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URI UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – CAMPUS SANTO ÂNGELO - MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos “Há dois processos geológicos que colapsam e fragmentam as rochas: o intemperismo e a erosão.” INTEMPERISMO Os sedimentos, precursores das rochas sedimentares, são os mais encontrados na superfície terrestre como camadas de partículas soltas, como areia, silte e conchas de organismos. Estas partículas formam-se na superfície à medida que as rochas vão sendo alteradas e erodidas. O intemperismo é todos os processos químicos e físicos que desintegram e decompõem as rochas em fragmentos de vários tamanhos. Para Grotzinger et al, (2007), intemperismo é o processo geral pelo qual as rochas são destruídas na superfície da Terra. As partículas das rochas fragmentadas são, então, transportadas pela erosão, que é o conjunto de processo que desprendem o solo e as rochas transportando-os para os locais onde são depositadas em camadas de sedimentos. O intemperismo e a erosão produzem dois tipos de sedimentos: Sedimentos clásticos, que são partículas depositadas fisicamente, como grãos de quartzo e feldspato derivados de um granito alterado. (Clástico é derivado da palavra grega Klastos, “quebrado”). Esses sedimentos são depositados pela água corrente, pelo vento ou pelo gelo e formam camadas de areia, silte e cascalho. Sedimentos químicos e bioquímicos, que são substancias químicas novas que se formam por precipitação quando alguns dos componentes das rochas dissolvem-se durante o intemperismo e são carregados pelas águas dos rios para o mar. Entre esses sedimentos incluem-se as camadas de minerais como a halita (cloreto de sódio) e a calcita (carbonato de cálcio, freqüentemente encontrado na forma de recifes e conchas). Do sedimento à rocha sólida A Litificação é o processo que converte os sedimentos em rocha sólida, e isso ocorre de uma das seguintes maneiras: Por compactação, quando os grãos são compactados pelo peso do próprio sedimento sobreposto, formando uma massa mais densa que a original. Por cimentação, quando minerais precipitam-se ao redor das partículas depositadas e agregam-se umas nas outras. A cimentação diminui a porosidade, que é a porcentagem do volume de uma rocha que consiste em poros abertos entre os grãos. A cimentação também resulta na litificação, que é o endurecimento de sedimentos moles em rochas. Os sedimentos são compactados e cimentados depois de serem soterrados sob mais camadas de sedimentos. Dessa maneira, o arenito é formado por litificação de partículas de areia e o calcário, pela litificação de conchas e de outras partículas de carbonato de cálcio. Os siltitos, os lamitos e o folhelho correspondem a 75% das rochas sedimentares; o arenito e o conglomerado a 11% e as demais 14% são as rochas carbonáticas. URI UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – CAMPUS SANTO ÂNGELO - MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos Figura 1. (A) Conglomerado; (B) Arenito e (C) Folhelho Camadas de sedimentos Os sedimentos e as rochas sedimentares são caracterizados pela estratificação, a formação continuada de camadas paralelas de sedimentos à medida que as partículas depositam-se no fundo do mar, de um rio ou da superfície do terreno. Pelo fato de as rochas sedimentares serem formadas por processo superficiais, elas cobrem grande parte dos continentes e do fundo dos oceanos. A maioria das rochas na superfície terrestre é sedimentar. Todavia, o volume dessas rochas é menor que o das rochas ígneas e metamórficas – que constituem o principal volume da crosta – pois dificilmente são preservadas. Minerais comuns Os minerais comuns dos sedimentos clásticos são os silicatos, porque eles predominam nas rochas que são alteradas para formar as partículas sedimentares. Os minerais mais abundantes nas rochas sedimentares clásticas são o quartzo, o feldspato e os argilominerais. Os minerais mais abundantes nos sedimentos precipitados química ou bioquimicamente são os carbonatos, como a calcita, o principal constituinte do calcário. A dolomita, também encontrada no calcário, é um carbonato de magnésio e calcário formado por precipitação durante a litificação. Dois outros sedimentos químicos – a gipsita e a halita – formam-se por precipitação quando a água do mar evapora. O intemperismo produz todas as argilas, todos os solos e as substancias dissolvidas e carregadas pelos rios para os oceanos. As rochas meteorizam-se de dois modos: O intemperismo químico ocorre quando os minerais de uma rocha são quimicamente alterados ou dissolvidos. O desgaste ou esmaeciemnto de inscrições gravadas em lápides ou monumentos antigos é causado principalmente pelo intemperismo químico. O intemperismo físico ocorre quando a rocha sólida é fragmentada por processos mecânicos que não mudam sua composição química. Os escombros de colunas e blocos de pedras que eram parte dos imponentes templos da Grécia antiga resultaram principalmente do intemperismo físico, que causou, também, rachaduras e fraturas de antigos túmulos e monumentos do Egito. Os intemperismos químico e físico reforçam-se mutuamente. A decomposição química deteriora os fragmentos das rochas e torna-os mais susceptíveis ao rompimento. Por sua vez, quanto menores os blocos produzidos pelo intemperismo físico, tanto maior a superfície disponível para a ação do intemperismo químico. Intemperismo, erosão e ciclo das rochas URI UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – CAMPUS SANTO ÂNGELO - MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos Depois que os processos tectônicos e vulcânicos formaram as montanhas, a decomposição química e a fragmentação física, juntamente com a chuva, o vento, o gelo e a neve, desgastaram essas regiões elevadas. Para Grotzinger et al (2007) a erosão é o conjunto de processo que desagregam e transportam solo e rochas morro abaixo ou na direção do vento. Esses processos transportam o material alterado da superfície da Terra de um local e depositam –no em outro lugar. Como a erosão move o material solido alterado, novas porções de rocha fresca e inalterada vão sendo expostas ao intemperismo. O intemperismo e a erosão são processos geológicos importantes no ciclo das rochas e nos sistemas da Terra. Juntamente com a tectônica e o vulcanismo (outros dois elementos do ciclo da rochas). O intemperismo e a erosão modelam a superfície terrestre e alteram os materiais rochosos, convertendo rochas ígneas, bem como as demais, em sedimentos formando solos. De certa forma, o intemperismo e a erosão são inseparáveis. Quando rochas como o calcário puro ou as rochas evaporíticas são alteradas pela chuva, por exemplo, todo o material é completamente dissolvido e levado pela água como íons e solução. O material do intemperismo químico constitui-se no principal material aporte da matéria prima dissolvida nos oceanos. As propriedades da rocha-matriz A natureza da rocha-matriz controla o intemperismo porque: 1) Os minerais alteram-se com taxas diferentes; 2) A estrutura das rochas influencia na suscetibilidade de fraturar-se e fragmentar-se. Inscrições em lápides antigas oferecem boas evidencias da variação das taxas em que as rochas se alteram. As letras recém esculpidas numa lápide apresentam-se bem nítidas em relação à superfície polida de inscrição. Entretanto, após centenas de anos de exposição num clima de chuvas moderadas, a superfície polida da lápide de calcário estará fosca e as letras inscritas terão quase se dissolvidas, da mesma forma que um nome inscrito numa barra de sabão desaparece logo depois de pouco uso. Por outro lado, o granito mostrará somente algumas poucas mudanças. As diferenças entre a alteração do granito e do calcário resultam das distintas composições mineralógicas dessas rochas. Entretanto, depois de certo tempo, mesmo uma rocha com mais resistência inevitavelmentedecompor-se-á. Após centenas de anos, o monumento de granito também será consideravelmente alterado e apresentará uma superfície opaca e letras esmaecidas. Se utilizássemos uma lupa para observar mais de perto a alteração do granito, veríamos diferentes padrões de alterações de seus grãos minerais constituintes. Os cristais de feldspato mostrariam sinais de corrosão e suas superfícies estariam opacas e cobertas com uma película fina e amolecida de argila. A composição química das porções externas dos grãos de feldspato teria mudado, originando-se novos minerais. Os cristais de quartzo apareceriam frescos – claros e sem alteração. A estrutura da rocha também afeta o intemperismo físico. Monumentos de granito podem permanecer inteiros e sem rachaduras mesmo depois de séculos de exposição, embora possam apresentar evidencia de certo intemperismo químico. Rochas ígneas intrusivas, incluindo muitos granitos, podem ser maciças – isto é, grandes massas que não exibem mudança do tipo de rocha ou estrutura. Rochas maciças não têm planos de fraqueza que contribuem para o fraturamento ou fragmentação. Diferentemente, um folhelho – rocha sedimentar que se URI UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – CAMPUS SANTO ÂNGELO - MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos rompe facilmente ao longo de planos de acamamento – quebra-se em pedaços pequenos tão rapidamente que os taludes de uma estrada recém-aberta em terrenos dessa rocha ficam cobertos de pedregulhos em apenas poucos anos. Clima: chuva e temperatura Uma visita as lápides expostas a no continente norte-americano, desde os Estados Unidos ate o Canadá e o Alasca, revelaria que as taxas de intemperismo, tanto químico como físico, variam não apenas devido às propriedades da rocha, mas também por causa do clima – a quantidade de chuva e a temperatura. Altas temperaturas e chuvas intensas aumentam a taxa de crescimento de organismos e, assim, promovem o intemperismo químico. O frio e a aridez, por seu turno, impem o processo. Lápides antigas em clima quente e úmido, como o da Flórida (EUA), sofrem intensa alteração química, mas aquelas de mesma idade em clima quente e seco do Sudoeste Norte-Americano são dificilmente afetadas. Por sua vez, lápides em regiões frias e secas do Ártico mostram bem menos alteração química do que aquelas do Sudoeste Norte-Americano. Em climas frios, a água não pode dissolver os minerais porque está congelada. Por sua vez, em climas áridos, ele está relativamente ausente. E ambos os casos, as populações de organismos são muito poucas e o intemperismo químico atua lentamente. De outro modo, climas que minimizam o intemperismo químico podem acentuar a intemperismo mecânico. Por exemplo, a água congelada pode atuar como uma cunha, abrindo fissuras em rochas. Presença ou ausência de solo O solo, um dos nossos mais importantes recursos naturais, é composto por fragmentos de rocha, argilominerais formados pela alteração química dos minerais da rocha-matriz e pela matéria orgânica produzida por organismos que nele vivem. Embora o solo seja ele o próprio um produto do intemperismo, sua presença ou ausência pode afetar o intemperismo químico e físico de materiais. Um prego antigo que foi enterrado no solo, por exemplo, torna-se tão enferrujado que você pode quebrá-lo como se fosse um palito de fósforo. Já um prego arrancado da madeira de uma casa centenária poderá ainda estar bem resistente, embora coberto por uma fina película de ferrugem. Da mesma forma, um mineral de um solo espesso nas terras baixa de um vale pode estar intensamente alterado e corroído, enquanto o mesmo mineral exposto na rocha de um penhasco próximo estará muito menos alterado. Embora o penhasco também esteja exposto a chuvas ocasionais, a rocha de sua parede geralmente seca e a intemperismo atua de forma muito lenta. Nenhum solo se forma em penhascos porque a chuva rapidamente carrega as partículas soltas para as áreas mais baixas, onde se acumulam. A produção do solo é um processo de retroalimentação positiva - isto é o produto do processo impulsiona a próprio processo. Uma vez iniciada a formação do solo, ele funciona como um agente geológico que acelera a alteração da rocha. O solo retém a água da chuva e hospeda diversos vegetais, bactérias e outros organismos. Essas formas de vida geram um ambiente acido que, juntamente com a umidade, promove o intemperismo químico, o qual altera e dissolve os minerais. Raízes de plantas e URI UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – CAMPUS SANTO ÂNGELO - MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos cavidades feitas por organismos no solo promovem o intemperismo físico, pois ajudam a criar fraturas na rocha. O intemperismo químico e físico por sua vez, leva à formação de mais solo. Tempo de exposição Quanto maior o tempo de alteração de uma rocha, maior sua decomposição química, mais forte na sua dissolução mais intensa sua desagregação física. As rochas que têm sido expostas na superfície terrestre por alguns milhares de anos formam um manto de intemperismo – uma capa externa de material alterado com uma espessura variando desde alguns milímetros ate muitos centímetros – que envolve a rocha sã e inalterada. Em climas secos, alguns mantos desenvolvem-se lentamente, com taxas de 0,006 mm por mil anos. Derrames e depósitos de cinza vulcânicos recentes, portanto com um período curto de exposição na superfície terrestre, encontram-se, ainda, relativamente pouco alterados. Como conhecemos as datas de erupções mais recentes, podemos medir o tempo necessário para que sejam alcançados os diversos estágios do intemperismo. Nos anos anteriores à erupção do vulcão Santa Helena (EUA) em 1980, por exemplo, os depósitos de cinza vulcânica encontravam-se intensamente meteorizadas e os minerais originais estavam em outras espécies. Contudo, os derrames de lava solidificada formados no mesmo período de tempo dos depósitos de cinza encontravam-se relativamente frescos. A diferença do grau de alteração deveu-se, principalmente, ao fato de que a cinza é constituída por partículas muito pequenas, as quais se alteram bem mais rápido que as rochas vulcânicas, que são muito mais maciças. INTEMPERISMO QUÍMICO As rochas alteram-se quimicamente quando seus constituintes minerais reagem com o ar e a água. Nessas reações químicas, alguns minerais dissolvem-se. Outros se combinam com a agua e alguns componentes da atmosfera, como o oxigênio e o gás carbônico, formando minerais novos. Algumas dessas reações químicas podem ser deduzidas a partir de observações de campo. Quando conseguimos combinar tais observações com experimentos de laboratório que simulam os processos naturais, melhoramos nossa visão sobre os mecanismos do intemperismo químico. Iniciaremos nossa investigação pelo exame de alteração química do feldspato, o mineral mais abundante da crosta da Terra. O papel da água no intemperismo do feldspato e de outros silicatos O feldspato é um mineral-chave num grande numero de rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. Muito outros tipos de minerais silicosos formadores de rocha também se alteram tanto quanto ele. Este mineral é apenas um dos muitos silicatos que se alteram por reações químicas para formar outras espécies que contem agua, conhecidas como argilominerais. O comportamento do feldspato durante o intemperismo ajuda-nos a entender de maneira geral o processo de alteração, por duas razões: 1) Há uma grande abundancia de minerais silicosos na Terra; URI UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – CAMPUS SANTO ÂNGELO - MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos 2) Os processos de dissolução e decomposição química que provocam a alteração de feldspato são os mesmos que causam a alteração de outros tipos de minerais. O exemplo extremo de alteração do feldspato pode ser observado em matacões de granitonos solos de regiões tropicais úmidas. Aí, muitos dos fatores que promovem o intemperismo – chuva intensa, temperatura alta e presença de solo e abundante atividade orgânica – estão presentes. Matacões de granitos em regiões tropicais encontram-se tão fragilizados que podem ser facilmente quebrados com um pontapé ou esmigalhados num monte de grãos de minerais soltos. A maioria dos grãos de feldspato desses matacões foi alterada para argila. Quando observado num microscópio eletrônico sob grande aumento, qualquer grão de feldspato remanescente mostraria sinais de corrosão e estaria revestido por uma capa de argila. Os cristais de quartzo, ao invés disso, estariam relativamente intactos e inalterados. Em uma amostra de granito são, a rocha é dura sólida por que uma rede de ligação intergranular mantém os cristais de quartzo, feldspato e outros firmemente juntos. Entretanto, quando o feldspato é alterado para uma argila com fraca aderência, a rede intergranular torna-se debilitada pelo desenvolvimento de fissuras na borda dos grãos, facilitando a separação mutua. A argila de cor branca a creme produzida pela alteração do feldspato é a caulinita. Somente em climas áridos muito rigorosos de alguns desertos e regiões polares o feldspato mantem-se inalterado. Essa observação aponta a agua como sendo o elemento essencial das reações químicas pelas quais o feldspato se transforma em caulinita. Esse argilomineral é um silicato de alumínio hidratado. Na reação em que a caulinita é produzida, o feldspato solido sofre hidrólise. O feldspato é fragmentado e, ao mesmo tempo, perde vários componentes químicos. A alteração é análoga a reação química que ocorre quando preparamos café. O café sólido reage quimicamente com a agua quente para resultar numa solução – o café líquido. A reação extrai cafeína e outros componentes do café solido, deixando com resíduos o pó usado. De modo análogo, a água da chuva infiltra-se no solo, alterando o feldspato dos fragmentos de rocha e deixando para trás a caulinita como resíduo. Apenas a parte externa do solido reage com o fluido, de sorte que, quando aumentamos sua área superficial, aceleramos a reação. Por exemplo, quando trituramos os grãos de café em partículas cada vez mais finas, aumentamos a razão entre a área superficial e o volume dos mesmos. Quanto mais finos os grãos de café são moídos, mais rápida sua reação com a agua e mais forte a bebida se torna. De modo similar, quanto menor os fragmentos dos grãos minerais e das rochas, maior a área superficial dos mesmos. A razão entre a área superficial e a volume aumenta muito à medida que diminui a media do tamanho das partículas. A dissolução do feldspato na água pura Para entender mais sobre a dissolução do feldspato, devemos imergir o feldspato em água e analisar a solução de cada tipo de material que vai sendo dissolvido. Para tanto, primeiramente devemos triturar p feldspato mais comum do granito, o ortoclásio (KAlSi3O8), até se tornar pó. Para acelerar a reação, pela exposição de uma área maior a água. Quando analisamos amostras da solução depois de certo tempo, encontramos pequenas quantidades de potássio e sílica (SiO2) URI UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – CAMPUS SANTO ÂNGELO - MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos dissolvidas na água. A reação de feldspato com a água libera sílica e íons potássio (K+) dissolvida e deixa como resíduo um novo mineral, a caulinita: Al2Si2O5(OH)4. Podemos descrever uma reação química para o intemperismo do granito a partir do exemplo do feldspato que reagem com a água para formar caulinita. Duas questões principais sobre essa reação nos dão informações sobre os ganhos e perdas de material quando o feldspato se altera: 1. Potássio e sílica são “perdidos” pelo feldspato e passam a ocorrer como materiais dissolvidos na solução aquosa. 2. A água absorvida na estrutura cristalina da caulinita. Essa absorção de água é chamada de hidratação e é um dos principais processos do intemperismo. Dióxido de carbono e intemperismo A variação da concentração de dióxido de carbono na atmosfera leva a uma variação correspondente na taxa de intemperismo. Por exemplo, os níveis mais altos de concentração de dióxido de carbono na atmosfera causam níveis mais altos do solo, aumentando a taxa de intemperismo. Além disso, o dióxido de carbono, um gás estufa, torna o clima da Terra mais quente e, assim, influencia o intemperismo. O papel do dióxido de carbono no intemperismo A reação do feldspato com água pura em laboratório é um processo extremante lento (milhares de anos). Para acelerar o processo é necessário acrescentar acido clorídrico para dissolver o feldspato em poucos dias. Na natureza ocorre a ação do acido carbônico que é fraco. Esse ácido se forma quando o gás carbônico se dissolve na água da chuva CO2 + H2O H2CO3 A maior parte da acidez da chuva ácida, entretanto, não provém do dióxido de carbono, mas dos gases dióxido de enxofre e de nitrogênio, os quais reagem com a água para formar acido fortes como o sulfúrico e o nítrico, respectivamente. Esses ácidos são capazes de impulsionar mais o intemperismo do que o acido carbônico. Os vulcões e os pântanos são emissores de gases de carbono, enxofre e nitrogênio. Na natureza: feldspato em afloramento rochoso e em solo úmido Os feldspatos expostos numa superfície são mais preservados do que em solos úmidos. O feldspato de uma rocha exposta somente altera-se quando a rocha fica umedecida pela água da chuva. Durante o período seco somente o orvalho umedece a superfície da rocha exposta. Já no solo úmido, o feldspato esta constantemente em contato com as pequenas quantidades de água que ficam retidas entre os grãos. Por isso, alteram-se continuamente. As rochas alteram-se mais rapidamente em climas tropicais do que em climas temperados ou frios, principalmente porque as plantas e as bactérias crescem de maneira acelerada em climas quentes e úmidos, contribuído com o acido carbônico e outros ácidos que promovem a alteração. O rápido intemperismo dos carbonatos URI UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – CAMPUS SANTO ÂNGELO - MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos Olivina é o mineral silicoso que mais rapidamente se altera porem não passa de lenta comparada com alguns minerais formadores de rochas não-silicosos (o calcário e a dolomita) que se alteram rapidamente em regiões úmidas. A água subterrânea dissolve grandes quantidades de materiais carbonáticos, escavando cavernas em formações calcárias. Quando o cálcio se dissolve nenhum argilomineral é formado. Calcita + ácido carbônico íons de cálcio + íons de bicarbonato CaCO3 + H2CO3 Ca +2 + 2HCO3- A reação ocorre somente na presença de água, a qual contem o acido carbônico e íons dissolvido. Estabilidade química: um controlador da velocidade do intemperismo A estabilidade química é uma medida da tendência que uma substancia tem de resistir numa dada forma química, ao invés de reagir espontaneamente para tornar-se uma substancia química diferente. O feldspato é estável em condições encontradas em grandes profundidades da crosta terrestre (altas temperaturas e pequenas quantidades de água), mas instável em condições de superfície (baixas temperaturas e abundância de água). Solubilidade A solubilidade de um mineral especifico é medida pela quantidade deste dissolvida na água quando a solução está saturada. A saturação é o ponto no qual a água não pode mais conter a substância dissolvida. Quanto maior a solubilidade do mineral, menor a estabilidade do intemperismo. Rochas evaporíticas, por exemplo, são instáveis ao intemperismo. Elas tem alta solubilidade na água (cerca de 350 g/L) e são lixiviadas do solo mesmo por pequenas quantidades deste líquido. O quartzo, pelo contrario, é estável em condiçõesde intemperismo. Sua solubilidade na água é muito pequena (cerca de 0,008 g/L) e ele não é facilmente lixiviado do solo. Taxa de dissolução A taxa de dissolução de um mineral é medida pela quantidade desde que se dissolve numa solução não-saturada num dado intervalo de tempo. Quanto mais rapidamente um mineral se dissolve, menor sua estabilidade. O feldspato se dissolve em taxas muito mais rápidas que as do quartzo e, principalmente por causa disso, é menos estável que este no intemperismo. URI UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – CAMPUS SANTO ÂNGELO - MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos Estabilidade relativa dos minerais formadores de rochas comuns Estabilidade dos minerais Taxa de alteração MAIS ESTÁVEL Mais lenta Óxidos de ferro (hematita) Hidróxidos de alumínio (gipsita) Quartzo Argilominerais Moscovita Feldspato potássico (ortoclásio) Biotita Feldspato sódico (albita) Anfibólios Piroxênio Feldspato cálcico (anortita) Olivina Calcita Halita MENOS ESTÁVEL Mais rápida Quadro 1. Estabilidade relativa dos minerais mais comuns sob o intemperismo Diferentes silicatos formam diferentes argilas Depósitos de argila suficientemente pura para ser utilizada na produção de objetos de cerâmica como, por exemplo, porcelanas e artefatos industriais são encontrados em algumas rochas sedimentares incomuns. Já tijolos, telhas e outras cerâmicas de construção requerem matérias menos puras. As argilas formam-se por meio do intemperismo de vários tipos de minerais de silicato, não apenas o feldspato. O anfibólio, a mica e outros silicatos do granito alteram-se para formar argilas de forma muito semelhante a da alteração do feldspato. A formação de diferentes tipos de argila, a partir desse processo depende de dois fatores: 1) Composição de silicatos parentais 2) Clima Por exemplo, a montmorillonita, um argilomineral que se expande quando absorve grande quantidade de água , forma-se tipicamente a partir do intemperismo de cinzas vulcânicas. INTEMPERISMO FÍSICO Em regiões áridas o intemperismo químico tende a ser mínimo. A diferença de tamanho dos fragmentos de vários tamanhos que recobre os afloramentos rochosos em regiões áridas resulta de uma variação dos graus de intensidade do intemperismo URI UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES – CAMPUS SANTO ÂNGELO - MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos mecânico e dos graus de fraturamento da rocha matriz. Quando intemperismo físico atua partículas maiores são rachadas e fragmentadas em pedaços menores.
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