Buscar

8 2 - 37048-INTEMPERISMO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

URI 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos 
 
“Há dois processos geológicos que colapsam e fragmentam as rochas: o intemperismo 
e a erosão.” 
 
INTEMPERISMO 
 
Os sedimentos, precursores das rochas sedimentares, são os mais 
encontrados na superfície terrestre como camadas de partículas soltas, como areia, silte 
e conchas de organismos. Estas partículas formam-se na superfície à medida que as 
rochas vão sendo alteradas e erodidas. 
O intemperismo é todos os processos químicos e físicos que desintegram e 
decompõem as rochas em fragmentos de vários tamanhos. 
Para Grotzinger et al, (2007), intemperismo é o processo geral pelo qual as 
rochas são destruídas na superfície da Terra. 
As partículas das rochas fragmentadas são, então, transportadas pela erosão, 
que é o conjunto de processo que desprendem o solo e as rochas transportando-os 
para os locais onde são depositadas em camadas de sedimentos. O intemperismo e a 
erosão produzem dois tipos de sedimentos: 
 Sedimentos clásticos, que são partículas depositadas fisicamente, como 
grãos de quartzo e feldspato derivados de um granito alterado. (Clástico é derivado da 
palavra grega Klastos, “quebrado”). Esses sedimentos são depositados pela água 
corrente, pelo vento ou pelo gelo e formam camadas de areia, silte e cascalho. 
 Sedimentos químicos e bioquímicos, que são substancias químicas 
novas que se formam por precipitação quando alguns dos componentes das rochas 
dissolvem-se durante o intemperismo e são carregados pelas águas dos rios para o mar. 
Entre esses sedimentos incluem-se as camadas de minerais como a halita (cloreto de 
sódio) e a calcita (carbonato de cálcio, freqüentemente encontrado na forma de recifes e 
conchas). 
Do sedimento à rocha sólida 
 
A Litificação é o processo que converte os sedimentos em rocha sólida, e 
isso ocorre de uma das seguintes maneiras: 
 Por compactação, quando os grãos são compactados pelo peso do próprio 
sedimento sobreposto, formando uma massa mais densa que a original. 
 Por cimentação, quando minerais precipitam-se ao redor das partículas 
depositadas e agregam-se umas nas outras. 
A cimentação diminui a porosidade, que é a porcentagem do volume de 
uma rocha que consiste em poros abertos entre os grãos. 
A cimentação também resulta na litificação, que é o endurecimento de 
sedimentos moles em rochas. 
Os sedimentos são compactados e cimentados depois de serem soterrados 
sob mais camadas de sedimentos. Dessa maneira, o arenito é formado por litificação de 
partículas de areia e o calcário, pela litificação de conchas e de outras partículas de 
carbonato de cálcio. 
Os siltitos, os lamitos e o folhelho correspondem a 75% das rochas 
sedimentares; o arenito e o conglomerado a 11% e as demais 14% são as rochas 
carbonáticas. 
 
URI 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos 
 
Figura 1. (A) Conglomerado; (B) Arenito e (C) Folhelho 
 
Camadas de sedimentos 
 
Os sedimentos e as rochas sedimentares são caracterizados pela 
estratificação, a formação continuada de camadas paralelas de sedimentos à medida 
que as partículas depositam-se no fundo do mar, de um rio ou da superfície do terreno. 
Pelo fato de as rochas sedimentares serem formadas por processo superficiais, elas 
cobrem grande parte dos continentes e do fundo dos oceanos. A maioria das rochas na 
superfície terrestre é sedimentar. Todavia, o volume dessas rochas é menor que o 
das rochas ígneas e metamórficas – que constituem o principal volume da crosta – 
pois dificilmente são preservadas. 
 
Minerais comuns 
 
Os minerais comuns dos sedimentos clásticos são os silicatos, porque eles 
predominam nas rochas que são alteradas para formar as partículas sedimentares. Os 
minerais mais abundantes nas rochas sedimentares clásticas são o quartzo, o feldspato e 
os argilominerais. 
Os minerais mais abundantes nos sedimentos precipitados química ou 
bioquimicamente são os carbonatos, como a calcita, o principal constituinte do calcário. 
A dolomita, também encontrada no calcário, é um carbonato de magnésio e calcário 
formado por precipitação durante a litificação. Dois outros sedimentos químicos – a 
gipsita e a halita – formam-se por precipitação quando a água do mar evapora. 
O intemperismo produz todas as argilas, todos os solos e as substancias 
dissolvidas e carregadas pelos rios para os oceanos. As rochas meteorizam-se de dois 
modos: 
O intemperismo químico ocorre quando os minerais de uma rocha são 
quimicamente alterados ou dissolvidos. O desgaste ou esmaeciemnto de inscrições 
gravadas em lápides ou monumentos antigos é causado principalmente pelo 
intemperismo químico. 
O intemperismo físico ocorre quando a rocha sólida é fragmentada por 
processos mecânicos que não mudam sua composição química. Os escombros de 
colunas e blocos de pedras que eram parte dos imponentes templos da Grécia antiga 
resultaram principalmente do intemperismo físico, que causou, também, rachaduras e 
fraturas de antigos túmulos e monumentos do Egito. 
Os intemperismos químico e físico reforçam-se mutuamente. A 
decomposição química deteriora os fragmentos das rochas e torna-os mais susceptíveis 
ao rompimento. Por sua vez, quanto menores os blocos produzidos pelo intemperismo 
físico, tanto maior a superfície disponível para a ação do intemperismo químico. 
 
Intemperismo, erosão e ciclo das rochas 
 
URI 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos 
Depois que os processos tectônicos e vulcânicos formaram as montanhas, a 
decomposição química e a fragmentação física, juntamente com a chuva, o vento, o gelo 
e a neve, desgastaram essas regiões elevadas. 
Para Grotzinger et al (2007) a erosão é o conjunto de processo que 
desagregam e transportam solo e rochas morro abaixo ou na direção do vento. Esses 
processos transportam o material alterado da superfície da Terra de um local e 
depositam –no em outro lugar. Como a erosão move o material solido alterado, novas 
porções de rocha fresca e inalterada vão sendo expostas ao intemperismo. 
 O intemperismo e a erosão são processos geológicos importantes no ciclo 
das rochas e nos sistemas da Terra. Juntamente com a tectônica e o vulcanismo (outros 
dois elementos do ciclo da rochas). O intemperismo e a erosão modelam a superfície 
terrestre e alteram os materiais rochosos, convertendo rochas ígneas, bem como as 
demais, em sedimentos formando solos. De certa forma, o intemperismo e a erosão são 
inseparáveis. Quando rochas como o calcário puro ou as rochas evaporíticas são 
alteradas pela chuva, por exemplo, todo o material é completamente dissolvido e levado 
pela água como íons e solução. O material do intemperismo químico constitui-se no 
principal material aporte da matéria prima dissolvida nos oceanos. 
 
As propriedades da rocha-matriz 
 
A natureza da rocha-matriz controla o intemperismo porque: 
1) Os minerais alteram-se com taxas diferentes; 
2) A estrutura das rochas influencia na suscetibilidade de fraturar-se e 
fragmentar-se. 
Inscrições em lápides antigas oferecem boas evidencias da variação das taxas 
em que as rochas se alteram. As letras recém esculpidas numa lápide apresentam-se bem 
nítidas em relação à superfície polida de inscrição. Entretanto, após centenas de anos de 
exposição num clima de chuvas moderadas, a superfície polida da lápide de calcário 
estará fosca e as letras inscritas terão quase se dissolvidas, da mesma forma que um 
nome inscrito numa barra de sabão desaparece logo depois de pouco uso. Por outro 
lado, o granito mostrará somente algumas poucas mudanças. 
As diferenças entre a alteração do granito e do calcário resultam das distintas 
composições mineralógicas dessas rochas. Entretanto, depois de certo tempo, mesmo 
uma rocha com mais resistência inevitavelmentedecompor-se-á. Após centenas de anos, 
o monumento de granito também será consideravelmente alterado e apresentará uma 
superfície opaca e letras esmaecidas. 
Se utilizássemos uma lupa para observar mais de perto a alteração do 
granito, veríamos diferentes padrões de alterações de seus grãos minerais constituintes. 
Os cristais de feldspato mostrariam sinais de corrosão e suas superfícies estariam opacas 
e cobertas com uma película fina e amolecida de argila. A composição química das 
porções externas dos grãos de feldspato teria mudado, originando-se novos minerais. Os 
cristais de quartzo apareceriam frescos – claros e sem alteração. 
A estrutura da rocha também afeta o intemperismo físico. Monumentos de 
granito podem permanecer inteiros e sem rachaduras mesmo depois de séculos de 
exposição, embora possam apresentar evidencia de certo intemperismo químico. Rochas 
ígneas intrusivas, incluindo muitos granitos, podem ser maciças – isto é, grandes massas 
que não exibem mudança do tipo de rocha ou estrutura. 
Rochas maciças não têm planos de fraqueza que contribuem para o 
fraturamento ou fragmentação. Diferentemente, um folhelho – rocha sedimentar que se 
URI 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos 
rompe facilmente ao longo de planos de acamamento – quebra-se em pedaços pequenos 
tão rapidamente que os taludes de uma estrada recém-aberta em terrenos dessa rocha 
ficam cobertos de pedregulhos em apenas poucos anos. 
 
Clima: chuva e temperatura 
 
Uma visita as lápides expostas a no continente norte-americano, desde os 
Estados Unidos ate o Canadá e o Alasca, revelaria que as taxas de intemperismo, tanto 
químico como físico, variam não apenas devido às propriedades da rocha, mas também 
por causa do clima – a quantidade de chuva e a temperatura. Altas temperaturas e 
chuvas intensas aumentam a taxa de crescimento de organismos e, assim, promovem o 
intemperismo químico. 
O frio e a aridez, por seu turno, impem o processo. Lápides antigas em clima 
quente e úmido, como o da Flórida (EUA), sofrem intensa alteração química, mas 
aquelas de mesma idade em clima quente e seco do Sudoeste Norte-Americano são 
dificilmente afetadas. Por sua vez, lápides em regiões frias e secas do Ártico mostram 
bem menos alteração química do que aquelas do Sudoeste Norte-Americano. 
 Em climas frios, a água não pode dissolver os minerais porque está 
congelada. Por sua vez, em climas áridos, ele está relativamente ausente. E ambos os 
casos, as populações de organismos são muito poucas e o intemperismo químico atua 
lentamente. 
De outro modo, climas que minimizam o intemperismo químico podem 
acentuar a intemperismo mecânico. Por exemplo, a água congelada pode atuar como 
uma cunha, abrindo fissuras em rochas. 
 
Presença ou ausência de solo 
 
O solo, um dos nossos mais importantes recursos naturais, é composto por 
fragmentos de rocha, argilominerais formados pela alteração química dos minerais da 
rocha-matriz e pela matéria orgânica produzida por organismos que nele vivem. Embora 
o solo seja ele o próprio um produto do intemperismo, sua presença ou ausência pode 
afetar o intemperismo químico e físico de materiais. 
Um prego antigo que foi enterrado no solo, por exemplo, torna-se tão 
enferrujado que você pode quebrá-lo como se fosse um palito de fósforo. Já um prego 
arrancado da madeira de uma casa centenária poderá ainda estar bem resistente, embora 
coberto por uma fina película de ferrugem. Da mesma forma, um mineral de um solo 
espesso nas terras baixa de um vale pode estar intensamente alterado e corroído, 
enquanto o mesmo mineral exposto na rocha de um penhasco próximo estará muito 
menos alterado. 
Embora o penhasco também esteja exposto a chuvas ocasionais, a rocha de 
sua parede geralmente seca e a intemperismo atua de forma muito lenta. Nenhum solo 
se forma em penhascos porque a chuva rapidamente carrega as partículas soltas para as 
áreas mais baixas, onde se acumulam. 
A produção do solo é um processo de retroalimentação positiva - isto é o 
produto do processo impulsiona a próprio processo. Uma vez iniciada a formação do 
solo, ele funciona como um agente geológico que acelera a alteração da rocha. O solo 
retém a água da chuva e hospeda diversos vegetais, bactérias e outros organismos. Essas 
formas de vida geram um ambiente acido que, juntamente com a umidade, promove o 
intemperismo químico, o qual altera e dissolve os minerais. Raízes de plantas e 
URI 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos 
cavidades feitas por organismos no solo promovem o intemperismo físico, pois ajudam 
a criar fraturas na rocha. O intemperismo químico e físico por sua vez, leva à formação 
de mais solo. 
 
Tempo de exposição 
 
Quanto maior o tempo de alteração de uma rocha, maior sua decomposição 
química, mais forte na sua dissolução mais intensa sua desagregação física. As rochas 
que têm sido expostas na superfície terrestre por alguns milhares de anos formam um 
manto de intemperismo – uma capa externa de material alterado com uma espessura 
variando desde alguns milímetros ate muitos centímetros – que envolve a rocha sã e 
inalterada. Em climas secos, alguns mantos desenvolvem-se lentamente, com taxas de 
0,006 mm por mil anos. 
Derrames e depósitos de cinza vulcânicos recentes, portanto com um período 
curto de exposição na superfície terrestre, encontram-se, ainda, relativamente pouco 
alterados. Como conhecemos as datas de erupções mais recentes, podemos medir o 
tempo necessário para que sejam alcançados os diversos estágios do intemperismo. Nos 
anos anteriores à erupção do vulcão Santa Helena (EUA) em 1980, por exemplo, os 
depósitos de cinza vulcânica encontravam-se intensamente meteorizadas e os minerais 
originais estavam em outras espécies. Contudo, os derrames de lava solidificada 
formados no mesmo período de tempo dos depósitos de cinza encontravam-se 
relativamente frescos. A diferença do grau de alteração deveu-se, principalmente, ao 
fato de que a cinza é constituída por partículas muito pequenas, as quais se alteram bem 
mais rápido que as rochas vulcânicas, que são muito mais maciças. 
 
INTEMPERISMO QUÍMICO 
 
As rochas alteram-se quimicamente quando seus constituintes minerais 
reagem com o ar e a água. Nessas reações químicas, alguns minerais dissolvem-se. 
Outros se combinam com a agua e alguns componentes da atmosfera, como o oxigênio 
e o gás carbônico, formando minerais novos. Algumas dessas reações químicas podem 
ser deduzidas a partir de observações de campo. Quando conseguimos combinar tais 
observações com experimentos de laboratório que simulam os processos naturais, 
melhoramos nossa visão sobre os mecanismos do intemperismo químico. Iniciaremos 
nossa investigação pelo exame de alteração química do feldspato, o mineral mais 
abundante da crosta da Terra. 
 
O papel da água no intemperismo do feldspato e de outros silicatos 
 
O feldspato é um mineral-chave num grande numero de rochas ígneas, 
sedimentares e metamórficas. Muito outros tipos de minerais silicosos formadores de 
rocha também se alteram tanto quanto ele. Este mineral é apenas um dos muitos 
silicatos que se alteram por reações químicas para formar outras espécies que contem 
agua, conhecidas como argilominerais. O comportamento do feldspato durante o 
intemperismo ajuda-nos a entender de maneira geral o processo de alteração, por duas 
razões: 
1) Há uma grande abundancia de minerais silicosos na Terra; 
URI 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos 
2) Os processos de dissolução e decomposição química que provocam a 
alteração de feldspato são os mesmos que causam a alteração de outros 
tipos de minerais. 
O exemplo extremo de alteração do feldspato pode ser observado em 
matacões de granitonos solos de regiões tropicais úmidas. Aí, muitos dos fatores 
que promovem o intemperismo – chuva intensa, temperatura alta e presença de 
solo e abundante atividade orgânica – estão presentes. Matacões de granitos em 
regiões tropicais encontram-se tão fragilizados que podem ser facilmente quebrados 
com um pontapé ou esmigalhados num monte de grãos de minerais soltos. A maioria 
dos grãos de feldspato desses matacões foi alterada para argila. 
Quando observado num microscópio eletrônico sob grande aumento, 
qualquer grão de feldspato remanescente mostraria sinais de corrosão e estaria revestido 
por uma capa de argila. Os cristais de quartzo, ao invés disso, estariam relativamente 
intactos e inalterados. 
Em uma amostra de granito são, a rocha é dura sólida por que uma rede de 
ligação intergranular mantém os cristais de quartzo, feldspato e outros firmemente 
juntos. Entretanto, quando o feldspato é alterado para uma argila com fraca aderência, a 
rede intergranular torna-se debilitada pelo desenvolvimento de fissuras na borda dos 
grãos, facilitando a separação mutua. 
A argila de cor branca a creme produzida pela alteração do feldspato é a 
caulinita. 
Somente em climas áridos muito rigorosos de alguns desertos e regiões 
polares o feldspato mantem-se inalterado. Essa observação aponta a agua como 
sendo o elemento essencial das reações químicas pelas quais o feldspato se 
transforma em caulinita. Esse argilomineral é um silicato de alumínio hidratado. Na 
reação em que a caulinita é produzida, o feldspato solido sofre hidrólise. O feldspato é 
fragmentado e, ao mesmo tempo, perde vários componentes químicos. A alteração é 
análoga a reação química que ocorre quando preparamos café. O café sólido reage 
quimicamente com a agua quente para resultar numa solução – o café líquido. A reação 
extrai cafeína e outros componentes do café solido, deixando com resíduos o pó usado. 
De modo análogo, a água da chuva infiltra-se no solo, alterando o feldspato dos 
fragmentos de rocha e deixando para trás a caulinita como resíduo. 
Apenas a parte externa do solido reage com o fluido, de sorte que, quando 
aumentamos sua área superficial, aceleramos a reação. Por exemplo, quando trituramos 
os grãos de café em partículas cada vez mais finas, aumentamos a razão entre a área 
superficial e o volume dos mesmos. Quanto mais finos os grãos de café são moídos, 
mais rápida sua reação com a agua e mais forte a bebida se torna. De modo similar, 
quanto menor os fragmentos dos grãos minerais e das rochas, maior a área superficial 
dos mesmos. A razão entre a área superficial e a volume aumenta muito à medida que 
diminui a media do tamanho das partículas. 
 
A dissolução do feldspato na água pura 
 
Para entender mais sobre a dissolução do feldspato, devemos imergir o 
feldspato em água e analisar a solução de cada tipo de material que vai sendo 
dissolvido. Para tanto, primeiramente devemos triturar p feldspato mais comum do 
granito, o ortoclásio (KAlSi3O8), até se tornar pó. Para acelerar a reação, pela 
exposição de uma área maior a água. Quando analisamos amostras da solução depois 
de certo tempo, encontramos pequenas quantidades de potássio e sílica (SiO2) 
URI 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos 
dissolvidas na água. A reação de feldspato com a água libera sílica e íons potássio (K+) 
dissolvida e deixa como resíduo um novo mineral, a caulinita: Al2Si2O5(OH)4. Podemos 
descrever uma reação química para o intemperismo do granito a partir do exemplo do 
feldspato que reagem com a água para formar caulinita. 
Duas questões principais sobre essa reação nos dão informações sobre os 
ganhos e perdas de material quando o feldspato se altera: 
1. Potássio e sílica são “perdidos” pelo feldspato e passam a ocorrer 
como materiais dissolvidos na solução aquosa. 
2. A água absorvida na estrutura cristalina da caulinita. Essa absorção 
de água é chamada de hidratação e é um dos principais processos do 
intemperismo. 
 
Dióxido de carbono e intemperismo 
 
A variação da concentração de dióxido de carbono na atmosfera leva a uma 
variação correspondente na taxa de intemperismo. Por exemplo, os níveis mais altos de 
concentração de dióxido de carbono na atmosfera causam níveis mais altos do solo, 
aumentando a taxa de intemperismo. Além disso, o dióxido de carbono, um gás estufa, 
torna o clima da Terra mais quente e, assim, influencia o intemperismo. 
 
O papel do dióxido de carbono no intemperismo 
 
A reação do feldspato com água pura em laboratório é um processo 
extremante lento (milhares de anos). Para acelerar o processo é necessário acrescentar 
acido clorídrico para dissolver o feldspato em poucos dias. 
Na natureza ocorre a ação do acido carbônico que é fraco. Esse ácido se 
forma quando o gás carbônico se dissolve na água da chuva 
CO2 + H2O  H2CO3 
A maior parte da acidez da chuva ácida, entretanto, não provém do dióxido 
de carbono, mas dos gases dióxido de enxofre e de nitrogênio, os quais reagem com a 
água para formar acido fortes como o sulfúrico e o nítrico, respectivamente. Esses 
ácidos são capazes de impulsionar mais o intemperismo do que o acido carbônico. Os 
vulcões e os pântanos são emissores de gases de carbono, enxofre e nitrogênio. 
 
Na natureza: feldspato em afloramento rochoso e em solo úmido 
 
Os feldspatos expostos numa superfície são mais preservados do que em 
solos úmidos. O feldspato de uma rocha exposta somente altera-se quando a rocha fica 
umedecida pela água da chuva. Durante o período seco somente o orvalho umedece a 
superfície da rocha exposta. Já no solo úmido, o feldspato esta constantemente em 
contato com as pequenas quantidades de água que ficam retidas entre os grãos. Por isso, 
alteram-se continuamente. 
As rochas alteram-se mais rapidamente em climas tropicais do que em 
climas temperados ou frios, principalmente porque as plantas e as bactérias crescem de 
maneira acelerada em climas quentes e úmidos, contribuído com o acido carbônico e 
outros ácidos que promovem a alteração. 
 
O rápido intemperismo dos carbonatos 
 
URI 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos 
Olivina é o mineral silicoso que mais rapidamente se altera porem não passa 
de lenta comparada com alguns minerais formadores de rochas não-silicosos (o calcário 
e a dolomita) que se alteram rapidamente em regiões úmidas. 
A água subterrânea dissolve grandes quantidades de materiais carbonáticos, 
escavando cavernas em formações calcárias. Quando o cálcio se dissolve nenhum 
argilomineral é formado. 
Calcita + ácido carbônico  íons de cálcio + íons de bicarbonato 
CaCO3 + H2CO3  Ca +2 + 2HCO3- 
 
A reação ocorre somente na presença de água, a qual contem o acido 
carbônico e íons dissolvido. 
 
Estabilidade química: um controlador da velocidade do intemperismo 
 
A estabilidade química é uma medida da tendência que uma substancia tem 
de resistir numa dada forma química, ao invés de reagir espontaneamente para tornar-se 
uma substancia química diferente. O feldspato é estável em condições encontradas em 
grandes profundidades da crosta terrestre (altas temperaturas e pequenas quantidades de 
água), mas instável em condições de superfície (baixas temperaturas e abundância de 
água). 
 
Solubilidade 
 
A solubilidade de um mineral especifico é medida pela quantidade deste 
dissolvida na água quando a solução está saturada. A saturação é o ponto no qual a água 
não pode mais conter a substância dissolvida. Quanto maior a solubilidade do mineral, 
menor a estabilidade do intemperismo. Rochas evaporíticas, por exemplo, são instáveis 
ao intemperismo. Elas tem alta solubilidade na água (cerca de 350 g/L) e são lixiviadas 
do solo mesmo por pequenas quantidades deste líquido. O quartzo, pelo contrario, é 
estável em condiçõesde intemperismo. Sua solubilidade na água é muito pequena 
(cerca de 0,008 g/L) e ele não é facilmente lixiviado do solo. 
 
Taxa de dissolução 
 
A taxa de dissolução de um mineral é medida pela quantidade desde que se 
dissolve numa solução não-saturada num dado intervalo de tempo. Quanto mais 
rapidamente um mineral se dissolve, menor sua estabilidade. O feldspato se dissolve em 
taxas muito mais rápidas que as do quartzo e, principalmente por causa disso, é menos 
estável que este no intemperismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
URI 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos 
 
 
 
 
 
Estabilidade relativa dos minerais formadores de rochas comuns 
 
Estabilidade dos minerais Taxa de alteração 
MAIS ESTÁVEL Mais lenta 
Óxidos de ferro (hematita) 
Hidróxidos de alumínio (gipsita) 
Quartzo 
Argilominerais 
Moscovita 
Feldspato potássico (ortoclásio) 
Biotita 
Feldspato sódico (albita) 
Anfibólios 
Piroxênio 
Feldspato cálcico (anortita) 
Olivina 
Calcita 
Halita 
 
MENOS ESTÁVEL Mais rápida 
Quadro 1. Estabilidade relativa dos minerais mais comuns sob o intemperismo 
 
Diferentes silicatos formam diferentes argilas 
 
Depósitos de argila suficientemente pura para ser utilizada na produção de 
objetos de cerâmica como, por exemplo, porcelanas e artefatos industriais são 
encontrados em algumas rochas sedimentares incomuns. Já tijolos, telhas e outras 
cerâmicas de construção requerem matérias menos puras. 
As argilas formam-se por meio do intemperismo de vários tipos de minerais 
de silicato, não apenas o feldspato. O anfibólio, a mica e outros silicatos do granito 
alteram-se para formar argilas de forma muito semelhante a da alteração do feldspato. A 
formação de diferentes tipos de argila, a partir desse processo depende de dois fatores: 
1) Composição de silicatos parentais 
2) Clima 
 
Por exemplo, a montmorillonita, um argilomineral que se expande quando 
absorve grande quantidade de água , forma-se tipicamente a partir do intemperismo de 
cinzas vulcânicas. 
 
INTEMPERISMO FÍSICO 
 
Em regiões áridas o intemperismo químico tende a ser mínimo. A diferença 
de tamanho dos fragmentos de vários tamanhos que recobre os afloramentos rochosos 
em regiões áridas resulta de uma variação dos graus de intensidade do intemperismo 
URI 
UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES 
– CAMPUS SANTO ÂNGELO - 
MECÂMICA DOS SOLOS I - Prof. Luís Carlos 
mecânico e dos graus de fraturamento da rocha matriz. Quando intemperismo físico 
atua partículas maiores são rachadas e fragmentadas em pedaços menores.

Continue navegando