
este já é presumível de forma absoluta pela lei. 
Há uma pequena divergência quanto à possibilidade de anular ou não o contrato 
quando há desproporção, pois, veja bem, a primeira parte do inciso “V” não fala em 
anulação, mas tão somente em modificação, pois, à primeira vista do 
34 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
legislador, geralmente, o produto ou serviço é essencial ao consumidor, e não 
interessa a este anular o contrato. Mas, às vezes, mesmo havendo a modificação, o 
contrato pode permanecer oneroso e, consequentemente, o consumidor não poderá 
suportar os custos do contrato. Neste caso há entendimento jurisprudencial do STJ 
permitindo a anulação do contrato. E nem poderia ser diferente, pois o instituto da 
lesão do Código Civil permite a anulação. Como estudamos acima, o consumidor 
pode invocar para si o artigo 7º do CDC e aplicar o Código Civil perfeitamente. 
 
Artigo 171, II, CC – “além dos casos expressamente declarados na lei, é ANULÁVEL 
o negócio jurídico: (...) por vício resultante de (...) lesão”. 
A segunda parte do inciso “V” contempla a revisão em razão de fatos supervenientes 
que tornem as prestações excessivamente onerosas. Aqui, diferentemente da 
primeira parte do inciso que se vê a desproporção no surgimento do contrato, a causa 
do desequilíbrio é na execução do contrato, é posterior da formação deste. Ressalte-
se que alguns doutrinadores, usando o Código Civil, chamam esta hipótese no CDC 
de Teoria da Imprevisão; todavia, para a doutrina majoritária é mais técnico chamar 
de Teoria da Base Objetiva do Negócio Jurídico. É que conforme o artigo 478 do 
CC é fundamental a demonstração da imprevisibilidade e a extraordinariedade do fato 
superveniente, além da extrema vantagem para o credor. Já no CDC não se exige tal 
comprovação, somente se exige que o fato, logicamente, seja superveniente 
acarretando a desproporção apenas e não a extrema vantagem do fornecedor. 
No art. 478 do Código Civil diz que: “nos contratos de execução continuada ou 
diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com 
extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e 
imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença 
que a decretar retroagirão à data da citação”. 
Aqui, se aplica a mesma divergência quanto à lesão: se o consumidor pode ou não 
também pedir a resolução do contrato. 
35 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
Outro inciso importante é o “VIII” quando fala em inversão do ônus da prova. Já 
tivemos a oportunidade de estudá-lo quando analisamos os princípios do direito do 
consumidor, Princípio do Acesso à Justiça no Código de Defesa do Consumidor. 
Cabe destacar uma questão importante que a doutrina e a jurisprudência nos trazem: 
é saber qual o momento adequado para se aplicar as regras de inversão do ônus da 
prova. Temos duas correntes: 
1) O momento seria no despacho saneador, de forma a preservar o princípio 
processual do contraditório e da ampla defesa. Aqui, a inversão do ônus da prova 
seria uma regra de procedimento. 
2) O correto momento seria na prolação da sentença, com isso, a inversão 
do ônus da prova seria uma regra de julgamento. 
É importante remeter o leitor à leitura do artigo 51, VI, do CDC, o qual considerou 
como nula sempre que uma cláusula contratual que estabeleça a inversão do ônus da 
prova em prejuízo do consumidor. 
Por fim, apesar de termos detalhado os direitos básicos do consumidor, é importante 
tecer alguns comentários sobre eles: 
A respeito da segurança do consumidor, a proteção à saúde e segurança está 
prevista nos artigos 8º ao 10º. Atente ao fato, como já mostramos que se trata agora 
de uma especificação de um dos direitos básicos do consumidor, mais precisamente 
nos incisos I, III e VI do artigo 6º. Vejamos os artigos referentes ao presente estudo: 
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão 
riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e 
previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, 
em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. 
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as 
informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam 
acompanhar o produto. 
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à 
saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, 
36 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras 
medidas cabíveis em cada caso concreto. 
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço 
que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à 
saúde ou segurança. 
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no 
mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá 
comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, 
mediante anúncios publicitários. 
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados 
na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço. 
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à 
saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios deverão informá-los a respeito. 
A regra é de que os produtos e serviços postos no mercado de consumo não poderão 
acarretar riscos à integridade física do consumidor. Mas, sabemos que a maior parte 
dos produtos hoje possui nem que de forma ínfima, seja por lhe ser inerente ou não, 
um risco. Foi pensando nisso, que o CDC não vedou que esses objetos fossem 
expostos ao mercado, mas deve-se sempre haver a informação sobre tais riscos e 
uma efetiva segurança. A afirmativa do início da proposiçãodo caput do art. 8°, 
somente pode ser entendida se lida em consonância com a segunda proposição, pois 
só da interpretação das duas proposições em conjunto é que se poderá extrair a 
essência normativa do art. 8°. Se assim não fosse, não haveria como permitir a 
venda, por exemplo, de cigarros, já que ninguém em nenhum lugar do mundo 
civilizado poderá aceitar que fumar não traz ao menos riscos à saúde. Então, surge à 
necessidade de fixar adequadamente o sentido da segunda proposição que vem a 
ser o risco normal e previsível em função da natureza e fruição do produto ou serviço. 
A norma está de fato, tratando de expectativa, tanto do consumidor em relação ao 
uso e consumo, quanto do fornecedor em relação ao mesmo aspecto. 
37 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
Foi elaborada em função do comando constitucional a lei 9.294/96, que nos mostra 
as restrições quanto ao fumo, bebidas alcoólicas medicamentos, etc. 
Conforme já vimos, o Princípio da Informação garante que o consumidor tenha 
garantido o direito de ser informado, de maneira adequada, sobre os perigos que o 
produtor que adquira pode acarretar. 
A informação passou a ser elemento inerente ao produto e ao serviço, bem como a 
maneira como deve ser fornecida, por isso, essa informação deve ser correta, clara e 
precisa. Isto é, o fornecedor deve dar informações sobre os riscos que não são 
normais e previsíveis em decorrência da natureza e fruição dos produtos e dos 
serviços. 
Quanto à Segurança, a doutrina, liderada por Antônio Herman Benjamin, 
divide em três partes: periculosidade inerete, periculosidade adquirida e 
periculosidade exagerada. 
 
1) Periculosidade Inerente: é aquela em que está presente de forma normal 
e previsível no produto ou serviço. Exemplo: faca, álcool etc. A regra geral é de que 
o fornecedor não está obrigado a indenizar o fornecedor. Exemplo: uma dona de 
casa se corta com a faca enquanto prepara a comida. Será que no caso da faca de 
cozinha o fornecedor tem de informar que o consumidor não pode friccioná-la na 
mão com o lado que corta? Se não der tal informação e um consumidor se acidentar 
cortando os dedos, será o fornecedor responsabilizado? 
Nesse caso, não é necessário que o fornecedor diga que o consumidor não deve 
experimentar a força do corte no próprio corpo. Havendo acidente desse tipo, a 
responsabilidade é exclusiva do consumidor. 
No entanto, se um produto que está sendo vendido, cujo manuseio é novo, 
desconhecido do consumidor, como por exemplo, um triturador, o fornecedor precisa 
dar informações claras sobre a utilização desse produto. 
 
2) Periculosidade Adquirida: o produto é perigoso quando decorre da 
existência de um defeito que apresenta. Caso este não houvesse, não haveria 
38 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
apresentação de risco. Podem se dividir ainda em: a) defeito de fabricação; b) defeito 
de concepção (projeto ou fórmula); c) defeito de comercialização. 
 
3) Periculosidade Exagerada: é aquela em que o perigo é inerente, mas a 
informação, mesmo assim, não reduz os riscos. O potencial danoso é de tamanha 
monta que a previsibilidade não consegue ser preenchida pelas informações 
prestadas pelos fornecedores. Esses produtos, então, não podem ser colocados no 
mercado de consumo em nenhuma hipótese. 
Ainda quanto aos princípios da Segurança e Informação. A doutrina também aponta 
dois subprincípios decorrentes destes: Prevenção e Precaução. Aquela é observada 
primeiramente, ou seja, o CDC visa primeiro prevenir os danos causados aos 
consumidores, obrigando que os fornecedores deem toda a informação e segurança 
possível; as medidas que evitam o nascimento de atentados à saúde e segurança do 
consumidor devem ser priorizadas. Enquanto que a precaução se vê posteriormente, 
quando não mais for possível a prevenção, ou seja, caso o fornecedor não comprove 
que o produto ou serviço não oferece riscos, não deve introduzi-lo no mercado. 
Uma vez colocado o produto no mercado de consumo, e posteriormente, constatarem 
que este objeto possui algum vício que pode refletir na integridade física do 
consumidor, caberá ao fornecedor o dever de alertar aos consumidores, conforme o 
artigo 10, §§ 1º e 2º CDC. Podemos citar, a título de exemplo, os chamados “recall” 
dos produtos. Esta comunicação serve para alertar os consumidores dos riscos que 
devam ter quando utiliza o produto, ou evitando, quando necessário, a compra ou 
utilização do mesmo. 
A comunicação que se trata o § 3º também é de grande importância, pois a União, 
Estados, Distrito Federal ou Município tem, com fundamento no exercício do Poder de 
Polícia retirar os produtos do mercado de consumo, conforme for o caso. 
Ressalte-se que o fato de o fornecedor alertar os consumidores por meio destes 
dispositivos, uma vez constatado sobre os riscos, não exime o mesmo de responder 
civilmente. A doutrina, todavia, aceita a possibilidade de o fornecedor alegar a culpa 
concorrente, com o fundamento da boa-fé objetiva. Exemplo: Uma 
39 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
pessoa compra um carro da marca X, o produtor do automóvel usa todos os meios 
necessários para comunicar que o carro da marca X veio com um defeito de 
fabricação e deve ser levado às concessionárias para troca da peça defeituosa. O 
consumidor fica inerte e, posteriormente, acaba sendo lesado por isso. Aqui, há culpa 
de ambas as partes: do fornecedor por ter posto no mercado um produto defeituoso, 
e o consumidor por ter agido de má-fé em não ter levado o produto para trocar a 
peça, mesmo sabendo que o mesmo estava com defeito. 
É primordial destacar também, que o consumidor seja educado para o consumo, a fim 
de que aumente o seu nível de consciência e ele possa enfrentar os percalços do 
mercado Objetiva-se dotar o consumidor de conhecimento acerca da fruição 
adequada de bens e serviços, de tal maneira que ele possa, sozinho, optar e decidir, 
exercendo agora outro direito, o da liberdade de escolha entre os vários produtos de 
boa qualidade colocados no mercado. Inovando, o legislador inscreveu no rol do art. 
6° o direito contratual, abrangendo de maneira geral, as cláusulas abusivas e a 
publicidade enganosa. E mais, dentro do raciocínio de que o Estado pode ser 
fornecedor e, pois, prestador de serviço público, e os serviços públicos prestados 
pelas entidades oficiais, permissionárias ou concessionárias, também devem ser 
eficientes e seguros, o que não mostra a realidade nacional, principalmente na área 
da saúde, transportes e educação. 
 
 
2.1 SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
 
 
 
Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos 
federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de 
defesa do consumidor. 
Art. 106. O Departamento Nacional de Defesa do Consumidor, da Secretaria Nacional 
de Direito Econômico (MJ), ou órgão federal que venha substituí-lo, é organismo de 
coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, cabendo-
lhe: 
40 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
I - Planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de 
proteção ao consumidor; 
II - Receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas, denúncias ou 
sugestões apresentadas por entidades representativas ou pessoas jurídicas de 
direito público ou privado; 
III - Prestar aos consumidores orientação permanente sobre seus direitos e 
garantias; 
IV - Informar, conscientizar emotivar o consumidor por meio dos diferentes 
meios de comunicação; 
V - Solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito policial para a 
apreciação de delito contra os consumidores, nos termos da legislação vigente; 
VI - Representar ao Ministério Público competente para fins de adoção de 
medidas processuais no âmbito de suas atribuições; 
VII - Levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de ordem 
administrativa que violarem os interesses difusos, coletivos, ou individuais dos 
consumidores; 
VIII - Solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, Estados, do 
Distrito Federal e Municípios, bem como auxiliar a fiscalização de preços, 
abastecimento, quantidade e segurança de bens e serviços; 
IX - Incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas 
especiais, a formação de entidades de defesa do consumidor pela população e 
pelos órgãos públicos estaduais e municipais; 
X - (Vetado). 
XI - (Vetado). 
XII - (Vetado) 
XIII - Desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades. 
Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos, o Departamento Nacional de 
Defesa do Consumidor poderá solicitar o concurso de órgãos e entidades de notória 
especialização técnico-científica. 
A lei enumera os órgãos e entidades que integram o Sistema Nacional de Defesa do 
Consumidor, SNDC. Destaque para as entidades privadas de defesa do 
41 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
consumidor, cuja lei também lhe dá legitimidade ativa para a propositura da ação 
coletiva de defesa do consumidor, conforme o artigo 82, IV, do CDC. 
Tal sistema tem como objetivo integrar os órgãos e entidades públicas e privadas 
para defender o consumidor. 
A atuação concreta da legislação protetiva do consumidor é feita pelos órgãos 
administrativos e entidades civis que atuam direta ou indiretamente na sua defesa, 
vem a ser o primeiro e único atendimento do consumidor que obtém ótimos 
resultados na resolução de conflitos. Fica à disposição do cidadão no atendimento de 
suas queixas, reclamações e no esclarecimento de suas dúvidas. 
Existiu até março de 1990 o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor, na 
estrutura de Ministério Público da justiça, criado em 1885, tinha como finalidade 
assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional de defesa 
do consumidor, zelando pelos interesses deste. Em pouco tempo de existência, o 
CNDC prestou excelentes serviços à Nação, atuando em temas como planos de 
saúde, fraudes de alimentos e medicamentos, cartões de crédito, mensalidades 
escolares e outros. Com a reforma administrativa do Governo Collor de Mello, o 
CNDC foi extinto, sendo criado o DPDC, que é subordinado à secretaria Nacional do 
Direito Econômico. 
Conforme o artigo 106, o Departamento Nacional de Defesa do Consumidor 
coordenará a política do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, até que um 
órgão venha a substituí-lo. Isso ocorreu com a criação do Departamento de Proteção 
e Defesa do Consumidor (DPDC), o qual é vinculado à Secretaria de Direito 
Econômico do Ministério da Justiça. Suas atribuições básicas estão nos incisos do 
artigo 106. 
Portanto, o SNDC (Sistema Nacional de Defesa do Consumidor) é a conjugação de 
esforços do Estado, nas diversas unidades da Federação, e da sociedade civil, para a 
implementação efetiva dos direitos do consumidor e para o respeito da pessoa 
humana na relação de consumo, ou seja, o Sistema Nacional é o conjunto dos órgãos 
ligados direta ou indiretamente na defesa do consumidor e das entidades civis, 
atuando de forma coordenada. Conforme previsto no CDC, além dos órgãos 
Federais, Estaduais, do Distrito Federal, Municipais e entidades civis de 
42 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
defesa do consumidor, integram também outros órgãos como a Secretaria de Direito 
Econômico; Ministério da Justiça, por intermédio do Departamento de Proteção e 
Defesa do Consumidor que é o organismo de coordenação da política do SNDC e 
tem como atribuições principais coordenar a política e ações do SNDC, bem como 
atuar nos casos de relevância nacional e nos assuntos de relevância para a classe 
consumidora, além de desenvolver ações voltadas à educação para o consumo e 
para melhor informação e orientação dos consumidores. 
 
 
2.2 FUNÇÃO E GARANTIA DOS DIREITOS BÁSICOS 
 
 
 
Os direitos básicos do art. 6° do CDC, proteção à vida, à saúde e segurança; 
liberdade de escolha de produtos e serviços; educação para o consumo; informação; 
proteção contra publicidade enganosa e abusiva; proteção contratual; indenização; 
acesso facilitado aos órgãos administrativos e judiciários; facilitação da defesa dos 
seus direitos e qualidade dos serviços públicos. Sua função é dar proteção ao 
consumidor como, por exemplo, vítima de acidentes causados por produto ou serviço 
defeituoso, mesmo que não o tenha adquirido. O Código não permite que o 
fornecedor, na cobrança de dívida, ameace ou faça o consumidor passar vergonha 
em público. Não permite, também, que o fornecedor, sem motivo justo, cobre o 
consumidor no seu local de trabalho, pois é crime ameaçar, coagir, constranger física 
ou moralmente, fazer afirmações falsas, incorretas ou enganosas, expor ao ridículo o 
consumidor. Se o fornecedor cobrar quantia indevida, o que já foi pago, o consumidor 
terá direito de receber o que pagou, em dobro, com juros e correção monetária. 
O Código de Proteção e de Defesa do Consumidor possui um sistema de 
hermenêutica próprio. A interpretação desta lei deverá ser constantemente em favor 
do consumidor, ou seja, deverá ser de maneira mais favorável a este último, face ao 
caráter protecionista que possui. O seu sistema contratual determina que quanto à 
obrigatoriedade do pacto, esta se considera mitigada, as normas de cumprimento do 
43 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
contrato, previamente estabelecidas, poderão ser modificadas por intermédio de 
provocação do Poder Judiciário no sentido de realizar a revisão e modificação das 
cláusulas contratuais abusivas. 
Em relação ao cumprimento de força obrigatória dos contratos de consumo, estes 
pelo simples fato de envolverem uma parte hipossuficiente, normalmente o 
consumidor, devem ser analisados sob a ótica de outro prisma - o da interpretação 
mais favorável ao consumidor. 
Como bem assevera Hélio Zaghetto Gama: 
 
 
Assiste ao consumidor a presunção legal da sua proteção nos contratos. Esta 
presunção decorre do primeiro princípio em que se funda a Política Nacional das 
Relações de Consumo, qual seja o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor 
frente ao fornecedor, assim proclamada no inciso I do art. 4º do CDC. 
Em decorrência deste entendimento, o doutrinador supracitado enfatiza que as 
cláusulas contratuais são sempre interpretadas da maneira mais favorável ao 
consumidor, conforme determina o art. 47 do CDC. A parcialidade da interpretação 
decorre da constatação de que o consumidor é sempre a parte mais fraca nas 
relações jurídicas e por isso devem ser-lhe conferidos direitos frente às experiências 
dos fornecedores. 
Diante dos conflitos de consumo que surgem a cada dia entre o fornecedor e o 
consumidor, verifica-se o desequilíbrio entre as partes, em face da submissão, por 
exemplo, a uma cláusula abusiva, dado a imutabilidade do contrato ou mesmo a uma 
prática comercial abusiva ditada pela parte mais forte, demonstrando a manifesta 
vantagem excessiva. Surge assim a necessidade do intervencionismo estatal, 
permitindo a revisão das cláusulas contratuais pactuadas em razão do abuso, que 
implica

Continue navegando