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Piolhos e Pulgas Introdução Pulgas e piolhos são parte dos artrópodes, filo animal importante na parasitologia por causar ectoparasitismo (infestações) e veicular parasitos durante a hematofagia (por inoculação ou por soluções de continuidade). Morfologia: os artrópodes possuem exoesqueleto quitinoso rígido (trocam para permitir o crescimento), corpo segmentado e membros articulados. Eles possuem cavidade geral, com hemolinfa e sistemas respiratório, circulatório, nervoso, digestivo, excretor e reprodutor. Taxonomia: esses animais são encontrados na classe Insecta, que possui animais com 3 pares de pernas, cabeça, tórax e abdome, antenas. Entre os insetos, há as ordens Diptera (localizam-se as moscas), Hemiptera (com triatomíneos e cimicídeos), além das ordens Siphonaptera (pulgas) e Phthiraptera (piolhos). Piolhos Os piolhos são causadores da pediculose e da fitiríase, sendo hematófagos em todos os estágios de sua vida, de modo que possuem resistência limitada fora do humano. Taxonomia: são da ordem Phthiraptera e subordem Anoplura (piolhos hematófagos), classe Insecta e vistos em duas famílias: Pediculidae, que inclui as espécies Pediculus humanus e Pediculus capitis; e Pthiridae, que inclui a espécie Pthirus pubis. Esses insetos causam a pediculose (Pediculus) e a fitiríase (Pthirus). Morfologia Ovos: são operculados e conhecidos popularmente como lêndeas, possuindo opérculos pelos quais as formas que eclodem (ninfas), saem. Piolhos adultos: são ápteros (não voam), achatados dorso-ventralmente, possuem pernas fortes como pinças (permitem a locomoção entre os pêlos). De modo comparativo, o P. humanus é maior que o P. capitis e ambos possuem cabeça destacada do corpo, o que os diferencia do Pthirus pubis, que não possui divisão muito boa entre tórax e abdome. Entre os sexos, o que se percebe é a presença da estrutura ovipositora na fêmea (bifurcada) e seu maior tamanho em relação ao macho. Ciclo Biológico Habitat: o do P. pubis é os pêlos grossos como os pubianos, axilares, sobrancelhas, pestanas e barba; o do P. capitis os cabelos e o do P. corporis nas roupas, principalmente nas dobras, em contato com o corpo. Ciclo biológico: os piolhos são paurometábolos, o que implica em uma metamorfose incompleta e permanência no mesmo habitat ao longo de sua vida. Quando os ovos eclodem em ninfas, essas passam pelos estágios N1, N2 e N3 (pela troca do exoesqueleto), diferenciando-se em machos e fêmeas adultos, que copulam gerando novas lêndeas. As lêndeas precisam do calor corpóreo para eclodirem, enquanto as ninfas, assim como os adultos, realizam hematofagia, logo dependem do corpo do hospedeiro para a sobrevivência de todos seus estágios. Transmissão: piolhos são espécie-específicos, e sua transmissão processa entre os humanos de formas direto ou indireto (fômites). Como piolhos são ápteros e incapazes de saltar, sua transmissão se dá por contatos sociais, sexuais ou por fômites (pentes ou camisetas). Manifestações Clínicas As principais manifestações clínicas incluem dermatite pruriginosa intensa, que se procede pela inoculação da saliva durante a hematofagia e anemia, em infestações mais evidentes com maior hematofagia. Além disso, o prurido pode ser bastante intenso, favorecendo infecções secundárias e miíases, além de áreas de alopécia por feridas no caso de P. capitis, podendo haver ainda as Rickettsioses, Bartoneloses e Borrelioses, que se dão pela grande presença dessas bactérias nas fezes do animal. Em crianças, também pode haver irritabilidade e insônia, além do estigma social, uma vez que a doença é associada incorretamente à falta de higiene. Tratamento e Profilaxia No piolho corpóreo, é importante mergulhar as roupas e vestes de cama em solução com Lysoform, podendo-se utilizar pomadas com antibióticos ou corticosteróides nas lesões de pele. Já na pediculose capilar, é importante a catação, escovação (pente fino), ar quente, se possível, raspagem da cabeça (>0,5 mm), além de óleos e cremes como medidas adicionais ao tratamento farmacológico. Na fitiríase, usa-se terapia farmacológica e catação. Tratamento farmacológico: se utilizam o benzoato de benzila, organoclorados como o lindane, piretróides como a permetrina (noticiados casos de resistência) e ivermectina (loção ou oral). Nas loções, é importante que o composto aja por entre 20 e 30 minutos, repetindo a operação 3 vezes 5 dias de intervalo (sem ação sobre lêndeas), sempre com as terapias não farmacológicas. Profilaxia: é essencial trabalhar com educação em saúde e realizar tratamento em massa e de familiares, de modo a evitar recidivas e garantir melhor adesão terapêutica. Gabriel Torres→ Uncisal→ Med52→ Piolhos e Pulgas Pulgas As pulgas são animais não espécie-específicas, causadoras da pulicose e tungíase, além de serem vetores de doenças como peste bubônica. Em geral, não se mantêm no hospedeiro, exceto a Tunga penetrans. Taxonomia: são membros da ordem Siphonaptera, sendo destituídos de asas, mas com pernas capazes de realizar saltos. Na família Pulicidae, há espécies Pulex irritans (causa pulicose), Ctenocephalides canis e C. felis (hospedeiros da himenolepíase), Xenopsylla cheopis (veicula a peste bubônica) e Polygenis spp. (veiculam a bouba silvestre). Há também a família Tungidae, com a Tunga penetrans (causa tungíase). Morfologia Pulgas são ápteras, achatadas lateralmente e com patas adaptadas que permitem saltos muitas vezes maiores que seu tamanho. As fêmeas são maiores que os machos e também se distinguem pela presença da espermateca, região copuladora que é diferente da extremidade posterior e espiralada do edeago ou pênis. As pulgas passam por estágio pupal (holometábolos). Características das espécies: o gênero Ctenocephalides possui cerdas quitinizadas (ctenídeos), o que as difere da P. irritans, uma vez que essa possui apenas uma cerda no seu occipício. Já a Xenopsylla cheopis se destaca por possuir duas fileiras de cerdas no occipício, em formato de ‘’v’’, enquanto a Polygenes sp. apresenta 3 fileiras de pêlos em seu occipício. Em relação à Tunga penetrans, sua cabeça possui um tubérculo frontal (facilita a penetração) e seus segmentos torácicos são menores. Ciclo Biológico Habitat: as pulgas adultas são hematófagas e são vistas no corpo ou roupas dos hospedeiros, enquanto larvas e pupas são encontradas no solo, alimentando-se de fezes e sangue das formas adultas. Ciclo de vida: as pulgas colocam ovos que formam as larvas, as quais, após dois estágios evolutivos, formam as pupas (resistentes, podem passar até 04 meses sem se alimentar), que completam o ciclo gerando pulgas adultas e dimórficas, que dão origem a novos ovos. A Tunga penetrans permanece no hospedeiro, enquanto outras pulgas, após a hematofagia, retornam ao ninho. Manifestações Clínicas Pulicose: é associada à P. irritans, que tem preferência pelo hospedeiro humano, se caracterizando por irritação dérmica que ocorre por reação à sua infestação. Tungíase: conhecida por ‘’bicho de pé’’, ‘’bicho de porco’’ ou ‘’bicho de cachorro’’. A doença ocorre pois a fêmea de T. penetrans, quando fecundada, penetra no hospedeiro (geralmente cão, homem, porco ou gato) e gera uma forma hipertrofiada (, que formam lesões papulares com centro enegrecido. Essas geram prurido e dor, além de facilitar micoses e doenças por clostrídios nas infestações maiores. As infestações por essa pulga em humanos se associam à doença em outros animais ou pelo esterco (rico em formas de T. penetrans). Doenças associadas: os gêneros Xenopsylla e Polygenes, transmitem a peste bubônica, causada por Yersinia pestis, a roedores e humanos no ambiente urbano e rural. A doença se caracteriza por linfadenopatias, lesões de pele e parenquimatosas necro-hemorrágicas, lesões pulmonares (transmissão entre humanos), sepse e morte, sendo tratada com estreptomicina e sulfas O Ctenocephalides, assim como a Pulex irritans podem transmitir a himenolepíase ao homem quando ingeridos. Tratamento Como as pulgas permanecem um tempo limitado, não são tratadas à exceção da Tunga penetrans. Na tungíase,é importante higienizar o local e retirar, com luvas, toda a pulga, evitando sua destruição e disseminação. Nas infestações maiores, pode-se utilizar a ivermectina oral. Profilaxia O controle envolve tratamento dos animais, limpeza e aspiração do domicílio e uso de inseticidas. Na tungíase, o uso de luvas ao manusear esterco e uso de calçados, pulverização de inseticidas sobre chiqueiros e fontes de esterco, é relevante no controle, assim como vacinação antitetânica de trabalhadores do campo. Gabriel Torres→ Uncisal→ Med52→ Piolhos e Pulgas
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